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ISSN 2176-1396 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E MAPAS CONCEITUAIS Wilson da Silva 1 - UNINTER Genoveva Ribas Claro 2 - UNINTER Ademir Pinheli Mendes 3 - UNINTER Eixo Educação, Tecnologia e Comunicação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente artigo é parte de estudos realizados no grupo de pesquisa “Formação de Professores: Inovações metodológicas mediadas por tecnologias no cotidiano escolar da educação básica”, do Centro Universitário Internacional Uninter. A Aprendizagem Significativa é uma teoria de aprendizagem criada por David Ausubel em 1968 (AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN, 1987), e afirma que, para aprender de forma significativa, o novo conteúdo deve relacionar-se com o conhecimento prévio do aprendiz. Se o aprendiz não possuir conhecimento prévio, o professor deve fazer uso da aprendizagem mecânica (memorização), que difere da aprendizagem significativa na medida em que o novo conteúdo não se relaciona com o conhecimento prévio do aprendiz. A aprendizagem significativa provoca a diferenciação progressiva, onde o novo conceito muda o conceito subsunçor, mas também é modificado por este. Este processo gera a reconciliação interativa, que nada mais é que o relacionamento entre conhecimentos já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz, que ocorre a partir da modificação dos subsunçores. A teoria dos Mapas Conceituais foi criada por Joseph Novak em 1972 (NOVAK e GOWIN, 2010) quando trabalhava com muitos dados de entrevistas clínicas piagetianas, e necessitava de um instrumento para organizar esse material. Assim surgiu o mapa conceitual, que é uma ferramenta gráfica que serve para representar, organizar, construir e avaliar conhecimentos. A teoria dos mapas conceituais foi desenvolvida tomando por base a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, e possui diversas aplicações para a educação, tais como: a) apresentar um conteúdo; b) estudar um conteúdo; c) fazer síntese de texto; d) organizar o conteúdo programático de uma disciplina; e) avaliar a aprendizagem. O mapa conceitual possui ampla bibliografia na internet e pode ser construído por metodologia adequada e avaliado por critérios objetivos, e também pode ser feito por ferramentas digitais gratuitas, como o app CMapTools. Palavras-chave: Tecnologias educacionais. Aprendizagem Significativa. Mapas Conceituais. 1 Doutor em Educação (Unicamp). Graduado em Pedagogia (UFPR). Professor da Graduação e da Pós-Graduação do Uninter. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Educação, Coordenadora da Pós-Graduação Psicopedagogia Clínica e Institucional, Neuropsicopedagogia, e Educação Especial da Educação a Distância e presencial no Centro Universitário Uninter, professora de pós-graduação em Psicopedagogia. E-mail: [email protected] 3 Doutor em Educação. Licenciado em Filosofia. Professor Titular do Programa de Mestrado Profissional em Educação e Novas Tecnologias do Uninter. E-mail: [email protected]

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ISSN 2176-1396

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E MAPAS CONCEITUAIS

Wilson da Silva1 - UNINTER

Genoveva Ribas Claro2 - UNINTER

Ademir Pinheli Mendes 3 - UNINTER

Eixo – Educação, Tecnologia e Comunicação

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente artigo é parte de estudos realizados no grupo de pesquisa “Formação de Professores:

Inovações metodológicas mediadas por tecnologias no cotidiano escolar da educação básica”,

do Centro Universitário Internacional Uninter. A Aprendizagem Significativa é uma teoria de

aprendizagem criada por David Ausubel em 1968 (AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN, 1987),

e afirma que, para aprender de forma significativa, o novo conteúdo deve relacionar-se com o

conhecimento prévio do aprendiz. Se o aprendiz não possuir conhecimento prévio, o professor

deve fazer uso da aprendizagem mecânica (memorização), que difere da aprendizagem

significativa na medida em que o novo conteúdo não se relaciona com o conhecimento prévio

do aprendiz. A aprendizagem significativa provoca a diferenciação progressiva, onde o novo

conceito muda o conceito subsunçor, mas também é modificado por este. Este processo gera a

reconciliação interativa, que nada mais é que o relacionamento entre conhecimentos já

existentes na estrutura cognitiva do aprendiz, que ocorre a partir da modificação dos

subsunçores. A teoria dos Mapas Conceituais foi criada por Joseph Novak em 1972 (NOVAK

e GOWIN, 2010) quando trabalhava com muitos dados de entrevistas clínicas piagetianas, e

