ARTIGO -EXAMINANDO A OPINIÃO DO LEITOR DA GAZETA … · específico da opinião que se destacava...

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1 Examinando a opinião do leitor da Gazeta do Povo para encontrar (e se defender de) sua visão de Educação Pública ¹ Autor – SARMENTO, Marco A. M.² RESUMO – Este trabalho está produzido em forma de artigo, cujo conteúdo é uma continuidade da primeira aproximação que fiz, de caráter exploratório sobre as referências feitas na imprensa acerca da escola pública. Trata-se de avançar para além do estabelecimento de uma metodologia e de um primeiro mapeamento, já efetuado anteriormente, agora concluindo-o e exercitando análises iniciais.Tais referências dizem respeito as opiniões relativas a educação pública, veiculadas no jornal impresso Gazeta do Povo, tendo como foco a seção do periódico denominada Coluna do Leitor. O período estudado foi entre janeiro e junho de 2007. Neste trabalho foram analisados 121 textos publicados na Coluna, nos quais o conteúdo relacionava-se à educação. Investigamos este retorno opinativo, geralmente fundamentado nas notícias e nas posições mediadas pelo jornal, analisamos as reclamações que neles vem implícitas, já que expressam certas visões e avaliações de escola pública, cujos conteúdos merecem ser avaliados e problematizados em seus pressupostos, valores, lógica operativa e possíveis implicações nos vários âmbitos de gestão escolar pública, tendo em vista a necessária defesa e fortalecimento da educação estadual pública de qualidade. Palavras chave: educação e imprensa escrita; escola pública na Gazeta do Povo. Face a Face com o Jornal Embora já tenhamos apresentado num primeiro artigo as características do veículo de comunicação, que escolhemos para o nosso trabalho de pesquisa, consideramos necessário neste momento fazê-lo novamente, mesmo de forma mais resumida, buscando situar o leitor que pela primeira vez tiver contato com esta nossa produção. O Jornal Gazeta do Povo, já com 90 anos, atualmente considerado o maior jornal do Paraná, ocupa uma posição de importância e liderança no segmento jornalístico do estado. _______ 1 Este artigo foi produzido no contexto da pesquisa que venho produzindo a partir do programa PDE ( Programa de Desenvolvimento Educacional) desde abril de 2007, sob a orientação da profa. Dra. Ana Lúcia Ratto, vinculada ao Setor de Educação da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Trata-se aqui de apresentar a continuidade deste trabalho, em forma de mais um artigo, como conclusão da etapa final do PDE. 2 Professor da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, licenciado em Educação Física, com 35 anos de carreira na Educação Pública do Estado do Paraná, atuando em 2006 no Departamento de Infra-Estrutura, Lotado no Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa, afastado em 2007 para participação no PDE, Programa de Desenvolvimento Educacional. Hoje em atuação na Ouvidoria do Núcleo Regional de Educação da Área Metropolitana Sul.

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Examinando a opinião do leitor da Gazeta do Povo para encontrar (e se defender de) sua visão de Educação Pública ¹

Autor – SARMENTO, Marco A. M.²

RESUMO – Este trabalho está produzido em forma de artigo, cujo conteúdo é uma continuidade da primeira aproximação que fiz, de caráter exploratório sobre as referências feitas na imprensa acerca da escola pública. Trata-se de avançar para além do estabelecimento de uma metodologia e de um primeiro mapeamento, já efetuado anteriormente, agora concluindo-o e exercitando análises iniciais.Tais referências dizem respeito as opiniões relativas a educação pública, veiculadas no jornal impresso Gazeta do Povo, tendo como foco a seção do periódico denominada Coluna do Leitor. O período estudado foi entre janeiro e junho de 2007. Neste trabalho foram analisados 121 textos publicados na Coluna, nos quais o conteúdo relacionava-se à educação. Investigamos este retorno opinativo, geralmente fundamentado nas notícias e nas posições mediadas pelo jornal, analisamos as reclamações que neles vem implícitas, já que expressam certas visões e avaliações de escola pública, cujos conteúdos merecem ser avaliados e problematizados em seus pressupostos, valores, lógica operativa e possíveis implicações nos vários âmbitos de gestão escolar pública, tendo em vista a necessária defesa e fortalecimento da educação estadual pública de qualidade. Palavras chave: educação e imprensa escrita; escola pública na Gazeta do Povo.

Face a Face com o Jornal

Embora já tenhamos apresentado num primeiro artigo as características do

veículo de comunicação, que escolhemos para o nosso trabalho de pesquisa,

consideramos necessário neste momento fazê-lo novamente, mesmo de forma mais

resumida, buscando situar o leitor que pela primeira vez tiver contato com esta

nossa produção.

O Jornal Gazeta do Povo, já com 90 anos, atualmente considerado o maior

jornal do Paraná, ocupa uma posição de importância e liderança no segmento

jornalístico do estado.

_______

1 Este artigo foi produzido no contexto da pesquisa que venho produzindo a partir do programa PDE ( Programa de Desenvolvimento Educacional) desde abril de 2007, sob a orientação da profa. Dra. Ana Lúcia Ratto, vinculada ao Setor de Educação da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Trata-se aqui de apresentar a continuidade deste trabalho, em forma de mais um artigo, como conclusão da etapa final do PDE.

2 Professor da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, licenciado em Educação Física, com 35 anos de carreira na Educação Pública do Estado do Paraná, atuando em 2006 no Departamento de Infra-Estrutura, Lotado no Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa, afastado em 2007 para participação no PDE, Programa de Desenvolvimento Educacional. Hoje em atuação na Ouvidoria do Núcleo Regional de Educação da Área Metropolitana Sul.

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Deu origem à marca RPC, Rede Paranaense de Comunicação, passando a

identificar um grande Grupo Empresarial de mídia. Sua caminhada no meio da

comunicação impressa é parte considerável e decisiva na tradição e história do

jornalismo deste estado. Hoje, tem uma tiragem média mensal de circulação de

60.039 exemplares nos domingos e de 39.493 exemplares nos dias úteis da

semana.

O grupo emprega mais de 1800 pessoas, entre diretores, funcionários,

jornalistas, repórteres, advogados, cinegrafistas, possuindo dois jornais diários, oito

emissoras de televisão (afiliadas da Rede Globo), duas rádios, um portal de internet

e o instituto RPC — organização de caráter não governamental que atua em

projetos, programas e ações sociais.

Como parte dessa “máquina” que multiplica a reprodução das notícias,

veiculadas nos seus vários segmentos, a Gazeta do Povo apresenta uma ampla

influência, sobretudo nas dimensões econômicas, de poder político e cultural, que a

colocam como uma força considerável nas relações de poder que se exercem nas

práticas sociais de nosso Estado.

Então, no que diz respeito às suas reportagens e apreciações sobre a

educação e a escola, não podemos deixar de considerar os efeitos significativos que

produzem quanto à interpretação dos saberes/poderes instituídos sobre esse

espaço, quanto a produção da “verdade dos fatos” e suas implicações. Pois:

Em nossas sociedades, a “economia política” da verdade (...) é objeto, de várias formas, de uma imensa difusão e de um imenso consumo (circula nos aparelhos de educação ou de informação, cuja extensão no corpo social é relativamente grande, não obstante algumas limitações rigorosas); é produzida e transmitida sob o controle, não exclusivo, mas dominante, de alguns grandes aparelhos políticos ou econômicos (universidade, exército, escritura, meios de comunicação); enfim, é objeto de debate político e de confronto social (as lutas "ideológicas") (FOUCAULT, 1979, p.11).

Assim, o jornal e sua Coluna do Leitor fazem a sua parte na instituição e

manutenção ativa deste conjunto de regras de distinção do verdadeiro e do falso e

seus atributos de poder. Sendo assim, os conteúdos expressos neste veículo de

mídia merecem um mapeamento e estudo mais aprofundado como o que está sendo

aqui desenvolvido.

