artigo intervençao psicossocial

9
95 Psicologia & Sociedade; 22 (1): 95-103, 2010 INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS NA COMUNIDADE: DESAFIOS E PRÁTICAS  PSYCHOSOCIAL INTER VENTIONS IN COMMUNITY: CHALLENGES AND PRACTICES Soraia Ansara Uniradial, São Paulo, Brasil Bruna Suruagy do Amaral Dantas  Pontifícia Universida de Católica de São Pa ulo, São Paulo, Brasil RESUMO  Neste artigo, apresentamos os desaos teórico-práticos que os prossionais de diferentes áreas sociais têm en- contrado em suas práticas de intervenção psicossocial em comunidades de diversos municípios de São Paulo. Entre os grandes desaos estão os limites dos programas sociais propostos pelo poder público, as diculdades dos agentes externos em desenvolver um trabalho que leve ao fortalecimento da comunidade e a ausência de referenciais teórico-metodológicos que fundamentem as práticas desses agentes. A m de ilustrar tais desaos, relatamos a experiência de um curso de Psicologia Comunitária e da Libertação no qual discutimos propostas de intervenção comunitária a partir de conceitos desenvolvidos por Martín-Baró (1998) e da contribuição de Maritza Montero (2004) com o Paradigma da Construção e Transform ação Crítica. Com base nesses referenciais teóricos, analisamos a relação entre Estado, Programas e Organizações, assim como as contradições existentes entre uma  prática social com unitária e as exigên cias dos planos e progra mas governam entais. Palavras-chave: psicologia comunitária; psicologia da libertação; intervenções psicossociais; fortalecimento da comunidade. ABSTRACT In this article we present the theoretical-practical challenges that professionals from different social elds face in their practices of social psycho logical intervention in communities in various cities of São Paulo. Among the largest challenges are the limitations of social programs offered by public authorities, the difculties of external agents in developing actions that lead to the strengthening of the community, and the absence of theoretical-methodological references that support the practices of these agents. In order to illustrate these challenges, we narrate the experi- ence of a course on Community Psychology and Psychology of Liberation in which we discussed propositions for community intervention from the perspective of concepts developed by Martín-Baró (1998) and the contributions of Maritza Montero (2004) with the Paradigm of Construction and Critical Transformation. Based on these theo- retical references we analyze the relation between State, Programs and Organizations as well as the contradictions existing between a community social practice and the demands from the governmental programs and plans. Keywords : community psychology; liberation psychology; social psychological interventions; community empowerment. Este trabalho é um relato/reexão sobre a ex-  periênci a de um curso de Psicologia da Libertaç ão e Comunitária que realizamos desde 2005, no Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo, com a participação de  prossionais de diferentes áreas sociais (psicólogos, educadores sociais, pedagogos e assistentes sociais) que atuam nas periferias de diferentes municípios do Est ado de São Paulo (São Bernardo do Campo, Santo André, Jundiaí, Mogi das Cruzes, Pindamonhangaba, Santos, Bauru, Franca, Campinas, Ubatuba e São Paulo). O curso tem por objetivo proporcionar o estudo da Psicologia da Libertação propost a por Martín-Baró e da Psicologi a Co- munitária desenvolvida na América Latina, fornecendo aos participantes instrumentos teórico-metodológicos indispensáveis à elaboração de propostas de intervenção  psicossoc ial nas c omunidad es onde a tuam.

description

a

Transcript of artigo intervençao psicossocial

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 1/9

95

Psicoogi & Sociee; 22 (1): 95-103, 2010

INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS NA COMUNIDADE:DESAFIOS E PRÁTICAS

 PSYCHOSOCIAL INTERVENTIONS IN COMMUNITY:

CHALLENGES AND PRACTICES 

Soraia AnsaraUniradial, São Paulo, Brasil 

Bruna Suruagy do Amaral Dantas Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil 

RESUMO

 Neste artigo, apresentamos os desaos teórico-práticos que os prossionais de diferentes áreas sociais têm en-conro em sus práics e inervenção psicossoci em comunies e iversos municípios e São Puo.Entre os grandes desaos estão os limites dos programas sociais propostos pelo poder público, as diculdades

os genes exernos em esenvover um rbho que eve o forecimeno comunie e usênci ereferenciais teórico-metodológicos que fundamentem as práticas desses agentes. A m de ilustrar tais desaos,remos experiênci e um curso e Psicoogi Comuniári e liberção no qu iscuimos proposs einervenção comuniári prir e conceios esenvovios por Mrín-Bró (1998) e conribuição e MrizMonero (2004) com o Prigm Consrução e trnsformção Críic. Com bse nesses referenciis eóricos,nismos reção enre Eso, Progrms e Orgnizções, ssim como s conrições exisenes enre um práic soci comuniári e s exigêncis os pnos e progrms governmenis.

Palavras-chave: psicoogi comuniári; psicoogi iberção; inervenções psicossociis; forecimeno comunie.

ABSTRACT

In this article we present the theoretical-practical challenges that professionals from different social elds face inheir prcices of soci psychoogic inervenion in communiies in vrious ciies of São Puo. among he rgeschallenges are the limitations of social programs offered by public authorities, the difculties of external agents ineveoping cions h e o he srenghening of he communiy, n he bsence of heoreic-mehooogicreferences h suppor he prcices of hese gens. In orer o iusre hese chenges, we nrre he experi-ence of course on Communiy Psychoogy n Psychoogy of liberion in which we iscusse proposiions for communiy inervenion from he perspecive of conceps eveope by Mrín-Bró (1998) n he conribuionsof Mriz Monero (2004) wih he Prigm of Consrucion n Criic trnsformion. Bse on hese heo-reic references we nyze he reion beween Se, Progrms n Orgnizions s we s he conricionsexising beween communiy soci prcice n he emns from he governmen progrms n pns.

