ApostilaE&F2013.pdf

download ApostilaE&F2013.pdf

of 42

Transcript of ApostilaE&F2013.pdf

  • Oficina Escrevendo & Filmes

    por Juliana Reis

    maro 2013

  • APRESENTAO MDULO DE INTRODUO BASICA 20 horas de encontros com temas pr-definidos;

    Apresentao das principais ferramentas de construo narrativa; Espao para discusso das idias, seus desenvolvimentos e o acompanhamento dos projetos de cada um.

    INDICAES DE LEITURA E MTODO Aristteles "A Potica"; Lavandier, Yves "La Dramaturgie" (ingls/francs/espanhol); Bergson Henry, "O Riso"; Ferro Marc, "Historia e Cinema" Mamet, David "Os Trs Usos da Faca"; Carrire, Jean-Claude "A Linguagem Secreta do Cinema"; Tirard, Laurent, "Grandes Diretores de Cinema" Scott, Kevin Conroy , "Lies de Roteiristas"

    FILMOGRAFIA: Desde que Otar Partiu, de Julie Bertucelli; Janela Indiscreta, de Alfred Hichcock, O Beb de Rosemary, de Roman Polanski; A Rainha, de Stephen Frears; Uma juventude como nenhuma outra, de Vidi Bilu Dalia Hagar; Cleo, de 5 a 7, de Agnis Varda; En soap, de Pernille Fischer Christensen; Casa de Alice, de Chico Teixeira; Depois daquele beijo, de M. Antonionni; Eu, voc e todos ns, de Miranda July; Dogville, de Lars von Trier; Se o meu apartamento falasse, de Billy Wilder; Reencarnao, de Jonathan Glazer; To be or not to be, de Ernest Lubitsch; Voltar a morrer, de Kenneth Branagh; Veludo azul, de David Linch; Alphadog, de Nick Cassavettes; Do outro lado, de Fatih Akin

    ONDE ENCONTRAR ROTEIROS

    www.roteirodecinema.com.br (em portugus); www.joblo.com/moviescripts16.htm http://users.urbi.com.br/cinebook/roteiro2.htm (em portugus); www.script-o-rama.com

  • CONTEDO PROGRAMTICO DOS ENCONTROS

    1. Introduo Dramaturgia: Arte e Linguagem Autor Espectador Personagem: o Tringulo Emocional; Dramaturgia X Literatura; Formatos e Etapas na Criao; Os tringulos da dramaturgia: dramtico estrutural emocional; 2. O Personagem e o Ponto de Vista Personagem Desejo - Conflito: o Tringulo Dramtico; o Presente Narrativo, Histria e Narrativa: o ponto de vista; 3. O Tringulo Estrutural Os 3 Atos estruturais; Os Ndulos Dramticos; O 1 Ato: premissa do autor engajamento do espectador; 4. Protagonista: Arqutipo e Nuance; Caracterizao e Ao; Biografia, o Diegtico e o Extra-Diegtico 5. Unidades Narrativas e unicidade de ao Tempo Espao Ao temas e estilos; Objetivo: questo e resposta dramtica; ponto de ruptura; Ao e Formato; Sub-intrigas e Confluncia; 6. Mecanismos Narrativos de Transmisso: Informao e Sentido; Exposio: narrao e flash-back; Demonstrao: Atividade Dilogo Efeito; 7. O 2 Ato Planejamento e conflito; Trajetria e progresso; O lugar e a funo do Espectador 8. Preparao Plantar e pagar; Anncios e telefones; Deus (ex-machina) e acmulos; 9. Ironia Dramtica Instalao Explorao Resoluo; Suspense, Surpresa e Mistrio; A cena obrigatria; 10. Desfecho: o 3 Ato Clmax mediano clmax resposta dramtica; O 3 Ato: antes que a luz acenda; Estrutura modificada e golpe de surpresa.

  • 1A. DRAMATURGIA ARTE E LINGUAGEM DRAMA, do grego Ao.

    DRAMATURGIA a arte (ou melhor, o trabalho) de IMITAR as AES HUMANAS (Aristteles) "Mas IMITAR no repetir; IMITAR olhar com encanto". (FBIO FABULOSO, de Pedro Czar)

    A Dramaturgia e suas gneses: Das Temticas: questes sagradas, naturais e do mundo objetivo (ritos religiosos, representao de fenmenos da

    natureza e etapas da vida); tentativas do homem de apreender o que ele no compreende. Evoluo temtica em direo

    s questes ligadas ao profano, psquico e ao subjetivo de um mundo mais complexo.

    Do Discurso: do indireto (cerebral) da escadaria dos palcios, onde o narrador "reportava" acontecimentos da

    guerra, dos sales, se relacionando diretamente com o povo-pblico que o assistia, ao direto (visceral e sensvel) dos

    atores que representam e interpretam as ocorrncias, reproduzindo as cenas e dando ao pblico o sentimento de vivncia

    sem intermedirio do fato "narrado".

    Das Vivncias: o indivduo APRENDE (andar, falar) por IMITAO; o coletivo experimenta (Khatarsis).

    Da criana que precisa que lhe contem uma histria para ela poder dormir Do adulto que v fora de si, aquilo que dentro lhe atormenta ou persegue

    O Autor um espectador desesperado em busca da histria que ainda no lhe foi contada.

    E por isso que ele prprio o seu primeiro espectador.

    Mephisto . A Escolha de Sophie . Cidado Kane

  • 1B. O PRIMEIRO TRINGULO EMOCIONAL

    Objetos de arte so tristes e vazios pedaos de matria pendurados no escuro enquanto ningum os olha. O artista faz somente a metade da obra. O observador faz o resto. (Vik Muniz)

    Autor (Ponto de Vista)

    Espectador Personagem

    (Interlocutor) (Agente) Procedimento Narrativo

    Interao c/ Espectador Fato Narrado

    drama

    Se olharmos para o mundo, assistiremos as mil e uma histrias que ele nos oferece, sem que nenhum autor as tenha concebido (Ten, de Kiarostami). Ou melhor, o nosso olhar (Ponto de Vista) ser, ao mesmo tempo, autor e espectador do que veremos. Mas, sem esse olhar que abraa e recebe, nenhum autor existe, nenhuma histria, nenhum fato existe (BlowUp, de Antonioni).

    Uma histria composta:

    dos fatos que nela so narrados; da maneira de narr-los;

    e da percepo daquele para quem se

    narra (sentido do narrado)

  • 1C . PERSONAGEM, PROTAGONISTA E PONTO DE VISTA ponte de identificao entre autor e espectador

    O Personagem: Fator humano que aproxima qualquer experincia dramtica de nossa compreenso. o motor da Ao, vetor de Emoo e a ponte de Identificao com o Espectador.