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A caminhada no emaranhado das opiniões do leitor

De início era impraticável estudar e analisar todas as notícias relativas à

educação constantes no jornal, no período escolhido, de 2 de janeiro a 30 de junho

de 20073. Decidi então mapear e analisar a Coluna do Leitor.

Através de sucessivas leituras dos textos publicados nesta Coluna, fui

armazenando em banco de dados os escritos que faziam referencia à educação de

um modo geral4. Estes totalizaram 131 opiniões, extraídas de um universo inicial de

2064, publicadas sobre os mais variados assuntos, na Coluna do Leitor no período

delimitado.

Após outras leituras selecionei dez dessas opiniões que não tinham as

características que buscava pesquisar e as descartei. Esses dez textos, embora

contivessem as palavras escola ou educação, não tratavam exatamente da questão

educacional e por isto entendi que não deveriam ser parte do universo a ser

analisado nesse momento.

Assim o material empírico ficou restrito a 121 notas que foram então definidas

como o material do trabalho. Para melhor visualização e possibilidade de análise

elaborei, a partir do banco de dados, uma planilha onde cada texto poderia ser

classificado de acordo com três situações básicas: o tipo de conteúdo principal, o

alvo da crítica e o enfoque dado no texto.

Com relação ao tipo de conteúdo busquei classificar a questão principal sobre

a qual o texto discorria, o ponto central do assunto, sobre que objeto ou tema o leitor

estava se posicionando.

Essa classificação era necessária, uma vez que, mesmo tendo identificado os

que tratavam ou abordavam de alguma maneira a educação ou a educação pública,

os conteúdos e assuntos eram bem variados.

Os autores dos textos pesquisados relacionam a educação de uma maneira

geral a muitos outros temas variados. Um bom exemplo desta situação nos textos é

_________

3 O período inicia no dia 2 de janeiro em razão de não ter havido edição do jornal no dia 1º de janeiro por conta da programação do Jornal para a passagem do ano.

4 O propósito inicial era escolher apenas os textos que tratassem da Escola Pública Estadual. Optei por escolher os textos que tivessem a palavra educação ou que tivessem relação com o contexto educacional, conforme já descrevi no artigo, Na Gazeta do Povo o que a opinião do leitor conta sobre a Educação Pública, onde explicitei mais detalhadamente a metodologia empregada na pesquisa.

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a afirmação de Gonçalves, J. C. (05/03/2007), “com educação e liberdade nossas

crianças vão mudar o quadro de violência.” Cabe ressaltar que seu texto, intitulado

“Esmolas”, falava sobre a prática de dar esmolas para crianças pobres.

Uma leitura minuciosa de cada uma das 121 opiniões selecionadas como

material empírico desta pesquisa me permitiu identificar em cada uma, um aspecto

específico da opinião que se destacava como o assunto principal.

Quanto ao estabelecimento do alvo da crítica, tratava-se de identificar a quem

ou a que a opinião estava dirigida, se a uma instituição, se a uma determinada

pessoa, se a uma situação ocorrida, e mesmo se a um determinado segmento da

sociedade. As leituras sucessivas me permitiram constituir também uma listagem de

situações, pessoas, instituições e mesmo práticas sociais, que se afiguravam como

o alvo das críticas e reclamos efetuados pelos autores das opiniões da Coluna.

A minha primeira classificação identificou alvos bastante diversificados e

interessantes, como a crítica aos pessimistas, que na opinião expressa por Rigoni,

C. L. (27/05/2007): “[...] as pessoas gostam dos livros e querem ler, contrariando os

pessimistas que dizem que nossa gente não se interessa pela literatura.”

Assim, estabeleci uma classificação das opiniões identificando os alvos que

buscavam atingir com os textos publicados.

O tipo de enfoque dado pela opinião também era um ponto importante a ser

mapeado, considerando-se que no enfoque dado a uma reclamação ou crítica

poderia estar representada uma lógica de formação de juízos e de valorações ―

fatores de importância para o trabalho analítico. Desse modo, elaborei uma

classificação segundo uma série de enfoques que fui identificando na leitura das

opiniões e que exemplifico com os trechos citados abaixo:

[...] Se mil livros eu tivesse poderia doá-los sem problema [...] que o exemplo possa ser seguido por outras famílias [...] seria constrangedor para qualquer intelectual ver sua biblioteca despojada de qualquer apreço. RIGONI, C. L.(27/05/2007).

Neste trecho se pode notar que a conotação dada pela autora é de júbilo, e

valorização da condição de intelectual.

A definição do tipo de enfoque foi o mais trabalhoso nas classificações, já que

as opiniões eram de muita diversidade e as situações comentadas de muitas

maneiras. Então, diante das interligações existentes nos enfoques, optei por

classificá-las segundo o enfoque mais predominante em cada narrativa.

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Abrindo a trilha nas opiniões do leitor

Elaborei uma primeira tabulação com 56 assuntos que se afirmavam como

conteúdos principais. Essa primeira classificação ficou demasiadamente extensa e

imprecisa. Após novas leituras de cada uma das opiniões, busquei encontrar os

pontos comuns que permitissem reduzir mais o número de assuntos, reunindo-os

numa classificação que estabelecia as características básicas quanto ao tipo de

assunto em pauta encontrado nas opiniões analisadas. Essa classificação ficou

estabelecida em nove categorias que são apresentadas na tabela abaixo.

TABELA 1- CONTEÚDO PRINCIPAL

TIPO DE CONTEÚDO PRINCIPAL Nº %

Educação e formação de cidadania 28 23,14

Distribuição de preservativos nas escolas 21 17,36

Políticas públicas e qualidade da educação 19 15,70

Ensino Fundamental de 9 anos 16 13,22

Crítica a projetos públicos 11 9,09

Condições de trabalho do magistério 11 9,09

Educação e criminalidade 9 7,44

Aborto e Educação 4 3,31

Diferentes conceitos sobre a educação 2 1,65

TOTAL 121 100,00 FONTE: Coluna do Leitor da Gazeta do Povo, período de 2 de janeiro a 30 de junho de 2007

Uma primeira constatação que pude fazer foi a existência de uma

preocupação com a “educação relacionada à formação de cidadania”, presente em

grande parte das opiniões como conteúdo principal. Em 23,14% dos casos, o leitor

que opinou na Gazeta do Povo no período pesquisado apresentou preocupações

com os reflexos da educação na sociedade, no que se refere as expectativas de

futuro para as crianças e os jovens na sua formação como cidadãos. Tal

preocupação, no entanto, está mais relacionada à educação vista de uma forma

geral, não necessariamente à escolarização, como se pode identificar na

reclamação deste leitor.

Aos diretores de escola cabe o papel decisivo no processo de estímulo à participação das famílias e educadores em Programas de Educação das Virtudes Sociais e Familiares. Assim contribuiremos para os resultados de qualidade na educação e para a cidadania. Sertek, P. (02/04/2007).

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Esta preocupação de relacionar educação e cidadania também aparece

vinculada ao conteúdo que identifiquei em outras categorias, embora não se

apresente com características de conteúdo principal. Tal situação reforça o ponto de

que há uma preocupação generalizada com a educação segundo uma expectativa

de que vai melhorar a sociedade.

A discussão sobre um projeto de “distribuição de preservativos nas escolas”

foi a segunda categoria de conteúdo principal, com alto porcentual de destaque nas

opiniões pesquisadas, 17,36%, evidenciando que o tratamento da sexualidade nas

escolas é um tema polêmico e ainda controverso, principalmente quanto à atuação

do governo nesta temática. Exemplo disso é a afirmação de Ribani, M. (11/02/2007):

“[...] Que os governantes entendam que o nosso país precisa de educação que são

medidas mais eficientes e baratas do que soluções paliativas, que incentivam o sexo

e outros problemas [...]”.

