Artigo de Marcos Alexandre

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  UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA Marcos Alexandre Dantas Marques LÂMINAS E FREQUÊNCIAS DE IRRIGAÇÃO PARA A CULTURA DO TOMATEIRO TIPO GRAPE, EM CASA NOV A, BA JUAZEIRO, BA 2013

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O tomateiro grape tem apresentado aumento em seu consumo in natura; entretanto, como em toda região semiárida, a instabilidade climática, representada pela irregularidade da distribuição das chuvas, faz com que uma agricultura produtiva só se possa desenvolver as custas da irrigação, principalmente quando se trata de uma cultura sensível ao estresse hídrico. Em Casa Nova, BA, as altas taxas de evapotranspiração podem reduzir o crescimento e produtividade dessa cultura, o que reforça a necessidade de se estudar estratégias para a utilização mais eficiente do consumo de água para a cultura do tomateiro grape. Para essa localidade, não existem informações satisfatórias para a quantidade de água a ser aplicada para essa cultura. O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a resposta do tomateiro grape a diferentes regimes de irrigação por gotejamento, nas condições de Casa Nova, BA, visando estabelecer a lâmina e frequência adequada de rega, bem como a eficiência do uso da água. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas, em que foram utilizados três tipos de frequências diárias de irrigação (uma, duas e três vezes ao dia) para cada uma das três lâminas, baseadas em 75, 100 e 125% da evapotranspiração localizada, em quatro repetições. A evapotranspiração de referência foi determinada por meio da equação de Penman-Monteith, a partir dos dados de estação meteorológica automática. Foram utilizados tensiômetros, nas profundidades de 0,20 e 0,50 metros, juntamente com as curvas características dessas camadas, para a determinação da umidade do solo. O experimento foi conduzido em Casa Nova, BA, e após as colheitas, os frutos foram encaminhados para o laboratório para a realização das análises de: produtividade total, produtividade comercializável, número de frutos por planta, número de frutos comercializáveis por planta, massa média dos frutos, massa média de frutos comercializáveis, potencial hidrogeniônico (pH), teor de sólidos solúveis totais (SST), acidez titulável, relação SST/AT, presença de defeitos e eficiência do uso da água. O resultado da maior eficiência do uso da água foi para os tratamentos que receberam a menor lâmina avaliada (0,75.ETloc). Ocorreu diferença estatística significativa em relação ao número de frutos considerados “passados”, tendo como menor quantidade para os tratamentos que receberam duas frequências diárias e maior quantidade para os tratamentos que receberam uma frequência diária. A aplicação de menores volumes de água aplicados proporcionou um aumento no teor de sólidos solúveis totais dos frutos. Nos tratamentos que receberam duas frequências diárias, ocorreu diminuição da acidez titulável com o aumento da aplicação de volumes de água. A tensiometria indicou que a umidade do solo para a camada de 0,00 a 0,20 m variou entre a faixa de capacidade de campo e acima da capacidade de campo. Para a camada de 0,20 a 0,50 m não houve variação entre as lâminas, permanecendo todos os tratamentos acima da capacidade de campo.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SO FRANCISCO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA AGRCOLA

    Marcos Alexandre Dantas Marques

    LMINAS E FREQUNCIAS DE IRRIGAO PARA A CULTURA DO TOMATEIRO TIPO GRAPE, EM CASA NOVA,

    BA

    JUAZEIRO, BA 2013

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SO FRANCISCO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA AGRCOLA

    Marcos Alexandre Dantas Marques

    LMINAS E FREQUNCIAS DE IRRIGAO PARA A CULTURA DO TOMATEIRO TIPO GRAPE, EM CASA NOVA,

    BA

    JUAZEIRO, BA 2013

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Agrcola, concentrao em Engenharia de gua e Solo, da Universidade Federal do Vale do So Francisco UNIVASF, como requisito da obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Agrcola. Orientador: Prof. Lus Fernando de Souza Magno Campeche. Co-orientador: Prof. Marlon da Silva Garrido.

  • Ficha

    catalogrfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF Bibliotecrio: Renato Marques Alves

    Marques, Marcos Alexandre Dantas.

    M357L Lminas e frequncias de irrigao para a cultura do tomateiro tipo grape em Casa Nova, BA / Marcos Alexandre Dantas Marques.

    Juazeiro, 2013. 91 f. : il. 29 cm. Dissertao (Mestrado em Engenharia Agrcola ) Universidade

    Federal do Vale do So Francisco, Campus Juazeiro-BA, 2013

    Orientador: prof. Dr. Lus Fernando de Souza Magno Campeche.

    Inclui Referncias. 1. Irrigao agrcola. 2. Umidade do solo. 3. Tomate grape I.

    Ttulo. II. Campeche, Lus Fernando de Souza Magno. III. Universidade Federal do Vale do So Francisco.

    CDD 631.587

  • Aos meus pais:

    Antnio Marques Maia e

    Snia Maria Dantas Marques;

    Aos meus irmos:

    Leonardo Dantas Marques Maia e

    Anderson Vincius Dantas Marques Maia;

    E a minha companheira:

    Suzana Vieira Rablo,

    Dedico!

  • AGRADECIMENTOS

    minha famlia: Antnio Marques Maia, meu grandioso e vencedor pai, o

    verdadeiro mestre; Snia Maria Dantas Marques, a guerreira possuidora do

    sentimento que liga o amor de nossa famlia; Leonardo Dantas Marques Maia,

    esforado e j campeo batalhador dessa vida, se mostrando nico e servindo

    de exemplo; Anderson Vincius Dantas Marques Maia, guerreiro e determinado

    que me mostrou que o cu no , de forma alguma, o limite. Obrigado a todos

    vocs pelo amor, carinho, compreenso e privao de vrias coisas para que

    eu pudesse estudar. Nunca conseguirei ser to grato a vocs!

    Suzana Vieira Rablo, minha grande companheira, que me ajuda de forma

    mpar em todos os momentos, me servindo de Norte para tentar me manter

    mais centrado na busca por meus verdadeiros objetivos. Nenhuma conquista

    minha teria sentido sem voc.

    famlia que me acolheu com carinho: Lcia de Ftima Vieira, por todo apoio e

    pacincia; Mnica Vieira Rablo, pela pacincia em me aturar; Cristiane Vieira

    Rablo, Cludio Nascimento e Jos Felipe, pela descontrao e amizade.

    Ao professor Lus Fernando de Souza Magno Campeche, por toda a amizade e

    apoio acadmico e psicolgico. Palavras so insuficientes para demonstrar

    minha enorme gratido por tudo que o senhor fez por mim. Serei eternamente

    grato!

    Ao professor Marlon da Silva Garrido, pela amizade e disponibilidade para me

    favorecer apoio e conhecimentos.

    professora Ana Elisa Oliveira dos Santos, por todo o apoio, ajuda e

    conhecimento.

    Aos meus professores do mestrado por todo o conhecimento disponibilizado e

    amizade: Slvia Helena Nogueira Turco (obrigado por tudo!); Nelci Olszevski;

    Mrio de Miranda Vilas Boas Ramos Leito; Paulo Gustavo Serafim de

    Carvalho; Lus Henrique Bassoi; Lucia Marisy Souza Ribeiro de Oliveira; Jos

    Aliandro Bezerra da Silva; Vivianni Marques Leite dos Santos; e Magna

    Soelma Beserra de Moura.

  • Universidade Federal do Vale do So Francisco (UNIVASF) e ao colegiado de

    Engenharia Agrcola por toda a estrutura e apoio.

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pela

    concesso da bolsa de estudos, servindo de apoio para a possvel realizao

    deste curso.

    empresa Fruit Quality por toda a disponibilidade, apoio e liberdade em poder

    realizar o experimento.

    Ao Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Serto

    Pernambucano (IF Serto-PE) pelo apoio e disponibilidade de tcnicos,

    laboratrios e equipamentos para a realizao do experimento e estgio

    docncia.

    Ao Miguel Ronivon Gomes, por toda a ajuda, disponibilidade, conhecimento e

    informao. E tambm por me servir de exemplo de cidado capaz de superar

    os obstculos e demonstrar, por sua pessoa, que a inteligncia no se prova

    com diploma.

    Graciene, por todo o apoio no laboratrio do IF Serto-PE.

    Clvia e Carolina Torres, por todo auxlio e ajuda.

    Aos meus amigos por aceitarem minha ausncia e incentivarem essa minha

    batalha: Orlando, Sandra, Luan e Milene; Thiago Melo; Srgio metal japons;

    Ricardo e Ralliny; Herlon e Alice; e Pricles.

    E por ltimo, porm de igual importncia, os grandes amigos que conheci

    durante esse mestrado: Daniela Siqueira; Danillo Olegrio; Douglas Ferraz;

    Fbio Pereira e Adriana Pereira; Alencar Jnior; Vanessa Souza; Russaika

    Nascimento; Jos Francisco; Wagner Willen; Renato Figueiredo; Renato Lima;

    Daniel Costa; Ana Virgnia; Izaac Damasceno; Hideo Nagahama; Ftima

    Souza; Juliano Athayde; Bruno Ricardo; Paulo; Armando Bagagi; e Rubem

    Jos; Muito obrigado pelos grandes momentos durante esse perodo, tanto na

    instituio, quanto fora dela.

    E aos que eu no citei nesses agradecimentos por falha na minha memria,

    porm, que me ajudaram direta e indiretamente para a concluso desse curso.

    ... Muito obrigado!

  • ... O homem leigo no precisa permanecer passivo

    diante do saber tcnico, demitindo-se das aes que ele

    prprio poderia exercer. Ele tem o direito de informar-se

    ativamente a respeito do tratamento a que se acha

    submetido e dos seus efeitos. Em ltima anlise,

    convm desmistificar a tendncia de cultuar as pessoas

    estudadas em detrimento do homem sem letras ou

    simplesmente no especialista.

    (ARANHA; MARTINS, 1993)

  • MARQUES, M. A. D. Lminas e frequncias de irrigao para a cultura do tomateiro tipo grape, em Casa Nova, BA. 2013. 91f. Dissertao (Mestrado em Engenharia Agrcola) Universidade Federal do Vale do So Francisco, UNIVASF, Juazeiro, BA.

