Artigo Simposio 5 321 [email protected] - Cópia

10
ANÁLISE ICONOGRÁFICA E ICONOLÓGICA DO ALBÚM LP THE NUMBER OF THE BEAST* DA BANDA INGLESA IRON MAIDEN 1982 CRISTIAN MACHADO 1 EDEMILA DE FARIAS VALENTIM 2 Introdução Um dos grandes desafios da produção historiográfica atual é compreender o ser humano à partir do ambiente na qual está inserido e esta análise poderá ser feita pelo viés dos aspectos culturais, conflitos sociais, contradições econômicas, e pelas formas de consciência social. O ser humano como agente e sujeito histórico dialoga com seu meio, em continuo processo de elaboração de significados pertinentes a sua existência. Muitos autores, teóricos, contextualizam no devir histórico tais colocações. Observa-se que atividades como: convívio social-família, trabalho, igreja e lazer, sempre estão incutidas nestas discussões teóricas. Com as produções acadêmicas referentes as imposições e contradições de tais práticas de sociabilidade e com o nascimento do Estado e dos regimes totalitários, produções de imagem e escrita se proliferaram como discursos de legitimação ou contra-posição a um modelo de sociedade vigente. Nem sempre a historiografia via com bons olhos determinadas correntes de estudo. Em 29 de março de 1982, jovens músicos ingleses, lançaram o Albúm Músical, intitulado The number of the beast” com a faixa musical principal de mesmo nome. A presente pesquisa tem por escopo apontar pertinência na leitura iconográfica e iconológica da Capa mencionada, porém, em caráter de análise inicial, já que fará parte de uma Tese de Conclusão de Curso ainda em construção pelo autor. 1 Graduando Bacharelado em História Universidade Estadual de Ponta Grossa Promei 2011-2012 Universidade de Coimbra. 2 Mestranda em Direito Internacional Universidade Clássica de Lisboa Bacharel em Direito CESCAGE.

description

Artigo Congresso Internacional do Rock

Transcript of Artigo Simposio 5 321 [email protected] - Cópia

Page 1: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

ANÁLISE ICONOGRÁFICA E ICONOLÓGICA DO ALBÚM LP THE NUMBER OF

THE BEAST* DA BANDA INGLESA IRON MAIDEN 1982

CRISTIAN MACHADO1 EDEMILA DE FARIAS VALENTIM2

Introdução

Um dos grandes desafios da produção historiográfica atual é compreender o ser

humano à partir do ambiente na qual está inserido e esta análise poderá ser feita pelo viés dos

aspectos culturais, conflitos sociais, contradições econômicas, e pelas formas de consciência

social. O ser humano como agente e sujeito histórico dialoga com seu meio, em continuo

processo de elaboração de significados pertinentes a sua existência. Muitos autores, teóricos,

contextualizam no devir histórico tais colocações. Observa-se que atividades como: convívio

social-família, trabalho, igreja e lazer, sempre estão incutidas nestas discussões teóricas.

Com as produções acadêmicas referentes as imposições e contradições de tais

práticas de sociabilidade e com o nascimento do Estado e dos regimes totalitários, produções

de imagem e escrita se proliferaram como discursos de legitimação ou contra-posição a um

modelo de sociedade vigente.

Nem sempre a historiografia via com bons olhos determinadas correntes de estudo.

Em 29 de março de 1982, jovens músicos ingleses, lançaram o Albúm Músical, intitulado

“The number of the beast” com a faixa musical principal de mesmo nome.

A presente pesquisa tem por escopo apontar pertinência na leitura iconográfica e

iconológica da Capa mencionada, porém, em caráter de análise inicial, já que fará parte de

uma Tese de Conclusão de Curso ainda em construção pelo autor.

1 Graduando Bacharelado em História Universidade Estadual de Ponta Grossa Promei 2011-2012 Universidade de Coimbra. 2 Mestranda em Direito Internacional Universidade Clássica de Lisboa Bacharel em Direito CESCAGE.

