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Entrevista José Nilton Dourado da Silva, presidente da UBEC: “Projeto de reestruturação está parado”. >> p. 12 e 13 Artefato Ano 15 Número 5 setembro/outubro de 2014 CineDebate: sem público “É impressionante como o estudante universitário é pouco engajado e não vive o campus”, diz professor. >> p. 8 UCB entre flores e espinhos Confira matérias especiais sobre a crise >> p. 10 a 17 Beleza em novo jardim do Bloco Central >> p. 6 e 7

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Jornal-Laboratório da Universidade Católica de Brasília, ano 15, n.5

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Entrevista

José Nilton Dourado da Silva, presidente da UBEC: “Projeto de reestruturação

está parado”.

>> p. 12 e 13

ArtefatoAno 15

Número 5setembro/outubro

de 2014

CineDebate: sem público

“É impressionante como o estudante universitário é

pouco engajado e não vive o campus”, diz professor.

>> p. 8

UCB entre flores e

espinhosConfira matérias especiais sobre a crise

>> p. 10 a 17

Beleza em novo jardimdo Bloco Central

>> p. 6 e 7

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Taguatinga - DF, Setembro Outubro de 2014

Se há algo para consternar, que seja a dificuldade. Ela se acopla a outras desvirtudes, como o ócio ou desinteresse,

por exemplo, e empaca.

Atrapalha todo um processo, atrasa trabalhos, produção e interfere até na construção coletiva. Pior,

deslegitima o tempo.

Logo ele, tão precioso, imponderado. Amado por todos e odiado também, foi o principal alvo de nossas discussões.

Não te assustes com o que digo, digo com propriedade. Talvez assim seja por ser nossa primeira vez.

Crua, sem vícios.

Com sonhos e vicissitudes. Por alunos e professores que acreditam que podem construir o novo. E podem!

Por isso peço gentilmente, que acompanhe esse processo metamórfico. Leia, critique, opine, participe.

Esse é o valor que tem o nosso jornal. Prover você, caro leitor, de opinião.

Seja ela qual for.

Att.Amanda Rodrigues e Daniel Mangueira

Carta ao Leitor ArtefatoJornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da

Universidade Católica de Brasília

Ano 15, n. 5, setembro/outubro de 2014

Reitor: Dr. Gilberto Gonçalves GarciaDiretor da Escola de Negócios: Dr. Alexandre KielingCoordenador do curso de Comunicação Social: Dr. Luiz Carlos Assis IasbeckProfessores responsáveis: Me. Lunde Braghini Júnior e Me. Fernanda VasquesOrientação de fotografia: Me. Bernadete Brasiliense

Editores chefes: Amanda Rodrigues e Daniel MangueiraEditora de arte: Amanda CostaEditoras de Fotografia: Michele Mendes e Beatriz CarlosSubeditores de fotografia: Isabella Vieira, Manoel Neto, Gabriella Bertoni e Diogo NevesEditores de texto: Fernanda Pinheiro, Jéssica Duarte, Marina Maria, Guilherme Rocha, Eduardo Kirst e Gabriela CostaEditores web: Carolina Vajas e Gustavo GoesDiagramadores: Ana Paula Viana, Sabrina Pessoa, Yago Alves e Carolina MatosRepórteres: Alex Santos, Amanda Bartolomeu, Amanda Rodrigues, Ana Paula Viana, Beatriz Carlos, Bianca Amaral, Carolina Matos, Carolina Vajas, Daniel Mangueira, Eduardo Kirst, Gabriela Costa, Jéssica Duarte, Jéssica Xavier, Juliana Macêdo, Michele Mendes, Patrícia Marques, Paulo Martins, Rafaela Brito, Sabrina PessoaFotógrafos: Adriene Ribeiro, Diogo Neves, Isabela Vieira, Gabriela Gregorini, Jelsyanne Albuquerque, João Pedro Carvalho, Lucas Lélis, Manoel Neto, Lorena Carolino, Mariane Paim, Nathalia Melo, Rodrigo Mendonça e Thiago Siqueira

Tiragem: 2 mil exemplaresImpressão: Gráfica AthalaiaUniversidade Católica de BrasíliaEPCT QS 07 lote 01, bloco K, sala 212Laboratório DigitalÁguas Claras, DFFone: 3356-9098/9237Site: pulsatil.com.brFacebook: facebook.com/artefatoucbAcervo: issuu.com/jornalartefato

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Nadadores da capital precisam quebrar recordes que foram

estabelecidos ainda no século passado para algum atleta local ter chance de chegar ao pódio nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Segundos deixam competidores a anos-luz das tão sonhadas medalhas.

O recorde brasiliense dos 100m livres ainda é de 1998, quando Tatiana Santos os nadou em praticamente 1 minuto. O tempo de Tatiana fica a 7 segundos da marca de Ranomi Kromowidjojo. Holandesa descendente de

A segundos do recorde,a anos-luz de medalhaComparação entre recordes mundiais e brasilienses mostra distância entre o sonho de ganharuma medalha em 2016 e a realidade dos resultados

Esporte 3Artefato

por Jéssica Duarte

surinameses e javaneses, Ranomi é três vezes medalhista olímpica de ouro, com triunfos nos jogos de Pequim, 2008, e Londres, 2012.

Nas piscinas do DF, em 2010, Ricardo Machado ficou longe, a 5,15s, do recorde mundial dos 100m livres. Mas consola saber que o recorde que até hoje se mantém – 46,91s, em 2009 – é de César Cielo, ganhador, em Pequim, da primeira medalha de ouro olímpica brasileira e ainda sinônimo da esperança de nadar e não morrer na praia.

As piscinas olímpicas de

50m têm o tamanho da metade de um campo de futebol e em seus 25 metros de largura seria possível estacionar 14 carros lado a lado do modelo Fiat Palio. Divididas em 10 raias de 2,5 metros de largura, foi estabelecido que só as oito raias internas fossem usadas por ter menos formação de marola. Os atletas mais bem classificados largam nas raias 4 e 5, bem no meio, onde não há tanta interferência do movimento da água.

EsperançaNessas raias cabe um

brasiliense, sim, acredita Glauber Silva, importante competidor brasileiro que começou no esporte aos quatro anos devido a crises de bronquite.

O atleta brasiliense que foi afastado das competições após um exame de doping na Tentativa Olímpica acabou perdendo a vaga para os Jogos de Londres em 2012, justo no evento que conseguiu classificação, ao nadar 100 metros borboleta em 52,24s. Ficara a apenas a 1s66 do atual recordista americano Michael Phelps que realizou a prova em 50s58, de acordo com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

Glauber Silva não parou de treinar durante a suspensão. O fato de a competição ser sediada por nosso país aumenta as suas possibilidades, acredita. “Depois de 10 anos nadando por outros lugares, estou de volta à cidade onde quero terminar meu ciclo olímpico para 2016”.

“Treino de segunda a sábado, algumas vezes há treinos duplos no dia. Tenho acompanhamento na parte física e principalmente na psicológica”, diz o atual recordista brasiliense dos 50m costas – com muita responsabilidade às costas.

Jogos Olímpicos 2016

Foto

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Em Brasília, ainda há recordes estabelecidos em 1998

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Pessoas com limitações físicas ou mentais galgaram todos os degraus do

ensino, fundamental, médio e superior. Destacaram-se como alunos na universidade, mas estão desempregados.

Heron Luiz dos Santos, 38, faz parte dos 24,5 milhões de pessoas com deficiência no Brasil. Ao nascer, sofreu uma paralisia cerebral que compromete sua coordenação motora, sua dicção e seu caminhar. Superando estas dificuldades, ele se formou em Jornalismo pela Universidade Católica de Brasília – UCB, é membro da Tribo das Artes e autor de dois livros. Apaixonado pela profissão teve seu sonho interrompido após a conclusão do curso.

Formado em 2009, não encontra emprego. O mercado mantém as portas fechadas para ele, e não deixa sequer mostrar as experiências acadêmicas. “Me dói muito ficar parado, gostar tanto do jornalismo e não poder atuar”, desabafa o jornalista, apaixonado pela profissão que não o deixam exercer.

O art. 93 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, obriga a empresa com 100 ou mais funcionários preencher de 2 a 5% dos seus cargos por pessoas com alguma deficiência. “O Brasil é lindo na teoria, porque na prática é um inferno. Há preconceito com tudo, não nos dão oportunidades”, lamenta Heron.

O atendimento especializado que as bancas de concurso público

Egresso com deficiência sem empregoCasos como os de Heron e de Lucio colocam em xeque país “lindo na teoria, porque na prática é um inferno”

Mercado de Trabalho4 Artefato

por Ana Paula Viana

Exclusão

oferecem, no caso dele, deixa a desejar, pois com sua coordenação motora comprometida, sua escrita é demorada e o tempo de prova se torna curto “A minha dificuldade é o tempo de terminar a prova no horário, eu já desisti. Uma vez fui o primeiro a chegar e o último a sair”, conclui.

IndignaçãoOutra pessoa com deficiência

egresso na universidade, Lucio Jad, graduado em Publicidade e Propaganda, também reclama da falta de inserção do deficiente no mercado de trabalho e vê no concurso público a esperança para sair do desemprego. As dificuldades de Lucio também se baseiam no preconceito das empresas e nas dificuldades de acessibilidade aos locais. “Já fui fazer entrevistas em que não pude nem subir por não ter acesso a cadeirantes”, indigna-se.