Keywords: communiy psychoogy; iberion psychoogy; soci psychoogic inervenions; communiyempowermen.

Este trabalho é um relato/reexão sobre a ex- periênci e um curso e Psicoogi liberção eComuniári que reizmos ese 2005, no InsiuoSees Spienie em São Puo, com pricipção e prossionais de diferentes áreas sociais (psicólogos,eucores sociis, pegogos e ssisenes sociis) queum ns periferis e iferenes municípios o Esoe São Puo (São Bernro o Cmpo, Sno anré,

Junií, Mogi s Cruzes, Pinmonhngb, Snos,Buru, Frnc, Cmpins, Ubub e São Puo). O cursoem por objeivo proporcionr o esuo Psicoogi liberção propos por Mrín-Bró e Psicoogi Co-muniári esenvovi n améric lin, fornecenoos pricipnes insrumenos eórico-meooógicosinispensáveis à eborção e proposs e inervenção psicossoci ns comunies one um.

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 2/9

96

Ansara, S. e Dantas, B. S. A. “Intervenções psicossociais na comunidade: desaos e práticas”

 No ecorrer o curso, presenmos um brevehisórico o surgimeno Psicoogi Soci Comu-niári n améric lin, pricurmene no Brsi,sienno imporânci o conexo hisórico e sconingêncis poíics que possibiirm su cons-iuição. dmos especi esque às experiênciscomuniáris embrionáris, originmene conuzis

 por uma equipe multiprossional do Departamento dePsicoogi Soci PUC-SP, sob supervisão e Sivilne. Sem esconsierr ouros impornes uoresess áre, como abero aib anery, Eizbeh eMelo Bonm e Maria de Fátima Quintal Freitas, entreouros, nese rigo opmos por rbhr e iscuir osreferenciis eóricos e Mrín-Bró (1998) e MrizMonero (2004, 2006), sobreuo no que concernem àssus conribuições à sisemizção s principis eorise meooogis que vêm seno uiizs o ongo osúimos quren nos em o améric lin. Com bse nesses referenciis eóricos, o presene rbho

apresenta os desaos teórico-práticos que os prossio-nis que pricipm esse curso êm enconro em sus práics e inervenção psicossoci ns comunies.

Em sus quro eições, o curso reuniu eucoresque rbhm em ONGs, esunes e psicoogi, émde prossionais que atuam nos Centros de Referênciae assisênci Soci (CRaS) e no Serviço Único eassisênci Soci (SUaS), os quis enem crinçsem siução e risco pesso e soci ssim como f-míis que são encminhs peos Progrms Sociise trnsferênci e Ren1 (Ren Mínim, RenCiã, Progrm e Erricção o trbho Infni,Bos Fmíi) e por órgãos e efes crinç e ooescene, como o Conseho tuer e o Cenro e Re-ferênci e aenção os Mus-ros Infnis (CRaMI).aém e insisfeios e frusros com seu esempenho prossional e com os resultados de sua atuação, os par -icipnes o curso emonsrm nsiee e ngúsidiante das diculdades enfrentadas em suas atividades juno às comunies, sobreuo evio o vziomeooógico e eórico que compnh sus práics psicossociais. Armam desconhecer vertentes teóricase pressuposos meooógicos que probemizem o

rbho comuniário e ribuem esse esconhecimenoà formação tradicional do prossional, que praticamenteignor imporânci ess áre.

Em seus relatos prossionais, cam evidentesos senimenos e impoênci e insegurnç frene osdesaos que o cotidiano e as demandas das comuni-es ssisis peos progrms governmenis hesimpõem. Nesse cenário esoor, o curso prece comouma possibilidade de orientação da prática prossional,de denição de novos caminhos e de apresentação defórmus e inervenção. temos percebio que há umfore expeciv por pre os pricipnes e que o

curso hes forneç ferrmens cpzes e conuzir su práic, informno-hes com precisão e crezcomo evem gir em meio às versies o conexocomunitário. Por essa razão, além de favorecer a ree-xão eórico-meooógic, é pre e nosso objeivoescrecer s reis inenções e possibiies o curso,a m de reduzir as expectativas construídas, trabalhar as

frustrações e os limites da atuação prossional na situa-ção e miséri soci e e resris conições oferecis pelo poder público, assim como redenir o papel dosgenes exernos (como enominmos n PsicoogiComunitária o prossional que atua em comunidades)e s ribuições que hes compeem.

Embor prm reie concre e o conex-to prossional de cada agente, as propostas de interven-ção, ebors o ongo o curso, possuem um cráer hipoéico e irre, o que não conm com reção comunie às eerminções o projeo nem comsu pricipção no processo e eborção, em virue

s resrições pegógico-insiucionis. tr-se, pois,de um exercício de reexão que se propõe a analisar as diculdades, os obstáculos e as possibilidades daivie comuniári à uz os conceios esenvovios por Mrín-Bró e meooogi sisemiz e org-niz por Mriz Monero. a nosso ver, propos pegógic presen sus imições, um vez que nãogrne compreensão o fenômeno comuniário e s práics sociis em su inâmic coiin, fzenoum recore esáico reie. tovi, pesr essresrição, o curso conribui pr o exme críico u-ção em comunies bem como pr formução erespostas, ainda que provisórias, aos dilemas e desaosque reie conemporâne presen.

