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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - PIMES GESTÃO DA QUALIDADE PARA O INCREMENTO DA COMPETITIVIDADE: Caso da CVRD MARIA DE NAZARE DOS ANJOS BARROS ORIENTADOR: JOSÉ LAMARTINE TÁVORA JUNIOR Recife 2004

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS

    DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PS-GRADUAO EM ECONOMIA - PIMES

    GESTO DA QUALIDADE PARA O INCREMENTO DA COMPETITIVIDADE: Caso da CVRD

    MARIA DE NAZARE DOS ANJOS BARROS

    ORIENTADOR: JOS LAMARTINE TVORA JUNIOR

    Recife 2004

  • 1

    MARIA DE NAZARE DOS ANJOS BARROS

    GESTO DA QUALIDADE PARA O INCREMENTO DA COMPETITIVIDADE: Caso da CVRD

    Dissertao apresentada como requisito obteno do grau de Mestre, no Programa de Ps-Graduao em Economia - PIMES da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.

    Orientador: Prof. Dr. Jos Lamartine Tvora Junior

    Recife 2004

  • 2

    Barros, Maria de Nazar dos Anjos

    Gesto da qualidade para o incremento da competitividade (Caso da Companhia Vale do Rio Doce) / Maria de Nazar dos Anjos Barros

    Recife, 2004.

    131f.

    Dissertao (Curso de Mestrado em Economia) - Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, 2004.

    Bibliografia: f.112- 115

    1. Gesto qualidade - CVRD-MA 2. Competitividade

    CDD 658 CDU 658.56

  • 4

    A Deus, ser onipotente, por me conduzir, guiar e acompanhar em toda a minha trajetria. A minha me, Maria Assuno dos Anjos Barros (in memoriam), que no teve a oportunidade de presenciar grande parte da minha histria e ao meu pai, Silvestre Sabino de Barros, por to sabiamente ter me conduzido ao caminho do conhecimento. A toda minha famlia, especialmente aos meus filhos, Jorge Filho, Jssica e meu marido, Jorge, pelo apoio incondicional, compreenso pelas ausncias e incentivo para que continue a concretizar meus ideais.

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    AGRADECIMENTOS

    A elaborao de uma Dissertao um processo de crescimento individual que somente

    se torna possvel com o auxlio ou a participao de muitas pessoas. Portanto, agradecer

    a cada uma seria uma tarefa impossvel sem cometer omisses imperdoveis. Assim

    sendo, sou grata a todos que, direta ou indiretamente, contriburam para a consecuo

    deste objetivo.

    Aproveito para elevar meu pensamento a Deus, primeiramente, pela fora superior que

    me alimenta diariamente.

    Aos professores orientadores Jos Lamartine Pereira Junior, D.sc e Salomo Farias,

    D.sc pela ateno, contribuio e apoio.

    Aos mestres, doutores, que participaram do curso, com conhecimentos e,

    principalmente, experincia de vida, conduzindo-nos nova realidade, em especial, ao

    Prof. Olimpio, pela dedicao.

    A Universidade Federal de Pernambuco e ao Centro Universitrio de Maranho -

    UNICEUMA, por oportunizarem a realizao do Mestrado e proporcionarem

    aprendizado em uma rea to cogitada atualmente.

    A Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, que, atravs de seus funcionrios, forneceu

    elementos para a fundamentao da pesquisa efetuada.

    Aos colegas de Mestrado, com os quais obtive a oportunidade de conviver e trocar

    idias e experincias.

    Muito obrigada a todos, pelo xito alcanado.

  • 6

    A flexibilidade e a capacidade de adaptao da empresa ao seu ambiente refletem-se diretamente em seus resultados econmicos, que espelham e determinam suas condies de continuidade num ambiente essencialmente dinmico.

    Armando Catelli

  • 7

    RESUMO

    Verifica-se como a gesto da qualidade nas organizaes, atravs da sua performance operacional, contribui para o incremento da competitividade, partindo de sua produtividade e sua rentabilidade. Analisa-se ainda, a certificao ISO da srie 9000, cujo objetivo avaliar os sistemas da qualidade, proporcionar maior credibilidade e aceitabilidade no mercado, estimulando a parceria com fornecedores e permite aos clientes segurana no uso dos produtos ou utilizao de servios. Correlaciona-se a fundamentao terica da qualidade, aliada a novas tecnologias, informaes em tempo real, crescimento do ser humano, enfim, ao capital intelectual, assim como o relacionamento com o meio ambiente e a sociedade, com as metodologias gerenciais contemporneas, com a gesto baseada em valor, cujo resultado, a curto e longo prazo, assegura a sobrevivncia da organizao, criando valor ao acionista. Utilizou-se a Companhia Vale do Rio Doce - CVRD como modelo, no sentido de relacionar sua performance ao longo da ltima dcada, aplicando as referidas metodologias.

    Palavras-chave: Gesto da Qualidade. Desempenho Econmico. Competitividade. Certificao. CVRD.

  • 8

    ABSTRACT

    It verifies as the administration of the quality in the organizations, through her operational performance, it contributes to the increment of the competitiveness, leaving of her productivity and her profitability. She still analyzes, the certification ISO of the series 9000, whose objective is to evaluate the systems of the quality, provides larger credibility and acceptability in the market, stimulating the partnership with suppliers and it allows to the customers safety in the use of the products or use of services. The theoretical fundamentao of the quality is correlated, allied to new technologies, information in real time, the human being's growth, finally, to the intellectual capital, as well as the relationship with the environment and the society, with the contemporary managerial methodologies, with the administration based on value, whose result, the short and long period, assures the survival of the organization, creating value to the shareholder. The Company was used is Worth of Rio Doce - CVRD as model, in the sense of relating his/her performance along the last decade, applying them referred methodologies.

    Word-key: Administration of the Quality. Economical acting. Competitiveness. Certification. CVRD.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    QUADRO 1 - Nveis das Dimenses Comparativas........................................................ 27 QUADRO 2 - Comparaes - Dimenses Competitivas.................................................

    27 QUADRO 3 -

    Empresa como Sistema Aberto ...... .

    31 QUADRO 4 - Escala das Necessidades Bsicas do Homem, segundo Maslow............

    38 FIGURA 1 - Interligao entre os Conceitos: Sobrevivncia, Competitividade,

    Produtividade e Qualidade......................................................................

    43 FIGURA 2 - Diagrama de Venn.................................................................................. 46 QUADRO 5 - Modelo de Formulrio para Planejamento de Aes. .

    54 QUADRO 6 - Fases do Controle .. ......

    65 QUADRO 7 - Tipos de Padres..................................................................................... 66 FIGURA 3 - As Quatro Perspectivas do Desempenho do BSC...................................

    73 FIGURA 4 - Evoluo Cultural da Qualidade..............................................................

    74 GRFICO 1 - ndice de Desenvolvimento Humano - 2000........................................................ 77 GRFICO 2 - Variao do PIB a Preo de Mercado Corrente...................................... 78 FIGURA 5 - Mapa Baa de So Marcos - Porto do Itaqui........................................... 81 FIGURA 6 - Mapa Porto do Itaqui - Mercados Internacionais....................................

    81 FIGURA 7 - Mapa Porto do Itaqui - Acesso via de transportes.................................. 82 GRFICO 3 - Movimentao Porto do Itaqui ........... .. .

    83 FIGURA 8 - Sistema da Qualidade CVRD - Ponta da Madeira.................................. 88

  • 10

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 -

    Hierarquia da Documentao do Sistema de Qualidade .

    53 TABELA 2 -

    Indicador Chave de Desempenho Geral..................................................

    100

    TABELA 3 -

    Indicador de Desempenho - Mina...........................................................

    101

    TABELA 4 -

    Indicador de Desempenho - Porto.......................................................... 102

    TABELA 5 -

    Indicadores de Avaliao Individual e em Grupo - Porto.......................

    103

  • 11

    LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABSQE - American Bureau of Shiping Quality Evaluations ALUMAR - Alumnio do Maranho Consrcio liderado pela multinacional

    Alcoa associada Billiton BSC - Balanced Scorecard CCQ - Ciclo de Controle da Qualidade CFROGI - Cash Flow Returno Gross Investment CIA - Companhia CVA - Cash Value Added CP - Capabilidade do processo CVRD - Companhia Vale do Rio Doce DIFN - Diretoria de Ferrosos Sistema Norte DNV - Det Norske Veritas EBITDA - Earnings Before Taxes, Interest, Depreciation and Amortization EMAP - Empresa Maranhense de Administrao Porturia EVA - Economic Value Added FCAV - Fundao Carlos Alberto Vaanzdini GGQ - Gerente de Garantia da Qualidade GVA - Gerao de Valor ao Acionista IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica ICD - Indicador Chave de Desempenho IDH - ndice de Desenvolvimento Humano IBNQ - Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear Industrial INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade IPEA - Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPQ - Instituto Portugus da Qualidade ISO - Palavra de origem grega que significa: igualdade;

    homogeneidade; uniformidade, alm da sigla do rgo International Organization for Standardization

    IT - Instruo de Trabalho LR - Lloyds Register Quality Assurance LSE - Limite Superior de Especificao LSI - Limite Inferior de Especificao MPCQ - Manual de Procedimentos de Controle da Qualidade MQ - Manual da Qualidade NACCB - National Acreditation Council of Certification Bodies NAN - National Accreditation Norway NBR - Normas Brasileiras ONU - Organizao das Naes Unidas PCQ - Procedimento de Controle da Qualidade PDCA - Mtodo de Gerenciamento de Processos PDE - Plano de Desenvolvimento do Empregado PIB - Produto Interno Bruto PNUD - Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento SDCA - Gerenciamento para Manter (padronizao) SGDI - Sistema informatizado de controle dos indicadores crticos para o

    sucesso do negcio

  • 12

    RQ - Registro da Qualidade RVC - Raad Voor der Certificate SDCA - Gerenciamento para Manter (padronizao) STRESS - Tenso, presso SUPEL - Superintendncia de Pelotizao SUPOC - Superintendncia do Porto de Ponta da Madeira TBR - Total Business Return TQC - Controle da Qualidade Total

  • 13

    SUMRIO 1 INTRODUO...................................................................................................... 13 2 DESENVOLVIMENTO ECONMICO E DIMENSES COMPETITIVAS 19 2.1 Desenvolvimento Econmico.................................................................................

    19 2.2 Dimenses Competitivas........................................................................................

    23

    3 GESTO DA QUALIDADE.................................................................................

    29 3.1 Sistemas de Qualidade nas Organizaes.............................................................

    29 3.2 Origem da Qualidade.............................................................................................

