Artigo Para Atividade de Autodesenvolvimento

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    Introduo

    noode sustentabilidade tem duas origens. A primeira, na biologia,por meio da ecologia. Reere-se capacidade de recuperao e reprodu-

    o dos ecossistemas (resilincia) em face de agresses antrpicas (usoabusivo dos recursos naturais, desorestamento, ogo etc.) ou naturais (terre-moto, tsunami, ogo etc.). A segunda, na economia, como adjetivo do desen-

    volvimento, em ace da percepo crescente ao longo do sculo XX de que opadro de produo e consumo em expanso no mundo, sobretudo no ltimoquarto desse sculo, no tem possibilidade de perdurar. Ergue-se, assim, a noode sustentabilidade sobre a percepo da fnitude dos recursos naturais e suagradativa e perigosa depleo.

    Nos embates ocorridos nas reunies de Estocolmo (1972) e Rio (1992),

    nasce a noo de que o desenvolvimento tem, alm de um cerceamento ambien-tal, uma dimenso social. Nessa, est contida a ideia de que a pobreza provo-cadora de agresses ambientais e, por isso, a sustentabilidade deve contemplar aequidade social e a qualidade de vida dessa gerao e das prximas. A solidarie-dade com as prximas geraes introduz, de orma transversal, a dimenso tica.

    O relatrio Brundtland (1987) abriu um imenso debate na academia sobreo signifcado de desenvolvimento sustentvel. Pearce et al. (1989) mostravamuma quantidade razovel de defnies. Hoje, h um verdadeiro mar de literatu-

    ra que aborda o tema das maneiras mais diversas (Wackermann,2008

    ).Deendemos em outro texto (Nascimento & Costa, 2010), presente tam-bm em Nobre & Amazonas (2002), que o Desenvolvimento Sustentvel (DS) setornou um campo de disputa, no sentido utilizado por Bourdieu, com mltiplosdiscursos que ora se opem, ora se complementam. O domnio da polissemia aexpresso maior desse campo de oras, que passa a condicionar posies e medidasde governos, empresrios, polticos, movimentos sociais e organismos multilaterais.

    Na academia, o debate e as interpretaes no poderiam deixar de se a-zer presentes. Como exemplo, Redclit (1987) considera o Desenvolvimento

    Sustentvel (DS) uma ideia poderosa, enquanto Richardson (1997) chama-o deraude, pois tenta esconder a contradio entre a fnitude dos recursos natu-

    Trajetria da sustentabilidade:do ambiental ao social,

    do social ao econmicoElimarPinhEirodonascimEnto

    A

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    rais e o carter desenvolvimentista da sociedade industrial. J ORiordan (1993),apoiado por Dryzeh (1997), de opinio que o DS traz em si a ambiguidade deconceitos, como os de justia e democracia, e que no por isso eles deixam de serrelevantes. Por sua vez, Baudin (2009) vai conceb-lo como uma nova ideologia.

    No Brasil, Machado (2005) deende que o DS um discurso, conorme

    a proposio de Foucault; enquanto Nobre & Amazonas (2002) afrmam que um conceito poltico-normativo, noo que j estava presente no RelatrioBrundtland. Veiga (2010), no entanto, ar uma deesa interessante de que setrata antes de tudo de um novo valor. Na sua assimilao pela sociedade, encon-tra-se a possibilidade da adoo de medidas que venham eetivamente a mudaro rumo do desenvolvimento, levando-o da jaula do crescimento econmico ma-terial para a liberdade do desenvolvimento humano, enquanto ampliao dasoportunidades (Sen, 2000).

    As questes que orientaram a construo deste texto oram as seguintes:

    em que consiste a sustentabilidade, entendida como um adjetivo do desenvol-vimento? Qual a sua trajetria, natureza e implicaes para a sociedade atual?Onde se encontra o centro de sua concepo?

    Assim, o texto est dividido em quatro partes. Na primeira, desenham-se,de orma sucinta, as origens e o contexto do surgimento da noo da susten-tabilidade, transormada em Desenvolvimento Sustentvel (DS) por meio dosembates na arena internacional. Na segunda, examina-se a questo das dimen-ses do desenvolvimento sustentvel mostrando os limites de uma compreensorestrita a trs ambiental, econmica e social. Na terceira, so apresentadas

    pistas sobre a relevncia, hoje, da sustentabilidade. Na quarta, analisam-se trsrespostas, atualmente em construo, crise ambiental. Conclui-se indagandosobre as mudanas na trajetria da noo de desenvolvimento sustentvel.