Page 2: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

∗ referente ao albúm The number of the best da Banda Inglesa Iron Maiden, lançado em 28 de março de 1982

1. ICONOLOGIA E ICONOGRAFIA COMO MÉTODOS DE LEITURA DE

IMAGEM

Iconografia é o ramo da história que trata do tema ou mensagem das obras de arte em contraposição à sua forma [...] o significado assim percebido é de natureza elementar e facilmente compreensível e passaremos de a chamá-lo de significado fatual [...] os objetos assim identificados produzirão, naturalmente uma reação em mim. (PANOFSKY, 2011, pág. 47-48)

A Iconografia é um método que objetiva exercitar o “saber ver”, Através da

descrição das imagens, propõe-se ao estudo do conteúdo das imagens. Desenvolve-se nos

séculos XIX e XX se instituindo com métodos próprios e sistemáticos. Na História da Arte, a

Iconografia contribui, ao estudo dos conteúdos das obras de arte.“As obras de arte são mudas,

temos que saber interroga-las”, extrair questões da criação artística. Enquanto consumidores

de imagens precisamos entender como ocorrem a comunicação através delas e ao longo da

História da Arte.

O método iconográfico poderá suscitar algumas questões: Contribuição da Semiologia

no que se refere a análise da literatura no estudo das linguagens e significados; importância da

cultura e tradição e a importância dos significados; diálogo entre palavra e imagem; redes que

interligam temas e motivos, normalizando, tipificando, sistematizando seus significados e

símbolos.Necessidade de conhecimento que permita ler, decodificar e entender o conteúdo de

uma obra de arte e imagem.

Panofsky, em sua análise, estabelece níveis de leitura: 1º Pré-Iconográfico,

desconhece-se o tema, apenas descreve-se as figuras e a forma; 2º Iconográfico ou tema-

assunto; 3º Significado intrínseco ou conteúdo contextualizando questão histórica e cultural,

incluindo a forma e encomendante.

Assim então, podemos entender que a Iconografia e Iconologia tem por objetivo fazer

a leitura ou descodificar um tema e para descodificarmos é preciso recorrer a literaturas

específicas.

O termo Iconografia (proveniente do étimos gregos “eikon”- imagem, figura,

representação e “graphein”- escrever, compor, designar, registrar) significou sempre

descrição e classificação de imagens, ou descrição e decodificação. É uma disciplina que nos

Page 3: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

“permite conhecer o conteúdo de uma figuração em virtude de seus caracteres específicos e da

sua relação com determinadas fontes literárias.” (MAHÍQUES, p. 21, 2008).

1.1 Imagem de um LP como fonte

Imagem é uma palavra [...] ligada a um fenômeno que pertence a outra ordem [...] não é uma mera transposição do real; é também um real intrínseco com as suas propriedades e os seus circuitos[...] o único equivalente da imagem é sempre a própria imagem. (GERVEREAU, 2007, pág. 09)

A presente pesquisa objetiva analisar a Iconografia e Iconologia da Capa do Lp The

number of the Beast da Banda de Heavy Metal Inglesa Iron Maiden. Lançado no ano de 1982

em Londres-Inglaterra. A referida Capa poderá apontar elementos de uma produção imagética

referente às contradições de seu tempo, apontando rupturas e permanências no campo

semântico imagético na longa duração. As apropriações no que se refere a uma “genealogia

do mal” encontradas na presente Capa propiciará pertinência na presente pesquisa cuja matriz

teórica dialoga com as diferentes temporalidades históricas, passando pela História da Arte,

Literatura, História, Sociologia, Psicanálise, Banda desenhada. Para compreendermos a

solidificação do estilo dentro do mercado fonográfico,

o Heavy Metal utiliza imagens como símbolo de sua própria força e vitalidade. Pôsteres, adesivos, camisetas com os logotipos das bandas e fotografias de encartes de discos são amplamente consumidas pelos fãs do metal. Nas revistas especializadas, as fotografias de palco, onde as bandas aparecem em plena performance, ganham destaques especiais.(DE BRITO, 1996, pág.6)