    33

    3.3 Qualidade como Processo de Mudana Cultural.................................................

    35 3.4 Qualidade para enfrentar a Competitividade .....................................................

    41

    3.5 Qualidade como Instrumento de Sobrevivncia/Desenvolvimento................. 42 3.6 Manual da Qualidade.............................................................................................

    51

    3.7 Gesto e Garantia da Qualidade (sistema da qualidade e evoluo histrica da ISO).....................................................................................................................

    56 3.8 Vantagens da Certificao ISO.............................................................................

    58 3.9 Auditorias da Qualidade........................................................................................

    60 3.10

    Certificao e Registros dos Sistemas da Qualidade...........................................

    62 3.11

    Gerenciamento baseado em Valor e Balanced Scorecard...................................

    70

    4 ESTUDO DE CASO NA COMPANHIA VALE RIO DOCE - CVRD..............

    75 4.1 A CVRD no Brasil e no Maranho.......................................................................

    75 4.2 Qualidade na CVRD...............................................................................................

    86 4.3 Funcionamento do Sistema....................................................................................

    90 4.4 Evoluo da Sistemtica da Qualidade.................................................................

    92 5 ANLISE DOS RESULTADOS.......................................................................... 95 6 CONCLUSES E RECOMENDAES............................................................ 107

    REFERNCIAS.......................................................................................................

    112

    APNDICE.............................................................................................................. 116

    ANEXOS..................................................................................................................

    118

  • 14

    1 INTRODUO

    A velocidade da informao favorecida, principalmente, pelo

    desenvolvimento dos meios de comunicao, oriundos do avano cientfico e

    tecnolgico, contribuiu, significativamente, para a dinmica da evoluo social,

    econmica e poltica. Esse fato transforma, de maneira rpida, a vida das pessoas e das

    organizaes que lutam pela sobrevivncia.

    Nas organizaes, os esforos encontram-se voltados para os objetivos,

    quaisquer que sejam: conquistar o mercado cada vez mais competitivo ou garantir a to

    desejada sobrevivncia, porm, para atingir esse objetivo, torna-se necessria a

    produo de bens e servios, com especificaes almejadas pelos clientes, inclusive de

    um menor custo possvel, o que, para as organizaes, significa um grande desafio, isto

    , acompanhamento e anlise dos processos para reduo e adaptao de custos de

    produo e/ou de distribuio. Nesse sentido, as organizaes internamente implantam e

    utilizam ferramentas gerenciais, programas, mtodos, tcnicas e controles que

    proporcionem informaes para decises, esses aspectos visam a melhoria constante em

    suas atividades, cujos reflexos so percebidos na performance da produtividade e,

    conseqentemente, da lucratividade.

    Este estudo visa investigar aspectos dessa relao interna, isto , a estrutura

    operacional da organizao e dos aspectos externos, neste particular o mercado e para

    tanto, destaca-se o problema: Qual a contribuio da gesto da qualidade para o

    incremento da competitividade?

    A pesquisa foi realizada tomando como parmetro empresa que utiliza

  • 15

    sistemas da qualidade, no caso a Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, a partir de

    dados bibliogrficos e da empresa como um todo e, particularmente, em uma das

    empresas do grupo, localizada no municpio de So Lus, considerando dados coletados

    na prpria empresa sobre seus sistemas da qualidade no perodo de setembro a

    dezembro de 2000 com algumas atualizaes em outubro de 2003, sobre novas

    metodologias utilizadas.

    A presente pesquisa pretende demonstrar de que forma e se o processo de

    gesto da qualidade como uma das ferramentas propostas para promover incremento da

    competitividade atende a esse propsito.

    Objetiva genericamente, avaliar e interpretar aspectos positivos que

    contribuam para a evoluo e desenvolvimento dos negcios de uma organizao

    requerendo um minucioso estudo histrico de seus resultados operacionais e

    financeiros, cujo reflexo advm da estrutura estabelecida para operacionalizar as

    atividades. Dessa forma, a pretenso, nesse sentido, encontra-se pautada nos seguintes

    pontos:

    Avaliar, na companhia em estudo, a utilizao do sistema da qualidade ou

    outras metodologias e ferramentas que propiciem a eficcia e suas conseqncias no

    desempenho empresarial;

    Analisar as vantagens decorrentes da certificao International Organization for

    Standardization - ISO, frente s ameaas e oportunidades que o mercado, altamente competitivo,

    impe s organizaes:

    Identificar a contribuio do sistema da qualidade no redirecionamento

  • 16

    das atividades empresariais;

    Evidenciar o envolvimento dos setores e/ou departamentos na

    operacionalizao do sistema da qualidade;

    Identificar a evoluo das tcnicas e mtodos da qualidade nas

    organizaes;

    Verificar de que forma a utilizao do sistema da qualidade influencia no

    processo decisrio na organizao;

    Estabelecer parmetros norteadores que evidenciem a importncia da

    informao e da informatizao ao cumprimento do planejamento do sistema da

    qualidade.

    Evidenciar que estratgias de ao afetam a reduo dos custos e,

    conseqentemente, aumentam a produtividade e rentabilidade, agregando valor ao

    acionista e ao negcio.

    A anlise do caso da CVRD constitui-se num importante instrumento para

    verificar como a busca sistemtica da qualidade pode elevar o grau de competitividade

    de uma empresa. Alm do recurso teoria sobre a qualidade e outras metodologias de

    avaliao de desempenho, privilegiou-se, tambm, a anlise conjuntural e

    organizacional da empresa em epgrafe, com vistas demonstrao de seus processos de

    trabalho no que tange qualidade.

    Acredita-se que o estudo de uma experincia empresarial de sucesso, em

    meio tamanha crise socioeconmica, de extrema validade, para fomentar a reviso

    de prticas organizacionais que contribuam com o desempenho das mesmas e sua

    contribuio para o desenvolvimento no contexto da economia regional. A busca de

  • 17

    melhores resultados, nas organizaes, faz suscitar o empreendimento de novas posturas

    gerenciais, motivando as empresas a se coadunarem com o seu tempo, tornando-se mais

    competitivas e socialmente eficazes.

    A natureza da pesquisa desenvolvida foi exploratria, considerando a

    necessidade de obteno de informaes para conhecer o aspecto em estudo, enquanto

    que os levantamentos dos dados foram de fontes secundrias e de observaes obtidas

    por diversos procedimentos, envolvendo a CIA foco da pesquisa, atravs das atividades

    desenvolvidas, relatrios, manuais, informaes divulgadas no site da referida

    organizao.

    A amostra foi selecionada pelo mtodo no-probabilstico, isto , escolhida

    por critrios especficos relacionados aos objetivos da pesquisa e compreendeu

    responsveis pela rea de qualidade e funcionrios encarregados de atividades

    operacionais.

    Os instrumentos de comunicao foram questionrios com perguntas

    abertas, conforme Apndice A; Entrevistas com funcionrios de reas operacionais

    sobre procedimentos quanto a no-conformidades relacionados s normas ISO;

    Observaes no ambiente; Coleta de informaes em relatrios; Revistas, jornais e sites.

    Para atingir aos objetivos propostos a dissertao est estruturada da

    seguinte forma: para inserir anlises do tema proposto, primeiramente, no segundo

    captulo do trabalho, recorre-se aos aspectos do desenvolvimento econmico e

    dimenses competitivas. No terceiro captulo, evidencia-se o arcabouo terico da

  • 18

    qualidade, apontando essa qualidade como processo de mudana cultural e como

    ferramenta ou instrumento de sobrevivncia capaz de enfrentar a competitividade das

    organizaes. Aborda-se sobre a gesto da qualidade, apontando o histrico da

    certificao ISO. Evidencia-se, tambm, o planejamento e implantao do sistema de

    qualidade, as auditorias de qualidade, assim como da certificao e registro dos sistemas

    de qualidade. Ressaltam-se, ainda, nos ltimos anos, o gerenciamento baseado em valor

    e o balanced scorecard, como conseqncias de inovadoras tcnicas gerenciais,

    ocorridas, principalmente, pela luta acirrada da concorrncia e necessidade de melhor

    gerir recursos econmicos escassos, fatos responsveis pelas dinmicas transformaes

    sofridas nas organizaes.

    No quarto captulo, demonstra-se o ambiente da organizao base para o

    estudo, ou seja, a Companhia de Minerao Vale do Rio Doce. Demonstra-se a sua

    forma de utilizao de ferramentas e sistema da qualidade avaliando sua

    operacionalidade como instrumento de melhoria de processos. Para tanto, utilizam-se

    diversas informaes colhidas sobre e na empresa, tais como: entrevistas, relatrios

    institucionais, formulrios, questionrios e outros dados fornecidos pela mineradora.

    Em seguida, no quinto captulo, apresentam-se alguns resultados da presente

    pesquisa, empreendendo, paralelamente, uma discusso sobre os mesmos. Evidencia-se,

    como resultado fundamental, a melhoria dos processos nas atividades na empresa, aps

    a adoo dos sistemas de qualidade, tanto com tcnicas da qualidade total quanto dos

    sistemas de qualidade certificados pelo ISO 9000 e, ultimamente, pelo gerenciamento

    baseado em valor. Esses fatos, associados a outros elementos, contriburam

    positivamente para tornar a CVRD uma organizao ainda mais respeitada e

  • 19

    competitiva no mercado.

    O sexto captulo aborda a concluso e demonstram-se as limitaes da

    pesquisa, assim como, sugestes para futuras pesquisas.

  • 20

    2 DESENVOLVIMENTO ECONMICO E DIMENSES COMPETITIVAS

    2.1 Desenvolvimento Econmico

    Segundo preceitos da economia clssica, os recursos bsicos terra, capital e o trabalho

    constituem-se elementos primordiais para obteno de emprego e renda, analisando esse trip,

    constata-se parte desse capital de carter pblico, investido na forma de infra-estrutura, ou seja:

    redes de transporte, sistemas de comunicao, instituies de ensino, instalaes de segurana,

    redes de abastecimento de energia, gua e esgoto, rgos de sade, sistemas de tratamento do lixo e

    poluio, enfim, instituies sociais, culturais e desportivas.

    Existe uma ampla designao quanto a essa infra-estrutura, entretanto, evidencia-se

    sua importncia como condio essencial para a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos;

    alm de motivador para investimentos, funciona como suporte bsico ao surgimento e manuteno

    de empreendimentos privados. Dessa forma, a infra-estrutura constitui componente condicionante

    e indispensvel ao desenvolvimento econmico.