    Origen e contexto

    A ideia de sustentabilidade ganha corpo e expresso poltica na adjetivaodo termo desenvolvimento, ruto da percepo de uma crise ambiental global.Essa percepo percorreu um longo caminho at a estruturao atual, cujas ori-gens mais recentes esto plantadas na dcada de 1950, quando pela primeira vez

    a humanidade percebe a existncia de um risco ambiental global: a poluio nu-clear. Os seus indcios alertaram os seres humanos de que estamos em uma navecomum, e que problemas ambientais no esto restritos a territrios limitados.A ocorrncia de chuvas radiativas a milhares de quilmetros dos locais de reali-zao dos testes acendeu um caloroso debate no seio da comunidade cientfca(Machado, 2005). Entre 1945 e 1962, os pases detentores do poder atmicorealizaram 423 detonaes atmicas.

    Outro momento dessa trajetria da percepo da crise ambiental se deuem torno do uso de pesticidas e inseticidas qumicos, denunciado pela biloga

    Rachel Carson. Seu livro se pgvendeu mais de meio milho de cpias, eem 1963 j estava traduzido em 15 pases (McCormick, 1992).1

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    Esses eventos tocaram a mdia e os governos, mas oi o movimento am-bientalista o maior benefcirio. Segundo McCormick (1992), naquela poca,as cinco maiores organizaes conservacionistas nos Estados Unidos tiveramcrescimento de seus membros da ordem de 17% por ano.

    As chuvas cidas sobre os pases nrdicos levaram a Sucia, em 1968, a

    propor ao Conselho Econmico e Social das Naes Unidas (Ecosoc) a realiza-o de uma conerncia mundial que possibilitasse um acordo internacional parareduzir a emisso de gases responsveis pelas chuvas cidas. O resultado oi aaprovao da Conerncia de Estocolmo, em 1972. Durante seus preparativos ocorridos em mais de trs anos oram colocados ace a ace pases desenvolvidose no desenvolvidos (o Terceiro Mundo, conorme a nomenclatura da poca).Os primeiros, preocupados com a crescente degradao ambiental que ameaavasua qualidade de vida. Os outros, preocupados em no sorerem restries expor-tao de seus produtos primrios e no terem seu desenvolvimento obstrudo. Essa

    oposio era ainda mais tensa se imaginarmos que pases do Terceiro Mundoatribuam ao seu pouco crescimento econmico parte dos problemas ambientais.Portanto, para eles a soluo dos problemas ambientais passava pela extino dapobreza.

    Se, de um lado, os pases desenvolvidos defniam a deesa do meio am-biente como o ponto central da Conerncia, de outro lado, os outros ocavamo combate pobreza. Essa diviso atravessava no apena os pases, mas tambmos atores poltico-sociais, colocando em conronto ambientalistas e desenvolvi-mentistas.

    Em ace da complexidade das contendas, a Organizao das Naes Uni-das (ONU) deslocou o debate para uma comisso tcnica que produziu oy eeh(Ward & Dubos, 1973). O documento considerava o problema ambientalcomo decorrente de externalidades econmicas prprias do excesso de desen-

    volvimento (tecnologia agressiva e consumo excessivo), de um lado, e de suaalta (crescimento demogrfco e baixo PIBpe p), de outro. Posta dessaorma, a questo ambiental deixava de fcar restrita ao meio natural e adentravao espao social. Graas a esse embate, o binmio desenvolvimento (economia)e meio ambiente (biologia) substitudo por uma trade, introduzindo-se a di-menso social.

    A reunio de Estocolmo se realiza em meio ao impacto provocado pelorelatrio do Clube de Roma2 lm Gwh(Meadows et al., 1972), quepropunha a desacelerao do desenvolvimento industrial nos pases desenvol-

    vidos, e do crescimento populacional, nos pases subdesenvolvidos. Tambmprevia uma ajuda dos primeiros para que os segundos pudessem se desenvolver.

    Dois outros trabalhos, e um evento, na mesma poca, vo impactar o campoda sustentabilidade. O primeiro, em 1971, no ter inuncia sobre a reunio de

    Estocolmo, mas no desenvolvimento posterior da reexo sobre a economia. otrabalho de Nicholas Georgescu-Roegen (1999), que aborda a economia como

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    um subsistema da ecologia, interagindo com a natureza em seu processo de trans-ormao, baseado na segunda lei da termodinmica (entropia). O segundo traba-lho, de Arne Naess (1973), publicado na revista inqury, tornar-se- rapidamenteo estandarte dos ambientalistas mais radicais, com a distino entre ecologia su-perfcial (que se preocupa com a poluio nos pases desenvolvidos) e ecologiaprounda (que se volta para os problemas ecolgicos existentes nas estruturas dassociedades em todo o mundo). J o evento, nesse mesmo ano, oi a crise do pe-trleo, que impulsionaria os pases desenvolvidos a reduzirem a emisso de gasesde eeito estua, hoje denominada descarbonizao da economia.