    RESUMO

    O tomateiro grape tem apresentado aumento em seu consumo in natura; entretanto, como em toda regio semirida, a instabilidade climtica, representada pela irregularidade da distribuio das chuvas, faz com que uma agricultura produtiva s se possa desenvolver as custas da irrigao, principalmente quando se trata de uma cultura sensvel ao estresse hdrico. Em Casa Nova, BA, as altas taxas de evapotranspirao podem reduzir o crescimento e produtividade dessa cultura, o que refora a necessidade de se estudar estratgias para a utilizao mais eficiente do consumo de gua para a cultura do tomateiro grape. Para essa localidade, no existem informaes satisfatrias para a quantidade de gua a ser aplicada para essa cultura. O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a resposta do tomateiro grape a diferentes regimes de irrigao por gotejamento, nas condies de Casa Nova, BA, visando estabelecer a lmina e frequncia adequada de rega, bem como a eficincia do uso da gua. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas, em que foram utilizados trs tipos de frequncias dirias de irrigao (uma, duas e trs vezes ao dia) para cada uma das trs lminas, baseadas em 75, 100 e 125% da evapotranspirao localizada, em quatro repeties. A evapotranspirao de referncia foi determinada por meio da equao de Penman-Monteith, a partir dos dados de estao meteorolgica automtica. Foram utilizados tensimetros, nas profundidades de 0,20 e 0,50 metros, juntamente com as curvas caractersticas dessas camadas, para a determinao da umidade do solo. O experimento foi conduzido em Casa Nova, BA, e aps as colheitas, os frutos foram encaminhados para o laboratrio para a realizao das anlises de: produtividade total, produtividade comercializvel, nmero de frutos por planta, nmero de frutos comercializveis por planta, massa mdia dos frutos, massa mdia de frutos comercializveis, potencial hidrogeninico (pH), teor de slidos solveis totais (SST), acidez titulvel, relao SST/AT, presena de defeitos e eficincia do uso da gua. O resultado da maior eficincia do uso da gua foi para os tratamentos que receberam a menor lmina avaliada (0,75.ETloc). Ocorreu diferena estatstica significativa em relao ao nmero de frutos considerados passados, tendo como menor quantidade para os tratamentos que receberam duas frequncias dirias e maior quantidade para os tratamentos que receberam uma frequncia diria. A aplicao de menores volumes de gua aplicados proporcionou um aumento no teor de slidos solveis totais dos frutos. Nos tratamentos que receberam duas frequncias dirias, ocorreu diminuio da acidez titulvel com o aumento da aplicao de volumes de gua. A tensiometria indicou que a umidade do solo para a camada de 0,00 a 0,20 m variou entre a faixa de capacidade de campo e acima da capacidade de campo. Para a camada de 0,20 a 0,50 m no houve variao entre as lminas, permanecendo todos os tratamentos acima da capacidade de campo. Palavras-chave: Lycopersicum esculentum Mill. Tomate cereja. Evapotranspirao. Consumo hdrico. Umidade do solo. Eficincia do uso da gua.

  • MARQUES, M. A. D. Depth and frequency of irrigation for grape tomato in Casa Nova, BA, Brazil. 2013. 91f. Dissertation (Master in Agricultural Engineering) Federal University of So Francisco Valley, UNIVASF, Juazeiro, BA.

    ABSTRACT

    The grape tomato has shown increase in its consumption in natura, however, as in all semiarid region, climate instability, represented by the irregularity of rainfall distribution, causes productive agriculture can only develop at the expense of irrigation, especially when it is a sensitive crop to water stress. In Casa Nova, BA, high rates of evapotranspiration can reduce the growth and productivity of this crop, which reinforces the need to implement strategies for more efficient use of water consumption for grape tomato. For this location, no satisfactory information on the amount of water to be applied to the culture. This study has developed to evaluate the response of grape tomato to different drip irrigation regimes under conditions of Casa Nova, BA, to establish the depth and proper watering frequency as well as the efficiency of water use. The experimental design was a randomized block design in a split-plot design in which three types of daily irrigation frequencies (once, twice and three times a day) for each of the three blades, based on 75, 100 and 125 were used % evapotranspiration located, in four replications. The reference evapotranspiration was determined using the Penman-Monteith equation, from the data of automatic weather station. Tensiometers were used at depths of 0.20 and 0.50 meters, along with the characteristic curves of these layers, for the determination of soil moisture. The experiment was conducted in Casa Nova, BA, and after the harvest, the fruits were sent to the laboratory for analyzes of: total yield, marketable yield, number of fruits per plant, number of marketable fruits per plant, average fruit weight, average weight of marketable fruit, hydrogen potential (pH), total soluble solids (TSS), titratable acidity, TSS/TA ratio, presence of defects and efficiency of water use. The result of the greater efficiency of water use was for treatments that received the lowest evaluated depth water (0.75.ETloc). Significant statistical difference regarding the number of fruits considered "passed", with the least amount for treatments that received two daily frequencies and higher values for the treatments that received a daily frequency. The use of smaller volumes of water applied resulted in an increase in total soluble solids content of fruits. In the treatments where two daily, had a decreases in the titratable acidity with increasing application volumes of water. The tensiometry indicated that soil moisture for layer from 0.00 to 0.20 m varied between the range of field capacity and above field capacity. For the layer from 0.20 to 0.50 m, no variation between the depth water, remaining all treatments above field capacity. Keywords: Lycopersicum esculentum Mill. Cherry tomato. Evapotranspiration. Water consumption. Soil moisture. Efficiency of water use.

  • LISTA DE FIGURAS

    Pginas

    Figura 1. a) Bandejas de polietileno de 200 clulas, contendo as plntulas com substrato; b) bandeja com as plntulas emergidas uma semana aps implantao; e c) casa de vegetao da fazenda.

    30

    Figura 2. Curvas de reteno de gua do solo, nas camadas de 0,00-0,20 m; e 0,20-0,50 m.

    32

    Figura 3. a) Linhas de produo da rea experimental, com as estacas e moures; b) rea experimental com cobertura plstica e cultura implantada.

    33

    Figura 4. Preparao da instalao da barreira de plstico entre cada subparcela.

    35

    Figura 5. Registros de controle dos tratamentos no incio da linha. 40

    Figura 6. Mdias dos dados dirios de temperaturas mdias, mximas e mnimas do ar (C) durante o perodo do experimento em campo.

    47

    Figura 7. Dados de radiao global (MJ m-2 dia-1) durante o perodo do experimento em campo.

    49

    Figura 8. Dados de precipitao (mm) durante o perodo do experimento em campo.

    51

    Figura 9. Mdias dos dados dirios de umidade relativa mdias, mximas e mnimas do ar (C) durante o perodo do experimento em campo.

    52

    Figura 10. Dados meteorolgicos de temperatura mdia do ar (C), radiao solar global (MJ m-2 dia-1), precipitao (mm) e umidade relativa do ar (%); durante o perodo do ciclo da cultura.

    53

    Figura 11. Dados da evapotranspirao (ET) de referncia (ET0), 75% da ET localizada (0,75.ETloc), 100% da ET localizada (1,00.ETloc) e 125% da ET localizada (1,25.ETloc) durante o perodo da cultura em campo.

    55

    Figura 12. Lminas acumuladas, referente aos tratamentos: 0,75.ETloc, 1,00.ETloc e 1,25.ETloc, ao longo do perodo do experimento em campo.

    56

    Figura 13. Umidade do solo (m3.m-3) para as lminas e frequncias utilizadas, na camada do solo de 0,20 m de profundidade.

    58

  • Figura 14. Umidade do solo (m3.m-3) para as lminas e frequncias utilizadas, na camada do solo de 0,50 m de profundidade.

    63

    Figura 15. Mdia aritmtica do crescimento das plantas teis de cada tratamento.

    64

    Figura 16. Nmero de frutos passados, em relao frequncia diria da irrigao.

    69

    Figura 17. Diferena do teor de slidos solveis totais para cada lmina de irrigao utilizada.

    72

    Figura 18. Variao da acidez titulvel, para duas frequncias dirias (F2), de acordo com as diferentes lminas.

    73

    Figura 19. Eficincia do uso da gua entre as lminas utilizadas na produo total.

    75

    Figura 20. Eficincia do uso da gua entre as lminas utilizadas na produo comercializvel.

    76

  • LISTA DE TABELAS

    Pginas

    Tabela 1. Composio granulomtrica, classificao da textura do solo e proporo de porosidade total, microporosidade e macroporosidade do solo da rea experimental.

    31

    Tabela 2. Dados correlacionados de potencial matricial (m) e umidade (); e densidade do solo, para cada camada do solo da rea experimental.

    32

    Tabela 3. Mdia por hectare das variveis fsicas analisadas por cada tratamento: produtividade total (Prod. Total), produtividade comercializvel (Prod. Com.), nmero de frutos total (N frutos total), nmero de frutos comercializveis (N frutos com.), massa mdia por fruto (Mas. Mdia por fruto) e massa mdia por fruto comercializvel (Mas. Mdia fruto comer.).

    65

    Tabela 4. Mdia percentual da quantidade de frutos com incidncia dos defeitos: podrido (Pod), podrido apical (PodAp), ferida (Fer), rachado (Rach), deformado (Defor), imaturo (Imat), queima por incidncia de radiao (Queim) e ataque de patgenos (AtPat).

    70

    Tabela 5. Dados das caractersticas ps-colheita: teor de slidos solveis totais (SST), potencial hidrogeninico (pH), acidez titulvel total (AT) e relao entre slidos solveis totais e acidez titulvel.

    71

  • SUMRIO

    Pginas

    1. INTRODUO 15

    2. REVISO BIBLIOGRFICA 17

    2.1. Irrigao 17

    2.1.1. Uniformidade de distribuio e eficincia de irrigao 18

    2.1.2. Manejo da gua baseado em dados meteorolgicos 20

    2.1.3. Manejo da gua baseado no balano de gua no solo 21

    2.1.4. Reteno de gua no solo 23

    2.1.5. Irrigao com base na tensimetria 23

    2.1.6. Curva de reteno de gua no solo 24

    2.1.7. Eficincia do uso da gua 26

    2.2. Cobertura plstica 26

    2.3. A cultura do tomateiro 27

    3. MATERIAL E MTODOS 29

    3.1. Preparao e condicionamento das mudas 29

    3.2. Preparao e caractersticas da rea experimental 31

    3.2.1. Determinao das caractersticas fsicas do solo 31

    3.2.2. Adubao de fundao 34

    3.2.3. Conduo da cultura 34

    3.2.4. Implantao da cobertura plstica sobre a superfcie do solo 34

    3.2.5. Barreiras para diviso dos tratamentos 34

    3.2.6. Fertirrigao 35

    3.2.7. Implantao das mangueiras 36

    3.3. Avaliao do sistema de irrigao 36

    3.4. Variveis analisadas 37

    3.5. Delineamento experimental, anlise estatstica e tratamentos 39

    3.6. Dados meteorolgicos 40

    3.7. Manejo de irrigao 41

    3.8. Instalao dos tensimetros 43

    3.9. Eficincia do uso da gua EUA 44

    4. RESULTADOS E DISCUSSO 45

  • 4.1. Caractersticas do solo 45

    4.2. Uniformidade de distribuio UD 46

    4.3. Dados meteorolgicos 46

    4.3.1. Temperatura 46

    4.3.2. Radiao solar global 48

    4.3.3. Precipitaes 50

    4.3.4. Umidade relativa do ar 51

    4.3.5. Relao entre fenmenos meteorolgicos 53

    4.4. Consumo hdrico e lminas aplicadas 54

    4.4.1. Consumo hdrico dirio 54

    4.4.2. Lminas aplicadas 55

    4.5. Umidade do solo 56

    4.5.1. Camada de 0,00-0,20 m 56

    4.5.1.1. Lmina 0,75.ETloc 59

    4.5.1.2. Lmina 1,00.ETloc 59

    4.5.1.3. Lmina 1,25.ETloc 60

    4.5.2. Camada de 0,20-0,50 m 61

    4.6. Resultados das variveis analisadas 64

    4.6.1. Crescimento das plantas 64

    4.6.2. Produtividade total 65

    4.6.3. Nmero de frutos 66

    4.6.4. Massa mdia por fruto 67

    4.6.5. Defeitos fsicos dos frutos 68

    4.6.6. Variveis ps-colheita 70

    4.6.6.1. Teor de slidos solveis totais 71

    4.6.6.2. pH 72

    4.6.6.3. Acidez titulvel 73

    4.6.6.4. Relao slidos solveis totais (Brix) /

    acidez titulvel (% cido ctrico) 74

    4.6.7. Eficincia do uso da gua EUA 74

    5. CONCLUSES 77

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 78

    APNDICES 89

  • 15

    1. INTRODUO

    Basicamente, a irrigao uma tcnica utilizada para disponibilizar gua para

    as plantas de forma que se possa extrair o mximo de sua produtividade. E, para a

    realizao do manejo adequado, o produtor tem que possuir um sistema de irrigao

    adequado para disponibilizar gua desde a fonte at a cultura e saber administrar

    essa oferta de gua.

