Artigo Técnico_Concreto com Qualidade Assegurada.pdf

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 Porto Alegre, 20/05/2014 Artigo Técnico Metodologia Ventuscore  Estruturas de Concreto com Qualidade Assegurada Egydio Hervé Neto, engenheiro civil i  O estudo constante e a busca pela prática de procedimentos cada vez mais aperfeiçoados às exigências de Normas consolidadas na Engenharia, especialmente as da ABNT, que no Brasil são a principal referência tecnológica, independentes de serem obrigatórias por Lei, tem nos conduzido a um conjunto de ações e regras para a execução do Controle Tecnológico do Concreto em obras correntes. Embora muitos colegas achem que a prática do controle é desnecessária ou inviável, na verdade é impossível atender às exigências da ABNT sem que se planeje e execute um Programa de Controle em qualquer aplicação de concreto, seja para execução da estrutura de uma construção pequena  residência ou loja  seja para edifícios de grande porte, obras industriais, portos e obras de arte, etc. Inicialmente vejamos o que diz a NB1, hoje mais conhecida como NBR 6118, Norma de Projeto de Estruturas de Concreto, sobre esta questão de controlar ou não controlar o concreto de estruturas correntes. As informações iniciais estão no capítulo 5 da Norma, Requisitos gerais de qualidade da estrutura e avaliação da qualidade do projeto, que estabelece primordialmente o que se deverá respeitar na execução, para caracterizar a QUALIDADE das estruturas, ou seja, o que elas devem atender para serem consideradas conformes, expressão retiradas diretamente das ISO 9000 e  no caso do Brasil  do PBQpH, que é o programa oficial do INMETRO para a qualidade das construções. Desde o seu lançamento em 2003, a NBR 6118 estabelece que a QUALIDADE passa pelo atendimento a 3 requisitos que portanto devem se originar no Projeto Estrutural e permear toda concepção Arquitetônica e Estrutural, envolvendo toda a vida útil de qualquer estrutura produzida no Brasil ou sob as regras da ABNT. Estes Requisitos, cada um resumido na Norma, são:  Capacidade resistente;  Desempenho em serviço e  Durabilidade. Os dois primeiros critérios abrangiam as condições estruturais que sempre predominaram na elaboração da concepção estrutural do concreto. O terceiro requisito,

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  • Porto Alegre, 20/05/2014

    Artigo Tcnico

    Metodologia Ventuscore Estruturas de Concreto com Qualidade Assegurada

    Egydio Herv Neto, engenheiro civili

    O estudo constante e a busca pela prtica de procedimentos cada vez mais

    aperfeioados s exigncias de Normas consolidadas na Engenharia, especialmente as da

    ABNT, que no Brasil so a principal referncia tecnolgica, independentes de serem

    obrigatrias por Lei, tem nos conduzido a um conjunto de aes e regras para a execuo do

    Controle Tecnolgico do Concreto em obras correntes.

    Embora muitos colegas achem que a prtica do controle desnecessria ou invivel,

    na verdade impossvel atender s exigncias da ABNT sem que se planeje e execute um

    Programa de Controle em qualquer aplicao de concreto, seja para execuo da estrutura

    de uma construo pequena residncia ou loja seja para edifcios de grande porte, obras

    industriais, portos e obras de arte, etc.

    Inicialmente vejamos o que diz a NB1, hoje mais conhecida como NBR 6118, Norma

    de Projeto de Estruturas de Concreto, sobre esta questo de controlar ou no controlar o

    concreto de estruturas correntes. As informaes iniciais esto no captulo 5 da Norma,

    Requisitos gerais de qualidade da estrutura e avaliao da qualidade do projeto, que

    estabelece primordialmente o que se dever respeitar na execuo, para caracterizar a

    QUALIDADE das estruturas, ou seja, o que elas devem atender para serem consideradas

    conformes, expresso retiradas diretamente das ISO 9000 e no caso do Brasil do PBQpH,

    que o programa oficial do INMETRO para a qualidade das construes.

