Aquicultura no Amazonas qualidade da água e mitigação ... · Preocupações ambientais do...

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Aquicultura no Amazonas qualidade da água e mitigação de impactos ambientais Luis Inoue Embrapa [email protected] Fone: (92) 3303 7911

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Aquicultura no Amazonas –

qualidade da água e mitigação de

impactos ambientais

Luis Inoue

Embrapa

[email protected]

Fone: (92) 3303 7911

Produção de tambaqui no

Amazonas

Até os anos 80 – atividade pouco viável.

Criação da Zona Franca de Manaus – crescimento da

população a partir 1968.

Anos 90 (população superior 1 milhão habitantes) –

crescimento da piscicultura.

2013 – piscicultura ultrapassou a pesca.

Preocupações ambientais do cultivo em tanques escavados.

Objetivo

Mostrar dados da qualidade da

água do cultivo de tambaqui na

região de Rio Preto da Eva,

AM, e apontar as possibili-

dades técnicas para o melhor

gerenciamento ambiental da

atividade.

Tambaqui criado em tanque

escavado.

Unidade típica criação de tambaqui em tanques escavados na

região de Rio Preto da Eva, AM.

Tabela 1. Características gerais de propriedades rurais da região de Rio

Preto da Eva, AM, dedicadas ao cultivo de tambaqui em tanques escavados.

Propriedade Área alagada

(ha)

Número de

tanques

Idade dos

tanques (anos)

População de

peixes

Meses/

Cultivo

Numero de

cultivos

sucessivos sem

drenagem total

do tanque

Ração

(kg)/mês

1 6 32 16 27.000 4 3 7000

2 16 28 2 124.000 7 3 8300

3 9,5 14 7 46.000 8-12 n.i. 15000

4 n.i. 10 15 n.i. 6 1 15000

5 5 11 4 25.000 12 3 11250

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pH

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conduti

vid

ade

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mm

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abastec.

tanques

Figura 1. Temperatura, oxigênio dissolvido, pH e condutividade da água de

abastecimento e tanques de cultivo de tambaqui na região de Rio Preto da

Eva, AM.

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22m

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dureza

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abastecimento

Ntotal

NH4

NO3

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1,5

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2,5

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5,5

6,0

6,5

mg L

-1

tanques escavados

Ntotal

NH4

NO3

NO2

maio agosto setembro outubro novembro dezembro0

5

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15

20

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30

35

40

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mg L

-1

tanques escavados

dureza

alcal.

Figura 2. Valores de alcalinidade, dureza e nitrogênio da criação de tambaqui

em viveiros escavados na região de Rio Preto da Eva, AM.

maio agosto setembro outubro novembro dezembro-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

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tanques escavados

mg L

-1

Ptotal

ortoP

maio agosto setembro outubro novembro dezembro-0,1

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0,9

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abastecimento

mg L

-1

Ptotal

ortoP

Figura 3. Valores de fósforo da criação de tambaqui em

viveiros escavados na região de Rio Preto da Eva, AM.

maio agosto setembro outubro novembro dezembro0,0

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(mg L

-1)

abast.

tanques

Figura 4. Valores de transparência, turbidez e sólidos totais

dissolvidos na criação de tambaqui em viveiros escavados na

região de Rio Preto da Eva, AM.

Tabela 3. Valores médios de variáveis físicas e químicas da água de abastecimento e tanques de cultivo de tambaqui

na região de Rio Preto da Eva, AM

Maio - 120mm Agosto - 65mm Setembro - 40mm

Abast Tanque Abast Tanque Abast Tanque

Temperatura (ºC) 29,71 ± 1,150 29,75 ± 2,009 30,91 ± 2,140 29,80 ± 2,267 33,27 ± 1,643 32,30 ± 3,133

Oxigênio dissolvido (mg/L) 3,79 ± 2,161 2,83 ± 1,410 2,81 ± 0,594 3,24 ± 1,046 4,46 ± 0,537 4,10 ± 0,944

pH 6,19 ± 0,464 7,37 ± 1,284 5,77 ± 0,622 7,35 ± 0,890 6,55 ± 0,514 8,23 ± 0,989

Dureza (mgCaCO3/L) 14,214 ± 4,994 17,006 ± 2,255 9,594 ± 2,295 15,299 ± 6,551 10,570 ± 3,873 21,109 ± 7,754