Note-se que nesse tipo de conteúdo principal, que classifiquei como sendo de

“distribuição de preservativos”, em geral também o governo é citado, o que poderia

remeter-me a outro tipo de conteúdo principal que estabeleci, “políticas públicas e

qualidade da educação”. No entanto, tendo em vista a significante freqüência com

que esse programa foi apontado, e também não perdendo de vista os tabus que

ainda rondam a questão da sexualidade na sociedade curitibana, resolvi separar

essa questão dos preservativos como um tipo específico de conteúdo principal.

Assim também foi a discussão gerada na coluna sobre a “implantação do

Ensino Fundamental de 9 anos”. A decisão do Conselho Estadual de Educação do

Paraná, de estabelecer uma data de “corte” na faixa etária para as matrículas

escolares no primeiro ano do Ensino Fundamental, criou uma polêmica sobre a qual

versaram 13,22% das opiniões, com os leitores se posicionando a favor e contra a

medida.

Também nesta questão discute-se sobre a responsabilidade do governo e o

impacto das decisões que afetam a vida dos cidadãos, mas tal como acabei de

explicar para o programa de distribuição de preservativos, aqui também me pareceu

ser o caso de igualmente marcar a especificidade desta política. Pela polêmica

gerada e pela quantidade de vezes em que apareceu na Coluna do Leitor. Na

discussão pode-se constatar que a medida incomodou profundamente pessoas

ligadas ao ensino privado, já que este responde por uma parcela significativa do

atendimento que diz respeito à oferta das atividades do período pré-escolar da

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criança, conforme se pode notar na afirmação de Pacheco, C.C (20/01/2007): “Tudo

porque o ensino público não tem condições de acompanhar o particular?” Não seria

mais fácil melhorar o ensino público em vez de conter o particular?

Outra situação que se nota nesse contexto é que os cidadãos não fazem uma

diferenciação clara entre o tempo de desenvolvimento da criança e a periodização

escolar, que no caso do Ensino Fundamental é anual. Tal situação gera dúvidas e

incompreensão por parte dos leitores, como ilustra o comentário de Lara, F.

(17/01/2007): “[...] 0 que uma mãe não entende é porque uma criança que já estava

freqüentando o pré-escolar precisa ser prejudicada tendo de repetir a série? [grifo

nosso]”. Ou conforme consta na colocação abaixo, feita por outro leitor.

[...] Representantes deste Conselho alegam que estas crianças seriam "imaturas" para ingresso no novo primeiro ano. Todavia, estas crianças cursaram em 2006 o Jardim 2 junto com seus colegas de turma nascidos entre 1º/1/2001 e 1º/3/2001 e estão igualmente aptas para ingressar no novo primeiro ano. GALVÃO, U. (19/01/2007)

Também a falta desta diferenciação se faz presente na interrogação

expressa no jornal pela leitora Cynthia.

[...] Pergunto "aos responsáveis" o que será feito com essas crianças que já vinham em processo de pré-alfabetização, reconhecendo letras e números, começando a formar pequenas palavras? Irão passar mais um ano desenhando e fazendo pontilhados (não que isso não seja importante), como já fizeram durante todo o ano passado? PACHECO, CYNTHIA. C. C. (20/01/2007).

As reclamações parecem desconsiderar ou mesmo desacreditar da

possibilidade de alterações na metodologia de trabalho ou na melhor adequação na

sistemática de avaliação das crianças, ao longo do tempo, seja no período pré-

escolar ou nas séries iniciais da escolarização.

Nas opiniões analisadas, além dessas duas situações bastante específicas —

A distribuição de preservativos nas escolas e o Ensino Fundamental de 9 anos — a

“ação política e a qualidade da educação” foram conteúdos de destaque nas

opiniões, com 15,70% dos textos escritos abordando esta relação. Optamos por não

fazer no momento distinção entre posições favoráveis ou desfavoráveis, já que não

era o nosso interesse primordial nessa ocasião. A preocupação maior foi constatar

que a relação entre ação política e a qualidade da nossa educação, também se

apresenta como importante nos reclamos do leitor que escreve na coluna.

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Isto se pode exemplificar na opinião a seguir, efetuada ao comentar um artigo

publicado no jornal, de autoria do Senador Cristovam Buarque5 .

[...] Ele [Senador Cristovam Buarque] valoriza muito a contribuição da imprensa para o plano de educação do governo federal, previsto para este ano depois de o presidente Lula reconhecer publicamente que nosso sistema de educação está entre os piores do mundo. NAISSE, J. P. (20/05/2007).

As articulações entre ação política e qualidade da educação também podem

ser notadas no exemplo a seguir,pela opinião expressa por Szinvelski, Raquel G.

(23/03/2007): “[...] Não queremos altos números de matrículas e sim melhora da

qualidade educacional. Espero que a proposta apresentada pelo governo para

priorização da educação seja realmente colocada em prática.”

Outro tipo de conteúdo principal que estabeleci na tipologia foi o intitulado

“condições de trabalho do magistério” (9,09%). Tal qual nos casos anteriores, aqui

também é freqüente que se mencione aspectos de políticas governamentais, mas

tendo em vista a centralidade dessa temática das condições de trabalho para os

necessários avanços na qualidade de ensino, resolvi destacá-lo como um tipo

específico.

Exemplo disso está na afirmação de Silva Neto, C. (14/04/2007) — “Se hoje

são maus governantes talvez tenham tido maus professores e não perceberam

ainda que entre um estadista e um cidadão há sempre um professor.” — O autor, em

sua opinião, comentava sobre uma reivindicação salarial dos professores.

As críticas apontam para a necessidade de uma mudança com relação à

valorização da condição do professor na sociedade, na medida em que apresentam

a sua relevância social e a desvalorização da carreira, como se pode identificar na

afirmação de Maranho, D. G. (06/05/2007): “A desvalorização do professor é uma

realidade.” Ou na colocação feita, por Weiss, C. (18/05/2007): ao criticar os políticos.

“Por que é tão fácil aumentar os salários do [sic] políticos e tão difícil reajustar o de

professores e servidores?” E conforme consta na afirmação de Buthekoski, H.

(03/05/2007): “Se a educação fosse algo realmente levado a sério, haveria uma

equiparação de salários entre professores e o quadro superior do estado do

Paraná.”

_________

5 O Artigo a que se refere o comentário foi publicado na tiragem do dia 18/05/2007, no jornal Gazeta do Povo.

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Da mesma forma consta na comparação efetuada na opinião de Ceasars, A.

(15/04/2007): “[...] Pois bem, hoje recebo um salário miserável. Estou há anos sem

receber qualquer aumento. Enquanto isto, funcionários públicos do TC, de nível

técnico, segundo a Gazeta do Povo de 13/4/07, estavam ganhando R$ 12.574,00

por mês.”

Há que se ressaltar que em 2004 houve a efetivação de um novo plano de

carreira para o Ensino Estadual, que em média reajustou salários em 33%, fato

noticiado também no Jornal Gazeta do Povo naquela ocasião. Em 2007 havia uma

intensa discussão dos sindicatos dos professores, do estado e da prefeitura, sobre a

condição salarial e a equiparação salarial com outras categorias de servidores do

estado e do município de Curitiba, como se pode ver neste trecho de notícia

veiculada em outra seção do jornal:

Sobre a campanha salarial, o secretário de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Paraná (APP), Luiz Carlos Paixão da Rocha, explica que a categoria reivindica um aumento de 56,94% nos salários. "Esse reajuste é para equiparar os salários dos professores com outros servidores públicos do estado do Paraná", justifica. "Além de debater sobre esse assunto, vamos avaliar o andamento das negociações com o estado", completa. KOLBACH, K (09/04/2007).

Da mesma forma como fiz ao classificar outras categorias, estabeleci esta

intitulada “crítica a projetos públicos” reunindo opiniões que embora também

mencionassem aspectos já classificados em outros tipos, de conteúdo principal

criticavam ações ou projetos do poder público que já haviam sido alvos de

questionamento por parte do jornal. Esta categoria representou 9.09% das opiniões.

