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LEITURA E PRODUO TEXTUAL- II

ALUNO:

R.A.

CURSO:

UNIDADE:

TURMA:

SEMESTRE/ANO: 2011-2

PROFESSORA: Lcia Aparecida de Matos

PLANO DE ENSINO 2011 DISCIPLINA: LEITURA E PRODUO TEXTUAL II POSIO NA GRADE DO CURSO: 2 SEMESTRE LETIVO / CARGA HORRIA SEMESTRAL: 40 HORAS / AULA EMENTA: O curso articula-se em sequncias didticas que enfocam a progresso do repertrio de textos representativos de cada modalidade, argumentao do texto e o seu planejamento, contemplando sua reviso, refaco e avaliao, inserindo, ainda, temas polticos, sociais e econmicos contemporneos, aderentes rea especfica da carreira. OBJETIVOS: Desenvolver no aluno as competncias necessrias para o planejamento de textos de diferentes organizaes macro-estruturais, usando com proficincia a argumentao nos textos escritos. CONTEDO PROGRAMTICO: CRONOGRAMA TRABALHANDO O TEXTO I O PLANEJAMENTO DO TEXTO Retomada das noes de textos verbais e no verbais Escolha e delimitao de temas para redao TRABALHANDO O TEXTO II A LEITURA Tipologia textual A descrio Tipologia textual A narrao Tipologia textual A dissertao TRABALHANDO O TEXTO III INTERPRETAO E PRODUO TEXTUAL Anlise de textos Resenha Relatrio METODOLOGIA DE ENSINO: Aulas expositivas, trabalhos individual e em grupo, leitura e produo de textos diversos, atividades diversificadas, reescrita de textos dos alunos. SISTEMA DE AVALIAO: Avaliao contnua, tendo como possveis instrumentos: Produo textual; Anlise de textos; Reescrita de produo textual; realizao de atividades diversas, avaliao nica, individual e escrita, tendo em vista contedos de leitura e de produo de texto. As avaliaes sero, sempre, a critrio do professor.

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BIBLIOGRAFIA BSICA BLIKSTEIN, Isidoro. Tcnicas de comunicao escrita. 4. ed. So Paulo: tica, 1987. BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as ideias. 8. ed. So Paulo: tica, 2002. CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuaso. 15. ed. So Paulo: tica, 2002. GARCIA, Othon. M. Comunicao em prosa moderna. 14. ed. RJ: Fundao Getlio Vargas, 1988. KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria & prtica. Campinas: Pontes/Editora da Unicamp, 1993. KOCH, I. G. V. A inter-ao pela linguagem. So Paulo: Contexto, 1997. KOCH, I. V. e TRAVAGLIA, L. C. . Texto e coerncia. So Paulo: Cortez, 1989. MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualizao. S. Paulo: Cortez, 2001. ROJO, R. H. (org.). A prtica da Linguagem na sala de aula. SP: EDUC/ Mercado das Letras, 2000. SOARES, M. B.; CAMPOS, E. N. Tcnica de Redao. Rio de Janeiro: Ao Livro Tcnico, 1978. TUFANO, Douglas. Michaelis. Guia prtico da nova ortografia. So Paulo: Melhoramentos, 2008. (Disponvel em: http://mail.mailig.ig.com.br/mail/? ui=2&ik=4fea903c1f&view=att&th=11ee0bee069ed725&attid=0.1&disp=vah&realattid=0. 1&zw) VAL, Maria da Graa Costa. Redao e textualidade. So Paulo: Martins Fontes, 1999. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ABREU, Antnio Surez. Curso de Redao. 11. ed. So Paulo: tica, 2001. FARACO, C. A.; TEZZA, C. Prtica de texto para estudantes universitrios. Petrpolis: Vozes, 1992. KLEIMAN, A. Leitura: ensino e pesquisa. Campinas: Pontes, 1987 PCORA, Alcir. Problemas de redao. So Paulo: Martins Fontes, 1983. SERAFINI, M. T. Como escrever textos. 10. ed. Col. dirigida por Humberto Eco. SP: Globo, 2000. VALENTE, Andr. A linguagem nossa de cada dia. Petrpolis: Ed. Vozes, 1977 VIANA, A. C. Roteiro de Redao: lendo e argumentando. 1. ed. So Paulo: Scipione, 1999. VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e tcnicas na produo... SP: Martins Fontes, 1998.

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UNIDADE 1

Interpretao de texto Certo ou errado? A lngua portuguesa est mudando. Se um processo bom ou ruim, tenho minhas dvidas. Mas fato. Ao longo dos sculos, o portugus passou por inmeras modificaes. J tentei ler textos do sculo XVIII. Impossveis de compreender. Mal se reconhece o idioma ptrio. Ultimamente, tudo parece mais rpido. Palavras que ontem no existiam esto incorporadas ao vocabulrio. Como o verbo deletar. Vindo do ingls, tornou-se comum com a popularizao dos computadores. Significa apagar, eliminar. J vi uma mocinha comentar sobre um desafeto: - Deletei o safado da minha vida! Quem costuma entrar na internet est familiarizado com as incontveis abreviaes. Criouse um portugus codificado. s vezes preciso decifrar: "kd vc" quer dizer "cad voc?" ou, mais genericamente, "por que voc sumiu?". "Blz" "beleza", uma gria para expressar concordncia. "Rs", "risos". "Aki" o popular "aqui". E assim por diante. A grafia de palavras com til tambm tem mudado: "no" "naum", por exemplo. Ainda me confundo com certos hierglifos, como :) para indicar um sorriso. Alm de uma srie de outros sinais, de cujo significado no tenho a menor idia! Muitas vezes me sinto um mastodonte atolado enquanto o mundo caminha velozmente. bom ou ruim? Continuo a me perguntar! Em alguns casos, pssimo. Raramente vejo o "h" grafado de maneira correta. Costumam esquecer o "H". de doer, pois demonstra a falta de alguns rudimentos bsicos. Em legendas de cinema, j cansei de ver a grafia errada: "a muito tempo..." Mesmo em jornais, eventualmente. Talvez seja inevitvel: o "H" corre o risco de desaparecer, pela falta de uso. (E de utilidade, convenhamos, pois no incio de palavras no tem sentido fontico.) Ainda usamos expresses surgidas em outras pocas, quando a vida era diferente. Outro dia um amigo fofocou:- Ela deu com os burros n'gua! Embora nas cidades grandes ningum mais ande de carroa nem corra o risco de atolar com os quadrpedes. Quando, certa vez, escrevi uma histria de poca, analisava as expresses dentro do significado histrico para saber se eram adequadas ou no. Um personagem falava: - Comi tripa forra! "Tripa forra" vem da poca da escravido, quando o escravo forro era livre. Significa que se comeu vontade, livremente. Em outra ocasio, botei um personagem vociferando:- Vou te tirar do meu caderninho! Um pesquisador me alertou:- Na poca as pessoas no tinham telefone. S se passou a botar4

e tirar pessoas do "caderninho" ao surgir o hbito de anotar nomes e nmeros. Formas de falar logo ficaro obsoletas. Um ex com dor-de-cotovelo ainda pode reclamar:Ih! Ela queimou meu filme! As mquinas fotogrficas ainda tm filmes. Do jeito que as coisas vo, em breve todas sero digitais. Surgir outro jeito de dizer a mesma coisa. Aprender a usar a gramtica, tempos verbais e a grafia correta uma maneira de treinar o raciocnio. Quem no sabe falar ou escrever provavelmente no articula bem os pensamentos. Tenho medo de que certas mudanas sejam fruto de escolas pssimas, deficincias de aprendizado ou, simplesmente, preguia. Mas tambm preciso aceitar a evoluo! Portanto, nem tanto ao mar nem tanto terra! Ei... Acho que essa expresso vem dos tempos em que marinheiros ainda saam em busca de novos mundos! Na poca, era modernssima! Mais um motivo para apreciar nossas modernidades! Cada poca se espelha em um modo de falar, ou a vaca vai para o brejo, ou a gente cai do cavalo, ou entra em um buraco negro. Fascinante saber que a lngua, enfim, viva!- Walcyr Carrasco, Revista VEJA Fev 14, 2005 Sugestes para responder melhor as questes dissertativas: - Leia, atentamente, se necessrio, vrias vezes, os enunciados das questes detectando os verbos-comando que estruturam as questes. - Responda, exatamente, o que est sendo pedido, no tente complementar suas respostas com informaes desnecessrias achando que elas iro compensar o que voc no souber responder. - No se esquea de que uma resposta a uma questo dissertativa, por menor que seja, sempre um texto, sendo assim, seja claro, coeso, coerente. - Suas respostas devero ter, como em qualquer outro texto: um incio, um desenvolvimento e, quando necessrio, uma concluso. - No responda s questes utilizando frases inteiras de textos (no copie partes do texto base ou da pergunta). Leia, atentamente, o material que est sendo analisado e construa a resposta com o seu prprio discurso. Os recortes de frases devem ser feitos apenas quando se tratar de verbos-comando como transcreva, retire etc. - Respeite o nmero de linhas especificado para as suas respostas. No seja muito sucinto nem muito prolixo - responda de maneira que voc d conta do que est sendo pedido. - Boa resposta, geralmente, se inicia com traos da questo que a originou. Ex.: Pergunta: De acordo com o texto, qual o nvel financeiro daquela populao? Resposta: De acordo com o texto, o nvel financeiro daquela populao muito baixo.5

- No use em suas respostas grias e/ou construes tpicas da linguagem coloquial.

EXERCCIOS COMPREENSO TEXTUAL 1 O texto coloca em confronto duas ideias. Quais so essas ideias? 2 No final do segundo pargrafo, o autor diz: Muitas vezes me sinto um mastodonte atolado enquanto o mundo caminha velozmente. Explique essa colocao? 3 A que concluso chega o autor? 4 Escreva um texto de 5 linhas dando sua opinio a respeito da mudana da lngua portuguesa e seus desdobramentos.