    Os governos movimentaram-se na criao de agncias que se ocupassemda questo ambiental, pois uma das constataes ao longo da preparao da reu-nio de Estocolmo oi quanto insufcincia de dados disponveis e fveis sobreesse tema. Como exemplo, os Estados Unidos criam, em 1970, a EnvironmentalProtection Agency(EPA), e o Brasil, em 1973, cria a Secretaria Especial do Meio

    Ambiente (Sema).A avaliao dos resultados da reunio de Estocolmo pela ONU, dez anosdepois, mostrou que os esoros empreendidos fcaram muito aqum do neces-srio (Le Prestre, 2000). A consequncia oi a ormao da Comisso Mundialsobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), dirigida pela ex-primei-ra-ministra norueguesa Gro Harlen Brundtland, cujo relatrio de 1987 (oumm fuue) tinha como misso propor uma agenda global para a mudana.Constituiu o maior esoro ento conhecido para conciliar a preservao do meioambiente com o desenvolvimento econmico, cujo porto de chegada denomi-

    nou-se Desenvolvimento Sustentvel. Sua defnio tornou-se clssica e objetode um grande debate mundial (Lenzi, 2006): Desenvolvimento sustentvel o desenvolvimento que satisaz as necessidades do presente sem comprometera capacidade das geraes uturas em satisazer suas prprias necessidades. Aora e a raqueza dessa defnio encontram-se justamente nessa rmula vaga,pois deixam-se em aberto quais seriam as necessidades humanas atuais, e maisainda as das geraes uturas. Introduz-se a noo da intergeracionalidade noconceito de sustentabilidade, associando-a noo de justia social (reduo dasdesigualdades sociais e direito de acesso aos bens necessrios a uma vida digna)e aos valores ticos (compromisso com as geraes uturas).

    ou mm fuuecoloca-se contra os eeitos do liberalismo, que naquelapoca provocava o aumento das desigualdades sociais entre os pases, e consagraa dimenso social como parte integrante da questo ambiental: A pobreza uma das principais causas e um dos principais eeitos dos problemas ambientaisdo mundo. Portanto, intil tentar abordar esses problemas sem uma pers-pectiva mais ampla, que englobe os atores subjacentes pobreza mundial e desigualdade internacional (Brundtland, 1987, p.4).

    Em 1989, a Assembleia das Naes Unidas aprovou a convocao da Con-erncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Cnu-

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    mad) para 1992, conhecida como Rio-92. O mrito de seus resultados athoje discutido, ora louvado, ora denegrido (Bursztyn & Bursztyn, 2006, p.62).Os eeitos mais visveis oram a criao da Conveno da Biodiversidade e dasMudanas Climticas que resultou no Protocolo de Kyoto , a Declarao doRio e a Agenda 21.

    A Declarao do Rio segue a mesma linha das decises da reunio de Esto-colmo, relacionando meio ambiente e desenvolvimento, por meio da boa gestodos recursos naturais, sem comprometimento do modelo econmico vigente.O documento vai ao encontro, portanto, da expanso econmica que o mundocomea a conhecer, e em contraponto ao que anunciava a literatura mais crticada poca, como o relatrio preparatrio da reunio da Comisso de Desenvol-

    vimento e Meio Ambiente da Amrica Latina e Caribe (CDMAALC, 1991, p.2):

    Os modelos de desenvolvimento que prevalecem no mundo e que produziramganhos importantes para o desenvolvimento humano por vrias dcadas de-

    monstram sinais irreutveis de crise. [...] a confgurao dos problemas ambien-tais ameaa a capacidade de manter este processo de desenvolvimento humanoem mdio e longo prazos.

    As contradies entre os pases desenvolvidos e os restantes fcaram aindamais claras quando os Estados Unidos no assinaram o Protocolo de Kyoto,mesmo aps o Intergovernmental Panel or Climate Change (IPCC), em 2007,lanar um comovente alerta sobre os riscos prementes do aquecimento globale a contribuio nesse processo da ao antrpica. O mundo fcou tocado, ogoverno americano, nem tanto.

