Arquivo Mostra Como Escravidão Enriqueceu Os Ingleses

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Matéria publicada originalmente na agência de notícias da Repórter Brasil

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18/09/2015 Opera Mundi - Arquivo mostra como escravidão enriqueceu os ingleses

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HISTÓRIA

Arquivo mostra como escravidão enriqueceu osinglesesMaurício Hashizume/Repórter Brasil | Liverpool - 28/02/2013 - 17h33

Museu em Liverpool explica como o tráfico de escravos foi central para a RevoluçãoIndustrial

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Há uma expressão em inglês que resume a "naturalidade" da dinâmica mercantil: business as usual, ouseja, um negócio comum, como outro qualquer. Pois é assim que o Museu Internacional da Escravidãoretrata o comércio transatlântico de escravos, que vigorou dos séculos XVI ao XIX.

Inaugurado na famosa cidade dos Beatles em 23 de agosto de 2007 – por ocasião dos 200 anos do Atopela Abolição do Comércio de Escravos -, o museu inglês expõe os fundamentos econômicos daescravidão. Cumpre, dessa maneira, os três principais objetivos a que se propõe: mostrar comomilhões de africanos foram escravizados, evidenciar a participação crucial de Liverpool (e da Inglaterracomo um todo) no processo, e enfatizar as consequências dessa exploração para as diferentes partesenvolvidas.

Os conteúdos dos painéis que fazem parte do museu, localizado na revitalizada Albert Dock, servem decomplemento ao (pouco) que se aprende sobre a escravidão nos bancos escolares do Brasil, uma ex-colônia de Portugal - nação que aliás sucumbiu justamente diante da ascensão inglesa.

São três seções montadas para os visitantes. A primeira busca mostrar um pouco da vida e da culturada África Ocidental: com a reconstituição de parte de uma vila do povo Igbo e a exibição do artesanato,das manifestações culturais e dos conhecimentos tradicionais desta região da África. Nesse segmentoinicial, os organizadores do museu priorizam a valorização da diversidade cultural do continenteafricano, definido como "berço das civilizações", do qual "todos nós somos descendentes".

Os alicerces econômicos do comércio transatlântico de escravos aparecem na segunda parte domuseu, chamada de "passagem do meio". Depois de recuperar (e condenar) o pensamento racistaadotado como justificativa para as intervenções coloniais ("superiores" em comparação com osnativos "bárbaros") por parte dos "conquistadores" europeus (primeiro portugueses e espanhóis,depois principalmente ingleses, franceses e holandeses), as placas e objetos históricos do acervocompõem uma desconstrução reveladora das transações triangulares entre Europa, África e América.

Alma do negócio

Nunca foi segredo que o comércio transatlântico de escravos atendia uma demanda por mão-de-obra,pois as nações europeias estavam interessadas em aumentar a produção de gêneros como açúcar,café, algodão e tabaco em território colonial para abastecer o crescente consumo europeu. Não haviabraços suficientes nas próprias colônias, já que muitos nativos foram dizimados, fugiram ou ficaramdoentes com as invasões dos "conquistadores".

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Repórter Brasil

A forma como essas operações de tráfico negreiro eramorganizadas, no entanto, nunca mereceu explicação mais detidanos estudos da história brasileira. Os visitantes saem do museucom a noção concreta de que a comercialização de escravos seassemelhava a um investimento de alto risco, mas compossibilidades de retornos exponenciais - típico da cirandafinanceira.

Era custosa e complexa a preparação de uma embarcação paraesse fim. Mercadores convocavam parceiros (outros mercadores, banqueiros, políticos, fazendeiros eaté pequenos "investidores") para formar um pool, uma espécie de consórcio para a repartição doscustos e riscos e, por conseguinte, para a viabilização do negócio. Registros dão conta de que aestruturação de apenas uma viagem em 1790 custou, por exemplo, £ 10 mil (libras esterlinas).Corrigido para valores atuais, esse "investimento" seria equivalente a £ 550 mil, ou melhor, cerca de R$1,8 milhão.

