Artigo_cientifico_TI_Verde_v9_4_final

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A ERA DA COMPUTAÇÃO VERDE Projeto Aplicado a Fundamentos Computacionais UNA - UNATEC Curso Superior em Tecnologia de Redes de Computadores Módulo Fundamentos Computacionais Orientadora: ADERALDO, Ana Carolina de Andrade Alunos: BARROS, Rodrigo Ferreira; MOREIRA, Jean Carlos Canuto; MOURÃO, Bruno Alves de Oliveira; OLIVEIRA, Hélio de; SANTOS, Zeliédson Lopes dos; SPERANDIO, Leandro da Silva Resumo O rápido desenvolvimento da Tecnologia da Informação, com a popularização dos computadores pessoais, grandes data centers, sistemas com grande capacidade de processamento e a rápida obsolescência dos equipamentos, trouxe impactos ambientais: o alto consumo de energia, a geração de resíduos tecnológicos que contaminam o meio ambiente, o consumo de papel cada vez maior, entre outros. Assim, analisa-se nos diversos campos da TI, medidas capazes de prover sustentabilidade, inclusive com pesquisa de normas para o setor.

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A ERA DA COMPUTAÇÃO VERDE

Projeto Aplicado a Fundamentos Computacionais

UNA - UNATEC

Curso Superior em Tecnologia de Redes de Computadores

Módulo Fundamentos Computacionais

Orientadora: ADERALDO, Ana Carolina de Andrade

Alunos: BARROS, Rodrigo Ferreira; MOREIRA, Jean Carlos Canuto; MOURÃO, Bruno

Alves de Oliveira; OLIVEIRA, Hélio de; SANTOS, Zeliédson Lopes dos; SPERANDIO,

Leandro da Silva

Resumo

O rápido desenvolvimento da Tecnologia da Informação, com a popularização dos

computadores pessoais, grandes data centers, sistemas com grande capacidade de

processamento e a rápida obsolescência dos equipamentos, trouxe impactos ambientais: o alto

consumo de energia, a geração de resíduos tecnológicos que contaminam o meio ambiente, o

consumo de papel cada vez maior, entre outros. Assim, analisa-se nos diversos campos da TI,

medidas capazes de prover sustentabilidade, inclusive com pesquisa de normas para o setor.

Palavras-chave: Computação verde, sustentabilidade, tecnologia da informação.

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1. Introdução

Nos últimos anos, a Tecnologia da Informação passou por grandes transformações. Os

softwares evoluíram e passaram a ter interfaces gráficas muito bem elaboradas, os sistemas

operacionais estão consumindo cada vez mais recursos de memória, vídeo e processador do

que antes, as aplicações via rede aumentaram, e entraram em cena os PC´s (Personal

Computers), computadores com processamento próprio e armazenamento em disco. Com toda

esta modernização, tanto na parte de hardware (processadores, discos rígidos, memórias) e

software (sistema operacional, programas e aplicativos), temos hoje em dia, incríveis

máquinas com grande poder de processamento desenvolvidas para um uso otimizado do

sistema.

O número de PC's fabricados e vendidos desde então cresce ano após ano. Grandes

corporações, pequenas empresas e usuários domésticos começaram a comprar máquinas

ultramodernas, com processadores e placas de última geração. O rápido progresso da TI gera

então uma série de problemas a serem enfrentados: a rápida obsolescência dos equipamentos,

o que fazer com os resíduos eletrônicos empilhados em depósitos e aterros sanitários, o

aumento do preço, do consumo e o desperdício de energia elétrica, aquecimento global, entre

outros.

Diante de tais questões, surge então o conceito Computação Verde, que é um conjunto

de práticas para tornar mais sustentável e menos prejudicial o uso da computação. Este estudo

tem por finalidade pesquisar, nos diversos ramos da Tecnologia da Informação, as iniciativas

que estão sendo tomadas capazes de prover a sustentabilidade no uso da computação.

Os objetivos são avaliar recursos de software e hardware no que tange à redução do

consumo de energia, quais as medidas estão sendo tomadas por empresas nesse sentido,

pesquisar e apresentar as normas e regulamentos para Computação Verde e identificar

soluções referentes à redução e reciclagem dos resíduos tecnológicos gerados pela TI.