    Dentre os fatores que mais influenciam a taxa de evapotranspirao da cultura,

    como solo, pragas, doenas, prticas agrcolas, a prpria cultura, suas caractersticas

    de crescimento e o clima, provavelmente, o ltimo o fator que mais afeta essa perda

    de gua da cultura para a atmosfera.

    Atualmente, com o desenvolvimento de novas tecnologias para a otimizao da

    irrigao e seu manejo, tem-se desenvolvido vrios sensores para a leitura mais

    detalhada das condies do ambiente agrcola. Com esses dados, torna-se possvel

    ter conhecimento do que est ocorrendo nesse meio e, com isso, pode-se estimar as

    necessidades da cultura. Sensores de umidade no solo, radiao solar, temperatura,

    quantidade de gua em forma de vapor na atmosfera, direo e velocidade do vento,

    taxa de evaporao, precipitao, dentre vrios outros so comuns atualmente.

    Eventualmente, o valor para aquisio desses sensores est relacionado com a

    complexidade do material de fabricao e, ou, forma de aquisio dos mesmos.

    Dentre os mtodos de determinao da umidade do solo, Carvalho & Oliveira

    (2012) mencionam que a vantagem da tensiometria est em relao do menor custo

    para sua aquisio, j que se trata de material com complexidade relativamente

    inferior aos outros mtodos, podendo se tornar uma grande ferramenta para o manejo

    da irrigao, acessvel ao produtor.

    A quantidade de gua a ser aplicada na cultura baseada na sua necessidade

    hdrica, de acordo com seu estdio de desenvolvimento, podendo ser estimada com

    a utilizao de equaes empricas, baseadas em dados meteorolgicos ou por meio

    da tenso de gua no solo. Nesse caso, a unio dessas duas variveis para fins de

    manejo, dispe uma viso mais completa do ambiente em que est inserida a cultura,

    auxiliando de forma mais detalhada no momento da tomada de qualquer deciso em

    relao ao seu manejo, ocasionando um menor risco de possveis prejuzos na

  • 16

    produo agrcola (BERNARDO et al., 2006; CARVALHO & OLIVEIRA, 2012;

    MANTOVANI et al., 2009).

    O tomateiro uma cultura produzida em praticamente todo o mundo. De acordo

    com dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatstica (IBGE, 2012), em 2010, o

    Brasil teve uma produo de aproximadamente quatro milhes de toneladas, sendo a

    regio Nordeste responsvel por, aproximadamente, 15% dessa produo. O estado

    da Bahia foi responsvel por 50% da produo do Nordeste e 7% da produo

    nacional, sendo as mesorregies Centro Sul e Centro Norte Baiano responsveis

    pelas produes mais expressivas do estado. A mesorregio do Vale do So

    Francisco, referente ao estado da Bahia, teve expresso na produo do estado at

    o ano de 1998, a partir de quando a produo foi reduzida de forma significativa.

    O tomateiro do tipo grape tem apresentado aumento em seu crescimento no

    consumo in natura; entretanto, como em toda regio semirida, a instabilidade

    climtica, representada pela irregularidade da distribuio das chuvas, faz com que

    uma agricultura produtiva s se possa desenvolver as custas da irrigao. O tomateiro

    uma cultura exigente em relao aos tratos culturais, como a exemplo da maioria

    das culturas olercolas, sendo sensvel ao estresse hdrico, tanto em excesso, quanto

    em dficit. Sendo assim, os produtores tm encontrado dificuldades no manejo da

    irrigao, j que para a produo comercial da cultura, o volume de gua a ser

    aplicado desconhecido e, consequentemente, ignorado.

    Por causa do sistema radicular ser pouco profundo, qualquer lmina de gua

    que exceda a capacidade de campo, facilmente perdida por percolao. Portanto,

    se for possvel determinar a quantidade ideal necessria durante todo o ciclo da

    cultura para o seu desenvolvimento timo, de acordo com as caractersticas de clima

    e solo da localidade, esses dados podero favorecer o desenvolvimento adequado do

    tomateiro grape para as caractersticas da mesorregio do Vale do So Francisco.

    As altas taxas de evapotranspirao podem reduzir o crescimento e a

    produtividade do tomateiro grape, o que refora a necessidade de se estudar

    estratgias para a utilizao mais eficiente do consumo de gua para a cultura.

    Diante do exposto, o objetivo neste experimento foi avaliar a resposta do

    tomateiro grape a diferentes regimes de irrigao por gotejamento, nas condies de

    Casa Nova, BA, visando estabelecer a lmina e frequncia adequada de rega.

  • 17

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Irrigao

    A agricultura irrigada tem sido importante estratgia para otimizao da

    produo mundial de alimentos, proporcionando desenvolvimento sustentvel no

    campo, com gerao de empregos e renda de forma estvel. Atualmente, mais da

    metade da populao mundial depende de alimentos produzidos em reas irrigadas

    (MANTOVANI et al., 2009).

    Essencialmente, manejo de gua de irrigao significa definir quanto e quando

    irrigar, tendo como objetivo incrementar a produtividade e a qualidade das hortalias

    e, ao mesmo tempo, maximizar a eficincia do uso de gua e energia e minimizar a

    incidncia de doenas e insetos-praga e os impactos ambientais (MAROUELLI et al.,

    2008).

    De acordo com Bernardo et al. (2006), os mtodos de irrigao podem ser

    divididos em no pressurizados e pressurizados. Nos primeiros, classificados como

    irrigao por superfcie, a gua conduzida por gravidade diretamente sobre a

    superfcie do solo at o ponto de aplicao, exigindo, portanto, reas sistematizadas

    em com declividades de 0 a 6%, de acordo com o tipo de irrigao. Nos mtodos de

    irrigao pressurizados a gua conduzida em tubulaes sob presso at o ponto

    de aplicao. Esto includos nessa categoria os mtodos de irrigao por asperso,

    em que a gua aspergida na atmosfera, caindo em forma de chuva artificial, e os

    mtodos de irrigao localizada, em que a gua aplicada diretamente sobre a regio

    radicular com baixa intensidade e alta frequncia.

    De acordo com Silva et al. (2003b) e Mantovani et al. (2009), a irrigao

    localizada constitui o mtodo de irrigao com possibilidade de manter a umidade do

    solo prxima da ideal, ou seja, capacidade de campo. Os dois principais sistemas de

    irrigao localizada so gotejamento e microasperso, diferindo entre si quanto ao

    sistema de aplicao. No gotejamento se aplicam vazes menores, geralmente na

    faixa de 2 a 10 L.h-1, gota a gota, e na microasperso, composta por emissores,

    denominados de microaspersores, atravs dos quais a gua aspergida, geralmente

    na faixa de 20 a 150 L.h-1. Por serem sistemas de alto custo, devem ser usados

  • 18

    preferencialmente em culturas de alto retorno econmico, como exemplo da cultura

    do tomateiro.

    Os gotejadores so as principais peas do sistema, por caracterizarem o mtodo

    localizado. Estes podem ser classificados quanto ao seu posicionamento nas linhas

    laterais em: sobre a linha; na linha; e no prolongamento da linha (SILVA et al., 2003b).

    Por causa da forma como a gua aplicada no solo, a superfcie do solo pode ficar

    molhada de forma circular e o seu volume molhado com forma de um bulbo ou, quando

    os pontos de gotejamento so prximos uns dos outros, formando uma faixa molhada

    contnua (BERNANDO et al., 2006).

    Assim como nos outros mtodos, a irrigao localizada tem a funo de suprir a

    demanda evapotranspiromtrica da cultura. No entanto, diferentemente dos outros

    mtodos, na irrigao localizada o turno de rega normalmente varia de um a trs dias,

    o que mantm a umidade do solo na zona radicular prxima capacidade de campo

    e, em consequncia, a planta transpira continuamente em seu potencial mximo, o

    que uma caracterstica peculiar desde mtodo de irrigao (MANTOVANI et al.,

    2009).

    O manejo da gua na agricultura irrigada pode ser executado com bases na

    demanda agrometeorolgica na regio, no balano de gua no solo e nas

    caractersticas fisiolgicas das plantas. comum o uso de mais de uma dessas bases

    de informao, sendo a demanda agrometeorolgica associada a um balano de gua

    no solo a forma mais usual. Embora o monitoramento dos parmetros fisiolgicos

    reflita o real estado hdrico nas plantas, na prtica ainda pouco utilizado no manejo

    da gua de irrigao, tendo em vista as metodologias disponveis e o nvel dos

    equipamentos necessrios (CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).

    2.1.1. Uniformidade de distribuio e eficincia de irrigao

    Em diversos casos, a m utilizao da tcnica de irrigao, com baixa eficincia

    dos sistemas e, ou, do uso de gua, provoca a falsa impresso de escassez, em razo

    dos desperdcios frequentes (BRITO, 2008).

    A obteno de boas produes com a menor quantidade possvel de gua

    aplicada torna a irrigao mais efetiva. A eficincia de irrigao vem a ser a

  • 19

    porcetagem de gua incorporada ao solo na zona de profundidade efetiva das razes,

    sob a forma disponvel, em relao gua derivada do reservatrio ou rio (KLAR,

    1991).

    Em alguns casos a trajetria da gua, desde a fonte at a zona radicular da

    cultura, pode ser muito longa e ento comum dividir essa trajetria em trs partes:

    conduo, distribuio e aplicao. Conduo est associada com a trajetria da gua

    desde a fonte at sua entrada na rea a ser irrigada, isto , o trecho representado pela

    linha adutora do projeto, sejam tubulaes, sejam canais principal e secundrios. A

    distribuio refere-se, como indica o termo, distribuio da gua dentro do projeto,

    ou seja, entrega da gua s unidades tercirias ou s unidades de irrigao, aquelas

    que recebem gua de uma mesma derivao. E, finalmente, a aplicao consiste no

    uso da gua dentro das unidades, ou parcelas irrigadas, isto , a aplicao da gua

    no solo propriamente dita (BRITO, 2008).

    A uniformidade da irrigao tem como objetivo bsico melhorar a produtividade

    e, ou, a rentabilidade da propriedade. Nas situaes em que a gua abundante e

    seu preo muito baixo, os problemas de um manejo inadequado no so destacados,

    talvez porque estes sejam de carter indireto ou de longo prazo. No entanto, quando

    a gua limitada, caso de muitas regies brasileiras, um manejo eficiente tem

    implicaes muito importantes, tanto pela necessidade de atender s demandas

    agrcolas como pela competitividade com outras demandas (MANTOVANI et al.,

    2009).

    A eficincia de aplicao (EA) refere-se relao entre o volume de gua

    disponibilizado para a cultura e o volume aplicado pelo emissor. Podem-se obter altos

    ndices de eficincia empregando-se um dimensionamento correto do sistema,

    equipamentos adequados e um manejo racional da gua. Nos sistemas de asperso,

    microasperso e gotejamento em videiras, os valores de EA variam normalmente de

    80% a 90%. Isso quer dizer que entre 80% e 90% do volume de gua aplicado ficar

    disponvel para a planta. Se a eficincia for baixa haver a necessidade de se aplicar

    um volume maior para compensar as perdas, significando um desperdcio de gua e

    energia (CONCEIO, 2005).

