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CESUMAR CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ PÓS-GRADUAÇÃO EM PROJETO DE INTERIORES VANIA COSTA GUSMÃO A INFLUÊNCIA DAS CORES NO ESTADO PSICOLÓGICO DOS PACIENTES EM AMBIENTES HOSPITALARES MARINGÁ 2010

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  • CESUMAR CENTRO UNIVERSITRIO DE MARING

    PS-GRADUAO EM PROJETO DE INTERIORES

    VANIA COSTA GUSMO

    A INFLUNCIA DAS CORES NO ESTADO PSICOLGICO DOS PACIENTES EM

    AMBIENTES HOSPITALARES

    MARING

    2010

  • VANIA COSTA GUSMO

    A INFLUNCIA DAS CORES NO ESTADO PSICOLGICO DOS PACIENTES EM

    AMBIENTES HOSPITALARES

    Artigo apresentado ao Centro Universitrio de

    Maring, como requisito parcial para obteno

    do ttulo de Especialista em Projeto de

    Interiores.

    Orientao: Prof. Dr. Rachel Brotherhood

    MARING

    2010

  • A INFLUNCIA DAS CORES NO ESTADO PSICOLGICO DOS PACIENTES EM

    AMBIENTES HOSPITALARES

    Vania Costa Gusmo Rachel Brotherhood

    RESUMO

    A humanizao do ambiente fsico hospitalar, tendncia atual dos projetos de

    arquitetura, ao mesmo tempo em que colabora com o processo teraputico do

    paciente, contribui para a qualidade dos servios de sade prestados pelos

    profissionais envolvidos. As cores so consideradas coadjuvantes do processo

    teraputico, atuando no equilbrio do corpo e da mente. Assim sendo, sua utilizao

    deve ser planejada nos estabelecimentos de sade. Este estudo tem como propsito

    investigar os efeitos das cores nos aspectos fsicos e emocionais das pessoas que

    convivem em ambientes hospitalares e propor a utilizao das cores de forma a

    promover o bem-estar desses indivduos.

    Palavras Chave: Cores, Psicologia ambiental, Cromoterapia

    ABSTRACT

    The hospital human physical environment, the current trend of architectural projects,

    while that collaborates with the patient's therapeutic process contributes to the quality

    of health services provided by the professionals involved. The colors are considered

    therapeutic process facilitating, acting on a balance of body and mind. Thus, its use

    should be planned in health establishments. This study aims to investigate the effects

    of colors in the physical and emotional aspects of people that live in hospital

    environments and propose the use of colors in order to promote the well-being of

    individuals.

    Key words: Colours, Environmental Psichology, Cromotherapy

    Acadmica do Programa de Ps-graduao em Projeto de Interiores do CESUMAR Centro Universitrio de Maring; Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Maring em 2006. E-mail: [email protected] Professora de Metodologia Cientfica do CESUMAR Centro Universitrio de Maring; Pedagoga, doutora em Psicologia Escolar pelo IP/USP. E-mail: [email protected]

  • 1. INTRODUO

    Atualmente a medicina vem se preocupando com a humanizao dos

    ambientes ambulatoriais com o propsito de minimizar o sofrimento e o desgaste

    psicolgico causado nos pacientes e acompanhantes, o que auxilia no tratamento e

    na recuperao. Para tanto, torna-se necessrio que os profissionais da rea da

    sade e os profissionais responsveis pelo tratamento dos interiores dos

    estabelecimentos de sade aliem-se na busca pelo equilbrio entre a assepsia

    aparente sem frieza e o aconchego de ambientes mais humanizados.

    Este artigo tem como propsito oferecer uma contribuio a essa rea

    temtica to carente de assistncia e sempre to cheia de desafios que a de

    buscar consolo para as dores humanas. E a arquitetura hospitalar apresenta-se

    como aliada nessa busca ao proporcionar espaos e estabelecimentos de

    assistncia sade que prestem suporte psicossocial aos seus usurios, tendo em

    vista que o objetivo daqueles que trabalham em tais espaos o aumento da

    qualidade de vida do homem.

    Segundo Foucault, a arquitetura pode ser considerada elemento chave para a

    criao de um ambiente hospitalar adequado ao processo de cura:

    A arquitetura hospitalar um instrumento de cura do mesmo estatuto

    que um regime alimentar, uma sangria ou um gesto mdico. O

    espao hospitalar medicalizado em sua funo e em seus efeitos.

    Esta a primeira caracterstica da transformao do hospital no final

    do sculo XVIII. (Foucault, 1979, p.109)

    Por parte do arquiteto, o desafio consiste em transformar o ambiente

    hospitalar, por vezes hostil e sem vida, em um lugar que se identifique com o

    usurio. Cabe ao profissional, portanto, conceber espaos funcionais e ao mesmo

    tempo acolhedores, com conotao de familiaridade e conforto para pacientes e

    funcionrios, por meio de um sentido esttico que remeta a sensaes de segurana

    e bem-estar. O estmulo dessas sensaes visa ao melhor restabelecimento do

    paciente e minimizao de seu sofrimento. Nesse sentido, a cor pode ser vista

  • como um elemento que participa dessa mudana uma vez que representa papel

    esttico e funcional muito marcantes.