    Desde o seu lanamento em 2003, a NBR 6118 estabelece que a QUALIDADE passa

    pelo atendimento a 3 requisitos que portanto devem se originar no Projeto Estrutural e

    permear toda concepo Arquitetnica e Estrutural, envolvendo toda a vida til de qualquer

    estrutura produzida no Brasil ou sob as regras da ABNT. Estes Requisitos, cada um resumido

    na Norma, so:

    Capacidade resistente;

    Desempenho em servio e

    Durabilidade.

    Os dois primeiros critrios abrangiam as condies estruturais que sempre

    predominaram na elaborao da concepo estrutural do concreto. O terceiro requisito,

  • DURABILIDADE, passou a ser o grande diferencial da verso atual da Engenharia Brasileira

    do concreto, para a situao das Normas de anos anteriores a 2003, quando, com uma

    Comisso de Estudos que avaliou e escreveu por mais de 10 anos esta questo, concluiu-se

    que a maior e principal causa do envelhecimento e da patologia nas estruturas decorria da

    falta de consideraes mais precisas sobre a durabilidade do concreto, esta levando em conta

    aspectos que antes eram relegados a segundo plano, tais como a fadiga, a poluio

    atmosfrica, os esforos na construo, etc.

    Resumidamente o que se constatou que uma estrutura, mesmo com elevada

    resistncia, que era escolhida aleatoriamente pelo Projetista Estrutural, poderia apresentar

    patologias ou at mesmo romper em idades precoces considerado um mnimo de 50 anos

    e at 75 anos mais modernamente, com o advento da Norma de Desempenho por fatores

    alheios sua capacidade estrutural prescrita, uma vez que a estrutura em si, sem as

    consideraes de DURABILIDADE, poderia no trazer em sua concepo, os requisitos

    necessrios para evitar estas ocorrncias, como o caso de esforos gerados pela ao de

    insolao ou chuvas intermitentes, penetrao de poluentes agressivos ao concreto e ao ao

    em seus poros ou a presena de microfissuras por remoo precoce de escoramentos, todos

    fatores secundrios, que se descobriu serem to importantes quanto uma elevada resistncia

    ou desempenho estrutural.

    As exigncias da NBR 6118 e do conjunto de Normas concebidas em 2003 (NBR 12655,

    NBR 1931) para dar cobertura a essas constataes parecem ter surpreendido os Projetistas

    e Construtores e no incomum, numa investigao, num dilogo mais profundo, descobrir-

    se o desconhecimento das implicaes destas consideraes e portanto, infelizmente, a

    constatao de que muitas de nossas obras presentes no contemplam adequadamente em

    seu Planejamento, as medidas de controle que so de esperar para a preveno de patologias

    cuja causa aqui apontamos.

    A simplicidade e clareza com que estas novas diretrizes foram postas nas Normas pode

    ser um fator para que um tratamento menos importante seja dado s mesmas, prejudicando

    os Projetos e depois a estrutura em si. Por exemplo, vejamos o que diz o item 5.2.3

    Documentao da soluo adotada, sub-item 5.2.3.3:

    O projeto estrutural deve proporcionar as informaes necessrias para a execuo

    da estrutura.

    Nesta observao est dito claramente que devem constar do Projeto Estrutural

    informaes como a resistncia e mdulo de elasticidade em todas as movimentaes de

    escoramento, retirada de formas, saque de pr-moldados, exatamente como prescreve a NBR

    12655 pois ser evitando ultrapassar valores resistentes que a execuo poder garantir a

  • inexistncia de esforos estruturais capazes de micro fissurar a estrutura na fase de execuo

    e portanto sero estes valores que a estrutura dever estar apta a suportar quando do

    carregamento representado pela movimentao de escoramentos e formas:

    NBR 12655, 4.2 Profissional responsvel pelo Projeto estrutural: Cabem a este

    profissional as seguintes responsabilidades...

    a) registro da resistncia caracterstica compresso do concreto, fck, ...1

    b) especificao de fcj para as etapas construtivas...2

    c) especificao dos requisitos correspondentes durabilidade da estrutura... durante

    sua vida til, inclusive da classe de agressividade em projeto;3

    d) especificao dos requisitos correspondentes s propriedades especiais do concreto...

    mdulo de elasticidade...4

    outras propriedades necessrias...