A ação mais questionada foi a colocação de aparelhos de TV nas escolas estaduais.

Deve-se considerar, no entanto, que esta polêmica foi estimulada pelo aparecimento

sistemático de comentários feitos numa outra coluna do jornal, como se pode ver na

colocação de Szajda, J. L. (03/02/2007): “Comentando nota da coluna de Celso

Nascimento sobre licitação do governo para compra de 22 mil televisores de 29’

para as escolas estaduais...” Ou conforme aparece na opinião escrita por

Schnekenberg C. A. (01/02/2007 ): “[sic] 0 coluna de Celso Nascimento (31/1)

comentou sobre a sorte da empresa Cequipel Indústria de Móveis Ltda., que ganhou

a licitação para fornecer 22 mil tevês de 29" para escolas...” E também na opinião de

Volpe Júnior, H. (05/03/2007): “Acompanhando pela imprensa a licitação das tevês,

efetuada pelo governo do estado...”; Todos estes exemplos ilustram o fato de que os

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comentários escritos na coluna freqüentemente são emitidos sobre situações já

mediadas pelo posicionamento do jornal.

Identifiquei também nas opiniões, relações apontadas pelos autores entre

“Educação e criminalidade”, categoria que corresponde a 7,44% dos textos. Esses

autores atribuem à educação formal uma importância fundamental na prevenção e

na solução da criminalidade e da violência na sociedade. Isto se pode ver na

afirmação de McGillicudy, P. (28/04/2007): “[...] A falta de perspectiva diante de um

sistema educacional falido, a proliferação da indústria de entorpecentes nas favelas

e periferias e o desprezo da sociedade os levam à criminalidade. [...]”. Esta primeira

narrativa aponta para a falta de qualidade do sistema educacional, que aliada a

outros fatores empurraria o jovem carente para o mundo do crime. Logo a seguir

indica como solução também a necessidade imperiosa de melhoria do sistema

educacional público: “[...] A solução reside em investir nas famílias mais pobres, com

um sistema educacional público que cria perspectivas e meios adequados para

tratar o viciado em drogas ou álcool, [...]”. Cabe ressaltar que não apenas este autor

apresentou este tipo de expectativa.

No ano de 2007 uma questão estava em discussão no legislativo e foi objeto

de polêmica também na Coluna do Leitor, o direito ao aborto. Estabeleci uma

categoria intitulada “aborto e educação” já que havia opiniões relacionando a

questão com a educação que totalizaram 3,31% dos registros como conteúdo

principal. Tal situação se pode notar na afirmação de Pesso, N. B. (22/04/2007):

“Conscientizar, educar e formar as novas gerações é preciso. Trabalhemos em prol

da vida!”. Ou conforme aponta o escrito de Souza, S. F. (17/04/2007):

[...]0 governo desistiu de educar os jovens e pretende que eles não mais procriem. Não é esta a mensagem que a distribuição de camisinhas nos colégios, em substituição a uma verdadeira educação sexual, nos propõe? Em seguida discutem a morte como opção natural, matando indefesos

para justificar o conforto dos vivos. [grifo nosso]”. Por último cabe explicitar outro tipo de conteúdo central que identifiquei nas

narrativas, ou seja, “diferentes conceitos sobre a educação” com 1,65% das opiniões

como ilustra o exemplo a seguir:

0 suplemento especial do jornal a Gazeta do Povo -Educação e Ensino - merece louvor pela reflexão educacional das várias matérias apresentadas. Gostaria de dar minha colaboração (e de vários autores) quando se fala nesses conceitos: educação e ensino. Para a maioria

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dos que publicam idéias, não há diferenças entre os termos. Para estes, quem ensina educa e quem educa ensina. RIBEIRO, E. E. (06/03/2007)

De modo geral, a multiplicidade de visões sobre a educação, expostas nas

opiniões sem muito esclarecimento, possivelmente favorece mais a manutenção

dessa diversidade de conceituação, do que ajuda a informar com um conhecimento

sistematizado e mais claro sobre o assunto. Por outro lado, tais confusões podem se

dar, em alguma medida, também em face do pouco espaço destinado às opiniões

dos leitores, não havendo a possibilidade de entabular grandes debates ou

explanações6. Complementarmente a tais limitações, cabe relembrar que também há

o controle do que é publicado7 no atendimento aos interesses ideológicos do jornal.

Buscando a direção da caminhada na trilha das opiniões

Elaborei também uma extensa listagem de categorias onde podia encaixar as

opiniões no que diziam respeito ao alvo de sua crítica ou consideração. Obriguei-me

também a fazer uma seleção mais depurada que resultou na tabela abaixo.

TABELA 2- ALVO DA CRÍTICA

ALVO DA CRÍTICA Nº % Acusações ao governo e a execução das políticas públicas 71 58,68 Educação e formação de valores na sociedade 13 10,74 Responsabilidade familiar 7 5,79 Os educadores e suas responsabilidades 6 4,96 Defesa e apoio às políticas públicas 6 4,96 Posições da igreja católica 4 3,31 Os políticos 4 3,31 Cultura da impunidade 4 3,31 Desigualdade entre a escola pública e a privada 4 3,31 O jornal Gazeta do Povo 2 1,65 TOTAL 121 100,00

FONTE: Coluna do Leitor da Gazeta do Povo, período de 2 de janeiro a 30 de junho de 2007

“O governo e a execução das políticas públicas” aparecem como categoria

majoritária, com 58,68% das opiniões envolvendo acusações, críticas ou

observações neste aspecto.

_________

6 O jornal estabelece um número máximo de 500 caracteres para os textos a serem publicados. 7 O jornal reserva-se o direito de publicar ou não os textos e também de fazer cortes de acordo com seu critério

conforme a íntegra do que está publicado ao final da coluna “Em razão de espaço ou compreensão, os textos podem ser resumidos ou editados. O jornal se reserva o direito de publicar ou não as colaborações.”

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Há que se notar, entretanto, que nestas observações que apontam falhas na

execução dessas políticas, ainda se mostra muito presente o fato de que os leitores

não fazem muita distinção entre esferas administrativas de governo, como se pode

perceber na opinião que criticava o programa de distribuição de preservativos nas

escolas, feitas por Santos, R. M. A. (15/01/2007): “[...] quem quiser transar [...] só

precisa se matricular numa das escolas públicas de Curitiba [...]. Seria muito melhor

que o governo investisse na educação da consciência, [...]”; também na opinião

emitida sobre o sistema de cotas, efetuada por Branco, F. (09/01/2007): “[...] O que o

sistema de cotas claramente projeta é que a cor da pele é um diferencial e decreta a

mediocridade do ensino público. [...]”; ou na de Bordini E. (15/02/2007): “Penso que

o Estado está brincando com coisas muito sérias e este diálogo, que deveria

acontecer entre Estado, família e escola, não ocorreu de modo relevante. [...]”, ao

comentar sobre o programa de prevenção e educação sexual lançado pelo Governo

Federal. Note-se que parece não se considerar o sistema de governo representativo

e as instâncias administrativas específicas8.

Por outro lado o volume majoritário de situações, onde o alvo principal são as

ações do governo, denota uma posição de crítica entre o que é fornecido como

retorno à população na área da educação e as prioridades agendadas na execução

das políticas públicas.

As relações entre a “educação a formação de valores na sociedade” são

apontadas como a segunda categoria em importância (10,74%) sendo que nesse

caso a falta de maior profundidade, por parte dos leitores, na conceituação de

educação e do conhecimento acerca da educação pública nas suas especificidades,

produz às vezes avaliações superficiais ou equivocadas sobre as necessidades da

sociedade nesse contexto.