    O ser humano influenciado por trs aspectos fundamentais: fsico, cognitivo

    e psquico. A associao adequada desses fatores permite projetar ambientes

    seguros, confortveis e eficientes. Dentro de um ambiente hospitalar, onde

    geralmente ocorrem privaes sensoriais, principalmente em relao

    agradabilidade visual, a esttica torna-se um importante complemento ambiental e

    de satisfao.

    Estudos indicam que a cor interfere no estado emocional, na produtividade e

    na qualidade das atividades desenvolvidas. A cromoterapia, segundo Amber (2000,

    p.13), a cincia que emprega as diferentes cores para alterar ou manter as

    vibraes do corpo naquela freqncia que resulta em sade, bem-estar e

    harmonia.

    Para Boccanera et al. (2007), a cor um fator importante no conforto do

    paciente e deve ser corretamente aplicada nas paredes, no piso, no teto, na moblia

    e demais acessrios, para tornar o ambiente hospitalar mais aconchegante para o

    paciente e funcionrios. Lacy (2000) refora essa idia ao mencionar as melhores

    condies de trabalho dos profissionais que atuam em ambientes cromaticamente

    bem concebidos e dos efeitos psicolgicos e organicamente positivos na

    recuperao dos pacientes.

    A cor a parte mais emotiva do processo visual. Seu potencial de expressar e

    reforar a informao visual constitui uma poderosa fora do ponto de vista

    sensorial. A cor carrega consigo significados universalmente compartilhados atravs

    da experincia, bem como significados que se lhe adicionam simbolicamente. Pode

    ser explorada para diversas finalidades funcionais, psicolgicas, simblicas,

    mercadolgicas, cromoterpicas, entre outras (GOMES FILHO, 2000).

    No tratamento e preveno de doenas, o uso das cores fundamenta-se no

    fato de que os rgos sensoriais tm grande influncia na mente, sendo permeveis

    ao ser humano de acordo com as informaes que recebem (BOCCANERA et al.,

    2007). As variaes sobre a retina afetam as atividades musculares, nervosas e

  • mentais. A ao da cor especfica, e cada uma reage e atrai para o corpo uma

    corrente de energia vital extrada do prprio ambiente.

    Em resumo, as sensaes provocadas pela ao da luz sobre a viso quando

    se varia a quantidade, a intensidade, a forma e o posicionamento das reas

    coloridas provocam diferentes respostas, muito particulares a cada indivduo. A

    composio dos espaos deve ser pensada em razo, no s da sua funcionalidade,

    mas tambm levando em considerao as particularidades de seus usurios.

    Diante do exposto, o objetivo deste estudo avaliar o aspecto psicolgico das

    pessoas que frequentam hospitais e/ou clnicas a fim de propor uma forma de

    amenizar a carga emocional com uma ambientao adequada atravs das cores.

    2. METODOLOGIA

    O desenvolvimento desse artigo foi fundamentado em um estudo descritivo

    exploratrio com uma abordagem quanti-qualitativa envolvendo 64 pacientes em

    tratamento no setor de hemodilise do Hospital Santa Rita de Maring, durante a

    segunda semana do ms de janeiro de 2010. Esses pacientes freqentam as

    sesses de hemodilise, que tm durao de 3 horas e meia, 3 vezes por semana.

    Para a realizao dessa pesquisa foram realizadas entrevistas semi-

    estruturadas atravs de um formulrio padronizado com questes dissertativas e de

    mltipla escolha, aplicadas nos pacientes, individualmente, em horrios disponveis.

    Esse tipo de abordagem foi o que se mostrou mais funcional por permitir que as

    questes fossem explicadas com clareza, gerando um controle maior da amostra ao

    direcionar as respostas para o tema principal do estudo (MARCONI e LAKATOS,

    1996).

    Tambm foram apontadas observaes dirigidas com o propsito de

    identificar as cores predominantes nas paredes, forros, piso e mobilirio do setor de

    hemodilise, sala de espera e recepo.

  • Foram includos na amostra funcionrios e pacientes adultos, conscientes,

    orientados e que se dispuseram a participar da pesquisa.

    3. HISTRICO

    No h, ainda, uma explicao cientfica totalmente aceita sobre como as

    cores atuam na sade do ser humano, mas sabe-se que desde a antiguidade elas

    so usadas com o propsito de auxiliar no tratamento de doenas. Segundo Walker

    (1995) a luz era usada na terapia no Antigo Egito, onde se distinguia a luz "ativa" do

    sol e a luz "calmante" da lua. Templos adornados de cores e luz eram construdos

    para os doentes. Tambm os povos gregos, egpcios, druidas (que habitavam a Gr-

    Bretanha) e at mesmo os alquimistas medievais notavam que as cores interferiam

    no comportamento humano e as utilizavam no apenas para tratamento, mas

    tambm no diagnstico de doenas.