A presença dos prossionais no curso e suas ricasexperiêncis juno às comunies popures permiem-nos uma profunda reexão acerca de suas práticas – emger, vincus poíics púbics –, sobreuo noque iz respeio à ução os genes exernos e àsdiculdades existentes na relação entre o poder públicoe comunie. aém isso, o curso ress impor-ne ref e se fzer um náise críic o cnces poíics sociis impemens nos úimos nos no

Brsi. Nesse senio, ponremos os quesionmenosos grupos pricipnes, que emergirm no ecorrer o processo e eborção s proposs e inervenção, esu reção com os referenciis e Mrín-Bró (1998)2 e Mriz Monero (2004, 2006).

Entre os grandes desaos, estão os limites dos pro-grms sociis proposos peo poer púbico e, muis ve-zes, execuos pes Orgnizções Não-Governmenis,as diculdades que os agentes externos encontram paraesenvover um rbho que eve o forecimeno comunie, bem como usênci e referenciis eóricose meooógicos que funmenem sus práics.

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 3/9

97

Psicoogi & Sociee; 22 (1): 95-103, 2010

Tais desaos levantados a partir das referênciaseórico-meooógics o curso nos remeem à seguineingção: como os genes exernos, que represenmo poer púbico, uno ns poíics e progrms so-ciis, poem superr os imies insiucionis e reizr um propos e inervenção psicossoci que e foeve à uonomi comunie? Em ours pvrs,

como fzer psicoogi comuniári e iberção noâmbio o poer púbico, consierno seus imiesinstitucionais e políticos e as novas congurações sociee brsieir? Evienemene, r-se equesões exremmene uis, pr s quis in nãoemos resposs, ms experiênci esse curso emoferecido grande contribuição à reexão e à buscae novs ernivs e inervenção psicossoci nscomunies e hoje.

Para fazer essa reexão, dividiremos o artigoem rês pres: n primeir, presenremos pro- pos eóric esenvovi no curso por meio os

conceios e fismo, ieoogi, conscienizção eesieoogizção, e Mrín-Bró; n segun pre, conribuição e Mriz Monero com o Prigm Consrução e trnsformção Críic, mis conheciocomo Prigm Psicoogi Soci lino-mericne su propos meooógic esenvovi em um esus úims pubicções, Hacer para transformar . Nterceira parte, apontaremos as diculdades encontradas peos próprios pricipnes o eborr sus proposse inervenção prir os referenciis PsicoogiComuniári e liberção, que incuem s iscussõessobre reção enre Eso-Progrms-Comunie.tis iscussões rzem à bi s conrições exisenesenre um práic soci comuniári - compromeicom s csses mis pobres e excuís - e s exigêncisos pnos e progrms que fzem pre s poíics púbics municipis, esuis ou feeris, os quis emsu miori impõem sérios imies os processos eforecimeno e uonomi comunie.

 Não é objeivo o rigo rnspor e form u-omáic e críic os conceios esses uores prcompreener reie u, ms reê-os à uz snovs configurções sociee conemporâne,

consierno sus possibiies, imies e ensões. Não obsne reconheçmos reevânci e vários pesquisores e eóricos conemporâneos áre Psicoogi Soci Críic, não é e nosso ineresseincuí-os no ebe que esenvoveremos no preseneexo. Nosso propósio consise em recuperr conceiosimpornes eboros por Mrín-Bró e meooogise inervenção esenvovis por Mriz Monero m de reatualizá-los e reformulá-los no contexto dasociee u e moo orná-os ferrmens úeisà preensão nov reie sociopoíic.

Psicologia da Libertação: fatalismo,ideologia, conscientização e

desideologização

Pr compreener reie ino-mericn,Mrín-Bró nisou com profunie o conceio efismo, consiero o responsáve pe resignçãoe esmobiizção s mioris popures. Em susreexões, contestou a tese de que o fatalismo é umrço o psiquismo ou um crcerísic própri cuur pobrez, inepenene s conições sociis.Fez objeção à iei e que o compormeno fisé um rço e cráer o povo ino-mericno, quenão em reção gum com o funcionmeno sesruurs econômics, poíics e sociis. Esss eses psicoogiznes ribuem às cms mrginizs responsbiie por su própri excusão, um vez queom conus pssivs e submisss. dess form, o

 psiquismo seri o funmeno esruurção soci.Seguno Mrín-Bró (1998), o fismo que severica nas populações excluídas da América Latina é,n reie, um sisem e ieoogis inernizo  prir s experiêncis coiins com o muno soci.O inivíuo que nsce n periferi s cies ino-mericns prene coiinmene qu é o seu ugr soci e que seus esforços provvemene não prouzi-rão rnsformções efeivs n sociee, mrc peexporção e opressão. a reie soci, pois, reforç ieoogi fis, rnsmii por orgnizções insi-ucionis e processos e sociizção, que envovem

eucção omésic, esco, igrej e o rbho.O fismo, porno, é um esquem ieoógico,que se origin ns esruurs sociopoíics e se enríz psiquicmene, grnino esse moo reproução ominção soci e mnuenção orem esbeeci-. É um vioso insrumeno ieoógico que fvoreces csses ominnes, viso que inuz à ceição reie soci, ger compormenos óceis e esimu resignção ine s exigêncis vi. a concep-ção fis rnsform os conecimenos sociis emfenômenos nuris cuj erção é improváve.