O art. 2º da Lei 10.098/2000 garante a pessoa com alguma deficiência à “acessibilidade e a condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação.”

A desvantagem, além da dificuldade de ingressar no mercado, se encontra também na renda salarial dos que se empregam, cerca de R$ 100 a menos que a média geral, mesmo com uma carga horária de trabalho equivalente. Heron apresenta livro de sua autoria sobre Mário Eugênio

Foto: Gabriela G

regorini

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“História de vida e concepção de docentes surdos acerca das políticas de inclusão

na educação superior”. Este é o tema da dissertação de Mestrado defendida pelo professor, agora mestre, Falk Moreira, 39 anos, pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica de Brasília (UCB).

O trabalho de Falk mostra como o docente surdo, que atua no ensino superior, pode ter seus direitos garantidos por meio de políticas públicas de inclusão asseguradas pela Lei 10.436/2002. “Trata-se de uma pesquisa qualitativa com base na metodologia da História de Vida, que procura dar voz e visão a um determinado grupo ou minoria social”, explica o mestre.

A pesquisa feita para a elaboração do trabalho contou com a colaboração de cinco professores surdos que trabalham em instituições de ensino superior do DF e ministram a disciplina de Língua Brasileira de Sinais.

“Os resultados apontaram histórias de vidas marcadas por obstáculos, mas também por luta, organização coletiva e superação”. Os dados também constataram condições precárias de trabalho e políticas de inclusão que atendem às necessidades dos surdos se mostrando ineficazes, seja por culpa da instituição ou do Estado.

Ensino superior acolhe mal os docentes surdosPrimeiro mestre surdo da UCB e da área de educação do Distrito Federal estuda trajetórias de docentes surdos no ensino superior

Universidade 5Artefato

por Carolina Matos

BrilhanteA orientadora de Falk, professora

doutora Ranilce Mascarenhas Guimarães-Iosf, comenta que o processo de elaboração do trabalho teve de ser adaptado, pois ela não domina a língua de sinais. “No início, fiquei um pouco indecisa se aceitaria pelo fato de não dominar o idioma Libras. Mas depois pensei: trabalho com cidadania e ele é um estudante brilhante, vou aprender muito com essa orientação”, conta Ranilce.

“Eu acredito que o Falk contribuiu para que o Programa da Universidade Católica de Brasília se tornasse mais inclusivo. E mostrou para todos os surdos do DF e do Brasil que é possível entrar na academia, permanecer nela e fazer trabalhos de qualidade, sendo surdo ou não”, afirmou Ranilce.

Com apenas um ano e sete meses, Falk contraiu meningite. A doença provocou a surdez bilateral profunda, comprometendo totalmente a sua audição. Mesmo em uma família de ouvintes, Falk não se deixou abalar, apesar de, na época, as famílias serem aconselhadas pelo governo a não ensinarem libras.

Falk desenvolveu a habilidade de leitura labial, estudou em escola regular e mesmo com todos os obstáculos concluiu os estudos. Desde 2008, ministra a disciplina de Libras na UCB e, pelo menos, mais de 6 mil estudantes já

passaram pelos ensinamentos de Falk.O trabalho produzido pelo professor

e com orientação da professora doutora Ranilce Mascarenhas Guimarães-Iosf recebeu nota máxima da banca examinadora que, ao final da apresentação, sugeriu para Falk a publicação da dissertação.

Pouca cobrançaO cenário da inclusão de docentes

surdos na educação superior cria novos desafios, já que nem todas as Instituições de Ensino Superior (IES) possibilitam condições equitativas para que os profissionais surdos possam concorrer às vagas abertas, tanto em instituições públicas como privadas.

“A realidade social mostra que eles não apreendem facilmente conceitos que fazem rupturas no paradigma neoliberal e têm como base a competição e a produção”, afirma o professor. “Isso implica as perpetuadas questões de desrespeito às diversidades culturais que colorem e caracterizam o Brasil na sua composição de culturas diversas, isto é, formatando o multiculturalismo”, enfatiza.

Na pesquisa feita para a criação do trabalho não foi constatado um sistema de acessibilidade diferenciado para o docente surdo. “Não é fácil estar inserido num contexto no qual sua língua não é respeitada, ou seja, em um ambiente em que não há o mínimo de acessibilidade ante as necessidades do docente surdo, em especial, na área de comunicação”, diz Falk.

Após a pesquisa, fica claro que os docentes surdos ainda não têm uma postura de cobrança com as IES onde atuam, devido ao espaço ser pouco acessível e sem prioridade para a diversidade linguística. No trabalho do professor é possível identificar a falta de visão do sistema político social, ou seja, essencial para a formação do caráter de qualquer cidadão.

Com a criação da Lei 10.436/2002, o surdo no Brasil pôde lutar por seus direitos, por meio da inserção e permanência no ambiente acadêmico, seja como discente ou docente. Isso se deve ao reconhecimento da lei e, como consequência, de Libras como língua materna do surdo, facultando ao sujeito a conquista de sua identidade.

Inclusão

Falk Moreira é o primeiro pesquisador surdo formadopelo mestrado em educação da UCB

Foto: Jelsyanne Albuquerque

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O campus da Universidade Católica de Brasília, em Águas Claras, conta

agora com um novo jardim. A novidade localizada no bloco central tem despertado a atenção de quem passa. O projeto para a construção do novo espaço começou em meados de maio, mas só foi concluído no início de agosto.

A reforma só pôde ser iniciada no mês de junho com a liberação do espaço, após a saída da lanchonete Maria’s Café. O motivo da retirada teria sido o fim do contrato e o grande número de reclamações recebidas na ouvidoria da universidade, de pessoas que alegavam a difícil circulação na

área, já que o ponto é de grande movimento, pois conta com as instalações da copiadora Print, do banco Santander e do Atende.

Outros fatores alegados para a criação do jardim foram os problemas estruturais que o prédio do bloco central começou a apresentar, além da falta de circulação de ar e as questões relacionadas à aparência, já que o ambiente estava visualmente poluído.

Esforço coletivoNa construção do jardim

do bloco central toda a equipe trabalhou arduamente em alguma parte do projeto. Alguns auxiliaram na pintura das pedras e da areia, outros realizaram

o nivelamento do terreno e o restante da equipe contribuiu na colocação das plantas no local.

Os coordenadores do setor deram as diretrizes iniciais que o projeto deveria atender e então, os auxiliares, jardineiros, operadores e encarregados iniciaram as discussões de suas ideias, planejando o novo espaço.

João Domingos, jardineiro que trabalha há dois anos na universidade, acredita que este foi o jardim onde ele e seus companheiros mais trabalharam. “Eu trabalhei na parte de pintura das pedras, mas posso dizer pra você que esse foi o jardim mais trabalhoso de todos que eu já ajudei a fazer aqui na Católica”, disse.

Bem-estarDe acordo com Yara Regina

Oliveira, doutora em Urbanismo pelo Institut D’urbanisme de Paris e também professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da universidade, os jardins existentes na UCB demonstram um grande desejo do criador, ou criadores, em contribuir para o bem-estar de quem passa pelo campus.

“Os jardins, desde a antiguidade têm uma força de atração mitológica, estética, funcional no prazer, na proximidade do homem com a natureza, no alimento e em reguladores térmicos”, explica a professora Yara.

Segundo ela, “os da

Novo jardim se destaca no Bloco Central

Desenvolvido durante o recesso acadêmico, projeto mostra a força do trabalho quase anônimo dos jardineiros da universidade

Universidade6

por Eduardo Kirst e Gabriela Costa

Novidade

ArtefatoFoto: D

iogo Neves

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7

Universidade Católica têm um potencial grande de desenvolver uma lógica com mais força de expressão, pois as formas são contundentes e se aproximam de uma instalação artística, já que foram fundamentados no ritmo das plantas, ou seja, os vegetais são implantados como elementos de decoração e deverão ser constantemente trocados”.

VariedadeO novo ambiente conta com

três espécies de plantas distintas, que foram escolhidas respeitando o ambiente do jardim, que é frio e não conta com iluminação solar. Entre as variedades de plantas selecionadas estão a “Mussaenda”, conhecida cientificamente como “Mussaenda alicia”, as “Lágrimas de Cristo”, cientificamente chamadas de “Clerodendrum thomsonae” e também a “Arundina”, conhecida popularmente como “Orquídea de Bambu ou de jardim” e chamada cientificamente de “Arundina graminifolia”.

O local também recebeu “grama esmeralda” e pedras brancas que formam os traços curvos do jardim e são chamadas de “seixos brancos”. Na preparação do solo, a equipe responsável utilizou calcário, adubo e terra vermelha.

Para a aquisição das plantas e dos materiais necessários para a preparação do terreno, a Universidade Católica de Brasília, por meio do setor de compras, investiu cerca de R$ 7.420,00, mas, deste total, apenas R$ 5.000,00 foram utilizados. O restante do material será aplicado

em outros locais do campus.“Seria muito fácil

conduzirmos a área administrativa da UCB tendo recursos financeiros para isso, mas nosso setor não dispõe de grandes verbas, então nós precisamos remodelar os espaços solicitados buscando sempre o baixo custo em nossas obras”, explica Jailson João Barbosa, responsável pela gerência da Prefeitura da Universidade Católica.