    Na ndia foi que o uso das cores no tratamento de doenas mais se

    aperfeioou. A tal ponto que os postulados da velha medicina hindu forneceram as

    bases para o trabalho de muitos cromoterapeutas atuais. Os holistas, por exemplo,

    crem que a cor, quando aplicada sobre determinados pontos do corpo humano,

    influencia no ponto de vista fsico e mental, auxiliando no equilbrio energtico

    desgastado pelo stress, falta de exerccios, dieta alimentar inadequada, emoes

    negativas, etc. Ao restituir a harmonia, a Cromoterapia daria condies ao

    organismo de combater os males do corpo e da alma. (AMBER, 1995)

    Albert Szent-Gyrgyi, ganhador do prmio Nobel, fez experincias cromticas

    com alguns importantes resultados. Na sua pesquisa, exps certas enzimas e

    hormnios a diferentes cores e verificou que algumas causavam mudanas

    moleculares nas enzimas e hormnios. (FROTA, s.d.)

    Outro renomado estudioso do efeito das cores sobre a psiqu humana foi o

    poeta e cientista alemo Goethe, autor de Fausto (1806). Por 40 anos ele investigou

    as impresses que a cor produzia na parte psquica do ser humano. Em suas

    observaes constam que o vermelho agita, o azul d serenidade, o amarelo gera

  • alegria e o verde relaxante, sensaes que poderiam ser intensificados ou

    atenuados dependendo da tonalidade usada. (BATTISTELLA, 2003)

    Algumas pesquisas mais atuais demonstraram que certas cores interferem na

    atividade metablica de grupos de clulas de animais, melhoram a circulao do

    sangue, aceleram os processos metablicos, ativam o processo regenerativo,

    estabilizam a membrana celular, normalizam arritmias cardacas, ativam a funo

    oxidante do sangue, e tm efeito imuno-modulativo e imuno-estabilizante no

    organismo. Enquanto o vermelho dilata os vasos sanguneos, o azul os contrai.

    Pacientes ansiosos, por exemplo, necessitam do azul e do verde; j os deprimidos,

    se sentiriam melhor na presena da cor vermelha. (PEREZ e GOMEZ, 2001).

    Walker (1995) cita ainda o exemplo dos animais, que assim como os

    humanos, apresentam sensibilidade s cores. O touro, o cachorro, o cavalo, o galo

    e algumas espcies de insetos so fortemente excitados pelo vermelho. Acrescenta

    que estbulos pintados de azul favorecem a engorda e a produo de leite dos

    animais.

    Os estudiosos de Psicologia Ambiental dedicaram a maior parte de suas

    pesquisas, na dcada de 70, voltadas influncia do ambiente sobre as pessoas,

    atribuindo, inclusive, sua formao a influncia da Arquitetura e do Planejamento

    Urbano. Pinheiro (1997) menciona as contribuies de autores como Robert

    Sommer, Kevin Lynch e Terence Lee, que se interessavam pela ao dos espaos

    edificados sobre o comportamento humano. Dentre outros temas da Psicologia,

    surgiu a avaliao social da edificao e a preocupao com o ponto de vista e a

    participao do usurio no processo de planejamento e avaliao ambientais.

    Ainda h ressalvas por parte dos organismos mdicos oficiais quanto a esses

    estudos a respeito da interferncia das cores no funcionamento do organismo

    humano, mas crescente o nmero de estudiosos e pesquisadores que vm,

    gradativamente, comprovando seus benefcios.

    O fato que a cor nunca foi to explorada como no sculo atual. A

    cromoterapia vem sendo utilizada em hospitais, escolas e, inclusive, em presdios,

    para melhorar a qualidade desses ambientes. Isso porque o papel das cores quando

  • bem coordenadas psicologicamente proporciona mais segurana e maiores

    estmulos e satisfao no desenvolvimento das atividades (BATISTELLA, 2003)

    4. A FISIOLOGIA DAS CORES

    Cor, para Lida (2002), uma resposta subjetiva para um estmulo luminoso

    que penetra nos olhos. Quando a luz incide sobre um objeto, parte das ondas

    luminosas refletida e parte absorvida. A cor que enxergamos , na verdade, a

    refletida por esse objeto, aps a incidncia da luz, e que penetrou nos olhos

    provocando o estmulo e a resposta a ele. So os rgos de recepo denominados

    cones, localizados na fvea, que permitem que o homem perceba e identifique as

    cores que so refletidas. A percepo das cores depende, portanto, da luz incidente;

    se natural, mais branca; se artificial, mais avermelhada. Uma luz verde incidindo

    sobre uma parede branca ser vista como uma parede verde. A cor depende ento

    da presena da luz, variando de acordo com a sua fonte. Sem luz no h cor. A luz

    natural considerada o melhor tipo para uma adequada percepo das cores, pela

    composio de seu espectro, resultando uma boa qualidade na percepo dos

    objetos.

    Os principais elementos de percepo das cores so: matiz, saturao e

    claridade; Matiz a proporo de cada uma das cores percebidas: vermelho,

    amarelo, verde e azul; Claridade o atributo segundo o qual uma rea aparenta

    emitir mais ou menos luz; Saturao a proporo de croma de uma cor em relao

    sua claridade (mais ou menos cinza) (AZEVEDO, SANTOS E OLIVEIRA, s.d.).