    O desenvolvimento econmico possui fundamentos tericos e empricos. As origens

    tericas encontram-se nas linhas de pensamento de alguns defensores, nas diversas pocas. Assim,

    os mercantilistas acreditavam que a riqueza das naes encontrava-se no acmulo de metais e

    pedras preciosas em poder do governo. Enquanto que, para os economistas clssicos, entre eles

    Adam Smith, que dizia: Ao procurar seu prprio interesse, o indivduo promove o interesse da

    sociedade mais do que se realmente procurasse promov-lo (MAIA, 1999, p.110).

    Torna-se patente que o fator mais importante, na teoria clssica, era a produo. Para

    Adam Smith, as vantagens do comrcio exterior eram: (a) criao de demanda para os excedentes

    internos da produo; b) possibilidade de importao com preos acessveis; c) ampliao da

    fronteira produtiva da nao, atravs da ampliao da diviso do trabalho . Alm de Adam Smith,

    outros defensores do liberalismo destacaram suas idias, como John Stuart Mill, David Ricard e

    Jean Baptista Say.

  • 21

    A Teoria do Desenvolvimento Econmico foi defendida pelo economista austraco

    Joseph Schumpeter (SOUZA, 1999), que diferencia crescimento e desenvolvimento. Em sua viso,

    quando s h crescimento, a economia funciona em um sistema de fluxo circular de equilbrio;

    dessa forma, as variveis econmicas aumentam decorrentes da expanso demogrfica. Quanto ao

    desenvolvimento, Schumpeter acreditava que ocorria quando havia inovao tecnolgica, resultado

    de empresrios inovadores, financiados, por linha, pelo crdito bancrio.

    O desenvolvimento econmico, no aspecto emprico, possui fundamento nas crises

    econmicas. Um dos fatores que contribuem para esse fenmeno so as diferenas do poder

    econmico entre as naes. Existe quem defenda que a referida origem encontra-se na concentrao

    da renda e da riqueza, que impulsiona a industrializao e permite a competitividade. Isso justifica

    a ocorrncia de inovaes e sua evoluo (tear mecnico, mquina a vapor, petrleo, eletricidade);

    os pases que conseguiram esses elementos acompanharam as inovaes, cresceram

    aceleradamente, proporcionando a expanso do nvel de renda e do emprego e, conseqentemente,

    melhoraram o bem-estar social. Souza (1999, p.17) se manifesta sobre a importncia do emprego na

    sociedade: A grande depresso dos anos de 1930, derivada da queda da bolsa de Nova Iorque,

    colocou em evidncia o grande drama social do emprego .

    A nfase ao desenvolvimento econmico ocorreu no final dos anos de 1930, quando

    surge a Contabilidade Nacional, baseada na Teoria Keynesiana, onde se comparava a renda per

    capita dos diferentes pases, classificando-os em ricos ou pobres.

    Os indicadores econmicos auxiliam na anlise do nvel de desenvolvimento. Nesse

    aspecto, Dornbusch (1992, p. 280), enfatiza:

    O desenvolvimento econmico ocorre quando o bem-estar econmico das pessoas de um pas aumenta no decorrer de um perodo longo. O estado de desenvolvimento pode ser medido por uma variedade de indicadores econmicos, incluindo, principalmente, o PNB real per capita, mas, tambm, indicadores como sade, cultura e longevidade (DORNBUSCH, 1992, p.280).

  • 22

    Conclui-se que desenvolvimento econmico compreende um fluxo de ocorrncias

    capazes de transformarem a ordem econmica, poltica e social. Nesse sentido, acredita-se que a

    sociedade produz e oferece maior quantidade de bem-estar, por meio da incorporao de bens e

    servios. Por outro lado, o acesso a esses bens e servios depende de outro elemento bsico, a renda.

    Constata-se que a renda um importante indicador de desenvolvimento, pois reflete a

    produtividade do conjunto de recursos disponveis e o respectivo poder de compra; assim,

    produtores e consumidores de bens e servios ficam dependendo da distribuio da renda e de um

    conjunto de aes e reaes que propiciam a cadeia produtiva de bens e servios. Essa constatao

    torna-se clara, porm complexa, quando se avalia o ambiente, que pode ser uma comunidade, uma

    regio, um municpio, um estado ou um pas, um continente.

    A interdependncia, na economia mundial, vem contribuindo, significativamente,

    para as profundas transformaes nas gestes governamentais e empresariais, tudo em funo da

    necessidade de superar obstculos para atingirem seus objetivos.

    No mbito governamental, a grande nfase encontra-se pautada no estabelecimento de

    diretrizes e polticas capazes de promoverem e manterem o desejado desenvolvimento sustentvel,

    com o desafio de preservao do meio ambiente.

    Na esfera privada, o caminho est na gesto eficiente dos escassos recursos e a conquista

    de mercados cada vez mais exigentes e competitivos. No mundo dos negcios, destacam-se trs

    objetivos principais: a) gerao de lucros; b) vencer a concorrncia; c) satisfazer os clientes.

    Aparentemente simples, mas, para essa conquista, so necessrias aes estratgicas capazes de

    estabelecer condies de competitividade aos produtos e/ ou servios oferecidos.

    Essas estratgias envolvem vrios fatores, principalmente os custos; assim, para

    Hussein,

  • 23

    A administrao estratgica de custos combina trs questes: 1) Em que posicionamento estratgico um negcio compete - pode ser a partir do baixo custo (liderana em custo) ou da superioridade do produto (diferenciao do produto). 2) Anlise da cadeia de valor, que abrange tanto um foco externo (fornecer anlises da cadeia de custos para a empresa e para o cliente) quanto um foco interno, que vai alm da produo, incluindo, numa ponta, o desenvolvimento do produto e, na outra, o marketing. 3) Direcionadores de custo (HUSSEIN, 2002, p.7).

    Nesse sentido, tanto no setor pblico quanto no setor privado, so necessrias

    anlises de viabilidade econmica para implementao de investimento, assim como, ferramentas

    de acompanhamento e controle dos processos, justificando o surgimento de sistemas e ferramentas,

    proporcionando a formatao de indicadores de anlises.

    Algumas regies foram, naturalmente, agraciadas com recursos naturais, que

    favorecem, com menor esforo ou menor custo adicional, um empreendimento. Porm, esse fator

    no deve ser avaliado isoladamente, pois a deciso de investimento perpassa por vrios fatores,

    num contexto de oportunidades de negcios para o setor privado, assim como o bem-estar social no

    setor pblico.

    2.2 Dimenses Competitivas

    O cenrio econmico de mutaes constantes dinamiza as aes das empresas no

    sentido de atender as expectativas do mercado, tornando-as competitivas ou mantendo a

    competitividade conseguida.

    Ser competitivo significa obter e manter preferencialmente as opes dos clientes em

    suas atividades comerciais, esse processo de fidelidade do cliente assegura a conquista de um

    segmento de mercado. Essa uma das condies de continuidade de um negcio, que ao completar

    o ciclo operacional, consegue o retorno dos investimentos.

  • 24

    O retorno poder ser insuficiente, satisfatrio ou superior ao esperado. Toda empresa

    deseja obter o mximo de retorno (lucro), com o mnimo de recursos (investimentos) envolvidos.

    Inmeras so as formas e ferramentas de mensurao desse processo, denominados por muitos

    escritores como avaliao de desempenho. Embora, seja vital a qualquer organizao estabelecer

    premissas ou metas a serem perseguidas conforme objetivos estabelecidos, todo esforo seria nulo

    se no fossem acompanhados, controlados e avaliados os desempenhos de tais atividades.

    Avaliar desempenho assume certa complexidade em funo das especificidades e

    fatores envolvidos. Na realidade so vrias as dimenses a serem observadas, segundo Catelli (2001,

    p.197), que em funo da empresa como um todo; suas reas, s funes; aos cargos exercidos; aos

    aspectos operacionais, econmicos e financeiros das atividades, s atividades planejadas e s

    realizadas .

    Nesse sentido, as dimenses possuem caractersticas especficas, conforme itens ou

    aspectos analisados. Considera-se a empresa no ambiente econmico sujeito a constantes oscilaes

    provocadas por vrias condies internas e externas.

    Na viso de Catelli, as caractersticas especficas por atividades seriam analisadas por

    dimenses como: amplitude, natureza, ocorrncia, tempo e qualidade, contendo a seguinte

    abrangncia:

    AMPLITUDE: Global, divisional e funcional; TEMPO: curto, mdio e longo prazo; QUALIDADE: eficcia e eficincia; OCORRNCIA: planejado, em realizao e realizado; NATUREZA: operacional, econmico e financeiro (CATELLI, 2001, p.202).

    Nesse contexto, as dimenses inter-relacionam-se permitindo anlise de desempenho

    conforme tcnica utilizada para obteno de dados e formatao de informaes ou ainda aplicao

    de determinada metodologia ou sistemtica para conseguir indicadores de desempenho.

  • 25

    Essa dinmica imposta por vrios fatores ao mundo dos negcios exige novos padres

    de competitividade, de acordo com o descrito por Tvora Jnior (2002, p.3), em artigo intitulado

    Novas Tecnologias Informticas e de Gesto e a Anlise de Projetos, no qual descreve como

    dimenses competitivas: Confiabilidade; Custos; Flexibilidade; Produtividade; Qualidade .

    A dimenso da confiabilidade envolve a confiana da clientela, refletindo a capacidade

    da empresa em produzir, distribuir e vender os produtos ou servios. A dimenso dos custos

    caracterizada pelos valores agregados e seu diferencial que envolve todo o processo interno

    (produo) quanto o externo (marketing e distribuio). Na dimenso da flexibilidade, torna-se

    evidente a adequao da empresa s expectativas do mercado. No aspecto da produtividade, ganha

    forma a movimentao dos recursos utilizados no processo e a quantidade produzida, quanto maior

    o volume produzido com a menor quantidade de recursos possveis, melhor ser para a empresa.

    Finalmente a dimenso da qualidade envolve vrios aspectos pela sua amplitude, porm, o foco a

    satisfao dos clientes, cujo impacto ocorre para a empresa no seu desempenho, com a

    concretizao dos objetivos e metas anteriormente estabelecidos.

    Assim sendo, como forma de auxiliar na anlise do nvel de cada dimenso na

    empresa e sua respectiva comparao com o mercado, na viso de Tvora Jr, os quadros 1 e 2,

    permitem identificar em qual ou em quais dimenses competitivas investir. Essa deciso ocorre em

    funo das ameaas e oportunidades, considerando a atividade, produto ou servio, conforme o

    caso especfico para cada ramo de negcio. Referida tcnica consiste em demonstrar o nvel de cada

    dimenso abordada anteriormente tanto para a empresa quanto para as exigncias no mercado. O

    quadro 1 permite identificar discrepncias entre as dimenses competitivas, esse modelo conforme

    o mesmo autor utilizado pelo Departamento de Comrcio e Indstria do Reino Unido.

