Apresentação para décimo ano de 2011 2, aula 39

52

Transcript of Apresentação para décimo ano de 2011 2, aula 39

Fortuna

Não responder ponto a ponto.

Ser mais global, perceber o sentido conotativo.

Na segunda estrofe fala

A segunda estrofe falaNa segunda estrofe fala-se

esteeleCamõeso autor

o poetao sujeito poético

, como, por exemplo,

. Enquanto que

. Pois

, enquanto que, pois

O soneto de Camões usa a 1.ª pessoa, exprimindo o desalento do poeta, resultante da retrospetiva que faz da sua vida: infeliz e pontuada de desilusões amorosas (o que o sujeito poético atribui ao destino mas também a culpas próprias). O poema de Sophia, dirigido a uma segunda pessoa, que corresponderá a Luís de Camões,

recupera algumas frases do texto camoniano, mas molda-as a outra situação: os culpados são agora os portugueses, ou o governo português, que não teriam tratado o poeta (e toda a arte, talvez) com o reconhecimento devido — o poema tem a marca até de uma crítica ao poder político.

[ca. 100 palavras]

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,muda-se o ser, muda-se a confiança;todo o mundo é composto de mudança,tomando sempre novas qualidades,

O tempo passa, todos mudam,o mundo está sempre a mudar,

Continuamente vemos novidades,diferentes em tudo da esperança;do mal ficam as mágoas na lembrança,e do bem (se algum houve), as saudades.

Há sempre novidadesdiferentes do que se esperava;das infelicidades recordamos só a mágoa,das alegrias, se as houve, fica apenas a saudade.

O tempo cobre o chão de verde manto,que já coberto foi de neve fria,e, enfim, converte em choro o doce canto.

Chega a primaveraDepois de ter sido o invernoTal como à alegria sucede a tristeza

E, afora este mudar-se cada dia,outra mudança faz de mor espanto,que não se muda já como soía.

E, apesar desta mudança constante,há outra mudança surpreendente:já não se muda como era costume

«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» (por José Mário Branco)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,muda-se o ser, muda-se a confiança;todo o mundo é composto de mudança,tomando sempre novas qualidades,

E/Mas, se todo o mundo é composto de mudança,troquemos-lhe as voltas,que inda o dia é uma criança.

Continuamente vemos novidades,diferentes em tudo da esperança;do mal ficam as mágoas na lembrança,e do bem (se algum houve), as saudades.

E/Mas, se todo o mundo é composto de mudança,troquemos-lhe as voltas,que inda o dia é uma criança.

O tempo cobre o chão de verde manto,que já coberto foi de neve fria,e, em mim, converte em choro o doce canto.

E/Mas, se todo o mundo é composto de mudança,troquemos-lhe as voltas,que inda o dia é uma criança.

E, afora este mudar-se cada dia,outra mudança faz de mor espanto,que não se muda já como soía.

E/Mas, se todo o mundo é composto de mudança,troquemos-lhe as voltas,que inda o dia é uma criança.

Luís de Camões, «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», cantado por José Mário Branco

O soneto de Camões aproveita um tema do gosto dos renascentistas, a mudança (que se revela na natureza positivamente — a neve dá lugar ao verde —, mas também no poeta, que vai envelhecendo).

O refrão introduzido pela canção altera o sentido do poema: é uma sugestão de revolução à própria regularidade de tudo (inclusivé do tempo).

«Amor é um fogo que arde sem se ver», p. 160

Ver glossário

• anáfora (p. 333)• paradoxo, oxímoro (p. 335)

Amor é um fogo que arde sem se veré ferida que dói, e não se sente;é um contentamento descontente,é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;é um andar solitário entre a gente;é nunca contentar-se de contente;é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;é servir a quem vence, o vencedor;é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode em seu favornos corações humanos a amizade,se tão contrário a si é o mesmo Amor?

«Amor é fogo que arde sem se ver» (pelos Pólo Norte)

Amor é um fogo que arde sem se veré ferida que dói, e não se sente;é um contentamento descontente,é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;é um andar solitário entre a gente;é nunca contentar-se de contente;é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;é servir a quem vence, o vencedor;é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode em seu favornos corações humanos a amizade,se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões, «Amor é fogo que arde sem se ver» (p. 160)

Construído com anáforas, o soneto, através dos muitos oxímoros (paradoxos), pretende acentuar que o amor é complexo, indefinível.

Exm.º SenhorPresidente da Câmara Municipal de Lisboa

Sancho Dinis Gomes, nascido em 14 de Fevereiro de 1960, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, filho de Gualdim Gomes e de Urraca Mafalda Dinis, portador do BI n.º 123456789, passado pelo Arquivo de Identificação de Lisboa, em 20 de Fevereiro

de 2000, casado, agricultor, residente na Avenida da Liberdade, 100, 3.º Esq.º, 1000-431 Lisboa, vem requerer a V. Ex.ª que autorize a demolição de duas paredes do apartamento supracitado, bem como a abertura de uma janela na parede de uma das casas de banho. A referida obra, cujo projecto se anexa, destina-se a

melhorar a acomodação de um ca-sal de ornitorrincos que comigo habita, por quem sinto grande afei-ção.

Pede deferimento.

Lisboa, 25 de Dezembro de 2012Sancho Dinis Gomes

Excelentíssimo Senhor Chefe da Repartição das Finanças de BenficaErnesto Vasco Sousa Silva, portador do bilhete de identidade n.º 12345678, emitido pelo Arquivo de Identificação de Lisboa, em 3/3/3333, contribuinte n.º 12345678, residente na Rua das Flores, 33, 3.º, 1300 Lisboa, vem requerer a V. Ex.ª que se digne mandar certificar que o requerente não é devedor de contribuições ou impostos ao Estado, neste concelho.Pede deferimento,

Lisboa, 15 de Fevereiro de 3333Ernesto Vasco Sousa Silva

7.1: c;

7.2: c;

7.3: b.

7.1 Na expressão «Excelentíssimo Senhor Ministro», utiliza-se

c. uma forma de tratamento honorífica.

7.2 A expressão «Querido João»

c. não deve ser utilizada em qualquer tipo de requerimento, pois é típica de um registo informal.

7.3 Num requerimento, a utilização da expressão «Excelentíssimo Senhor»

b. está em consonância com a utilização do registo formal.

(a) requeiro

(b) requeri

(c) requereu

(d) defiram

(e) deferiu

(f) requeira(g) requereremos(h) requeria(i) requeres(j) requererei(k) requererás(l) requererão(m) deferirão

TPC — Para a próxima aula prepara a leitura expressiva, ou tendencialmente expressiva, destes sonetos de Camões. Os números entre parênteses rectos reportam-se aos números dos alunos. Cada número aparece duas vezes, o que significa que cada um terá de preparar a leitura de dois poemas (um já estudado em aula; outro, ainda por estrear). No caso dos sonetos novos, além do ensaio em voz alta, bastante repetido, aconselha-se uma prévia compreensão do texto, ainda que, naturalmente, superficial.

CarnavalÀ medida que for devolvendo as ‘cartas a um desportista’, os seus autores ponderarão se devem enviar versão já limpa dessa carta ao concurso dos CTT/ANACOM, cujo regulamento figura no tepecê da aula 36. O prazo de envio, que tem de ser por correio, é sexta, 24 de Fevereiro (data do carimbo), e terá de ser o eventual interessado a fazê-lo, até porque o envio implica anexar fotocópia do BI ou do cartão de cidadão.

Entretanto, aproveitem os próximos tempos para prosseguir/iniciar leituras livres de livros.