    As cores primrias da luz so o vermelho, o verde e o azul. As demais cores

    so obtidas aditivamente: magenta o vermelho com azul; amarelo vermelho com

    verde e o cian azul com verde. As trs cores primrias, juntas, formam a luz

    branca. Cores complementares so as que se anulam mutuamente, produzindo o

    branco. So contrastantes entre si e esto diametralmente opostas no crculo das

    cores.

  • A questo da harmonia cromtica est relacionada ao efeito que as cores

    produzem quando colocadas prximas umas das outras. Para Schulte (2003)

    harmonia a composio equilibrada das cores. Goetthe (1993 apud BATISTELLA,

    2003) acrescenta que a harmonia surge quando dois fenmenos polarizados se

    renem produzindo uma totalidade.

    Para Neves, Pereira e Gonalves (s.d.) a harmonizao da cor expressa o

    equilbrio entre uma cor dominante (a que ocupa maior extenso no conjunto), uma

    cor tnica (colorao vibrante que, por ao de contraste complementar, d o tom ao

    conjunto) e uma cor intermediria (colorao que forma passagem, meio-termo entre

    a dominante e a tnica). As cores necessitam de uma ordenao para se tornarem

    agradveis.

    Lida (2002) diz ainda que a cor atrai a ateno de acordo com a sua

    visibilidade e depende do contraste e da sua pureza. Para que elas se tornem

    atrativas visualmente, devem ser usadas juntamente com as suas complementares,

    entretanto suavizadas (adicionando o branco) ou escurecidas (acrescentando o

    preto).

    Walker (1995) define os esquemas de combinaes cromticas em cores

    harmoniosas, correlatas e contrastantes, de forma que: as cores harmoniosas so

    as prximas em sensaes de calor e frio; as correlatas podem ser monocromticas

    (tonalidades diferentes da mesma cor) ou anlogas (prximas na roda das cores); e

    as contrastantes so as complementares. Segundo esse mesmo autor, o esquema

    harmonioso mais fcil de agradar, porque causa sensao de relaxamento. J o

    esquema contrastante produz um efeito mais dinmico e vibrante, por isso deve ser

    bem dosado para no causar sensaes desagradveis.

    O grau de reflexo das cores nos ambientes muito importante, tanto para o

    poder da viso quanto para o conforto visual e, se a distribuio de densidade

    luminosa (brilho) for formada por contrastes intensos, pode provocar grande

    desconforto, conforme alerta Cunha (2004). O autor orienta a trabalhar os objetos de

    maior destaque no campo visual com a mesma intensidade de brilho.

    De modo geral, em um ambiente interno, a escolha de qualquer das

    composies harmnicas ou esquema de cores dever ser feita em funo de sua

  • escala, de sua finalidade e da iluminao, bem como dos usurios e suas

    caractersticas psicolgicas (NEVES, PEREIRA e GONALVES, s.d.).

    5. A PSICOLOGIA DAS CORES

    A luz pode aumentar ou diminuir elementos do ambiente edificados, revelando

    formas, sombras, espaos, ritmos, texturas e propores que podem evocar diversas

    sensaes, tanto individuais que dependem e variam de acordo com a emoo

    particular, cultural, experincias individuais, etc. como coletivas, constituindo um

    clima de magia, dramaticidade, mistrio, agradabilidade, repugnncia, etc., (NEVES,

    PEREIRA e GONALVES, s.d.).

    Costi (2002) considera a cor um poderoso estimulante psquico que pode

    afetar o humor, a sensibilidade e produzir impresses, emoes e reflexos

    sensoriais muito importantes, podendo perturbar o estado de conscincia,

    impulsionar um desejo, criar uma sensao de ambiente, ativar a imaginao ou

    produzir um sentimento de simpatia ou repulsa, atuando como uma energia

    estimulante ou tranqilizante.

    Pela sua expressividade, a cor um elemento importante na transmisso de

    idias. O homem reage linguagem cromtica a partir de suas condies fsicas e

    de suas influncias culturais (NEVES, PEREIRA e GONALVES, s.d.). Lacy (2000)

    comenta que as cores do ambiente podem alterar a comunicao, as atitudes e a

    aparncia das pessoas presentes; a cor pode tranqilizar, diminuir o estresse e a

    violncia ou aumentar a vitalidade e a energia. Entende-se que cada grupo de

    pacientes e profissionais sofre um tipo de influncia das cores de acordo com suas

    necessidades.

    Algumas cores sugerem calor, entusiasmo, alegria, como o laranja, o amarelo

    e o vermelho. Costi (2002) acrescenta que Goethe as considerava cores positivas,

    por serem estimulantes, vivazes e altivas. Lacy (2000) especifica tais aspectos

    positivos, desta forma: o vermelho transmite fora e coragem; o laranja, expresso

    criativa e comunicao; o amarelo, clareza e idias; o amarelo claro, idias

  • filosficas; o verde, equilbrio e harmonia; o verde claro, juventude eterna; o azul d

    abertura aos nossos sentimentos e pensamentos mais elaborados; o azul claro,

    relaxa e libera as tenses; o violeta estimula a intuio; o violeta claro conduz

    conscincia espiritual; o pssego, conscincia artstica; o rosa, afeto e ateno; o

    rosa claro, aconchega e relaxa. Entretanto, cores como o verde e o azul, tendem

    para o lado negativo, por estimularem a inquietao, a nostalgia. O preto, sozinho,

    pode deprimir, j que desperta a melancolia.