Essa imagética, envolta a “delimitar o espaço dos fãs de Heavy Metal, tais como calças jeans rasgadas, tatuagens, braceletes e imagens teratológicas. Esses acessórios vão servir para delimitar o reconhecimento do espaço grupal, permitindo identificar, através de signos diferenciais, quem faz parte da tribo metálica.” (JANOTTI, 1994, pág. 4)

Desde a difusão dos primeiros long-plays na década de 1930 confeccionados em vinil –, até a consolidação dos compact discs na década de 1990 – com uso de tecnologia laser – a produção e circulação de imagens em embalagens que acompanham o produto principal foi determinante para sua identificação como aliciador para o seu consumo segundo o objetivo de seu emissor: a venda. Nesse sentido, a indústria fonográfica nada inovou, senão readaptou o conceito de “embalagem” anterior à própria revolução industrial; contudo, na nova ordem do que Walter Benjamin designou como da “reprodutibilidade técnica”. (ZAGNI, 2009, página 116)

Page 4: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

Laurent Gervereau, aponta que a leitura iconográfica de Capas de Álbuns “trata-se

efetivamente de uma categoria vaga [...] no entanto corresponde a um desenvolvimento

importante das atividades no século XX.” Mas reconhece que “faz também parte das

produções culturais”.Ainda discorre: “Trabalhar com este tipo de imagens significa

compreender os critérios a que respondem e em que medida acompanham alguns

comportamentos sociais.”(GERVEREAU, 2007, página 129 )

No que se refere ao presente álbum, Zagni aponta:

“Sabe-se, por exemplo, que várias cópias do álbum The Number Of The Beast, lançado no ano de 1982 e que trazia uma representação do demônio sendo manipulado por “Eddie”, por sua vez manipulando humanos, foram queimadas por grupos religiosos que diziam que suas músicas evocavam cantos demoníacos. No mesmo ano um boneco de 3 metros do mascote Eddie foi censurado no video-clip da música The Number Of The Beast, por ser “assustador demais para a televisão”. Os primeiros álbuns da banda trouxeram, por conta da perseguição que sofreram, o aviso de “letras explícitas” nas capas.Sabe-se também que uma década depois do lançamento de The Number Of The Beast a Igreja Católica chilena convenceu o governo de seu país a proibir uma exibição da banda por “corromper” a juventude com suas letras e imagens [...] e The Number Of The Beast o satanismo. (ZAGNI, 2009, página 130)

O objetivo de centrar especificamente na Capa deste álbum e não em um conjunto de

Capas da referida Banda ou do estilo Heavy Metal, evidencia-se pela possibilidade de

articular inúmeros elementos para discussão em torno da mesma, questões que extrapolam a

produção da referida em si, mas relação de produção e recepção em um período de profundas

mudanças politicas, sociais e culturais, sejam onde a mesma foi produzida ou no cenário

mundial.

2 APROPRIAÇÃO IMAGÉTICA DO MAL NA HISTÓRIA

Carlos Arenas (2007) afirma que :

Satan é sem dúvida o máximo expoente da Iconografia do mal, em sua acepção absoluta. Esta criatura conta com inumeráveis representações e aproximações a sua imagem que transitam do grotesco e demoníaco, da beleza e fealdade, inclusive a paródia [...] perdurou no imaginário coletivo através dos séculos até os nossos dias.*(ARENAS, 2007, p. 91)

Ainda explana que enquanto Papa Bento XVI, disse em entrevista ao Jornal El País,

28 de março de 2007, que: “que o Diabo é uma presença misteriosa, real e não simbólica.”

Por tanto, igual a cabeça visível da Igreja Católica, poderíamos pensar em sua existência,

tanto literal como metafórica. (ARENAS, 2007, p. 91)

Page 5: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

2.1 ESTUDO DA CAPA

Poucas publicações referentes ao heavy metal, bem como, analise de letra, música,

capa e perfomance, foram produzidas por autores. Geralmente tais publicações discorrem

sobre apropriações da imagética do mal.