Esta pesquisa se propõe a levantar e discutir o papel que a área de TI representa para

as questões ambientais e o seu respectivo passivo. Diante dos problemas demonstrados, qual

será o custo desta corrida à tecnologia para o meio ambiente daqui a 10 ou 20 anos, por

exemplo? É possível manter o desenvolvimento da TI com a preservação do meio ambiente?

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2 Desenvolvimento

2.1 Fundamentação Teórica

2.1.1 Computação Verde

Também chamada de TI Verde, TI Sustentável, Green IT, Green Computing entre

outros, o termo se refere ao uso eficiente dos recursos tecnológicos disponíveis em TI,

racionalizando tais recursos de forma a se obter deles um aproveitamento melhor e diminuir

desperdícios. Segundo Ink (Acesso em: 06 set. 2009):

A Computação Verde é o termo utilizado para o estudo e práticas do uso eficiente dos recursos computacionais. O objetivo primário é satisfazer o “triple botton line” (equilíbrio no desenvolvimento dos três pilares: econômico, social e ambiental).Com foco na sustentabilidade da tecnologia da informação, isso engloba todas as ações de responsabilidade corporativa como: a redução de consumo energético, desenvolvimento de sistemas e componentes de baixo consumo, reciclagem, redução de resíduos, produção de componentes atóxicos, entre outros.

Podemos inferir, então, que não se trata apenas de uma política de ecologia e

preservação do meio ambiente, mas também econômica (diminuição de custos, aumento da

lucratividade, etc.) e social (imagem da empresa).

Segundo Walsh (Acesso em: 27 set. 2009):

O termo TI sustentável – ou “verde” – é usado para descrever a fabricação, o gerenciamento, a utilização e o descarte de qualquer produto ou solução ligado à tecnologia da informação sem agredir o meio ambiente. A utilização do termo varia de acordo do papel que a empresa tem na cadeia de TI, ou seja, se ela representa um fabricante, um CIO ou um usuário final, por exemplo.

A TI Verde independente do nível (corporativo, residencial) ou escala (grande, média

ou pequena), pode ser praticada por todos. Ela deve envolver toda a cadeia produtiva, desde a

fabricação de um equipamento até o seu descarte.

A TI Verde busca, de uma maneira geral, reduzir o uso de materiais perigosos,

maximizar a eficiência energética durante a vida útil do produto, promover a reciclagem ou

biodegradabilidade dos produtos com uma política de zero resíduos. E um dos quesitos mais

importantes: procura conscientizar todos os seus usuários sobre a importância da mudança de

comportamento, visando à Sustentabilidade.

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2.1.2 Recursos de Software e Hardware para redução do consumo de energia

elétrica.

Nos últimos anos a Tecnologia da Informação tem se deparado com três problemas

cruciais: o alto custo da energia elétrica, o seu desperdício e a sua oferta que não cresce na

mesma velocidade do consumo necessário pela TI.

[...] Se os níveis atuais de consumo forem mantidos, os gastos com eletricidade podem chegar a 50% dos orçamentos de tecnologia de uma grande empresa, segundo estima a consultoria Gartner Group. [...] A Gartner calcula que o desperdício de energia nessas instalações possa chegar a 60%, e é justamente esse ponto que tem sido alvo da atenção da indústria tecnológica (TEIXEIRA, Acesso em: 28 ago. 2009)

Os dados divulgados deste crescimento e do que ele representa, merecem toda a

atenção por parte dos gerentes de TI. Segundo Cherobino (Acesso em: 10 out. 2009):

Em cinco anos, de 2000 a 2005, dobrou a quantidade de energia elétrica consumida por servidores e pelos sistemas de refrigeração a eles relacionados, com crescimento médio de 14% ao ano. Se nada for feito para reduzir esse montante, ele vai crescer mais 76% até 2010.

Economizar energia não é apenas uma questão ambiental, mas também uma ótima

forma de reduzir os gastos da infraestrutura de TI e de tudo que a cerca.