UNIDADE 2 TIPOLOGIA TEXTUAL - DESCRIO (Partes deste captulo foram extrados de SOBRAL, Joo Jonas Veiga. Redao: escrevendo com prtica. So Paulo: Iglu, 1997.) A descrio uma espcie de retrato verbal de um determinado objeto. descritivo o texto que tem por finalidade retratar algo, de forma que o interlocutor possa, por meio das palavras, criar mentalmente a imagem do objeto descrito. importante ressaltar que como no h escrita sem inteno, descreve-se para atingir determinados objetivos, tais como: exaltar ou criticar. analisar contedos. fazer conhecer, direta ou indiretamente, o objeto descrito. Ao descrever, a pessoa seleciona as palavras que pretende usar para que possa convencer o interlocutor. Se h um desejo de convencer, de fazer com que o interlocutor enxergue de acordo com a viso de mundo do enunciador, o texto descritivo possui uma funo argumentativa. Sendo assim, a descrio pretende ser um retrato verbal. Todavia, pretende retratar aquilo que os olhos do enunciador vem, que muitas vezes pode no corresponder realidade. A descrio pode ser: Objetiva: quando se retrata a realidade como ela . Subjetiva: quando se retrata a realidade segundo nossos sentimentos e emoo.6

Descrio objetiva: A cmoda era velha, de madeira escura com manchas provocadas pelo longo tempo de uso. As trs gavetas possuem puxadores de ferro em forma de conchas, nas duas laterais h ornamentos semelhantes queles de esculturas barrocas, os ps so redondos e ornamentados. Descrio subjetiva: Dona Cmoda tem trs gavetas. E um ar confortvel de senhora rica. Nas gavetas guarda coisas de outros tempos, s para si. Foi sempre assim, dona Cmoda: gorda, fechada, egosta. (QUINTANA, Mrio. Sapo amarelo. Porto Alegre: Mercado Aberto. 1984, p. 37). Na primeira descrio, houve um retrato fiel do objeto; j na segunda, houve o ponto de vista do autor, o objeto foi descrito conforme ele v. Observao: No confunda descrio e definio. Definir explicar a significao de um ser. Descrever retratar a partir de um ponto de vista. Veja a definio de uma cmoda: CMODA: mvel guarnecido de gavetas desde a base at a parte superior, que serve para guardar coisas. Na definio, no h ponto de vista, o objeto descrito de maneira geral e serve para qualquer cmoda; j nas descries prevalecem a particularidade; cada cmoda foi descrita de forma diferente. Descrio sensorial A descrio sensorial, tambm conhecida por sinestsica, apia-se nas sensaes. Este tipo de descrio faz com que o texto fique mais rico, forte, potico; nele o leitor interage com o narrador e com a personagem. As sensaes so: Visuais: relacionadas cor, forma, dimenses, etc. Era um olho amendoado, grande, dum azul celestial, de traos suaves... Auditivas: relacionadas ao som. O silncio tornara-se assustador, o zumbido do vento fazia chorar as janelas... Gustativas: relacionadas ao gosto, paladar. Tua despedida amarga, o sorriso irnico, insosso; deixaram-me angustiado. Olfativas: relacionadas ao cheiro. O cheiro de terra trazido pelo vento mido era prenncio de chuva. Tteis: relacionados ao tato, contato da pele. As mos speras como casca de rvores, grossas, rspidas, secas como pedra. Descrio tcnica A descrio tcnica deve apresentar preciso vocabular e exatido de pormenores. Deve esclarecer, convencendo. Pode-se descrever objetos, mecanismos ou processos, fenmenos, fatos,

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lugares, eventos. Determinar o ponto de vista e o objetivo do texto muito importante na construo do texto descritivo, deles depende a estrutura do texto: que ser descrito? que aspecto ser destacado? quais so os pormenores mais importantes? que ordem ser adotada para a descrio? a quem se destina o texto: ao tcnico ou ao leigo? Observe o seguinte exemplo: O motor est montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos caixa de cmbio, a qual, por sua vez, est fixada nos coxins de borracha na extremidade bifurcada do chassi. Os cilindros esto dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de cilindros tem um cabeote comum de metal leve. As vlvulas, situadas nos cabeotes, so comandadas por meio de tuchos e balancins. O virabrequim, livre de vibraes, de comprimento reduzido, com tmpera especial nos colos, gira em quatro pontos de apoio e aciona o eixo excntrico por meio de engrenagens oblquas. As bielas contam com mancais de chumbo-bronze e os pistes so fundidos de uma liga de metal leve. (Fonte: Manual de instrues [Volkswagen]. In: Comunicao em prosa moderna. GARCIA Othon, Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.388.) 1. O que est sendo descrito? 2. Que aspecto est em destaque? 3. Que pormenores parecem mais importantes? 4. Que ordem adotada? Do geral para o particular (dedutivo) ou do particular para o geral? (indutivo) 5. A quem se destina o texto? Descrio de ambiente e paisagem Espao o lugar fsico onde se passa a ao narrativa, e ambiente o espao com caractersticas sociais, morais, psicolgicas, religiosas, etc. Ao se descrever um ambiente fechado, escuro, sujo, desarrumado, normalmente sugerido um estado de angstia, ou solido, ou desleixo. J os lugares abertos, claros, coloridos, sugerem felicidade, harmonia, paz, amor. Portanto o ambiente descrito em seu texto dever fazer com que o leitor perceba o rumo da histria. Veja um exemplo: A Praa da Alegria apresentava um ar fnebre. De um casebre miservel, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadores enferrujados de uma rede e uma voz tsica e aflautada, de mulher, cantar em falsete a gentil Carolina era bela, doutro lado da praa, uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por uma nuvem de moscas, apregoava em tom muito arrastado e melanclico: Fgado, rins e corao! Era uma vendedeira de fatos de boi. As crianas nuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhargas maternas, as cabeas avermelhadas pelo sol, a pele crestada, os ventrezinhos amarelentos e crescidos, corriam e guinchavam, empinando papagaios de papel. Um ou outro branco, levado pela necessidade de sair, atravessava a rua suando, vermelho, afogueado, sombra de um enorme chapu-de-sol. Os ces, estendidos pelas caladas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos,8

movimentos irascveis, mordiam o ar, querendo morder os mosquitos. Ao longe, para as bandas de So Pantaleo, ouvia-se apregoar: Arroz de Veneza! Mangas! Macajubas! s esquinas, nas quitandas vazias, fermentava um cheiro acre de sabo da terra e aguardente. O quitandeiro, assentado sobre o balco, cochilava a sua preguia morrinhenta, acariciando o seu imenso e espalmado p descalo. Da Praia de Santo Antnio enchiam toda a cidade os sons invariveis e montonos de uma buzina, anunciando que os pescadores chegavam do mar; para l convergiam, apressadas e cheias de interesse, as peixeiras, quase todas negras, muito gordas, o tabuleiro na cabea, rebolando os grossos quadris trmulos e as tetas opulentas. (AZEVEDO, Alusio de. O Mulato. Apud Curso de Redao, Harbra. J. Miguel, p. 67.) Note como todas as descries procuram mostrar para o leitor um ambiente em decadncia, miservel, fnebre: A praa da alegria apresentavam um ar fnebre, de um casebre miservel, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadores enferrujados de uma rede... Os ces, entendidos pelas caladas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos... Esquema de descrio de pessoas ou tcnica do retrato Ttulo 1 pargrafo: (Introduo) 2 pargrafo: (Desenvolvimento) 3 pargrafo: (Desenvolvimento) 4 pargrafo: (Concluso) Primeira impresso ou abordagem de qualquer aspecto de carter geral Caractersticas fsicas (altura,peso,cor da pele,idade,cabelos,traos do rosto (olhos,nariz,boca),voz,vestimenta) Caractersticas psicolgicas (personalidade,temperamento,carter, preferncias, inclinaes, postura, objetivos) Retomada de qualquer outro aspecto de carter geral

Exemplo: Descrio de pessoa Quem sou eu ? Qualquer pessoa que o visse, quer pessoalmente ou atravs dos meios de comunicao, era logo levada a sentir que dele emanava uma serenidade e autoconfiana prprias daqueles que vivem com sabedoria e dignidade. De baixa estatura, magro, calvo, tinha a idade de um pai que cada pessoa gostaria de ter e de quem a nao tanto precisava naquele momento de desamparo. Seus olhos oblquos e castanhos transmitiam confiana. O nariz levemente arrebitado e os lbios finos, em meio ao rosto arredondado, traavam o perfil de algum que sentamos ter conhecido durante a vida inteira. Sua voz era doce e ao mesmo tempo dura. Falava e vestia-se como um estadista. Era um estadista. Sua caracterstica mais marcante foi, sem dvida, a ponderao na anlise dos problemas polticos e scio-econmicos. Respeitado em todo o mundo pela condio de lder preocupado com o destino das futuras geraes, de conhecedor profundo das questes deste pas, colocava sempre o

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esprito comunitrio acima dos interesses individuais. Seu grande sonho foi provavelmente o de pr toda a sua capacidade a servio da nao brasileira, to ameaada pelas adversidades econmicas e to abandonada, como sempre fora, por aqueles que se dizem seus representantes. Verdadeiro exemplo de homem pblico, ficar para sempre na memria dos seus contemporneos e no registro histrico dos grandes vultos nacionais. EXERCCIOS 1. Identifique os objetos descritos: a) Mquina frigorfica adaptada a uma espcie de armrio onde se produz gelo, sorvetes, e onde se conservam alimentos, etc. b) Instrumento com lentes que amplificam os objetos distantes do observador e que lhe permitem uma viso ntida . c) Veculo de duas rodas, sendo a traseira acionada por um sistema de pedais que movimentam uma corrente transmissora. 2. Diga se descrio objetiva, subjetiva ou definio: a) GELADEIRA: espcie de armrio, geralmente branco, de metal e plstico, com mquina frigorfica embutida para gelar e conservar alimentos e bebidas. b) A geladeira era branca, com puxadores de plstico azulado, com manchas provocadas pelo longo tempo de uso. Na parte superior, um compartimento bem menor que a inferior, mas com um detalhe: era forrado de ms com figuras de frutas e flores. Os ps eram redondos e de metal azinhavre. c) Maria Geladeira tem duas partes. Uma, imponente, longa e esqulida. Outra, mimosa, alegre, com um ar de criana brincalhona colhendo mas e flores. Abro a porta de cima, l esto as cartas de quem se foi geladas como meu corao. (Baseado em Mrio Quintana. Sapo amarelo. 1984, p. 37). 3. Observe a bela descrio de uma casa e comente se objetiva ou subjetiva. Justifique com trechos do texto: Encosto a cara na noite e vejo a casa antiga. Os mveis esto arrumados em crculo, favorecendo as conversas amenas, uma sala de visitas. O canap, pea maior. O espelho. A mesa redonda com o lampio aceso desenhando uma segunda mesa de luz dentro da outra. Os quadros ingenuamente pretensiosos, no h afetao nos mveis, mas os quadros tm aspiraes de grandeza nas gravuras de mulheres imponentes (rainhas?) entre paves e escravos transbordando at o ouro purpurino das molduras. Volto ao canap de curvas mansas, os braos abertos sugerindo cabelos desatados. Espreguiamento. Mas as almofadas so exemplares, empertigadas no encosto de palhinha gasta. Na almofada menor est bordada uma guirlanda azul. O mesmo desenho de guirlandas desbotadas no papel spia da parede. A estante envidraada, alguns livros e vagos objetos nas prateleiras penumbrosas. (TELLES, Lygia Fagundes. Ap. Missa do Galo. So Paulo: Summus, 1977.) 4. Leia o texto a seguir e responda: FUNERAL