    Em meio ao debate na mdia, um consenso se estabeleceu o desenvolvi-mento sustentvel compe-se essencialmente de trs dimenses, embora muitosautores, como Ignacy Sachs (2007), considerem a relevncia de vrias outrasdimenses.

    A dimene do deenvolvimento utentvel

    pertinente nos perguntarmos se as trs dimenses (econmica, ambien-tal e social) da sustentabilidade so sufcientes, e qual o seu signifcado.

    A primeira dimenso do desenvolvimento sustentvel normalmente citada

    a ambiental. Ela supe que o modelo de produo e consumo seja compatvelcom a base material em que se assenta a economia, como subsistema do meionatural. Trata-se, portanto, de produzir e consumir de orma a garantir que osecossistemas possam manter sua autorreparao ou capacidade de resilincia.

    A segunda dimenso, a econmica, supe o aumento da efcincia da pro-duo e do consumo com economia crescente de recursos naturais, com des-taque para recursos permissivos como as ontes sseis de energia e os recursosdelicados e mal distribudos, como a gua e os minerais. Trata-se daquilo quealguns denominam como ecoefcincia, que supe uma contnua inovao tec-

    nolgica que nos leve a sair do ciclo ssil de energia (carvo, petrleo e gs) ea ampliar a desmaterializao da economia.

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    A terceira e ltima dimenso a social. Uma sociedade sustentvel supeque todos os cidados tenham o mnimo necessrio para uma vida digna e queningum absorva bens, recursos naturais e energticos que sejam prejudiciaisa outros. Isso signifca erradicar a pobreza e defnir o padro de desigualdadeaceitvel, delimitando limites mnimos e mximos de acesso a bens materiais.Em resumo, implantar a velha e desejvel justia social.

    Registre-se que h outras maneiras de defnir tais dimenses. Adotamosapenas aquelas que parecem mais recorrentes e simples.

    O principal problema nessa defnio em trs dimenses no se encontranas dierenas de conceituao existentes na literatura especializada sobre cadauma delas, mas no ato de escolh-las como as essenciais, eliminando-se, porexemplo, a dimenso do poder. Como se mudar os padres de produo e con-sumo osse algo alheio s estruturas e decises polticas.

    A consequncia do esquecimento da dimenso da poltica uma despoliti-

    zao do DS, como se contradies e conitos de interesse no existissem mais.Como se a poltica no osse necessria no processo de mudanas. Como se asormas de explorao violenta no ossem mais importantes, e a equidade socialosse construda por um simples dilogo entre organizaes governamentais emultilaterais, com assessoria da sociedade civil e participao ativa do empresa-riado.

    Em parte isso se deve ao ato de que a questo da sustentabilidade colocano centro do debate interesses de natureza geral e no aqueles especfcos degrupos ou classes sociais. Isso escamoteia a assimetria de poder no mbito da

    sociedade. Tal invisibilidade agudizada, entre outros atores, pela orma de tra-duzir a questo da crise ambiental como sendo a vida ou a morte da humanida-de. Essa orma radical, distante e abstrata de abordar a problemtica ambiental conduz para que a assimetria de poderes se torne secundria. Ora, o problemaadvindo da crise ambiental no de que o planeta e/ou a vida estejam ameaa-dos de extino em curto ou mdio prazo. Podemos afrmar taxativamente queno somos capazes de destruir o planeta ou a vida nele existente. O que est em

    jogo , em primeiro lugar, se as prximas geraes tero condies de viver comuma qualidade de vida pelo menos prxima que almejamos para todos atual-mente, e que muitos j a tm.

    H, todavia, outra razo que se deve assinalar para compreender a con-cepo despolitizada da sustentabilidade: o deslocamento aparente do oco datransormao social.

    Do sculo XVIII ao XX, o oco da mudana residia na poltica, nas lutassociais, e nas revolues polticas. J na metade desse sculo, ocorre um primei-ro deslocamento: da esera da poltica para a social. Dessa orma, na segundametade do sculo XX existem runs mltiplos provocadores das mudanas so-

    ciais: movimentos culturais, como o das mulheres; movimento poltico, como aqueda do muro de Berlim e o fm da Unio Sovitica; e inovaes tecnolgicas

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    de ponta que ao se disseminarem produziram um mundo globalizado, uma eco-nomia mundialmente integrada, uma cultura internacional popular, bem comonovos atores polticos e sociais globais. O espao do Estado-nao se reduz, aeconomia cultural e simblica cresce, novas cincias e novos inventos emergem.