Hoje, essa preocupação começa a movimentar grandes empresas de TI que têm

trabalhado em novas soluções de equipamentos, dispositivos e softwares para reduzir os

custos com o consumo de eletricidade e, com o impacto que ela gera ao meio ambiente, além,

obviamente, de ser extremamente vantajoso e interessante para as empresas pela economia

financeira que tudo isto irá gerar. Conforme Hess (Acesso em: 20 ago. 2009) a idéia básica é:

Imagine um data center, um grande salão com centenas de computadores empilhados em racks, cada um desperdiçando alguns Watts de eletricidade sob a forma de calor. Esse calor precisa ser resfriado por um sistema de ar-condicionado, que por sua vez também gasta muita energia. Diminua o calor gerado por máquina e os gastos com resfriamento também caem significativamente. São duas economias de uma só vez.

Os dois maiores fabricantes de processadores no mundo, AMD e Intel, já começaram a

produzir chips com maior eficiência energética. Ambos já identificam nas características

técnicas dos seus processadores o parâmetro performance-per-watt (desempenho por watt),

colocando como paradigma consumo e performance.

Os softwares também podem contribuir de forma relevante. Segundo Hess (Acesso

em: 20 ago. 2009):

Os programas têm avançado significativamente em relação à otimização do processamento, de forma a realizar menos operações para efetuar cada tarefa, ou simplesmente realizá-las todas de uma vez para manter o processador em modo de economia de energia por mais tempo. Os softwares desenvolvidos de forma colaborativa, chamados de softwares livres, naturais ou orgânicos, têm crescido constantemente, e são a última palavra em otimização.

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A cada lançamento de novas versões dos Sistemas Operacionais, podem-se verificar

funcionalidades de economia de energia, tais como: funções de stand-by, hibernação,

funcionalidades de aumentar o percentual de economia em notebook's, monitoramento,

otimizações, etc.

2.1.3 Normas e Regulamentos

Os aparelhos eletroeletrônicos, entre eles os computadores, contêm produtos químicos

venenosos e, quando descartados de forma inadequada, podem causar prejuízos ao meio

ambiente.

A proteção do meio ambiente é indispensável ao ser humano, é condição para o desenvolvimento da personalidade humana, uma vez que não existe qualidade de vida sem qualidade ambiental. A todas as pessoas se estende a proteção do meio ambiente equilibrado e pode-se afirmar que os danos ambientais agridem o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (GARCIA; MILAGRE, 2008, p. 231)

O uso intensivo da informática, com a posterior geração de resíduos, agrava o quadro

de poluição ambiental que vivemos. Diante disto, é de fundamental importância que os

governos legislem para garantir a proteção do meio ambiente e, consequentemente, da vida de

seus cidadãos. Na sua justificação do Projeto de Lei nº5860/2009, em tramitação na Câmara

dos Deputados, o Deputado Dimas Ramalho - PPS/SP (Acesso em: 27 set. 2009) diz:

Nos últimos anos, com a popularização de computadores, televisores, aparelhos celulares e eletrodomésticos, um grave problema ambiental começou a surgir: o lixo eletrônico ou lixo tecnológico. O nome refere-se às milhares de toneladas de lixo produzidas diariamente no País a partir dos resíduos resultantes da rápida obsolescência de equipamentos eletrônicos. No meio do lixão, estão produtos que rapidamente perderam a utilidade ou simplesmente ficaram ultrapassados.[...] A situação é alarmante e precisa ser urgentemente solucionada com regras e procedimentos obrigatórios para o gerenciamento do lixo tecnológico.

Tal manifestação reflete a preocupação do legislador com a matéria, mas a situação no

Brasil é preocupante e incerta, pois o Poder Legislativo ainda está discutindo a Política

Nacional de Resíduos Sólidos (PL-203/1991) a qual o PL-5860/2009 do Deputado Dimas

Ramalho foi apensado. Até a presente data (04/10/2009), o projeto de Lei não foi votado pelo

Congresso Nacional. Atualmente, no Brasil, temos a ISO14001, que normatiza os requisitos

para uma empresa identificar, controlar e monitorar seus aspectos ambientais.

Outros países já possuem legislação específica para o lixo tecnológico. Exemplo de

destaque é a União Européia com duas diretivas que viraram lei em 13 de fevereiro de 2003:

RoHS Directive (2002/95/CE) e WEEE Directive (2002/96/CE).