    Como se depreende das informaes acima, o arcabouo de informaes estruturais

    de um Projeto em Concreto Armado abrange muito mais do que a resistncia caracterstica,

    podendo haver fatores que exijam atingir-se valores muito maiores do que aquele, tendo em

    vista exigncias crticas que conduzam a esta situao em funo do tipo de materiais

    componentes disponveis, prazos de execuo e outros fatores que costumam ser

    considerados apenas na fase executiva mas que claramente, precisam ser considerados e

    abordados no Projeto Estrutural.

    Voltando abordagem inicial, como se poder executar uma obra de QUALIDADE,

    considerando todas as exigncias normativas, sem que haja uma estreita vinculao entre o

    que ocorrer na estrutura por motivo das aes de execuo. Sabedores do surgimento de

    esforos dimensionados por ocasio da movimentao de escoramentos, em funo de prazos

    e caractersticas dos materiais disponveis, como ignorar a necessidade do controle

    tecnolgico do concreto, verificando a cada passo a capacidade resistente (mdulo e

    resistncia) do concreto, para assim autorizar aes apenas quando garantidas as

    resistncias.

    1 Quando assim apresentado, sem mencionar a idade dos corpos de prova, refere-se resistncia caracterstica na idade crtica de 28 dias. 2 Neste caso tratam-se das resistncias caractersticas nas idades j, tambm idades crticas por caracterizarem a entrada em ao de esforos sobre a estrutura, ainda em idade anterior a 28 dias. 3 NBR 12655, item 5.2 Requisitos e condies de durabilidade da construo que define CAAs (Classes de Agressividade Ambiental) para as condies brasileiras e fornece Tabelas que apresentam limites para resistncias, relaes gua/cimento e consumo de cimento. 4 Neste caso tratam-se de mdulos de elasticidade caractersticos nas idades j, tambm idades crticas como j descritas.

  • Na preveno dessas ocorrncias a NBR 12655 estabelece obrigaes para o

    Engenheiro Responsvel pela Construo que so apresentadas no item 4.3, assim

    apresentadas:

    a) escolha da modalidade de preparo do concreto;5

    b) escolha do tipo, consistncia, dimenso mxima do agregado e outras

    propriedades que permitam a correta aplicao do concreto;6

    c) atendimento a todos os requisitos do projeto;

    d) aceitao do concreto, definida em 3.2.1, 3.2.2 e 3.2.3;7

    e) cuidados requeridos na execuo de modo a respeitar as peculiaridades dos

    materiais, prazos, temperaturas, etc.;8

    f) verificao do atendimento a todos os requisitos desta Norma.9

    At aqui apresentamos claramente o que as Normas Brasileiras exigem do Projeto e

    do Controle e que no deixam dvida da importncia do estabelecimento de um Programa de

    Controle para a obra, que s pode ter por objetivo a Garantia da Qualidade, o compromisso

    maior de toda a Engenharia de um Empreendimento em Concreto com a Vida til esperada e

    estabelecida pelo Proprietrio, envolvendo os j mencionados requisitos da qualidade:

    capacidade resistente, desempenho em servio e durabilidade.

    Mas isto s se torna efetivo quando s exigncias se junta a ao e portanto na

    norma de Execuo NBR 14931 que esto as mais slidas determinaes a respeito dos

    procedimentos obrigatrios que sero aplicados para que a Garantia da Qualidade seja um

    fato e proporcione que a QUALIDADE se torne real e documentada.