    O problema no reside na sobrevalorizao, ou no, dos impactos das

    mudanas tecnolgicas. Nunca conseguiremos sobrevalorizar o que o campotecnolgico est nos trazendo de mudanas o problema outro! Na tentativade invisibilizar a esera da poltica, centrando as mudanas sociais no mundo datecnologia, esquece-se de que as mudanas passam necessariamente por instn-cias econmicas e espaos polticos. A globalizao produziu-se da orma comoa conhecemos, porque a revoluo cientfco-tecnolgica dos anos 1980 encon-trou um campo poltico-ideolgico avorvel com a vitria do neoliberalismo naInglaterra e nos Estados Unidos nos anos 1970. A supremacia da ideologia domercado, no mundo todo, com suas especifcidades histricas, criou um terreno

    avorvel para a adoo das novas tecnologias.As empresas no se voltaro de orma decisiva para uma produo eco-nomizadora de recursos naturais e menos produtiva de carbono. Novas ontesde energia se tornaro acessveis apenas mediante a acelerao das inovaes. Adistribuio de riquezas e a igualdade de oportunidades no sero construdassem embates polticos e presses sobre os governantes.

    Outro aspecto olvidado na defnio do DS em trs dimenses a cultura.Ora, no ser possvel haver mudana no padro de consumo e no estilo de vidase no ocorrer uma mudana de valores e comportamentos; uma sublimao do

    valor e mpara o valor e meh; se a noo de elicidade no se deslocar doumpara o uufu; se no se verifcar a transerncia da instantaneidadeda moda para a durabilidade do produto; se no tivermos presses para a adooe valorizao, por exemplo, do transporte pblico e, se possvel, para o mehtransporte, o no transporte. O desenvolvimento sustentvel, aparentemente,supe uma reorma intelectual e moral, para usar a velha expresso de Gramsci(1975), de maneira a acolher e estimular a adoo de novas tecnologias e novasormas de viver.

    Com tudo isso, queremos sugerir que a sustentabilidade, em sua essncia,no deve ter apenas trs olhas, mas cinco. Tendo como linha transversal atica solidria com os excludos de hoje para que no haja excludos amanh.

    sutentabilidade: por que ela relevante para n?

    Mas, afnal, por que a sustentabilidade importante para os povos? Ondereside a razo de atribuirmos ao desenvolvimento sustentvel a sada da criseambiental, e a possibilidade de criar um mundo mais justo?

    A percepo diundida, mas longe de ser comprovada de que estamosameaados como espcie atribui uma relevncia mpar ideia do desenvolvimen-

    to sustentvel. De certa orma, com a queda da Unio Sovitica, o grande medosocietal de meados do sculo passado de uma guerra atmica autodestrutiva

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    se esvaiu. Em seu lugar ganhou corpo o grande medo da autodestruio pelocrescimento econmico desenreado que destri a natureza e exaure os recursosnaturais.

    A partir dos trabalhos de Darwin, na segunda metade do sculo XIX,fcou claro que as espcies animais tm uma trajetria de nascimento, desenvol-

    vimento e morte. Elas se sucedem, algumas desaparecem e outras surgem. Nadanos leva a pensar que a espcie humana tenha uma trajetria distinta dos seusantepassados desaparecidos (homindeos).

    At meados do sculo XX, a humanidade temia basicamente duas grandesameaas de extino uma externa (o choque de um grande meteorito, comoaparentemente ocorreu h 65 milhes de anos, extinguindo os dinossauros) eoutra interna (o advento de uma epidemia desconhecida e incontrolvel). Emmeados do sculo passado, oi acrescida mais uma ameaa, provinda dos pr-prios seres humanos: a bomba atmica. O seu poder de destruio fcou eviden-

    te com as exploses de Hiroshima e Nagasaki.A ideia de que o modo de produo e consumo vigente nos conduz a umdesastre cada vez mais aceita. Que a economia est em conito com os siste-mas naturais do planeta uma evidncia que ressalta das inormaes cotidianassobre o desaparecimento das zonas de pesca, a reduo das orestas, a eroso dosolo... e o desaparecimento de espcies (Brown, 2003, p.14).

    Embora o agravamento da crise ambiental aponte para uma clara degrada-o das condies de vida em nosso planeta, possvel, caso o cenrio mais pes-simista do aquecimento global venha a se confrmar, que uma nova possibilidade

    de autoextino seja criada ao fnal deste sculo.De toda orma, a persistncia do modelo de produo e consumo em vi-

    gor degrada no apenas a natureza, mas tambm, e cada vez mais, as condiesde vida dos humanos.