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Uma cena me ficou na memria com uma nitidez inapagvel. Parado no meio-fio duma calada, no Passo de la Reforma, vejo passar o enterro de um bombeiro que se suicidou. Os tambores, cobertos de crepe, esto abafados e soam surdos. No se ouve sequer um toque de clarim. Atrs dos tambores marcham alguns pelotes. Os soldados de uniforme negro, gola carmesim, crepe no brao, marcham em cadenciado silncio. E sobre um carro coberto de preto est o esquife cinzento envolto na bandeira mexicana. Plan-rata-plan! Plan-rata-plan! L se vai o cortejo rumo do cemitrio. Haver outro pas no mundo em que um velrio seja mais velrio, um enterro mais enterro, e a morte mais morte? Plan-rata-plan! Adeus bombeiro. Nunca te vi. Teu nome no sei. Mas me ser difcil, impossvel esquecer o teu funeral. Plan-rat-plan! (VERSSIMO, rico. Mxico, Apud J.F. Miranda, Arquitetura da redao.) a) O texto objetivo ou subjetivo? Justifique retirando trechos que comprovem sua opo; b) Qual o tema do texto? c) Qual a mensagem? e) Explique o uso da onomatopia (palavras que imitam sons). f) A histria apresenta uma ironia. Qual ? Comente-a. 5. Classifique os versos ou frases abaixo quanto descrio sensorial: a) H perfumes saudveis como carnes de crianas doces como obos, verdes como as campinas, e outros, corrompidos, ricos, triunfantes. (Baudelaire) b) Mos de finada, aquelas mos de neve, De tons marfneos, de ossatura rica, Pairando no ar, num gesto brando e leve, Que parece ordenar mas que suplica.(Alphonsus de Guimaraens) c) Nasce a manh, a luz tem cheiro... Ei-la que assoma Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manh nasce Oh sonora audio colorida do aroma! (Cruz e Souza)

6. Leia o texto abaixo e responda s questes: O DISJUNTOR O disjuntor um equipamento destinado a detectar as sobrecorrentes de um circuito eltrico energizado. composto internamente por dispositivos que atuam com a passagem de correntes superiores s nominais do equipamento, interrompendo a passagem da corrente eltrica. Externamente composto por uma caixa plstica retangular moldada. De cor preta com dimenses de 9,0 x 1,5 x 60, cm e, nesta, dois terminais situados um em cada extremidade. Na sua parte frontal, possui um dispositivo de rearme, devendo este ser acionado aps a deteco de correntes nominais acima daquelas admissveis pelo equipamento supracitado. Os disjuntores so equipamentos de alta tecnologia, muito eficientes e relativamente baratos, adequando-se s mais diversas situaes de uso predial ou industrial, tornando-se, assim, indispensvel em qualquer instalao.(Fonte: CHAMADOIRA, J. B. N. Uma modalidade de texto tcnico. www.cefetsp.br/edu/sinergia.html)

1. Em que tipo de descrio se classifica este texto? 2. O que est sendo descrito? 3. Que aspecto est em destaque?11

4. Que pormenores parecem mais importantes? 5. Que ordem adotada? Do geral para o particular (dedutivo) ou do particular para o geral? (indutivo) 7. Leia o texto a seguir e responda: RETRATO (Ceclia Meireles) Eu no tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos to vazios, nem o lbio amargo. Eu no tinha estas mos sem fora, to paradas e frias e mortas; eu no tinha este corao que nem se mostra. Eu no dei por esta mudana, to simples, to certa, to fcil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? a) O texto objetivo ou subjetivo? Justifique retirando trechos que comprovem sua opo; b) Qual o tema do texto? c) Qual a mensagem? d) Qual o processo descritivo usado para descrever? (Ver descrio sensorial UNIDADE 3 TIPOLOGIA TEXTUAL - NARRAO Contar histrias uma atividade comum nas relaes humanas, faz parte do ato de comunicao, no s na vida particular, mas tambm na profissional. Usamos aspectos da narrao quando precisamos produzir relatrios, textos tcnicos, e-mails e outros textos que fazem parte do cotidiano de qualquer profissional. Escrevemos para contar o que acontece, com quem, onde, como, por qu e para qu. Esses so os elementos do processo narrativo. Veja: Quem narra a histria? Identificao do narrador. O que narrado? Resumo do enredo. Quem participa do conflito? Reconhecimento das pessoas ou personagens. Por que elas esto em conflito? Procura dos motivos. Onde (em que lugar) a histria ocorre? Especificao do espao e/ou do ambiente. Quando ocorre o conflito? Especificao do tempo. Como eram e so agora as personagens? Compreenso das mudanas ocorridas. Obs.: a diferena entre narrao e relato que este no tem conflito. Na narrao, a personagem tem que sofrer mutao, devido ao conflito. A narrao, assim como qualquer texto, tambm pode ser objetiva e subjetiva (veja a unidade DESCRIO)

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Narrao objetiva Narrao objetiva aquela que costumamos ler em jornais, em livros de Histria etc. Veja um exemplo: RVORE CAI COM A CHUVA Ontem, na rua Colmbia, nos Jardins, desabou uma enorme e antiga rvore sobre dois carros. A tempestade e o forte vento que caram sobre a cidade so os causadores do acidente. Observe que o narrador est em terceira pessoa; no toma, pois, parte da histria, apenas relata de maneira imparcial, contando os fatos sem que sua emoo transparea na narrativa. Resumindo, a narrao objetiva apenas informa o leitor. Narrao subjetiva Narrao subjetiva aquela em que o narrador deixa transparecer os seus sentimentos, sua posio diante do fato sensvel, emocional. Exemplo: Com a fria de um vendaval Em uma certa manh acordei entediada. Estava em minhas frias escolares do ms de julho. No pudera viajar. Fui ao porto e avistei, trs quarteires ao longe, a movimentao de uma feira livre. No tinha nada para fazer, e isso estava me matando de aborrecimento. Embora soubesse que uma feira livre no constitui exatamente o melhor divertimento do qual um ser humano pode dispor, fui andando, a passos lentos, em direo aquelas barracas. No esperava ver nada de original, ou mesmo interessante. Como triste o tdio! Logo que me aproximei, vi uma senhora alta, extremamente gorda, discutindo com um feirante. O homem, dono da barraca de tomates, tentava em vo acalmar a nervosa senhora. No sei por que brigavam, mas sei o que vi: a mulher, imensamente gorda, mais do que gorda (monstruosa), erguia seus enormes braos e, com os punhos cerrados, gritava contra o feirante. Comecei a me assustar, com medo de que ela destrusse a barraca (e talvez o prprio homem) devido sua fria incontrolvel. Ela ia gritando e se empolgando com sua raiva crescente e ficando cada vez mais vermelha, assim como os tomates, ou at mais. De repente, no auge de sua ira, avanou contra o homem j atemorizado e, tropeando em alguns tomates podres que estavam no cho, caiu, tombou, mergulhou, esborrachou-se no asfalto, para o divertimento do pequeno pblico que, assim como eu, assistiu aquela cena incomum. O narrador Ao produzir um texto, voc poder faz-lo de duas maneiras diferentes, contar uma histria em que voc participa ou contar uma histria que ocorreu com outra pessoa. Essa deciso determinar o tipo de narrador a ser utilizado em seu texto. NARRADOR EM 1 PESSOA: Conhecido tambm por narrador-personagem, aquele que participa da ao. Pode ser protagonista quando personagem principal da histria, ou pode ser algum que presenciou o fato, estando no mesmo local. Exemplo: Narrador-protagonista:

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Era noite, voltava sozinho para casa, o frio estava insuportvel, no havia ningum naquela rua sombria, ouvi um barulho estranho no muro ao lado, assustei- me... Exemplo: Narrador 1 pessoa Estava debruado em minha janela quando vejo na esquina um garoto magro roubando a carteira de um pobre velho... NARRADOR EM 3 PESSOA: Conhecido tambm por narrador-observador, aquele que no participa da ao. Joo estava voltando para casa, noite, sozinho, quando ouviu, prximo ao muro, um barulho estranho. Estrutura do Enredo Geralmente, toda histria tem um princpio (introduo), um meio (desenvolvimento), e um fim (desfecho). Contudo, em alguns casos esta estrutura no obedecida. Veja-se a estrutura de uma histria que apresenta comeo, meio e fim: Introduo: o autor apresenta a idia principal, as personagens, o lugar onde vai ocorrer os fatos. Desenvolvimento: a parte mais importante do enredo, nele que o autor detalha a idia principal. O desenvolvimento dividido em duas partes: Complicao: quando h uma ligao entre os fatos levando a personagem a um conflito, situao complicada. Clmax: o momento mais importante da narrativa, a situao chega em seu momento crtico e precisa ser resolvida. Desfecho: a parte final, a concluso. Nessa parte o autor soluciona todos os conflitos, podendo levar a narrativa para um final feliz, trgico ou ainda sem desfecho definido, deixando as concluses para o leitor. EXERCCIOS 1. Analise o enredo a seguir de acordo com os elementos do texto narrativo: O HOMEM NU Ao acordar, disse para a mulher: - Escuta, minha filha: hoje dia de pagar a prestao da televiso, vem a o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu no trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum. - Explique isso ao homem - ponderou a mulher. - No gosto dessas coisas. D um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigaes. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, no faz barulho, para ele pensar que no tem ningum. Deixa ele bater at cansar - amanh eu pago. Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher j se trancara l dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um caf. Ps a gua a ferver e abriu a porta de servio para apanhar o po. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos at o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mrmore do parapeito. Ainda era muito cedo, no poderia aparecer ningum. Mal seus dedos, porm, tocavam o po, a porta atrs de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

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Aterrorizado, precipitou-se at a campainha e, depois de toc-la, ficou espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu l dentro o rudo da gua do chuveiro interromper-se de sbito, mas ningum veio abrir. Na certa a mulher pensava que j era o sujeito da televiso. Bateu com o n dos dedos: - Maria! Abre a, Maria. Sou eu - chamou, em voz baixa. Quanto mais batia, mais silncio fazia l dentro. Enquanto isso, ouvia l embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televiso! No era. Refugiado no lano de escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mos nervosas o embrulho de po: - Maria, por favor! Sou eu! Desta vez no teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos l de baixo... Tomado de pnico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mo, parecia executar um ballet grotesco e mal-ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o boto. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lano de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com embrulho do po. Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele comea a descer. - Ah, isso que no! - diz o homem nu, sobressaltado. E agora? Algum l embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em plo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido. Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, comeava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autntico e desvairado Regime de Terror! - Isso que no - repetiu, furioso. Agarrou-se porta do elevador e abriu-a com fora entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentnea iluso de que sonhava. Depois experimentou apertar o boto de seu andar. L embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: Emergncia: parar. Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergncia, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu. - Maria! Abre esta porta! gritava, desta vez esmurrando a porta, j sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrs de si. Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de po. Era a velha do apartamento vizinho: - Bom dia, minha senhora - disse ele, confuso. - Imagine que eu... A velha, estarrecida, atirou os braos para cima, soltou um grito: - Valha-me Deus! O padeiro est nu! E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha: - Tem um homem pelado aqui na porta! Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava: - um tarado! - Olha, que horror! - No olha no! J para dentro, minha filha! Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma l fora, bateram na porta. - Deve ser a polcia - disse ele, ainda ofegante, indo abrir. No era: era o cobrador da televiso. (SABINO, Fernando. O Homem nu. 24 ed. Rio de Janeiro, Record, 1984. p. 65-8). 1-Quem narra a histria? Identificao do narrador.15