  • 20

    2.1.2. Manejo da gua baseado em dados meteorolgicos

    A evapotranspirao a juno dos fenmenos de evaporao, tanto da

    superfcie do solo quanto da cultura, e da transpirao das plantas. Sendo assim, caso

    se possa determinar ou estimar a quantidade de gua evapotranspirada de uma

    determinada cultura de forma eficaz torna-se possvel aplicar uma lmina a fim de

    promover a reposio dessa gua para a cultura.

    Segundo Xu & Singh (2002), existem uma multiplicidade para a estimativa da

    evapotranspirao, que podem ser agrupadas em cinco categorias: (1) balano

    hdrico, (2) transferncia de massa, (3) mtodos combinados, (4) radiao e (5)

    baseados em temperatura. A Organizao das Naes Unidas para Alimentao e

    Agricultura (FAO) adotou o mtodo proposto por Penman-Monteith, apresentado no

    Relatrio Tcnico em Irrigao e Drenagem de nmero 56 pelos autores Allen et al.

    (1998), como padro para a estimativa da evapotranspirao de referncia.

    A ET0, atualmente, conceituada como a taxa de evapotranspirao (ET) de

    uma cultura hipottica, com altura uniforme de 0,12 m, resistncia do dossel da cultura

    de 70 s.m-1 e albedo de 0,23. Esse conceito de ET0 assemelha-se bastante ao de ET

    de uma superfcie extensa coberta com grama de altura uniforme, em crescimento

    ativo, e cobrindo completamente a superfcie do solo e sem restrio de umidade. O

    mtodo combinado de Penman-Monteith tem fornecido melhores resultados de

    estimativa da ET0 para o caso dessa cultura hipottica de referncia, atendendo tanto

    definio original de ET potencial de Penman quanto ao conceito de ET0 da FAO

    (GOMIDE; MAENO, 2008)

    De acordo com Carvalho & Oliveira (2012), o boletim da FAO 56 props uma

    padronizao nos conceitos relativos evapotranspirao (ET), caracterizando-a

    como evapotranspirao de uma cultura de referncia ou evapotranspirao de

    referncia (ET0), evapotranspirao da cultura em condio padro (ETc) e

    evapotranspirao em condio no padronizada [ETc(aj)].

    A ETc(aj) refere-se taxa de evapotranspirao de uma cultura fora da condio

    padro. Em campo, muitas vezes a cultura apresenta certos sintomas associados

    escassez hdrica ou nutricional, problemas fitossanitrios e competio com plantas

    invasoras, que tentam impedir o desenvolvimento de seu potencial produtivo e, por

    isso, a ETc(aj) torna-se inferior ETc. Ressalta-se, no entanto, que o uso da ETc(aj) no

  • 21

    significa que a cultura j apresente sintomas de estresse hdrico, mas que a

    quantidade de gua armazenada no solo no permite que apresente mxima

    evapotranspirao. Caso essa condio persista, a cultura pode ento apresentar

    sintomas de escassez hdrica, comprometendo seu desenvolvimento (CARVALHO;

    OLIVEIRA, 2012).

    2.1.3. Manejo da gua baseado no balano de gua no solo

    O solo um recurso bsico que suporta toda a cobertura vegetal de terra. Nessa

    cobertura, incluem-se no s as culturas como, tambm, todos os tipos de rvores,

    gramneas e razes que podem ser utilizadas pelo homem (BERTONI; LOMBARDI

    NETO, 1999). Young et al. (1999) afirmam que as variaes dos atributos fsicos e

    hdricos do solo esto relacionadas ao material de origem, ao ambiente de deposio

    de sedimentos e principalmente s pequenas variaes do relevo, uma vez que regula

    o tempo de exposio dos materiais ao do intemperismo.

    O conhecimento do comportamento dos atributos fsico-hdricos do solo torna-

    se uma premissa bsica quando se pretende estabelecer prticas de manejo

    adequadas de solo e de culturas, pois a no observncia desses conceitos ocasionar

    em erros na amostragem e no manejo do solo. Isso decorre da ampla variao

    espacial dos atributos do solo e sentido e direo dos fluxos da gua (IQBAL et al.,

    2005).

    As pontes de hidrognio determinam as duas foras bsicas responsveis pela

    reteno e movimento da gua no solo: a atrao entre molculas de gua (coeso)

    e atrao das molculas de gua pelas superfcies slidas (adeso). Pela adeso

    (tambm chamada adsoro), algumas molculas de gua so firmemente retidas nas

    superfcies das partculas slidas do solo. Por sua vez, estas molculas de gua

    retidas por adeso retm por coeso outras molculas de gua mais distantes das

    superfcies slidas. Juntas, as foras de adeso e coeso tornam possvel que as

    partculas slidas do solo retenham gua, controlando seu movimento e uso (BRADY,

    1989).

    A reteno e o movimento da gua no solo, sua absoro e translocao nas

    plantas, e sua perda para a atmosfera so fenmenos relacionados energia.

  • 22

    Diferentes tipos de energia esto envolvidos, incluindo energia potencial e cintica. A

    energia cintica certamente um fator importante no movimento da gua em um rio,

    mas o movimento da gua nos solos to lento que o componente da energia cintica

    pode ser desprezado. A energia potencial a mais importante na determinao do

    estado e movimento da gua no solo (BRADY, 1989). A gua move segundo uma

    gradiente do potencial total. O equilbrio alcanado quando a gradiente se torna zero,

    isto , t constante no sistema. Entretanto, os componentes de t podem diferir de

    local para local, em um sistema em equilbrio (ANDRADE et al., 2008). Brady (1989)

    complementa que ao considerarmos a energia, devemos ter em mente que todas as

    substncias, incluindo a gua, tendem a se mover ou mudar de um estado de maior

    energia para um de menor. Portanto, se conhecermos os nveis de energia em

    diferentes pontos no solo, pode-se prever a direo do movimento. So as diferenas

    nos nveis de energia entre locais vizinhos que influenciam o movimento da gua.

    A capacidade de campo considera o limite superior de gua disponvel no solo,

    equivale condio de umidade do solo em que a gua se encontra em equilbrio com

    as foras gravitacionais, ou seja, a condio de umidade do solo aps a drenagem

    ter cessado, em um solo previamente saturado por chuva ou irrigao (ANDRADE et

    al., 2008).

    O ponto de murcha permanente usado para representar o teor de gua no solo,

    abaixo do qual a planta no conseguir retirar gua a uma taxa suficiente para suprir

    a demanda atmosfrica, aumentando, a cada instante, a deficincia de gua, o que

    pode acarretar ou no a morte da planta. Se a planta receber irrigao imediatamente

    aps esse estresse, ela poder recobrar a turgidez, mas os danos fisiolgicos, com

    provvel comprometimento da produtividade, j tero acontecido. Para efeitos

    prticos, o ponto de murcha permanente representa o limite mnimo de gua

    armazenada no solo, que ser extrada pelos vegetais (BERNARDO et al., 2006; OR;

    WRAITH, 1997).

    A disponibilidade total de gua do solo uma caracterstica do solo, que

    corresponde gua nele armazenada no intervalo entre as umidades

    correspondentes capacidade de campo e ao ponto de murcha permanente. Pode

    ser expressa em altura de lmina de gua, por profundidade do solo, geralmente de

    mm de gua por cm de solo, ou em volume de gua por unidade de rea de solo

    (BERNARDO et al., 2006).

  • 23

    2.1.4. Reteno de gua no solo

    A reteno de gua uma importante caracterstica dos solos e est relacionada

    s foras superficiais que determinam o nvel de energia da gua no solo. Como

    qualquer corpo da natureza, a gua no solo pode conter energia e, pelo fato de se

    movimentar no solo com baixa velocidade, a energia potencial da gua do solo

    constitui importante ferramenta para a determinao do seu estado energtico e

    estudo do seu movimento. Basicamente, h dois processos responsveis pela

    reteno da gua do solo: o primeiro se relaciona com a microporosidade do solo e

    ilustrado pelo fenmeno da capilaridade, uma vez que a estrutura fsica dos solos

    pode ser comparada a uma composio irregular de tubos capilares; o segundo

    denominado de adsoro e ocorre na superfcie das partculas do solo. Neste caso,

    atuam as foras de Van der Waals e as foras eletromagnticas exercidas pelas

    superfcies coloidais das partculas sobre a gua. O conjunto dessas foras possibilita

    aos slidos reter gua e controlar a sua movimentao e, consequentemente, a sua

    disponibilidade (CARVALHO; OLIVEIRA, 2012).

    2.1.5. Irrigao com base na tensiometria

    Para obteno desses dados de disponibilidade hdrica no solo, alguns

    aparelhos so utilizados, destacando-se os tensimetros, que so instrumentos que

    medem a tenso com que a gua retida no solo em seus espaos porosos de

    diferentes dimetros (macro e microporos), devido capilaridade que um fenmeno

    fsico responsvel pela descida e subida do nvel de gua no solo, atravs dos

    condutos capilares, gerando uma presso negativa na interface entre a gua e as

    partculas slidas do solo denominadas de potencial matricial (BEZERRA et al., 2012).

    Tensimetro um equipamento utilizado para a medio direta da tenso de

    gua no solo, sendo a umidade do solo determinada de forma indireta. constitudo

    por uma cpsula de cermica, ligada por meio de um tubo a um vacumetro, em que

    a tenso lida. Os tipos mais utilizados so os com vacumetros metlicos, de

  • 24

    mercrio e digital (tensimetro + tensmetro digital para leitura) (MANTOVANI et al.,

    2009).

    A fora de atrao das molculas de gua pelas partculas do solo denominada

    tenso de gua do solo ou potencial matricial. Quando o solo est cheio dgua, esta

    atrao ou tenso baixa e, medida que o solo seca, a fora de reteno cresce.

    Ao se instalar um tensimetro no solo, h uma tendncia de equilbrio entre a gua do

    solo e a gua do aparelho atravs da cpsula. A gua do solo, estando sob tenso,

    exerce uma suco sobre o aparelho e dele retira certa quantidade de gua causando

    a queda de sua presso interna (vcuo), a qual detectada pelo vacumetro metlico

    ou pelo de mercrio. Quanto mais seco o solo, maior ser o vcuo produzido

    (REICHARDT, 1978; SILVEIRA; STONE, 2001).

    Para transformar os resultados de tenso, lidos no tensimetro, em dados de

    umidade do solo, precisa-se diferenciar a curva de reteno de gua no solo. Essa

    curva diferenciada em cada tipo de solo e deve ser feita em laboratrios de fsica de

    solos (MANTOVANI et al., 2009).

    2.1.6. Curva de reteno de gua no solo

    A relao funcional entre o teor de gua no solo, na base peso ou volume, e o

    potencial matricial chamada curva caracterstica ou curva de reteno de gua no

    solo. Como o prprio nome indica, tpica de cada solo. A curva de reteno de gua

    no solo empregada na modelagem do movimento de gua no solo. Como o fluxo de

    solutos no solo relacionado ao fluxo de gua, tambm importante na modelagem

    de transporte de solutos (sais e agroqumicos). A curva de reteno de gua no solo

    pode ser avaliada medindo-se o teor de gua do solo e o potencial matricial

    simultaneamente, em mudanas sucessivas do teor de gua conforme o tempo

    (ANDRADE et al., 2008).