    Repota crie ambiental certo que as atuais condies de vida esto ameaadas, na hiptese de

    o aquecimento global vir a se confrmar. Contudo, a qualidade de vida dos queno a tm hoje e a das geraes uturas no esto ameaadas apenas pelo pro-

    vvel aquecimento global. O modo de produo e consumo vigente traz em siameaas que agem de orma independente desse evento, pois caso continuemosno ritmo de crescimento econmico dos ltimos cem anos, teremos cerca de120 milhes de pessoas por ano adentrando o mercado de consumo. Seromais dois bilhes e meio em 2050. H uma quase unanimidade hoje entre oscientistas de que os recursos naturais no sero sufcientes para ornecer ummodo de vida similar ao da classe mdia mundial a todos os novos ingressantesno mercado. No entanto, eles tm tanto direito quanto os que j participam domercado consumidor.

    O que est em questo so as aquisies civilizacionais que criamos (Lo-velock, 2006) e, na pior das hipteses, o prprio gnero humano. Teremos, ou

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    no, capacidade de prolongar a nossa existncia, como espcie, ou, ao inverso,vamos abrevi-la? Afnal, ser humano isso: ter capacidade de se autodestruir.Mas nossa condio de humanos pressupe tambm a capacidade de prolongara existncia como espcie, e utilizando a mesma capacidade inventiva.

    Posta dessa orma, a crise ambiental contm o claro desafo de que o de-

    senvolvimento sustentvel apenas uma das respostas possveis. E a essa podem--se acrescentar pelo menos mais trs,g m, com probabilidades distintas.A primeira resposta a tecnolgica, que deposita na capacidade inventiva

    do homem a superao anunciada dos limites dos recursos naturais. A segundareside na mudana radical (mas progressiva) do padro de produo e consumo

    vigente, expressa no movimento do decrescimento, entre outros. A terceira a possibilidade de no conseguirmos evitar a catstroe que progressivamentepoderia levar extino da humanidade. Seria a no resposta.

    Alm do respaldo que possui a primeira resposta no senso comum, ela

    se ampara na longa tradio na economia, pois d continuidade, com algumasmudanas, s abordagens clssicas hegemnicas. Seu principal mentor prova-

    velmente o Prmio Nobel de economia Robert Solow(2000).Solow, inversamente a outros economistas, toma como sria a questo

    da fnitude dos recursos naturais, porm, ao contrrio dos crticos da economiadominante, considera que o homem capaz de construir as respostas necessriasa esse desafo sem grandes mudanas sociais, mas tecnolgicas. Seu pensamen-to tem algumas premissas bsicas que se situam alm da intercambialidade dosatores de produo. Dentre elas pode-se citar a de que a fnitude dos recursos

    naturais s um problema do ponto de vista de sua especifcidade, mas nocomo conjunto. Tomemos dois exemplos simples. Finita a quantidade de guapotvel disponvel em um determinado momento e local, mas essa fnitude passaa no existir quando a pensamos como o conjunto dos recursos hdricos existen-tes (70% da ace da Terra), que se renova permanentemente. A dessalinizaodas guas do mar a custo baixo, assim como o seu transporte, pode vir a tornara crise de recursos hdricos um simples episdio na trajetria humana. A fnitudedas ontes de energia sseis e a das renovveis so de escalas incomparveis. Aprimeira se reduz a dcadas e a segunda, a milhares de anos. Nada impede queoutras ontes de energia, como a solar, sejam utilizadas por milhes de anos.Portanto, o limite dos recursos naturais, que real, superado pelas mudanastecnolgicas adotadas em razo das presses e mudanas do mercado. Afnal,nenhuma onte de energia (ou outro recurso natural) abandonada porque osrecursos se extinguiram, mas porque surgiram alternativas econmica, social etecnologicamente mais viveis.

    No momento, h uma conjuno de atores avorveis substituio gra-dativa das ontes de energia sseis. Elas tm um elemento comum, so estri-

    tamente locacionadas. Na medida em que se localizam ora do territrio damaioria dos pases desenvolvidos, torna-se imperioso que eles busquem outras

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    ontes de energia. Ora, como esses pases so os maiores detentores de tecnolo-gia eles podem realizar investimentos crescentes em relao s ontes de energiarenovveis, incluindo a uso a rio.