A RoHS (Restriction of Certain Harzardous Substances) “proibiu que certas

substâncias perigosas fossem empregadas em equipamentos eletrônicos, o que fez e vem

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fazendo com que empresas de TI se reestruturem para a conformidade com a norma”

(MILAGRE, Acesso em: 06 out. 2009). Os componentes proibidos são cádmio (Cd), mercúrio

(Hg), cromo hexavalente (Cr(VI)), bifenilos polibromados (PBBs), éteres difenil-

polibromados (PBDEs) e chumbo (Pb).

A WEEE (Waste Electrical Eletronic Equipament) impõe responsabilidade pelo

descarte de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos aos fabricantes desses

equipamentos. Essas empresas devem estabelecer uma infraestrutura para a coleta de

Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos – REEE. Segundo a diretiva WEEE

(Acesso em: 06 out. 2009) "Os usuários de equipamentos elétricos e eletrônicos do setor

doméstico devem ter a possibilidade de entregar os REEE, pelo menos, gratuitamente". Além

disso, as empresas são obrigadas a utilizar os resíduos recolhidos de forma ecologicamente

amigável, quer pela eliminação ecológica ou pela reutilização / valorização dos REEE

recolhidos.

Conforme o site WEEEMAN.ORG (Acesso em: 06 out. 2009), que trata da diretiva:

As diretivas têm por objetivo: Combater essa montanha de resíduos, reduzir o nível de poluição, incentivar os fabricantes a concentrar-se em projetos ecológicos .As diretivas envolvem o conceito de responsabilidade “alargada” do produtor. A fim de cumprir a legislação, os produtores de EEE (Equipamentos Elétricos e Eletrônicos), necessitarão considerar o ciclo de vida dos produtos elétricos e eletrônicos, incluindo a durabilidade do produto, atualização, reparação, desmontagem e utilização de materiais facilmente recicláveis.

A diretiva WEEE introduz no cenário mundial a obrigatoriedade da indústria ou

importador em se responsabilizar pelo “ciclo de vida” dos produtos que insere no mercado de

consumo, através de um programa de gerenciamento de impacto, coleta e reciclagem dos

produtos descartados, evitando assim que o resíduo venha a poluir o meio ambiente. E a

diretiva RoHs contém disposições sobre substâncias proibidas em produtos eletrônicos.

A Coréia do Sul e China adotaram a RoHS editando lei própria. O Japão com a Law

for the Promotion of Efective Utilization of Resources (Lei para a Promoção da Utilização

Efetiva de Recursos) obriga o fabricante a informar aos consumidores quais componentes

químicos perigosos estão presentes em seus produtos. No Estado da Califórnia, EUA, a lei

Electronic waste Recyclin Act of 2003, desde janeiro de 2007, obriga os fabricantes a

respeitarem os limites máximos permitidos de substâncias perigosas em seus produtos. No

Estado do Texas, EUA, a lei House Bill 2714 penaliza os fabricantes pelo impacto ambiental

de seus produtos (MILAGRE, Acesso em: 06 out. 2009)

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2.1.4 Redução e reciclagem de resíduos tecnológicos

Com o avanço da tecnologia e o significativo aumento do consumo de recursos surge,

proporcionalmente, a necessidade de um descarte correto dos eletrônicos não mais utilizados e

ou obsoletos. Em uma de suas publicações a revista INFO on-line (Acesso em: 25 ago. 2009)

destaca o problema de descarte dos resíduos eletrônicos:

Uma das maiores preocupações de empresas que trabalham com hardware é o que fazer com os equipamentos que estão obsoletos. Se é possível fazer o reaproveitamento de componentes, uma parte do problema está resolvido. Mas e quando o destino de mainframes, PCs, placas de circuito, monitores, impressoras etc, deve ser o lixo?

Os resíduos tecnológicos, quando despejados em lixões ou ambientes não preparados

para esse fim, podem causar sérios riscos à natureza e ao homem. O portal de informações

corporativas Fator Brasil (Acesso em: 28 set. 2009) afirma em uma matéria que:

[...] os computadores apresentam partes e peças com metais pesados (chumbo, mercúrio, cádmio, arsênico) que, uma vez lançados em aterros, contaminam lençóis freáticos e expõem as pessoas a riscos de envenenamento. Mesmo metais leves como o belírio, presentes nas ligas de metal, também apresentam alto índice de toxicidade. Outros elementos perigosos são os fios de PVC e retardantes de chamas (chamados BRT). Todos esses componentes estão presentes na produção de micros, aparelhos celulares, televisores e baterias.