    O Protagonista: Aquele com o qual o espectador se associa em compaixo e se identifica emocionalmente; Pode ou no ser o Personagem Principal; Pode ou no ser o Personagem Ttulo; Pode ou no responder a todas as prerrogativas abaixo:

    Impe seu Ponto de Vista, como enfoque narrativo da histria Suporta (o mximo) de Conflito, sendo o eixo emocional do espectador Porta a Ao principal, sendo aquele que tem um Objetivo determinado Onipresente (fsica ou tematicamente) Evolutivo, se transformando no decorrer da trajetria narrativa

    Ateno para no fazer do protagonista o porta voz do discurso do autor.

    a ao narrativa que deve transmitir valores e vises de mundo e no os personagens.

  • 2A. HISTRIA E NARRATIVA

    A Histria uma sucesso cronolgica e ininterrupta de fatos, comportando desde os elementos irrelevantes e at verses antagnicas. Narrativa a histria condicionada pelo Ponto de Vista do Autor.

    Histria Narrativa

    abordagem narrativa premissa do autor Questo Dramtica Seleo e Agenciamento

    O Ponto de Vista (do Autor) vem dar a Histria o carter determinante de uma Narrativa, atravs do seu critrio de seleo e agenciamento de elementos participando da trajetria narrativa.

    O Diapaso uma aluso subjetiva e emblemtica do ponto de vista do autor sobre a histria. uma espcie de

    sumrio autoral, tese ou prefcio metafrico e imagtico que anuncia o tom e o universo da narrativa que se inicia.

    Body snatchers (4 verses), A grande Iluso

    diegese extra-diegese

  • 2B. O PRESENTE NARRATIVO o momento presente, onde se desenvolve a ao principal e que serve de esteira narrativa.

    esteira que sustenta e contm os fatos relatados pela narrativa

    Diegtico so todos os elementos selecionados para participar da construo narrativa, intervindo dramaticamente na ao.

    Extradiegtico pode ser a elipse no narrativa, o ponto de vista do antagonista, a outra verso dos fatos, o

    passado ou o futuro dos personagens, etc.

    O Prlogo oferece ao espectador elementos extra diegticos de informao, determinantes para o seu posicionamento dentro da construo narrativa, mas que se situam no exterior do presente narrativo. Ele no intervm diretamente na progresso da ao, exceo de fornecer ao espectador elementos para a construo de sentido. Muito utilizado antes ou durante os crditos de abertura do filme.

    O Presente narrativo de dipo rei de 3 horas, em que dipo descobre quem matou Laio; mas comporta em

    seu interior toda a sua vida. O de Cidado Kane a semana na qual o reprter Thompson tenta descobrir o significado da palavra Rosebud; mas ele comporta toda a biografia de Charles Foster Kane. Isso acontece por meio de exposies e flashbacks.

    OBS: O Diapaso no deve ser confundido com o prlogo, ainda que muitas vezes eles se misturam na forma de interveno: quase sempre em comeo de narrativa, antes, durante ou imediatamente posterior aos crditos de abertura, ele , como seu nome indica, uma mini-cena (logo comportando significao dramtica), servindo a dar o tom para o espectador.

    Cidado Kane (em oposio a Barry Lindon), O advogado do diabo, Janela indiscreta

  • 3A. PERSONAGEM, DESEJO E CONFLITO: O Segundo Tringulo Dramtico

    Como na fsica, uma fora atua para mudar o estado de repouso ou de movimento uniforme de uma partcula. Observe-se que, neste caso, repouso e movimento se igualam sob o nome magistral de INRCIA. Em Dramaturgia, o conceito de FORA equivale ao do CONFLITO, oposto ao da Inrcia. Quando observamos que uma partcula no est em um desses estados ideais de Inrcia, podemos dizer que ela est sob a ao de uma Fora. neste mbito que a dramaturgia se instala, e somente nele, ela possvel.

    Autor personagem Espectador agente

    objetivo

    Ponto de Vista Identificao desejo conflito veculo motor Histria Narrativa Protagonista

    Extra-Diegese Diegese

    Ao

    Ponte de identificao c/ Espectador Abordagem Questo/Resposta Dramtica Premissa do Autor Questo Dramtica Agenciamento (critrios) dos fatos Progresso

    Porta a Ao possui Objtv Suporta o Conflito Identificao c/

    Espectador Onipresente Evolutivo Pto de Vista (enfoque narrativo)

  • 3B. NDULOS DRAMTICOS A ao narrativa uma progresso em quiques, movida a conflito

    Cada um desses quiques, de natureza conflituosa e geradora de ao, possui uma estrutura em trs atos, contendo apresentao com um ponto de ruptura, desenvolvimento e/ou explorao e resoluo, que porta em si o estabelecimento de um novo Ndulo Dramtico.

    Frequentemente ele conclui o que precede e inaugura o que sucede. Poderamos dizer que uma narrativa avana de ndulo dramtico em ndulo dramtico.

    Os Principais Ndulos Dramticos

    Ponto de Virada Clmax Mediano Clmax

    | | Ponto de Virada Clmax Mediano Clmax

    Outros Ndulos Dramticos: Reviravolta, Golpe de Surpresa, Ironia Dramtica, Anncio, Preparao, Falsa Pista, Crise, Pto de no Retorno, Gancho, e todo tipo de obstculo ou informao que altera o curso da ao.

    1 Ato 2 Ato 3 Ato

    Carter Fortuito Quebra a rotina/equilbrio Protag Cria instabilidade Impulsiona Protag a definir Objtv Instala a Questo Dramtica

    Inexistente na Potica Revela evoluo Protag Muda curso da Ao Principal Redireciona o Protag e a ao Aponta para Resposta Dramtica

    Principal N.D. Pto convergncia da Ao Traz a Resposta Dramtica Encerra a Ao Principal (abandono

    ou satisfao Objtv)

  • 3C. ESTRUTURA NARRATIVA

    Contar uma histria, atravs das aes descritas pelos personagens, que geram e so geradas por conflito.

    O TERCEIRO TRINGULO ESTRUTURAL

    1 ATO . Apresentao

    Nascimento do Conflito (Hegel) Prtase (Aristteles) Antes estabelecimento do Objetivo e da Ao Estabelecimento da Questo Dramtica

    2 ATO . Desenvolvimento 3 ATO . Concluso

    Choque e Paroxismo (Hegel) Eptase (Aristteles) Durante Objetivo e Conflito A Ao propriamente dita

    Conciliao (Hegel) Catstrofe (Aristteles, Tragdia) Aps Objetivo (realizao ou abandono) Resposta Dramtica - Conseqncias

    narrativa

  • 4A . O 1 ATO Antes que o Objetivo seja conhecido pelo Espectador.

    Apresenta procedimento narrativo e flmico: impe um estilo, uma atmosfera; Introduo premissa e/ou prlogo (Extra-Diegtico); Anuncia temtica abordada pelo autor (Diapaso); Estabelece o lead da histria: quem, onde, quando, o que, porque, como; Apresenta Personagens; Caracteriza Protagonista em seu mundo ordinrio e em equilbrio; Descreve as circunstncias dramticas e temticas nas quais o Objetivo definido; Estabelece Questo Dramtica (portando sobre o desejo de histria do Autor); Faz aparecer o conflito, ou a perspectiva do conflito.