    De acordo com Carvalho & Oliveira (2012), a curva de reteno de gua no solo

    pode ser obtida a partir de dados correlacionados de potencial matricial (m) e

    umidade (). Para isso, utilizado um equipamento denominado membrana ou placa

    de presso de Richards, que se caracteriza por uma cmara de presso conectada

    atmosfera por meio de uma placa sobre a qual so colocadas amostras de solo

  • 25

    saturadas. Em funo de diferentes regulagens de vlvulas, o equipamento permite a

    retirada de gua das amostras de solo, por meio de suco em diferentes tenses

    (presso negativa). Assim, possvel a obteno de valores de umidade no ponto de

    murcha permanente (pm), os quais so normalmente associados s tenses de -1500

    kPa. Uma curva de reteno de gua no solo construda com, no mnimo, seis pares

    de dados ( x ), sendo normalmente utilizadas as tenses de 0, 10, 30, 100, 300,

    500, 1000 e 1500 kPa. Os valores de 30 e 1500 kPa se referem aos valores de

    umidade na capacidade de campo (cc) e no ponto de murcha permanente (pm),

    respectivamente. Desde que a geometria do sistema no varie muito com o tempo, a

    curva de reteno nica e no precisa ser determinada em cada experimento.

    Segundo Reichardt (1988), a quantidade de gua retida no solo e que pode ser

    expressa em massa de gua retida, por unidade de massa de matriz (kg.kg-1), volume

    de gua retido por unidade de volume de solo (m3.m-3) ou altura de gua (m, cm ou

    mm), depende das condies iniciais do molhamento do solo e das condies de

    contorno do sistema solo-gua. Trata-se de um processo dinmico, varivel no espao

    e no tempo. Carvalho e Oliveira (2012) informaram que o processo de redistribuio

    contnuo e no apresenta interrupes abruptas ou nveis estticos quando a

    umidade em capacidade de campo tem potenciais matriciais entre -6 e -30 kPa.

    Apesar de o fluxo de gua no solo decrescer com o tempo em resposta reduo do

    gradiente de potencial na frente de molhamento e pela diminuio brusca da

    condutividade hidrulica, o processo de redistribuio da gua no solo continua

    indefinidamente e a tendncia de equilbrio ocorre depois de longo perodo. Bernando

    et al. (2006) mencionaram que a tenso correspondente capacidade de campo,

    dependendo do tipo de solo, pode vaiar de 5 a 33 kPa. Em solos arenosos comum

    encontrar a capacidade de campo com valores de 10 kPa; e em solos de textura fina

    tpico, 33 kPa.

    A descrio matemtica da curva de interesse para a caracterizao, a

    modelagem e a anlise de diferentes solos e cenrios fsico-hdricos. Uma expresso

    matemtica para a curva de reteno deve conter poucos parmetros para simplificar

    a sua estimativa e descrever o comportamento da curva de reteno, que

    visivelmente no-linear, em toda a sua extenso (OR; WRAITH, 1997). Um dos

    modelos que muito utilizado atualmente o desenvolvido por Van Genutchen

    (1980).

  • 26

    2.1.7. Eficincia do uso da gua

    A eficincia do uso da gua (EUA) est relacionada acumulao de biomassa

    ou produo comercial com a quantidade de gua aplicada ou evapotranspirada pela

    cultura (SOUSA et al., 2000). Dentre os meios e as tcnicas adotadas para aumentar

    a eficincia do uso da gua em agricultura irrigada, o emprego da irrigao por

    gotejamento com o fornecimento de gua com alta frequncia e em baixo volume, se

    mostrou adequado na elevao da EUA (SRINIVAS et al., 1989).

    A distribuio da gua e a manuteno de nveis timos de umidade no solo

    durante todo o ciclo da cultura reduzem as perdas de gua por drenagem e os

    perodos de estresse hdrico da cultura, aumentando assim a EUA. Isto pode ser

    atingido com aplicaes de gua com maior frequncia e em menores lminas de

    irrigao (LIN et al, 1983; SRINIVAS et al., 1989; MISHRA et al., 1995; SAEED; EL-

    NADI, 1997; SOUSA et al., 1998). Lin et al. (1983) verificaram valores elevados de

    EUA sob baixo regime de irrigao em tomateiro.

    2.2. Cobertura plstica

    Atualmente, existem vrios mtodos e tcnicas que auxiliam na reduo da

    lmina aplicada para a cultura. Dentre os mtodos utilizados, existe a forma de cobrir

    a superfcie do solo com o filme de polietileno, a fim de evitar maior evaporao da

    gua do solo, localizada prxima as razes, fazendo com que necessite repor menor

    quantidade de gua via irrigao.

    A utilizao de cobertura plstica compreende uma tcnica que protege a planta

    contra pragas do solo, controla a incidncia de plantas daninhas, conserva a umidade

    prxima a superfcie do solo, aumenta a concentrao de razes na parte mais

    aquecida e mais frtil do perfil do solo, aumenta a atividade microbiana e evita a

    lixiviao de nitrato e potssio, elementos importantes para a nutrio do tomateiro

    (CLARK; MAYNARD, 1992; TSEKLEEV et al., 1993). O uso de filme plstico como

    cobertura (mulching), conserva a umidade e a temperatura do solo, diminuindo a

  • 27

    amplitude trmica e a umidade relativa, favorecendo ainda o metabolismo da planta e

    a precocidade do ciclo vegetativo (LOPES, 1997; MARTINS et al.,1999).

    2.3. A cultura do tomateiro

    O tomate (Lycopersicum esculentum Mill.) a segunda hortalia em importncia

    no Brasil (RONCHI et al., 2010), originrio da regio andina, desde o Equador at o

    norte do Chile (HIGUTI et al., 2010). O tomate uma das hortalias mais plantadas

    no mundo, principalmente por causa de seu valor nutritivo (sendo fonte de minerais,

    vitaminas, cidos orgnicos, aminocidos essenciais, antioxidantes, dentre outros)

    (SAVI et al., 2008). O tomateiro uma solancea herbcea, com caule flexvel e

    incapaz de suportar o peso dos frutos e manter a posio vertical. Da semeadura at

    a produo de novas sementes, o ciclo biolgico varia de quatro a sete meses,

    incluindo-se de um a trs meses de colheita. A planta apresenta dois hbitos de

    crescimentos distintos: indeterminado, o crescimento vegetativo da planta vigoroso

    e contnuo, ocorrendo juntamente com a produo de flores e frutos; e o determinado,

    crescimento vegetativo menos vigoroso, em que as hastes crescem mais

    uniformemente e a planta assume a forma de uma moita. Em relao quantidade de

    gua necessria, as razes necessitam encontrar um teor mnimo de 80% de gua til

    no solo, ao longo do ciclo da cultura (FILGUEIRA, 2008).

    Naika et al. (2006) afirmam que o tomate no resistente a seca e, por

    conseguinte, os rendimentos diminuem consideravelmente aps curtos perodos de

    escassez de gua. Filgueira (2008) afirmou que para a cultura do tomateiro, a irrigao

    influncia no apenas a produtividade, mas tambm a qualidade dos frutos, inclusive

    reduz a incidncia de anomalias fisiolgicas, destacando-se a podrido apical. As

    razes necessitam encontrar um teor mnimo de 80% de gua til no solo, ao longo do

    ciclo da cultura, inclusive durante a colheita, enquanto houver frutos comerciveis na

    planta.

    Dentre os vrios grupos de tomate, existem os que so classificados como mini

    tomates (var. cerasiforme), e neste esto includos o tomate cereja e o tomate grape,

    este ltimo tambm conhecido como tomate pera.

  • 28

    Este tipo de tomate bastante consumido por apresentar diversas propriedades

    fitoqumicas, sendo a atividade antioxidante uma das mais destacadas (Guilherme et

    al., 2008); alm disso, tem grande quantidade de nutrientes e elevados teores de

    slidos solveis (SST) (MEDEIROS et al., 2011).

    A temperatura e a umidade relativa so fatores de clima que exercem maior

    influncia nos diversos estdios de desenvolvimento do tomateiro. Mesmo suportando

    uma ampla variao trmica, a temperatura tima da maioria das variedades situa-se

    entre 21 a 24C. As plantas podem sobreviver certa amplitude de temperatura, mas

    abaixo de 10C e acima de 38C danificam-se os tecidos das mesmas, podendo

    acarretar tambm uma acentuada queda de flores, o que reduz substancialmente a

    produtividade. A umidade relativa excessivamente elevada favorece a ocorrncia de

    doenas que limitam o desenvolvimento da cultura (ALVARENGA, 2004; NAIKA et al.,

    2006).

    Os consumidores consideram o mini tomate um produto de alta qualidade e com

    sabor reconhecidamente superior ao tomate de mesa tradicional. Por isso,

    geralmente, aceitam o preo mais elevado desse produto, que se deve,

    principalmente, ao superior custo de colheita e inferior produo por rea, quando

    comparado ao tomate de mesa tradicional (FERNANDES, 2005).

    O tomate grape est ganhando popularidade entre os consumidores por causa

    de seu sabor, doura, potenciais benefcios para a sade e a facilidade de consumo.

    A maioria dos tomateiros grape so de crescimento indeterminado (SIMONNE et al.,

    2007). O tomate foi classificado como grape por possuir formatos elipsoide e oblongo,

    semelhantes aos formatos de algumas variedades de "uva".

  • 29

    3. MATERIAL E MTODOS

    O experimento foi conduzido no municpio de Casa Nova, BA, durante o perodo

    de agosto de 2012 a maro de 2013. As coordenadas geogrficas so: latitude de 9

    19 36 S; longitude de 40 47 53 O; e altitude de 399 metros. De acordo com os

    dados das normais climatolgicas (1961-1990) do Instituto Nacional de Meteorologia

    INMET (RAMOS et al., 2009) e a classificao de Kppen, explicitada por Pereira et

    al. (2007), o clima local do tipo BSwh, ou seja: semirida (B); com precipitao mdia

    anual em torno de 500 mm (S), distribudas irregularmente, concentradas

    principalmente aos meses de janeiro a abril (w); e temperatura mdia anual acima de

    18 C (h).

    3.1. Preparao e condicionamento das mudas

    O tomate grape utilizado foi um hbrido F1, cultivar Guaraci, de crescimento

    indeterminado. Para o preenchimento das clulas das bandejas de polietileno, o

    substrato utilizado foi preparado com fibra de coco e hmus de minhoca, em proporo

    de 2:1, respectivamente. As sementes foram implantadas no dia 21 de agosto de 2012

    (Figuras 1a e 1b). Em seguida, as bandejas das mudas foram acondicionadas em

    casa de vegetao (Figura 1c) disposta no sentido Norte-Sul revestida, nas laterais e

    parte superior, com tela de sombreamento (sombrite) 50%, fabricada em polietileno

    de alta densidade.

  • 30

    Figura 1. a) Bandejas de polietileno de 200 clulas, contendo as plntulas com substrato; b) bandeja com as plntulas emergidas uma semana aps implantao; e c) casa de vegetao da fazenda.

    As irrigaes das mudas foram realizadas por meio de bomba costal, com

    capacidade de cinco litros, em trs frequncias durante o dia, de modo que cada

    irrigao foi realizada at que o substrato ficasse visualmente saturado.

    As adubaes foliares foram realizadas em 30 e 45 dias aps a semeadura. Aos

    30 dias aps a implantao, foi aplicado por meio de bomba costal, com capacidade

    de 5 litros, fertilizante com 14% N + 40% P2O5 + 5% K2O + 13 SO3 + 0,1 B + 0,05 Cu

    + 0,1 Fe + 0,01 Mo + 0,1 Zn em proporo de 25 g 20 L-1; e fertilizante com 13% N +

    5% K2O em proporo de 25 mL.20L-1, respectivamente. Aos 45 dias aps a

    implantao, foi feita a submerso das bandejas em calda de 150 litros, contendo: 200

    g de fertilizante com 14% N + 40% P2O5 + 5% K2O + 13 SO3 + 0,1 B + 0,05 Cu + 0,1

    Fe + 0,01 Mo + 0,1 Zn, e 300 mL de fertilizante contendo 13% N + 5% K2O, somente

    na regio que compreende as razes.