necessitava de um instrumento para organizar esse material. Assim surgiu o mapa conceitual,

que é uma ferramenta gráfica que serve para representar, organizar, construir e avaliar

conhecimentos. A teoria dos mapas conceituais foi desenvolvida tomando por base a teoria da

aprendizagem significativa de Ausubel, e possui diversas aplicações para a educação, tais como:

a) apresentar um conteúdo; b) estudar um conteúdo; c) fazer síntese de texto; d) organizar o

conteúdo programático de uma disciplina; e) avaliar a aprendizagem. O mapa conceitual possui

ampla bibliografia na internet e pode ser construído por metodologia adequada e avaliado por

critérios objetivos, e também pode ser feito por ferramentas digitais gratuitas, como o app

CMapTools.

Palavras-chave: Tecnologias educacionais. Aprendizagem Significativa. Mapas Conceituais.

1 Doutor em Educação (Unicamp). Graduado em Pedagogia (UFPR). Professor da Graduação e da Pós-Graduação

do Uninter. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Educação, Coordenadora da Pós-Graduação Psicopedagogia Clínica e Institucional,

Neuropsicopedagogia, e Educação Especial da Educação a Distância e presencial no Centro Universitário Uninter,

professora de pós-graduação em Psicopedagogia. E-mail: [email protected] 3 Doutor em Educação. Licenciado em Filosofia. Professor Titular do Programa de Mestrado Profissional em

Educação e Novas Tecnologias do Uninter. E-mail: [email protected]

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Introdução

O estudo de pesquisa sobre a Aprendizagem Significativa e os Mapas conceituais tem

como objetivo compreender os processos cognitivos dos alunos, principalmente na aquisição

da aprendizagem e da memorização eficaz do conhecimento tendo como princípios

operacionais, instrução programada e a tecnologia educacional.

O processo de aprendizagem significativa, de acordo com a teoria cognitivista ocorre

por meio de conhecimentos já estabelecidos na estrutura cognitiva dos alunos por meio de suas

experiências com o meio, ou seja, seus conhecimentos prévios. Assim, novas experiências e

informações podem ser aprendidas e retidas na memória na medida em que esses conceitos se

tornam significativos, pois estão claros e disponíveis na estrutura cognitiva do aluno e

funcionam, dessa forma, como pontos de ancoragem para os novos conceitos e conhecimento.

No contexto educativo deste novo milênio, em que há uma expansão das informações e

da tecnologia educacional são importantes utilizar estratégias de ensino com enfoques na

aprendizagem significativa no qual é possível selecionar os conceitos relevantes, saber

interpretá-los e ter a capacidade de fazer novas associações na busca de resoluções de

problemas.

O Cognitivismo, com enfoque na Psicologia da Educação se propõe em estudar como

as pessoas são capazes de perceber, compreender, aprender, lembrar, pensar e transformar. A

aprendizagem, nesse contexto, pode ser definida segundo Moreira e Mansini (2006) como um

processo de armazenamento de informação, condensação em classes mais genéricas de

conhecimentos, que são incorporados a uma estrutura no cérebro do individuo, de modo que

esta possa ser manipulada e utilizada no futuro. É a habilidade de organização das informações

que deve ser desenvolvida.

Este movimento cognitivista surgiu pelo fracasso do behaviorismo em explicar os

aspectos mais elevados do comportamento humano a partir do paradigma estímulo-resposta (E-

R) e reforços positivos e negativos que influenciaram e ainda influenciam a educação no

contexto brasileiro, em que são baseados em uma aprendizagem em termos de estímulos,

respostas, reforços, e memorização sem significados.

Desta forma, o artigo se propõe a identificar as propostas sobre a aprendizagem

significativa formulada pelo psicólogo David Ausubel, um representante do Cognitivismo em

Psicologia da Educação e, como tal, propõe uma explicação teórica do processo de

Aprendizagem Significativa e a teoria da educação do Joseph Novak, um empresário e educador

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americano, professor emérito na Cornell University e pesquisador sênior no Instituído da

Cognição Homem-Máquina (IHMC). É conhecido mundialmente pelo desenvolvimento da

teoria do mapa conceitual na década de 70 e redirecionou o foco cognitivista ausubeliano,

considerando também os aspectos psicomotores e, principalmente, afetivos da aprendizagem,

que contribuem para o crescimento do indivíduo e à facilitação desta aprendizagem por meio

de estratégias instrucionais que é o mapeamento conceitual.