    Neste sentido a norma apresenta todas as informaes necessrias para o

    embasamento de um trabalho consistente, conforme descrevemos a seguir, em vrios

    segmentos do texto da Norma, que transcrevemos a seguir:

    5 Refere-se forma como o Engenheiro Construtor vai produzir o concreto para a estrutura, seja atravs de instalaes prprias ou de terceiros contratados (fornecedores de servios de concretagem); esta deciso pode implicar em mudanas nos parmetros universais do universo de resultados que se produzir, podendo implicar em mudana da resistncia mdia desse universo em funo do desvio padro estabelecido para a modalidade de produo escolhida. 6 Cabe portanto ao Construtor, no ao Projetista definir as condies do concreto quanto sua aplicabilidade na estrutura, o que envolve dimenses das peas, afastamento das armaduras, etc. que podem exigir uma consistncia mais fluda ou mais seca, para evitar segregao, ninhos, etc. 7 Este item a prpria essncia da necessidade do controle pois trata diretamente dos procedimentos que devem ser realizados para comprovar o atendimento QUALIDADE. 8 Aqui ficam estabelecidos os vnculos entre o Projeto e a Execuo no sentido da segunda respeitar a primeira em todos os seus momentos e isto o que proporciona a elaborao de um Programa de Controle peculiar a cada obra. 9 Refere-se explicitamente ao compromisso da execuo com o respeito s Normas da ABNT.

  • No plano da obra deve constar a descrio do mtodo a ser seguido para

    construir e remover estruturas auxiliares, devendo ser especificados os

    requisitos para manuseio, ajuste, contraflecha intencional, desforma e

    remoo. A retirada de frmas e escoramentos deve ser executada de modo a

    respeitar o comportamento da estrutura em servio. No caso de dvidas quanto

    ao funcionamento de uma estrutura especfica o engenheiro responsvel

    pela execuo da obra deve entrar em contato como projetista, a fim de

    obter esclarecimento sobre a sequncia correta para retirada das frmas

    e do escoramento. (NBR 14931, item 7 Sistemas de formas, 7.1 requisitos

    bsicos)

    A situao aqui exigida pela Norma contraria certos interesses profissionais arraigados

    que viraram usos e costumes dos profissionais, tais como a dificuldade de abordar o

    Projetista pelo Engenheiro da Obra para tratar de um plano que permita ao executante

    elaborar uma sequncia, o que vai exigir informaes tcnicas detalhadas, que atualmente

    no esto sendo fornecidas com a proficincia e qualidade esperada e prescrita pela Norma.

    A concretagem de cada elemento estrutural deve ser realizada de acordo com

    um plano previamente estabelecido. Um plano de concretagem bem

    elaborado deve assegurar o fornecimento da quantidade adequada de concreto

    com as caractersticas necessrias estrutura. (NBR 14931, item 9.3 Plano de

    concretagem, 9.3.1 Generalidades)

    Para atendimento a esta exigncia da Norma a necessidade de um Plano de

    Concretagem torna letra viva o que estabelecemos no pargrafo anterior sobre o Plano da

    Obra estabelecido pelo trabalho conjunto do Projetista e do Engenheiro da Execuo e vem

    confirmar a necessidade do atendimento s exigncias apresentadas no incio deste trabalho,

    quando abordamos as prescries da NBR 6118 e da NBR 12655.

    A importncia do Plano de Concretagem na execuo fundamental para o sucesso

    das concretagens pois qualquer que seja a modalidade de produo do concreto,

    especialmente quando atravs de empresas de fornecimento de servios de concretagem,

    pois a antecipao das aes necessrias permite a racionalizao de uso dos equipamentos

    e das equipes, alm de permitir o dimensionamento dos volumas de cada concretagem

    previamente, garantindo o avano em nveis que contemplem o atendimento aos prazos e s

    tenses sobre os escoramentos e sobre o concreto quando da desforma.

    Frmas e escoramentos devem ser removidos de acordo com o plano de

    desforma previamente estabelecido e de maneira a no comprometer a

  • segurana e o desempenho em servio da estrutura. (NBR 14931, 10.2

    Retirada das formas e do escoramento, 10.2.1 Generalidades)

    Escoramentos e formas no devem ser removidos, em nenhum caso, at que

    o concreto tenha adquirido resistncia suficiente para

    o suportar a carga imposta ao elemento estrutural nesse estgio;

    o evitar deformaes que excedam as tolerncias especificadas;

    o possveis exigncias relativas a tratamentos superficiais posteriores;

    (NBR 14931, 10.2.1 Generalidades)