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A participação de diversos interessados também facilitava outra providência essencial para o tráfico: aarrecadação de mercadorias necessárias para a "troca" por escravos africanos. Com mais pessoasenvolvidas, ficava mais simples reunir produtos que interessavam aos "dominadores" da África quecapturavam à força e vendiam escravos. Encontrar gente disposta a fazer parte desse tipo deempreitada não era tarefa muito complicada: segundo relato de um observador que vivia em Liverpoolna época, praticamente todo homem da cidade era um mercador.

Além disso, existia uma estreita coincidência entre o poder político e a exploração do comércio deescravos. A própria Royal African Company inglesa, fundada em 1672 e ativa até 1750, deteve omonopólio do comércio de ouro e de escravos com os africanos até 1698. O principal comandante emaior acionista da empresa era James, irmão do rei e Duque de York.

Capital do tráfico negreiro

Mercadores de escravos como Thomas Golightly, que foi prefeito de Liverpool nos idos de 1720,reiteravam a conexão direta entre o pólo econômico e a classe política. As docas da cidade foraminauguradas em 1715 e a Casa da Alfândega (Custom House) foi construída em 1722. Algumas dasconstruções daquela época, como a estação da Great Western Railway (veja foto acima), encravada naregião portuária, continuam até hoje em pé.

No final do século XVIII, Liverpool se transformara na capital do comércio transatlântico de escravos. Oescritor William Mathews, testemunha dos acontecimentos, assinalou uma adesão em bloco do povoda cidade ao tráfico escravagista, que satisfazia o "desejo indiscriminado de participar de negociaçõescomerciais e ganhar dinheiro em todas as oportunidades".

As estimativas dão conta de que pelo menos 1,5 milhão de africanos tenham sido transportados da

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África para a América por embarcações que partiram de Liverpool. Esse contingente consiste em maisde 10% do total de escravos vendidos de que se tem conhecimento.

Um conjunto de fatores explica a dianteira assumida por Liverpool nesse quesito em comparação comoutras cidades inglesas como Londres e Bristol. Cidade portuária, Liverpool é também um ponto deconvergência de rios e canais. Roupas, armas de fogo, munições e ferro chegavam com preçosrelativamente baixos no burburinho do comércio local. Em suma, os mercadores de Liverpoolbaixaram custos, eram mais rápidos e mais flexíveis. Com o tempo, estreitaram relações com osvendedores de escravos do Oeste da África. Aproveitaram-se dessa proximidade para providenciartodos os produtos almejados por seus parceiros comerciais.

Base da Revolução Industrial

Ainda na seção intermediária da "passagem do meio", o Museu Internacional da Escravidão tambémdá nome aos bois quando trata dos beneficiados do tráfico negreiro. Algumas personalidades comoRichard Watt, que fez fortuna explorando escravos na Jamaica e depois comprou uma mansão emLiverpool, são citadas nominalmente no acervo. Famílias milionárias tradicionais como os Gladstonetambém aparecem diretamente vinculadas à escravidão, assim como bancos importantes – ThomasLeyland, Heywoods (absorvido posteriormente pelo Barclays) e até o Banco da Inglaterra.

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O tráfico impulsionou ainda investimentos em outros setores,como na mineração, ligação que fica evidente no caso doempresário Richard Pennant, que redirecionou os lucros advindosdo comércio escravagista pra construir um império com base naextração da ardósia (utilizada para diversos outros fins). Defensorincondicional da escravidão, ele foi o primeiro Barão de Penrhyn.

Os dados coletados não deixam dúvidas, portanto, que aescravidão esteve na base da Revolução Industrial. Com os

benefícios econômicos decorrentes da exploração do modelo colonial, os ingleses puderam injetarrecursos em setores estratégicos como a siderurgia, a extração de carvão mineral e a formação dosbancos. Concomitantemente, a mão-de-obra escrava propiciou o aumento de produção de gêneroscomo açúcar e algodão, atendendo à demanda do mercado interno europeu.