Zagni, no que se refere a Capa do presente álbum, nos diz que:

3 IRON MAIDEN

Na análise da nomenclatura de uma das mais importantes bandas do heavy metal contemporâneo, o Iron Maiden, é possível perceber que seu nome evoca em uma Polissemia entre o lado medieval- donzela de ferro, instrumento de tortura usado na Idade Média, que também demonstra a filiação metálica da banda pela utilização da palavra Iron, além de ser uma alusão ao apelido da ex-primeira ministra da Inglaterra Margaret Tatcher. Inter-relação que remete a “Idade das Trevas” associadas aos nossos dias, o tempo caminha , mas as torturas e os medos presentes no imaginário medieval continuam vivos. (OLANNA VALENTINA RODRIGUES FREIRE SALES , 2011, p.21 apud. JANOTTI, 1998, p. 05)

3.1 A BESTA DO APOCALIPSE

As evidências escritas na Capa do Albúm são o nome da Banda “Iron Maiden” e o

título “The number of the Beast”. Tal Capa, suscitou inúmeras controvérsias no que se refere

a apropriação destes elementos imagéticos como apologéticos ao satanismo bem como ao mal

cristão. Evidencia-se a preocupação e rejeição pelos “não iniciados”* a legitimar tal imagem e

som. A música tema do referido álbum, também intitula-se “The number of the Beast”, cuja

relação imagética não corresponde exatamente ao que é proposto na trilha musical. Faz-se

necessário contextualizar a proposta imagético-musical, que extrapola a proposta

mercadológica, cuja recepção pode ser ressignificada e apontar interpretações divergentes.

Segundo Harris, autor da música, conforme relatado no documentário Classic Álbuns

“The number of the Beast”, as motivações para a confecção de música título teria por

influência a literatura e o cinema.

Observa-se pelo depoimento do baixista e idealizador da música e letra Steve Harris,

no que se refere ao lançamento do polêmico Álbum: “não era um tipo de conceito[...]era

somente o nome de uma música”. Em outro trecho menciona as influências para a confecção

musical onde pesadelos e literatura dialogavam como fonte inspiradora: “Tive muitos

pesadelos e este foi um deles[...]o poema ‘Tam o’ Shanter’ que aprendi na escola e ficou na

memória ao longo dos anos”. Aqui Harris remete-se a um poema de um livro de literatura

Page 6: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

inglesa, cuja indicação era proposta em sua formação no período escolar. Segundo Harris: “o

poema abordava perseguições na floresta e coisas assim”.

Porém, para chegarmos a uma possível dedução ao uso destes elementos imagéticos, a

tríade imagem, música e clipe musical apropriam-se da Besta Apocalíptica, sendo que a

referida Capa utiliza o nome, a música em seu refrão usa a expressão “six, six, six, the

number of the Beast” e o vídeoclipe “dançarinos dançando, rodopiando com o 666 nas

costas”.(CLASSIC ALBÚNS, 2001, http://www.youtube.com/watch?v=cWsnF_p-q78

acessado em 10-08-2013 ás 00:14)

.

Umberto Eco, em sua História da Feiura, nos diz que:

“o feio, sob a forma do terrificante e do diabólico, faz seu ingresso no mundo cristão com o Apocalipse de São João Evangelista[...] o Diabo é nomeado sobretudo através das ações que realiza e dos efeitos que produz (as descrições dos endemoniados, por exemplo), à exceção do Gênesis onde assume forma de serpente.” (primeira página capítulo 3)

3.2 INFERNO

La concepción cristiana del Infierno derivó de la idéia de los Infiernos del mundo griego, el Hades, y el Sheol judaico, en el que las almas vagaban em espera de reencarnarse.El Infierno cristiano adquirió uma acepción negativa, en el sentido de que era del Más Allá destinado a los condenados, sobre la base de la idea del Juicio final y la separación de los buenos y los malos que empezó a extender-se en el siglo II a. C., gracias a los textos proféticos de Isaías, Zacarias y Malaquías. Este concepto será recuperado más tarde por Jesus y reproducido por los evangelistas, em particular Mateo y Lucas, y por el Apocalipsis, donde San Juan habla del abismo de Satanás y describe el Infierno como um estanque de fuego y azufre. (Giorgi,2004,p.28)

O Inferno, na cultura ocidental, é a referência teleológica para os que não cumprirem

sua missão de acordo com as premissas Cristãs. A Iconografia do Mal, Inferno, desde seus

primórdios, apontam a relação de medo com o inexplicável, reesignificados no devir histórico,

cujo não cumprimento dos requisitos básicos de uma vida digna e de conformidade com a

palavra de Deus, pautada em dogmas católicos ou protestantes, poderia acarretar a punição;

expiação neste local de tormento, sofrimento, o Inferno.