  • 26

    QUADRO 1 - Nveis das Dimenses Comparativas

    NVEL DEMANDADO PELO MERCADO

    NVEL EM QUE A EMPRESA EST

    0 1 2 3 4 5

    DIMENSES COMPETITIVAS

    0 1 2 3 4 5

    Confiabilidade

    Custos

    Flexibilidade

    Produtividade

    Qualidade

    0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 Fonte: Tvora Jr, 2002.

    QUADRO 2 - Comparaes - Dimenses Competitivas

    COMPARAO EMPRESA x MERCADO DIMENSES COMPETITIVAS

    0 1 2 3 4 5

    Confiabilidade

    Custos

    Flexibilidade

    Produtividade

    Qualidade

    0 1 2 3 4 5 FONTE: Tvora Jr, 2002.

    O quadro 2 indica necessidade de investimento em custo e qualidade, onde

    para a dimenso custo a empresa encontra-se no nvel 3 enquanto para o mercado a

  • 27

    necessidade encontra-se no nvel 4. A situao torna-se mais atenuante para a dimenso

    qualidade onde a relao varia de 2 para 5, entretanto, para a dimenso produtividade os

    investimentos podem ser reduzidos de 4 para 2. Esse exemplo denota forma de

    acompanhamento de processos internos correlacionados com as exigncias da clientela.

  • 28

    3 GESTO DA QUALIDADE

    3.1 Sistemas de Qualidade nas Organizaes

    O termo qualidade imensamente rico em significados, conforme

    anteriormente mencionado sobre as dimenses competitivas. Existem, portanto,

    inmeros conceitos de qualidade. Essa variante est intrinsecamente relacionada

    percepo ou viso de cada indivduo. Assim sendo, para Cerqueira (1996, p.11),

    existem vrias abordagens, tais como: transcendental, baseada no produto, baseada no

    processo, baseada no valor econmico, baseada no usurio:

    Transcendental - qualidade excelncia em produtos e servios; Baseada no produto - qualidade tem a ver com caractersticas do produto; fazer a coisa certa e isenta de defeitos; Baseada no processo - qualidade fazer a coisa de forma certa, conforme padres estabelecidos; Baseada no valor econmico - a qualidade de um produto ou servio tem a ver com seu valor econmico; Baseada no usurio - qualidade atender satisfao do usurio (CERQUEIRA, 1996).

    O conceito de qualidade, segundo Campos (1992, p.2), Produto ou servio

    de qualidade aquele que atende perfeitamente, de forma confivel, de forma acessvel,

    de forma segura e no tempo certo, s necessidades do cliente .

    Qualidade, portanto, representa atendimento a uma expectativa, assumindo

    o efeito satisfatrio de determinada necessidade.

    Para a Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT, o sistema da

    qualidade de uma organizao concebido, essencialmente, para satisfazer as

  • 29

    necessidades gerenciais internas da organizao.

    Sistema, segundo Maranho (1999, p.9), representa o conjunto organizado

    de regras e aes que fazem com que um ser vivo permanea vivo .

    Entende-se, assim que sistema o conjunto de processos interligados a fim

    de atender a objetivos definidos. Por sua vez, processos so constitudos da juno

    ordenada de tarefas. Para Maranho, o gerenciamento dos processos, portanto, consiste

    basicamente nos seguintes pontos:

    No conhecimento de todas as tarefas envolvidas;

    Na observao e constante controle;

    Na implementao de aes necessrias ao bom funcionamento do

    processo.

    A teoria dos sistemas, aplicvel a todos os organismos vivos, abrangendo

    desde os vrus at as sociedades, aplica-se, tambm, nas organizaes e, em particular,

    nas empresas que funcionam como sistemas abertos, contendo entradas e sadas e

    interagindo com o meio ambiente.

    Esse fenmeno denota a real complexidade entre as empresas, sua

    funcionalidade e aes de sua administrao, cuja viso aborda fatores ambientais

    externos e elementos estruturais internos. Nesse universo sistmico, observa-se a

    interao entre elementos internos e externos; a noo de sistema aberto de que o

    mesmo importa recursos diversos: econmicos, humanos, materiais e tecnolgicos,

  • 30

    interagem com a sociedade atravs das variveis (poltica, economia, tecnologia,

    concorrncia, etc.).

    Essa multiplicidade proporciona uma complexidade aos sistemas

    organizacionais e seu dinamismo favorece o intercmbio com o meio ambiente; assim, a

    empresa recebe vrios insumos, caracterizados como entradas; transforma esses

    insumos de inmeras formas e exporta os resultados na forma de produtos ou servios.

    Nesse contexto, Chiavenato (1997, p. 47) demonstra no Quadro 3, que as

    empresas so sistemas sociais moldados pelo ambiente em que se situam. Assim sendo,

    as empresas so produtos de suas sociedades, portanto subsistemas de sistemas maiores,

    conforme quadro a seguir:

    QUADRO 3 - Empresa como Sistema Aberto

    Entradas Processamento Sadas

    FONTE: Chiavenato, 1997, p.47.

    Gerenciar um sistema aberto significa desafiar condicionamentos e

    transform-los em instrumentos positivos no processo de transformao de produtos e

    servios; portanto, torna-se necessria uma administrao holstica, isto , sistmica,

    capaz de atender aos anseios ou desejos da sociedade. A funo das organizaes, como

    Empresa (Subsistemas)

    Recursos Produtos ou

    Servios

  • 31

    parte integrante dessa sociedade, a utilizao, da melhor maneira possvel, dos

    recursos e transform-los de forma a atender as expectativas dessa mesma sociedade, ou

    seja, a demanda do mercado em produtos e servios de qualidade.

    A tarefa de atingir a qualidade parece simples, porm exige gerenciamento

    constante de fatores que sero expostos nesta pesquisa.

    Percebe-se a organizao comparada ao ser vivo; isso possvel atravs da

    eficincia da citada organizao em manter sua sobrevivncia, conquistando mercado e

    crescendo pelo retorno dos investimentos, denominado lucro.

    Sistema, conforme descrito, visa otimizar e harmonizar os processos, com

    suas respectivas tarefas, de modo que se obtenham os resultados desejados. Nesse

    contexto, torna-se indispensvel o treinamento constante, a anlise do padro, para

    certificar-se de que atende as expectativas e as alteraes e mudanas no que for

    pertinente. Essa flexibilidade mantm, permanentemente, a evoluo dos processos.

    Assim sendo, nas organizaes, a dinmica do funcionamento de um

    sistema depende da habilidade e criatividade do seu corpo funcional, da forma com que

    suas rotinas foram absorvidas pelos operadores ou realizadores de tarefas que,

    normalmente, so correlacionadas ou seqenciadas.

    nesse sentido e nessa complexa relao do trabalho que o sistema de

    qualidade marca sua contribuio, pois, dessa forma, permite a anlise e verificao

    sistemtica dos processos que envolvem a gesto, facilitando o redirecionamento das

  • 32

    atividades, alm de permitir a transparncia dos atos administrativos nas organizaes,

    atravs do acompanhamento e anlise dos procedimentos.

    3.2 Origem da Qualidade

    Atualmente, com o processo de globalizao, onde as fronteiras entre os

    continentes no se constituem em barreiras ao intercmbio, a competitividade tornou-se

    mais acirrada, forando as organizaes a reverem seus processos e conquistarem um

    mercado que, tambm, tornou-se mais consciente e exigente. Dessa forma, justifica-se a

    relao entre qualidade total, fornecedor versus cliente, onde alguns requisitos bsicos

    esto interligados. So eles: a qualidade, o custo, atendimento, moral e segurana.

    Essas expresses indicam qualidade como processo amplo; custo avaliado

    como o poder ou condies de desembolso do cliente; atendimento relacionado ao prazo

    de entrega do produto e/ou servio, assim como sobre as quantidades solicitadas; a

    moral, um relacionamento que preserve a moral entre fornecedor e cliente; a segurana

    deve ser garantida ao cliente.

    Ampliando esse conceito, ento, qualidade total abrange o conjunto de aes

    ou atividades em uma organizao, cujo objetivo atender ou superar as expectativas de

    seus clientes internos e externos. Esse fato, certamente, exige um gerenciamento,

    conforme enfatiza Cerqueira (1996, p.15), gerenciar a qualidade total agir de forma

    planejada e sistemtica para implantar e implementar um ambiente no qual, em todas as

    relaes: fornecedor - cliente da organizao, sejam elas internas ou externas, exista a

    satisfao mtua .

  • 33

    Esse processo de gerenciamento traz tona os estudiosos da qualidade,

    lembrando a trilogia desenvolvida por Juran (apud PIERACIANI, 1996), onde o

    planejamento, o controle e o aprimoramento da qualidade interligam-se para favorecer o

    gerenciamento. Da mesma forma, o ciclo contnuo de Deming (apud PIERACIANI

    1996), que aconselhava o relacionamento entre as atividades de pesquisa, projeto,

    produo e venda. O ciclo de Deming foi aperfeioado pelos japoneses, originando o

    conhecido e difundido Ciclo do PDCA - Mtodo de Gerenciamento de Processo.

    Conforme ilustra o Anexo G o PDCA - constitui-se um mtodo de

    gerenciamento de processos, onde: o Planejamento Estratgico da Organizao - PLAN:

    Estabelecimento de objetivos e metas; Anlise do ambiente; Identifique os clientes e

    descubra suas necessidades, tente satisfaz-las ou super-las. Enquanto que o DO -

    Fazer: Defina, priorize, documente e aprimore seus processos. O CHECK - Verificar:

    Estabelecer mecanismo de acompanhamento e controle. Utilizar informaes para

    formatar indicadores de desempenho. ACT - Agir Corretamente: Verifique a condio

    dos processos atravs dos dados; posicione-se com solues bem planejadas. Decida

    com imparcialidade.

    O PDCA , portanto, um mtodo ou caminho para atingir metas. As metas

    encontram-se classificadas em dois grupos. O primeiro voltado para a manuteno de

    um padro ou procedimento existente, com objetivos definidos a serem cumpridos,

    conforme demonstra o Anexo G - PDCA - Mtodo de Gerenciamento de Processo. O

    segundo grupo est direcionado s melhorias; assim sendo, altera ou modifica

    procedimentos e tarefas com o objetivo de atingir novas metas, conforme Anexo H -

  • 34

    Detalhamento do PDCA de melhorias e Anexo I - PDCA, aplicado com objetivo de

    manter e melhorar (padronizao - SDCA Anexo J).