Processo de aprendizagem siginificativa

Neste novo contexto educacional, de grande expansão tecnológica e de informação, as

palavras de ordem são aprendizagem significativa, mudança conceitual e a construção do

conhecimento. Ao contrário de uma aprendizagem mecânica ou repetitiva, com pouca ou

nenhuma atribuição de significação sendo armazenadas isoladamente na estrutura mental

levando ao esquecimento e a dificuldade de associar com novos conhecimentos.

A aprendizagem é um processo de mudança no comportamento obtido através

da experiência com o meio, sendo esta construída por fatores emocionais, neurológicos,

relacionais e ambientais, ou seja, aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e

o meio ambiente. Segundo Palangana (2001, p. 71) sobre o modelo proposto por Piaget: “Ele

acredita que o conhecimento não é imanente nem ao sujeito nem ao objeto, sendo, isto sim,

construído na interação entre estes dois polos”.

Pode considerar que a aprendizagem humana é definida como sendo a mudança

relativamente estável do comportamento do aluno resultante da sequência do estabelecimento

de associações, ou seja, é o resultado das experiências anteriormente adquiridas fundamentais

para o ajustamento de novos conceitos e modelos mentais para incluir e organizar as novas

experiências.

O Homem, dotado de estruturas biológicas, herda uma forma de

funcionamento intelectual, ou seja, uma maneira de interagir com o ambiente

que o leva à construção de um conjunto de significados. A interação deste

sujeito com o ambiente permitirá a organização desses significados em

estruturas cognitivista (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2001, p.127).

Os estudos da Psicologia Cognitivista se inserem num movimento mais amplo que a

teoria behaviorista do qual aprendemos por associações entre estímulos e uma resposta, e à

medida que praticamos, somos condicionados àquele comportamento. A Psicologia cognitivista

pretende estudar, além da relação entre os processos cognitivos e o comportamento humano,

como as pessoas são capazes de perceber, aprender, lembrar e pensar sobre determinadas

situações da vida. Estudar quais os meios que o indivíduo organiza um conhecimento, como

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também a forma de como o conhecimento é utilizado a fim de direcionar ou planejar

determinadas ações.

A teoria cognitivista da aprendizagem surgiu a partir dos anos 50 e um dos principais

psicólogos da educação de influência cognitivista foi David Ausubel (1918 – 2008). Ausubel,

filho de família judia e pobre, imigrantes da Europa Central, cresceu insatisfeito com a educação

que recebera. Formado em Psiquiatria, dedicou-se à Psicologia Educacional, foi Professor

Emérito da Universidade de Columbia e teve muitas dificuldades em desenvolver sua teoria,

devido ao grande prestígio do Behaviorismo na Educação naquela época.

Segundo Ausubel (apud Faria, 1989, p. 8), a estrutura cognitiva é o conteúdo total e

organizado de ideias de um dado indivíduo. No contexto da aprendizagem refere-se ao conteúdo

e organização de suas ideias naquela área particular de conhecimento, a partir deste

conhecimento faz associações, ou seja, processa-se quando um novo conceito relaciona-se com

conceitos relevantes e disponíveis na sua estrutura cognitiva, sendo assim assimilado por ela,

que Ausubel denominou como pontos de ancoragens, e estes pontos de ancoragem que servirão

para a assimilação de um novo conceito.

Assim, para Ausubel, aprendizagem significa organização e integração do material na

estrutura cognitiva, e se torna significativa quando uma nova informação se relaciona com um

aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo, tornando a aprendizagem

significativa.

A Aprendizagem Significativa é uma teoria de aprendizagem em que o novo conteúdo

deve se relacionar com o conhecimento prévio do aluno, também chamado de subsunçor.

O subsunçor é uma estrutura específica ao qual uma nova informação pode se integrar ao

cérebro humano, que é altamente organizado e detentor de uma hierarquia conceitual que

armazena experiências prévias do aprendiz (MOREIRA, 1983, p. 62).

Esse processo ocorre por meio do qual uma nova informação interage de forma não-

literal, que significa a relação entre o material a ser aprendido e a estrutura cognitiva não deve

ser ao pé da letra, ou seja, a relação não se altera se símbolos diferentes, mas equivalentes,

forem usados e também não-arbitrária, em relação ao novo item com a estrutura cognitiva, não

deve ser ao acaso, mas feita de modo intencional para permitir a ancoragem com os subsunçores

específicos.