  • 31

    3.2. Preparao e caractersticas da rea experimental

    3.2.1. Determinao das caractersticas fsicas do solo

    Para se determinar as caractersticas granulomtricas de solo da rea

    experimental, foram coletadas 20 amostras simples das camadas: 0,00 a 0,20 m; e

    0,20 a 0,50 m, para compor uma amostra composta de cada camada (EMBRAPA,

    1997); e encaminhadas para o Laboratrio de Anlise de Solo e Planta, do Instituto

    Agronmico de Campinas IAC, Campinas, SP. O solo da rea foi classificado, de

    acordo com Lemos & Santos (1996), como textura franco arenosa para as duas

    camadas e porosidade total de 39 e 45 % para as camadas de 0,00-0,20 m e 0,20-

    0,50 m, respectivamente (Tabela 1).

    Tabela 1. Composio granulomtrica, classificao da textura do solo e proporo de porosidade total, microporosidade e macroporosidade do solo da rea experimental

    Prof. (m)

    Fraes da amostra total (%)

    Composio granulomtrica (g.kg-1)

    Clas. Tex.

    Porosidade Umidade (m3.m-3)

    Calh 200-20 mm

    Casc 20-2 mm

    terra fina

  • 32

    traar as curvas de reteno de gua para cada camada (Figura 2) (equaes 1 e 2).

    Na Tabela 2 esto apresentados os valores de umidade, correlacionados com seu

    respectivo potencial matricial e a densidade do solo, para cada camada do solo.

    Tabela 2. Dados correlacionados de potencial matricial (m) e umidade (); e densidade do solo, para cada camada do solo da rea experimental

    Profundidade (m)

    Amostra saturada

    6 kPa

    10 kPa

    30 kPa

    50 kPa

    100 kPa

    500 kPa

    1.500 KPa

    Densidade do solo

    Umidade m3.m-3 kg m-3

    0,00 0,20 0,39 0,25 0,15 0,10 0,09 0,07 0,07 0,07 1860

    0,20 0,50 0,45 0,32 0,21 0,14 0,14 0,10 0,08 0,08 1830

    Figura 2. Curvas de reteno de gua do solo, nas camadas de 0,00-0,20 m; e 0,20-0,50 m.

    0,000,20m = 0,07 + 0,39 0,07

    [1 + (0,0268 m)8,99]0,1465 (1)

    0,200,50m = 0,077 + 0,45 0,077

    [1 + (0,0249 m)10,4167]0,0782 (2)

    0,000

    0,050

    0,100

    0,150

    0,200

    0,250

    0,300

    0,350

    10 100 1000 10000 100000

    Um

    idad

    e d

    o s

    olo

    (m

    3m

    -3)

    Potencial matricial (mH2O)

    0,00-0,20 m 0,20-0,50 m

  • 33

    Em que:

    (m): relao funcional entre a umidade (), com base em volume, e o potencial

    matricial (m em m);

    m: potencial matricial (a unidade varivel conforme ajuste);

    Para a limpeza e preparao da rea foi realizada operao de arao

    mecanizada e levantamento dos canteiros (camalhes) de forma no mecanizada,

    permanecendo os camalhes com as dimenses de: 72,00 x 0,60 x 0,30 metros de

    comprimento, largura e altura, respectivamente. Foram utilizadas trs linhas de

    produo, com 2,80 m de espaamento entre elas, sendo somente a linha do meio

    utilizada para as anlises dos tratamentos, ficando as duas laterais utilizadas para

    bordadura. Cada linha de produo do camalho foi composta de: uma estaca de

    madeira (mouro) de, aproximadamente, trs metros de comprimento, instalada em

    cada extremidade, inclinada em torno de 45 para o sentido oposto a linha, de forma

    que serviram de sustentao para os arames, amarrados no mouro (Figura 3a),

    conseguindo suportar o peso total dos tomateiros que foram conduzidos amarrados

    (tutorados) com fita plstica (fitilhos) nos arames (Figura 3b). Ao longo da linha foram

    implantadas estacas no sentido vertical, de forma que ficassem em torno de trs

    metros de altura, para que servissem de auxlio na sustentao dos arames.

    Figura 3. a) Linhas de produo da rea experimental, com as estacas e moures; b) rea experimental com cobertura plstica e cultura implantada.

  • 34

    3.2.2. Adubao de fundao

    Para preparao das covas, aplicou-se um lastro de adubao de fundao de

    250 kg.ha-1 de Ca (12%) e S (6%); 300 kg.ha-1 de Ca (32%) e Mg (2%); e 100 kg.ha-1

    de fertilizante a base de nitrognio.

    3.2.3. Conduo da cultura

    A cultura foi conduzida de forma que ficassem somente seis hastes, de cada

    planta, para seu desenvolvimento, ficando cada fitilho (sentido vertical) com duas ou

    trs hastes, amarradas por fita plstica.

    Houve eliminao de brotos laterais e foram aplicados produtos fitossanitrios

    recomendados para o controle de pragas e doenas.

    As capinas eram realizadas de forma manual, com utilizao de enxada, em

    intervalos mdios de trs a quatro semanas.

    3.2.4. Implantao da cobertura plstica sobre a superfcie do solo

    Na superfcie dos camalhes foram instaladas coberturas plsticas de colorao

    preta, com 1,20 m de largura, em todo seu comprimento. Posteriormente, para a

    implantao das mudas, perfurou a cobertura plstica no espaamento utilizado para

    este experimento, 0,40 m entre plantas.

    3.2.5. Barreiras para diviso dos tratamentos

    Entre cada subparcela foram inseridas no solo, verticalmente no sentido

    transversal linha de produo, barreiras de plstico de, aproximadamente, 0,40 x

  • 35

    0,40 x 0,002 m de comprimento, largura e espessura, respectivamente; para evitar a

    interferncia da lmina de gua de um tratamento para o outro, com o deslocamento

    lateral da gua dentro do perfil do solo (Figura 4).

    Figura 4. Preparao da instalao da barreira de plstico entre cada subparcela.

    3.2.6. Fertirrigao

    Foi utilizado um reservatrio de 0,50 m3, para a realizao da diluio dos

    fertilizantes. A injeo dos fertilizantes foi feita por meio de injetor tipo Venturi,

    acoplado a um conjunto motobomba.

    A fertirrigao era realizada no incio da irrigao diria, momento em que todos

    os tratamentos eram acionados ao mesmo tempo. Ao final da fertirrigao, dava-se

    incio as frequncias respectivas a cada tratamento.

  • 36

    3.2.7. Implantao das mangueiras

    A rea experimental se localiza a, aproximadamente, 50 metros de distncia do

    cabeal de controle. A gua era canalizada em tubulaes de policloreto de vinila

    (PVC) com 100 mm de dimetro. Para que a irrigao ocorresse respeitando a

    presso recomendada para o sistema de gotejamento, foi implantada uma vlvula de

    controle de fluxo (piloto), com o objetivo de manter a presso do sistema constante

    em 100 kPa. Aps a vlvula, foi implantado um manmetro para aferir a presso e,

    com isso, poder regul-la. Da tubulao, de 100 mm de dimetro, foram instaladas

    trs mangueiras de polietileno de 16 mm de dimetro, que se encontraram por meio

    de conexes do tipo unio e t (T) para a montagem dos registros de controle para

    os tratamentos.

    3.3. Avaliao do sistema de irrigao

    Foram utilizados tubos gotejadores com espaamento de 0,30 m entre

    emissores, vazo de 1,7 L.h-1 e com a espessura da parede do tubo de 0,63 mm.

    Para a avaliao da uniformidade de distribuio, foi adotada a metodologia

    proposta por Keller & Karmeli (1975), em que se coletou a vazo de quatro emissores,

    localizados: no incio, a 1/3, a 2/3 e no final da linha; durante um perodo de 10 minutos

    e depois transformando o valor em L h-1. Com os valores de vazo, foi determinado o

    coeficiente de uniformidade de distribuio (CUD), descrita na equao 3:

    CUD = q25

    q 100 (3)

    Em que:

    CUD: coeficiente de uniformidade de distribuio (%);

    q25: mdia das 25% menores vazes coletadas; e

    q: vazo mdia coletada.

    Com a metodologia proposta por Keller & Karmeli (1975), torna-se possvel obter

    uma viso geral da variao de vazo em toda a rea, nesse caso em toda a linha, j

    que so coletados valores desde o incio da linha de produo, at seu final. Com tal

  • 37

    metodologia, foram obtidas as seguintes vazes: 1,260; 1,344; 1,320; e 1,350 L h-1

    para os pontos de incio, 1/3, 2/3 e final da linha, respectivamente.

    Para a estimativa da eficincia do sistema de irrigao (Ei), foi utilizada a

    metodologia proposta por Vermeiren & Jobling (1997) para sistemas localizados, em

    que a eficincia estimada em, aproximadamente, 90% do coeficiente de

    uniformidade de distribuio (equao 4), ou seja:

    Ei = 0,9 CUD (4)

    3.4. Variveis analisadas

    As variveis analisadas da cultura foram: produtividade total; produtividade

    comercializvel; nmero total de frutos por planta; nmero de frutos comercializveis

    por planta; massa mdia dos frutos; massa mdia comercializvel dos frutos; potencial

    hidrogeninico (pH); teor de slidos solveis totais (SST); acidez total titulvel (AT);

    relao SST/AT; presena de defeitos (leves e graves): podrido, podrido apical,

    ferida, passados, rachados, deformados, imaturos, com queima devida radiao

    solar direta, atacados por patgenos, e eficincia do uso da gua.

    A amostragem de defeitos foi baseada na classificao proposta pela CEAGESP

    (2003):

    Podrido: com dano patolgico e/ou fisiolgico que implicou em qualquer grau

    de decomposio, desintegrao ou fermentao dos tecidos;

    Podrido apical: com dano fisiolgico caracterizado por necrose seca na regio

    apical do fruto;

    Ferida: que apresentaram leso de origem mecnica ou fisiolgica;

    Passados: apresentaram um avanado estdio de maturao;

    Rachados: frutos que apresentaram rompimento do epicarpo e parte do

    mesocarpo, de forma linear, deixando a polpa do fruto amostra;

    Deformados: foram aqueles que apresentaram alterao da forma caracterstica

    da variedade;

  • 38

    Imaturos: aqueles que no alcanaram o estdio de maturao ideal ou

    comercial, ou seja, quando ainda no visvel o incio de amarelecimento na

    regio apical do fruto;

    Queimados: foram aqueles que apresentaram zona de cor marrom, provocada

    pela ao do sol, atingindo a polpa;

    Atacados por patgenos: foram aqueles que apresentaram leso causada por

    pragas.

    Os frutos considerados comercializveis foram aqueles que no apresentaram

    os defeitos citados anteriormente.

    Para os resultados de massa total e comercializvel, foi utilizada balana

    comercial e os valores foram expressos em kg. Os nmeros de frutos foram expressos

    em quantidade. Para a massa mdia de frutos foi realizada a relao entre massa e a

    quantidade de frutos.