DesanimadosVinte e seis funcionários

realizam a manutenção externa da Universidade Católica de Brasília, ou seja, são responsáveis pelo zelo dos jardins e pela poda de árvores e plantas. Eles trabalham em dois turnos: o primeiro trabalha das sete da manhã às 17h e o segundo das oito da manhã às 18h, ambos com duas horas de intervalo para almoço.

De acordo com alguns trabalhadores do setor, a média salarial da instituição está defasada, fazendo com que muitos deles procurem por outras oportunidades de trabalho.

O auxílio-alimentação diário não passa de sete reais e o salário mensal é de pouco mais de mil reais, sem contar os descontos na folha de pagamento. Para os auxiliares, a situação é ainda mais complicada, pois recebem cerca de R$ 800.

Com a defasagem nos salários e o serviço cansativo e pesado, muitos deles se sentem desanimados e não confiam mais nas promessas da instituição, já que há dez anos o setor recebe promessas de melhorias que não são cumpridas.

UniversidadeArtefatoFoto: D

iogo Neves

Jardim atrai olhares por contraste entre as cores

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Universidade Artefato8

Sessão do CineDebate teve gente de menosParticipação zero de estudantes faz professor lamentar falta de investimento dos estudantes na própria formação universitária

por Juliana Macêdo e Rafaela Brito

A primeira sessão do CineDebate do curso de Relações

Internacionais, realizada no dia 27 de agosto, programada para debater o filme Adeus, Lenin, não teve público. A iniciativa teve participação zero dos estudantes. A sala reservada para a exibição do filme contava apenas com a presença do professor Rogério Lustosa, responsável pelo trabalho, e das alunas Bianca Silvino e Geysa Sanchez, que ajudam na organização.

Inspirado pela sessão de cinema das Ciências Humanas da Universidade Paul Valery, da cidade de Montpellier, na França, o professor Rogério implementou um programa semelhante na Universidade Católica de Brasília (UCB). Nomeada CineDebate, a iniciativa do curso de Relações Internacionais busca promover discussões que instiguem a aquisição de conhecimentos e o pensamento crítico dos estudantes universitários.

Contudo, Lustosa encontrou algumas dificuldades. Enquanto na universidade francesa o programa foi bem sucedido, aqui os estudantes universitários não demonstraram nenhum tipo de interesse pela iniciativa. “Não

conseguimos encontrar um eco dentro da Universidade. É mais fácil atrair a participação de pessoas de fora da UCB do que dos nossos próprios alunos”, destaca o professor.

Os motivos que levaram ao fracasso do projeto, segundo Rogério Lustosa, estão muito além da Universidade Católica de Brasília. “É impressionante como o estudante universitário brasileiro é pouco engajado na atividade de realmente ser um estudante universitário. Ele não vive o campus, não tem política

estudantil”. A programação

do CineDebate prevê ainda a exibição dos filmes No e A Queda! As Últimas horas de Hitler, que abordam temas que contrapõem

tipos de política e debatem as consequências geradas por cada regime. Em Intocáveis, último filme a ser exibido, a temática envolve questões de multiculturalismo, divisão de classes e superação.

A iniciativa só deve continuar se houver a participação dos estudantes ou caso se tornet um projeto de extensão, que conte com a participação do público externo. “É desmotivador. O professor é vencido e vai dar a aulinha que eles querem: escrever no quadro. Se tiver que voltar para o ensino médio, a gente volta”, critica Lustosa.

Pensei: Vamos fazer o mesmo

no cerrado. Mas não dá certo. Faça pamonha

no cerrado

“ “

Rogério Lustosa

Indicações de RogérioLustosa, para ver e ler:

Livro: O outono do patriarca (1975)Autor: Gabriel Garcia Marquez

Livro: Por que os líderes mentem?Autor: John J. Mearsheimer

Filme: Good bye, Lenin (2003)Diretor: Wolfgang Becker

Filme: O homem das estrelas (1995)Diretor: Giuseppe Tornatore

Filme: Betty Blue (1985)Diretor: Jean-Jacques Beineix

Rogério Lustosa, professor do curso deRelações Internacionais e idealizador do CineDebate

Foto: Manoel N

eto

Cinema

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Aos quinze anos, sob nova direçãoApós 15 anos a agência júnior de publicidade da UCB enfrenta o desafio da primeira mudança na coordenação docente

Universidade 9Artefato

por Jéssica Xavier

Desde o início do mês de julho, o professor Gerson Scheid assumiu

a coordenação da Matriz, agência de publicidade junior da Universidade Católica de Brasília, que ganhou vigor e visibilidade pelos profissionais inseridos no mercado publicitário de Brasília.

Escolhido entre os professores de comunicação da Universidade Católica de Brasília, em eleição feita pelos membros efetivos da agência júnior, Gerson Scheid atuou em diversas áreas e possui

bagagem e conhecimento para encarar seu novo desafio em parceria com a equipe de alunos da Matriz.

A agência tem orgulho pelo histórico dos “ex-Matrizes” – como são conhecido os alunos que já passaram pela agência – que atuaram e atuam em renomadas agências nacionais, como Lew’Lara\TBWA, Giacometti Comunicação, Isobar Brasil, entre muitas outras.

AutogestãoA presidente da Matriz,

Gabrielly Sousa, explica que trabalham através de uma hierarquia seguida desde a sua fundação. “A agência é gerida por seus próprios estagiários. O presidente é responsável por gerir a equipe e a tomada de decisões de maior importância; o vice-presidente atua na administração da parte financeira da agência, os dois atuam juntamente com os diretores de cada departamento que são responsáveis por gerir suas equipes”, diz.

A chegada do novo coordenador agrega outras possibilidades às características bem sucedidas da Matriz, orientada desde a fundação pelo professor Ronaldo Carvalho. “Buscamos uma reformulação, um novo posicionamento junto aos clientes, às agências de publicidade e ao curso de comunicação social para conquistar maior força de marca e espaço no mercado publicitário”,

explica Gerson Scheid. Para adotar tais medidas,

foram executadas pesquisas com diferentes públicos, chegando a resultados motivacionais para o reposicionamento que será executado a partir de outubro.

Abertura do SemestreDentro da universidade,

a agência junior também é conhecida por ser organizadora de eventos tradicionais. No semestre inaugural do ano, promove a Abertura do Semestre da Matriz, quando os alunos de Comunicação Social podem frequentar uma semana de palestras com profissionais, além de diversas oficinas.

Os integrantes da Matriz afirmam que os preparativos da próxima edição da Abertura estão a todo vapor. A presidente Gabrielly já vende o peixe: “A próxima edição da Abertura do Semestre será incrível!”

A partir de outubro, a empresa júnior implementa ações de reposicionamento junto aos clientes

Foto: Beatriz C

arlos

Matriz

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Linha do tempo: de Nazareth a Gilberto

Primeiro diretor geral da UCB, prof. Nazareth ajuda a reconstruir a memória da Universidade e apoia as manifestações estudantis de abril

por Beatriz Carlos, Marina Barbosa e Daniel Mangueira

Crise10 Artefato

U m dos primeiros atos do novo reitor, Professor Doutor

Gilberto Gonçalves Garcia, foi participar da inauguração do espaço cultural Prof. José Nazareth, no dia 21 de julho, no intuito de homenagear o secretário geral da Universidade e primeiro diretor geral da Católica, entre 1974 e 1978.

Até os dias atuais, o professor Nazareth continua vinculado à UCB, onde sempre almoça no restaurante entre os blocos M e K. Ele nos contou a história da criação da Universidade desde 1972, quando dez escolas religiosas uniram-se para criar

uma mantenedora, a União Brasileira de Educação e Cultura (UBEC), parte necessária para a criação de uma instituição de ensino superior.

Dois anos após a criação da UBEC, começaram a ser ministrados os primeiros cursos das Faculdades Integradas Católicas de Brasília (FICB), embrião da Universidade. Por ainda não ter espaço próprio, as aulas eram ministradas em salas cedidas pelos colégios associados. Administração, Pedagogia e Economia eram os três cursos oferecidos.

Com a ideia de unificar os cursos e a estrutura acadêmica, a fim de se tornar uma Universidade, a UBEC comprou nos anos 1980 o terreno de 600.000 m² destinado a construção do campus I da Universidade Católica de Brasília.

No centro“Fomos mandados para

a periferia, mas como Deus escreve certo por linhas tortas, estamos no centro geográfico de Brasília”, disse o professor Nazareth. “Até nos ofereceram um terreno próximo a Universidade de Brasília (UnB), mas era muito pequeno. E já tínhamos em mente construir algo grande”, disse.

Ao longo de todos esses anos, o professor esteve sempre próximo à instituição. Mesmo no tempo em que se afastou dos cargos que ocupava, acompanhou a evolução e a consolidação dos cursos. Sobre as manifestações que ocorreram em abril deste ano devido à implantação de um novo sistema de ensino pela

mantenedora da Universidade, ele afirma: “Eu gosto muito da juventude de hoje em dia, vocês não foram por bagunça ou arruaça, apenas estavam atrás da educação em que acreditam e conseguiram o que queriam.”

Atual reitor da Universidade Católica de Brasília (UCB), Gilberto Gonçalves Garcia é doutor em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB) e preside a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE). Além disso, foi reitor do Centro Universitário Franciscano do Paraná, entre 1998 e 2007, e da Universidade São Francisco (USF), entre 2007 e 2009.