_________

8 As esferas administrativas são as estabelecidas constitucionalmente, Governo Federal, Estadual e Municipal. O sistema de cotas está instituído nas Universidades Federais, não há sistemas de cotas nas escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio, já que este sistema é uma correção de caráter histórico buscando efetivar o acesso ao Ensino Superior por parte de uma população específica ― originada do período da escravidão ― que foi ao longo da história prejudicada no acesso à escolarização básica. No que diz respeito ao programa do Governo Federal de distribuição de uma cartilha de orientação e dos preservativos, até a data do comentário não havia nas escolas Estaduais e Municipais do nosso Estado nenhuma dessas máquinas e o programa ainda estava em discussão. As máquinas ainda eram um projeto piloto que estava sendo testado em algumas escolas de Santa Catarina. A polêmica foi instituída pelo jornal mais do que por uma posição da sociedade relacionada a uma ação direta do governo.

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Observa-se que a diversidade de conceitos sobre educação também aqui se

evidencia, como se pode ilustrar com a apreciação de Silva, S. S. S.(28/05/2007):

“[...] em cada empresa, escola ou igreja seja designado alguém para falar da

importância da separação do lixo. [grifo nosso]”. Nesse caso atribui-se à escola a

necessidade de “alguém para falar” da separação do lixo. Ora, nunca houve nos

programas das escolas públicas tanto trabalho com relação ao meio ambiente e sua

conservação como agora9. Também nas empresas há uma crescente ação de

separação do lixo, fruto desta valoração sobre a educação ambiental. Cabe ressaltar

ainda que tais enfoques se encontram presentes no portal da educação da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em vários lugares e com vários

direcionamentos.

O papel da família no processo educativo é citado como alvo na categoria que

intitulei “responsabilidade familiar” e representa 5,79% do total das opiniões. Em

geral as opiniões vêm carregadas de uma forte crítica sobre a forma como a atuação

familiar se exerce atualmente na população, especialmente nos estratos mais

economicamente favorecidos. Exemplo desse tipo de narrativa se encontra no alerta

de Sousa S. F. (11/04/2007): “[...] Pais que cedem à filosofia light (realizar atos livres

sem arcar com suas conseqüências) condenam seus filhos à uma vida insegura,

triste e mentirosa,[...]”. Ou na opinião de Silva B. N. (12/04/2007): “[...] Os pais

devem controlar desde a saída de seus filhos em festas até seus relacionamentos

on-line, [...]”. Ou no trecho a seguir:

0 ponto crítico está, e sempre esteve, na educação. Filhos que crescem com o amor da família, que são educados desde seus primeiros meses de vida, serão obedientes, honrarão seus pais, respeitarão o próximo e levarão uma vida social saudável, sem se envolverem com as doenças do mundo. Por meio do amor, carinho e respeito mútuo não há como não adquirir a confiança de filhos, pais, amigos, empregados, etc. LUZZI, J. F. (14/04/2007)

Com relação à educação escolar, as “responsabilidades atribuídas aos educadores”

são colocadas muitas vezes acima do que é tarefa do professor, representando na

pesquisa 4,96% das narrativas. Por exemplo, coloca-se a

_________

9 A Gazeta do Povo publicou muito pouco sobre os programas ou as ações do governo, principalmente do Estadual, em razão de divergências políticas com o mandatário do executivo Estadual. Quando fez publicações nesse sentido em sua maioria eram críticas voltadas às ações deste.

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imagem do professor em cheque, através de situações mal explanadas ― às vezes

sem qualquer verificação junto à escola para saber o que realmente aconteceu.

Como na interrogação feita por Carneiro, G. (14/06/2007): “[...] Os professores são

contratados para educar ou ridicularizar seus alunos?” Tal Interrogação foi efetuada

sem conhecimento efetivo do ocorrido, como constatado ao verificar-se uma

resposta da escola, publicada dias depois, na mesma coluna, com o seguinte teor:

“Salientamos que em nenhum momento os responsáveis pelo aluno que ela diz ter

sido ridicularizado em sala de aula, procuraram a direção ou serviço pedagógico

[...]”. BANDEIRA S. J. (19/06/2007).

Opiniões em “defesa e apoio das políticas públicas” perfazem 4,96% das

opiniões pesquisadas. Tal fato se pode exemplificar nas afirmações de Zanchi, C. C.

(13/01/2007): “Apesar das opiniões radicalmente contra, [...] o programa de

distribuição de camisinhas é uma medida efetiva. [...]”. E também de Archetti, R.

M.(05/02/2007): “É excelente, a medida que o governo pretende tomar, de implantar

uma máquina fornecedora de camisinhas nas escolas.[...]”, ambas exemplificando

narrativas que se contrapõem às opiniões contrárias, majoritárias na coluna.

A discussão nacional sobre o direito ao aborto e suas relações com a

educação trouxe para a Coluna do Leitor várias opiniões, que totalizaram 3,31%. As

“posições da igreja católica” com relação ao tema foram polêmicas e geraram

opiniões de contestação e apoio, como ilustra a colocação abaixo contrária a postura

da igreja:

Controle de natalidade, educação sexual nas escolas, experiência com células troncos, aborto assistido e distribuição de preservativos para ajudar conter o vírus HIV é "política humanitária". [...] É claro que a Igreja tem seus dogmas e é contra a aplicação dessas políticas [...] É dever do Estado aplicar políticas que estabeleçam metas para amparar, assistir as vítimas e prevenir o caos que uma superpopulação doente, trôpega e despreparada ocasiona a sociedade [...] Vieira, W. (10/05/2007 grifo nosso)

Já a seguir apresento um posicionamento favorável em defesa da instituição

religiosa proferido por Los, I. J. (16/03/2007): “Solidarizo-me plenamente com a carta

de [sic] professor Paulo Sertek sobre educação sexual (13/2). Gostaria de lembrar

que a Igreja Católica não só não foge do tema, mas aprova e promove o

planejamento familiar natural [...]”, apontando uma matéria, publicada em outra

seção do jornal sobre o tema do aborto e da educação sexual.

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“Os políticos”, por sua atuação, são colocados como alvo (3,31% das

opiniões) representando um fator de influência na atual situação do ensino público.

Embora questionamentos implícitos, indiretos com relação à sua atuação sejam

freqüentes associados à outras categorias, também este tipo foi estabelecido em

razão da crítica direta que às vezes aparece a estes mandatários. Seu

comportamento é exemplificado em observações como a de Weiss, C.

F.(18/05/2007): “[...] é tão fácil aumentar os salários do [sic] políticos e tão difícil

reajustar o de professores e servidores? E também de Barbosa, L. (04/06/2007): “[...]

uma caterva de políticos que não fazem outra coisa a não ser tungar a nação?

Roubam tudo que podem, e não sobra [sic] recursos para investimentos em áreas

como educação de qualidade [...]”. E mesmo no comentário, efetuado sobre o artigo

publicado pelo Senador Cristovam Buarque, por Alcântara, L. M. (10/06/2007): “[...] o

professor diz o que a enorme maioria dos políticos brasileiros se recusa a enxergar:

‘A maior causa do fracasso, apesar do acesso’, é que mesmo os letrados ignoram a

diferença entre acesso e sucesso’[...]”. Todos estes comentários estabelecem uma

ligação direta entre a ação dos políticos e a qualidade da educação brasileira.

Outro alvo que identifiquei nas opiniões, com a freqüência de 3,31%, foi o de

“Cultura da impunidade”. Embora a violência seja uma temática associada com

freqüência à educação, é a impunidade que parece incomodar mais, mesmo nos

atos mais simples, como se pode observar na reclamação contra a pichação, dirigida

aos políticos, e que atribui um papel de responsabilidade à escola para solução do

problema, proferida por Minozzo, H. (18/05/2007):

A pichação é um meio fácil e rápido para atingir o público desejado? Sim, e os candidatos a cargos públicos são os que mais usam desse meio. [...] Na prefeitura me foi dito que cada proprietário é responsável pela limpeza de seu muro [...] É uma questão de educação. Sugiro que as escolas, em todos os níveis, possam refletir e buscar formas de deixar as nossas cidades mais limpas.

Não tendo uma posição satisfatória para a sua queixa o cidadão coloca-se na

expectativa de que a educação venha a produzir, ao longo do tempo, soluções mais

adequadas para o problema.