    Para anlise das caractersticas fsico-qumicas foram escolhidos,

    aleatoriamente, em cada coleta, 10 frutos comercializveis. Todos os frutos foram

    lavados com gua destilada, secados em papel absorvente e, posteriormente, foram

    triturados e submetidos anlise das caractersticas fsico-qumicas da polpa. Para a

    anlise do potencial hidrogeninico foi utilizado um pHmetro digital de bancada. A

    determinao dos slidos solveis totais se baseou na metodologia descrita por

    Moretti et al. (1998), com a utilizao de refratmetro digital porttil, em que era

    colocada uma pequena quantidade do material homogeneizado sobre a superfcie do

    prisma, realizando a leitura de forma direta e expressando o valor em Brix. A acidez

    total titulvel (mg de cido ctrico 100 g-1 de polpa) foi determinada de acordo com o

    AOAC (2000), em que pesou cerca de cinco gramas da amostra, que foram diludos

    em 40 mL de gua destilada e acrescentado soluo de 0,3 mL de azul de bromotimol

    como indicador cido-base. Cada amostra foi frequentemente agitada durante o

    processo de titulao automtica, utilizando NaOH 0,1 N, at atingir a neutralizao.

    O resultado foi expresso sob forma de porcentagem de cido ctrico. O ndice de

    maturao foi calculado por meio da relao dos SST/AT, conforme IAL (2008).

  • 39

    3.5. Delineamento experimental, anlise estatstica e tratamentos

    O delineamento experimental foi realizado em blocos ao acaso, em parcelas

    subdivididas, em que foram realizadas trs lminas de irrigao (parcelas): 0,75xETloc

    (L1); 1,00xETloc (L2); e 1,25xETloc (L3) e, para cada parcela, foram utilizadas trs

    frequncias dirias (subparcelas): uma (F1), duas (F2) e trs (F3) vezes ao dia. Sendo

    assim, foram quatro blocos (repeties), totalizando 12 parcelas e 36 subparcelas.

    Em cada subparcela do experimento continham cinco plantas, porm, foram

    utilizadas somente trs plantas para realizao das anlises e duas foram utilizadas

    como bordadura (uma em cada extremidade). Nesse caso, cada subparcela

    correspondeu a uma rea de 2,00 x 2,80 m (5,60 m2), sendo 1,20 x 2,80 m de rea

    til (3,36 m2). Cada parcela representava trs subparcelas, ou seja, 6,00 x 2,80 m

    (16,80 m2) e cada bloco (repetio) correspondeu a 18,00 x 2,80 m (50,40 m2),

    possuindo assim, a rea total (com as linhas de bordadura) de 72,00 x 8,40 m (604,80

    m2), das quais 120,96 m2 foram de rea til total. Esses valores representam somente

    a rea de implantao da cultura. A rea em que estavam instalados os registros de

    controle de irrigao no est contabilizada nessas dimenses.

    Na linha de realizao da diferenciao das lminas foram implantadas nove

    mangueiras de polietileno de alta densidade de 0,016 m de dimetro, uma para cada

    tratamento (LnFn), em que cada subparcela experimental compreendesse dois metros

    de comprimento linear de tubos gotejadores, encerrando os dois metros com utilizao

    de unio e encaixe de mangueira sem emissores (mangueira cega). Sendo assim,

    cada mangueira de tratamento possui dois metros de tubo gotejador e 16 metros de

    mangueira em cada repetio. Os tratamentos foram intercalados, ou seja, o local do

    final da subparcela de um tratamento o incio da subparcela de outro tratamento.

    Cada mangueira possua um registro de esfera no incio, para realizao do controle

    manual das lminas e frequncias (Figura 5).

  • 40

    Figura 5. Registros de controle dos tratamentos no incio da linha.

    Para anlise estatstica, foi utilizado o programa SISVAR, verso 5.3

    (FERREIRA, 2006) para a anlise de varincia. Caso houvesse diferena significativa

    entre as mdias, foi utilizado o teste de Tukey, a 10 % de probabilidade.

    3.6. Dados meteorolgicos

    Os dados meteorolgicos, para realizao da comparao de dados dirios em

    relao produtividade da cultura, foram disponibilizados pelo Laboratrio de

    Meteorologia (LABMET), da Universidade Federal do Vale do So Francisco

    UNIVASF, referente estao meteorolgica automtica de Petrolina, PE, com as

    coordenadas geogrficas de 09 19 28 S, 40 33 34 W e 393 m. Os dados

    meteorolgicos disponveis foram temperaturas (C) instantnea, mxima e mnima;

    radiao global (MJ.m-2); precipitao acumulada no perodo (mm); e umidade relativa

    do ar (%) instantnea, mxima e mnima.

  • 41

    3.7. Manejo de irrigao

    Para a estimativa das lminas de irrigao, foram utilizados os dados da estao

    meteorolgica automtica do Instituto Nacional de Meteorologia INMET, de

    Petrolina, PE. Os dados meteorolgicos disponveis foram temperaturas (C)

    instantnea, mxima e mnima; umidade relativa do ar (%) instantnea, mxima e

    mnima; ponto de orvalho (C) instantneo, mximo e mnimo; presso (hPa)

    instantnea, mxima e mnima; velocidade (m.s-1), direo (em graus) e rajada de

    vento (m.s-1); radiao global (kJ.m-2); e precipitao acumulada no perodo (mm). Os

    dados eram coletados pela estao meteorolgica automtica, de minuto em minuto,

    e disponibilizados em forma de mdia, a cada hora no stio de informao do INMET.

    Os valores de ET0 foram determinados a cada hora e, assim, realizado o somatrio

    para se determinar a ET0 diria (equao 5).

    Os dados meteorolgicos foram utilizados para se estimar a evapotranspirao

    de referncia (ET0) do dia anterior, utilizando-se a equao de Penman-Monteith, que

    foi proposta como modelo padro pelo boletim 56 da Food and Agriculture

    Organization of the United Nations FAO,sugerido por Allen et al. (1998):

    ET0 = 0,408(Rn G) +

    900

    T2+ 273u2(es ea)

    + (1 + 0,34 u2) (5)

    Em que:

    ET0: evapotranspirao de referncia, mm dia-1;

    Rn: radiao lquida na superfcie da cultura, MJ m-2 dia-1;

    G: densidade do fluxo de calor do solo, MJ m-2 dia-1;

    T2: temperatura do ar a 2 metros de altura, C;

    u2: velocidade do vento a 2 metros de altura, m s-1;

    es: presso de vapor de saturao, kPa;

    ea: presso atual de vapor, kPa;

    es ea: dficit de presso de vapor de saturao, kPa;

    : declividade da curva de presso de vapor de saturao x temperatura, kPa C-1;

    : constante psicromtrica, kPa C-1; e

    0,408: fator de converso para o termo (Rn G), de MJ m-2 dia-1 para mm dia-1.

  • 42

    Para a determinao da quantidade de gua necessria a ser aplicada na

    cultura, foi utilizada a metodologia proposta por Mantovani et al. (2009), para irrigao

    localizada baseada na porcentagem de rea sombreada (equao 6):

    PAS = AS

    AT (6)

    Em que:

    PAS: porcentagem de rea sombreada, %;

    AS: rea sombreada pela planta, m2; e

    AT: rea total da planta, m2.

    Segundo Mantovani et al. (2009), as observaes em campo indicam que o

    mtodo proposto por Keller & Bliesner (1990) tem sido recomendado para o caso de

    uso geral. Sendo assim, para a determinao do KL nessa situao, foi utilizado este

    mtodo (equao 7):

    KL = 0,1 P (7)

    Em que:

    KL: fator de correo devido localizao, adimensional; e

    P: porcentagem da rea sombreada (PAS) ou molhada (PAM), %.

    Com o valor de ET0 e KL, determinou a evapotranpirao localizada (ETloc)

    (equao 8):

    ETloc = ET0 KL (8)

    Em que:

    ETloc: evapotranspirao (localizada) da cultura, mm dia-1.

    A intensidade de aplicao (equao 9) foi determinada de acordo com o nmero

    de gotejadores, vazo do gotejador em relao rea ocupada pela planta:

    Ia = N q

    A (9)

    Em que:

    Ia: intensidade de aplicao, mm h-1;

    N: nmero de gotejadores por planta, adimensional;

    q: vazo do gotejador, L h-1; e

    A: rea ocupada pela planta, m2.

  • 43

    A lmina bruta de irrigao (equao 10) foi determinada com a relao da ET0

    e a Ei, utilizando o KL para ajustar o valor da lmina para a rea molhada:

    LB = ET0Ei

    KL (10)

    Em que:

    LB: lmina bruta de irrigao, mm dia-1;

    ET0: evapotranspirao de referncia, mm dia-1;

    Ei: eficincia de irrigao, %.

    Para determinao do tempo de irrigao (equao 11) geral, foi utilizada a

    relao entre a lmina bruta e a intensidade de aplicao:

    Ti = LB

    Ia (11)

    Ti: tempo de irrigao, h.

    Com a determinao do valor geral da ETloc, foram determinadas as lminas de

    irrigao para cada tratamento, utilizando 75, 100 e 125% da lmina geral (equaes

    12, 13 e 14):

    Lmina 1 (L1) = 0,75 ETloc (12)

    Lmina 2 (L2) = 1,00 ETloc (13)

    Lmina 3 (L3) = 1,25 ETloc (14)

    Em que:

    L1, L2 e L3: lminas de irrigao, em mm dia-1.

    3.8. Instalao dos tensimetros

    Os tensimetros foram instalados no segundo bloco (repetio) do experimento,

    localizado aproximadamente a metade da linha de produo, ficando cada tratamento

    com uma bateria de dois tensimetros: um instalado com a profundidade de 0,20 m;

    e o outro com 0,50 m de profundidade da cpsula em relao superfcie do solo. Os

    tubos foram instalados entre as plantas e, principalmente, entre a posio de dois

    emissores.

  • 44

    Para a realizao da instalao, foi utilizada a metodologia proposta por Silveira

    et al. (2001). Os tubos de tensimetros foram instalados 40 dias aps a data de

    transplantio da cultura. Depois da irrigao, com o auxlio de um cano de alumnio de

    dimetro igual aos tubos dos tensimetros, fizeram-se dois orifcios para cada bateria,

    um com profundidade de 0,23 m e outro com profundidade de 0,53 m. Os 0,03 m

    acrescentados em cada profundidade foram adicionados por causa da profundidade

    da cpsula de cermica, j que a leitura dos tensimetros realizada tomando como

    referncia a distncia mediana da cpsula, e cada cpsula possua comprimento de

    0,06 m.

    Para a leitura dos tensimetros, foi utilizado um tensmetro digital e todas as

    leituras foram efetuadas durante o perodo da manh, antes da irrigao.

    3.9. Eficincia do uso da gua EUA

    Para a determinao da eficincia do uso da gua EUA (kg.m-3), total (EUApt)

    e comercializvel (EUApcom), foi utilizada a relao da produtividade (kg.ha-1) por

    volume de gua aplicado (m-3.ha-1) (equao 15):

    (. 3) = (. 1)

    (3. 1) (15)

  • 45

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1. Caractersticas do solo

    Dentro da porosidade total das duas camadas, no diferenciou em relao

    macroporosidade, sendo 0,13 m3.m-3 para as duas; porm, em relao

    microporosidade, obtiveram valores de 0,25 e 0,32 m3.m-3 para as camadas de 0,00-

    0,20 e 0,20-0,50 m, respectivamente. Como a microporosidade retm maior

    quantidade de gua em relao macroporosidade, por consequncia das aes de

    coeso e adeso das partculas, a camada mais profunda (0,20-0,50 m) tem

    possibilidade de reter maior quantidade de gua em relao camada mais superficial

    e armazenar maior volume de gua por possuir maior volume de porosidade total.

    Brady (1989) informa que camadas de solo de textura fina possibilitam movimentao

    relativamente lenta de gases e de gua, devido ao fato do seu sistema poroso ser

    formado predominantemente por poros de pequenos dimetros, ou seja, microporos.