    A segunda resposta encontra-se no movimento intelectual, social e polticoconhecido como decrescimento, ou, se quisermos utilizar a expresso rancesa,

    e(Nascimento & Gomes, 2009), ou mesmo, ps-desenvolvimento(Billaudot, 2003).Como defne um de seus animadores (Aris, 2005), e uma

    expresso-nibus que comporta diversas acepes, unidas pela rejeio ideiade desenvolvimento como uma religio sem sentido. Nela tem abrigo umrico conjunto de movimentos sociais e culturais entre os quais se pode citar: oMovimento Antiutilitarista nas Cincias Sociais (Mauss), os bioeconomistas, osps-desenvolvimentistas, os objetores de conscincia e os pub.

    A crtica dessa corrente ao Desenvolvimento Sustentvel (DS) erina, por

    consider-la um puro contrassenso, uma ideologia simplifcadora do real, umasimples tentativa sedutora de salvar o crescimento (Latouche, 2007, p. 113).Morin (2007, p.75), que no pertence a esse movimento, embora nutra por elesimpatia, tambm no poupa crticas ao DS, para ele o desenvolvimento sus-tentvel m fz que empe eevvme p me e- eg, m em que eu fume (grio nosso).

    Esse movimento tem sua principal raiz na obra do economista Georges-cu-Roegen, que desenvolveu um trabalho inspirado na segunda lei da termo-dinmica (entropia). Ele chama a ateno para o ato de que todo o processo

    produtivo a transormao de energia e matria de baixa entropia para altaentropia, ou seja, a transormao de energia e matria disponveis em nodisponveis. Dessa orma, um dia os homens vo ter de mudar o rumo de seudesenvolvimento, passando no mais a crescer, mas a decrescer. O crescimen-to econmico dever ser convertido em decrescimento, se a humanidade noquiser perecer.

    Seu principal seguidor, Herman Daly(1996), prope uma alternativa me-nos drstica: a busca de uma situao estacionria (ey-e emy), numa

    analogia, segundo Veiga (2008, p.130), hiptese cosmolgica de que a den-sidade total da matria permanece constante no universo em expanso. ParaDaly (1996), caminhamos para uma situao em que o problema central dodesenvolvimento ser o abandono do crescimento econmico, em troca do de-senvolvimento da qualidade de vida. O recente relatrio da ONU, que pregaa prosperidade sem crescimento, uma variao palatvel dessa vertente. Eos estudos que tm mostrado o descolamento do crescimento econmico daqualidade de vida nos pases altamente desenvolvidos reoram a ideia de que possvel viver melhor produzindo e consumindo menos (Veiga, 2010).

    Para Latouche (1986), o mais radical dos deensores do decrescimento,o modelo atual de produo e consumo no tem uturo, porque nos conduz

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    autoextino. A sada a adoo de novos valores e novos costumes, comabandono da moda, do instantneo, em troca de uma produo duradoura edecrescente. Enfm, adoo de um novo estilo de vida.

    A terceira resposta encontra-se na possibilidade da catstroe. Na verdade o resultado de uma no resposta. A ideia de que os problemas anunciadospela crise ambiental podem ser resolvidos por meio da inovao tecnolgicapode no estar certa. verdade que diversas iniciativas esto sendo tomadasatualmente na busca da substituio das ontes energticas sseis. A Alemanhae os pases do norte da Europa so exemplos. No entanto, a emisso de gasesde eeito estua j considervel, e as medidas para reduo so lentas. Vivemosuma corrida contra o tempo. E a convico de que os homens sempre souberamsuperar as difculdades naturais por meio de novas tecnologias no assegura queisso ocorra no uturo.

    Ideias como criar uma bactria que absorva o dixido de carbono ou dis-

    por espelhos na estratosera para reetir os raios solares e reduzir o calor solarso temerrias do ponto de vista de suas consequncias, e incertas quanto sua viabilidade. Por sua vez, possvel que as mudanas climticas se acelerem,na medida em que o aquecimento global libere mais o CO2 que est retido nanatureza (pemfna Sibria e no rtico, por exemplo). Uma inverso brus-ca no clima pode ter eeitos catastrfcos para a vida humana, e possvel queisso j esteja em curso, com resultados maniestados nas prximas duas ou trsdcadas.

    A ttulo de concluo

    O embate entre a viso dos pases desenvolvidos, sobretudo os europeus,e a dos pases em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, que se anunciou nosanos 1970, persiste e dever ter continuidade na Conerncia Mundial sobre De-senvolvimento e Meio Ambiente, no Rio de Janeiro. Porm, agora em contextodierenciado, na medida em que a questo ambiental no apenas se ampliou,como ganhou novas conotaes, a partir do relatrio do IPCC de 2007.