E fismo es, por eo, un rei soci, exern e

objeiv nes e converirse en un ciu person,inern y subjeiv. ls csses omins no ienen po-sibilidad real de controlar su propio futuro, de denir elhorizone e su exisenci y moer su vi e cueroa esa denición. ... El lugar de nacimiento se convierteen ugr e esino. (Mrín-Bró, 1998, p. 96).

de coro com ess concepção, o psicóogo socie o prossional que realiza trabalhos comunitários po-em crir conições pr que sej esmon ieoo-gia fatalista e seja revelada a mentira ocial, segundo aqual não é possível modicar a sociedade, porque existe

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 4/9

98

Ansara, S. e Dantas, B. S. A. “Intervenções psicossociais na comunidade: desaos e práticas”

um esino ineviáve e f. Porém, ve ressr que rupur o fismo não envove pens munçiniviu ou rnsformção s conições sociis.É necessário que haja a modicação da relação entreo inivíuo e sociee. Não se eimin o fismornsformno-se pens s crençs os inivíuos emreção o seu muno e o seu esino. É preciso que

ocorrm erções ns conições reis vi soci.O processo e rupur o fismo é iéico e, por isso, impic rnsformção s iues iniviuis e munç orgnizção soci, o que se á rvés recuperção memóri hisóric3, poenciizçãos virues popures e orgnizção coeiv.

 No conexo sociopoíico em que Mrín-Bró prouziu su eori, s forms e conesção poíicmis crcerísics esse períoo erm s mnifes-ções coeivs, os movimenos sociis e s orgnizções popures, que enfrenvm e moo ireo e confron-ivo s forçs hegemônics. aumene, em função

veocie s rnsformções vi coiins pessos, s novs ecnoogis e informção es munçs nos sisems e comunicção, surgirmnovs forms e resisênci poíic que ocorrem nosespços s microrreções e não requerem necess-rimene o embe ireo com os poeres insiuíos.Contudo, o reconhecimento das profundas modicações por que pssrm s sociees moerns não invios consrucos eóricos esenvovios por Mrín-Bró,ms exige um reformução os conceios no quro nov siução sociopoíic. O jogo e forçs po-íics ornou-se in mis compexo, um vez quecaram mais tênues e menos perceptíveis as fronteirasque nes mrcvm com mnh niiez s ui-es poíico-ieoógics. Porém, reie soci améric lin in presen rços semehnesos escrios por Mrín-Bró, como os ngonismossociis, vioênci concenrção e ren e misériesruur, o que escr iei e que sus premissssejm ncrônics. Nesse cenário e excusão socie vioênci esruur, cbe ingr qu é o ppe poíico psicoogi soci e quis insrumenos essecampo cientíco pode desenvolver para enfrentar essa

reie concre.Conforme Mrín-Bró (1998), o psicóogo soci,antes de qualquer prática comunitária, precisa denir su posição poíic e fzer um opção hisóric: ouu e moo reprouzir s esruurs sociis ouo um posur e resisênci e conesção frene àsiução e opressão s sociees ino-mericns.Cso ope pe rnsformção s conições e vi smioris popures, eve ssumir perspeciv hisóricdo povo, a m de contribuir com a desconstrução daieoogi ominne. a ref o psicóogo é insigr esieoogizção reie coiin, que consise

em esmonr os iscursos ieoógicos, cpzes e justicar o sistema social e legitimar condutas como a pssivie, resignção e o fismo. É necessárioescrecer que o fenômeno esieoogizção nãoresu os insrumenos eórico-meooógicos o psi-cóogo nem epene excusivmene e su orienção.O próprio prossional, em decorrência da posição que

ocup socimene, percebe reie sob o crivoieoógico crcerísico o seu grupo soci, cujosineresses são muis vezes oposos os s cms popures. desse moo, esieoogizção vicotidiana decorre da relação entre o prossional e acomunie, esperno consciênci e mbos ossujeios impicos nesse processo.

a esieoogizção, por conseguine, poeconuzir à conscientização4 que, n concepção eMrín-Bró (1998), eve represenr o horizone ofazer psicológico, o que não signica armar que esse processo está centrado na gura do psicólogo nem

que é e su resri responsbiie promovê-o. aconscienizção não é um form e compreensão ini-viu e si e reie concre nem um munçe opinião sobre o muno coiino. É um processorecion, soci, comuniário e poíico, iremenevincuo à reção com os sujeios sociis, à ção co-eiv e à rnsformção sociee. Não é possíve, pois, que o gene exerno ssum como su ref conscienizção o ouro como se ee fosse e nemãoconsciene e uo que se pss em seu muno soci.Ee mbém esá impregno e ieoogis que irigemsu percepção e ofuscm su visão. Por isso, o processoe conscienizção eriv reção e impicção ereciprocie enre o gene soci e comunie,ingino mbos inisinmene.

Fazer para transformar:uma reexão sobre a metodologia

da psicologia comunitária

O Prigm Consrução e trnsformçãoCríic, mis conhecio como Prigm Psicoo-gi Soci lino-mericn ou Moeo e Proução

e Conhecimenos, vem seno consruío há mis equro écs peos psicóogos que rbhm emcomunies e é consiuío por cinco imensões,presens nesse curso como bse pr se pensr s proposs e inervenção n comunie e pr reizr  probemizção o rbho comuniário.