Essa conjunção de fatores contribuiu para o desenvolvimento da indústria têxtil e das bases dainfraestrutura produtiva (estradas, canais, etc.) na Inglaterra, nação soberana no comércio de escravosdurante o século XVIII. Era o jogo de "ganha-ganha-ganha", em que os ingleses lucravam com a vendade escravos, com o comércio dos produtos por eles cultivados e ainda investiam em indústrias própriase na estrutura necessária para garantir ainda mais acúmulo de riqueza no futuro.

O tráfico negreiro se estendeu por quatro séculos. Pelo menos 12 milhões de pessoas foramescravizadas. Dois terços dessa estimativa eram formados por homens com idade de 15 a 25 anos. Ouseja, as nações europeias capturaram a mão-de-obra dos africanos em seu favor, fator queevidentemente se tornou um obstáculo para o desenvolvimento dos povos locais.

De quebra, armas de fogo e munições estavam entre os principais produtos que os europeus

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transportaram para os comerciantes da África em troca de escravos. A posse de armas de fogo erafundamental para a manutenção das atividades dos "mercadores" de escravos. Essa troca certamenteajudou a perpetuar os conflitos internos na África e está no pano de fundo da instabilidade política quemarca o continente.

Sem força de trabalho e "inundada" por um arsenal bélico, os povos africanos viram as possibilidadesde desenvolvimento tolhidas. Uma declaração pinçada do acervo faz uma pertinente duplaconstatação: a África ajudou a desenvolver a Europa e a Europa ajudou a não desenvolver a África. Essetipo de relação extremamente desigual pode ser estendido, com as devidas adaptações, às colônias daAmérica e da Ásia.

Rotina dos escravos

Elementos de sobra no museu relembram as condições enfrentadas pelos escravos. Desde acompilação de dados sobre três viagens realizadas pelos barcos Brooks, Bud e Rose – com acatalogação das respectivas durações dos trechos, da quantidade de alimentos consumidos e dequantos chegaram vivos às ilhas do Caribe – até a exibição de material audioviovisual replicando aviagem nos navios negreiros em telões. Em média, as viagens da África para o continente americanoduravam cinco semanas. As pessoas eram obrigadas a ficar em espaços apertados, sem ar, nos"porões" das embarcações. Água para beber e comida eram limitadas.

Os homens eram separados das mulheres e das crianças. Alguns eram forçados a dançar para entretera tripulação. Era freqüente o abuso sexual de mulheres. Traumas abatiam muitos dos escravizados.Alguns ficavam sem comer e revoltas explodiam em pelo menos uma de cada dez viagens da Áfricapara a América. Todas eram reprimidas com ferocidade. De acordo com um levantamento do BritishPrivy Council de 1789, uma média de 12,5% dos escravos morria antes de chegar ao destino.

A troca de "donos" era comum. Escravos eram forçados a caminhar por longos trechos da costaafricana até os locais de embarque para atravessar o Oceano Atlântico. Esqueletos empaladosexpostos nos fortes demonstravam o que aconteceria se alguém tentasse fugir. Mesmo com todasessas dificuldades, líderes se rebelaram: como Tomba, líder do povo Baga no Guiné (1720), e AgajaTrudo, rei de Dahomey (1724-1726).

Uma das passagens mais trágicas do tráfico se deu com o navio Zong. A embarcação deixou a costaafricana no dia 5 de março de 1781 com 440 escravos a bordo. Durante a viagem, 132 foram jogados aomar e apenas 208 chegaram à ilha que hoje é a Jamaica. O grupo de "investidores" entrou na CorteInglesa para cobrar £ 30 (libras esterlinas) por cada corpo jogado ao mar. A ação não resultou emressarcimentos e o capitão Colingwood (acusado de assassinato) não foi condenado, mas arepercussão do caso foi péssima para os defensores do comércio de escravos.