    3.3 Qualidade como Processo de Mudana Cultural

    A poltica de recursos humanos, estabelecida pela organizao, constitui um

    fator preponderante para o desempenho de suas metas e objetivos. Os demais recursos

    so importantes, porm, ao homem, pertence a inteligncia, a estratgia e a fora motriz

    capaz de modificar situaes e estabelecer novos parmetros de desenvolvimento de

    atividades. Isso lembra o pensamento de Eggon Joo da Silva (apud MOURA, 1997),

    quando afirma: Quando faltam mquinas, voc as pode comprar. Se no tiver dinheiro,

    pode pedir emprestado. Mas homens voc no pode comprar ou pedir emprestado. E

    homens motivados por uma idia so a base do xito .

    Na dcada de 1950, o americano Chris Argyris (apud POLARY, 2000),

    atravs de pesquisas sobre o comportamento humano na empresa, concluiu que os

    objetivos do indivduo no coincidem com os objetivos da organizao. Sua afirmao,

    advinda da anlise sobre o condicionamento da personalidade humana, na organizao

    formal, relaciona-se funo ou papel assumidos pelo indivduo na organizao, cujo

    aspecto foi assinalado como socializao . O contrrio ocorreria na organizao

    informal, onde os grupos trabalham para a satisfao do indivduo; aqui o que importa

    no a sua funo ou tarefa, mas, sim, sua conduta e a proteo de sua personalidade,

    nesse contexto entendido como personalizao (POLARY, 2000, p.51), sobre o

    posicionamento:

  • 35

    Entende que possvel conciliar os objetivos e expectativas pessoais - profissionais com objetivos e metas organizacionais. As organizaes que cumprem a sua misso e que passam pelos cinco estgios que vo da criao, manuteno, crescimento, desenvolvimento e estabilidade buscam esse equilbrio entre realizao pessoal-profissional e otimizao de resultados (POLARY, 2000).

    Esses questionamentos indicam que gerenciar pessoas significa enfrentar

    desafios constantes. Moura (1997, p.150) indica:

    Gerenciar pessoas algo complexo que envolve um conjunto de fatores tais como:

    Organizao do trabalho

    Definio da equipe

    Capacitao e preparo da equipe

    Comunicao equipe

    Liderana da equipe

    Motivao da equipe

    Atuao das pessoas em equipes

    Reconhecimento equipe (MOURA, 1997).

    Esses fatores devem estar interligados para promover o desenvolvimento

    pessoal, que se constitui num conjunto de aes capazes de estabelecer o bem-estar

    fsico, mental e social, em direo a sua satisfao e realizao como ser humano .

    Nesse sentido, essa complexa relao entre indivduos versus organizao

    exige o aprimoramento do conhecimento e habilidades via treinamentos, bem como a

    educao ampla das pessoas, para criao de hbitos e atitudes saudveis, cujos

    resultados elevam a qualidade de vida das pessoas envolvidas nos processos e as que

    utilizam bens e servios com segurana.

    A poltica de recursos humanos deve estar em consonncia com a misso da

  • 36

    organizao; as atitudes pessoais decorrem da influncia ambiental e do fluxo de rotinas

    desenvolvidas. Dessa forma, a empresa deve possuir: programa de treinamento;

    ambiente de trabalho propcio que proporcione o bem-estar fsico, mental e social;

    processo capaz de avaliar a satisfao de seus empregados; sistemtica de comunicao;

    de metas, objetivos e resultados alcanados.

    Esses aspectos despertam a motivao e a satisfao, sentimentos

    primordiais no desempenho de atividades. Motivao representa o comportamento

    espontneo e ativo no processo de deciso e execuo de tarefas; enquanto que

    satisfao o sentimento de realizao pelo cumprimento do desafio a que foi

    submetido o indivduo.

    O ser humano possui estgios de insatisfao e de satisfao. Normalmente,

    quando as suas necessidades bsicas encontram-se atendidas, atribui-se ser o estado de

    satisfao, num grupo ou equipe de trabalho denomina-se moral elevada.

    Existem teorias clssicas que demonstram, em suas filosofias, exatamente o

    estudo das necessidades humanas, dentre as quais se destacam as defendidas por

    Maslow e a teoria Bifatorial, por Herzberg (apud CAMPOS, 1992). Para o primeiro, as

    necessidades humanas classificam-se em cinco grupos: fisiolgicas; segurana; sociais;

    estima e auto-realizao. As necessidades fisiolgicas relacionam-se s condies de

    sobrevivncia: alimentao, vesturio, moradia. Quanto necessidade de segurana

    corresponde proteo pessoal e da famlia atravs das condies de sustentabilidade.

    (trabalho versus lar). Por ser um ser social, o homem sente necessidade de agrupar-ser e

    de sentir-se aceito, assim sendo, essa corresponde necessidade social. O ego ou

  • 37

    estima, vem do sentimento de ser respeitado, ser independente, saber ser til. A auto-

    realizao versa sobre a realizao de objetivos, alcanar metas. Esse grupo de

    necessidades faz parte dos fatores que favorecem o crescimento do ser humano e a

    escala mostra na ordem de prioridade o atendimento dessas necessidades atravs da

    quantidade achuriados existentes em cada necessidade, conforme representado por

    Maslow descrito no Quadro 4:

    QUADRO 4 - Escala das Necessidades Bsicas do Homem, segundo Maslow

    FONTE: Campos, 1992, p.154.

    A segunda, Teoria Bifatorial, defendida por Herzberg, estabelece que a

    NECESSIDADES BSICAS SIMULTANEIDADE DAS DO HOMEM NECESSIDADES

    AUTO-REALIZAO Realizao do seu prprio potencial, Autodesenvolvimento criatividade, auto-expresso

    AUTO-REALIZAO

    EGO OU ESTIMA Autoconfiana, independncia, reputao, etc.

    EGO OU ESTIMA

    SOCIAIS Sentimentos de aceitao, amizade, associao. Sentimento de pertencer ao grupo

    SOCIAIS

    SEGURANA Proteo sua e da famlia. Estabilidade no lar e no emprego.

    SEGURANA

    FISIOLGICAS Sobrevivncia, alimentao, roupa e teto

    FISIOLGICA

  • 38

    satisfao das pessoas dependa de dois fatores: Fatores Higinicos e Fatores

    Motivacionais. Os fatores higinicos, advindos do ambiente, cuja existncia se torna

    essencial para a satisfao das pessoas, seriam: salrios; benefcios; tipo de

    administrao e poltica da empresa; condies de trabalho. Enquanto que, os fatores

    motivacionais, relacionados execuo da tarefa, promovem a satisfao e motivao

    das pessoas, dentre as quais: realizao profissional; reconhecimento e trabalho em si;

    responsabilidades; avano e crescimento na empresa e na carreira.

    O entendimento do processo da qualidade passa, necessariamente, pelo

    conhecimento. Este, por sua vez, est ligado educao e treinamento. A educao

    correlaciona-se mente e ao autodesenvolvimento. O treinamento est relacionado ao

    desenvolvimento de habilidades ou aplicabilidade do conhecimento adquirido.

    Nesse sentido, constata-se a forte influncia do conhecimento para a

    conscientizao do indivduo na determinao de procedimentos que atuem como

    coadjuvantes na concretizao de objetivos.

    Essa conscincia torna-se responsvel pela mudana cultural do indivduo,

    haja vista sua nova percepo do ambiente interno e externo da organizao a que

    pertence e seu julgamento quanto ao posicionamento nesse contexto, cujo reflexo atua

    diretamente na respectiva organizao. Para tanto, torna-se imprescindvel a viso e seu

    inteiro envolvimento com a misso organizacional.

    A qualidade exigida nos produtos e servios, antes, deve ser absorvida pelas

    pessoas que compem o processo operacional capaz de elabor-las e/ou torn-las aptas

  • 39

    ao consumo e uso.

    Para que se atinja esse estgio, so necessrias mudanas, transformaes

    nas pessoas e nas organizaes.

    As mudanas sociais possuem fundamentao bsica no incremento de

    inovaes; estas emergem, inclusive, do prprio intercmbio cultural entre as naes.

    Entretanto, as mudanas produzem conflitos, que sero to menores quanto maior a

    absoro de viso sistmica dos indivduos sobre o processo em anlise.

    Em parte, as mudanas necessrias so provocadas por aes decorrentes de

    inovaes tecnolgicas, que apresentam reaes em cadeia, de carter dinmico e

    permanente. Para Furtado (1964, p.32):

    Assim, as mudanas na estrutura econmica tendem a acarretar modificaes em toda a estrutura social, o que ocorre no como uma causao simples, mas em funo de determinadas condies histricas. Nas economias chamadas subdesenvolvidas, esse processo de ajustamento da estrutura social ao fluxo de mudanas decorrentes da assimilao de uma nova tecnologia apresenta uma srie de peculiaridades que o distinguem do modelo corrente do desenvolvimento capitalista (FURTADO, 1964).

    Constata-se que as mudanas na conjuntura econmica provocam alteraes

    na estrutura produtiva e estas afetam a cultura organizacional.

    A ao da empresa a busca constante para sua continuidade, portanto

    impera a adaptao estrutural proveniente da alternncia em seus processos, fator

    oriundo da qualidade como processo de mudana cultural.

  • 40

    3.4 Qualidade para enfrentar a Competitividade

    O sucesso da produtividade encontra-se no esforo da adequada combinao

    dos fatores de produo: capital e trabalho. Para Campos (1992, p.2), aumentar a

    produtividade produzir cada vez mais e/ou melhor, com cada vez menos. Essa

    assertiva fundamenta a importncia dos custos entre a produtividade e rentabilidade. S

    (1995, p. 119) define custo como: investimento para que se consiga um bem de uso ou

    de venda; o mesmo que gasto; despesa; aplicao de meios para a produo .

    A produtividade est ligada satisfao do cliente, portanto, consiste em

    agregar o mximo de valor ao menor custo possvel. Por outro lado, encontra-se a

    produtividade inter-relacionada competitividade. Ser competitivo significa manter-se

    no mercado e, para tal, superar obstculos internos e externos organizao.

    Nesse sentido, as dimenses competitivas devem merecer acompanhamento

    e decises da empresa, para adequao do processo, tanto no mbito interno quanto

    externo da organizao.

    O aumento da oferta de produtos e servios no mercado, a influncia cada

    vez maior do consumidor na exigncia pela maior qualidade e menor preo, o processo

    de transformao da economia mundial, denominado de globalizao constituem alguns

    fatores condicionantes e/ou determinantes para o repensar da forma de gerenciamento

    dos negcios, da produo, dos recursos humanos, da estratgia de marketing, etc.