    Pelo enfoque cientfico, Valdir (2005) explica que a conotao das cores em

    frias e quentes tem a ver tanto com os fatores emocionais quanto com o processo de

    reflexo de energia, luz e calor. As superfcies claras refletem a luz enquanto que as

    escuras a absorve. Os comprimentos de onda das cores quentes, especialmente o

    vermelho, so muito prximos do infravermelho que transmite calor. Desta forma, as

    cores quentes atraem a viso e excitam as emoes, tambm elevam a temperatura

    corporal por estimularem a circulao sangunea, ao contrrio do que acontece com

    as cores frias, que diminuem o metabolismo e tranqilizam, baixando a temperatura

    do corpo. O autor cita o perodo azul das pinturas de Pablo Picasso, como exemplo

    do efeito opressivo e melanclico que o excesso das cores frias pode provocar.

    Lida (2002) relaciona as principais associaes feitas com as cores:

    Vermelho: cor quente, saliente, estimulante, dinmica. Deve ser usada

    para criar ambientes quentes e acolhedores. Junto com o verde, sua

    cor complementar, forma um par muito vibrante;

    Amarelo: cor luminosa que representa o calor, energia, claridade;

    Verde: cor passiva, que sugere imobilidade, alivia tenses, equilibra o

    sistema nervoso. simbolicamente associado esperana, felicidade;

    Azul: cor fria, que acalma, repousante, um pouco sonfera. Sugere

    indiferena, passividade. Sua viso ampla sugere frescor;

    Laranja: cor muito quente, viva e acolhedora. Evoca o fogo, o sol, o

    calor. Seu poder de disperso amplia a rea do ambientes;

    Branco: cor da pureza, simboliza a paz, nascimento, morte. Conduz

    ausncia;

    Preto: cor deprimente, evoca sombra, frio, caos, angstia, tristeza, o

    inconsciente, o nada;

  • 6. O EFEITO TERAPUTICO DAS CORES

    A eficcia da Cromoterapia enquanto medicina alternativa foi reconhecida

    pela Organizao Mundial de Sade em 1976. Essa cincia est fundamentada na

    fsica, com suas pesquisas com as transmutaes genticas, principalmente no que

    se refere compreenso da natureza da luz, na medicina, no poder curativo e na

    bioenergtica, que estuda as transformaes de energia nos seres vivos. Baseia-se

    no princpio bioativo restaurador do equilbrio energtico, que harmoniza a circulao

    da energia no corpo humano. (BORROWSKI, 2005)

    As primeiras anlises que demonstram o efeito teraputico das cores

    surgiram h cerca de trinta e cinco anos e, aproximadamente em 1980, comearam

    as primeiras experincias clnicas, segundo o modelo cientfico de pesquisadores

    como Niels Bohr, E. Shredinger e I. Peigozhin, ganhadores do prmio Nobel.

    A Cromoterapia uma terapia natural, recomendada como complemento da

    medicina tradicional, que leva em conta todos os nveis do ser humano (fsico,

    mental, emocional, energtico e espiritual), e no apenas os sintomas fsicos, j que

    corpo e mente encontram-se intimamente interligados. A tcnica consiste na

    atribuio de significados s cores que podem reverter problemas de sade,

    promovendo o alvio sintomtico atravs da cor absorvida pelo corpo. Isso se d

    pelo eletromagnetismo, ou seja, o corpo recebe diferentes campos eletromagnticos

    da luz e o corpo os absorve em um padro de vibrao interpretado pelo

    cromoterapeuta, desenvolvendo o equilbrio energtico.

    As principais propriedades usadas na cromoterapia esto relacionadas

    abaixo:

    Vermelho: a cor mais poderosa e deve ser usada com prudncia. Estimula

    o sangue e libera adrenalina. Combate resfriados sem febre e ameniza dores

    reumticas. Intensifica as funes do corpo ao estimular o sistema nervoso e

    fortalecer a atividade do fgado. eficaz em distrbios relacionados pele e ao

    sangue. Produz calor, que revitaliza o corpo fsico. responsvel por tudo que o

    corpo absorve, por agir como catalisador de ionizao (os ons so os condutores de

  • energia eletromagntica). Retrata a sade e a ao construtiva, mas tambm a

    raiva, o mau-humor, o perigo e a destruio.

    Walker (1990) diz que quando uma pessoa exposta ao vermelho h um

    sinal qumico transmitido da glndula pituitria at a glndula adrenal e ocorre a

    liberao da epinefrina, causando alteraes fisiolgicas com efeitos metablicos. O

    resultado o aumento da presso sangunea, da freqncia respiratria, do olfato e

    do apetite, h uma predominncia do sistema autnomo e as reaes tornam-se

    automticas.