    A retirada de formas e escoramentos s pode ser feita quando o concreto

    estiver suficientemente endurecido para resistir s aes que sobre ele atuarem

    e no conduzir a deformaes inaceitveis tendo em vista o baixo valor do

    mdulo de elasticidade (Eci) e a maior probabilidade de grande deformao

    diferida no tempo quando o concreto solicitado com pouca idade. (NBR

    14931, 10.2.2 Tempo de permanncia de escoramentos e frmas)

    Importante observar que est sendo dada pouca importncia ao Mdulo de

    Elasticidade mas aqui neste artigo da Norma fica muito claro que no basta conhecer a

    resistncia do concreto mas tambm necessrio conhecer com que valor de Ec poderemos

    contar em qualquer momento de uma solicitao na estrutura, aqui muito claramente no

    momento da desforma.

    Isto fundamental ao sabermos que o esforo mais comum numa elemento estrutural

    sempre a trao e o que se deve medir, mais do que sua resistncia compresso a sua

    deformao, sua deformabilidade.

    Recentemente abordamos uma situao patolgica em que a estrutura atingia

    resistncias de Projeto mas a deformabilidade, devido ao baixo mdulo de elasticidade no

    atendia ao Projeto, devido natureza dos materiais componentes do concreto e portanto a

    estrutura no apresentava conformidade. At quando correremos este risco o que deixamos

    razo de nossos leitores, no sem antes traar o quadro do comportamento estrutural:

    deformao, fissurao, tenses desalinhadas, fadiga precoce, etc.... um quadro de runa

    pendente de aes que no foram tratadas preventivamente.

    Para o atendimento dessas condies, o responsvel pelo projeto da

    estrutura deve informar ao responsvel pela execuo da obra os valores

    mnimos de resistncia compresso e mdulo de elasticidade que devem ser

    obedecidos concomitantemente para a retirada das frmas e do escoramento,

    bem como a necessidadede um plano particular (sequncia de operaes)

  • de retirada do escoramento. (NBR 14931, 10.2.2 Tempo de permanncia de

    escoramento e frmas)

    Como podemos observar pelas informaes reunidas at aqui, a nossa leitura das

    Normas e as exigncias da ABNT que elas deixam claras, mostram a necessidade de um novo

    direcionamento dos procedimentos de Controle Tecnolgico do Concreto. E foi por

    constatarmos esta necessidade e por perceber o quo distantes esto as obras de praticar o

    que as Normas exigem que a Ventuscore passou a se dedicar a uma sistematizao de todas

    estas necessidades.

    E por que no estariam as Construtoras seguindo procedimentos para atender a essas

    exigncias? Afinal so obrigatrias!

    Mas no to simples assim. Na verdade a complexidade desse modelo de

    comportamento estrutural do concreto no nada simples. Ele nasceu sob uma tica e as

    mudanas atuais alteraram fundamentalmente esta viso.

    Quando as primeiras verses da NB1 surgiram a viso da estrutura era a de algo

    pronto, submetido instantaneamente a todos os carregamentos! A opinio de um colega,

    Engenheiro Projetista de renome nacional, resumiu magistralmente esta postura. Vejamos o

    que ele disse:

    Para mim eu calculo a estrutura de concreto como uma cadeira e o usurio puxa e

    senta exercendo todos os esforos que sobre ela atuaro por toda a vida, de forma

    intermitente!

    A partir da imediatamente minha reao ntima foi pensar: Mas e a execuo?

    No pode ser assim pois a estrutura de concreto no est pronta e a sua execuo

    pressupe a lenta e gradual (28 dias ou mais) aquisio de capacidades estruturais por

    reaes qumicas prprias do material concreto.

    O Professor Dirceu Calegari, da Escola de Engenharia da UFRGS define o concreto

    como um semi-slido, que passa da fase lquida pastosa e depois endurecida exatamente

    o que d a este material a propriedade de ser moldado com facilidade e depois servir como

    uma rocha estvel de grande resistncia.

    Ento foi esta a grande mudana! Se no considerarmos os esforos atuantes na

    execuo, na fase de endurecimento do concreto, deixaremos de lado os acontecimentos

    desta fase sem fazer qualquer controle, por acreditarmos que o material, como uma cadeira,

    simplesmente chegar l!, sem necessidade de acompanhamento.