Uma réplica de uma fazenda no sistema plantation foi montada no Museu Internacional da Escravidão.No modelo "Casa Grande e Senzala", os escravos enfrentavam vários tipos de violência. De todos oslados, vinham pressões para que os africanos se desvinculassem de suas identidades. Eram marcadoscom ferro quente e tratados como animais. Ainda assim, não faltaram casos de resistência. O caso deZumbi dos Palmares, liderança popular que desafiou escravocratas no Nordeste brasileiro, estáregistrado em Liverpool.

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Mudança de postura

A partir do século XIX e na esteira da Revolução Industrial, a posição da Inglaterra mudou. Em 1807, otráfico negreiro se tornou ilegal no país. Os ingleses passaram a pressionar pelo fim desse comércio,em resposta ao fortalecimento das mobilizações abolicionistas e especialmente de olho na conversãode escravos em potenciais consumidores de seus produtos industrializados. Liverpool passara decapital do comércio transatlântico de escravos para capital do algodão.

Essa é a participação inglesa no tocante à história da escravidão mais frisada aos brasileiros. Em 1810,Portugal – que tinha transferido a Coroa para o Brasil em 1808 – e Inglaterra assinam o Tratado deAliança e Amizade, no qual os ingleses já exigem restrições ao tráfico negreiro. Também por pressão daInglaterra, Portugal concorda, durante o Congresso de Viena de 1815, em vetar o tráfico acima da Linhado Equador. Depois de desempenhar papel importante na independência do Brasil, os inglesescontinuaram pressionando pela abolição. O Brasil acabou assinando um tratado com mais restriçõesnesse sentido em 1826 e, em 1831, promulgou lei que proíbe o comércio de escravos com outrasnações da África.

Em 1833, o Parlamento aprovou a abolição da escravatura também na parte das Antilhas pertencenteà Inglaterra, no Canadá e no Cabo da Boa Esperança (sul da África do Sul). Em 1845, o Parlamentoinglês aprovou o Bill Aberdeen, que determinou o aprisionamento de embarcações utilizadas no tráficode escravos. Entre 1808 e 1869, a Esquadra do Oeste africano da Real Marinha Inglesa desbaratou cercade 1,6 mil navios negreiros e libertou cerca de 150 mil africanos. Mesmo assim, mais de um milhão depessoas ainda foram escravizadas e transportadas durante o século XIX.

Entre os legados da escravidão (que estão na terceira e última seção do museu que já recebeu a visitade 302 mil pessoas), foram destacados nomes famosos de ruas de Liverpool que têm alguma relaçãocom o comércio de escravos. A herança musical e a presença de uma comunidade negra em Liverpoolganharam espaço reservado nessa parte. Personalidades negras foram resgatadas e a influência dotráfico negreiro para o racismo existente até hoje está exposta com destaque.

Um memorial, construído pelo Babalaô Yoruba Orlale Kan Babaloa, presta homenagem aos ancestraisnegros. E uma escultura feita a partir de sucata e objetos reciclados por jovens de Porto Príncipe, noHaiti, simboliza o déficit de liberdade, que não acabou com o fim da escravidão antiga. "As pessoashoje não têm mais correntes em seus braços e suas pernas, mas ainda têm correntes em suas mentes.Quando não se tem comida ou moradia, não se vive livremente", disse um dos autores da peça.

Logo na entrada do Museu Internacional da Escravidão, há uma declaração do ex-escravo WilliamPrescott, captada em 1937. "Eles vão lembrar que nós éramos vendidos, mas não que éramos fortes.Eles vão lembrar que éramos comprados, mas não que éramos corajosos". Em seguida, osorganizadores do museu prometem: "Nós lembraremos. Essa história foi negligenciada por muitagente durante muito tempo". 

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