Seguno Mriz Monero (2004), práic emcomunies envove s seguines imensões: ono-ógic, episemoógic, meooógic, éic e poíic.a imensão ontológica se refere à nurez o ser eevn quesões concernenes à nurez reção

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 5/9

99

Psicoogi & Sociee; 22 (1): 95-103, 2010

enre os invesigores/genes exernos (psicóogos,eucores, ssisenes sociis) e s pessos que for-mm s comunies (ques que são chms n pesquis ricion e “sujeios”). Ness imensão, uor propõe pensr quis são, seguno os membros comunie, seus probems, esejos, necessies,expecivs e recursos, o que s pessos comunie

sbem sobre su siução e o que os genes exernosconhecem comunie e seus membros.

a imensão epistemológica se refere à prouçãoo conhecimeno, à reção enre sujeios cognoscenese objeos o conhecimeno. “ambos, sujeo y objeo,son consieros pre e un mism imensión enuna relación de mutua inuencia. El sujeto construyeun rei, que su vez o rnsform, o imi yo impus” (Monero, 2004, p. 96). Nesse âmbio, uor evn gums quesões serem consiers:Qu é nurez reção enre os genes exernose comunie? O que os sujeios envovios pren-

erm e ensinrm?a imensão metodológica iz respeio os meios

empregos pr prouzir conhecimeno. “E specomás ineresne en imensión meooógic comuni-ri es necesi e generr méoos que se rns-formen mismo rimo que cmbin s comunies” 

(Monero, 2004, p. 98). Nesse senio, sugerem-seméoos cpzes e prouzir coninumene pergunse resposs frene às rnsformções e às perspecivse ção. Méoos esses cuj crcerísic eve ser cpcie e mur conforme s própris munçsrecions o probem que se esu ou que se en- soucionr, e mneir que gerem consruçãode uma ação crítica e reexiva de caráter coletivo.Isso requer um “meooogí iógic, inámicy rnsformor que incorpore comuni”  (p.98). Bse ness concepção meooógic, uor propõe a reexão sobre as diferentes possibilidades deinervenção e e vição que responm às crce-rísics e c comunie e sobre os insrumenosmeooógicos mis proprios c reie.

a imensão ética consise em incuir o Ouro no processo e proução o conhecimeno no que iz res-

 peio à su pricipção efeiv n uori e proprieeo sber consruío coeivmene. a éic resie noreconhecimeno e n ceição o outro como sujeiocognoscene com igue e ireios, o que impicum reção e reciprocie e respeio às iferençsiniviuis. Seguno Monero (2004), comunieem voz própri e seus sujeios são membros ivos,com cpcie e omr e execur sus próprisecisões e, por isso, evem ser incuíos no processoe consrução o conhecimeno e e ção comuniári.Ess imensão ev quesionmenos como: quem sãoos pricipnes provenienes comunie? Quem

são os genes exernos? Quis são seus ineresses emc cso? Qu é o ugr o gene inerno n prouçãoo conhecimeno? O que se fz com o conhecimeno prouzio peos genes inernos? Que ipo e reçãoexise enre genes exernos e inernos? Ess imensãotem sido uma das mais desaantes, pois nos processosque impicm consruir uonomi comunie, o

speco éico é funmen pr superr s reções eepenênci e ominção.

Por m, a dimensão política relaciona-se à na-ie e picbiie o conhecimeno, fornecenoeemenos à compreensão o “para que” e “em be-

nefício de quem” o sber é prouzio e quis são seusefeios sociis. Ess imensão iz respeio à esfer púbic, às quesões concernenes à cini5 e ocráer poíico ção comuniári, que permie oo sujeio expressr-se e fzer-se ouvir pubicmene,gerno espços e iáogo nos quis quees que sãoreegos o siêncio possm fr e ser escuos. to

inervenção comuniári envove reções e poer, quecorresponem o núceo cenr ção poíic, qu,n perspeciv Psicoogi Comuniári, opõe-se ocráer ominne s reções e insiuições sociopo-íics. Ess imensão remee gums perguns, iscomo: Exisem forms e excusão n comunie?Pr quem é o conhecimeno e quis são seus efeios?as pessos ineresss n comunie são conscienese seus ireios e everes e ciãos e pr com comunie? Há um compromisso no os genesexernos como os genes inernos?

as imensões, pois, evem susenr os processose inervenção comuniári, propicino probem-izção s práics sociis especimene no que izrespeito à atuação dos prossionais nas comunidades,sejm ees represennes o poer púbico, s ONGsou os seores popures:

l Psicoogí Comuniri propone un pricip-ción, cuyo crácer poíico se muesr en funciónesienne, moviizor e concienci y soci-izor, que puee ener práxis ev cbo.desienr y concienizr se pnen como procesosque forman parte de la reexión que busca contrarres-r os efecos ieoógicos e esrucurs e poer y

e epenenci. Y es pricipción no busc sóoremeir gún m, cumpir gún eseo, sino emásgenerr conucs que responn un proyecciónciv e iniviuo en su meio mbiene soci, sícomo un concepción equiibr e ese meio y esu ugr en e (Monero, 2004, p. 106).