    A utilizao de sistema da qualidade permite produo, conforme

  • 41

    especificaes previamente definidas, alm de proporcionar o acompanhamento ou

    gerenciamento do processo, fato que destaca as organizaes que os utilizam, agilizando

    suas decises.

    3.5 Qualidade como Instrumento de Sobrevivncia/Desenvolvimento

    Conforme anteriormente exposto, a produtividade encontra-se inter-

    relacionada competitividade e esta sobrevivncia, ilustrado por Campos (1992, p.7)

    na Figura 1 simboliza na pirmide abaixo o tringulo: sobrevivncia; competitividade;

    produtividade, tendo como base a qualidade, cujo reflexo a preferncia do cliente com

    o perfeito atendimento de suas expectativas. A essa estrutura o referido autor designou

    de interligao entre os conceitos.

    Sobrevivncia, portanto, significa atingir o pice de manter ou continuar

    conquistando o cliente num ambiente de competitividade, onde as exigncias do

    mercado so cada vez maiores e, em muitos casos, por conta da concorrncia acirrada,

    pela vantagem competitiva das organizaes, tornam-se, por conseqncia, muito

    menores.

    A competitividade garante ou sustenta a sobrevivncia, pois ser competitivo

    quer dizer ter um espao, enfim, ser aceito no mercado, possuir a preferncia dos

    clientes e usurios entre seus concorrentes. Entretanto, alguns fatores condicionam ou

    limitam essa possibilidade; assim sendo, cabe administrao das organizaes uma

    ao estratgica que atue, permanentemente, com interligao entre anseios ou desejos

    dos clientes.

  • 42

    FIGURA 1 - Interligao entre os Conceitos: Sobrevivncia, Competitividade, Produtividade e Qualidade

    FONTE: Campos, 1992.

    As atividades de Marketing fazem parte desse contexto, identificando o

    mercado-alvo; segmentao; necessidades; desejos; demanda; produto ou oferta; troca

    de transaes, relacionamento em rede; concorrncias; ambiente propcio, enfim,

    possibilitando a ao gerencial capaz de melhor atender, tanto ao mercado, quanto para

    que as organizaes consigam uma estrutura operacional adequada.

    Nesse sentido, o composto metodolgico dos 4PS: Produto; Preo; Ponto

    de Venda e Promoo, constituem pontos fundamentais no estudo de Marketing. Ainda

    com relao aos consumidores, alguns fatores devem ser conhecidos, tais como:

    culturais, sociais e psicolgicos, pois esses fatores influenciam nas decises da clientela.

    Esse fato responde ao grande objetivo do Marketing, isto : o mercado alvo; as

    necessidades dos consumidores, entretanto, por outro lado, torna-se necessrio o

    QUALIDADE (PREFERNCIA DO CLIENTE)

    PRODUTIVIDADE

    COMPETITIVIDADE

    SO

    PROJETO PERFEITO

    FABRICAO PERFEITA

    SEGURANA DO CLIENTE

    ASSISTNCIA PERFEITA

    ENTREGA NO PRAZO

    CERTO

    CUSTO BAIXO

  • 43

    marketing integrado e a sensibilidade para a rentabilidade do negcio, razo de todo o

    esforo. Kotler (1998, p.111), descreve:

    Um sistema de informaes de marketing consiste de pessoas, equipamentos e procedimentos para coletar, selecionar, analisar e distribuir informaes de marketing que sejam necessrias, oportunas e precisas para os tomadores de decises em marketing (KOTLER, 1998).

    A produtividade, neste contexto, demonstra a capacidade de obteno de

    produtos e servios com um menor custo possvel e melhor qualidade, ou seja,

    potencialidade na unio dos recursos humanos, naturais e tecnolgicos em prol de um

    objetivo ou resultado.

    O cliente ou consumidor representa, assim, os interessados nos produtos e

    servios. Esse cliente capta o conjunto de caractersticas dos produtos e/ou servios,

    dentre os quais a qualidade intrnseca do produto e/ou servio; a forma de atendimento

    (cordialidade; local e prazo certo de entrega; segurana e preo). Essa percepo torna-

    se importante na medida em que o cliente compara com o preo e analisa se justo.

    Assim sendo, extremamente indispensvel que a organizao conhea o cliente e

    identifique suas expectativas, sob pena de perd-lo para o concorrente.

    Nesse contexto, as organizaes utilizam os recursos disponveis, como por

    exemplo, uma tecnologia mais avanada, recursos humanos com maior conhecimento e

    envolvimento com os negcios capazes de desenvolver habilidades, com criatividade,

    que constantemente se superam, aproximando-se de seus objetivos.

  • 44

    Essa tarefa, entretanto, no to simples, faz com que as organizaes

    utilizem ferramentas e metodologias que auxiliam no processo de acompanhamento e

    controle de sua produo, distribuio enfim atendimento aos seus clientes. Trata-se dos

    elementos voltados ao controle e acompanhamento dos processos da qualidade com o

    objetivo de melhorar a produtividade.

    Inmeras so as tcnicas e as ferramentas utilizadas para o controle e

    acompanhamento dos processos da qualidade, algumas idnticas na filosofia ou at

    mesmo nos objetivos, porm, com nomenclatura diversificada, variando de autor para

    autor, sintetizam-se abaixo alguns objetivos bsicos das organizaes que comungam

    com a prpria utilizao de tais recursos visando xito:

    A implantao de um sistema que capte informaes necessrias ao

    gerenciamento dos processos;

    A melhoria da qualidade pela identificao de anomalias e pela remoo

    das causas de tais problemas nos sistemas;

    Aumento do conhecimento das pessoas envolvidas nos processos;

    Automotivao das pessoas, mediante sua valorizao pessoal e

    profissional;

    Utilizaes de tcnicas grficas capazes de simbolizar e identificar

    anomalias e aplicar aquelas relativas s solues dos referidos

    problemas;

    Como tcnicas grficas de solues de problemas destacam-se:

    Aquelas capazes de identificar o problema e que permitem a anlise do

    referido problema.

  • 45

    Conforme difundido no diagrama de Venn, representado na Figura 2

    observam-se os elementos ou ferramentas utilizadas no gerenciamento e

    acompanhamento da qualidade, em qualquer estgio do processo, tanto na implantao

    como no acompanhamento da manuteno do sistema da qualidade:

    FIGURA 2 - Diagrama de Venn

    FONTE: Brassard, 1996.

    Segundo Brassard (1996), a idia bsica sobre cada item da figura 2:

    Fluxograma constitui-se de uma representao grfica que mostra os passos

    ou etapas de um processo, demonstrando, tambm, a relao entre as diversas etapas. O

    fluxograma possui uma simbologia prpria, facilitando a compreenso sistmica.

    Folha de verificao constitui-se de demonstraes que representam dados

    estatsticos sobre determinado assunto ou item de um processo.

  • 46

    Diagrama de Pareto formado por grficos de barras, geralmente verticais,

    elaborado aps levantamentos atravs da folha de verificao ou outras fontes. Sua

    visibilidade permite estabelecer prioridade na definio de eliminao de problemas

    Diagrama de causa e efeito representado por uma espinha-de-peixe e sua

    estrutura permite ilustrar as vrias causas detalhadas de um determinado efeito.

    Normalmente, nas reas produtivas (ligadas a produto), so utilizadas as seguintes

    nomenclaturas, definidas como 4M: mtodo, mo-de-obra, material e mquina. Nas

    reas administrativas, mais relacionadas a servios, os termos apropriados so descritos

    por expresses definidas como 4P: polticas; procedimentos; pessoal e planta (layout).

    Carta de Tendncia representada por um grfico ligado por pontos, que

    evidencia a relao entre a mensurao (medida) e o tempo (seqncia), demonstrando a

    evoluo ou comportamento de um determinado item em estudo.

    Histograma envolve a medio de dados, demonstrando sua distribuio e

    identifica o quanto variou um determinado processo. Muito utilizado para visualizar o

    antes e o depois de uma determinada ao para combate de anomalias; dependendo dos

    resultados, formam: curva do sino ; acmulo ; inclinadas ; normais . Essas

    definies dependem da forma como as barras devem proporcionar uma curva traada.

    Diagrama de Disperso - Sua utilidade consiste no estudo da relao entre

    duas variaes, ou seja, permite verificar a relao causa efeito entre uma e outra e com

    que intensidade. Dessa forma, o diagrama de disperso confeccionado de maneira que

  • 47

    o eixo horizontal (eixo - x) represente os valores medidos de uma varivel e o eixo

    vertical (eixo-y) evidencie as medies da segunda varivel.

    Cartas de Controle - Representa um grfico que acompanha o limite

    superior e o limite inferior entre a linha mdia de um processo, cujos limites foram

    estatisticamente determinados. Um exemplo desse tipo de controle o seguinte:

    Capabilidade do Processo - Representa a demonstrao grfica de ndices de

    capabilidade que indicam esses ndices e permite a comparao entre estes e a

    distribuio do processo com os limites predefinidos. Normalmente so utilizadas

    frmulas para determinar os referidos ndices.

    Brainstorming - funciona basicamente com uma dinmica de grupo, onde as

    pessoas, de forma organizada e com oportunidades uniformes, esforam-se mentalmente

    para opinar sobre determinado assunto. Existe quem defina como tempestade de idias,

    pois sua filosofia consiste em criar tantas idias quantas possveis, em um curto espao

    de tempo. No ciclo do PDCA, o planejamento compreende:

    Estabelecimento de metas ou identificao do problema;

    Anlise do fenmeno;

    Anlise do processo;

    Plano de ao.

    Nesse processo, Brainstorming considerado uma tcnica utilizada nessa

    fase do planejamento, estando inclusa nos itens anlise do processo e Plano de Ao.

  • 48

    Anlise do Campo de Fora - Essa tcnica evidencia que as mudanas

    pessoais e organizacionais so dinmicas. Hewin (apud BRASSARD, 1996) classifica

    em foras indutoras , que promovem as mudanas e foras restritivas , que

    bloqueiam esse movimento. Dessa forma, so identificadas situaes que impulsionam

    as mudanas e outras que impedem tais mudanas. Esse momento deve ser estudado e

    acompanhado.

    Alm dessas tcnicas evidenciadas no Diagrama de Venn, existem outras

    ferramentas com, praticamente, os mesmos objetivos de gerenciamento da qualidade.

    Nesse contexto, destacam-se:

    5S;

    5W 1 H;

    Gerenciamento com base em valor.

    O 5S foi desenvolvido como tcnica no Japo, cuja filosofia era passada de

    pai para filho. Com a difuso dessa idia, ficou conhecida como Housekeeping.