Alcalinidade (mg/L) 6,90 ± 2,254 11,24 ± 4,086 7,45 ± 2,887 9,84 ± 4,536 6,35 ± 2,712 8,02 ± 3,911

Transparência (m) 0,59 ± 0,173 0,40 ± 0,225 0,91 ± 0,499 0,37 ± 0,191 0,65 ± 0,399 0,25 ± 0,103

Turbidez (NTU) 44,08 ± 33,395 64,24 ± 63,080 13,33 ± 6,282 94,93 ± 85,567 19,53 ± 21,429 81,48 ± 57,891

STD (mg/L) 19,90 ± 18,369 20,77 ± 11,534 14,03 ± 14,627 21,73 ± 14,350 12,95 ± 6,660 40,97 ± 21,007

Condutividade elétrica (µS/mm-1) 21,13 ± 13,861 32,93 ± 16,922 22,87 ± 21,021 34,43 ± 21,241 18,94 ± 9,037 63,03 ± 32,318

Nitrogênio total (mg/L) 0,187 ± 0,176 0,389 ± 0,283 0,214 ± 0,194 0,200 ± 0,088 0,347 ± 0,160 0,566 ± 0,302

Nitrogênio amoniacal (mg/L) 0,015 ± 0,022 0,053 ± 0,072 0,179 ± 0,149 0,144 ± 0,177 0,084 ± 0,089 0,339 ± 0,245

Nitrato (mg/L) 0,115 ± 0,118 0,225 ± 0,289 0,076 ± 0,047 0,149 ± 0,216 0,307 ± 0,148 0,518 ± 0,321

Nitrito (mg/L) 0,147 ± 0,134 0,149 ± 0,133 0,005 ± 0,001 0,016 ± 0,015 0,021 ± 0,018 0,012 ± 0,004

Fósforo total (mg/L) 0,109 ± 0,155 0,345 ± 0,336 0,039 ± 0,029 0,271 ± 0,274 0,119 ± 0,119 0,786 ± 0,528

Ortofosfato (mg/L) 0,019 ± 0,019 0,134 ± 0,175 0,010 ± 0,007 0,151 ± 0,236 0,139 ± 0,122 0,521 ± 0,407

Outubro - 170mm Novembro - 160mm Dezembro - 270mm

Abast Tanque Abast Tanque Abast Tanque

Temperatura (ºC) 29,81 ± 2,027 31,76 ± 2,444 28,70 ± 1,702 29,50 ± 0,449 29,36 ± 1,536 30,61 ± 1,348

Oxigênio dissolvido (mg/L) 4,63 ± 0,494 4,31 ± 0,418 3,77 ± 0,521 3,60 ± 0,215 4,47 ± 0,521 3,53 ± 0,747

pH 6,32 ± 0,536 8,11 ± 1,202 5,79 ± 0,848 7,88 ± 1,217 6,10 ± 0,658 7,44 ± 1,104

Dureza (mgCaCO3/L) 12,381 ± 5,514 29,517 ± 7,271 15,917 ± 1,198 28,578 ± 14,246 15,380 ± 4,876 18,586 ± 5,804

Alcalinidade (mg/L) 6,30 ± 2,398 12,91 ± 4,678 6,14 ± 3,276 15,84 ± 9,160 5,10 ± 1,498 12,16 ± 5,003

Transparência (m) 0,53 ± 0,233 0,50 ± 0,235 0,77 ± 0,721 0,37 ± 0,190 0,63 ± 0,579 0,30 ± 0,194

Turbidez (NTU) 48,00 ± 31,169 96,54 ± 60,983 36,59 ± 22,309 114,67 ± 90,164 41,26 ± 33,584

108,09 ±

113,429

STD (mg/L) 12,86 ± 80,91 39,07 ± 19,233 16,32 ± 10,381 51,80 ± 29,747 11,03 ± 8,562 40,00 ± 18,807

Condutividade elétrica (µS/mm-1) 20,15 ± 12,559 59,61 ± 28,697 35,27 ± 23,729 79,64 ± 46,017 25,47 ± 19,253 54,81 ± 33,149