Há, porno, um movimeno permnene, ié-ico e coeivo que envove pricipção os genesinternos e externos na esfera pública e se congura nacrição e espços sociis e u por ireios, o que proporcion às pessos que rbhm em Psicoogi

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 6/9

100

Ansara, S. e Dantas, B. S. A. “Intervenções psicossociais na comunidade: desaos e práticas”

Comuniári consruir, juno com s comunies,inervenções/ções que evem efeivmene o fore-cimeno comuniário e à rnsformção soci.

A m de viabilizar essas dimensões, o cursoenfiz uiizção meooogi Invesigção-ação-Pricipiv (IaP) pr eborção e proposse inervenção psicossociis. a IaP, como moeo

 pricipivo e inervenção soci, pre premisse que os sujeios com os quis os genes exernosrbhm evem esr ivmene presenes em ooo processo e inervenção, ese o evnmeno snecessies é s ecisões que serão oms emconjuno pr soução e eerminos probems. Oobjeivo inervenção em por bse rnsformçãos conições e vi popução e o compromisso poíico que vis à poenciizção comunie.

Há que se consierr qui que s experiêncis einervenção comuniári que se uiizm meooogie Invesigção Pricipiv, em ger, ocorrem em

espços não insiucionis, o que e gum mneir f-vorece o rbho comuniário. No enno, umene,no novo conexo sociopoíico, s ções comuniáris seesenvovem mbém em espços insiucionizos, produzindo novos desaos teórico-práticos aos agentesexternos e fazendo emergir tensões e conitos que hojeexigem novs forms e pricipção poíic.

Desafos teórico-práticos da intervenção na

comunidade

 Nes seção, mis o que rzer resposs, r-remos de socializar as diculdades e questionamentosque os agentes externos – no caso os prossionais, pricipnes o curso, que em su miori represenmo poer púbico – enconrm pr eborr proposs einervenção que respeiem os processos comuniáriose moo poenciizr comunie e romper coms reções e epenênci e ominção, como propõe Psicoogi Comuniári e liberção. Em meio àsiscussões o curso, surgirm impornes ingçõesque reverm s conrições exisenes enre o rb-ho comuniário – compromeio poiicmene com

rnsformção reie s mioris popures – es irerizes os pnos e progrms governmenis,que em su miori crim resrições os processos econscienizção e iberção comunie.

Vale lembrar que esses prossionais trabalhamcom popução s periferis e iferenes municípioso Eso e São Puo (São Bernro o Cmpo, Snoanré, Junií, Mogi s Cruzes, Pinmonhngb,Snos, Buru, Frnc, Cmpins, Ubub e São Pu-o), que fzem pre os Progrms e Gerção e Ren- – um poíic púbic cri nos úimos nos.

Os prossionais funcionam como mediadores dareção enre o poer púbico e popução mrginiz-. Em meio às exigêncis burocráics os Progrmse Governo e às soicições concres popuçãoexcluída, eles armam perder de vista a dimensão poíic su práic coiin e noção e ireio ecini que permei su reção com s comunies.

Chegm creir, muis vezes, que su ução não possui um cráer poíico. aém isso, recmm sdeciências de sua formação acadêmica em matéria deiscuir imensão poíic e ieoógic e ququer  prática prossional. Ao problematizar essas questões,o curso hes permie perceber nurez poíic suatuação prossional e, desse modo, se comprometer  poiicmene com s escohs e irerizes os.Conforme Mrín-Bró (1998), mis imporne o que nurez ivie o psicóogo é o cráer poíicode sua ação prossional.

Dentre os limites institucionais que desaam o

rbho comuniário, esc-se reção cieneise pernis que permei s iniciivs o poer pú- bico. dine e ns soicições, os genes exernos já não compreenem mis quis são sus ribuições.Senem-se pressionos resover os probems noâmbio pesso e “fzer peos ouros”, um vez querepresenm o poer púbico. Por pre popução,há um expeciv e que o psicóogo soucione pro- bems pessois (fmiires, conjugis e emocionis)ou recionos crêncis sociis (súe, eucção,emprego e mori), o que conribui pr obscurecer seu ppe n comunie, vincuno-o à práic cínico-ssisenciis que oferece souções mágics e resu-os imeios. aém e esperr que o poer púbicoen sus necessies, s pessos conemps peos progrms governmenis enenem que esssções são concessões proigioss, não se percebenocomo porors e ireios, ms como mereceors crie hei, o que nu conição e ciniiv. Se, por um o, exise um ógic ssisenciise pernis impregn ns comunies enise reforç peo sisem sociopoíico brsieiro, por ouro, como cons Mrín-Bró (1998), há um

ieoogi fis que imen e mném reção eepenênci e ominção enre poer púbico, geneexerno e comunie.

O fatalismo que os prossionais atribuem à co-munidade serve para justicar a inecácia do trabalhocomuniário que reizm, bem como o senimenode impotência que emerge em meio aos desaos ediculdades da intervenção social, além de esconder su consciênci fis frene à reie. de corocom Mrín-Bró (1998), usênci e rnsformçõesnão se eve unicmene à pssivie e resignção  popução, ms à inexisênci e possibiies reis