As “desigualdades entre a escola pública e privada” na educação são

colocadas pelos que opinam na Coluna do Leitor com certa carga de preconceito e

de desconhecimento sobre a sua realidade. Pudemos perceber isto em afirmações

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como a efetuada por Galvão,M. (08/02/2007): “[...] É paradoxal ter em mente que as

crianças não devam carregar muito peso se nas escolas públicas, muitas vezes,

nem material escolar elas têm.[...]. De fato existem crianças que vão às escolas

públicas e que se encontram em situação de extrema carência, mas isto não

significa que a escola não venha suprindo algumas demandas com programas

suplementares para garantir a sua permanência. Temos em nosso país um dos

maiores programas do mundo de distribuição de livros didáticos para os alunos das

escolas públicas. As escolas realmente efetuam um esforço muito grande para

garantir, através de suas Associações de Pais Mestres e Funcionários (APMFs), o

material básico para seus alunos.

Também a desigualdade de tratamento encontra-se na afirmação de Lisboa,

M. (30/06/2007): “Criança é futuro? Mas em que classe social? As crianças que

estudam na Escola Estadual ‘x’ [...] estão expostas a uma ‘tragédia anunciada’ por

motoristas irresponsáveis, diariamente, quando atravessam esta movimentada

avenida. [...]”. O autor refere-se à necessidade de maior atenção dos motoristas para

com a velocidade dos carros quando estão próximos de uma escola. Esta situação,

no entanto, ocorre também nas escolas privadas situadas próximas de avenidas

movimentadas. Neste caso o autor aponta, talvez não intencionalmente já que

dirige-se aos motoristas, um fato preocupante, o de que realmente há uma diferença

de tratamento entre a escola pública e privada nesta situação. Há um programa da

polícia militar do estado do Paraná que atende o trânsito na entrada e saída de

escolas da capital que surpreendentemente atende prioritariamente as escolas

privadas. O leitor em sua opinião revela a percepção da existência dessa diferença

de tratamento na situação da educação pública.

Por último, o “jornal Gazeta do Povo” foi criticado em opiniões dos leitores,

perfazendo 1,65% das opiniões. São leitores que cobraram mais espaço destinado

aos comentários sobre a educação, como demonstra uma opinião escrita por

Albuquerque, R. E. (06/06/2007): “[...] senti falta do defensor da educação, assunto

que a todos deve preocupar. [...]”. Ele refere-se à ausência da publicação do artigo

do Senador Cristovam Buarque no dia 1º de junho de 2007. E de outro lado a

opinião de Marins, A. S. (07/03/2007): “[...] A Gazeta do Povo deveria dar espaço

para todas as opiniões, não só aos que estavam a favor da decisão do TJ. [...]”. No

caso ele questiona a parcialidade do periódico no tratamento dado às publicações

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das opiniões referentes à decisão judicial emitida na questão da idade de matrícula

no Ensino Fundamental de 9 anos.

Encontrando sentidos para a caminhada

O enquadramento dos tipos de enfoque dado às opiniões pelos seus autores

foi a mais trabalhosa das classificações a ser elaborada. É especialmente neste

aspecto que buscamos tentar encontrar o representativo da verdade ou das

verdades que se estabelecem sobre a educação pública e se multiplicam,

alicerçadas pelo alcance do veículo midiático que ora analisamos: “A ‘verdade’ está

circularmente ligada a sistemas de poder, que a produzem e apóiam, e a efeitos de

poder que ela induz e que a reproduzem.” (FOUCAULT, 1979, pg. 11) E estes

aspectos da verdade também são publicados no Jornal Gazeta do Povo, veículo

midiático reconhecido socialmente como uma forte expressão do verídico. Assim

“por muitas que sejam as verdades o que importa é ver que cada uma delas [...]

funciona a seu tempo e lugar como a expressão última do verdadeiro. (GOMES,

2003, pg.40).

Nessa direção, então, após uma classificação extensa, obtida depois de

minuciosa leitura de todas as opiniões selecionadas, elaboramos uma tabela de

onze categorias, com os principais enfoques dados aos textos pelos autores da

Coluna do Leitor.

TABELA 3- ENFOQUE DADO

ENFOQUE DADO Nº %

Indignação ou revolta 24 19,83

Catastrofização 22 18,18

Caráter redentor da educação 18 14,88

Apoio, incentivo e solidariedade 16 13,22

Contrariedade e oposição 14 11,57

Aconselhamento 8 6,61

Ironia 7 5,79

Inconformidade, incerteza e descrédito 7 5,79

Outros 5 4,13

TOTAL 121 100,00 FONTE: Coluna do Leitor da Gazeta do Povo, período de 2 de janeiro a 30 de junho de 2007

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Pudemos verificar que a maior parte dos textos revelava uma posição de

“indignação ou revolta” em relação à situação comentada, sendo que esta visão

respondeu por 19,83% das opiniões. Buscamos o mais possível isolar aquelas

situações em que se caracterizava o enfoque mais preponderante. Tal situação

aparece bem destacada na afirmação escrita por Zampler, J. (09/02/2007), “[...] Se

outros pais estão tão indignados quanto eu, que se manifestem. [...]” em comentário

efetuado sobre posição do Conselho Estadual de Educação relativo à implantação

de ensino de nove anos.

Ainda comentando sobre a mesma situação, na mesma direção vai a

colocação feita por Obladen, L. F. (24/01/2007): “[...] as famílias prejudicadas [...]

são pacatas, ordeiras e trabalhadoras. Elas não têm tempo para passeatas e

manifestações, [...] Mas paciência tem limite.”

Estas manifestações de indignação e revolta em geral apontam para o poder

público mal gerenciado e colocado a serviço de interesses de grupos ou mesmo

pessoais. Isto se pode identificar nas opiniões que questionam a aplicação de

recursos públicos, como a expressa abaixo:

[...] Ficamos mais revoltados ainda quando comparamos valores investidos em pequenos municípios, onde estudam milhares de crianças em precárias condições, com valores desviados pela [sic] quadrilhas de colarinho-branco. SOUSA, M. J. (28/04/2007)

Ou nas opiniões que questionam as relações de personalismo na gestão da

coisa pública, como a expressa por Mattos, L. F. P. (03/03/2007): “[...] Deixam

problemas pessoais interferirem nas políticas públicas em vez de investirem em

saúde e educação. Até quando vamos deixar isso acontecer? [...]”

Outro tipo de enfoque que encontrei foi o da “Catastrofização”. Nessa

categoria encontravam-se 18,18% das opiniões. Essas narrativas revelam uma visão

aterradora da realidade educacional, produzindo um “caos” que parece quase

impossível de se alterar, como se pode perceber na fala de Augustiniak, O.

(25/01/2007): “[...] Nós, educadores, precisamos tomar cuidado para que, depois das

‘máquinas de camisinhas’, as escolas não se transformem em motéis.” Este alerta

parece desconsiderar totalmente a capacidade e o bom senso dos professores, de

uma maneira geral, e ainda coloca como irresponsável a gestão do sistema escolar.

Esta não é uma opinião isolada, pois o mesmo tom catastrófico está na

opinião de Los, I. J. (17/01/2007): “[...] tais incentivos à prática do sexo precoce

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podem transformar as nossas escolas em bordéis.[...]”; ou de Santos, R. M. A.

(15/01/2007): “[...] quem quiser transar e tiver mais de 14 anos, só precisa se

matricular numa das escolas públicas de Curitiba [...] jamais imaginei, como pagante

de impostos, ser patrocinadora da promiscuidade dos adolescentes.” Estas

colocações apresentam o ambiente escolar como um “antro pecaminoso”, exposto

ao sexo sem controle, abrigo de perversões que fugirão à normalidade.