Na presente Capa, está evidente a relação entre o Tema e atributos referentes ao

Inferno, observando fogo em altas labaredas, com muitos pequenos seres, deduzindo serem

condenados a expiar pelos seus males ou demônios a atormentar estes. Tais referências

iconográficas de seres monstruosos alados, fogo, envolto a fumaças, escuridão são apontados

por Giorgi:

Page 7: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

La representación del Infierno, entendido como lugar de condena eterna dominado por Lúcifer, comenzó em el siglo X, integrada em la del Juicio Final, y tuvo um desarrollo más amplio em los do siglos seguintes[...] em el transcurso de la Edad Media, se definió uma especie de concepto geográfico del Más Allá con la considerácion del Infierno como lugar en el que se encuentran las almas condenadas eternamente. La fantasia de los artistas llamados a realizar las representaciones situó en este lugar toda clase de tormentos y suplicios infligidos por los demônios a las almas de los malvados condenados al “fuego eterno”. (GIORGI, 2004, P.28)*

3.3 EDDIE

A ordem moral e religiosa é afrontada pela interação de Eddie com o próprio mito cristão. Neste último caso nossas conclusões partem das referências ao inferno e a coexistência ou luta de Eddie com Satã. Apesar de o inferno estar referido em várias ilustrações, a temática é mais explícita no álbum e conjunto de singles de The Number Of The Beast, de 1982. A imagem de capa do álbum lançado em março de 1982 instaurou a polêmica sobre o envolvimento da banda com seitas satânicas e até mesmo um possível pacto com o diabo, boatos que proliferavam provocando rejeição do produto por vários segmentos religiosos que estimulavam a queima dos álbuns. (ZAGNI, 2009, p. 132)

No que se refere a repercussão, da referida Capa, onde Eddie manipula o demônio, foram produzidas Singles,

A imagem que mostrava Eddie manipulando a entidade que no mito cristão é caracterizado como o demônio, parece encontrar nas capas dos singles subseqüentes uma tentativa de minimizar o estrago criado pela mídia. O single Run to the hills, de fevereiro de 1982, ao invés de demonstrar a manipulação de Eddie exercida sobre o demônio, representa uma luta do mascote contra a entidade portadora de todo o mal. Eddie está prestes a desferir um golpe de machadinha contra o demônio enquanto estrangula-o com a mão esquerda, enquanto o demônio ameaça-o com um tridente segurado pela mão direita.O palco da luta é o próprio inferno onde pululam demônios subalternos e outras figuras teratológicas. O resultado do enfrentamento é dado na capa do single The number of the beast, onde é demonstrada a vitória de Eddie, numa perspectiva simbólica contra o próprio mal, pois segura a cabeça do diabo que verte sangue e cujos olhos mostram o estado de morte. Apenas as duas entidades ocupam a imagem, as demais monstruosidades desaparecem e só é possível vislumbrar as chamas do inferno, expurgado das almas condenadas. (ZAGNI, 2009, p. 132)

5 BIBLIOGRAFIA

GERVEREAU, Laurent. Ver, Compreender, Analisar as Imagens. Lisboa: Edições 70, LDA.

2007.

GIORGI, Rosa. Los diccionarios del Arte. Angeles y Demônios. Barcelona: Editora Electa.

,2004.

DE BRITO, Antônio Sérgio Andrade. Heavy Metal à imagem distorcida.Salvador, 1996.