A aprendizagem significativa pode ocorrer tem três tipos:

- Aprendizagem de representações: é a aprendizagem por meio de símbolos e o que eles

representam, seus conceitos. Esse é o muito utilizado principalmente com crianças pequenas,

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pois o aluno associa o conceito com um símbolo para representar qualquer objeto. Percebe,

intuitivamente, que todo objeto pode ser representado por um símbolo verbal e que o significado

a ser relacionado ao símbolo é a imagem evocada pelo objeto. Quando estiver firmemente

estabelecido na estrutura cognitiva do aluno ele conquistou condições para realizar quaisquer

aprendizagens de representações.

- Aprendizagem de proposições: é o inverso da Representacional, necessita do

conhecimento prévio dos conceitos e símbolos, mas seu objetivo e promover uma compreensão

sobre uma proposição. O objetivo aprender o significado de ideias expressas em forma de

proposição e não isoladamente, ou seja, aprender o significado que está além dos significados

das palavras ou conceitos que compõem a proposição.

- Aprendizagem de conceitos: A aprendizagem de conceitos comporta dois tipos de

aquisição: a formação de conceitos e a assimilação de conceitos. A formação de conceitos é

uma aprendizagem inicial em que ocorre uma aquisição espontânea e indutiva de ideias gerais

sobre um assunto. A assimilação de conceitos é um processo que se quando o aluno já possui

os atributos criteriais do conceito por meio de uma definição. Assim, o aluno relaciona os

atributos do conceito com as ideias pertinentes em sua estrutura cognitiva. O processo de

“subsunção” é descrito pelo principio da assimilação. Pela assimilação um conceito ou

proposição A, potencialmente significativo é assimilado sob uma ideia ou conceito mais

inclusivo já existente na estrutura cognitiva. Essa assimilação ou ancoragem indica ter um efeito

maior na retenção.

Para haver aprendizagem significativa é preciso que o aluno tenha um interesse para

aprender e que o material a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo e lógico.

Assim, pode-se concluir que para que a aprendizagem significativa ocorra, três condições são

necessárias: 1) o material deve ser claro, com exemplos e linguagem relacionada com o

conhecimento prévio do aprendiz; 2) o aprendiz deve possuir o conhecimento prévio

relacionado ao novo conteúdo; e 3) o aprendiz precisa ter vontade de aprender de modo

significativo.

Ausubel, na sua teoria foi o primeiro a se preocupar com a aprendizagem dentro de sala

de aula, acreditava no valor da descoberta e experiência. Neste sentido, sua maior contribuição

foi repensar acerca da aula do tipo “tradicional”, e refletir sobre o que é uma aprendizagem

mecânica e uma aprendizagem significativa (MOREIRA & MASINI, 2006). Segundo Ausubel

(2003), os principais conceitos relativos à aprendizagem se articulam esquematicamente da

seguinte forma (figura 1):

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Figura 1 - Mapa conceitual da aprendizagem

FONTE: Adaptado de Ausubel, 2003.

A teoria de Ausubel oferece, portanto, diretrizes, princípios e uma estratégia de

facilitadores da aprendizagem e como colocá-las em prática, desenvolvida principalmente por

Novak. Novak desenvolveu os mapas conceituais que são uma técnica que, como sugere o

próprio nome, enfatiza conceitos e relações entre conceitos à luz dos princípios da diferenciação

progressiva e reconciliação integrativa. Os mapas conceituais podem ser usados como recurso

didático, de avaliação e de análise de currículo, como também como instrumento de

metacognição, para aprender a aprender.

Os mapas conceituais: uma técnica para a aprendizagem significativa

Os Mapas conceituais são representações gráficas semelhantes a diagramas, que

indicam relações entre conceitos mais abrangentes até os menos inclusivos e são utilizados para

auxiliar a ordenação e a sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino, de forma a

oferecer estímulos adequados ao aluno. Servem como instrumentos para facilitar o aprendizado

do conteúdo sistematizado em conteúdo significativo para o aprendiz.

Eles surgiram da teoria de Educação de Novak, que dedica grande parte da sua teoria ao

conceito da aprendizagem significativa e à facilitação desta aprendizagem por meio de duas

estratégias instrucionais, o mapeamento conceitual e o epistemológico de Gowin. Ela decorre

diretamente da teoria original de Ausubel e têm se mostrado muito útil, na prática para facilitar

a aprendizagem significativa.