    Bontempo (1998) recomenda utilizar essa cor para ativar o sistema digestivo

    e combater a depresso, hipocondria, neurastelia e paralisia parcial ou total. De

    acordo com o autor, a cor vermelha exerce um efeito tnico, estimula as clulas

    cerebrais e a combatitividade. Recomenda us-la em perodos de competies

    desportivas ou de esforos grandes.

    Laranja: a cor da alegria, do calor, da vontade e do poder temporal.

    Tonifica, combate a fadiga, estimula o sistema respiratrio e fixa o clcio no

    organismo. antidepressivo, aumenta o otimismo, estimula o apetite, promove a

    boa digesto, beneficia a maior parte do sistema metablico, rejuvenesce e vitaliza,

    e pode elevar a presso sangunea. Associa-se s glndulas supra-renais e aos

    rgos sexuais. Esta cor a combinao dos raios vermelhos e amarelos, e seu

    poder de equilbrio maior que o das duas cores isoladas. estimulante e

    expansivo. Combina a energia fsica com as qualidades mentais, libera a energia,

    aviva as emoes e origina bem-estar e satisfao. Simboliza a cordialidade e a

    prosperidade (BORROWSKI, 2005).

    Amarelo: estimulante, energizante, purificador e eliminador. Estimula a

    percepo, o intelecto e o sistema nervoso central. Desperta esperana em doentes

    que desistiram da cura, fortalece os olhos e os ouvidos, ajuda na cura da artrite e na

    regenerao de problemas sseos, combate priso de ventre, potencializa o

    fsforo e o sdio. Indicado para obter concentrao mental e fixar informaes. Deve

    ser usado com outras cores, pois o excesso pode gerar tenso. Isolado, pode causar

    a perda de estabilidade, proteo, meta ou foco, o que estimula o nervosismo e a

  • incerteza. uma vibrao positiva que sugere alegria e divertimento. Auxilia nas

    situaes de desespero e melancolia (BORROWSKI, 2005).

    De acordo com Farina (1990), a cor amarela age sobre o sistema nervoso

    simptico e parassimptico aumentando a presso arterial e os ndices de pulsao

    e respirao. Seu excesso pode levar a indigestes, gastrite e lceras gstricas. A

    psicopedagoga Denilde Moraes Loureno diz ainda que o amarelo auxilia quem

    sofre com intestino preso e com problemas renais: A cor funciona como um raio

    forte de sol, que esquenta e derrete as pedras nos rins (LOURENO in PAPALI,

    2009).

    Verde: uma cor analgsica. Ajuda no equilbrio hormonal, estimula rgos

    digestivos, refrescante e antiinfecciosa. Deve ser utilizada com muito cuidado, pois

    pode ser fatigante e estimular a depresso quando usada em excesso. Pode ser

    aplicada para desequilibrar as vibraes causadas por uma doena. til em

    problemas de corao, lceras, dores de cabea, casos de cncer etc. Alivia a

    insnia. Associada afetivamente paz, natureza, sade, abundncia,

    tranqilidade, ao equilbrio, esperana e juventude. Harmoniza flutuaes do

    estado de esprito e casos de insatisfao e impacincia (BORROWSKI, 2005).

    Papali (2009) afirma que o verde a cor que ajuda a equilibrar a imunidade, por isso

    muito usado em hospitais e clnicas. O uso da cor verde tambm alcanou bons

    resultados em certas psicopatias, furunculoses, incontinncias urinrias, sfilis e

    cncer, segundo Bontempo (1998).

    Azul: a cor do equilbrio, da harmonia e da expanso espiritual. Tem efeito

    relaxante, calmante e analgsico. Atua no sistema nervoso, nos vasos sangneos,

    e em todo o sistema muscular. Ameniza as inflamaes, auxilia na cura do eczema

    (glndula tireide), em casos de dores de cabea, enxaquecas e asma. Serve como

    fortificante da pele. Aumenta o metabolismo e promove o crescimento. Por ser a cor

    mais curativa, indicada nas infeces com febre (BORROWSKI, 2005).

    J para Amber (2000), o azul a cor da depresso e da tristeza por ser fria,

    sedativa e adstringente. O autor menciona ainda que ela no cansa os olhos quando

    usada em grandes extenses e auxilia no tratamento de sinusite, laringite,

    amigdalite, insnia, terrores noturnos (na infncia), enxaquecas, disenterias e clera.

  • ndigo: Atua na corrente sangnea, e coagulante. uma cor eltrica, fria e

    adstringente. Funciona como anestsico e chega a causar total insensibilidade.

    Estimula os sentidos e a intuio (BORROWSKI, 2005).

    Violeta: Tem ao calmante e purificadora do sangue. Previne processos

    infecciosos, elimina toxinas e estimula a produo de leuccitos. Recomendada nos

    casos de pneumonia, tosse seca, asma, irritao da pele e dor citica. Reduz medos

    e angstias. Traz estabilidade, equilbrio da conscincia, dignidade e divindade.