Page 8: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

JANOTTI Jr, Jeder. Heavy Metal: O Universo Tribal e o Espaço dos Sonhos. (Mimeo),

Unicampi, São Paulo, 1994.

MAHÍQUES,Rafael García. Iconografia e Iconologia. Madrid, 2008).

PANOFSKY, Erwin.Significado nas artes visuais. São Paulo: Perspectiva, 2011.

ZAGNI, Rodrigo Medina . When two worlds collide: representações do real e

monstruosidades fantásticas no conjunto simbólico das capas de álbuns e singles da banda

Iron Maiden. Domínios da imagem (UEL), v. 4, p. 115-135, 2009.

ANEXO: Imagem da Capa do Albúm: THE NUMBER OF THE BEST 29 DE MARÇO DE 1982 ALBÚM DE ESTÚDIO Letra e Tradução:

Traduzido por Jo

http://whiplash.net/materias/traducoes/004588-ironmaiden.html

The Number of The Beast

Woe to you, Oh Earth and Sea, For the Devil sends the beast with wrath Because he knows the time is short... Let him who hath understanding reckon The number of the beast For it is a human number Its number is Six hundred and sixty six. (Revelations ch. XIII v. 18) I left alone my mind was blank I needed time To get the memories from my mind What did I see can I believe That what I saw that night was real And not just fantasy

Page 9: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

Just what I saw in my old dreams Were the reflections of my warped mind Staring back at me Cos in my dreams it's always there The evil face that twists my mind And brings me to despair The night was black was no use holding back Cos I just had to see was someone watching me In the mist dark figures move and twist Was all this for real or some kind of hell 666 the Number of the Beast Hell and fire was spawned to be released Torches blazed and sacred chants were praised As they start to cry Hands held to the sky In the night the fires burning bright The ritual has begun Satan's work is done 666 the Number of the Beast Sacrifice is going on tonight This can't go on I must inform the law Can this still be real or some crazy dream But I feel drawn Towards the evil chanting hordes They seem to mesmerise me... Can't avoid their eyes 666 the Number of the Beast 666 the one for you and me I'm coming back I will return And I'll possess your body And I'll make you burn I have the fire I have the force I have the power To make my evil take its course

O Número da Besta

Ai de vocês todos sobre a terra e o mar Pois o demônio enviou a besta com ódio Porque ele sabe que o tempo é pouco... Aqueles que tenham o entendimento conheçam O número da besta É um número de um homem Seu número é seiscentos e sessenta e seis. (Apocalipse Capítulo XIII versículo 18)

Page 10: Artigo Simposio 5 321 Cristianhistoriauepg@Hotmail.com - Cópia

Fiquei só, minha mente estava vazia Eu precisava de tempo Para tirar as memórias de minha mente O que eu vi, posso acreditar Que o que vi naquela noite era real E não apenas fantasia O que eu vi, nos meus velhos sonhos Eram reflexões da minha mente pervertida Me encarando Porque em meus sonhos, está sempre lá A face demoníaca que deforma minha mente Me leva ao desespero A noite estava negra, não adiantava impedir Pois eu só tinha de ver, alguém estava me observando Na neblina figuras escuras se moviam e rodavam Seria tudo isso de verdade ou algum tipo de inferno 666 o número da besta Inferno e fogo são gerados para serem liberados Tochas brilhavam e cantos secretos eram entoados Quando eles começavam a gritar Mãos eram erguidas ao céu Na noite o fogo queimando brilhante O ritual tinha começado O trabalho de Satã estava feito 666 o número da besta Sacrifício está acontecendo esta noite Isso não pode continuar, devo informar a lei Isto pode ser real ou algum sonho maluco? Mas me sinto atraído Pelas hordas demoníacas que cantam Eles parecem me hipnotizar... Não posso evitar seus olhos 666 o número da besta 666 aquele para você e eu Eu estou voltando, eu irei retornar E eu irei possuir seu corpo E irei fazê-lo queimar Eu tenho o fogo, eu tenho a força Eu tenho o poder de fazer O meu mal seguir seu curso (Esta letra foi Baseada no filme The Omem II, A Profecia II).