    Entretanto a definio de 5S, segundo Ribeiro (1994), corresponde s seguintes

    atividades:

    SEIRI - Organizao;

    SEITON - Ordenamento;

    SEISO - Limpeza;

    SEIKETSU - Asseio;

  • 49

    SHITSUKE - Disciplina.

    Os benefcios advindos na utilizao da ferramenta dos 5S so definidos

    como um processo educacional de difcil mensurao, porm os itens abaixo se

    encontram envolvidos, direta ou indiretamente, em cada atividade implementada:

    Melhoria da qualidade; Administrao participativa; Incremento da eficincia;

    Eliminao do desperdcio; Melhoria do ambiente de trabalho; Otimizao do espao;

    Preveno de quebras e acidentes; Mudana de comportamento e hbitos; Melhoria de

    relaes humanas; Esprito de equipe; Auto-Disciplina; Eliminao do Stress das

    pessoas; Padronizao dos processos; Confiabilidade dos dados de controle; Deteco

    precoce de anormalidades; Reduo / eliminao condies e atos inseguros; Preveno

    da poluio; Facilidade de comunicao; Incentivo criatividade.

    As fases de implementao da ferramenta 5S envolvem os seguintes

    questionamentos:

    O que fazer?

    Quem faz?

    Por que fazer?

    Como fazer?

    Pontos a observar?

    A ferramenta 5 W 1 H, tambm utilizada na anlise do processo e no plano

    de ao, consiste num meio de acompanhamento e anlise do processo:

  • 50

    What - o que ser feito;

    When - quando ser feito;

    Who - quem far;

    Where - onde ser feito;

    Why - Por que ser feito;

    How - Como ser feito.

    Essas ferramentas constituem elementos fundamentais na implantao,

    acompanhamento e gerenciamento da qualidade total, que envolve todas as atividades

    da organizao, ou para avaliao do sistema da qualidade atravs do processo de

    certificao ISO srie 9000, cujos itens em anlise so preestabelecidos conforme

    norma.

    3.6 Manual da Qualidade

    A norma ISO 8402/94 define manual da qualidade: documento que declara

    a poltica da qualidade e descreve o sistema da qualidade de uma organizao .

    Estabelece, ainda, que um Manual da qualidade, normalmente, contm ou faz

    referncia, no mnimo a:

    a) Poltica da qualidade;

    b) Responsabilidades, autoridades e inter-relaes das pessoas que

    gerenciam, executam, verificam ou analisam os trabalhos que afetam a

    qualidade;

    c) Procedimentos e instrues do sistema da qualidade;

  • 51

    d) Disposies relativas reviso e controle do manual.

    O manual da qualidade fixa os princpios e requisitos necessrios ao

    adequado funcionamento do sistema da qualidade a ser implementado.

    O planejamento do trabalho a ser executado por cada indivduo deve ser

    padronizado. Esse padro consiste em condensar idias e procedimentos a serem

    realizados. A garantia da qualidade e o aumento da produtividade so gerenciados

    atravs da padronizao.

    Esse manual da qualidade pode ser completo, quando contm a totalidade

    das atividades ou pode conter apenas parte das atividades, conforme definio do campo

    de aplicao. Sobre o manual da qualidade, Oliveira (1996, p.9), assim se manifesta:

    O manual da qualidade tem a finalidade de descrever o Sistema da Qualidade, implantado ou em implantao e padronizar as aes relativas qualidade, tornando-as independentes dos critrios e experincias de diferentes empregados. Os principais benefcios de um Manual da Qualidade so: Estabelecer e documentar as diretrizes bsicas da empresa para garantir a Qualidade de seus produtos; Implantar um sistema da Qualidade; Acumular e documentar a experincia da empresa; Definir um roteiro para treinamento de novos funcionrios; Documentar a evoluo das atividades e dos procedimentos; Demonstrar o atendimento do seu sistema da Qualidade; Definir fluxos e informaes; Prover a base documental a ser usada em auditorias da Qualidade (OLIVEIRA, 1996).

    Na estrutura empresarial, encontram-se os diversos nveis de funes e

    responsabilidades organizacionais: o nvel estratgico, voltado para as determinaes,

    com definies sobre o que fazer. O nvel ttico, envolvendo os meios empregados para

  • 52

    o desenvolvimento das atividades, estabelecendo como fazer. No nvel operacional, so

    condensadas as tarefas de execuo.

    A documentao do sistema da qualidade descrita em manuais;

    procedimentos; instrues; especificaes e padres, cuja finalidade estabelecer

    controlar e medir as polticas, os objetivos, metas e aes preventivas e corretivas, em

    todos os nveis organizacionais.

    Nesse contexto, so defendidas posies, atravs dos estudiosos do assunto;

    assim sendo, Oliveira (1996, p.83) classificou a hierarquia da documentao do Sistema

    da Qualidade, conforme demonstra a Tabela 1:

    TABELA 1 - Hierarquia da Documentao do Sistema de Qualidade

    Para Atender a Todos os Contratos Nvel da Organizao Documento do Sistema Objetivo

    ESTRATGICO Manual da Qualidade Corporativo e/ou Manual da Qualidade da Companhia (MQ)

    Estabelecer objetivos, Polticas, compromissos e a organizao do Sistema da Qualidade face aos requisitos necessrios.Estabelecem o que Fazer.

    TTICO Procedimentos Operacionais (PO)

    Desdobram o Manual da Qualidade da Companhia, estabelecendo como proceder, para atender aos controles funcionais e mant-los, face aos requisitos do sistema.

    OPERACIONAL Instrues de Trabalho (IT) Desdobram os Procedimentos

    Operacionais detalhando como executar os processos especficos: podem ou no chegar ao nvel da estao de trabalho.

    OPERACIONAL Desenhos(D) e Especificaes (EP)

    Indicam os detalhes e critrios de montagem, de instalao ou execuo e de aceitao de determinada atividade.

    OPERACIONAL Padres Operacionais (PO) Desdobram as instrues de trabalho,

    sempre que houver necessidade de aumentar a especificidade das tarefas: vai ao nvel de estao de trabalho.

    FONTE: Oliveira, 1996.

    O nvel estratgico representa a metodologia gerencial que estabelece a

    linha a ser seguida pela empresa, cujo objetivo a interao das reas com o ambiente

  • 53

    interno e externo.

    No ambiente interno, destacam-se: a tecnologia empregada, a concepo de

    desenvolvimento do produto ou servio, a forma de gesto dos recursos humanos,

    materiais e financeiros e a capacidade de identificao dos pontos fortes e pontos fracos.

    Para o ambiente externo, importante observar os fatores que afetam o

    negcio da empresa, sob a viso do mercado, verificando as relaes com clientes,

    fornecedores, analisando as foras competitivas em relao empresa, isto ,

    concorrentes diretos, novas empresas, substituies. Outro aspecto, so s inferncias da

    sociedade; neste caso, encontram-se: ao da empresa e o meio ambiente, ao do

    governo, sindicatos, comunidade, etc. Esses fatores permitem analisar as ameaas e

    oportunidades que a organizao possa sofrer, no presente ou no futuro e, por sua vez,

    estabelecer seu plano de ao que identifique claramente: O qu; Como; Quem;

    Quando, conforme demonstra quadro 5 modelo de formulrio para planejamento de

    aes:

    QUADRO 5 - Modelo de Formulrio para Planejamento de Aes

    PLANO DE AO

    Objetivo: Responsvel:

    Data: Setor:

    O QU COMO QUEM QUANDO

    FONTE: Moura, 1997.

  • 54

    Identifica-se, portanto, que, neste nvel, o planejamento ocorre com maior

    amplitude, as perspectivas so de longo prazo; envolve a organizao em sua totalidade,

    abrange recursos e reas com o objetivo de atendimento ao plano organizacional. A

    definio da cpula.

    No nvel ttico, a metodologia de ao possui como finalidade a otimizao

    da rea, com resultados almejados. direcionado ao tempo e tcnicas utilizadas na

    realizao da atividade.

    Neste nvel, o planejamento direcionado a um departamento ou rea da

    organizao e sua projeo no tempo ocorre para um mdio prazo; abrange recursos

    especficos e sua definio ocorre em nvel intermedirio de gesto, isto , um escalo

    abaixo da direo geral da organizao.

    O Nvel Operacional consiste na concretizao ou formalizao das

    metodologias de desenvolvimento e para implementao de resultados especficos a

    serem alcanados atravs das reas funcionais da organizao.

    O planejamento delineado para cada tarefa ou atividade. Sua abrangncia,

    no tempo, de certo prazo, s vezes imediato. Sua definio ocorre em nvel

    operacional, por atividade ou tarefa.

  • 55

    3.7 Gesto e Garantia da Qualidade (sistema da qualidade e evoluo histrica da ISO)

    Em 1979, foi criado um grupo de trabalho pela International Organization

    for Standardization - Organizao Internacional para Normalizao1 cuja misso ou

    tarefa era estabelecer um conjunto de normas com o propsito de atender padres

    mnimos de aceitao, referentes ao Sistema de Qualidade2 das empresas.

    Em 1987, quando foram editadas, pela primeira vez, as normas marcaram

    mudanas profundas nos conceitos de qualidade nas empresas. O conjunto de normas

    recebeu a denominao de ISO Srie 9000. Em junho de 1994, foram revisadas.

    Conforme Rebelo (1998), tudo iniciou devido percepo das auditorias

    internas, que, para avaliao e eficcia do Sistema da Qualidade, sugeriram Manuais da

    Qualidade e Procedimentos Internos das organizaes solicitantes.

    As auditorias externas, visando qualificao e certificao de empresas, a princpio na rea nuclear, foram realizadas conforme exigncias do 50-C-QA da IAEA (Agncia Internacional de Energia Atmica), 10-CFR-50 e MIL-Q-9858 (Normas Americanas) e ADHPO, AD-WO e DIN 8563 (Normas Alems); posteriormente, na rea convencional, com base nas Normas Canadenses CSA-Z-299) e, a partir de 1990, ainda no contexto convencional, conforme Normas internacionais da famlia ISO 9000 (REBELO, 1998).

    ISO , originariamente, do grego, significa igualdade, homogeneidade ou

    uniformidade, alm da sigla da International Organization for Standardization.

    1 Organizao no-Governamental composta por 110 pases, com sede em Genebra na Sua. 2 Sistema de Qualidade: estrutura organizacional, procedimentos, processos e recursos necessrios para implementar a gesto da qualidade (ISO 8402/94).

  • 56

    Motivadas por vrios fatores, as organizaes de todo o mundo aderiram, ao

    longo das ltimas duas dcadas, aos procedimentos e requisitos das Normas ISO. No

    Brasil, o rgo que regulamenta e coordena o processo a ABNT - Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas.