    PONTO DE VIRADA E PASSAGEM 1/2 ATO equilbrio cotidiano ruptura de equilbrio entrar em ao + pto passagem

    Necessidade virada 1/2 Ato dramtica

    ou fortuito

    Rosa Prpura (OBJTV), Ligaes Perigosas (motivao Protag), Festim Diablico (PV na primeira cena)

    coragem, idia, perseverana, estratgia, ocasio, f necessidade, urgncia, etc.

    Significado por:

    Ruptura de ritmo, Som / imagem Efeito / montagem Uma cena especfica Declarao de ao

    e/ou objetivo Revelador de motivao Gerador de ao

  • 4B. O PROTAGONISTA & CARACTERIZAO

    Como a imitao se aplica aos atos dos personagens e estes no podem ser seno bons ou maus (diferindo apenas pela prtica do vcio ou da virtude), dai resulta que os personagens so representados ou melhores ou piores ou iguais a todos ns. (Aristteles)

    CONCEPO: O AUTOR LONGE DO JULGAMENTO As razes e desejos do Protagonista: estabelecimento do enfoque narrativo e ponto de vista. Biografia: perfil fsico, psquico, sociolgico. Seu passado e seu time de futebol. Triagem /seleo do Diegtico, orientado pela unidade de Ao (objetivos gerais e locais).

    IDENTIFICAO: PONTE COM O ESPECTADOR O Arqutipo algum que mora no meu prdio. E o personagem, menos complexo que o ser. Verossmil, mas no verdadeiro. Realista, mas no real. Os 12 signos astrolgicos, os 9 tipos do eneagrama ou da Comedia del arte, os 7 anes ou pecados.

    APRESENTAO: NO CONTEXTO CONFLITUOSO DA NARRATIVA Ao (revelando o que ela faz e como ele faz) Caracterizao (revelando o que ele e como ele ) Dilogos (sotaque, vocabulrio, inflexo, discurso, etc.)

    Agente da Unidade de ao Protagonista mltiplo ou no, age em funo de um objetivo nico; Se vrios objetivos, com o mesmo protagonista ou no, vrios ncleos narrativos (multi-plot ou episdios)

    Festim Diablico . Janela Indiscreta . Clo, de 5 as 7

  • 5A. UNIDADES NARRATIVAS "A unidade estrutural das partes tal que, removida ou deslocada qualquer uma delas, o todo ficar desarticulado.

    Porque algo cuja presena ou ausncia no far diferena, no constitui parte orgnica do todo". (Aristteles)

    Tempo No teatro Clssico: Tempo da histria = Tempo da pea < 1 Revoluo Solar (dia). O tempo necessrio para o protagonista atingir o seu objetivo (unicidade de objetivo).

    * no filme e na cena: comear o + tarde possvel. * concentrar, o problema da Biografia: Cidado Kane x Ray

    * o presente narrativo e o flashback.

    Lugar A liberdade do cinema e a realidade de produo. O contra-exemplo Hitchcock: Janela Indiscreta.

    * o plano seqncia e a unidade de ao. * o espao relativo e o telefone.

    Ao A mais poderosa das unidades dramticas, com tendncia a prevalecer sobre as outras. Principal unidade a orientar a construo narrativa. Pressupe uma ao principal e a unicidade de objetivo. Exercendo-se no conjunto narrativo, assim como nas partes (cenas e seqncias).

    * unicidade de objetivo e protagonistas mltiplos. * subintriga e ao principal. * ao e formato.

    Outras unidades Tema, Estilo, Tom: do filme a sketches a Fellini e Tarantino . O multi-plot da moda e a unidade de ponto de ruptura.

  • 5B. INTRIGAS SECUNDRIAS

    Ela pode privar o autor de ir ao fundo de sua trama principal, e somente se ela tiver uma incidncia direta sobre a ao principal, poder contribuir para enriquecer a narrativa, ao invs de meramente preench-la. (Yves Lavandier)

    E, no entanto, a subintriga traz o mundo e a vida para dentro de nossa narrativa (Juliana Reis)

    Estabelecer paralelo temtico com ao principal, sem o que ela a esvazia

    Confluncia na direo da ao principal, repercutindo sobre ela, ao invs de divergir dela.

    Gerando obstculos para o protagonista, e girando em torno de seu objetivo.

    Protagonizada por outro personagem. Seno, ruptura de unidade de ao, ou apenas um objetivo local.

    Convergindo para o clmax.

    Personagem secundrio com objetivo

    Sub intriga

    Ao principal Protagonista clmax

    em 3 atos

    Janela Indiscreta . Rainha . Quanto Mais Quente Melhor

  • 6A. MECANISMOS NARRATIVOS

    Transmisso de Informao Construo de Sentido participao do espectador *

    Exposio Demonstrao *

    Atividade Dilogo Efeito ao o que se diz como se diz = ao = caracterizao o dito o no dito (sentido*) visual mise en scne (a arte da direo) sonoro direo de ator elipses*

  • 6B. EXPOSIO Tudo o que narrado, e no mostrado, na histria.

    Aproxima a Dramaturgia da Literatura (oral); 90% passado, mas pode ser presente (adivinhar), futuro (projeto) ou atemporal (sonhos, desejos); 99% dilogos, mas pode ser legenda ou texto; Valorizao do Foco Narrativo (Verso); Caracteriza Narrador; Privilegia a Transmisso Relao Emissor/Receptor Informao; Permite o no rompimento de unidades de ao, tempo e espao; Viabiliza econmica ou culturalmente: censura, limites de oramento, conjunturas culturais; Potencial dramtico se o efeito ou o contedo Conflituoso; Pode ser diludo em cenas misturando os procedimentos (Falsa pista, Humor, Anncio, Ironia Dramtica, etc)

    O Flashback alternativa como procedimento de linguagem.

    Atesta verossimilhana ao fato; Tem carter de verdade; Perde o carter de verso; Ponto de Vista do Narrador inexistente; Deve estar inserido no contexto da cena que lhe introduz (precede ou sucede); Pode se referir ao Procedimento Narrativo global ou local (da cena)

    Hamlet . Reencarnao . O Beijo da Mulher Aranha . Pavor nos Bastidores

  • 7A. O SEGUNDO ATO: PLANEJAMENTO & AO "Numa roda de roteiristas, um deles diz para o outro: 'Como t indo a pea? O outro responde: 'Estou tendo problemas

    com o segundo Ato'. Todo mundo ri: ' claro que voc est tendo problemas com o segundo Ato!" (David Mamet)

    Relata as tentativas do protagonista para atingir o seu objetivo; a Ao propriamente dita, a parte mais longa (e perigosa) da narrativa; Deve ser estruturada em 3 atos, como modo de manter ritmo e tenso; Introduz e desenvolve subintrigas e personagens secundrios; Revela Nuance no protagonista:

    "ele assim, mas assado!", trabalha seus estados de esprito, em relao ao: animao, dvida, depresso, Remete construo da Progresso Narrativa, Conflitos de toda sorte, tentativas 1, 2, 3, objetivos locais, etc.;

    Veiculao de Informao e Construo de Sentido O dito e o no dito, Elipse: Temporal, Pictural e Narrativa, A trana narrativa (milking);

    Procedimentos Narrativos e Economia Dramtica Ritmo, tenso, suspense, Preparao e pagamento (anncios e falsas pistas), Ironia Dramtica: instalao, explorao e resoluo;

    Clmax Mediano: Revela algo novo sobre o protagonista (inclusive para ele prprio), D novo impulso narrativa, redirecionando a ao principal;

    Clmax: Resposta dramtica, Queda do suspense, Fim da ao.