Apesar de constatado os riscos trazidos à sociedade em decorrência do descarte

incorreto do lixo eletrônico, percebe-se na atualidade uma realidade que assusta. Apenas uma

pequena parcela do lixo eletrônico produzido no mundo tem como destino final a reciclagem.

O portal Planeta Sustentável (Acesso em: 29 set. 2009) noticiou:

O dado é de uma pesquisa da Dell – maior empresa de distribuição de computadores dos Estados Unidos –, que preocupou as grandes companhias de TI, ao divulgar que a reciclagem dos aparelhos eletrônicos não acompanha a demanda da produção desse tipo de lixo. De acordo com o estudo, apenas 10% dos computadores de todo o mundo são destinados a reciclagem. 

Ainda na mesma matéria, o presidente do Conselho Superior de Tecnologia da

Informação da Fecomércio, Renato Opice Blum, em entrevista, diz:

A situação merece atenção, principalmente, porque o setor de TI está em constante evolução, o que faz com que surjam tecnologias ultrapassadas – e que, pelo visto, vão para o lixo – a todo momento. No entanto, é possível reverter esse quadro. As empresas precisam desenvolver mais iniciativas de reciclagem e incentivar seus consumidores a participar dessas atividades. Além disso, é necessário investir em tecnologias verdes. Hoje, ser verde está longe de ser estratégia de marketing de nítido superficialismo. O consumidor está aprendendo a distinguir marketing verde de empresas verdes e, apesar do custo desse tipo de investimento ser alto – algo entre U$ 40 mil e U$ 200 mil –, o retorno é de 10 a 15 vezes mais para os negócios.

Com a TI em crescente evolução, as tecnologias ficam obsoletas em muito pouco

tempo e, consequentemente, a tendência é todo este material virar lixo eletrônico. Mas, como

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diz Opice Blum, “é possível reverter este quadro” à medida que usuários e consumidores se

tornem mais conscientes, inclusive discernindo sobre empresas que tratam de TI Verde a sério

daquelas que apenas querem pegar uma “carona” na “onda” de ser ecologicamente correta

com medidas superficiais.

2.2 Metodologia

Foram utilizados como método a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. A

pesquisa bibliográfica foi definida pela busca de informações em sites especializados e em

revistas conceituadas que tratam do assunto.

A pesquisa de campo foi aplicada com a finalidade de analisar, quantitativamente o

nível de conhecimento dos usuários em relação ao tema TI Verde. No total foram analisados

dados de 60 entrevistados sendo todos usuários de TI.

2.3 Resultados

2.3.1 Recursos de Software e Hardware para economia de energia.

Identificamos que os dois sistemas operacionais mais utilizados, Windows e Linux, já

têm preocupação bem clara sobre a necessidade de se economizar energia com

funcionalidades via software em ambas as plataformas.

Para o Linux instalado em notebook's com os processadores Intel (e, em certos casos,

de outros fabricantes), foram desenvolvidas várias implementações. Basicamente, elas

consistem em se utilizar de vários recursos em conjunto. A primeira é a configuração do

ACPI, abreviação de "Advanced Configuration and Power Interface" (sistema de

configuração e economia de energia utilizada pelos PC’s atuais). O ACPI é o responsável não

apenas pelo suporte a economia de energia (incluindo o ajuste dinâmico da frequência do

processador), mas também pela inicialização de vários periféricos. (O ACPI é um recurso

comum para notebook's, PC’s inclusive para o Windows). Segundo o site Guia do Hardware

(Acesso em: 23 set. 2009):

Graças ao ACPI, os PCs atuais permitem um gerenciamento de energia muito mais sofisticado que os antigos, onde era possível apenas desligar o monitor e o HD. O avanço veio na forma de dois novos modos, o modo de espera e o hibernar. Ao entrar em modo de espera, não apenas o HD e o monitor, mas quase todo o PC é desligado, incluindo o processador, o cooler, placa de vídeo ou som, etc.