    Na luta pela sobrevivncia as organizaes montam e instalam sistemas de

    qualidade que asseguram o acompanhamento dos seus processos baseados em padres

    da ISO3.

    A srie ISO 9000 evolui possuindo, dessa forma, trs verses: a primeira

    verso, de 1987; a segunda verso, de 1994; e terceira verso, de 2000. Na verso ISO

    2000, destacam-se as famlias:

    NBR ISO 9000 - Sistemas de gesto da qualidade - Descreve fundamentos

    de sistemas de gesto da qualidade e estabelece a terminologia.

    NBR ISO 9001 - Sistemas de gesto da qualidade -Requisitos.

    NBR ISO 9004 - Sistemas de gesto da qualidade - Diretrizes para melhoria

    do desempenho.

    NBR ISO 19011:2002 - Diretrizes para auditoria de Sistemas de gesto da

    qualidade e/ ou ambiental.

    3 A certificao da ISO ocorre atravs de uma auditoria que avalia os requisitos das Normas impostas pelas Diretrizes emanadas dos rgos acreditadores da certificao da qualidade.

  • 57

    3.8 Vantagens da Certificao ISO

    A normalizao constitui-se de atividade que estabelece, em relao a

    problemas existentes ou potenciais, prescries destinadas utilizao comum e

    repetitiva, com o propsito de obter um nvel adequado de qualidade.

    Dentre os objetivos da normalizao destacam-se: na economia, na

    comunicao, na segurana, proteo ao consumidor e eliminao de barreiras tcnicas

    e comerciais.

    Na economia, a normalizao inviabiliza a crescente expanso de variedades

    de produtos e de procedimentos praticamente idnticos. Neste particular, ocorre a

    uniformizao dos referidos procedimentos.

    Na comunicao, favorece meios mais eficientes na troca de informaes

    entre o fabricante e o consumidor, estabelecendo uma confiabilidade nas relaes.

    Na segurana, percebe-se a proteo vida e sade humana. Na proteo

    ao consumidor, essas informaes auxiliam na conscientizao dos direitos dos

    indivduos, em prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos

    produtos e servios.

    Na eliminao de barreiras tcnicas e comerciais, tratando-se de normas

    internacionais, evita-se o desconforto para os exportadores em regulamentos

  • 58

    conflitantes sobre produtos e servios em diferentes pases.

    A certificao ISO 9000 traz benefcios aos fabricantes, ao exportador, ao

    governo e aos consumidores. Para que o fabricante conquiste a certificao, torna-se

    necessria a implantao eficaz de sistemas de controle e de garantia da qualidade; esse

    fato proporciona melhorias nos processos produtivos e reduo de custos, contribuindo,

    dessa forma, com a capacidade competitiva. Outro aspecto, a ser considerado o

    investimento que os fabricantes fazem em pesquisa e desenvolvimento de novas

    tecnologias e produtos. Nesse sentido, os clientes tambm ganham.

    O exportador beneficia-se na medida em que sua certificao fornecida

    por rgo reconhecido no mercado externo; esse fato elimina a exigncia de aplicao

    de normas dos pases de destino e/ou normas internacionais, ficando o exportador,

    portanto, protegido de barreiras tcnicas ao comrcio.

    Ao governo, a certificao constitui um instrumento utilizado para a criao

    de infra-estrutura tcnica adequada que auxilie o desenvolvimento tecnolgico,

    constituindo um melhor nvel de qualidade dos produtos industriais nacionais. Esse

    processo evita, por parte do governo, o incremento de controles obrigatrios

    desnecessrios e de difcil acompanhamento. Um fato positivo ainda, o auxlio no

    desenvolvimento de polticas de proteo ao consumidor.

    Para o consumidor, o produto e/ou servio certificado inspira maior

    confiana e segurana. Dessa forma, a referida certificao um instrumento eficaz que

    permite ao consumidor identificar e escolher ou opinar por produtos e/ou servios

  • 59

    menos prejudiciais sade; ao meio ambiente, enfim, consoante normas nacionais e

    internacionais. Alm desses aspectos, permite uma relao favorvel entre qualidade e

    preo, assegurando, ainda, a garantia de troca e conserto.

    Para implantao do sistema da qualidade torna-se necessrio um

    diagnstico para identificao do nvel de qualidade, isto comparar procedimentos

    frente aos padres de referncia. A fase seguinte de planejamento e implantao do

    sistema, sendo necessrios definio de diretrizes e metas de ao.

    Algumas caractersticas devem ser observadas para que o planejamento seja

    o mais adequado possvel. Dessa forma, necessrio que o sistema seja concebido de

    forma a permitir melhorias, pois a dinmica deve ser constante. O trabalho de equipes

    ou de grupos mais rico do que o trabalho isolado e individual. A centralizao diminui

    a flexibilidade. A comunicao deve ser disseminada a fim de aumentar a

    conscientizao dos indivduos que participam da organizao. O treinamento a

    melhor forma de adquirir bons resultados. Torna-se necessrio avaliar ou medir o que

    est sendo realizado.

    3.9 Auditorias da Qualidade

    A auditoria utilizada como ferramenta para salvaguardar ativos e, desta

    forma, assegurar a riqueza, isto , o prprio patrimnio. Para S (1998, p.28), O que se

    busca , pelo exame analtico e sistemtico das realidades, opinar sobre situaes, sobre

    o todo da riqueza, ou sobre campos ou conjuntos especficos de funes dos

    componentes do patrimnio .

  • 60

    Conforme o objetivo da anlise, os exames podero estar voltados

    qualidade de produo e/ou venda de produtos, assim como da prestao de servios.

    Segundo Rebelo (1998, p.14), o objetivo maior desse tipo de auditoria

    avaliao da eficcia e adequao do sistema da qualidade implantado ou em

    implantao. Sobre o conceito de auditoria Rebelo (1998, p. 20) enfoca:

    Auditoria da qualidade - Exame sistemtico e independente, para determinar se as atividades da Qualidade e seus resultados esto de acordo com as disposies planejadas, se estas foram efetivamente implementadas e se so adequadas consecuo dos objetivos (REBELO, 1998).

    A auditoria voltada para o ambiente organizacional denominada auditoria

    administrativa. Dessa forma, exercida sob dois enfoques: o primeiro, no passado e

    presente, ligado auditoria operacional e o segundo, no passado e no futuro, voltado

    para a auditoria de gesto.

    Nesse contexto, auditoria funo organizacional de reviso, avaliao e

    emisso de opinio quanto ao ciclo administrativo (planejamento/execuo/controle) em

    todos os momentos/ambientes das entidades (GIL, 1992, p.13). Os objetivos dessa

    auditoria encontram-se em avaliar aderncia aos instrumentos normativos, na

    verificao da adequabilidade das normas operacionais, na contribuio para a

    otimizao dinmica operacional, tudo em prol da estimulao da qualidade. Observa-se

    que esses conceitos encontram-se relacionados ao gerenciamento dos processos.

    Segundo a NBR ISO 8402 define-se auditoria da qualidade:

  • 61

    Exame sistemtico e independente para determinar se as atividades da qualidade e seus resultados esto de acordo com as disposies planejadas, se estas foram efetivamente implementadas e se so adequadas consecuo dos objetivos (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 1995).

    3.10 Certificao e Registros dos Sistemas da Qualidade

    A certificao e registros dos sistemas da qualidade constituem-se em uma

    tendncia crescente no mercado mundial na exigncia da capacidade dos fornecedores

    no atendimento aos requisitos bsicos especificados pelas normas ISO srie 9000, cujo

    processo de certificao ocorre via auditoria de 3. Parte, ou seja, auditoria realizada por

    um organismo de certificao independente, com objetivo de avaliar e certificar ou,

    ainda, reconhecer o sistema da qualidade da organizao.

    O certificado beneficia a organizao medida que transparece ao mercado

    uma credibilidade maior nos produtos e servios, permitindo organizao uma

    vantagem competitiva.

    Os organismos de certificao credenciados obtm reconhecimento nos

    rgos de credenciamento dos diversos pases, a fim de que os certificados emitidos por

    eles sejam reconhecidos naqueles pases. Torna-se um reconhecimento regional;

    normalmente, os pases membros dos blocos econmicos reconhecem os certificados

    dos pases aliados aos respectivos blocos. Destaca-se, no Brasil, o Instituto Nacional de

    Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial - INMETRO.

    A avaliao e reviso da poltica da qualidade estabelecida pela

  • 62

    organizao, contendo a misso, a viso e as linhas gerais ou direcionamento, que so

    fundamentais na condio da fixao do envolvimento ou comprometimento da gesto

    ou alta direo com os princpios da qualidade, tem a ver com a prpria administrao.

    Essa posio reafirma as teorias da administrao que defendem princpios

    gerais para uns, ou critrios para outras, mas que so estabelecidos como: planejar,

    organizar, dirigir e controlar, etc. Nessa condio, o administrador denota a relao de

    causa-efeito, proporcionando a utilizao da criatividade, da habilidade para criar ou

    modificar procedimentos, cuja finalidade a obteno de resultados positivos para a

    organizao como um todo.

    Na teoria neoclssica, Fayol (apud CHIAVENATO, 1999) defendia os

    princpios ou funes do administrador como: prever, organizar, comandar, coordenar e

    controlar. Ao longo do tempo, firmaram-se como funes bsicas da administrao: o

    planejamento, a organizao, a direo e o controle, formando o que se denomina de

    processo administrativo que, para Chiavenato, (1999, p. 258) O planejamento bsico

    no processo administrativo, nele so fixados os objetivos a serem alcanados .

    Os referidos objetivos so relacionados aos objetivos gerais da empresa ou,

    ainda, a determinadas reas ou projetos especficos.

    Os objetivos seguem uma hierarquia que vai dos gerais relacionados

    organizao at os operacionais, estes envolvendo instrues e rotinas. Dessa forma,

    Chiavenato (1999, p. 261) desdobra os objetivos:

  • 63

    Objetivos organizacionais - Estabelecimento dos objetivos da organizao. Polticas - Colocao dos objetivos como guias para ao Diretrizes - Linhas mestras e genricas de ao Metas - Alvos a atingir, a curto prazo, em cada rgo Programas - Atividades necessrias para cada meta Procedimentos - modos de execuo de cada programa Mtodos - Planos para execuo de tarefas Normas - Regras para cada procedimento (CHIAVENATO, 1999).

    No processo administrativo, a funo organizao encontra-se relacionada a

    organizar, estruturar e integrar os recursos e os rgos incumbidos de sua

    administrao (CHIAVENATO, 1999, p. 268).

    As funes administrativas funcionam interligadas. Dessa forma, a

    organizao depende das funes de planejamento, da direo e do controle. A funo