  • 8A. PREPARAO : EXPECTATIVA E ANTECIPAO

    plantar (set-up) pagar (pay-off)

    Imperceptvel na Elemento perceptvel, cria 2 interveno elemento

    1 interveno antecipao no espectador relevante para a Ao Anncio Telefone Cena Obrigatria soluciona conflito Ligado

    caracterizao introduz introduz soluo conflito personagem conflito ou Falsa Pista

    resoluo do em conflito anterior 3

    tempos Deus Ex Machina quando o autor aparece

    Explorao Resoluo

    Positiva ou Negativa Acmulos & Pacotes (Anlise Transacional)

    Apocalipto . Othelo . To Be or Not To Be

  • 9A. IRONIA DRAMTICA : O MAIOR DOS ANNCIOS

    Defasagem entre uma situao desenvolvida DENTRO da obra dramtica e as palavras e aes compreendidas pelo espectador, mas no pelos personagens. (Edward Mabley)

    O espectador mais esperto que o heri, porque o filme o iniciou em seus segredos... Mas ele menos esperto do que o autor, sempre na frente, reservando surpresas. (Billy Wilder)

    Sempre baseado no que sabe o espectador. Faz do personagem que no sabe sua vtima; Refora proximidade autor-espectador, potencializando sua participao; Valoriza papel espectador e o permite de criar recuo emocional e amadurecimento; Participa e enriquece qualquer gnero: comdia, drama, tragdia, pico suspense, ao, FX, histrico, vaudeville; Em 3 partes: Instalao (Anncio), Explorao e Resoluo; Cena Obrigatria: quando a ignorncia da vtima de ID se desfaz; Pode ser utilizado localmente ou como procedimento narrativo global (ssias, gmeos, farsas, viagens no tempo,

    duplas identidades, fatos histricos, compls e amnsias

    A Ironia Dramtica Difusa (no Espectador) Antecipao intuitiva do espectador como princpio, prprio ao seu lugar de espectador (fora da intriga): Cary Grant morto antes do fim de Intriga Internacional. Um rtulo No Beba na garrafa encontrada por Alice. O Saber Inconsciente (do Personagem) Ignorncia intuitiva do personagem como princpio, prprio do seu lugar de personagem (dentro do conflito): dipo no sabe que dele que fala a Esfinge. Norma Desmond no sabe que ningum mais se lembra dela (O Crepsculo dos Deuses). A me no acredita que seu marido tenha abusado sexualmente de seus filhos (Festen).

    Outros exemplos de Ironia Dramtica:

    O Beijo da Mulher Aranha . Hamlet . Othelo . Amadeus . Lolita . Luzes da Cidade . Titanic . Galileu Festim Diablico . Disque M para matar . GoodBye Lenin . A Vida Bela . Dr Jekill & Mr Hyde

  • 9B. SUSPENSE, SURPRESA E MISTRIO

    ID & Suspense No so sinnimos, no sentido estrito. H sempre suspense na ID, mas no obrigatoriamente ID no suspense. Ambos repousam no principio de fornecer a maior quantidade de informao ao espectador.

    ID & Surpresa So alternativos. A surpresa sendo o contrario da ID, ela serve perfeitamente a instal-la e/ou resolv-la. Em La Paura (Rosselini), uma mulher engana seu marido com outro (ID, o marido a vtima). Uma mulher aparece fazendo chantagem com a esposa (Surpresa). Vemos que ela foi enviada pelo prprio marido (ID, a esposa a vtima). A chantagista acaba por simpatizar com a esposa e revela o engodo (Surpresa) e as duas escondem do marido (ID, o marido a vtima).

    ID & Mistrio O Mistrio a negao da ID, pois o espectador no sabe. E tambm a negao da surpresa, para qual

    necessrio esconder completamente uma informao do espectador. O Mistrio deixa saber que a informao existe, sem revel-la. Impede a compaixo, pois ele s pode compreender algo que ele conhea (em termos de info). Impede a surpresa, suscitando uma curiosidade cuja dimenso no controlvel, tornando frequentemente

    a revelao frustrante ou decepcionante. Induz a intuir uma soluo provisrio do autor em falta de idias (Piratas do Caribe II). No se relaciona com o espectador, o deixando de fora da construo de sentido. Impede o humor, a energia de adivinhar substitui a de compreender. Pressupe uma capacidade retrospectiva, inexistente em dramaturgia . Ainda pior se o personagem sabe o que o espectador no sabe. Mais cabvel em literatura, menos emocional e mais retrospectiva que a dramaturgia.

    Um homem seguido na rua. ID: Ele no sabe e nos inquietamos por ele. MISTRIO: o que esta acontecendo???

    SURPRESA: de repente, o homem ataca, surpreendendo o seu seguidor.

  • 10A. O 3 ATO

    Resoluo de todos os problemas levantados nas tentativas do protagonista de atingir seu objetivo;

    Respostas a todas as questes levantadas;

    As conseqncias das aes, resolues dos objetivos locais e subintrigas;

    Transio e descompresso, entre a intensidade do clmax e o acender das luzes da sala;

    Enfoque retrospectivo e distanciado da trajetria do protagonista: o olhar de quem viveu experincia.

    * De durao breve, visto que no existe mais objetivo (?D), e a tenso desapareceu;

    * Quando clmax no resolve inteiramente a ?D, se alonga (Casablanca, Intriga Internacional);

    * Obrigatoriamente posterior (uma primeira) resoluo da ?D trazida pelo clmax.

    Sid Field prev 3 ato comportando clmax e concluindo o 2 ato com o clmax mediano.