Nitrogênio total (mg/L) 0,391 ± 0,563 3,238 ± 2,762 1,312 ± 0,657 2,608 ± 0,939 0,525 ± 0,325 1,374 ± 0,325

Nitrogênio amoniacal (mg/L) 0,180 ± 0,115 0,468 ± 0,514 0,155 ± 0,307 0,526 ± 0,555 0,034 ± 0,055 0,063 ± 0,044

Nitrato (mg/L) 0,005 ± 0,001 1,238 ± 2,559 1,215 ± 0,619 2,384 ± 1,002 0,380 ± 0,166 0,702 ± 0,415

Nitrito (mg/L) 0,027 ± 0,004 0,044 ± 0,030 0,008 ± 0,005 0,017 ± 0,013 0,014 ± 0,005 0,026 ± 0,030

Fósforo total (mg/L) 0,005 ± 0,001 0,052 ± 0,042 0,011 ± 0,010 0,068 ± 0,057 0,007 ± 0,003 0,053 ± 0,048

Ortofosfato (mg/L) 0,006 ± 0,002 0,014 ± 0,008 0,007 ± 0,002 0,035 ± 0,039 0,005 ± 0,001 0,022 ± 0,036

Estão foras das normas

Fósforo total, porém o limite Conama é muito baixo.

“Global Aquaculture Alliance” admite 10 vezes mais.

Turbidez

Sólidos totais dissolvidos

Em adição

Há correlações entre os parâmetros analisados

Tabela 3. Correlação entre os valores de qualidade da água

do cultivo de tambaqui em tanques escavados na região de

Rio Preto da Eva, AM. Números em vermelho mostram

coeficientes significativos.

Variáveis nit NH4 Nitrato Ntotal pH Turb OD STD Temp Transp Cond Ptotal OrtoP alc dur

nit 1,00

NH4 -0,23 1,00

Nitrato -0,07 0,67* 1,00

Ntotal 0,30 0,64* 0,87* 1,00

pH -0,01 0,13 0,08 0,15 1,00

Turb 0,00 0,28 0,36* 0,43* 0,39* 1,00

OD -0,55* 0,16 -0,35 -0,24 0,08 -0,08 1,00

STD -0,40* 0,54* 0,44* 0,41* 0,57* 0,54* 0,36* 1,00

Temp -0,29* 0,07 -0,36 -0,28 0,49* 0,16 0,19 0,32* 1,00

Transp 0,01 -0,18 -0,22 -0,16 -0,35* -0,47* 0,00 -0,28* -0,10 1,00

Cond -0,40* 0,54* 0,44* 0,42* 0,57* 0,54* 0,35* 1,00* 0,31* -0,28* 1,00

Ptotal 0,42* -0,09 -0,03 -0,12 0,18 0,06 -0,64* -0,25 0,01 -0,10 -0,24 1,00

OrtoP 0,41* -0,01 -0,11 -0,20 0,24 0,06 -0,37* -0,12 0,09 -0,04 -0,12 0,84* 1,00

alc 0,14 0,47* 0,53* 0,55* 0,39* 0,36* -0,06 0,67* 0,03 -0,22 0,67* 0,14 0,21 1,00

dur -0,01 0,46* 0,42* 0,50* 0,43* 0,40* 0,09 0,69* 0,10 -0,29* 0,69* 0,03 0,04 0,82* 1,00

*Significativo p(<0,05).

Perspectivas

Efluentes da aquicultura são poluentes, mas muito mais diluídos que

em outras atividades como indústria, esgoto domestico etc.

Tratamento convencional pode não ser viável devido ao custo elevado,

porte e nível tecnológico das propriedades rurais da região.

A piscicultura tem chances de promover desenvolvimento sustentável

na região, mas o crescimento deve ser ordenado de acordo com a

capacidade de suporte de cada microbacia. Exemplos Bacia do Rio

Jaguaribe no CE, Chile, Ásia, Noruega.

Alternativa quanto a qualidade e quantidade dos efluentes

potencialmente poluidores é a adoção das Boas Práticas de Manejo e

emprego de biomassa ambientalmente sustentável.