2-O que narrado? Resumo do enredo. 3-Quem participa do conflito? Reconhecimento das pessoas ou personagens. 4-Por que elas esto em conflito? Procura dos motivos. 5-Onde (em que lugar) a histria ocorre? Especificao do espao e/ou do ambiente. 6-Quando ocorre o conflito? Especificao do tempo. 7-Como eram e so agora as personagens? Compreenso das mudanas ocorridas. 2. Diga se narrao subjetiva ou objetiva. Justifique. TELEVISO MUDA ROTINA DO INTERIOR Com a chegada da televiso cidade de Cachoeiro de Itapemirim, ES, a populao observou que sua rotina vem sendo alterada de forma irreversvel. As pessoas dizem que, antes, brincava-se nas praas, conversava-se nas ruas, ia-se ao cinema. Agora, com a televiso, o que se v na praa principal um coreto apagado e bancos vazios. 3. Diga se narrao subjetiva ou objetiva. Justifique. ELA TEM ALMA DE POMBA Que a televiso prejudica o movimento da pracinha Jernimo Monteiro, em todos os Cachoeiros de Itapemirim, no h dvida. Sete horas da noite era hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praa para depois pegar uma sesso das 8 no cinema. Agora todo mundo fica em casa vendo uma novela, depois outra novela. O futebol tambm pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Estrela do Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu, ou a um Inter x Cruzeiro, ou qualquer coisa assim? Que a televiso prejudica a leitura de livros, tambm no h dvida. Eu mesmo confesso que lia mais quando no tinha televiso. Rdio a gente pode ouvir baixinho, enquanto est lendo um livro. Televiso incompatvel com livro e com tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa, at o making love. Tambm acho que a televiso paralisa a criana numa cadeira mais do que o desejvel. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por a, chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma besteira qualquer para fazer. S no acredito que televiso seja mquina de fazer doido. At acho que o contrrio, ou quase o contrrio: mquina de amansar doido, distrair doido, acalmar, fazer doido dormir. Quando voc cita um inconveniente da televiso, uma boa observao que se pode fazer que no existe nenhum aparelho de TV, a cores ou em preto e branco, sem um boto para desligar. Mas quando um pai de famlia o utiliza, isso pode produzir o dio e rancor no peito das crianas e at de outros adultos. Quando o apartamento pequeno e a famlia grande, e a TV s uma ento sua tendncia parar de ser um fator de rixas intestinas. - Agora voc se agarra nessa porcaria de futebol... - Mas, francamente, voc no tem vergonha de acompanhar essa besteira de novela? - No sou eu no, so as crianas! Mas muito lhe ser perdoado, TV, pela sua ajuda aos doentes, aos velhos, aos solitrios. Na grande cidade num apartamentinho de quarto e sala, num casebre de subrbio, numa orgulhosa manso a criatura solitria tem nela a grande distrao, o grande consolo, a grande companhia. Ela instala dentro de sua toca humilde o tumulto e o frmito de mil vidas, a emoo, o suspense, a fascinao dos dramas do mundo.16

A corujinha da madrugada no apenas a companheira de gente importante. a grande amiga da pessoa desimportante e s, da mulher velha, do homem doente... a amiga dos entrevados, dos abandonados, dos que a vida esqueceu para um canto... ou que no meio da noite sofrem o assalto de dvidas e melancolias ...me que espera filho, mulher que espera marido... homem arrasado que espera que a noite passe, que a noite passe, que a noite passe...(Ela tem alma de pomba. BRAGA. R. In: 200 Crnicas Escolhidas. 5 ed. RJ: Record, 1978, p. 318-319).

4. Reescreva o poema abaixo em prosa narrativa: POEMA TIRADO DE UMA NOTCIA DE JORNAL Joo Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilnia num barraco sem nmero. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Danou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. (BANDEIRA, Manuel. Libertinagem)

5-Ordene os pargrafos do texto seguinte na sequncia correta: Uma vela para Dario Dalton Trevisan ( )A ltima boca repetiu - Ele morreu, ele morreu. A gente comeou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ningum acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vlo, tinha todo o ar de um defunto. ( )Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calada e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o palet, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e as bolhas de espumas surgiram no canto da boca. ( )Dario vinha apressado, guarda-chuva no brao e assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo at parar, encostando-se parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calada, ainda mida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. ( )Dois ou trs passantes rodearam-no e indagaram se no se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lbios, no se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque. ( )Um senhor piedoso despiu o palet de Dario para lhe sustentar a cabea. Cruzou as suas mos no peito. No pde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multido se espalhou, as mesas do caf ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.17

( )Fecharam-se uma a uma as janelas, e trs horas depois, l estava Dario espera do rabeco. A cabea agora na pedra, sem o palet, e o dedo sem a aliana. A vela tinha queimado at a metade e apagou-se s primeiras gotas da chuva, que voltava a cair. ( )Um menino de cor e descalo veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadver. Parecia morto h muitos anos, quase um retrato de um morto desbotado pela chuva. ( )Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos ps, embora no o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta outra, as crianas foras despertadas e de pijama acudiram janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calada, soprando ainda fumaa do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas no se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. ( )Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as caladas: era a polcia. O carro negro investiu a multido. Vrias pessoas tropearam no corpo Dario, que foi pisoteado dezessete vezes. ( )Algum informou da farmcia na outra rua. No carregaram Dario alm da esquina; a farmcia no fim do quarteiro e, alm do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espant-las. ( )A velhinha de cabea grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo arrastou para o txi da esquina. J na metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulncia. Dario conduzido de volta e recostado parede - no tinha os sapatos nem o alfinete de prola na gravata. ( )Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papis, retirados - com vrios objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade, sinal de nascena. O endereo na carteira era de outra cidade. ( )O guarda aproximou-se do cadver e no pde identific-lo - os bolsos vazios. Restava a aliana de ouro na mo esquerda, que ele prprio - quando vivo - s podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabeco. ( )Ocupado o caf prximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam delcias na noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relgio de pulso. (In 20 contos menores. Rio de Janeiro. Record. 1979 p. 20-23) I. Com relao ao texto acima: a) Qual a tipologia textual? b) Qual o objetivo do autor do texto? c) Qual a mensagem? d) Identifique os elementos narrativos: personagem, tempo,espao, conflito, desfecho. II. Depois que voc leu o texto, no difcil identificar sua temtica: a) solidariedade com os dramas alheios18

b) hipocrisia sentimental, falso pesar em face da desgraa alheia c) crtica ao atendimento mdico nas grandes cidades d) participao de todos quando a cidade pequena e provinciana e) a pressa nas grandes cidades, que leva ao cansao e morte III. "J tinham introduzido no carro a metade do corpo, quando o motorista protestou: quem pagaria a corrida" O protesto do motorista revela: a) egosmo de quem no quer "dor-de-cabea" b) piedade de quem se sente solidrio c) precauo de quem tem experincia d) cuidado de quem sugere o transporte de ambulncia e) bom-senso de quem espera a presena da polcia IV."Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ATAQUE." A palavra em destaque pode ser substituda por: a) pneumonia b) epilepsia c) dispneia d) hemofilia e) erisipela

UNIDADE 4 TIPOLOGIA TEXTUAL DISSERTAO Ttulo, tema, delimitao de tema O ttulo e o tema no texto dissertativo (Partes deste captulo foram extrados de SOBRAL, Joo Jonas Veiga. Redao: escrevendo com prtica. So Paulo: Iglu, 1997.) muito comum a confuso que se faz entre ttulo e tema. Observe a diferena e importncia desse tpico na produo do texto dissertativo. Ttulo: uma vaga referncia ao assunto abordado; normalmente colocado no incio do texto. Tema: o assunto abordado no texto, a idia a ser defendida. Dependendo da proposta, podemos escolher diversos temas e ttulos para o texto. Exemplos: Tema: Famlia Ttulo: A ditadura dos filhos Ideia central: As famlias sofrem ultimamente com a ditadura dos filhos consumistas que tudo pedem movidos pela onda de consumo propagada pela televiso; e os pais, perdidos nas novas tendncias educacionais, permitem que os filhos mandem e desmandem na hora de comprar determinado produto. Tanto o ttulo quanto o tema poderiam ser outros, a proposta muito ampla, permitindo vrias opes de escolha. importante que voc seja criativo na escolha do ttulo e que no use expresses simplrias.

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Delimitao do tema Antes de iniciar um texto, pense, primeiramente quanto delimitao do tema, ou seja, s vezes, voc se defronta com um tema muito amplo para ser desenvolvido e sente dificuldade em escrever, pois j que ele amplo demais, as idias tambm sero mltiplas. Tome como exemplo o tema Poluio. D para escrever no s um texto, mas uma enciclopdia sobre o assunto... Se for solicitada, por exemplo, uma redao de 25/30 linhas, o resultado de seu texto ser uma reunio de frases desconexas e genricas, e o assunto teria um tratamento superficial. Numa redao, as idias devem ser delimitadas para que a argumentao possa ser, no mnimo, convincente. Veja algumas possveis delimitaes para o tema escolhido como exemplo Poluio: Poluio dos rios Poluio sonora Poluio e sade pblica Poluio sonora e o sono O que a sociedade deve fazer perante o problema da poluio A poluio do ar e a sade dos nossos pulmes A poluio do solo e o futuro dos campos frteis Observe-se que nesses exemplos o tema ser poluio, mas seu campo de extenso delimitado, marcado. Seu texto ser muito mais profcuo e interessante, pois voc ter mais chances de fazer valer seu ponto de vista quanto questo abordada. Delimitado o tema, veja um exemplo de como planejar um texto. Tome como parmetro o tema poluio nos rios observe que ele j vem delimitado: voc vai escrever sobre a poluio, especificamente a dos rios. Tema: poluio dos rios - morte de vrios peixes; - desequilbrio na flora e fauna aqutica; - indstrias despejam poluentes nas guas; - nenhum controle por parte das autoridades responsveis; - com o aumento da poluio, o que ser de ns daqui a algumas dcadas? - poluio da gua que bebemos; - na Inglaterra recuperaram um rio que era totalmente poludo, o Tmisa; - no existe s poluio dos rios, h tambm poluio do ar e do solo; - o rio Tiet, em So Paulo, totalmente poludo; s passar nas suas margens que a gente sente o cheiro; - antigamente as pessoas at tomavam banho no Tiet; - contaminao dos peixes que comemos; - campanhas educativas para a populao; - destruio dos rios = destruio do planeta = destruio da nossa casa = destruio de ns mesmos; - contaminao de plantaes irrigadas por gua poluda; - desequilbrio ecolgico; - desenvolvimento de projetos para reaproveitar o lixo que lanado nos esgotos; - detergentes biodegradveis; - despejo de esgotos nos rios - maior fiscalizao por parte das autoridades responsveis Com um bom nmero de ideias levantadas, ficar mais fcil redigir seu texto !!!.20