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 7/9

101

Psicoogi & Sociee; 22 (1): 95-103, 2010

que esse grupo experimen coiinmene em seuconexo soci. Pr o uor, não é possíve às cms popures rnsformr sus conições e vi rvés eesforços iniviuis, cbeno o psicóogo propicir escober e possibiies coeivs e ção. É miser que os genes exernos esenvovm hbiies prreizr o rbho comuniário num perspeciv mis

 poíic e moo que fvoreç rnsformção sconições e exisênci s popuções mrginizs,como sugere Mrín-Bró:

s preguns críics que se ebe formur e psicóogoicen respeco cráer e su civi y, por no,respeco ppe que esá esempeñno en socie-; no no eben cenrrse en e donde, sino en edesde quién; no no en cómo se esá reizno go,cuno en benefício de quién, y por conseguiene, nono en e ipo e civi que se prcic (cínic,escor, inusri, comuniri u or), cuno en cuales

 son las consecuencias histórias concretasque es ci-

vi esá proucieno (Mrín-Bró, 1998, p. 175).Porno, o rbho comuniário egíimo requer 

do prossional uma opção política em favor das classesoprimis e mrginizs, o que impic compreener  reie esss popuções prir o ugr soci emque es esão inseris. Esse esforço e compreensãoé rvesso por ensões e iems, pois posição queo prossional ocupa socialmente é distinta, e muitasvezes opos, o ugr soci s pessos enis,o que poe mpir consciênci o gene soci, prouzir nee rnsformções e reorienr su ução.Como guém que rbh em benefício s cms populares, o prossional deve favorecer a construçãoe ços comuniários, porque quees que pricipmdos programas sociais (chamados beneciários) não seconsiuem como comunie. a obrigoriee  pricipção popução nos progrms governmen-is impee formção ienie coeiv os bene-ciários, visto que promove a aglutinação de pessoas,sem proporcionr ções comuniáris. Pr ir ém simpes obrigoriee, é preciso que o gene exernocompreen que su ução cumpre up função:conribui pr consrução ienie soci esses

grupos e, o mesmo empo, grne egiimie oEso. desse moo, nos conexos insiucionis, o prossional é simultaneamente parte da comunidade e pre o Eso, fzeno inerfce enre popuçãoe o poer púbico, o que orn su ução comuniári pecuir e isin que pric enre s écs e70 e 80, o sécuo XX, nos seores popures, qu nãosofri inerferênci o poer púbico. Cbe ressr que Mrín-Bró esenvoveu seus referenciis eórico- práicos em conexos não insiucionis. Porno, pr pensr proposs e inervenção, em nossos is, prir os conceios eboros por esse uor, é necessário

consierrmos, por um o, os imies s insiuiçõese o poer púbico no rbho com s comunies e, por ouro, os imies própri eori.

A despeito do poder público denir a priori seus progrms e projeos sociis, sem pricipção comunie, os genes exernos poem esenvover um rbho comuniário pr ém os imies ins-

iucionis e burocráicos preesbeecios, crinonovos espços e iáogo e pricipção, que eve s pessos envovis um compromisso coeivo. Comonão exise um rígio conroe insiucion práiccoiin, pois o conroe é essencimene burocráico(eborção e reórios, esimivs popuçãoatendida e prestação de contas), os prossionais têmliberdade de modicar os programas e propor novasinervenções que incum comunie em seu pro-cesso e eborção.

 Nesse senio, s proposs ebors e iscu-is peos pricipnes o curso ponm pr um

eniv e superção os imies imposos peos pro-grms sociis que esbeecem previmene “comofzer”, seno pensos “e cim pr bixo”, sem identicação das reais necessidades da comunidade eos recursos que e possui pr enfrenr seus probe-ms, não conribuino, porno, pr su uonomi.a Psicoogi Comuniári e liberção quesiona atuação prossional que se baseia no “fazer pelosouros” e propõe um ção coeiv que envov os in-egrnes e os recursos própri comunie, prir  reie concre.

dess mneir, o curso em esimuo revisãodo papel desses prossionais, propondo elementose inervenção que vibiizem superção visãossisenciis e cieneis, crcerísic os pro-grms sociis, vorizno no os genes exernose inernos como ores funmenis os processos quefem comunie, eno em vis rnsformçãoe sus conições e vi e evno o forecimenocomuniário.

Para nalizar, como já anunciamos anteriormente,pesr s inúmers possibiies que o curso e sconribuições eórico-meooógics e Mrín-Bró e

Mriz Monero presenm, reconhecemos sus imi-ções e conrições. devemos consierr que Mrín-Bró formuou os principis conceios e seu rcbouçoeórico em um períoo hisórico em que s orgnizções popures esencerm um processo revoucionário.logo, s bses su eori form prouzis em umconexo pecuir e guerr civi e e fore orgnizçãoe movimenos revoucionários, que esbeecim como Eso svorenho um reção e confrono, ss grves vioções os ireios humnos comeis por genes o governo. No conexo u, form seconsiuino novs forms e pricipção poíic,

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 8/9

102

Ansara, S. e Dantas, B. S. A. “Intervenções psicossociais na comunidade: desaos e práticas”

mrcs pe negocição poíic e por prceris enressocições e poer púbico. Seguno Monño (2005),no Brsi, profusão e poíics sociis eu origem reções mis próxims enre o poer púbico e o seor  privo, chegno coopr poiicmene ceros gru- pos sociis e rnsferir responsbiies o Eso pr o chmo “erceiro seor”. Poe-se consr que,

embor s forms e pricipção poíic e s reçõesenre esfer púbic e priv enhm sofrio pro-funs rnsformções, reie soci em váriosspecos preserv crcerísics impornes épocem que Mrín-Bró eborou su eori. as esrégisneoiberis, por conseguine, coninum cenuno esigue soci, penizno s cms popurese intensicando as contradições sociais que agudizam amiséri, mrginizção e vioênci, especimenenos grnes cenros urbnos. ao rer sus experiên-cis, os pricipnes o curso enfizm precriees conições e exisênci s popuções enis

 peos progrms sociis, o que hes ger exremo es-conforo e ngúsi evio às gus ispries quemrcm os iferenes ugres sociis que ocupm ecriam um verdadeiro abismo entre os prossionais e acomunie. Nesse senio, reiermos imporânci e uie críic e Mrín-Bró sem, no enno,negr s reformuções e uizções que evem ser feis em su eori em virue s rnsformções por que pssrm s sociees conemporânes.