Foto: Faira Assis (D

ivulgação - UC

B)

História

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CriseArtefato 11

Padre José Teixeira daCosta Nazareth

Diretor-Geral (1974-1978)

Irmã Almerinda dos AnosDiretora-Geral (1978-1980)

Irmã Querubina SilvaDiretora-Geral(1980-1984)

Irmão Eugênio Alberto FossáDiretora-Geral(1985-1987)

Padre Wagner deOliveira Brandão

Diretora-Geral (1987-1988)

Padre Décio Batista TeixeiraDiretora-Geral(1988-1994)

Padre Décio Batista TeixeiraReitor

(1995-1999)

Prof º Dr. Guy CapdevilleReitor

(1999-2003)

Profª Drª Débora Pinto NiquiniReitora

(2003-2006)

Profº Msc. Padre José Romualdo DegasperiReitor (2007-2010)

Profº Dr Cícero IvanFerreira Gontijo

Reitor (12/05/2011 - 07/12/2012)

Profº Dr Ricardo Spindola MarizReitor

(07/12/2012 - 31/05/2013)

Profº Dr Afonso Celso Tanus GalvãoReitor

(29/05/2013 - 07/2014)

Profº Dr GilbertoGonçalves Garcia

Reitor (Atual)

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Crise12 Artefato

N a quadra 05, conjunto 13 do Park Way, os meios-fios do lote 08, ainda pintados com as cores da bandeira do Brasil neste pós-Copa do Mundo, direcionam a uma área residencial que abriga a estrutura

administrativa e tecnológica da União Brasiliense de Educação e Cultura (UBEC).

Lá, o irmão marista José Nilton Dourado da Silva, atual presidente da UBEC, mantenedora da Universidade Católica de Brasília (UCB), defendeu a proposta de reestruturação que acabou arranhando a imagem da UCB e manchando a da UBEC.

Em sua gestão, apenas o curso de Filosofia saiu do presencial e pulou para o virtual, mas o fato amedronta outros cursos. Afável, carregando no sotaque maranhense natural de Balsas, José Nilton é incisivo: “Se eu não fechar os cursos, o MEC fecha após três avaliações seguidas com notas baixas”.

Hoje a União Brasiliense de Educação e Cultura (UBEC) possui dez mantidas. Qual é a estrutura de poder da mantenedora e até onde ela vai dentro da nossa universidade?

José Nilton - Primeiramente, a UBEC interfere apenas na parte administrativa das mantidas, para manter a qualidade de ensino. Como toda mantenedora, a

Reestruturação ainda nos planos Na União Brasiliense de Educação e Cultura (UBEC), presidente defende mantenedora que sugeriu a polêmica reestruturação

por Sabrina Pessoa

UBEC

Quadro acompanha o presidente desde 1999, quando era diretor em João Pessoa

Foto: Sabrina Pessoa

estrutura de poder é composta em primeira instância por uma assembleia, da qual três representantes de cada congregação associada fazem parte juntamente com duas pessoas não religiosas que estão fixas na parte administrativa.

O projeto de reestruturação que acabou maculando a imagem da UBEC foi sugerido pela empresa de consultoria Carlos Monteiro (CM), que faliu a Gama Filho ao tentar uma reestruturação. A empresa ainda tem contrato com a mantenedora?

José Nilton - O projeto de reestruturação foi definido pela assembleia através de um diagnóstico negativo da Universidade Católica. Foi aplicado inicialmente na mantedora para depois ser desenvolvido de maneira distinta nas mantidas. É a reestruturação que queremos – e vocês vão ter que optar por isso, porque as concorrentes estão se adaptando e a nossa universidade vai ter que se adequar ao mercado. Ainda existe contrato com a CM e nunca tivemos problema algum com ela.

O polêmico projeto de reestruturação foi enterrado?

José Nilton - O projeto de reestruturação está parado, buscando que a

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CriseArtefato 13

universidade note a necessidade de passar por ele e não falar que foi algo imposto pela UBEC! Precisamos alinhar as faculdades, centro universitários, universidades e às concorrentes. Irá acontecer uma reunião com todos os reitores e diretores das mantidas para ver como vão caminhar. No próximo ano não vai entrar reestruturação. Se for entrar, será no fim de 2015 a partir de uma análise criteriosa das bases das universidades.

A implantação do projeto de reestruturação resultou em barulho da parte acadêmica. Os protestos ocorridos geraram que perda financeira para a universidade?

José Nilton - Alunos protestaram por conta da falta de comunicação. Todas as universidades do país tem que passar por uma reformulação de matriz curricular. Os alunos não estavam gritando por uma autonomia. A mantenedora nunca invadiu a universidade para ditar algo e nunca tirou a autonomia da UCB. Estavam lutando por uma independência, mas a UCB não consegue se manter sem a UBEC. Poderia criar uma estrutura de gerência, envolvendo, por exemplo, os reitores, pró-reitores e gerentes, mas a universidade é propriedade da UBEC em todos os aspectos. Não tem como você tirar uma casa de sua mãe. Não estou sendo contra o projeto, apenas a forma e o momento como foi implantado não foi o certo. Também não foi uma perda financeira, mas sim para a universidade toda.

Muitos alunos saíram da Universidade e por consequência esvaziaram as salas, resultando em fechamento de turmas e/ou cursos?

José Nilton - Saída dos alunos é algo comum em várias universidades, não creio que seja resultado dos protestos, não tenho esses dados. Se uma universidade concorrente é mais barata e tem um índice no ENAD maior que o da UCB, ela arrecada os alunos. Universidade do porte da Católica e com uma nota 2,9 favorece os concorrentes que cobram menos e têm uma nota maior. Esse Índice Geral do Curso deve subir para 4 ou 5. Existem cursos na UCB que não valem a pena. Não devem ser fechados, mas o que devemos fazer para que isso melhore? Deve ser realinhado o curso, a universidade está precisando de doutores em tempo integral, de RTI. Queremos ter um grupo de doutores e uma base de pesquisa, onde o aluno entre na graduação e a siga com seu projeto acadêmico até o final de um doutorado, por exemplo. O aluno que entra na graduação muitas vezes acaba saindo, mas se ele tiver essa continuidade de projeto acadêmico, ele será motivado e fidelizado.

O curso de Filosofia foi fechado presencialmente por conta da falta de alunos. Por que não investir em marketing para fisgar novos alunos e não fechar outros cursos?

José Nilton - Sendo profissional da área de marketing, posso afirmar que só se realiza marketing em algo que já esteja bom. As ações devem mostrar apenas o que é bom e não fazer propaganda enganosa de algo que não se tem. Então, não vale a pena investir em marketing na universidade para atrair novos alunos. Primeiro é necessário qualificar profissionais e dar sustentação ao curso.Se eu não fechar os cursos, o MEC fecha após três avaliações seguidas com notas baixas. Coisas que não são boas na sua vida, você corta.

Num curto espaço de tempo, a UCB já conta quatro reitores diferentes. A UBEC errou na seleção?

José Nilton - Nós temos uma empresa chamada Soma que faz uma seleção de currículo, analisa experiência no mercado e apresenta quatro ou cinco pessoas para que a mantenedora escolha uma.

Com a saída do Padre Romualdo, surgiram quatro pessoas indicadas pela empresa e foi escolhido o doutor Cícero. Ele não era do meio universitário, mas do meio jurídico. Professores universitários são extremamente ciosos do seu status, corpus, e a universidade não engoliu o Cícero. Os próprios professores e diretores o recusaram. “O cara não é daqui, trouxe duas pessoas que também não estavam dentro da universidade” – e deu no que deu.

Meu primeiro ato como presidente foi a demissão do Cícero e dos seus pró-reitores. Não foi porque eu quis, mas fui levado pela crítica da universidade. Bom, quem é a pessoa que dentro da Universidade que poderia responder pelo Cícero? Ricardo Spindola, que era o pró-reitor acadêmico. Diante de todo o processo, que foi muita coisa, não dava pra ir buscar a Soma porque a coisa era muito “psiu-psiu”.

Eu fui à Universidade no Campus 2 apresentar a situação para os diretores dos cursos e, ao falar do projeto de reestruturação, o professor Afonso se colocou a disposição. E eu disse: É o cara! Doutor, coordenador do curso, que veio da Inglaterra, que já queria que esse projeto fosse implantado. E foi o cara até o dia 6 de maio, quando ele rompeu.

O doutor Gilberto já tinha passado pela avaliação na época do Cícero, mas a assembleia optara pelo Cícero. Um currículo fantástico, faz um bom trabalho, é do Ministério da Educação, entende de educação e de regulação, presidente do Conselho... E eu digo: Se o Doutor Gilberto está aqui, eu vou buscá-lo. Enquanto estavam brigando lá – porque eu não briguei não, sou uma pessoa extremamente calma –, dizendo que a UBEC é isso ou aquilo, a única coisa a fazer era o movimento.

Fui ao Ministério da Educação e lancei o convite: Olha, não dá pro Afonso ficar... E como fui eu que fiz o convite, tinha que passar pela assembleia. Daí convoco uma assembleia. Tinha que receber uma autorização do provincial dele, já que ele não pertence as associadas. Teve um convite meu e do chanceler. E ele está aí. Acredito que agora as coisas vão andar.