ORGANIZANDO AS IDEIAS A proposta agora agrupar as ideias, separando as causas, consequncias e solues. Procure selecionar somente as ideias que sigam uma linha de pensamento, isto , que estejam interligadas. FATO: Poluio desmesurada dos rios CAUSAS: Por qu? - indstrias despejam poluentes nas guas; - nenhum controle por parte das autoridades responsveis; - despejo de esgotos nos rios - detergentes biodegradveis CONSEQUNCIAS: O que acontece em razo disso? (por isso, logo) - morte de vrios peixes; - contaminao dos peixes que comemos; - poluio da gua que bebemos; - contaminao de plantaes irrigadas por gua poluda; - desequilbrio ecolgico SOLUES: - seguir o exemplo da Inglaterra, onde recuperaram um rio que era totalmente poludo, o Tmisa; - desenvolvimento de projetos para reaproveitar o lixo que lanado nos esgotos; - campanhas educativas para a populao; - maior fiscalizao por parte das autoridades responsveis Feito isso, veja como ficar mais fcil produzir um texto coeso e coerente: A poluio dos rios est se tornando desmesurada e incontrolvel, pois despejam-se poluentes e esgotos nas guas e, alm disso, detergentes no-biodegradveis ainda so produzidos e jogados nos rios. Tudo isso gera a morte de peixes, poluio da gua que bebemos, e o acmulo de detritos no leito dos rios provocam inundaes. Se segussemos o exemplo da Inglaterra, que recuperou o rio Tmisa, e se fossem criadas campanhas educativas para a populao, bem como uma maior fiscalizao por parte das autoridades, esse problema seria facilmente resolvido. Observe que as idias foram reelaboradas, e s algumas foram utilizadas, aquelas que tinham a ver com o raciocnio do autor. EXERCCIOS

1. No texto abaixo, indique: a) tema; b) delimitao do tema; c) fato; d) causas; e) conseqncias;f) concluso. O nariz vtima de muitas alergias algumas causadas por fatores que o atacam diretamente. Muitas vezes, explica o alergista Larcio Jos Zuppi, os prprios medicamentos para21

gripes e rinites irritam a mucosa olfativa, levando a uma perda temporria do olfato. A poluio, cada vez maior nas grandes cidades, tambm ajuda a enfraquecer o olfato. Em certos casos, os danos mucosa so irreversveis: mesmo recuperado da alergia, o paciente no volta a sentir bem os odores. Conservantes de alimentos podem causar alergias a longo prazo, que por sua vez podem causar a anosmia (perda ou enfraquecimento do olfato). Os medicamentos, porm, encabeam os fatores que provocam esse tipo de problema, em especial os remdios para hipertensos, os diurticos e o cido acetilsaliclico, o mais popular analgsico. (Revista Superinteressante, no. 1, 1988) 2. No texto abaixo, indique: a) tema; b) delimitao do tema; c) introduo; d) concluso. Nos Estados Unidos, cientistas desenvolveram um rob que jamais perde o equilbrio, mesmo que algum tente derrub-lo com uma rasteira. Como um Joo-bobo de borracha, ele balana, balana, mas no cai. O segredo um programa de computador que calcula, num abrir e fechar de olhos, a velocidade e a direo do rob, de modo a corrigir qualquer movimento que o faa perder o equilbrio. A correo se faz como num pndulo o contrabalano restabelece o centro de gravidade. Com tamanha estabilidade, esse rob ainda sem nome pode segurar uma cmara com a mesma firmeza que o homem. Magro e forte, no lhe faltar trabalho em lugares apertados como espaonaves. (Superinteressante, no. 2, 1988) 3. Quanto aos textos abaixo, diga o que tema; ttulo; introduo; h concluso? O ttulo condiz com o texto? a) O esporte b) Apoio para os menores c) No pas do futebol, o esporte amador sofre com falta de patrocnio. A natao, a canoagem, o jud, o atletismo, entre outros responsveis por muitas medalhas olmpicas, vivem desesperados atrs de um minguado patrocnio, enquanto clubes e atletas profissionais de futebol nadam num mar de dinheiro. 4. O tema abaixo est delimitado. Organize-o em causas, consequncias e solues Trnsito catico nas grandes cidades - violncia e morte no trnsito; - motoristas no respeitam a sinalizao; - noite ocorrem muitos acidentes; - o transporte coletivo muito precrio; - na Europa o transporte feito basicamente por trem e metr; - muitos preferem transporte particular a coletivo; - o trnsito deixa os motoristas nervosos e violentos; - as ruas esto muito estreitas; - h poucos viadutos e vias de acesso rpido; - a poluio muito grande devido ao nmero excessivo de carros no centro da cidade; - deveria ser limitado o nmero de veculos no centro da cidade, porm esta medida no agrada aos comerciantes; - a prefeitura no tem verbas para melhorar o transporte coletivo; - o transporte poderia ser privatizado e a prefeitura poderia fiscalizar o servio.22

5. Crie uma introduo para os seguintes desenvolvimentos, delimitando o tema no tpico frasal: a) ... Preos disparando nos supermercados, salrios perdendo seu valor aquisitivo, greves pipocando pelo pas, so exemplos desta situao. b) ... Por exemplo, enquanto existe a pronncia culta de palha, problema, homem, existe a pronncia popular em paia, pobrema, hmi. 6. O tema Drogas est delimitado; escolha um deles e selecione algumas ideias: Drogas lcitas Drogas ilcitas Drogas entre os adolescentes As drogas e a violncia Por que se procuram as drogas na vida moderna O que a sociedade deve fazer perante o problema das drogas Drogas e pobreza

7. Escolha um dos itens a seguir e delimite o tema, selecione e organize as ideias com relao aos seguintes temas: a) Discriminao; b) Ensino; c) Sade; d) Felicidade e) Trabalho. 8-Produza pargrafo dissertativo sobre um dos temas escolhidos em (7)

UNIDADE 5 DISSERTAO E ARGUMENTAO (Partes deste captulo foram extrados/adaptados de SOBRAL, Joo Jonas Veiga. Redao: escrevendo com prtica. So Paulo: Iglu, 1997; FIORIN, Jos Luiz e SAVIOLI, Francisco Plato. Lies de texto: leitura e redao. So Paulo: tica, 2000; PACHECO, Agnelo C. A dissertao. So Paulo: Atual, 1993 e da apostila da Profa. Ana M. Ziccardi). Dinmica argumentativa H inmeras maneiras de convencer algum de algo. Podemos tentar impor nossa vontade usando a violncia. Ou recorrendo demonstrao cientfica. Ou simplesmente ganhando no grito. Podemos, no entanto, argumentar. Quem argumenta parte do princpio de que no vai ganhar uma discusso no grito ou na base da fora (fsica, de sua autoridade, de seu status). Argumentar exige debate aberto e tico. No manipulativo. Com todos os argumentos a nosso alcance abordados, mesmo os avessos nossa opinio. Ou no seria argumentao. Seria publicidade (apresentar as vantagens do que nos interessa sem exibir contrapontos), manipulao psicolgica ou mera seduo (desviar-nos do principal, pela aparncia dos fatos, no pelos fatos). Seria buscar eficcia a qualquer preo. A comunicao argumentativa parte do princpio de que a opinio pode ser defendida com rigor e abertura ao debate. Por isso, quem argumenta procura um acordo prvio com seu23

interlocutor. Como quem deseja estabelecer uma ligao a partir desse acordo. H, enfim, uma dinmica argumentativa. Porque argumentar no s emitir opinio. Para o francs Philippe Breton, em A Argumentao na Comunicao (Publicaes Dom Quixote, Lisboa, 1998), a opinio existe antes de ser formulada. E mal formulada j entra no debate para no convencer ningum. No podemos defender a descriminalizao das drogas a uma platia de policiais sem antes derrubar seu asco natural pela questo. Sem esse esforo prvio, nem teriam sequer pacincia em nos ouvir. Por isso, devemos criar um terreno para que se reduza a resistncia natural da platia nossa opinio. Quem alimenta esperana de ser ouvido precisa transformar sua opinio em um argumento adequado a um auditrio. Por isso, precisa prever o contexto em que sua opinio ser recebida, aquele conjunto de valores e opinies pr-concebidas j partilhado pelo pblico. Sua opinio inicial deve integrar-se ao contexto de recepo. A retrica antiga sugeria preparar o terreno antes de emitirmos diretamente nossas opinies. Descrever uma situao facilmente assimilada pelo ouvinte, antes de emitir pra valer o que pretendemos. Breton batiza o recurso de "enquadramento". Enquadrar tentar modificar o conjunto de opinies e valores prvios, partilhados por quem nos ouve, para s ento abrir espao para a nossa opinio. (Fonte: Revista Lngua Portuguesa, ano iii, 29, 2008, p. 43) Responda s perguntas relativas ao texto lido: a) Como se ganha uma discusso? b) A ideia de aberto est relacionada a tico ou manipulativo? Explique. c) O quarto pargrafo est ligado a argumentao ou a manipulao? Explique. d) O que procura quem argumenta? e) O que contexto? f) O que auditrio? g) O que enquadrar? Dissertao x argumentao Dissertar exercer nossa conscincia crtica, questionar um tema, debater um ponto de vista, desenvolver argumentos. Existem dois tipos de dissertao: a dissertao expositiva e a dissertao argumentativa. A primeira tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e interpretar idias e pode ser identificada como demonstrativa: no se dirige a um interlocutor definido, constitui-se de provas, as mais impessoais possveis. Na dissertao argumentativa, identificada como texto argumentativo, alm de demonstrativo, tentamos, explicitamente, formar a opinio do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razo est conosco. "Argumentar a arte de convencer e persuadir. Convencer saber gerenciar informao, falar razo do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 'vencer junto com o outro' (com + vencer) e no contra o outro. Persuadir saber gerenciar a relao, falar emoo do outro". A origem dessa palavra est ligada preposio per, 'por meio de, e a 'Suada, deusa romana da persuaso. (... ) Mas em que 'convencer' se diferencia de persuadir'? Convencer construir algo no campo das idias. Quando convencemos algum, esse algum passa a pensar como ns. Persuadir

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construir no terreno das emoes, sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos algum, esse algum realiza algo que desejamos que ele realize". (ABREU, A. S., A arte de argumentar - gerenciando razo e emoo. SP: Ateli, 1999) Para a argumentao ser eficaz, os argumentos devem possuir consistncia de raciocnio e de provas. O raciocnio consistente aquele que se apia nos princpios da lgica, que no se perde em especulaes vs, no bate-boca estril. As provas, por sua vez, servem para reforar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas so: os fatos exemplos, os dados estatsticos e o testemunho. A estrutura dos dois tipos de composio a mesma: introduo, desenvolvimento e concluso. FORMAS DE INTRODUO DO PARGRAFO A introduo situa o leitor quanto ao que ser discutido. Funciona como uma apresentao do texto. Por isso, ela deve ser interessante, chamar a ateno do leitor, assim como o fez o ttulo. Observe alguns tipos de introduo: Introduo-roteiro: Nela, o autor refere-se ao tema a ser discutido e forma como o texto ser organizado. Exemplo: Discutem-se muito, atualmente, as causas e conseqncias da poluio dos rios. Introduo-tese: Menciona-se de pronto o que se pretende provar. Obviamente a tese ser retomada na concluso, que funcionar como confirmao do que foi exposto no comeo, apoiada no desenvolvimento. Neste, a tese deve ser comprovada. Exemplo: A poluio nos rios uma questo que envolve toda a comunidade: populao, indstrias, governo. Introduo com exemplos: talvez seja a que mais atrai a ateno de quem l, pois colocam-se exemplos de como a situao exposta ocorre, dando ao leitor toda a dimenso do problema. Exemplo: Milhares de peixes mortos boiando nos rios. Espumas alvas decolando da superfcie da gua. Um cheiro insuportvel de enxofre na avenida Marginal do rio Tiet. Este um quadro que revela toda a dimenso do problema que a poluio nos rios. Introduo-interrogao: Apresenta questes relacionadas ao tema, as quais devem ser respondidas ao longo do texto. Exemplos: Com a crescente poluio dos rios, como chegaremos ao prximo Milnio? Ou possvel combater os efeitos da poluio nos rios? DESENVOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATIVO (Recursos argumentativos) Pode-se desenvolver o texto dissertativo de diversas maneiras: enumerao, causa/ conseqncia, exemplificao, confronto, dados estatsticos e citaes, alm de outros. Vejamos como trabalhar com esses tipos de desenvolvimento:

1) Enumerao: Consiste em especificar a ideia central atravs de pormenores, de enumeraes.Como as pessoas podem se livrar da tirania da aparncia? (...) O primeiro passo pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evit-las. So trs fraquezas. A primeira precisar de aplauso, a segunda precisar se sentir amada e a terceira buscar segurana.