Estes enfoques vêm em contrário de outro tipo de pensamento que

apresentou um índice de ocorrência de 14,88%, que é o “caráter redentor e

salvacionista” da educação na sociedade. Nesta abordagem todos os problemas

serão solucionados através da educação, seja ela a familiar ou a escolar ― como já

foi afirmado anteriormente não se faz uma diferenciação clara a esse respeito. A

educação, então, seria a solução de abrangência suficiente para que todas as

dificuldades do viver e conviver na sociedade fossem resolvidas. Isto fica bem

explícito na afirmação de Santana, J. K. (06/03/2007), “Em vez de se aplicar verbas

extras em segurança, presídios, mais policiais e agentes penitenciários, seria muito

mais produtivo investir na educação dos jovens, principalmente no ensino

fundamental.” Tal enfoque vem na mesma direção da antiga idéia de que se

construirmos escolas não seria necessário construir prisões.

Não se pode negar que a escolarização é um fator importante para a

diminuição da criminalidade, mas não é uma panacéia milagrosa para as diferenças

sociais e as transgressões às regras estabelecidas. Ainda assim a educação é

encarada como o grande “remédio social”, como se pode identificar no texto de

Germiniani, C. L. B. (12/03/2007): “[...] como conseqüência do bárbaro assassinato

de um menino indefeso, muitas vozes clamam por reformas urgentes, capazes de

devolver tranqüilidade à nação. Obviamente a solução ideal dependeria de

melhorias do sistema educacional, [...]”. A opinião, que comentava sobre a

necessidade de redução da idade de responsabilidade penal, coloca também

expectativas de salvação pela via da educação. Mas a formação da criminalidade

envolve também outros fatores que teriam que ser resolvidos, tais como a falta de

moradias, o tráfico de drogas, o desemprego, a ampla desigualdade social, as

expectativas e necessidades criadas pela sociedade de consumo.

As opiniões de alguns leitores apresentaram um enfoque de solidariedade e

incentivo, ora aos educadores, ora as ações do governo. Decidi estabelecer uma

categoria em que estas narrativas estivessem representadas, já que apresentavam

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uma freqüência considerável (13,22%), denominando-a “apoio, incentivo e

solidariedade”. Um exemplo é a narrativa seguinte, posicionando-se em apoio aos

educadores, proferida por Chagas, E. (26/02/2007): “Quem achar muito R$ 1.194,48

para o salário de educador, que experimente passar o dia inteiro cuidando de

crianças e adolescentes, [...]”, defendendo o aumento de salários dos professores do

município. Ou a defesa do governo estadual efetuada por Szajda, J. L. (03/02/2007):

”[...] 0 leitor comete uma injustiça com o governo e induz a sério erro de julgamento

os demais leitores. Os aparelhos que vão para as salas de aula, como li na imprensa

local na época em que o programa foi anunciado, não são comuns.[...]”,

posicionando-se favoravelmente ao programa de colocação de TVs nas Escolas

Estaduais do Paraná, o que indica que nem todas as críticas ao poder público são

publicadas sem alguma contestação.

As opiniões que apontavam mais definidamente “contrariedade e oposição”

representaram 11,57% das opiniões, estando principalmente direcionadas às

medidas tomadas pelo Conselho Estadual de Educação com relação à implantação

do ensino de nove anos, tal como exemplifica a vociferação que segue.

“A lei federal que instituiu o ensino fundamental de 9 anos teve por objetivo a inclusão. O prazo para que os estados coloquem esta lei em vigência expira em 2010. O Paraná resolveu implantá-la já.[...] Cabe aos pais defender o direito destas crianças contra medidas autoritárias e equivocadas. PAIVA, M. A. (26/01/2007)

Vários foram os questionamentos de contrariedade em relação à “idade de

corte” na faixa etária, para matrícula no primeiro ano do ensino Fundamental de 9

anos, estabelecida pelo CEE do Paraná. Ficou também evidenciado que a

periodização escolar e o desenvolvimento psico-biológico e social da criança ainda

são temas que vêm carregados de lugares comuns, com a falta de maior

conhecimento por parte dos opinantes. A ponto de uma importante figura no cenário

empresarial se posicionar a respeito expressando autoridade nesta área, como fica

evidenciado no comentário de Pereira A. M. S (29/03/2007): “[...] Como disse

Antônio Ermírio de Moraes no artigo publicado pela Gazeta em 25/3, apareceram

ótimas notícias na educação: a volta do velho e eficiente sistema de avaliação com

notas de 0 a 10 [...]”.

Outra categoria que aponto é a que denominei de “aconselhamento”, com

6,61% das opiniões. Um dos textos que exemplifica a situação é o postado por

Minozzo, H. (18/05/2007): “[...] Sugiro que as escolas, em todos os níveis, possam

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refletir e buscar formas de deixar as nossas cidades mais limpas. [...]”, tratando

inicialmente de pichações e pichadores. Neste enfoque a crítica vem acompanhada

de sugestões e conselhos para que o encaminhamento de soluções na sociedade se

conduza de acordo com as expectativas individuais do leitor que opina.

Cabe explicitar também um tipo de enfoque que estabeleci como sendo de

“ironia”, que em razão de suas ocorrências (5.79%) e de seu conteúdo “ácido”,

entendi que deveria ser uma categoria em separado. Uma interrogação que

exemplifica a situação é a emitida por Teixeira, M. (13/03/2007): “[...] Parece que o

presidente do conselho, Romeu Gomes de Miranda, está querendo questionar a

decisão da Justiça.[...] Onde o sr. Miranda, que tem um cargo passageiro, está

querendo chegar?”

Alguns enfoques de “inconformidade, incerteza e descrédito” aparecem nas

narrativas, representando 5,79% das opiniões, e podem ser ilustrados com a opinião

de Rigoni, C. L. (22/05/2007):

[...] No domingo, na tevê, uma professora destacava a importância dos livros para formação de futuros leitores [...] separei vasto material e, pelo 156, ofereci à prefeitura de Curitiba. Até hoje tais caixas sobrecarregam os corredores. Sem resposta, recorri à chamada da Escola Flávio Ferreira da Luz (Bairro Novo), mas também não vieram buscar. A quem interessar, estou doando os livros.

Esta autora mesmo dispondo-se a doar parte de seu acervo constata que,

num primeiro momento, nem a prefeitura e nem mesmo uma escola interessa-se

pelo material. Inconformada explicita que doará o material para quem quer que seja.

Por último, cabe explicitar uma categoria que estabeleci com o título de

“outros”, totalizando 4,13% das opiniões,ou seja, 5 opiniões reunindo enfoques de

saudosismo, retratação, espanto e interrogação. Nos enfoques de saudosismo pode-

se notar um sentimento de volta ao passado e de busca de uma época que já não é

a realidade de hoje como consta na opinião de Bordini, E. (02/06/2007): “[...] Talvez

as escolas separadas ajudassem homens e mulheres a reencontrar suas

identidades perdidas. [...] Seria mais que justo que os pais pudessem optar por

escolas mistas ou separadas, segundo o que acharem melhor para os filhos.” A

proposição é de uma volta ao antigo sistema de turmas separadas só de meninos ou

só de meninas.

Em “outros” tipos, houve também uma opinião de “retratação”, relativa a uma

acusação publicada, e que foi posteriormente objeto da retratação conforme

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exemplifica o texto apresentado por Carneiro, G. (19/06/2007): “[...] Portanto, peço

desculpas ao professor e ao colégio pelos transtornos causados.[...]”. E finalmente

há o exemplo de uma opinião que expressava espanto e interrogação a respeito dos

resultados do Enem, colocada por Santarosa. S. D. (09/02/2007 ): “[...] 0 que está

havendo com o ensino médio de nossa capital universitária e ecológica? Nossos

colégios não são bons?

No final da trilha uma pequena clareira

A Coluna do Leitor da Gazeta do Povo é um espaço destinado a dar a voz,

àqueles que ao ter contato com o periódico, possam comentar, debater, adicionar,

continuar as questões colocadas pelo Jornal. Permite também, com bastante

controle, a colocação de assuntos ou temas que não estão publicados regularmente

nas suas tiragens. É importante ressaltar, entretanto, que o Jornal faz parecer

sempre que aquele espaço é destinado à ser uma espécie de tribuna livre, o que

não é verdade.