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O ano em que a extensão universitária sucumbiu

Com a redução de verbas, extinção de diretorias e afastamento de cargos, trabalhos de extensão nãoestão inseridos no atual contexto da UCB. Eles estão sem previsão de retomada

Retrocesso

por Amanda Rodrigues

O ano de 2014 foi de crise na UCB e nas suas atividades de

extensão. A Pró-reitoria de Extensão (Proex) foi extinta, professores que coordenavam projetos acadêmicos de extensão foram afastados e não ocorreu a publicação de editais que abrem espaço à apresentação de novos projetos acadêmicos de extensão para cada curso.

Iniciativas classificadas como

serviços comunitários estão sendo interpretados e realizados como projetos de extensão vigentes, e não há registro de qualquer curso de extensão acadêmico ativo custeado pela universidade durante este ano. O único em execução é o dos “Empreendedores Informais”, do curso de administração, conduzido pelo professor Edson Kondo. Mesmo assim, porque tem financiamento externo.

No site da universidade são apresentados 13 iniciativas. Oito são da diretoria de projetos comunitários e cumprem o papel de assistencialismo interno. Os outros quatro estão listados na diretoria de programas de extensão, sendo eles o Alfabetização Cidadã, o Centro de Convivência do Idoso (CCI), o Ser+ e o Rondon, oriundo de uma parceria do Ministério da Defesa e opera em instituições de ensino

superior de todo o Brasil.O único projeto que teve seu

fim decretado foi o Programa de Arte e Cultura (PAC), uma parceria da UCB com o grupo Invenção Brasileira, que promovia oficinas de teatro, música e dança. A proposta do ex-reitor Afonso Galvão era de montar uma orquestra da Universidade, mas não foi colocada no papel. No site ainda consta o projeto, apesar dele não existir mais.

Crise14 ArtefatoFoto: Isabela V

ieira

Page 15: Artefato 9-10/2014

Críticas, cortes e formigas destruiram a Ilha da Sucessão

Já foi referênciaEm 2013 a UCB fechou

o relatório com 20 projetos executados de cada curso específico com o total de 8,5 mil pessoas envolvidas, segundo os documentos. O de maior interação foi o Projeto Museu Itinerante de História Natural, do curso de biologia, que alcançou 2,5 mil pessoas de Taguatinga, especialmente crianças do ensino fundamental.

A Universidade Católica de Brasília, única de iniciativa privada do Distrito Federal, já foi referência em extensão, com projetos e teve seu auge em 2011 com quase 30 projetos acadêmicos ativos com participação popular, de estudantes e professores.

No ano de 2009 foi criada uma cartilha da reitoria e pró-reitoria de extensão que descreve as diretrizes de extensão da Universidade Católica de Brasília, baseando seu compromisso educacional em duas leis, o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001 e no Sistema Nacional de Avaliação Superior de 2004.

De acordo com as diretrizes bases da educação nacional e curricular de uma universidade, consolidadas na constituição de 1988, a universidade é caracterizada pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, assinalado no artigo 207. Apesar de não haver um documento que trata especificamente da extensionalidade universitária, existem documentos setoriais que dirigem orientações às instituições de ensino superior.

Bom enquanto durou

Projetos que promoviam a cultura, estudo de casos específicos e até mesmo trabalhos

que já foram objetos de análise e conclusão de curso para muitos estudantes, que identificavam o cumprimento do papel social da universidade como o Ciranda, tiveram seu fim.

Segundo a diretoria de projetos acadêmicos e comunitários, o projeto Ciranda era diferenciado dos demais e interagia diretamente com crianças residentes no Areal. Teve início em 2009 e atendeu em todos os seus cinco anos de funcionamento, cerca de 3,4 mil crianças da comunidade no entorno. Ele nasceu para ser filantrópico, mas questionado no ano passado pela mantenedora sobre sua funcionalidade, a Universidade optou pelo encerramento. Não há perspectiva de retomada.

Outra sugestão experimental que teve seu fim foi a Ilha da Sucessão, que faz parte do Projeto de Educação Ambiental (PEA), implementado pelo professor Genebaldo Freire. A proposta era de acompanhar a sucessão ecológica de um local quando o gramado é retirado. Atualmente, a placa do projeto foi arrancada. e formigueiros tomam conta da área.

Segundo a diretoria, foi feito um estudo da ilha pela professora do curso de biologia e doutora em ecologia, Morgana Arcanjo Bruno. Ela alega que, da forma em que foi projetado na universidade, o estudo não correspondia com o parecer inicial. Isso porque a ilha está em área urbana e junto com sementes próprias do cerrado vinham também sementes que não são naturais da ecologia local. A contraproposta de plantar árvores e plantas nativas, no lugar onde outrora foi à ilha, não foi apresentada oficialmente.

CriseArtefato 15Foto: Lorena C

arolino

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Crise16 Artefato

Estudantes analisam nova situação

Ao barrar “reestruturação”, alunos da UCB contribuíram para a construção de um momentohistórico na instituição. Agora, analisam as incertezas do presente

por Bianca Amaral e Paulo Martins

Desde o final de 2013, a Universidade Católica de Brasília (UCB) anunciava

mudanças na estrutura. Reformulação dos currículos, proposta pedagógica, outra organização interna e mudança na carga horária estavam entre as propostas da reestruturação. O novo modelo, entretanto, não foi bem acolhido pela comunidade acadêmica que se sentiu agredida com a proposta e derrubou o projeto.

De acordo com Maxwel dos Santos, estudante do 7º período do curso de pedagogia da UCB e membro do Diretório Central dos Estudantes, a ausência da participação dos diversos atores da instituição, principalmente os alunos, na construção do novo modelo, foi um erro. “Nesse processo de reestruturação poderia ter algumas

Movimento Estudantil

coisas que fossem benéficas, mas isso não foi debatido com os estudantes”, argumentou Maxwel.

Outra liderança estudantil, Lício Jônatas, disse que a reestruturação prevista iria prejudicar o ensino na universidade. “Foi uma coisa imposta para a comunidade acadêmica, sem ninguém ter participado do processo de construção, com vários pontos prejudiciais, como a obrigatoriedade de 20% de matérias virtuais, mudanças nas grades curriculares de todos os cursos, mudança no horário das aulas, mudança de estrutura da universidade e a nova remuneração dos professores”, afirmou.

A insatisfação dos estudantes com o novo projeto educativo da UCB gerou uma série de manifestações e atos públicos na universidade. Em abril desse ano,

milhares de alunos ocuparam o Pistão Sul. A intenção era chamar a atenção dos gestores da mantenedora da instituição, a UBEC – União Brasiliense de Educação e Cultura, para buscar o diálogo com os estudantes e ouvir sua opinião acerca do projeto que se estava implantando na Católica.

De acordo com as lideranças do movimento estudantil, o que se está por detrás do modelo de reestruturação não é a educação como ponto primordial, mas um projeto financista, rentista com o propósito de ver a universidade obter lucro.

SucessõesNos três últimos anos, passaram

quatro reitores pela universidade. Para o estudante Maxwel, a rotatividade está diretamente ligada ao projeto

de reestruturação. “Esses reitores só estão sendo mudados porque o projeto que a mantenedora (UBEC) tem, não está sendo implementado por eles, ou por falta de força política, ou por equívocos, ou, ainda, por causa da força do movimento estudantil, que já conseguiu barrar isso algumas vezes”, disse ele. “Mas todas essas trocas só servem a único objetivo, ao nosso ver, é mais financeiro, voltado ao lucro e não à qualidade de educação”, concluiu Maxwel.

Lício Jônatas diz que a rotatividade de reitores na UCB é reflexo da crise instaurada entre a mantenedora e universidade. “A UBEC tem um projeto pra UCB, que não é um projeto de quem está na universidade. Quem a constrói no dia a dia, os estudantes, os professores e os técnicos administrativos pensam

Foto: João Pedro Carvalho

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CriseArtefato 17

de uma forma e a mantenedora pensa de outra, por isso a mudança dos reitores. Eles não conseguem implementar o que a UBEC quer, porque na universidade tem pessoas que pensam e questionam, e isso faz com que se troque de gestor a todo o momento para tentar conter o processo de crise na instituição”, declarou Jônatas.

Com as manifestações de abril e maio deste ano, o processo de reestruturação foi interrompido. De acordo com comunicado da reitoria para os alunos, o modelo em processo de implantação seria revisto e somente aplicado a estudantes que ingressassem na universidade a partir de janeiro de 2015, o que não impactaria na grade dos estudantes em curso ou que fizessem o vestibular no meio do ano, o que possibilitou um final de semestre mais tranquilo para os estudantes.

Eleição recordeUma das conquistas do

movimento estudantil, em meio à crise, foi a reestruturação do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Em maio desse ano, houve as eleições. Na disputa, estiveram presentes três chapas. Quase três mil alunos participaram do processo eleitoral, o maior registro de toda a história. Segundo a estudante do 8º período de psicologia, Carliene Cunha, o diálogo com a universidade até então estava fragilizado porque a reitoria não reconhecia o movimento estudantil. Com a eleição do DCE a representação dos estudantes passa a ser legitimada. “Precisávamos legitimar a representatividade dos estudantes junto a universidade, só assim pudemos ser ouvidos”, afirmou Carliene.