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Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de msica definir o estilo do aluno. (R.Shinyashiki. Entrevista a Isto, 19.10.05) Note que o autor foi enumerando e explicitando cada item de seus argumentos.

2) Causa/consequncia: frequentemente usado este recurso no desenvolvimento dos textosdissertativos; o autor apresenta a causa do problema para em seguida mostrar as possveis consequncias. Entre as causas da poluio dos rios, encontramos o despejo de esgotos e de poluentes industriais nas guas. Este fato agrava-se mais porque o controle por parte das autoridades responsveis muito pequeno. A poluio pode ser explicada tambm pelo descaso da populao, que acaba por no se preocupar com o problema, o que se revela, por exemplo, pelo uso de detergentes no biodegradveis. Como efeito da poluio dos rios, temos notadamente a morte dos peixes, gerando um profundo desequilbrio ecolgico. Ainda como consequncia, ocorre a contaminao de plantaes irrigadas por gua poluda. A transmisso de doenas infecciosas aos indivduos surge tambm como resultado da contaminao da gua e dos peixes por eles ingeridos. Por fim, inundaes decorrem tambm do acmulo de detritos no leito dos rios. Observe que as palavras em negrito/itlico enfatizando a forma de desenvolvimento por causa/consequncia.

3) Exemplificao: Outro meio de argumentao que facilita o trabalho do autor; nele mostramse exemplos que comprovam a defesa dos argumentos. Observe que, com relao ao vcio do tabagismo, a reprter usou o Brasil como exemplo de sua tese, de que as empresas lucram muito com o vcio. O mercado mundial de cigarros movimenta 300 bilhes de dlares anuais. As fbricas geram empregos e impostos que vo direto para os cofres pblicos, argumentam. No Brasil, por exemplo, o cigarro propicia uma arrecadao anual de 5,5 bilhes de reais em impostos. Em torno de 2 bilhes so gastos com o tratamento de sade dos fumantes. Ou seja, sobram aos cofres pblicos 3,5 bilhes. (Buchalla, A. Paula. Fonte desconhecida)

4) Confronto: Consiste em comparar seres, fatos ou ideias enfatizando as igualdades edesigualdades entre eles. A leitura muito mais enriquecedora no processo criativo do que o ato de assistir televiso. No livro o leitor cria, organiza imagens; enquanto na televiso a imagem j vem construda, limitando o trabalho de criao do receptor. Veja que o autor confrontou duas ideias para defender a ideia central.

5) Argumento de existncia: aquele que se fundamenta no fato de que mais fcil aceitaraquilo que comprovadamente existe do que aquilo que apenas provvel. Incluem-se provas documentais (fotos, estatsticas, depoimentos, gravaes, etc.) ou provas concretas, que tornam mais aceitvel uma afirmao genrica.

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Segundo pesquisa do IBGE, publicada na Veja desta semana, de cada dez crianas nascidas no serto do Norte e Nordeste do Brasil, cinco morrem antes de completar sete anos de idade. No possvel que um pas que acena para a modernidade deixe suas crianas morrerem por doenas facilmente curveis ou de inanio. Nossos governantes devem dar condies para que a populao menos favorecida tenha direito vida. Importante: Dados estatsticos s podem ser usados mediante comprovao

6) Argumento de autoridade: Consiste em citar frases, mximas, trechos ou obras de escritores,intelectuais, polticos, etc. A mdia consagra e destri pessoas num instante com o aval do pblico, que, como gado, segue a marcha da maioria; dolos so trocados com rapidez absurda, polticos esquecidos so ressuscitados, vota-se por programa de governo. A maioria esmagadora a representao cega e surda da mdia. Nelson Rodrigues, grande fazedor de frases j dizia: Amigos, a unanimidade burra. Est certo, o Nelson. 7) Tempo e espao: Apesar de serem mais comuns na narrao, muitos temas de dissertao permitem uma organizao em termos de tempo, ou de espao ou ainda de tempo e espao. Para viver, necessitamos de alimento, vesturio, calados, alojamento, combustveis, etc. Para termos esses bens materiais necessrio que a sociedade os produza. (...) Mas o desenvolvimento das foras produtivas est condicionado pelo desenvolvimento dos instrumentos de produo. Primeiro, os grosseiros e primitivos instrumentos de pedra. Depois, arcos e flechas, que possibilitaram a passagem da caa domesticao de animais e pecuria primitiva. A esse estgio seguiu-se o dos instrumentos de metal, que permitiram a passagem para a agricultura (...) Em traos rpidos, esse o quadro do desenvolvimento das foras produtivas no decorrer da histria da humanidade. (A. G. Galliano, Introduo sociologia) (B. CONCLUSO DO TEXTO DISSERTATIVO O texto no termina quando os argumentos foram expostos, necessrio atar as ideias da introduo com os argumentos. O pargrafo de concluso tem por finalidade amarrar todo o processo do texto por meio de sntese ou confirmao dos argumentos. A concluso pode ser, entre outras: 1) Concluso-sntese: a mais comum entre as usadas, tem por finalidade resumir todo o texto trabalhando em um pargrafo; no entanto, deve-se tomar cuidado ao us-la para que o texto no se torne repetitivo. Em relao ao texto sobre poluio nos rios (Desenvolvimento por causa e consequncia), pode-se conclu-lo assim: Dessa maneira, observamos que o problema da poluio nos rios envolve um srie de variveis que incluem a populao, as indstrias e o Estado. ou Portanto, o problema da poluio nos rios no to simples quanto possa parecer. Afetanos diretamente e faz-se necessria uma ao conjunta que envolva toda a comunidade. Note que a concluso resume as idias trabalhadas ao longo do texto.

2) Concluso-soluo: Esta concluso apresenta solues para o problema exposto. Ainda comrelao poluio dos rios, uma concluso-soluo poderia ser:27

Como se nota pela dimenso do problema, algumas medidas fazem-se urgentes: necessrio investir em projetos de recuperao dos rios, tal como se fez na Inglaterra com o rio Tmisa; por outro lado, devem-se desenvolver projetos que visem ao reaproveitamento dos esgotos. Ao lado disso, devem-se fazer macias campanhas educativas para a populao. Finalmente, h necessidade de uma ampla fiscalizao por parte das autoridades responsveis. Note que, neste caso, o autor mostra o que deve ser feito: indica uma proposta.

3) Concluso-surpresa: o tipo de concluso que exige mais trabalho e talento do autor, poisnela pode-se apresentar uma citao, um fato pitoresco, uma piada, uma ironia, um final potico ou qualquer outro que cause um estranhamento no leitor, deixando-o surpreso. Ainda sobre o mesmo tema de poluio dos rios, pode-se concluir assim: O grande fsico ingls Isaac Newton disse: A natureza no faz nada em vo. E assim, os rios vo reagindo ao destruidora dos homens. Ou Talvez possamos no futuro sentar beira de um rio, beber da sua gua cristalina, banharnos nas suas guas puras. Ento descobriremos que o homem primitivo no era to primitivo assim! Note que o autor usou, no primeiro exemplo, uma citao e, no segundo, um final potico. A DISSERTAO PODE SER SUBJETIVA E OBJETIVA Na dissertao subjetiva o autor tem por objetivo comover o leitor, despertar-lhe alguma emoo. Diferente da dissertao objetiva, a subjetiva apresenta um texto mais leve, carregado de impresses pessoais do autor, a linguagem trabalhada com delicadeza e lirismo, muito prxima da linguagem potica.

EXERCCIOS 1. Diga que tipo de introduo foi usado nos seguintes trechos: a) A poluio nos rios um problema muito srio que afeta todos ns. Analisaremos suas causas e consequncias. b) Por que o homem est matando seus rios? c) O ser humano est preparado para enfrentar os danos que ele mesmo causou natureza? d) O menor C.A.C.M., 13 anos, est internado na Santa Casa de Misericrdia. Motivo: intoxicao por mercrio, devida ingesto de peixe contaminado. Este apenas um dos casos que evidenciam as conseqncias da poluio nos rios. e) O humor, numa concepo mais exigente, no apenas a arte de fazer rir. (Ziraldo) 2. Diga que forma de desenvolvimento foi usado nos seguintes trechos: a) O aumento da natalidade parece resultar, em certas sociedades, de transformaes psicossociolgicas. Havia antigamente, no esquema tradicional, certo nmero de costumes cujo efeito, voluntrio ou no, era limitar a natalidade: interdio do casamento das vivas, importncia do celibato religioso, poliandria, interdio das relaes sexuais em certos perodos, interdio da28