Ausubel sustenta o ponto de vista de que cada disciplina acadêmica tem uma

estrutura articulada e hierarquicamente organizada de conceitos que constitui

o sistema de informações dessa disciplina. [...] Esses conceitos estruturais

podem ser identificados e ensinados ao estudante, constituindo para ele um

sistema de processamento de informações, um verdadeiro mapa intelectual que

pode ser usado para analisar o domínio particular da disciplina e nela resolver

problemas (MOREIRA e MASINI, 2006, p. 42).

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Os mapas conceituais têm por objetivo representar relações significativas entre

conceitos na forma de proposições. Uma proposição é constituída de dois ou mais termos

conceituais unidos por palavras para formar uma unidade semântica (NOVAK; GOWIN, 1996).

São instrumentos que permitem descobrir as concepções de um conceito, ilustradas por uma

frase ou imagem. Devem ser hierárquicos, quer dizer, os conceitos mais gerais devem situar-se

na parte superior, e os conceitos mais específicos e menos inclusivos na parte inferior (figura

2).

Três são os elementos de um mapa conceitual: 1) conceitos, que são “uma regularidade

nos acontecimentos ou nos objetos, que se designa mediante algum termo” (NOVAK e

GOWIN, 2010); 2) relações (ver figura 3), que são proposições formadas por dois conceitos

ligados por um verbo; e 3) questão focal, que é uma pergunta de direciona a construção do mapa

conceitual.

Figura 2 – Mapa Conceitual

FONTE: elaborado pelos autores (2017).

Na figura 3 pode-se ver o que são as proposições do mapa conceitual. Ao ligar dois ou

mais conceitos, deve-se explicar esta ligação.

Figura 3 – Proposições

FONTE: elaborado pelos autores (2017).

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Diferentemente de textos e outros materiais educativos, os mapas conceituais não são

autoexplicativos. Eles não foram projetados com esta finalidade. Requerem explicação do

professor. No exemplo de Mapa conceitual (figura 2), nos retângulos estão os conceitos mais

relevantes para a argumentação desenvolvida ao longo de todo o texto.

Aprendizagem significativa aparece, intencionalmente, com destaque por ser o

conceito-chave. As linhas simbolizam as relações entre os conceitos. As palavras escritas sobre

as linhas, os chamados conectivos, juntamente com os conceitos unidos pelas linhas, devem dar

a ideia de proposições que expressam as relações entre os conceitos. As flechas são utilizadas,

apenas quando necessárias para direcionar certas relações (ver figura 3).

Uma das condições para que ocorra esse tipo de aprendizagem é que exista uma troca

de significados e também uma troca de sentimentos, e essa predisposição para aprender esta

intimamente relacionada com a experiência afetiva que o aluno tem no evento educativo.

Para Novak, uma teoria de educação deve considerar que seres humanos pensam,

sentem e agem e deve ajudar a explicar com se pode melhorar as maneiras através das quais as

pessoas fazem isso. Qualquer evento educativo é, de acordo com Novak, uma ação para trocar

significados (pensar) e sentimentos entre aprendiz e professor.

Novak se refere uma troca de sentimentos. Um evento educativo, segundo ele, é também

acompanhado de uma experiência afetiva. Novak, como foi dito no começo desta seção,

“adotou” a teoria de Ausubel e, consequentemente, o conceito de aprendizagem significativa.

No entanto, ele deu novos significados a este conceito, ou estendeu seu âmbito de aplicação:

em sua teoria humanista de educação, a aprendizagem significativa subjaz a construção do

conhecimento humano e o faz integrando positivamente pensamentos, sentimentos e ações,

conduzindo ao engrandecimento pessoal.

Aplicações dos mapas conceituais na educação

A teoria dos mapas conceituais possui diversas aplicações para a educação, tais como:

a) apresentar um conteúdo; b) estudar um conteúdo; c) fazer síntese de texto; d) organizar o

conteúdo programático de uma disciplina; e) avaliar a aprendizagem. A seguir serão

apresentados exemplos de mapas conceituais para as aplicações educacionais mencionadas.

A figura 4 mostra um mapa conceitual que resume as aplicações educacionais dos mapas

conceituais para a educação. Neste mapa, pode-se ver aplicações destinadas aos alunos e

também aos professores.

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Figura 4 – Aplicações dos Mapas Conceituais na Educação

FONTE: elaborado pelos autores (2017).

A figura 5 mostra um exemplo de aplicação do mapa conceitual para mostrar um

conteúdo novo, e neste caso, o conteúdo apresentado foi pesquisas sobre xadrez.

Figura 5 – Mapa Conceitual Pesquisas sobre Xadrez

FONTE: elaborado pelos autores (2017).