No retorno às aulas, estudantes, professores e funcionários foram pegos de surpresa com mudança na reitoria. O então reitor, professor

Galvão, pediu afastamento do cargo e retornou para a docência e pesquisa, no setor de pós-graduação em educação da universidade. Assumia o cargo, naquele momento, o professor Frei Gilberto Gonçalves Garcia. Em nota, o movimento estudantil reprovou a ação da mantenedora pela troca na reitoria.

“Nós estudantes acompanhamos de perto as dificuldades enfrentadas pela reitoria junto a mantenedora UBEC, que há algum tempo faz uma gestão autocrática, precarizando a universidade e dificultando o desenvolvimento do seu papel como tal. Os estudantes são ignorados em todos os processos institucionais e não lhes é facultado o direito a voz. Jamais lhes perguntaram sobre qualquer decisão acadêmica, mesmo sendo esses o principal motivo de existência da universidade”, afirmava a nota do DCE.

DesconfiançaDe acordo com Maxwel, o DCE já realizou dois encontros com o reitor. O objetivo foi conhecer o novo gestor da universidade e estabelecer um diálogo. Segundo o militante estudantil, Frei Gilberto foi bastante receptivo, mas os estudantes veem esse momento, ainda, com desconfiança. “A princípio ele é bastante receptivo, mas não mostra a que veio”, afirma Maxwel.

“Nossas desconfianças são de que a UBEC, mantenedora da universidade, só contratou ele porque tem um projeto e quer que ele o implemente. Temos que ver até que ponto ele vai querer implementar isso e com quais canais de diálogo”, questiona Maxwel. Segundo ele, o movimento estudantil não se coloca contra a reestruturação, apenas quer que todos os atores da universidade sejam consultados nesse processo, a fim de que a universidade tenha o rosto daqueles que a compõem.

ReivindicaçõesNa conversa realizada entre estudantes e reitoria, Frei Gilberto solicitou que o movimento estudantil apresentasse propostas concretas para a universidade. Desta forma, os estudantes realizaram no dia 28 de agosto um encontro promovido pelo Fórum do Movimento Estudantil/FORME e DCE. O resultado da reunião foi uma carta aberta à reitoria, com pauta propositiva do movimento estudantil. Entre as propostas destacam-se:

1

2

3

5

7

9

11

4

6

8

10

Paridade entre Discentes, Docentes e Reitoria nos conselhos universitários (CONSUN e CONSEP)

Retorno das monitorias remuneradas

Desburocratizar as bolsas da UCB e garantir a acessibilidade de outros beneficiados

Transparência nas receitas e despesas da UCB

Que orçamento da UCB seja aprovado e respeitado pela UBEC/Reitoria

Ampliação da rede bancária

Estacionamento gratuito para estudantes e funcionários

Melhoria na estrutura física (Ar Condicionado, redes wi-fi, projetores e computadores)

Maiores investimentos na Biblioteca

Implantação de lanchonetes em todos os blocos

Desburocratizar os espaços de comunicação interna

Page 18: Artefato 9-10/2014

Educação18 Artefato

O Distrito Federal tem 71 instituições de ensino superior. Quatro são

públicas e outras 67, particulares. A Universidade de Brasília (UnB), a Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) e o Instituto Superior de Ciências Policiais (ISCP) são as instituições públicas. As IES particulares são divididas entre as que têm e as que não têm fins lucrativos. No total, são 30 privadas sem fins lucrativos e 37 com fins lucrativos.

No DF, há duas universidades, a Universidade de Brasília e Universidade Católica de Brasília; seis centros universitários, Uniceub, UDF, Uniplan, Iesb, Unieuro e Facitec; um instituto, o Instituto Federal de Educação; e outras 62 faculdades. As instituições de ensino superior, primeiramente, são credenciadas como faculdades. O credenciamento como centro universitário ou universidade acontece posteriormente.

Mais exigidas do que as outras IES, as universidades

Sistema de educação superior exibe desproporçõesCondição de única universidade privada no Distrito Federal não livra a UCB de concorrer com oferta crescentede cursos presenciais e virtuais

por Gustavo Goes

• Administração – 98 cursos (27 virtuais) • Arquitetura e Urbanismo – 15 cursos • Biomedicina – 5 cursos• Ciência da Computação – 10 cursos• Ciências Biológicas – 25 cursos• Ciências Contábeis – 59 cursos (20 virtuais)• Ciências Econômicas – 12 cursos (5 virtuais)• Jornalismo – 9 cursos• Publicidade e Propaganda – 8 cursos• Direito – 26 cursos• Educação Física – 28 cursos (4 virtuais)• Enfermagem – 23 cursos (2 virtuais)• Engenharia Ambiental – 1 curso• Engenharia Civil – 17 cursos (1 virtual)• Farmácia – 28 cursos• Filosofia – 18 cursos (9 virtuais)• Física – 5 cursos (1 virtual)• Fisioterapia – 21 cursos• Letras - 38 cursos (17 cursos)• Matemática – 67 cursos (40 virtuais)• Medicina – 5 cursos• Nutrição – 26 cursos• Odontologia – 9 cursos• Pedagogia – 186 cursos (103 virtuais)• Psicologia – 24 cursos• Relações Internacionais – 16 cursos• Serviço Social – 65 cursos (44 virtuais)• Sistema de Informação – 30 cursos

se caracterizam pela indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão. São instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano.

ConcorrênciaUm retrato da oferta de cursos

no ensino superior do DF mostra que, à exceção de engenharia ambiental, a Universidade Católica de Brasília convive com a concorrência de várias IES do DF e mesmo de fora do DF, na plataforma virtual:

Ensino Superior

As universidades se caracterizam pela indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão - e são apenas duas

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Page 19: Artefato 9-10/2014

PolíticaArtefato 19

Candidaturas brancas são maioria no DFAlém de homem, casado, servidor público e de nível superior, candidato dominante no Distrito Federal se declara branco

por Patrícia Marques

Preto, pardo, branco amarelo ou indigena? Nas eleições de 2014, responderam

à pergunta por meio de uma autodeclaração obrigatória.

Os autodeclarados pretos no Distrito Federal somam apenas 10% de um total de 1.195 candidatos que disputam as eleições esse ano. O Artefato realizou a pesquisa nos perfis do banco de dados do Tribunal Regional Eleitoral. 37% dos candidatos se autodeclaram pardos e 52% se reconhecem como brancos.

Os dados complementam o perfil dos candidatos a deputado distrital

e federal, a senador e a governador divulgado pela imprensa. O candidato dominante no DF é homem, casado, servidor público, de nível superior e, agora sabemos, branco.

A participação de negros (pardos e pretos) e brancos nesta eleição ainda não coincide com a presença de cada grupo racial na população. Os negros estão sub-representados e os brancos super-representados. Segundo o censo de 2010, os pretos e pardos correspondem a 51% da população.

“O Brasil é um país de negros. De uma forma geral, o racismo tem feito historicamente que as pessoas

negras não participem de forma ativa e plena na sociedade brasileira. Um dos espaços em que o racismo atua de uma maneira muito forte é a política”, avalia a professora Isabel Clavelin, da UCB, que dá aulas sobre sistemas e política em comunicação.

“Existe um preconceito no parlamento, e ele está absolutamente caracterizado. É óbvio que não temos a possibilidade de 200 milhões de pessoas atuarem todos os

dias no parlamento, por isso temos uma democracia representativa. A representação democrática dá sinais de esgotamento em razão desse processo de seleção e escolha desses representantes (homens e mulheres)”, afirma Isabel.

Em 2010 o Congresso Nacional elegeu 43 deputados e deputadas negros, chegando ao número total de 8,5% de representantes negros no parlamento brasileiro.

Eleições Gerais 2014 DF-1º Turno – 05/10/2014

COR/RAçA CANDiDAtOS DF PROPORçãO CENSO DF 2010

Amarela

Branca

Parda

Preta

Indígena

01

622

02

450

120

0,08

52,05 41,2

37,66

10,04

0,17

0,6

51,2

6,8

0,6

Eleições no DF

Page 20: Artefato 9-10/2014

A maioria dos candidatos ao governo e ao Senado no Distrito Federal

não divulgou em seu perfil no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o comprovante de escolaridade. Rodrigo Rollemberg (PSB) é o único entre os seis candidatos ao governo que tem seu diploma no portal do TSE. Ele é formado em História na Universidade de Brasília (UnB). Dos candidatos ao Senado, apenas José Reguffe (PDT) anexou o diploma de graduação, em Comunicação Social, pelo Instituto de Educação Superior (IESB).

O tribunal divulga em seu site o perfil de todos os candidatos à eleição de 2014. Os eleitores podem ter acesso a informações básicas do candidato, além de declarações de renda, certidão criminal, e nível de escolaridade. No entanto, não é fácil descobrir em qual instituição o candidato se formou.

A lei não exige diploma. Apenas diz que os analfabetos são inelegíveis. Basta o candidato dizer que não é analfabeto. A lei também não define o que é ser analfabeto. Para o Tribunal, compete ao juiz eleitoral analisar o pedido de registro e questionar ou não o nível de escolaridade.

GDFEntre os seis candidatos

ao governo do DF, cinco deles possuem nível superior completo, e apenas um possui nível superior incompleto.