exogamia. Esses fatores que de algum modo limitavam a natalidade esto hoje sensivelmente esfumados. (...) Porm, no essencial, o aumento da natalidade resulta das melhorias sanitrias que foram realizadas nos pases subdesenvolvidos, os antibiticos fazem recuar as causas de esterilidade devidas a molstias infecciosas. b) A mtica brasileira procede de trs fontes tnicas: influncia negra, abrangendo a rea da canade-acar, da minerao e grande parte da cafeeira; influncia indgena, envolvendo o extremo norte e o oeste, isto , a Amaznia Legal; e influncia branca, predominantemente no sul do pas. Note a presena da Ecologia Humana. (J.C. Rossato. Rev. Pau-Brasil, no. 11) c) De certa maneira, instintivamente, se conhece a ao das cores. Ningum associa emoes fortes, que fazem disparar o corao, com tonalidades suaves e, muito menos, escuras. A paixo, por exemplo, eternamente simbolizada por coraes vermelhos. J quando se est desanimado, a tendncia usar roupas de cores frias. Nas pesquisas sobre preferncias de cores, invariavelmente a maioria das pessoas que vive em grandes cidades escolhe o azul talvez numa busca nostlgica de tranqilidade. d) (...) Treze milhes de brasileiros j deixaram a linha de pobreza. As classes D e E diminuram 17%, e as classes A e B cresceram 21%. O rendimento dos 10% mais pobres da populao dobrou. (...) Carne bovina, ovos, congelados, iogurte e conservas passaram a freqentar mais a mesa dos brasileiros. As classes D e E so responsveis por 30% de produtos como biscoitos, iogurte e macarro instantneo. Aumentou tambm o nmero de residncias com geladeira, TV em cores, freezer, produtos eletrnicos e eletrodomsticos (...). As vendas de cimento cresceram 12% em 1995 e 21,5% no primeiro semestre deste ano. (...) Nestes dois anos de governo, 100 mil novas famlias tiveram acesso terra. (...). J desapropriamos, neste perodo, 3 milhes de hectares (...). Na Previdncia Social, o aumento real mdio dos benefcios foi de 39% entre 94 e 96 (...). Conseguimos reduzir, de maneira sensvel, os ndices de mortalidade infantil (...). (Fernando Henrique Cardoso: Folha de S. Paulo, 29/12/1996) e) De acordo com a comunidade, a oposio linguagem do homem/linguagem da mulher pode determinar diferenas sensveis, em especial no campo do vocabulrio, devido a certos tabus morais (que geram os tabus lingsticos). Essa oposio, no entanto, vem perdendo, gradativamente, sua significao, em especial nas grandes cidades, onde os meios de comunicao de massa (tambm o teatro em proporo menor) e a transformao dos costumes e padres morais (atividades exercidas pela mulher fora do lar; novas profisses; condies culturais mais recentes como, por exemplo, os colgios mistos, os movimentos feministas, etc.) tm exercido um papel nivelador importante. (Dino Pretti, Sociolingstica Os nveis da fala) f) provvel que minhas palavras incomodem as leitoras da Super que esto folheando a revista ao lado de seus rechonchudos bebs. Ou mesmo desperte a sanha dos cristos mais fervorosos que lembraro a clebre frase bblica crescei e multiplicai-vos. Acontece que quando tal frase foi dita, a humanidade vivia num mundo completamente diferente. Ainda no havia recenseamento populacional preciso e a Terra parecia pronta para receber todos que aqui chegassem. Hoje, isso no mais verdade. Dados internacionais mostram que h mais de seis bilhes de seres humanos sobre o planeta. O pior que, em 2050, esse nmero deve saltar para nove bilhes. Ou seja, em pouco menos de 50 anos, adicionaremos no planeta a metade da populao que temos hoje e no custa nada lembrar que levamos cerca de 100.000 anos para atingir esse nmero. (GIMENEZ, Karen. In: Superinteressante, set. 2002)

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g) Os regimes autoritrios odeiam quem escreve, esta a verdade (...). No Marrocos, por exemplo, o poeta e crtico literrio Abdelkader Chaoui foi condenado a 20 anos de priso por conspirar contra a segurana do Estado. Na Jordnia, o escritor Mazin Abd al-Wahid al- Asad recebeu pena de 3 anos por pertencer a uma organizao ilegal. (...) No Mxico, o jornalista Jorge Enrique Hernandez Aguilar est preso em Chiapas, desde maio de 1986, por seu envolvimento, como jornalista, em protestos de camponeses. (...) Mas a priso no o nico mal que se abate sobre esta gente odiada e temida tambm pelos inimigos da liberdade. H o medo, a intimidao, a tortura. (Rodolfo Konder, O Estado de S.Paulo, 5/2/88) 3. Diga que forma de concluso foi usado nos seguintes trechos: a) Para que o aluno sinta-se motivado a estudar, a escola deve oferecer uma srie de condies favorveis. Um prdio amplo, espaoso, cria um conforto fsico facilitando o aprendizado, pois praticamente impossvel assimilar algo com desconforto. Atividades constantes e diversificadas quebram a monotonia da classe, aguando a curiosidade do aluno e por sua vez motivando-o para a aprendizagem. Relacionamento amistoso entre diretoria, professores e alunos proporciona um clima ameno e favorvel para o trabalho. (...) Sendo assim, faz-se necessrio que a escola crie meios para que o aluno sinta-se motivado a fim de que seu rendimento seja satisfatrio. b) Grande parte da populao no confia nos polticos, pois a maioria vive discutindo meios que favorecem a perpetuao do prprio poder; e os problemas que atrapalham a vida do povo geralmente so esquecidos. Portanto, nossos parlamentares devem dar prioridade aos problemas da populao, como sade, habitao e educao. Itens bsicos que ainda no foram solucionados; e, acima de tudo, devem procurar trabalhar mais em vez de criar lobbies para proveito prprio. c) A pena de morte no deve ser aprovada, pois no eficaz no combate contra o crime. Em pases como os Estados Unidos, onde a lei existe e aplicada com freqncia, o crime no diminuiu; e, inclusive, ele maior que em alguns pases em que no h esta lei. A Sucia um exemplo, onde o ndice de criminalidade muito pequeno. uma pena que pessoas ainda procurem solues utilizadas h centenas de anos que nada ajudaram a modificar a criminalidade, mtodos brbaros que ferem a inteligncia humana. Na verdade, essas solues so uma pena e de morte. 4. Leia o texto a seguir e responda s questes: DROGA PESADA Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda adolescente, porque no sabia o que fazer com as mos, quando chegava s festas. Era incio dos anos 60, e o cigarro estava em toda parte: televiso, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas comeavam a fumar em pblico, de minissaia, com as bocas pintadas assoprando a fumaa para o alto. O jovem que no fumasse estava por fora. Um dia, na porta do colgio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro que fiquei meio tonto, mas sa de l e comprei um mao na padaria. Ca na mo do fornecedor por duas dcadas; 20 cigarros por dia, s vezes mais.

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Fiz o curso de Medicina fumando. Naquela poca, comeavam a aparecer os primeiros estudos sobre os efeitos do cigarro no organismo, mas a indstria tinha equipes de mdicos encarregados de contestar sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse demonstrar a ao prejudicial do fumo. Esses cientistas de aluguel negavam at que a nicotina provocasse dependncia qumica, desqualificando o sofrimento da legio de fumantes que tentam largar e no conseguem. Nos anos 1970, fui trabalhar no Hospital do Cncer de So Paulo. Nesse tempo, a literatura cientfica j havia deixado clara a relao entre o fumo e diversos tipos de cncer: de pulmo, esfago, estmago, rim, bexiga e os tumores de cabea e pescoo. J se sabia at que, de cada trs casos de cncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar do conhecimento terico e da convivncia diria com os doentes, continuei fumando. Na irresponsabilidade que a dependncia qumica traz, fumei na frente dos doentes a quem recomendava abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados diante de pessoas de idade, mulheres grvidas e crianas pequenas. Como professor de cursinho, durante quase 20 anos, fumei nas salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vcio. Quando me perguntavam: Mas voc cancerologista e fuma?, eu ficava sem graa e dizia que iria parar. S que esse dia nunca chegava. A droga quebra o carter do dependente. A nicotina um alcalide. Fumada, absorvida rapidamente nos pulmes, vai para o corao e atravs do sangue arterial se espalha pelo corpo todo e atinge o crebro. No sistema nervoso central, age em receptores ligados s sensaes de prazer. Esses, uma vez estimulados, comunicam-se com os circuitos de neurnios responsveis pelo comportamento associado busca do prazer. De todas as drogas conhecidas, a que mais dependncia qumica provoca. Vicia mais do que lcool, cocana e morfina. E vicia depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o cigarro, quatro vezes, seis se tornam dependentes para o resto da vida. A droga provoca crise de abstinncia insuportvel. Sem fumar, o dependente entra num quadro de ansiedade crescente, que s passa com uma tragada. Enquanto as demais drogas do trgua de dias, ou pelo menos de muitas horas, ao usurio, as crises de abstinncia da nicotina se sucedem em intervalos de minutos. Para evit-las, o fumante precisa ter o mao ao alcance da mo; sem ele, parece que est faltando uma parte do corpo. Como o lcool dissolve a nicotina e favorece sua excreo por aumentar a diurese, quando o fumante bebe, as crises de abstinncia se repetem em intervalos to curtos que ele mal acaba de fumar um, j acende outro. Em 30 anos de profisso, assisti s mais humilhantes demonstraes do domnio que a nicotina exerce sobre o usurio. O doente tem um infarto do miocrdio, passa trs dias na UTI entre a vida e a morte e no pra de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas implorem. Sofre um derrame cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna paralisada, mas com o cigarro na boca. Na vizinhana do Hospital do Cncer, cansei de ver doentes que perderam a laringe por cncer, levantarem a toalhinha que cobre o orifcio respiratrio aberto no pescoo, aspirarem e soltarem a fumaa por ali. Existe uma doena, exclusiva de fumantes, chamada tromboangete obliterante, que obstrui as artrias das extremidades e provoca necrose dos tecidos. O doente perde os dedos do p, a perna, uma coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente, pedindo um cigarrinho pelo amor de Deus. Mais de 95% dos usurios de nicotina comearam a fumar antes dos 25 anos, a faixa etria mais vulnervel s adies. A imensa maioria comprar um mao por dia pelo resto de suas vidas, compulsivamente. Atrs desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem fortunas na promoo do fumo para jovens: imagens de homens de sucesso, mulheres maravilhosas, esportes radicais e a nsia de liberdade. Depois, com ar de deboche, vm a pblico de terno e gravata dizer que no tm culpa se tantos adolescentes decidem fumar. O fumo o mais grave problema de sade pblica no Brasil. Assim como no admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou herona faam propaganda para os nossos filhos na TV,31

todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os desobedientes, cadeia. (Drauzio Varella, In: Folha de S. Paulo, 20.05.2000)

a) Dr. Varella inicia seu texto apresentando-se como um ex-dependente da nicotina. Por queb) c) d) e) f) faz isso? Qual a sua inteno com essa apresentao inicial? O fato de se apresentar como mdico apenas depois de ter se apresentado como ex-fumante importante para a argumentao que ele constri em seu texto? Por qu? Qual a relao que o mdico estabelece, em seu texto, entre a propaganda tabagista e a juventude? Qual o ponto de vista defendido a respeito da proibio da propaganda de cigarros? Quais os argumentos utilizados pelo autor para defender seu ponto de vista e como se classificam? Voc considera o texto convincente ou persuasivo ou ambos? Por qu?