    Relaciona-se mentalidade humana e pode remeter a uma integrao com o

    espao, com a concentrao voltada para um fim especfico (orao ou meditao).

    Devolve o ritmo da glndula pineal, purifica o organismo, acalma os msculos e a

    superexcitao nervosa (BORROWSKI, 2005).

    Branco: Para Farina (1990) o branco sempre positivo e afirmativo. a

    soma de todas as cores e o smbolo do absoluto. A cor que apresenta maior

    sensibilidade na presena da luz. Est associada ordem, estabilidade, paz e

    harmonia. Permite boa iluminao, uma vez que absorve pouca luz e transmite

    pouco calor ao ambiente interno, permitindo, desta forma, um maior conforto.

    Magenta: Borrowski (2005) afirma que esta cor fortifica a aura e as radio-

    emanaes do corpo qumico. Leva conscincia espiritual, auxilia como

    equilibradora emocional e estimulante supra-renal. (BORROWSKI, 2005).

    Preto: Segundo o mesmo autor, funciona como um isolante e atrai todas as

    vibraes para si. a cor da auto-negao. Para Lacy (2000) considerada uma cor

    impotente, quando usada com outra cor, do contrrio pode provocar

    inacessibilidade, prepotncia e indiferena.

    Marrom: Para Farina (1990), o marrom est relacionado ao pesar,

    melancolia e ao desconforto. Por outro lado, Borrowski (2005) acredita ser a cor da

    integrao e do oferecimento. Associa o marrom a outono, doenas, terra,

    melancolia e oraes.

  • 7. O USO DAS CORES NO AMBIENTE HOSPITALAR

    Assim como na arte, o uso das cores em arquitetura pode favorecer, realar,

    esconder, provocar alteraes na percepo de forma, espao, tamanho e

    movimento. Mas dentre todas essas caractersticas a influncia psicolgica dos

    espaos edificados certamente a mais importante dentro de um ambiente

    hospitalar, j que se trata de um lugar onde as pessoas lidam constantemente com

    fortes emoes: doena, morte, nascimento e reabilitao.

    A maioria dos estabelecimentos de sade comporta espaos com pouca ou

    nenhuma iluminao natural, paredes brancas e pisos escuros. Vrios relatos

    constatam a predominncia do monocromatismo nos ambientes hospitalares, o que

    seria uma possvel causa do estresse ambiental. De acordo com Boccanera et al.

    (2004), o contato apenas com cores montonas pode interferir na avaliao fsica e

    nos aspectos emocionais e psicolgicos de forma consciente ou inconsciente.

    Para amenizar a sensao de clausura, Cunha (2004) recomenda que se

    utilizem corem claras e iluminao artificial. Para manter os pacientes despertos e os

    funcionrios com boa produtividade, indica o uso predominante de cores quentes,

    no excessivamente estimulantes.

    De acordo com Boccanera et al. (2004), seria interessante que o hospital

    fosse um local que se assemelhasse casa dos pacientes e profissionais e a cor

    pode auxiliar nessa sensao de familiaridade.

    8. RESULTADOS E DISCUSSES

    O setor de hemodilise do Hospital Bom Samaritano de Maring atende,

    atualmente, 102 pacientes que freqentam o local trs vezes por semana e ali

    permanecem por um perodo de trs horas, pelo menos. As sesses so realizadas

    em trs turnos dirios, com 34 pacientes sendo atendidos em cada turno. Pela

    dificuldade de acesso sala de dilise, os pacientes s puderam ser entrevistados

  • no incio ou final de cada sesso, portanto a amostra no conseguiu abranger a

    todos.

    O tratamento acontece em um salo amplo e subdividido, atravs de paredes

    de gesso acartonado, em salas menores que comportam, alm dos pacientes, a

    equipe de funcionrios e os equipamentos de apoio. Para os pacientes entrevistados

    o espao da sala de hemodilise restrito, segmentado e um tanto claustrofbico,

    fatores que interferem no estado emocional provocando cansao, estresse e

    irritao. J em relao s cores dos ambientes os entrevistados acreditam que elas

    tenham pouca influncia sobre eles. Dizem, entretanto, que gostam das cores das

    paredes tons claros de verde - e se sentem confortveis e acolhidos naquele local

    e que, apesar do incmodo tratamento e da prpria condio debilitada em que se

    encontram, sentem que o ambiente amistoso e pacfico.

    A maior parte dos pacientes entrevistados (84%) diz estar satisfeita com as

    cores do local e no as mudaria. E embora acreditem no serem influenciados pelas

    cores, quando questionados sobre suas preferncias, todos eles citaram expresses

    tais como: tons alegres, cores calmas, pintura cansativa. Referem que os tons

    claros de verde das paredes, e do branco do piso, teto e mobilirios foram bem

    aplicados por serem cores suaves e, portanto, no cansarem. Alguns (16%)

    sugeriram tons mais vivos, mas ainda mantendo o verde.