    O Clmax O Clmax Mediano

    Intriga Internacional . Festim Diablico . ET . Janela Indiscreta

    Principal Ndulo Dramtico Obstculo + forte, carter paradoxal Pto convergncia da Ao Traz a Resposta Dramtica Encerra a Ao Principal (abandono ou

    satisfao Objtv)

    Inexistente na Potica Revela evoluo Protagonista Muda curso da Ao Principal Redireciona o protagonista Aponta (virtualiza) Resposta Dramtica Ateno a no deix-lo concluir a ao

  • 10B. GOLPE DE SURPRESA E ESTRUTURA MODIFICADA O Golpe de Surpresa um ndulo dramtico inesperado pelo espectador, e utiliza os mecanismos gerais de surpresa. Ele intervm no curso da ao (reviravoltas), na concluso do filme (topper*), ou no comeo do 3 Ato, anulando !D. A Estrutura Modificada (modificao estrutural datando de pices bien faites do sculo XIX e reutilizada pelo cinema)

    De: 1 Ato 2 Ato 3 Ato

    Ponto de Virada Clmax Mediano Clmax

    | | Para: 1 Ato 2 Ato 3 Ato Ponto de Virada Clmax Mediano Clmax 1 | | | | Pto Clmax 2 Intervm um elemento que anula a !D dada pelo Clmax. Virada 2 Relana a ?D e a ao principal, as mesmas do 2 ato. D uma volta na capacidade de antecipao do espectador. Pode ser alternativa para um segundo ato sem interveno de um clmax mediano intenso. Justifica um 3 mais longo (visto que a tenso retorna), estruturado em 3 atos. A 2 !D na maioria das vezes da 1 !D, mas pode ser =.

    * O Topper no modifica a !D, o Golpe de Surpresa na Estrutura Modificada sim (cf. nobody Is perfect!, Billy Wilder)

    Alien, E.T., Janela indiscreta, Se meu apartamento falasse

  • 11. PONTO DE VIRADA E OBJETIVO primeiro ndulo dramtico principal a intervir na narrativa e o segundo em importncia

    Quebra a rotina do futuro protagonista. Cria desiquilbrio e o impulsiona a determinao de um objetivo.

    Corresponde em literatura expresso at que um dia

    Pode resultar mas no responder a uma Necessidade Dramtica, no intervm como soluo. fonte de conflito.

    Revela motivaes do Protagonista e potencializa identificao com o espectador.

    Pode estar deslocado ou elipsado da narrativa.

    Ocorrncia fortuita na maioria dos casos, eventualmente causado pelo prprio protagonista. Ex: Othelo

    Capaz de lanar a ao (2 Ato) sem determinao de Objetivo. Ex: Rosa Prpura do Cairo.

    Ateno a questo da verossimilhana.

    Um nico, ou uma sucesso de ptos de virada, todos decorrentes de um original e principal.

    Pto de Virada e Fim do 1 Ato No o encerra obrigatoriamente O Protagonista pode ou no participar / estar presente Princpio da recusa do chamado Pto Virada+Coragem+Perseverana+Urgncia+Meios+Ocasio

    Passagem 1 / 2 Atos Passagem ao Ato, entrar em Ao Atitude e Postura do Protagonista Nuance rtmica na narrativa Pode ou no ser definido em uma cena exclusiva.

  • 12. CONFLITO = 1 OBJETIVO + OBSTCULOS

    Desejo (necessidade dramtica) + Ocasio (acaso) + Coragem + Estratgia + Perseverana, etc Qualidade (ligada tambm qualidade da obra) Quantidade si prprio (1 pessoa) De origem interna (timidez, covardia, cime, orgulho, remorso).

    De natureza moral ou psquica, permite aprofundar caracterizao. Principal motor conflituoso na Tragdia (purgao e catarse). Pressupe o livre-arbtrio, valoriza potencialmente o ser humano.

    Criado pelo prprio protagonista (co-protagonista). Pressupe a possibilidade de transformao do protagonista. o outro (2 pessoa) Externo de origem interna (causa e efeito). Independente de sua vontade mas em conseqncia do protagonista. milking

    Dependente dos valores morais espectador. Ligado aos princpios de Caracterizao e Necessidade Dramtica.

    os outros (3 pessoa) De origem externa (a sociedade, as foras da natureza, mal entendido, antagonista, azar). O protagonista mera vtima de foras independentes que ele no controla. No pressupe livre-arbtrio, possibilita o maniquesmo. De natureza circunstancial e aleatria. Principal motor do Melodrama, fruto da teoria freudiana (dramaturgia do sc XX). No pressupe a possibilidade de transformao individual.

    "Nada impede mil obstculos de se oporem a um nico objetivo. Mas o repertrio nos ensina que uma pequena quantidade de percalos, quando bem escolhidos e explorados, vale mais do que uma profuso exaustiva deles".

    (Yves Lavandier, La Dramaturgia)

  • 13. O CONFLITO... Conhea a si mesmo.. (Scrates)

    Para se compreender, o homem necessita ser compreendido pelo outro. E para ser compreendido pelo outro, necessita compreender este outro (Thomas Hora)

    O mecanismo do conflito: Um personagem busca realizar um objetivo e encontra obstculos em seu caminho,

    o que engendra conflito e emoo, no somente para o personagem, mas igualmente para o espectador.

    personagem objetivo obstculo conflito emoo

    ... O ESPETACULAR E DEUS

    Os milagres e as facilidades so anti-dramticas (Y. Lavandier)

    Ateno tentao de substituir conflito pelo espetacular e explor-lo com sadismo: durao e estetismo (Mel Gibson)

    A boa dose de obstculos aquela que sabe equilibrar, no espectador, a esperana de ver o protagonista se safar e

    o receio de que ele no se safe.

    Evitar frustrao (se excesso). Evitar perda de interesse (se carncia).

    Excesso de obstculos obriga interveno de um Deus Ex Machina*.

    *Evocao latina significando E Deus sai da Mquina!. No teatro grego designa um mecanismo fazendo intervir na cena uma ou vrias divindades, para resolver uma situao desesperada. A expresso pode significar toda resoluo que no segue a lgica prpria da histria. Na linguagem atual, ela se aplica a um elemento que chega de surpresa e resolve um problema, at ento, insolvel.

  • 14. QUESTO DRAMTICA: enjeu e ao

    Aquilo que revela o que est em jogo, ou o que o protagonista tem a perder ou a ganhar em suas aes;

    Suporte no qual se apoia todo o suspense do espectador: Vai o protagonista ..?

    Sempre respondida por um sim ou um no;

    Progresso narrativa compreendida entre a definio do objetivo (pto de virada) e a concluso da ao (climax);

    Tempo da Ao Principal, propriamente dita, e do suspense mantido pelo enjeu;

    Seu desfecho Resposta Dramtica encerra a ao, o suspense e o Segundo ato;

    A Resposta Dramtica no deve ser encarada do ponto de vista dos valores morais ou emocionais, mais sim examinada em

    funo da orientao da ao principal. Ela nada tem a ver com finais felizes ou outros

    Mas encerra todo desejo autoral ligado no somente ao tema levantado pela histria, mas como qualidade da resposta por

    ele oferecido (positivo ou negativo).

    / o que est em jogo /

    Pto de Virada Clmax

    ao principal

  • 14B. INFORMAO, SENTIDO E ENCADEAMENTO DE CENAS: a linguagem dramtica

    Toda linguagem um sistema de smbolos cujo agenciamento ou justaposio permite criar sentido e veicular informaes.