5. Desenvolva os tpicos frasais de um dos itens abaixo: a) A programao das emissoras de televiso contribue para o aumento da violncia nas ruas. b) Muitos acontecimentos danosos em nossas vidas podem contribuir para o nosso crescimento enquanto ser humano. c) A partir de 85 decibis, o som agride as clulas auditivas; quando isso ocorre com certa freqncia ou por tempo prolongado, a pessoa comea a sentir dificuldades para perceber, primeiro, sons mdios, depois os mais agudos e os mais graves. (Rev. Superinteressante, no.1, 1988) d) Viver mesmo uma ginstica. (Rev. Superinteressante, no.2, 1988) 6. Baseando-se nas exposies tericas sobre desenvolvimento do texto dissertativo e concluso, faa o que se pede. a) Elabore um texto sobre o trabalho escravo, usando: dados estatsticos e concluso-soluo. b) Elabore um texto sobre violncia nos estdios, usando: exemplificao e concluso-sntese.

c) Elabore um texto sobre intolerncia das religies, usando: enumerao e concluso-surpresa.UNIDADE 6 COMPREENSO E INTERPRETAO DE TEXTOS(Fonte: BECHARA, Evanildo)

Os dez mandamentos para anlise de textos. 1 Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para observar como o texto est articulado; desenvolvido. 2 Observar que um pargrafo em relao ao outro pode indicar uma continuao ou uma concluso ou, ainda, uma falsa oposio.

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3 Sublinhar, em cada pargrafo, a ideia mais importante ( tpico frasal). 4 Ler com muito cuidado os enunciados das questes para entender direito a inteno do que foi pedido. 5 Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para no se confundir no momento de responder questo. 6 Escrever, ao lado de cada pargrafo ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida neles. 7 No levar em considerao o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse, o que escreveu. 8 Se o enunciado mencionar tema ou ideia central, deve-se examinar com ateno a introduo e/ou a concluso. 9 Se o enunciado mencionar argumentao, deve preocupar-se com o desenvolvimento. 10 Tomar cuidado com os vocbulos relatores (os que remetem a outros vocbulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.) COMPREENSO E INTERPRETAO DE TEXTO. Compreenso de texto consiste em analisar o que realmente est escrito, ou seja, coletar dados dos textos. O enunciado normalmente assim se apresenta: Segundo o texto est correta... As concluses do autor se voltam para... De acordo com o texto est incorreta... Tendo em vista o texto, incorreto... O autor sugere ainda que... De acordo com o texto certo... O autor afirma que...

Interpretao de texto consiste em saber o que se infere (conclui) do que est escrito. O enunciado normalmente encontrado da seguinte maneira... O texto possibilita o entendimento de que... Com apoio no texto, infere-se que... O texto encaminha o leitor para... Pretende o texto mostrar que o leitor... O texto possibilita deduzir-se que...

Trs erros capitais na anlise de textos: Extrapolao o fato de se fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que no est escrito. Muitas vezes so fatos reais, mas que no esto expressos no texto. Deve-se ater somente ao que est relatado.

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Reduo o fato de se valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua totalidade. Deixa-se de considerar o texto como um todo para se ater apenas parte dele. Contradio o fato de se entender justamente o contrrio do que est escrito. bom que se tome cuidado com algumas palavras, como: pode; deve; no; verbo ser; etc. PRESSUPOSIO E INFERNCIA(Fonte: XAVIER, Antnio C. dos Santos. Como se faz um texto. A construo da dissertaoargumentativa. Campinas: ed. do Autor, 2001, p. 19-24 e 35-37)

A pressuposio a informao no expressa no enunciado que deve ser aceita indiscutivelmente como verdadeira pelo leitor, para que haja continuidade na leitura ou na discusso de um tema. Exemplo 1: As Universidades pararam de pesquisar por falta de verbas. Para dar prosseguimento leitura, o leitor deve aceitar como verdadeiro o pressuposto: as universidades pesquisavam antes. Exemplo 2: As Universidades no pararam de pesquisar por falta de verbas. Mesmo com o enunciado negado, o pressuposto est garantido, ou seja: as universidades pesquisavam antes. A inferncia um processo de raciocnio atravs do qual se estabelece uma relao no explcita entre dois enunciados e deles se chega a uma concluso. um dos tipos de raciocnio mais utilizados no processo interpretao, j que o texto, por ser um mecanismo de economia lingustica, no pode nem deve dizer tudo. Como disse o escritor italiano Umberto Eco, o texto uma mquina preguiosa e, por isso, sempre h lacunas a serem preenchidas pelos leitores com seu conhecimento de mundo e sua capacidade de inferir. Exemplo: Apesar das severas leis brasileiras contra manifestaes de preconceito, ele continua ocorrendo de forma velada. Inferncias possveis: 1. H preconceito no Brasil; 2. H leis brasileiras que punem manifestaes de preconceito; 3. As leis no so suficientes para acabar com o preconceito velado; 4. Para eliminar totalmente o preconceito, devem-se criar maneiras de punir tambm o preconceito velado (inferncia possvel, mas no necessria). EXERCCIOS DE PRESSUPOSIO E INFERNCIA 1) Quais os pressupostos possveis para as seguintes sentenas? a) As universidades pblicas ainda so as melhores do pas, segundo o ltimo Provo. b) As universidades pblicas continuam as melhores do pas, segundo o ltimo Provo. c) Voc tem relgio? d) O que voc vai fazer hoje noite?

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e) H cerca de 30 ou 40 anos, as melhores escolas de nvel mdio eram as pblicas, onde estudavam ricos e pobres. Preparados da mesma maneira, todos tinham possibilidades de ingressar no ensino superior. f) ... isso est na Constituio brasileira. 2) Qual a diferena entre as duas sentenas abaixo? a) As universidades, que s querem garantir faturamento, no fazem pesquisa. b) As universidades que s querem garantir faturamento no fazem pesquisa. 3) Aponte algumas possveis inferncias nos textos abaixo: a) Da salvao que o Cristianismo supostamente representaria, impulsionando cruzadas e jesutas, liberdade de culto e , ao menos terica, demarcao de terras indgenas, esboouse a decncia. b) Descobriu-se a importncia da diferena e ministrou-se a reduo dos degraus da injustia. Entretanto, no se sabe, ainda, viver sem tal escada. c) O repdio aos brbaros, bem como o escrnio aos mouros infiis so a gnese dos sentimentos que hoje explodem em skinheads, com promessas de morte a negros, judeus, homossexuais e outras minorias. d) ... do mercantilismo ao capitalismo neoliberalista constitui-se a necessidade da pobreza para untar a frma que se criou para o lucro. EXERCCIOS DE INTERPRETAO DE TEXTO 1.Texto 1 Adquirir a capacidade de usar bem a lngua requer como toda atividade artstica uma rigorosa disciplina: s se pode manejar o meio, faz-lo obedecer a nossa inteno expressiva, quando por nossa vez obedecemos sem discutir sua estrutura prpria, que nos precede e nos ultrapassa. No caso da escrita, preciso seguir escrupulosamente a ossatura do idioma, mesmo quando se quer trinc-lo de leve: conhecer e respeitar a pontuao , a regncia, a concordncia, as normas de colocao de palavras na frase, as regras de coordenao e subordinao das oraes... A arte de escrever consiste em servir a lngua para dela poder servir-se; a vassalagem aqui a condio do domnio do meio e portanto da possibilidade de exercitar a liberdade criativa. (Renato Mezan) I. De acordo com o texto: a) A variante lingstica popular, em especial a sua realizao oral, condenvel, pois se afasta do padro culto. b) Deve-se evitar ao mximo trincar o idioma, mesmo que seja de leve; por isso fundamental obedecer s regras gramaticais. c) A prtica da liberdade criativa na expresso escrita independe do sistema lingstico. d) O escritor deixar de ser criativo quando ousar trincar de leve as regras gramaticais consideradas imutveis. e) Somente o domnio das regras bsicas do idioma d ao escritor a oportunidade de comunicar-se criativa e expressivamente. II. Portanto, a arte de escrever consiste em servir a lngua para dela poder servir-se. Alterando a frase acima, a nova forma est correta em: a) A arte de escrever-se portanto, consiste em servir a lngua; Para dela, poder servir-se.35

b) c) d) e)

A arte de escrever, portanto, consiste em servir a lngua, para dela poder servir-se. Portanto a arte de escrever, consiste: em servir lngua para dela, poder servir-se. Portanto a arte, de escrever, consiste em servir, lngua: Para dela poder servir-se. Portanto, a arte de escrever, consiste em: servir, lngua para dela, poder servir-se.

2.Texto 2 Na turn do presidente Bush pela sia, alguns lderes mundiais mostraram publicamente sua preocupao de que a guerra ao terrorismo estivesse comeando a se parecer a ltima grande campanha americana contra o comunismo. difcil escapar aos ecos da Guerra Fria. Mais uma vez, os aliados dos Estados Unidos esto ouvindo que o mundo est rigidamente dividido em zonas do bem e do mal, da escurido e da luz, e os Estados Unidos, e somente os Estados Unidos, so capazes de levar esse esforo at a vitria, como disse o vice-presidente Dick Cheney numa reunio do Conselho sobre Relaes Exteriores, (...) A descoberta pelos Estados Unidos de um inimigo que no meramente um inimigo, mas o mal tem impecveis credenciais histricas. um feliz padro recorrente na Histria americana, disse Eric Forner; historiador da Universidade de Columbia. Temos a tendncia em poca de guerra a adotar uma viso maniquesta do mundo. (O Estado de So Paulo, 10/03/02) I. Baseando-se no texto, considere as seguintes afirmaes: 1. A atual campanha militar dos EUA pode ser comparada com sua posio durante a Guerra Fria, quando o mundo se dividia em dois grandes blocos antagnicos. 2. A guerra no Afeganisto questiona a posio dos pases neutros, embora a maior tendncia seja o apoio causa ocidental. 3. O presidente Bush se vale da turn pela sia para divulgar antigas posies ideolgicas americanas, especialmente anti-comunistas. a) Somente 1 est correta. b) Somente 3 est correta. c) 1 e 3 esto corretas. d) 1, 2 e 3 esto corretas. e) Somente 2 est incorreta. II. Recorrente e maniquesta, em destaque nas ultimas linhas, significam, no contexto e respectivamente: a) Urgente/ facilmente manipulvel, porm complexa. b) Que se repete/ tendo a forma humana como modelo. c) Ausente/unilateral, sem dicotomias ou contradies. d) Que retorna/ simplista, divididas em duas partes distintas. e) Que ressurge/ orientada pelo repdio ao comunismo. 3.Texto 3 No h dvidas que as lnguas se aumentam com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa pare no sculo de quinhentos um erro igual ao de afirmar que sua transplantao para Amrica no lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influncia do povo decisiva. H, portanto, certos modos de dizer, locues novas, que de fora entram no domnio do estilo e ganham direito de cidade.36

Mas se isto um fato incontestvel, e se verdadeiro o princpio que dele se deduz, no me parece aceitvel a opinio que admite todas as alteraes na linguagem, ainda aquelas que destroem as leis da sintaxe e a essencial pureza do idioma. A influncia popular tem um limite; e o escritor no est obrigado a receber e dar curso a tudo o que o abuso, o capricho e a moda inventam e fazem correr. Pelo contrrio, ele exerce tambm uma grande parte de influncia a este respeito, depurando a linguagem do povo e aperfeioando-lhe a razo. Feitas as excees devidas, no se lem muito os clssicos do Brasil. Entre as excees, poderia eu citar alguns escritores cuja opi