    As dierenas residem, entre outros, em dois pontos: a) a crise ambientalassumiu contornos mais graves com a percepo da responsabilidade antrpica

    do aquecimento global e a dinmica de ascenso de um contingente humanomais signifcativo no mercado de consumo; b) as propostas do desenvolvimen-to sustentvel, sobretudo da descarbonizao e desmaterializao da economia,agora sob a roupagem da economia verde, ganharam ora.

    A locacionalidade das ontes sseis, ora de seus territrios, obriga algunspases desenvolvidos a investir em novas ontes energticas. O recente acidentenuclear no Japo estimulou mais ainda esse movimento. Essas mudanas, fnal-mente, se associam cada vez mais com inovaes tecnolgicas, abrindo a possi-bilidade de uma nova onda de inovao de longa durao. Assim, a economia

    aproxima-se ainda mais da atitude de poupar o meio ambiente nos pases desen-volvidos e ganha maior relevncia nos pases em desenvolvimento.

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    Por sua vez, a dinmica econmica dos pases em desenvolvimento, reti-rando parte de suas populaes que esto abaixo da linha da pobreza, associada auma percepo mais pessimista da crise ambiental, muda o enoque do combate pobreza.

    A questo saber se ocorrer um movimento no sentido de retirar do

    desenvolvimento sustentvel a centralidade do social em direo ao ambiental.A uso do eixo do combate pobreza com a economia verde na Rio+20 pareceindicar algo nesse sentido, assim como um novo casamento entre economiae meio ambiente.

    So todos, porm, movimentos dbeis que ainda no se tornaram tendn-cias vigorosas. Como dissemos em outro momento (Nascimento & Andrade,2011), o sculo XXI nasceu sob trs signos: da contradio, da incerteza e daesperana. A contradio entre os indcios de crescimento da crise ambiental e aragilidade das medidas adotadas; a incerteza quanto ao uturo da humanidade

    no acirramento das crises econmica e ambiental; e a esperana de que transor-maes sociais ocorram, mudando para melhor o padro civilizatrio a queestamos prisioneiros, como quer Morin (2011).

    Notas

    1 Dois outros livros, na mesma dcada, tiveram menos sucesso, mas oram muito im-pactantes: L. Reid, the sgy f nue, 1962, e P. Ehrlich, the Ppu Bmb,

    1968. Um outro trabalho teve menos impacto imediatamente, mas veio a alimentar umgrande debate na academia e estimular um orte movimento de pesquisa: G. Hardin,the tgey f he cmm, discurso proerido em dezembro de 1967.

    2 O Clube de Roma oi criado em uma reunio de 30 pessoas, de dez dierentes pases,em 1968, por iniciativa do empresrio Aurlio Pecei (Machado, 2005, p.179).

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    resumo Este texto aborda a questo da sustentabilidade, sob a orma hegemnica dequalifcao do desenvolvimento. Traa as origens e o contexto do surgimento da ideiade desenvolvimento sustentvel como resultado do conronto entre os pases desenvol-vidos e os restantes, e entre ambientalistas e desenvolvimentistas. Analisa e discute suasdimenses, mostrando as limitaes da confgurao em trevo de trs olhas (ambien-tal, econmica e social); exemplifca a polissemia do termo e traduz o seu signifcado;mostra as razes da relevncia do tema; e, fnalmente, examina respostas que estosendo socialmente construdas em razo dos possveis desdobramentos da crise ambien-tal. Na concluso, sintetiza as mudanas que ocorrem na trajetria da compreenso dasustentabilidade.

    palavras-chave: Sustentabilidade, Desenvolvimento sustentvel, Crise ambiental.

    abstract This text discusses the sustainability issue in the hegemonic orm o quali-fcation o a new development. It outlines the origins and the context where the ideao sustainable development has emerged as a result o the conrontation between deve-loped countries and other countries and between environmentalists and developmen-talists; analyzes and discusses its dimensions by showing the limits o the three-leavedclovers confguration (environmental, economic and social); exemplifes the polysemy

    and translates its meaning; shows reasons or the relevance o the sustainability issue;and fnally, examines answers that are socially being built due to the possible conse-quences o environmental crises. In the conclusion, it summarizes the changes that haveoccurred on the trajectory o understanding sustainability.

    keywords: Sustainability, Sustainable development, Environmental crises.

    E Pe ne socilogo, professor associado do Centro de Desen-

    volvimento Sustentvel (CDS) da Universidade de Braslia (UnB).

    @ [email protected]

    Recebido em 9.10.2011 e aceito em 15.10.2011.