Declaram-se graduados, mas não apresentam diplomaEleições

Sem a informação, não é fácil descobrir em que são formados ou qual instituição, pública ou privada, fez a cabeça dos candidatos a governador e senador

por Michele Mendes

Rollemberg e Perci Marrara (PCO) são os únicos que possuem diploma superior em instituições de Brasília. Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR) se graduaram em outros estados. Perci Marrara, segundo o site www.eleiçoes2014.com.br, é formada em jornalismo no Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB).

Antônio Carlos de Andrade (Toninho do PSOL) é formado em psicologia pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ). O candidato Luiz Carlos Pietschmann (Pitiman) é o único que não possui nível superior.

Segundo o mesmo site, eleições2014, Agnelo tem graduação em medicina pela Universidade Federal da Bahia. Arruda informa em sua página do Facebook que é graduado em Engenharia Elétrica pela Escola Federal de Engenharia, em Itajuba, Minas Gerais (MG).

SenadoAlém de Reguffe, que

comprova a escolaridade, apenas o candidato Aldemario Araujo Castro (PSOL) disponibiliza sua formação acadêmica em seu site de campanha. Aldemario é graduado em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e possui mestrado em Direto pela Universidade Católica de Brasília (UCB), onde leciona.

Segundo o candidato, o diploma de graduação e mestrado foi entregue ao seu

partido. “A gente entrega para o partido e o partido que faz esse perfil. Eu entreguei o diploma de graduação e também o de mestrado. O candidato tem que apresentar seu currículo para o eleitor em seu site. É direito do eleitor, como ele vai votar em alguém que não conhece?”, disse o candidato.

Expedito Mendonça (PCO), Geraldo Magela (PT), Jorge Afonso Argelo (Gim Argelo), do PTB, não comprovam o nível de escolaridade em seu perfil do TSE com o anexo e nem disponibilizam em seu site sua formação acadêmica.

Robson Raymundo da Silva (PSTU), Sandra Sueli Quezado Soares (PSDB) e Jamil Magari (PCB) não informam no perfil do TSE seus sites de campanha eleitoral e nem disponibilizam

em anexo o diploma, mas todos declaram ter nível superior.

De acordo com o site do TSE, entre todos os candidatos do Distrito Federal, 55,65% possuem nível superior, 8,54% superior incompleto e 23,68% apenas o nível médio completo.

Segundo a assessoria do tribunal, o comprovante de escolaridade deve ser entregue junto com o pedido de registro do candidato, prazo encerrado no dia 5 de julho. A lei das eleições § 4º diz que a ausência do comprovante de escolaridade a que se refere o inciso IV do caput poderá ser suprida por declaração de próprio punho, podendo a exigência de alfabetização do candidato ser comprovada por outros meios, desde que individual e reservadamente.

Aldemario comprova formação acadêmica em seu site

Política20 ArtefatoFoto: A

driene Ribeiro

Page 21: Artefato 9-10/2014

PolíticaArtefato 21

A equipe que o candidato a deputado distrital Eduardo Pedrosa, sobrinho da

candidata à deputada federal e empresária Eliana Pedrosa, reúne na cidade satélite do Gama é de aproximadamente 60 pessoas, que se dividem entre a região administrativa e o Engenho das Lajes. Além dessa equipe, existem mais 33, espalhadas por várias cidades satélites do Distrito Federal.

A maioria dos integrantes são pessoas desempregadas que encontram uma forma de ganhar alguma renda com o trabalho temporário. Caso da Rosinélia Batista, 22 anos, que não estava fazendo nada em casa e acabou aceitando o convite do coordenador da equipe do Gama, para trabalhar durante esse período. Uma jornada de

4h de trabalho, durante um mês, resulta em R$ 400 no bolso do cabo eleitoral.

Além disso, como o candidato

trabalhador temporário levanta as bandeiras

Eleições

Equipes que candidatos montam para divulgar suas campanhas ouvem “propostas indecentes” e não acreditam muito na política e nos candidatos, à exceção dos seus

por Amanda Costa

é empresário, caso apareçam oportunidades de empregos que se encaixem no perfil dos cabos eleitorais, eles receberão a preferência dentro das empresas da família. Everaldo Braga, 39 anos, também trabalhando na campanha, diz que está muito feliz, que é um homem humilde, e só deseja um espaço para trabalhar na área da limpeza.

Apoio “real”O trabalho do dia 26 de agosto

é concentrado na Vila Roriz. Em torno de 17 pessoas vão para as ruas, com bandeiras, “santinhos”, placas e adesivos para falarem sobre o candidato. Eduardo, presente, acompanha todo o processo. Os cabos eleitorais vão à frente, conversando com os moradores sobre as propostas do jovem candidato, e em seguida ele chega para um bate papo

mais direto com os eleitores.

T a l y s o n Rocha, 20 anos, estudante de Educação Física na Universidade Paulista (Unip), começou o trabalho pela renda-extra no final do mês,

mas acabou se interessando mais pela política. Diz que realmente está apoiando o candidato e acreditando em seu plano de governo.

Coordenador de campanha recolhendo materialde rua após agenda

Foto: Thiago Siqueira

Candidatos investiram em equipes no Gama

Foto

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“Nunca me interessei por política, só apoio o Eduardo. Não apoio nenhum outro candidato. Acho que o maior erro do governo é não testar novos candidatos. Existem muitos candidatos novos que merecem uma chance, mas os eleitores ainda preferem continuar votando nos antigos”, relatou o jovem estudante.

Dia 27 de agosto, é dia de acompanhar o trabalho do candidato a deputado federal Policarpo, do PT, na região administrativa do Gama. A casa de apoio principal fica localizada ao lado da rodoviária do Gama, mas, além do local ele conta com apoio no comitê de mais 6 candidatos a deputados distritais, somente nessa cidade satélite, além do trabalho que vem sendo desenvolvido em outras regiões administrativas.

Na principal casa de apoio, a equipe tem em torno de 10 cabos eleitorais. Durante a semana, eles panfletam nas rodoviárias e espalham cavaletes com a propaganda do candidato por toda a cidade.

Proposta indecenteLeonardo Veloso, 20 anos,

estudante de gastronomia na Unieuro, relata que já trabalhou em

três campanhas eleitorais, sendo uma delas, em Goiás.

“Só estou trabalhando por causa do dinheiro. Mas também irei levar as amizades que fiz aqui. Acredito que para ocorrer mudança na política é preciso colocar pessoas jovens à frente do governo”, afirma o jovem.

Em meio a tantas estrelas, números 13 e cor vermelha, chega uma senhora, por volta dos seus 60 anos, com uma proposta para os cabos. Em troca de 8 votos, ela pede apenas R$380 reais e uma cesta básica. A conversa se alonga e um dos cabos eleitorais sai da casa de apoio com a autora da “proposta indecente”.

Composta em sua maioria por jovens, a equipe põe ênfase no fato de o candidato não ter faltado a nenhuma reunião do Congresso. Maicon Marques, 23 anos, ensino médio completo, realiza o trabalho pelo dinheiro. Vota em Policarpo, já no governador Agnelo frisa que jamais votaria.

“Antigamente petista morria petista. Hoje em dia, não. Se a pessoa vota no Policarpo, não significa que o voto dela também seja da Dilma e do Agnelo”, diz.

Page 22: Artefato 9-10/2014

Entrevistas com presidenciáveis geram críticas

Apresentadores do Jornal Nacional roubam a cena durante entrevistas. Postura é questionada por especialista

por Alex Santos e Amanda Bartolomeu

Eleições

A participação dos candidatos à Presidência da República no Jornal

Nacional foi tema de discussões. A relação entre entrevistadores e entrevistados aqueceu o debate em espaços públicos, universidades e redes sociais. Qual o limite para se estabelecer uma interlocução entre jornalistas e fontes?

Os quatro candidatos à presidência do país, com melhor atuação nas pesquisas do Datafolha e Ibope, participaram do quadro com ordem estabelecida por sorteio, acompanhada de representantes das campanhas. Aécio Neves (PSDB), o primeiro na segunda-feira, 11 de agosto. Na terça-feira, 12, esteve presente Eduardo Campos (PSB) em seu último ato político antes do acidente. Pastor Everaldo (PSC), terça-feira, 19. A presidenciável Dilma Rousseff

na segunda-feira, 18, em Brasília. Já Marina Silva (PSB) compareceu na bancada do JN, quarta-feira, 27, após assumir o lugar de Eduardo Campos.

Após o fim de todas as entrevistas para o “Jornal Nacional”, os apresentadores Willian Bonner e Patrícia Poeta tiveram uma média de 30 interrupções feitas durante as respostas dos candidatos. No total, os apresentadores consumiram por volta de um terço dos 15 minutos com perguntas, observações e pausas.

A primeira participação do quadro, com o candidato Aécio Neves, Bonner falou durante cerca de 3 minutos e Poeta chegou perto dos 2 minutos. Analisando também a entrevista de Eduardo Campos, o tempo usado pelos apresentadores foi ainda maior, chegando a mais

de 4 minutos e meio. Na entrevista com Dilma

Rousseff, o âncora do Jornal Nacional fez 21 interrupções. A palavra “corrupção” ou questionamentos que abordaram o tema foram apontados pelos apresentadores dez vezes na entrevista com a petista, sendo três na do tucano e nenhuma na participação do candidato do PSB.