    A linguagem dramtica consiste em encadear elementos narrativos cenas de maneira no arbitrria, contribuindo a veicular informaes que no se encontram em nenhuma cena individualmente, mais resultando da prpria maneira de

    encade-las.

    Enquanto uma unidade de sentido desta linguagem, uma cena no pode ser considerada independente e separadamente das que a precedem ou sucedem, com as quais ela no poderia se encadear sem uma certa lgica, que no precisa ser linear.

    Construo narrativa em uma trajetria linear

    ...x x+1 x+2 x+3 x+4 x+5 x+6...

    O TRIC

    Construo narrativa em uma trajetria no linear, construda como uma malha, onde cada fio participa do tear.

    ...x x+1; x+2 ; x+3 x+4 x+5; x+6 x+7; x+8...

    ... x prepara x+1 e x+5; x+1 prepara x+3 e x+4; x+2 prepara x+4 e x+7; x+3 prepara x+4, etc...

    To Be or Not To Be . Quanto Mais Quente Melhor

  • 15A. PROTAGONISTA: Arqutipo & Nuance A caracterizao

    1 Ato

    No comeo, era o arqutipo O mundo em equilbrio e a Necessidade Dramtica A ruptura do equilbrio: Ponto de Virada Estabelecimento do Objetivo: adicionar ao desejo a coragem, estratgia, ocasio, perseverana, etc Questo Dramtica: descobrir o que est em jogo?

    2 Ato

    Passagem ao ato. Nuance: Ele assim, mas Clmax Mediano e a descoberta de si Resposta Dramtica e ponto de vista temtico do Autor

    3 Ato

    A trajetria do protagonista Se transformar mas continuar o mesmo: estar no mbito do humano olhar para traz e pagar pelo que fez (Zaratrusta)

  • 15B. DILOGO do que falam os personagens

    escrever com os olhos... e com os ouvidos

    a observao e a arte de imitar as aes humanas (olhar com encanto)

    o falar de cada personagem e o falar do autor

    maneira de falar (o discurso) ou modo de dizer (atividade)

    o que dizer, ou a informao

    como dizer, caracterizao e atividade

    o que no dizer

    o no dito

    Glengary Glen Ross . To be or not to be

  • 16. A ELIPSE "Entre A e C falta algo que o esprito reconstri." (Yves Lavandier)

    Elipse Temporal Elipse Pictural Elipse Narrativa

    Significando que o tempo passou e nada aconteceu que merea ser narrado ou que seja relevante para a ao.

    Permite de saltar a introduo de uma cena e ir direto ao essencial ou de valorizar uma exposio anterior, indo diretamente as conseqncias do antes anunciado.

    Essncia mesmo da linguagem cinematogrfica.

    Ex: todo e qlqr filme; Anti-ex: Festim Diablico e

    Clo, de 5 as 7

    Comportando informaes narrativas novas e/ou significado, em termos de procedimento narrativo e antecipao do espectador.

    Trabalha princpios de contraste, contrrio, falsa pista.

    Participa e potencializa os mecanismos de preparao (anncio).

    Valoriza participao do espectador e possibilita a economia dramtica

    Ex; Quanto mais quente Melhor, Intriga Internacional

    No mostrar o que no mostrvel, deixando imaginao do espectador o trabalho de preencher o contorno da cena com significao.

    Oculta uma cena, elemento ou imagem, revelando na expresso daquele que a testemunhou, ou em algum elemento de valor subjetivo o seu teor a impresso que ela causa.

    Retorna relao indireta do narrador.

    Ex: M, o Vampiro de Dusseldorf e Amn

  • 17. NDULOS DRAMTICOS: TRANSIO E PROGRESSO Frequentemente ele conclui o que precede e inaugura o que sucede. Poderamos dizer que uma narrativa

    avana de ndulo dramtico em ndulo dramtico. (Yves Lavandier)

    Ponto de Virada Incidente, de carter fortuito e conflituoso (maioria), que quebra a rotina e impulsiona protagonista a estabelecer objetivo; Permite ao espectador compreender as motivaes do protagonista. Passagem Ato1/Ato2 Menos intenso que Pto Virada, declarao ou tomada de conscincia, primeiro efeito concreto ps pto de virada. Pode ou no ser objeto de uma cena exclusiva, mas denota uma mudana clara no ritmo narrativo. Falsa Pista Tipo de golpe de surpresa, que trai a capacidade de antecipao do espectador. Se baseia na instalao de um anncio anterior, criando uma certa expectativa, para surpreender com o seu contrrio. Ex: A ducha (Lista de Schindler, sic, A Vida Bella). Acumulaes Principio originrio da Anlise Transacional, segundo o qual o ser humano reage a uma capacidade de acumular uma certa dose de frustraes, ou de reter emoes, antes de precipitar o resultado da acumulao das emoes retidas, quando intervm a gota dgua. Tanto interessante pensar a construir a justificao de uma precipitao, quanto a responder a expectativa de precipitao, quando o processo de acmulo estabelecido. Paralelismo Princpio segundo o qual, uma sub intriga ilustra ao mesmo tempo que interage com a ao principal (A Rainha, de Frears) Crise Para certos autores, o momento paradoxal anterior ao Clmax, em contraste com este; Para outros, ligado idia de livre arbtrio, seria o momento da escolha, ou da dvida sobre renunciar ao objetivo; Conceito no unnime.

  • Pto de no Retorno Alternativo ao conceito de Crise; Equivale ao momento, na primeira parte do 2 ato, onde o protag se d conta de no mais ter escolha, e que sua trajetria no ser impune. Refora a questo dramtica e potencializa participao do espectador. Pode ser explorado enquanto momento, mas tambm como perspectiva. Ex: as plulas vermelhas ou azul (Matrix), a deciso de Marion Crane de retornar a Phoenix e devolver o dinheiro roubado (Psicose), ou ainda a assinatura de Fausto no contrato de Mefistfeles (Fausto). Clmax Mediano Relana a ao, sem transform-la, mas dando a ela uma nova direo. Ligada maneira do protag de abordar sua prpria trajetria, como se ele evolusse, compreendesse algo e se tornasse capaz de entrar na ltima reta em direo ao clmax. Cria uma nova dinmica em meio ao 2 Ato, para o espectador que j se habituou com o ritmo narrativo e comea a se desligar da histria. Clmax O mais importante e intenso ndulo dramtico da narrativa, com a funo fundamental de responder a questo dramtica levantada no 1 Ato e encerrar a ao principal. Conclui o 2 Ato. *Ateno: o conceito de Anti-clmax est ligado a seu sentido lingstico (em oposio ao dramtico): Clmax, do grego Klimaks, significando gradao ascendente, mais ligada a noo de crescendo. Golpe de Surpresa Acrobacias narrativas com a inteno de mudar o curso ou relanar a ao principal. Jogam com a capacidade de antecipao do espectador. Podem ocorrer em curso de narrativa (piruetas), no fim do filme (topper), ou depois do clmax, no comeo do 3 Ato (reviravoltas, cf. estrutura modificada do 3 Ato). Gancho Localizado na concluso da narrativa e destinada a suscitar o desejo no espectador de conhecer a continuao. Muito prprio da dramaturgia televisiva a episdios e dos filmes que pressupes revanches, retornos e sutes n 2, 3 e 4.