  • Outra postura de um amigo Construtor agrega luzes ao assunto. Pensa ele: mas eu

    compro o concreto de uma empresa conceituada... se ele no fornecer corretamente ele ser

    o culpado e assumir todas as responsabilidades!

    Por toda esta distoro ou comodismo que o concreto deixa de ter QUALIDADE

    GARANTIDA.

    Foi observando essas regras e fatos que decidimos colocar os procedimentos da

    Tecnologia de Concreto em ordem e criamos a Metodologia Ventuscore. Primeiro considerando

    que o Projeto deve fornecer uma Especificao aplicvel obra e sua regio, para que os

    materiais disponveis proporcionem a qualidade a preo baixo.

    Nosso primeiro trabalho verificar se a Especificao do Concreto, estabelecida pelo

    Projetista, atende Norma da ABNT. Isto envolver no apenas a parte terica da Norma

    mas tambm a ambincia da obra, especialmente os fornecedores de concreto e os materiais

    disponveis em funo das exigncias da obra. importantssimo conciliar os prazos das

    diversas etapas da obra com a capacidade de crescimento de resistncia e mdulo de

    elasticidade do concreto, pois sero as Curvas de Crescimento da Resistncia e do Mdulo, s

    quais em nossa Metodologia denominamos de CCR e CCM quem vo definir os tempos de

    desforma e movimentao de escoramentos, e isto envolve o comportamento do cimento,

    natureza e propores dos agregados, aditivos, etc.

    Para conhecer as CCR e CCM adotamos o procedimento de realizar dosagens racionais

    e coletar amostras para ensaios de resistncia e mdulo de elasticidade nas idades de 1, 3,

    7, 14, 21, 28 e 42 dias, de tal forma a conhecer estes resultados e consequentemente traar

    as Curvas, depois obter a equao analtica dessas Curvas e finalmente, de posse das

    equaes, saber valores em qualquer idade, bastando alimentar a idade. Este trabalho

    proporciona conhecer a Correlao entre resistncia e mdulo para cada idade.

    A obteno dessas informaes implica numa srie de definies que vo garantir

    sempre o mesmo trao e comportamento, alm de eliminar o uso de curvas e correlaes

    empricas como a indicada na NBR 6118 (8.2.8 Mdulo de elasticidade), totalmente

    desacreditada no meio cientfico, mas sugerida na Norma e portanto largamente utilizada.

    A partir do conhecimento dessas Curvas a Metodologia Ventuscore providencia a

    elaborao de um detalhado Plano de Concretagem, estabelecendo os volumes e as datas de

    cada concretagem tudo devidamente mapeado.

    A seguir a Metodologia Ventuscore faz o cruzamento entre as datas de desforma e a

    resultante idade do concreto nas peas em foco, o que permite verificar a necessidade de

    maior ou menor quantidade de escoramento ou se j possvel retirar todo o escoramento,

  • se j possvel protender ou, em caso de pr-moldados, se j possvel sacar a pea da

    forma, transport-la para a obra ou mont-la na estrutura.

    Todas estas informaes so devidamente mapeadas permitindo localizar na estrutura

    cada betonada de concreto aplicada. O Controle Tecnolgico fica restrito a exemplares

    moldados para as idades de 1, 7 e 28 dias, apenas para monitoramento das resistncias,

    usando-se as CCR e CCM para saber em qualquer momento os demais parmetros estruturais

    do concreto.

    Finalmente a Metodologia Ventuscore apresenta o mapa com a certificao do concreto

    lote a lote, apresentando os resultados dos ensaios realizados pelo Laboratrio de apoio e a

    interpretao desses resultados apresentando, atravs de amostragem 100%, o fck estimado

    de cada lote, comparado ao fck de projeto.

    Como fecho a esta apresentao acreditamos que a aplicao da Metodologia

    Ventuscore uma forma de respeito s Normas, reduo de custos por eliminao de

    patologias futuras, a forma correta de gesto e documentao e o mais importante: Qualidade

    Assegurada para as estruturas de concreto de qualquer porte.

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