No entanto, o controle colocado sobre o que pode e o que não pode ser

publicado na coluna, através do filtro da edição, eliminam ou regulam

significativamente a liberdade de opinião que o leitor pode pensar ter ao propor seus

escritos.

Assim, a figura midiática Gazeta do Povo pode ser entendida enquanto parte

de um sistema de poder.

Para qualquer pessoa mais atenta, é bastante evidente o agendamento do mundo que é realizado pela mídia em geral; não se trata de demonizá-la, seria uma ingenuidade e mesmo uma injustiça, mas é certo que associando o que é atual ao que é de “interesse geral” ela produz a generalidade de tal interesse e a si mesma como a leitura comum da atualidade. (TUCHERMANN 2005, p. 45)

Constituindo-se em maquinaria de reproduzir e ampliar a produção da

verdade ou das verdades, a opinião do leitor então passa a fazer parte deste jogo.

Ao posicionar-se o leitor o faz em sua maior parte sobre o já proposto para a

polemização nas notícias publicadas ou nos temas que o periódico enfoca.

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Também o direcionamento das críticas e observações que circulam

publicadas vem carregado das considerações já demarcadas nas características

sócio-econômicas e culturais de quem compra ou assina o Jornal.

No que diz respeito à educação pública as considerações são em geral

limitadas pelo espaço disponibilizado pelo periódico e pelas características da

coluna. De uma maneira bastante ampla o conteúdo referente à educação pública

vem mesclado à outras situações do cotidiano ou à outras questões polemizadas

pelo Jornal.

Alguns assuntos específicos da esfera educacional, tanto dos sistemas

públicos como privados, aparecem com mais freqüência quando se instala um

debate acirrado que envolve interesses particularizados de grupos ou estratos

sociais distintos.

Nesse aspecto, o Estado e as políticas públicas é o que mais aparece como

alvo dos questionamentos, tanto no que diz respeito às suas ações diretas como as

ações indiretas desencadeadas pela ação política da sociedade. Desta forma dá

para perceber que, mesmo tendo participado nas definições políticas que

estabelecem o governo, o leitor posiciona-se criticando os políticos e suas ações em

condição de exterioridade da questão. Como não tivesse qualquer responsabilidade

pelo fato dos indivíduos estarem nesta ou naquela posição política.

Este fenômeno acontece também com relação às instituições de maneira

geral, mais especificamente as escolares. O leitor não tem uma visão bem clara das

diferentes esferas administrativas que gerenciam a escolarização do brasileiro e

emite opiniões bastante imprecisas sobre estas. Daí ser possível afirmar que as

críticas nem sempre estão vinculadas a uma posição organizada em torno de uma

real busca de transformação.

Percebe-se que há uma ampla aspiração, até certo ponto “revolucionária”,

pelas transformações que podem advir de uma melhoria no sistema educacional.

Isto aparece como um clamor geral, mas ao mesmo tempo há um clima de

desconfiança, descrédito, revolta e indignação na ação da escola, como se pode ver

nas discussões sobre a educação sexual no ambiente escolar e na proposição de

alteração da periodização para o ensino de nove anos.

Nesse caso a escola, em especial a escola pública, não é considerada capaz

de fazer um trabalho à sociedade, que tanto espera dela. As colocações as vezes

desenham uma situação de caos, tragédia ou ameaça geral, diante da idéia de

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permitir por exemplo, que a escolarização esclareça situações que a nossa cultura

sempre tratou no âmbito da moral e não da racionalidade do conhecimento. Ou que

a escola possa dar conta de construir outras metodologias, aperfeiçoar sua ação

pedagógica, individualizar as práticas educativas, considerar o desenvolvimento da

criança, como no caso das críticas a implantação do Ensino Fundamental de 9 anos.

A instituição escola pública, entretanto, raramente utiliza-se da contraposição

à este perfil de senso comum que se vai formando sobre ela e instituindo-se como

verdade na sociedade.

Os sistemas de educação pública, em todos os seus redutos administrativos,

todos os anos formam uma quantidade imensa de cidadãos que fazem uso dos

recursos ali adquiridos, para seguir suas vidas dentro do modus vivendi aceitável

socialmente. E cabe ressaltar: sem fazer parte do caos premonizado por algumas

opiniões.

O tom de alerta indignado ou catastrófico de muitas das opiniões é na

verdade em geral um chamamento à renovação das “disciplinas” (FOUCAULT, M.

2004. p. 179) que novamente ordenarão as multiplicidades, agora liberadas com a

possibilidade de uma presença estranha ― a máquina de camisinhas ou a cartilha

de educação sexual ― adentrar ao ambiente escolar para “dialogar” livremente com

seus usuários, sem a intermediação vigilante e ordenadora sobre e do aparelho

escolar.

A pretensão desta pesquisa não era a de constituir-se num tratado. Esta é

uma análise que não se esgota neste momento, pois deve ser vista como sendo as

primeiras observações de caráter mais analítico sobre esta questão. Foi até o

momento um trabalho exaustivo que demandou leituras sucessivas e minuciosas de

cada opinião selecionada como material empírico, com inúmeras reorganizações e

redirecionamentos tendo em vista cada nuance expressa pelos seus autores.

O jornal Gazeta do Povo, escolhido por sua capacidade de influência, deve

continuar sendo objeto de maiores aprofundamentos analíticos e estudos.

As discussões ocorridas, por conta do encontro de implementação do PDE,

com diretores de três Escolas Públicas da Rede Estadual, do Município de São José

dos Pinhais, realizado em 20/03/2009, já prenunciaram resultados significativos que

ampliaram a importância deste trabalho. Tais diretores consideraram muito relevante

a necessidade do acompanhamento sistemático e organizado da mídia, naquilo que

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ela expõe sobre a educação pública, além de expressarem que o caminho

empreendido neste estudo é novidade para eles.

Estes gestores revelaram também que as considerações expressas nesta

pesquisa se configuram como importantes, diante do assédio que os

estabelecimentos de educação pública vêm sofrendo, ultimamente, por parte da

mídia. Esta, na sua busca de notícias espetaculares vem aproximando-se destes

gestores e em muitos casos encontra-os vulneráveis às manobras efetuadas para

criar a manchete ou a polêmica que interessa ao jornal, mais do que propriamente

movidos pelo interesse de informar à sociedade.

Os gestores participantes desta atividade foram unânimes em reconhecer a

validade do estudo e a necessidade de sua divulgação como instrumento de gestão.

É importante dizer que reconheceram o fato de que com relação à mídia, é

preciso compreendê-la, decifrá-la, dissecar seus mecanismos, perceber seus efeitos,

entender sua lógica operativa, apropriar-se de seus truques e artimanhas, para

poder enfrentá-la ou desmascará-la. E o mais importante em tudo isso,indicaram a

necessidade de transferir este conhecimento aos nossos alunos e às nossas

comunidades.

Nesse contexto, é necessário continuar a pesquisar, conhecendo e

constituindo mais instrumentos que possam servir de apoio para que as escolas

públicas de Curitiba, do Paraná e do Brasil possam ao menos identificar mais

precisamente e fazer uso das considerações efetuadas sobre si, pela comunidade

externa a seus muros, para então apropriar-se disso e colocar esses mecanismos a

favor de seu trabalho.

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Opiniões cujos trechos foram citados

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Caderno Opinião, pag. 11

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Caderno Opinião, pag. 11

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Leitor, Caderno Opinião, pag. 11.

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Coluna do Leitor, Caderno Opinião, pag. 9.

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CAESARS, A. Professor, Gazeta do Povo, Curitiba, 15/04/2007. Coluna do Leitor,

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Caderno Opinião, pag. 11.

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Caderno Opinião, pag. 9

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