  • 18. PROCEDIMENTOS NARRATIVOS: as ferramentas

    Dead Line: O Protagonista no somente enfrenta obstculos ao seu objetivo, mas ele tambm tem o tempo correndo contra. Ainda mais potencializado se ultimato vem radicalizar o dead line, prximo do clmax.

    Emoo Contrria: preparar a recepo de uma cena intensa (ndulo dramtico) pelo espectador, com a emoo contrria. O contraste d relevo emoo. Ex: o riso precedendo as lgrimas, a quietude ao medo (melhor -10/+10, do que +5/+10, para o jogo de ator)

    Reviravolta: Afundar o protagonista ao mximo antes que ele possa emergir (= qto mais conflito melhor!).

    Marcador de Evoluo: Set up/Pay off ligado evoluo do personagem, marcando as etapas de sua trajetria. Ex: adorar/detestar tomates, ter/perder fobia de avio.

    Bear on the Beach: Ironia dramtica localizada, ligado ao processo de Efeito e Causa. Ex: Tubaro.

    Conseqncia Resposta: Diante de uma interrogao colocada a um personagem, elipsar resposta e revel-la atravs de aes representando suas conseqncias. Ligado a unidade de tempo, e ao princpio de comear o + tarde, terminar o + cedo possvel.

    Efeito e Causa: mostrar primeiro a cara de horror do protagonista, e somente depois a viso horrorosa do monstro prestes a atac-lo, com a inteno de potencializar suspense.

    Tcnica do Contrrio: Surpreender, fazendo o personagem dizer ou fazer o contrrio do esperado, diante de uma escolha alternativa. Pensar nos Possiveis desdobramentos da escolha. (ex: Jack Lemmon Geraldine/Daphne)

    A Recusa do Chamado: Protelar a deciso do protagonista. Separar exigncia e deciso em cenas distintas. Ligada ao princpio de reviravolta. Antes de decidir, o protagonista sofre, hesita, receia... E ento se lana.

    Dilogos: de traz para frente, em termos de compreenso. Ex: Hum? Duas e Quinze. O que? Voc no perguntou as horas?

  • 19. COMDIA Ao contrrio da tragdia que pressupe o protagonista como o homem nobre, superior,

    a comdia se interessar pelo homem inferior, pequeno, seno pela pequeneza do homem. Por isso nunca veremos um pinico na cena de uma tragdia.

    Os conflitos na comdia esto ligados natureza humana e o seu material so as limitaes do homem, suas

    lacunas, pecados e imperfeies;

    Visa sempre o defeito humano, no o de uma pessoa ou um grupo;

    Conhecer seu prprio drama para poder rir de si mesmo, mais do que do outro. A comedia descomplexa, libera, exorciza e propicia a compaixo;

    A tristeza do Palhao: A comdia termina sempre mal (o que a torna mais trgica que a tragdia), pois no pressupe a superioridade humana;

    Ultrapassar suas prprias limitaes passa por aceit-las. A comdia prope um tratamento ideal para levantar questes de ordem moral. Da generosidade ao rigor.

    Rir de tudo, mas no a toda hora e com todo mundo. A comdia = tragdia + tempo ou distncia (fsica ou distanciamento).

    Atenua a identificao e propicia o distanciamento crtico. A identificao passa a se fazer de maneira indireta e racional.

    Dispensa o crvel e o verossmil Somente podemos rir das lgrimas e do sangue se eles nos parecerem patticos e exagerados e se apoia no excesso, na repetio e na acumulao.

    Dying Is easy... Comedy Is hard (Morrer fcil; fazer comdia difcil, ator-autor desconhecido,mas poderia ser o mestre Igmar Bergman agradecendo a visita de Woody Allen em seu leito de morte)

  • 20. DRAMATURGIA X LITERATURA

    Em comum, ambos trabalham sobre os fundamentos da narratividade (cf. Greimas) e se servem das letras do alfabeto e das palavras, do papel e do lpis, do programa de texto do computador. Mas s.

    tempo, espao, personagem, intriga e procedimento narrativo

    Sua escrita no comporta funo esttica, mas a de representao (idem partitura musical).

    Escrita para ser vista ou ouvida. H lugar para os sentidos. No retrospectivo. Interessada nas manifestaes

    concretas e externas dos personagens. Potencializa relao visceral (catrtico)

    do espectador com a obra. Descende da arte Potica Dramtica

    (Tragdia e Comdia), do sculo V AC. Shakespeare nunca escreveu um

    romance. Prioriza o verbo e o substantivo (em

    detrimento ao adjetivo qualitativo e advrbios )

    Sua escrita comporta funo esttica e estilstica.

    Escrita para ser lida. H lugar para imaginao

    (visualizao). Potencializa relao cerebral

    (reflexo) do leitor com a obra. Interessa igualmente nas

    manifestaes interiores dos personagens.

    Pode ser recebido paulatina e retrospectivamente.

    Descende da arte Potica Narrativa (Epopia), do sculo V AC.

    Proust nunca escreveu uma pea de teatro.

    Valoriza as figuras de estilo e os simbolismos.

  • 21. ESCREVENDO

    Qual o material do roteirista?

    quando a cor do sapato ou o penteado vira problema do roteirista? o elemento narrativo o que intervm na ao.

    Decupar ou no decupar? eis a questo

    o jogo de ator

    O saber ler do escrever

    criatividade e mtodo; fluxo de conscincia e analise; liberdade e senso de autoralidade

    Escrever e dirigir: cada coisa em seu tempo

    lucidez e auto-censura; liberdade e auto-critica o interesse de haver um outro

  • 22. ETAPAS E FORMATOS

    Em Escritura:

    StoryLine

    Argumento

    Sinopse

    Argumento Desenvolvido

    Escaleta

    Roteiro

    Em Produo:

    logline; algumas linhas de apresentao da intriga, personagem e universo (flmico e dramtico), especialmente concebido para "fisgar" o interesse de interlocutores (produtores, concursos, espectadores). De 5 a 10 linhas, prope a questo dramtica, mas no sua resposta.

    1 ou 2 pginas, relatando a histria. Ainda em forma literria, contm apresentao personagens, estabelecimento da questo dramtica, assim como a revelao da resposta dramtica oferecida.

    Tratamento no dialogado, progresso narrativa (em oposio histria), com a apresentao dos procedimentos narrativos e do contedo das cenas, em ordem e segundo o recorte do filme, mas sem o seu carter de utilizao flmica do espao, tal como os veremos no roteiro. As aes dos personagens so apresentadas sem a sua integridade, mas o texto perde sua forma literria.