Certificação Ambiental da produção pode ser o caminho para selo

verde, a exemplo que faz o “Global Aquaculture Alliance”.

Boas práticas de manejo –

volume efluentes

Serviço de conservação de solo na área adjacente aos viveiros e se

necessário construir viveiro adicional para aumento da capacidade de

armazenamento de água.

Manter cobertura vegetal na área adjacente, onde possível plantar

árvores perenes.

Manejo com equipamentos adequados para não drenagem total ou

parcial.

Manter pelo menos 20 cm de lâmina do viveiro para coleta de água de

chuva.

Evitar trocas de água – sempre que possível reutilizar a água.

Boyd & Queiroz, 2004

Boas práticas de manejo –

sólidos suspensos Restringir acesso de gado às áreas de viveiros e diques, bem como

adjacências.

Eliminar declives íngremes das estradas e caminhos próximos aos viveiros e

recobrir esses locais com pedregulhos ou cascalho.

Evitar deixar viveiros vazios e fechar imediatamente válvulas das estruturas

de escoamento.

Aeração - sem erodir paredes e taludes.

Evitar transferência do sedimento do fundo para fora dos viveiros – quando

necessário dar destino correto!

Instalar estruturas para que a água de drenagem dos viveiros não cause

erosão das áreas adjacentes.

Construir valas de tamanho adequado que permitam plantio de grama nas

laterais.

Construir bacias de sedimentação sempre que possível.

Quebra vento nas imediações para reduzir velocidade do vento que causam

ondas que erodem as paredes dos viveiros.

Boyd & Queiroz, 2004

Boas práticas de manejo –

qualidade dos efluentes Rações de alta qualidade sem excessos de N e P em taxas de alimentação

adequadas – acumulo no sedimento.

Armazenagem adequada das rações, em ambiente seco e bem ventilado.

Utilizar rações dentro dos prazos de validade.

Aplicar rações de forma uniforme no viveiro.

Não fornecer rações em quantidade maior a que os animais vão consumir

Remover manualmente toda ração não consumida.

Fertilizantes somente quando necessário, evitar estercos.

Monitorar visibilidade do disco de Secchi.

Calagem quando alcalinidade inferior a 20 mg/L.

Armazenar fertilizantes em lugar coberto para evitar lavagem de nutrientes

para os viveiros.

Evitar drenar os viveiros, quando necessário manter de 20% a 25% da água

por 2 a 3 dias. Depois liberar lentamente.

Boyd & Queiroz, 2004

Boas práticas de manejo – uso de

produtos químicos

Armazenagem adequada para evitar vazamentos.

Realizar práticas de manejo adequadamente para evitar estresse

desnecessários.

Obter diagnóstico definitivo antes de aplicar qualquer produto.

Seguir instruções para adoção dos métodos adequados e procedimentos de

segurança.

Evitar o sulfato de cobre que excedam 1% da alcalinidade total. Dosagem

máxima de 1 mg/L água não deve ser liberada por 72 horas.

Evitar NaCl em dosagens superiores a 100 mg/L.

Calcário e gesso agrícola máximo de 5.000 e 2.000 kg/ha, respectivamente.

Evitar a aplicação do hipoclorito de cálcio e outros compostos clorados

durante o cultivo.

Boyd & Queiroz, 2004

Biomassa ambientalmente

sustentável – água dentro

das normas.

Biomassa crítica –

crescimento deixa de ser

máximo.

Biomassa econômica –

crescimento não máximo, mas

economicamente viável em

relação a preço do peixe e

ração.

Extraído dissertação Luciane

Conte

Biomassa

ambientalmente

sustentável

Exemplos BPMs.

Tendências

Certificação de BPMs.

Uso de ferramentas computacionais - “Aquisys/Embrapa Meio

Ambiente” interpretação dos parâmetros monitorados de maneira

integrada.

Tratamentos de efluentes com macrófitas.

Policultivos e cultivos multitróficos integrados – IMTA.

Integração com outras culturas agropecuárias.

Sistemas multitróficos

integrados - IMTA

Fonte: Machiavello (2013).

Aproveitamento resíduos em integração

Compostagem macrófitas

Aquaponia

Fonte: internet

Obrigado!

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