    Esse resultado refora a tese de alguns autores j mencionados. Lacy (2000)

    afirma que o verde a cor da harmonia e do equilbrio, ajuda a reduzir a tenso e o

    estresse. Para Borroswki (2005) remete paz, natureza e refrescncia,

    analgsica e atenua a ansiedade causada pela flutuao do estado de esprito na

    doena. Por fim, Papali (2009) e Bontempo (1998) relatam a eficcia do uso do

    verde em ambientes hospitalares no tratamento de algumas enfermidades.

    Costi (2002) sugere formas para uso desta cor:

    Verde: adequado para alta concentrao, meditao. Se usado no forro: leva

    ao sentimento de proteo, porm se refletido na pele pode causar

    desconforto; nas paredes: frio, porm seguro, calmo e passivo, mas irritante

    se brilhante; no piso: natural (acima de certo grau de saturao), relaxante,

    frio (se prximo do azul).

  • O azul claro e o amarelo tambm foram mencionados pelos pacientes (21%)

    como sendo cores que poderiam substituir as paredes da sala principal. Mais uma

    vez esse um dado que confirma a literatura estudada: Farina (1990) acredita que o

    azul confere ao paciente uma sensao de calma, tranquilidade e bem-estar; a cor

    mais curativa segundo Borrowski (2005). Para Lida (2002) o amarelo transmite

    energia, Papali (2009) ressalta seu auxlio especialmente para pacientes com

    problemas renais e Borrowski (2005) acrescenta os que perderam a esperana de

    cura.

    Algumas sugestes de uso, segundo Costi (2002):

    Amarelo: adequado para ambientes pouco iluminados. Quando usado no

    forro: luminoso, estimulante; nas paredes: quente (quando prximo do

    laranja), mas excitante tendendo para irritante se altamente saturado; no piso:

    elevado, divertido.

    Azul: tende a ser desagradvel e frio se usado em grandes reas ou longos

    corredores, causando desconforto s pessoas em ambientes de longa

    permanncia. Se utilizado em tons mdios e carregados, pode ser

    confortvel, mas apenas para permanncia transitria. Usado no forro:

    celestial, frio e d a sensao de profundidade (quando suave), pesado e

    opressivo (quando escuro); nas paredes: em tons suaves frio e distante; em

    tons escuros estimulante e profundo; no piso: facilita movimento de esforo

    quando claro e d sensao de solidez quando escuro.

    O branco teve predominncia (82%) como preferncia dos entrevistados, que

    sugeriram o branco gelo como a cor ideal para as paredes, piso e teto do ambiente

    hospitalar. Farina (1990) atenta para o fato de que o branco, por refletir

    intensamente a luz, causa ofuscamento e, por conseqncia, sensao de cansao.

    Outros autores citados tambm alegam a monotonia do monocromatismo. J os

    pacientes atribuem cor branca a sensao de asseio, paz e serenidade, o mesmo

    que afirmam Lida (2002) e Farina (1990).

    Novamente, Costi (2002) aponta os usos e as sensaes que o branco

    confere:

  • Branco: no deve ser a cor dominante. Usado no forro remete ao vazio,

    deserto, porm auxilia a difuso da luz e reduz sombras; usado nas paredes

    neutro, sem energia; no piso: inibe o toque;

    Um dos pacientes sugeriu o uso de madeira nas paredes, por remeter idia

    de lar. Outro seguiu o mesmo raciocnio ao sugerir a insero de plantas no

    ambiente e mais aberturas que possibilitem viso para o jardim. Esse dado

    importante porque refora a idia de que o ambiente de tratamento deve se

    assemelhar casa dos pacientes, como sugere Boccanera et al. (2004).

    9. CONCLUSO

    O papel da medicina no s garantir a sade, mas promover a qualidade de

    vida do paciente. O arquiteto compartilha desse mesmo princpio ao buscar projetar

    espaos personalizados, onde o usurio possa se identificar e se sentir acolhido,

    confortvel, e consequentemente, bem (fsica e psicologicamente).

    As cores so consideradas coadjuvantes no agressivos do processo

    teraputico e, fazendo parte da natureza e, portanto, da prpria vida, elas devem

    tambm estar presentes em todo o processo sade-doena, principalmente em

    ambientes hospitalares (BOCCANERA, et al. 2004). Elas carregam significados e

    produzem efeitos emocionais, devendo o arquiteto, ao planejar tais espaos, estar

    atento s particularidades de seus usurios.

    No caso estudado percebeu-se como o emprego adequado das cores (o

    verde em tons suaves e o branco) capaz de dar ao ambiente hospitalar o aspecto

    de limpeza necessrio, porm sem tirar o conforto visual e psicolgico dos

    envolvidos. De posse dos dados levantados, possvel manter a qualidade do

    ambiente e ainda acrescentar elementos que a enfatizem, como objetos de

    decorao, tais quais as plantas, ou texturas e materiais diferenciados que propiciem

    conforto e proximidade com o lar dos pacientes.

    Pesquisas como esta podem ser de grande ajuda na concepo de um

    ambiente hospitalar, bem como colaborar para promover uma nova viso de

  • assistncia teraputica, relacionando tambm s cores o conforto e o bem-estar

    daqueles que esto em reabilitao.

  • REFERNCIAS

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