Marina Silva, por exemplo, usou cerca de 10 minutos do tempo e o restante foi utilizado pelos apresentadores do telejornal. Foram seis perguntas feitas para acandidata, que consumiram mais de cinco minutos do tempo total. Marina extrapolou o tempo em 16 segundos, enquanto a candidata Dilma Rousseff, do PT, ultrapassou 50 segundos. Candidata do PSB, quando questionada

sobre o desempenho nas eleições passadas no estado do Acre, Marina do PSB não respondeu diretamente e utilizou a oportunidade para falar sobre sua “difícil’ história política, dando ênfase de que “é muito difícil ser profeta em sua própria terra”. Ela redirecionou a seriedade da questão, para um lado emocional, com a justificativa de ter participado de um partido pequeno.

Críticas e desviosA atuação do âncora do Jornal

Nacional, Willian Bonner, gerou muita repercussão e foi motivo de criticas nas redes sociais. Piadas, montagens cômicas, brincadeiras de todos os tipos não faltaram. A entrevista com a atual presidente Dilma esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter.

As interrogações realizadas

Política22 ArtefatoFoto: Ichiro G

uerra (Divulgação)

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pelos jornalistas foram muitas vezes desviadas de foco principal. Os candidatos respondiam com argumentações e davam voltas em torno de questões que geraram tensões ao longo das entrevistas. As perguntas “quentes” acabaram sendo negligenciadas.

Os diálogos entre jornalista e presidenciáveis podem ser comparados a uma luta de “sumô”, ou seja, a bancada do jornal se transformou num verdadeiro ringue. O âncora tentava trazer o candidato o mais próximo possível de sua linha de pergunta e raciocínio, e o candidato, por sua vez, tentava obter o máximo de força e ganhar a batalha.

Na última entrevista, a candidata Marina Silva (PSB), reagiu com rispidez às perguntas de Patrícia Poeta e Willian Bonner. Ao longo da “luta”, Marina Silva levou a melhor ficando a frente no placar.

A agressividade deu a Willian Bonner um grande destaque durante a série de entrevistas com os candidatos. As provocações e a hostilidade estiveram presentes em praticamente todas as entrevistas com os cinco candidatos. Mas o que chamou a atenção foram as reações distintas dos candidatos.

Segundo o professor de jornalismo econômico e político da Universidade Católica de Brasília e doutor em história, Hugo Studart, os jornalistas tiveram um posicionamento contrário ao que competiria à função deles. “O que mais

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chama a atenção é a entrada do Bonner na lista. Ele não sabe a diferença entre entrevista dura e grosseira. O problema é que ele chegou ao cargo de editor-chefe do JN tendo sido uma única coisa na vida: apresentador do JN. Nunca, jamais, foi para a rua entrevistar fontes, arrancar informações, apertá-las até que digam o que precisa ser dito. Trata-se de um mero amador de rosto bonito e simpático. Na hora que mandaram ser duro, não sabia como fazê-lo. A Poetinha então, nem se fala... Era a moça do tempo, a mais linda até hoje. Até que de repente casou-se com o diretor da Globo e.... E eis que ambos são escalados para entrevistar os presidenciáveis. Ex-repórteres de rua como Alexandre Garcia, Heraldo Pereira ou Délis Ortiz sabem a diferença entre ser

duro de grosseiro”, pontou o professor.

Uma dose de cálicePatrícia Poeta: Candidato, o

seu partido é crítico ferrenho de casos de corrupção que envolvem o PT. Mas o seu partido também é acusado de envolvimento em escândalos graves de corrupção. (…) Por que o eleitor iria acreditar que exista diferença entre os dois partidos quando o assunto é esse: corrupção?

Aécio Neves: Patrícia, eu acho que a diferença é enorme. Porque no caso do PT houve uma condenação pela mais alta corte brasileira. Estão presos líderes do partido, tesoureiros do partido, pessoas que tinham postos de destaque na administração federal, por denúncia de corrupção.

(…) O que eu posso garantir é que, no caso do PSDB, se eventualmente alguém for condenado, não será, como foi no PT, tratado como herói nacional. Porque isso deseduca.

Exemplo 2: William Bonner: Então, me deixa agora perguntar à senhora. E em relação a seu partido? O seu partido teve um grupo de elite de pessoas corruptas, comprovadamente corruptas, eu digo isso porque foram julgadas, condenadas e mandadas para a prisão pela mais alta corte do Judiciário brasileiro. Eram corruptos. E o seu partido tratou esses condenados por corrupção como guerreiros, como vítimas, como pessoas que não mereciam esse tratamento, vítimas de injustiça. A pergunta que eu lhe faço: isso não é ser condescendente com a corrupção, candidata?

Foto: João Cotta (D

ivulgação - Rede G

lobo)

Marina Silva foi a última a participar da série de entrevistas para o Jornal Nacional

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Em meio a tantas crises no Brasil, poucos falam sobre como o brigadeiro

supera a sua. A guloseima, um dos autênticos doces brasileiros, também passa por uma crise de imagem.

Para quem pensa que o clássico docinho das festas não passa de uma simples mistura de leite condensado, achocolatado e manteiga... Cuidado!

O brigadeiro sofreu mudanças em sua receita tradicional. O granulado industrializado perdeu seu lugar para especiarias, como o pistache, amêndoas, raspas de limão e até açúcar queimado. E assim, da noite para o dia, o brigadeiro virou uma espécie de sobremesa gourmet.

Alguns acreditam que essa nova versão do doce veio para ficar, como Juliana Motter, chef e dona do primeiro atelier de brigadeiro gourmet em São Paulo, o Maria Brigadeiro. Em entrevista para a Uol, Juliana afirma que o brigadeiro deve ser tratado com respeito. “Fico muito feliz de ver que o brigadeiro está ganhando outra dimensão. Ele é nosso doce principal, um dos únicos 100% brasileiros”, diz. Outros acham que isso não passa de uma bobagem, como o comediante Danilo Gentili, que em sua conta do twitter brincou “Brigadeiro Gourmet... O cara só colocou quick no leite moça”.

CriseEm passagem pelo Brasil, o

chef-celebridade Jamie Oliver

acabou irritando muita gente. Ao provar guloseimas adoradas pelos brasileiros, como o quindim, o beijinho, e o protagonista da polêmica - o tão amado brigadeiro -, Oliver afirmou em alto e bom som que aquilo não passava de “um monte de porcaria”. Depois da declaração, diversas mensagens de

reprovação e indignação tomaram conta das redes sociais.

Talita Avelino, chef especializada em doces e chocolate belga, é a favor do brigadeiro tradicional, mas acredita que Jamie Oliver fez um comentário infeliz. “Por se tratar de um chef de cozinha, ele tinha que ter uma mente aberta. Ele pegou um pouco pesado”, diz em entrevista. Já para Juliana Motter, se o doce for feito com achocolatado, granulado artificial e margarina, ele pode ser considerado uma porcaria.

História

A palavra “brigadeiro”, inicialmente, era só uma patente

da aeronáutica. O nome do docinho, segundo a história, surgiu em homenagem ao bonitão e solteiro brigadeiro Eduardo Gomes (1896 – 1981), que concorreu à presidência da República pelo partido da União Democrática Nacional (UDN) em 1946 e em 1950.

Pelo seu físico e beleza avantajados, o candidato conquistou um grupo de fãs que organizava festas para promover sua candidatura. O docinho, na época sem nome, foi criado para uma dessas festas e acabou conquistando todos. Assim, a sobremesa se popularizou e as pessoas passaram a se juntar para comer o “docinho do brigadeiro”, que logo virou “brigadeiro”. Outra história que se conta é a de que o doce – que não leva ovos - foi criado também em homenagem (ou será que foi por maldade?) ao brigadeiro Eduardo Gomes, mas não porque o doce era o seu favorito, e sim

porque ele havia sofrido um ferimento nos testículos.

Apesar da polêmica declaração e das críticas feitas por internautas, Oliver não está totalmente errado. Historicamente, o brasileiro usa muito açúcar em suas receitas por influência portuguesa. Com a vinda de religiosos portugueses para o Brasil, a circulação de seus doces caiu no gosto dos brasileiros e o sabor tropical logo foi sendo incorporado nas tradicionais receitas. O tempo foi passando e a confeitaria brasileira evoluiu até o brigadeiro virar o que é hoje.

LiçõesCrises de imagem são

essencialmente uma ameaça à reputação de uma pessoa, organização ou produto, neste caso, a do brigadeiro. Todos estão sujeitos a enfrentar crises, e quando algo ou alguém é criticado na mídia, essas situações ficam mais suscetíveis a acontecer.

Atualmente, os profissionais da área gastronômica buscam novas inspirações para dar ao clássico docinho uma cara nova. Quando criticadas na mídia, as organizações devem se valorizar e mostrar ao público que seus produtos possuem um diferencial. Esta é a lição do brigadeiro – buscando se reinventar, os chefs de cozinha procuram dar um ar mais sofisticado ao docinho que não falta em nenhuma festa. Mas, sejamos francos, sendo gourmet ou não, o brigadeiro sempre será um dos doces preferidos dos brasileiros.

Lições do brigadeiro sobre criseInovações

Um dos doces mais conhecidos e amados pelos brasileiros passa por transformações e promete um futuro cheio de novidades

por Carolina Vajas

O doce mineiro é sensação em quase toda festa de aniversário

Gastronomia24 Artefato

Foto: Nathalia M

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