A figura 6 mostra a utilização do mapa conceitual para fazer síntese de texto, que trata

sobre a percepção.

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Figura 6 – Mapa conceitual sobre Percepção

FONTE: elaborado pelos autores (2017).

A figura 7 mostra um mapa conceitual sobre o pensamento ético e político de Santo

Agostinho construído por alunos do terceiro ano do ensino médio de uma escola pública de

Curitiba/PR.

Figura 7 – Mapa conceitual sobre Santo Agostinho

FONTE: elaborado pelos alunos do terceiro ano do ensino médio de uma escola pública de Curitiba/PR. (2017).

O mapa conceitual da figura 7 foi construído por um grupo de quatro estudantes do

terceiro ano ensino médio ao estudar o pensamento ético e política de Santo Agostinho durante

as aulas de Filosofia.

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Com o objetivo de que os estudantes investigassem o pensamento ético e político de

Santo Agostinho, o professor de filosofia, após contextualizar em uma aula expositiva o

pensamento de Santo Agostinho como um dos pensadores da Filosofia Patrística e

posteriormente solicitou aos estudantes construíssem um mapa conceitual a fim de apresentar

alguns dos conceitos estruturantes da ética e da política no pensamento do bispo de Hipona.

Além dos materiais disponibilizados aos estudantes, como por exemplo livro didático, eles

poderiam consultar outras referências.

Após a pesquisa e seleção dos conceitos os estudantes utilizaram o software Cmaptools

a fim de que organizar o conteúdo investigado e reproduzir graficamente os conceitos

significativos selecionados para compreensão da ética e política de Agostinho. Na mesma

ferramenta eles também construíram uma apresentação sequenciada dos conceitos de modo que

ao apresentar o mapa conceitual aos colegas de sala, foram paulatinamente abrindo os conceitos

que caracterizam o pensamento do autor estudado e explicando-os à turma que atentamente

assistiu à apresentação e interagiram com o grupo fazendo perguntas a respeito do conteúdo. A

finalização do trabalho ocorreu quando todos os estudantes da turma, sob a mediação do

professor, produziram um texto dissertativo fazendo uma síntese do pensamento do autor

investigado e discutido.

O processo de investigação, construção, apresentação e produção de síntese do mapa

conceitual possibilitou ao docente avaliar de modo qualitativo a aprendizagem significativa dos

estudantes ao menos de quatro maneiras: o processo de pesquisa realizado pelo grupo, a seleção

significativa dos conceitos e termos de ligação a fim de construir proposições de forma lógica

e ordenada, e a análise da síntese escrita produzida por todos os integrantes da turma.

Considerações finais

O presente artigo trouxe algumas reflexões acerca de duas teorias relevantes para a

educação: a Teoria da Aprendizagem Significativa, de David P. Ausubel, e a teoria que deriva

dela, os Mapas Conceituais, de Joseph D. Novak. Após apresentar a fundamentação teórica

referente às duas teorias, o artigo apresentou exemplos de mapas conceituais que explicitam o

uso deste instrumento para a educação, tais como: a) apresentar um conteúdo; b) estudar um

conteúdo; c) fazer síntese de texto; d) organizar o conteúdo programático de uma disciplina; e)

avaliar a aprendizagem.

Com o presente artigo, os autores esperam contribuir, mesmo que modestamente, para

a aplicação dos mapas conceituais na educação. Neste sentido, os autores trouxeram exemplos

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de mapas conceituais que foram elaborados especificamente para uma finalidade educativa.

Espera-se que este importante recurso seja cada vez mais utilizado na educação.

Referências

AUSUBEL, D. Aquisição e retenção do conhecimento: uma perspectiva cognitiva. Lisboa:

Editora Plátano, 2003.

BOCK, A. M. B, FURTADO, O, TEIXEIRA, M de L. T. Psicologias: uma introdução ao

estudo da psicologia. 13ª. São Paulo. Editora saraiva, 2001.

FARIA, W. de. Aprendizagem e planejamento de ensino. São Paulo, Ática, 1989.

MOREIRA, M. A. Ensino e Aprendizagem: enfoques teóricos. São Paulo, Moraes, 1983.

MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David

Ausubel. 2. ed. São Paulo: Centauro, 2006.

NOVAK, J. D. e GOWIN, D. B. Aprender a aprender. Lisboa, Plátano Edições Técnicas,

1996.

PALANGANA, I. C. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vygotsky: A

relevância do social.3ª ed. São Paulo: Summus, 2001