Notas

1 Em 1995, form impnos os primeiros progrms ernsferênci e ren em Cmpins, Ribeirão Preo edisrio Feer. dese enão, vários municípios e esos brsieiros pssrm or is progrms, guns osquis impemenos em âmbio ncion. tovi, pensem 2001, penúimo no o seguno mno o enão Presi-ene Fernno Henrique Croso, às véspers s eeições presienciis, muios Progrms e trnsferênci e Renform formuos e impnos peo Governo Feer, ocor-reno, esse moo, escenrizção municip s poíicssociis. a prir e 2002, no Governo e luís Inácio lu Siv, houve expnsão, em níve feer, os Progrmse trnsferênci e Ren, cnçno mior número e

 beneciários em todo o território brasileiro.2 Ese exo foi originmene pubico em 1987 no cpíuo

iniuo “E ino inoene: crácer ieoógico e f-ismo inomericno”. In Monero, M. (Coor.), Psicología

 Política Latinoamericana (pp. 135-162). Crcs: Pnpo.3 Sobre o imporne ppe memóri e su cpcie mo-

 bilizadora e potencializadora, Ansara (2005) arma que “o processo e recuperção memóri hisóri é, em si mesmo, consrução e um memóri poíic, que se fz por meio consciênci poíic. ... Esse processo e consrução memóri, o evr à conscienizção, proporcion um ohr mis críico reie esveno-, ou sej, prouzino

no o conhecimeno própri reie quno o conheci-meno e seus mitos e suas falsas memórias, que engnm ejum mner esruur ominne. ... Conhecer o psso permie às sociees não se mnerem pssivs, ceinoos conecimenos como um fie e conribui pr queos erros o psso não sejm repeios”. (pp. 272-273).

4 Mrín-Bró exri esse conceio obr e Puo Freire,seguno o qu conscientização é o processo e rnsfor-

mção pesso e soci que os oprimios ino-mericnosexperimenm quno se fbeizm n iéic com o seumuno (Freire, 1983, 1987).

5 aomos o conceio e cidadania ativa efenio por Chuí(1984) e Benevies (1991), que consierm o cião como poror e ireios, pricipne ivo esfer púbic e “cri-or e novos ireios” pr brir espços e pricipção.

Referências

ansr, S. (2005).  Memória política da ditadura militar e

repressão no Brasil: uma abordagem psicopolítica. tesee douoro, Psicoogi Soci, Ponifíci UniversieCóic e São Puo, São Puo.

Benevies, M. V. M. (1991).  A cidadania ativa. São Puo:Áic.

Chuí, M. (1984). Cultura e Democracia. São Puo: Mo-ern.

Freire, P. (1983). Educação como prática da liberdade. Rio eJneiro: Pz e terr.

Freire, P. (1987). Pedagogia do oprimido. Rio e Jneiro: Pze terr.

lne, S. t. M. & Coo, W. (Orgs.). (1994). Psicologia Social: o

homem em movimento (13ª e.). São Puo: Brsiiense.Mrín-Bró, I. (1987). E ino inoene: crácer ieoógico

e fismo inomericno. In M. Monero (Coor.),

 Psicología Política Latinoamericana (pp.135-162). Crcs:Pnpo.Mrín-Bró, I. (1998).  Psicología de la liberación. Mri:

Eiori tro.Monño, C. (2005). Terceiro setor e questão social: crítica

ao padrão emergente de intervenção social . São Puo:Corez.

Monero, M. (2004). Introducción a la Psicología Comunitaria:

 Desarrollo, conceptos y procesos. Buenos aires: Piós.Monero, M. (2006).  Hacer para transformar: El método en

la Psicología Comunitaria. Buenos aires: Piós.

Recebio em: 26/07/2008

Revisão em: 12/10/2009Aceite nal em: 11/02/2010

Soraia Ansara é douor em Psicoogi Soci pePUC-SP, Membro associção Brsieir e Psicoogi

Poíic (aBPP) e Professor tiur Uniri, SãoPuo. Enereço: Ru Cecíi Covini, 72. Piriub, São

Puo/SP. CEP:.02976-000Emi: [email protected]

7/16/2019 artigo intervençao psicossocial

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-intervencao-psicossocial 9/9

103

Psicoogi & Sociee; 22 (1): 95-103, 2010

 Bruna Suruagy do Amaral Dantas é Mesre em PsicoogiSoci pe PUC-SP e curs o ouoro em Psicoogi Socin mesm Universie. Enereço: Ru Ru Pompéi, 1061,

po 14. Vi Pompéi. São Puo/SP. CEP: 05025-011Emi: [email protected] 

Como citar:ansr, S. & dns, B. S. a. (2010). Inervenções psi-cossociais na comunidade: desaos e práticas. Psicologia

& Sociedade, 22(1), 95-103.