    Nesse caso os microporos mantm-se, com frequncia, cheios de gua.

    A camada referente profundidade de 0,20-0,50 m apresentou maior volume

    de poros em relao camada de 0,00-0,20 m, ou seja, apresentou maior umidade

    de saturao. Nas amostras saturadas apresentaram 0,39 e 0,45 m3.m-3 de umidade

    em relao s camadas 0,00-0,20 e 0,20-0,50 m, respectivamente. Os valores de

    densidade do solo indicam que a camada mais superficial foi ligeiramente superior

    que a camada mais profunda; segundo Brady (1989), em solos mais arenosos, o

    espao ocupado por poros menor que nos argilosos, devido ao fato que os solos

    argilosos possuem um grande nmero de microporos internos em seus agregados,

    por esta razo solos superficiais, com textura grosseira, so normalmente mais

    densos que os de textura fina.

  • 46

    4.2. Uniformidade de distribuio UD

    A uniformidade de distribuio (UD) foi igual a 95,56%. Bralts (1986) apresentou

    os seguintes critrios para classificao dos valores de coeficiente de uniformidade

    de distribuio (CUD): 90% ou maior excelente; 80% a 90% bom; 70% a 80%

    regular; e menor que 70% ruim. Sendo assim, o CUD da rea foi classificado como

    excelente.

    Para o presente experimento, a eficincia de irrigao foi estimada por meio da

    uniformidade de distribuio, em que se obteve uma eficincia de 86%. Ou seja, de

    toda gua captada desde a fonte e distribuda na rea, 86% seria armazenada na

    zona radicular e, aparentemente, aproveitada pela cultura. Justamente por isso, a

    lmina total (lmina bruta) determinada em razo da eficincia do sistema, para

    poder aplicar uma lmina maior, para poder compensar esses 14% que no estariam

    disponveis para a cultura.

    4.3. Dados meteorolgicos

    4.3.1. Temperatura

    No perodo referente ao experimento, a faixa de temperatura variou entre 19,97

    e 38,11 C com obteno de mdias de 23,09; 28,50; e 34,66 C para temperaturas

    mnima, mdia e mxima, respectivamente (Figura 6). Estes valores esto prximos

    faixa de temperatura compreendida entre 10 e 34C, considerada ideal por

    Alvarenga (2004) para o desenvolvimento e produo da cultura do tomateiro.

  • 47

    Figura 6. Mdias dos dados dirios de temperaturas mdias, mximas e mnimas do ar (C) durante o perodo do experimento em campo.

    De acordo com a Figura 6, observada que a mdia da temperatura mxima

    ultrapassa o limite ideal mximo recomendado para a cultura durante o perodo de

    seu ciclo. De 154 dias, contabilizados desde o transplantio at a ltima colheita, 108

    ultrapassaram 34 C, o valor mximo da faixa recomendvel para a cultura. E destes,

    somente um dia ultrapassou o limite trfico de 38 C.

    Esta variao na temperatura, dos 108 dias ultrapassando o limite

    recomendvel, pode ser responsvel por resultados indesejveis na produo uma

    vez que, quando a temperatura se afasta da faixa do timo, ocorrem estresses nas

    plantas havendo menor liberao e germinao do gro de plen, menor fixao dos

    frutos e ocorrncia de frutos pequenos e com poucas sementes (FONTES; SILVA,

    2005), alm de anomalias como escaldaduras e alterao da cor dos frutos pela

    reduo da sntese de licopeno (SILVA JNIOR; PRANDO, 1989).

    A exposio a temperaturas elevadas ainda pode afetar diretamente a

    fotossntese, causando alteraes em acares, cidos orgnicos, flavonoides,

    firmeza e atividade antioxidante (MORETTI et al., 2010), alm de provocar

    modificaes morfolgicas, anatmicas, fisiolgicas e, finalmente, as mudanas

    bioqumicas nos tecidos vegetais e, como consequncia, pode afetar o crescimento e

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

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    45

    25

    /10

    1/1

    1

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    1

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    22

    /11

    29

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    6/1

    2

    13

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    27

    /12

    3/1

    10

    /1

    17

    /1

    24

    /1

    31

    /1

    7/2

    14

    /2

    21

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    28

    /2

    7/3

    14

    /3

    21

    /3

    28

    /3

    Tem

    per

    atu

    ra d

    o a

    r (

    C)

    Datas referentes ao perodo do experimento

    Temp. Mx. Temp. Md. Temp. Mn.

    -- 34 C (limite mximo) -- 10 C (limite mnimo)

  • 48

    desenvolvimento dos diferentes rgos da planta. Estes eventos podem causar

    drsticas redues no rendimento comercial (KAYS, 1997; SILVA et al., 2011).

    Variaes como alterao da colorao dos frutos, tendenciados ao amarelo,

    foram observadas na quarta e na quinta colheita, onde as mdias de temperatura

    mdia e mxima do ar atingiram 29,39 e 35,58C, respectivamente. Este tipo de

    alterao comum sob temperaturas elevadas, pois o licopeno, pigmento responsvel

    pela colorao vermelha do fruto, tem a formao inibida nestas condies.

    Entretanto, a formao do caroteno continuada, o que confere colorao amarelada,

    indesejvel (FILGUEIRA, 2008).

    Neste experimento observou-se ainda que a massa mdia por fruto foi

    diminuindo a cada colheita, obtendo-se, na primeira colheita, mdias que variaram de

    8,20 kg.10-3 at 9,71 kg.10-3 e na ltima colheita, as mdias por frutos variaram de

    4,23 kg.10-3 at 4,57 kg.10-3. Silva et al. (2011) afirmaram que, para esse tipo de

    tomate, a massa mdia do fruto pode variar de 6 a 50 kg.10-3, dependendo da

    linhagem. Isso demonstra que nas ltimas colheitas, os frutos podem se tornar no

    comercializveis, dependendo da demanda de mercado.

    Gautier et al. (2005) afirmaram que pequenas mudanas de temperatura no fruto

    poderia ter um grande impacto na composio final da fruta tomate cereja, podendo

    haver diminuio do teor de gua dos frutos e aumento da proporo de matria seca.

    Nesse caso, o aumento da temperatura do ar, ao ponto de ultrapassar os limites

    recomendados para a cultura, acarretou em menor massa por fruto.

    4.3.2. Radiao solar global

    De acordo com Lindhagem (1996), a temperatura o principal fator que controla

    o desenvolvimento da cultura, porm a radiao solar tambm exerce efeito,

    secundrio, com menor intensidade.

    A mdia da radiao solar global durante todo o perodo em que a cultura

    permaneceu no campo foi de 24,68 MJ m-2 dia-1, variando de 10,36 a 30,76 MJ m-2

    dia-1 (Figura 7).

  • 49

    Figura 7. Dados de radiao global (MJ m-2 dia-1) durante o perodo do experimento em campo.

    A produo de massa seca pelos organismos vegetais o resultado da fixao

    do CO2 atmosfrico atravs da fotossntese, realizada como suporte energtico

    proveniente da radiao solar (SHAFFER et al., 1996; ALPI; TOGNONI, 1999). Os

    compostos produzidos pela fotossntese, chamados de assimilados, podem ser

    transportados na forma de sacarose, na maioria das espcies cultivadas, e

    armazenados, temporariamente, em rgos de reserva como os frutos, ou, ento

    usados como fonte de energia necessria ao funcionamento da planta, atravs da

    respirao (ANDRIOLO, 1999).

    Para a cultura do tomateiro, o nvel de radiao solar em que a planta produz o

    mnimo de fotoassimilados necessrios sua manuteno de aproximadamente 8,4

    MJ m-2 dia-1, intitulado como limite trfico (FAO, 1990; ANDRIOLO,1999). Valores

    inferiores so considerados imprprios para o cultivo. Em relao ao limite mnimo, a

    rea experimental apresentou condies favorveis, j que durante todo o

    experimento em campo, no houveram valores de radiao inferiores ao mencionado;

    sendo o dia 03 de janeiro de 2013 correspondente ao dia em que se obteve a menor

    radiao solar do perodo, igual a 10,36 MJ m-2 dia-1.

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    25

    /10

    1/1

    1

    8/1

    1

    15

    /11

    22

    /11

    29

    /11

    6/1

    2

    13

    /12

    20

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    27

    /12

    3/1

    10

    /1

    17

    /1

    24

    /1

    31

    /1

    7/2

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    /2

    21

    /2

    28

    /2

    7/3

    14

    /3

    21

    /3

    28

    /3

    Rad

    ia

    o g

    lob

    al (

    MJ

    m-2

    dia

    -1)

    Datas referentes ao perodo do experimento

    Radiao Solar Global -- limite trfico

  • 50

    Radin et al. (2003) realizaram experimentos no estado do Rio Grande do Sul e o

    fluxo de radiao solar global para o perodo de primavera-vero registrou mdia de

    22,74 MJ m-2 dia-1, porm a eficincia de uso da radiao fotossinteticamente ativa

    (RFA) pelo tomateiro foi maior no perodo vero-outono, poca em que houve menor

    disponibilidade de radiao fotossinteticamente ativa incidente. Sinclair & Horie (1989)

    constataram que a eficincia de uso da radiao varia dentro de uma mesma espcie

    e que folhas saturadas por radiao so menos eficientes do que as sombreadas. A

    distribuio mais homognea da radiao solar atravs do dossel tende a no saturar

    a maioria das folhas, justificando-se a resposta linear de acmulo de matria seca em

    funo do total de RFA interceptada (RUSSELL et al., 1989). Sinclair & Shiraiwa

    (1993) tambm obtiveram maior eficincia de uso da radiao em local onde a mdia

    diria de radiao foi menor. Radin et al. (2003) ainda comprovaram que para um

    mesmo valor de radiao fotossinteticamente ativa interceptada, se obtm maior

    eficincia de uso da radiao (matria seca area acumulada) pelo tomateiro quando

    cultivado em estufa do que a cu aberto.

    Nesse caso, este experimento demonstra que a radiao solar mdia disponvel

    em Casa Nova, BA, durante o perodo primavera-vero permite o desenvolvimento

    normal do tomateiro em relao ao limite mnimo recomendvel. Porm, a alta

    incidncia de radiao solar pode ser um fator limitante (ou reducionista) para o

    desenvolvimento timo do tomateiro grape.

    4.3.3. Precipitaes

    Os meses de outubro a maro compreendem o perodo do ano que ocorrem o

    maior ndice pluviomtrico para essa regio, em mdia de 450 a 500 mm. Porm,

    durante esse perodo, em que ocorreu a realizao do experimento, houve

    precipitao acumulada de 116,6 mm, distribudas em 16 dias (Figura 8).

  • 51

    Figura 8. Dados de precipitao (mm) durante o perodo do experimento em campo.

    No dia 07 de novembro de 2012 ocorreu precipitao de, aproximadamente, 38,0

    mm, porm no afetou a cultura, j que esta ainda estava em fase inicial de

    crescimento, porm, no dia 17 de janeiro de 2013, uma precipitao de 23,0 mm

    causou prejuzo na produo, pela ao fsica do impacto da chuva nos frutos,

    ocasionando a perda dos frutos programados para a segunda colheita que, por

    consequncia, foi adiada.

    As outras precipitaes que ocorreram durante o perodo do experimento no

    interferiram negativamente na produo da cultura em relao ao impacto fsico. As

    precipitaes influenciaram somente no manejo de irrigao, na lmina de gua a ser

    aplicada.

    4.3.4