    Sucesso de cenas sucintamente apresentadas (lugar, tempo, personagens e breve resumo da ao).

    Tratamento (ou Continuidade) Dialogado; contm progresso narrativa, com a perspectiva de utilizao do espao e do tempo das cenas, descrio integral das aes do personagens, mas sem nenhuma referncia cmera (decupagem tcnica). Redigido em fonte courier ou times, tamanho 12, com espao simples. Cabealho Seqncia (em caixa alta): Lugar . Interior ou Exterior/Dia ou Noite (ou variaes: aurora, fim do dia, etc)

    A idia original, o gro da histria, no mais utilizado no jargo contemporneo. Uma frase, introduzindo o universo que o autor (da idia) prope.

  • Story Board

    Decupagem Tcnica

    Convenes na apresentao de um tratamento de roteiro

    Capa contendo Ttulo, Autor(es), verso, data, registro e coordenadas p/ contato c/ Autor (eventualmente um breve resumo da narrativa ou storyline)

    Tipo Courier ou Times - 12 - espao simples Cabealho de Seq. (em caixa alta): N SEQ Cenrio INTouEXT/DIAouNOITE Rubrica de Ao (BlackStuff): Descritivo das cenas, situando lugares, ambientes, atmosferas, descrevendo

    personagens e suas aes. Sempre precedem os dilogos. Dialogo: NOME do personagem que fala em caixa alta, seguido, se necessrio, de parnteses anunciando o tom

    dos dilogos. As rplicas devem comear em linha separada, e com tabulao especial (mais estreita). Efeitos de corte e transio em caixa alta, na margem direita da pagina. Cartelas e letreiros em caixa alta, no decorrer do texto, como uma rubrica de Ao.

    Reproduo simulada do resultado da cena em imagem. Desenhos correspondentes ao que cada cena vai parecer na tela. Simulao dos efeitos de enquadramento e movimentos de cmera.

    Diviso das cenas e seqncias em planos (a unidade da gramtica cinematogrfica), com especificaes de ordem tcnica: descrio de enquadramentos, movimentos de cmera, objetivas, filtros e efeitos.

  • Uma lista no exaustiva e nem definitiva de filmes mencionados durante os encontros do Mdulo de Introduo

    TITULO FILME DIRETOR ??? QUESTES ABORDADAS Ray T.Hackford Bio, problema de unidade OBJTV / msicas como pontuao e elo narrativo Citizen Kane OrsonWelles Protagonista de aluguel, presente narrativo e ?dramtica Entrevista c/ um Vampiro NeilJordan Protagonista de aluguel, presente narrativo e ?dramtica Amadeus M.Forman Protagonista e Pto de Vista, ID, presente narrativo / adaptao Apocalipse Now F.F.Copollla Protagonista e Pto de Vista, unidade de ao (road movie) / adaptao Telma e Louise Ridley Scott Protagonista e pto de Vista, conflito, antagonista e cumplice, !dramtica + Body Snatchers 67 Dan Sieggel 1 histria /2 narrativas / adaptao Body Snatchers 78 P.Kaufmann 1hist/2narrat / adaptao Liaisons Dangereuses S.Frears 1hist/2narrat, pto de vista protag / adaptao Valmont M.Forman 1hist/2narrat, pto de vista protag / adaptao Um dia de co Sidney Lumet 1hist/2narrat, enfoque 3 atos, NecesDramtica e motivao protag Plano Perfeito SpykeLee 1hist/2narrat, enfoque na ao do protag e no no protag Casablanca M.Curtiz OBJTV Protag e prerrogativas Luzes da Cidade Chaplin ID, elipse narrativa O Grande Ditador Chaplin ID, SetUp, caracterizao protag e tempo, elipse narrrativa Irreversvel (sic*) Gaspard No Os 3 atos, ?Dramtica, lugar do espectador, estrutura narrativa A Escolha de Sofia Alan Pakula dramaturgia e vivencia humana A vida bela R.Benigni dramaturgia e vivencia humana, ID, falsa pista, preparao Franco Atirador M.Chimino dramaturgia e vivencia humana, come back protag 3 ato A Grande Iluso JeanRenoir critica ideologia e histria Victor ou Victoria Blake Edwards ID necessDramatica Motivao Protag Um Estranho no Ninho M.Forman OBJTVloc, personSec, subintrigas/unids lugar temtica, paralel/caract Protag Depois Daquele Beijo M.Antonionni Qdo o espectador sabe menos que o protagonista, caract Protag / adaptao Gremlins St. Spielberg anncio e antecipao Toy Story John Lasseter anncio antecipao e falsa pista

  • TITULO FILME DIRETOR ??? QUESTES ABORDADAS Voltar a Morrer K. Branagh narrativas paralelas e interativas, prologo, elem prepar A Mo q Balana o Bero Curtis Hanson ID, elem prepar, SetUp, economia ato2, tricotagem narrativa O Fio da Suspeita R.Marquand Suspense, elem prepar, SetUp , economia ato2, tricotagem narrativa Janela indiscreta Hitchcock OBJTVloc, personSec, sub intrigas/unid lugar temtica, paralel/carat Protag Intriga Internacional Hitchcock OBSTCL e OBJTV externo PV fortuito Pnico nos Bastidores Hitchcock o falso flash back, o valor de fato e no de verso Psicose Hitchcock mudana de protag e OBJTV / mac gauffin / adaptao Festim Diablico Hitchcock ID, unidade tempo e espao, plano-seq e cena dramtica / adaptao Disque M para Matar Hitchcock expo/demo, preparao ID e suspense Cortina Rasgada Hitchcock mudana de protag e OBJTV O Homem q sabia Demais Hitchcock participao espectador, clmax e crescendo, ? e ! dramtica Vertigo Hitchcock ruptura de unidade de ao Clo, de 5 7 Agnes Varda Estrutura dos 3 Atos / Prologo Sete Samurais Akiro Kurosawa Estrutura dos 3 Atos Lolita S.Kubrick ruptura unidade de ao e unicidade de OBJTV / adaptao Rashomon Akiro Kurosawa ruptura unidade pto vista como premissa Crepsculo dos Deuses BillyWilder ID, filmNoir, Narrador, flash back Veludo Azul David Lynch linguagen filmica, ID, caracterizao person, pto de vista do autor A Malvada J.L.Mankiewicz Protag & Antag, id do spectador O Terceiro Homem Carol Reed ID, filmNoir, Narrador, protag e papel ttulo / flash back / adaptao Se meu apartamento Falasse B.Wilder ID, preparao, Milking, princpios de comedia Quanto mais Quente Melhor B.Wilder ID, preparao, Milking, topper, surpresa, princpios de comedia To be or Not To Be E.Lubitchish ID, preparao, Milking, princpios de comdia Glengary Glen Ross James Foley Dilogos, atividade e discurso A Rainha Stephen Frears Subintriga e Paralelismo, diapaso, protoganista e ? Dramatica

  • E&F 2013

    www.escrevendoefilmes.com.br