A segunda opção mais básica de gerenciamento (e a mais efetiva) é ativar o

gerenciamento de energia do processador, fazendo com que o clock e a tensão sejam

reduzidos quando ele está ocioso. Na maioria dos notebook's, o processador é justamente o

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componente que consome mais energia e o gerenciamento permite reduzir seu consumo em

50% ou mais. Com a instalação de um módulo ao kernel do Linux, esse monitoramento pode

ser feito. As outras implementações são o ajuste de consumo na tela do notebook, a

desativação de recursos que no momento não estão sendo utilizados (por exemplo, a placa

wirelles) e o consumo do HD (Hard Disk). Realizadas em conjunto, o consumo de energia

elétrica pode diminuir pela metade e a autonomia da bateria aumentar em até o dobro de

tempo.

Na plataforma Windows, no seu recente lançamento o “Windows 7”, a equipe que

trata da engenharia do sistema operacional está com atenção voltada para a eficiência

energética. Além da habitual opção “Gerenciamento da Energia” disponível no “Painel de

Controle”, a partir do qual o usuário pode otimizar o consumo do seu PC, foram realizadas

várias melhorias no núcleo do sistema operacional (kernel). Em um artigo publicado na

internet, um dos programadores do Kernel do Windows 7, DeWhitt (Acesso em 29 set. 2009)

diz:

Para o Windows 7, nós estamos refinando a experiência do usuário para gerenciamento de energia, concentrando-se na redução do consumo de energia ociosa e apoiando-se em novos modelos de energia dos dispositivos.[...} Para ajudar a reduzir a energia ociosa, estamos nos concentrando em melhorias na gestão de energia no núcleo do processador. O Windows mede o desempenho do processador com base na sua quantidade atual de utilização, e o Windows só aumenta o desempenho do processador tendo certeza que é absolutamente necessário, isto pode ter um grande impacto no consumo de energia.

Foi desenvolvida pela mesma equipe uma ferramenta de análise mais avançada, o

“Windows Performance Toolkit”. O Toolkit torna muito fácil para desenvolvedores de

software observar a utilização de recursos de suas aplicações, resolver gargalos de

desempenho e identificar as questões de impacto da eficiência energética. Segundo DeWhitt

(Acesso em 29 set. 2009) “a estratégia que estamos utilizando é fornecer ferramentas ricas

para identificar problemas de eficiência energética em hardware e software”.

Empresas desenvolvem processadores com menor consumo energético voltado para

diversas aplicações. Entre estas empresas destacam-se INTEL e AMD. A INTEL apresenta o

“Intel Atom”, que, pelo tamanho reduzido, destina-se a equipamentos ultraportáteis em geral.

Segundo Morimoto (Acesso em: 01 nov. 2009):

Depois da plataforma Centrino, Intel Atom, uma plataforma destinada a ser usada em MIDs, tablets e em equipamentos ultra-portáteis em geral.O principal componente da plataforma Atom é o Silverthorne, um processador x86 de ultra-baixo consumo, que nas versões mais lentas oferece um consumo abaixo da marca de 1 watt. Para efeito de comparação, o Celeron ULV usado no Asus Eee tem um TDP de 5.5 watts, quase 10 vezes mais do que a versão mais econômica do Silverthorne, que oferece um TDP de apenas 0.6 watts.

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A AMD também ganhou destaque ao ter seu processador utilizado em um laptop

ofertado no mercado a um custo de 100 dólares. Segundo Morimoto (acesso em: 01 nov.

2009):

Outro processador de baixo consumo que merece uma citação é o Geode, fabricado pela AMD. Além de ser usado em thin-clients e outros dispositivos, ele é o processador usado nas primeiras versões do OLPC (o laptop de 100 dólares) O menor consumo elétrico é o principal motivo do Geode LX ter sido escolhido para uso na versão original do OLPC. que inclui modelos de 433, 500 e 667 MHz, que consomem (respectivamente) 1.3, 1.6 e 2.6 watts.

2.3.2 Redução e Reciclagem do lixo-eletrônico

As iniciativas em torno da redução e reciclagem do lixo eletrônico estão sendo

desenvolvidas tanto no contexto de caráter público quanto no privado. Pode-se elencar como

exemplo, no âmbito público, o projeto “Computadores para Inclusão”, que dispõe de ações

realizadas em algumas cidades do país, através da instalação dos chamados CRC’s – Centro

de Recondicionamento de Computadores.

Presente nas cidades de Belo Horizonte - MG, Porto Alegre - RS, Guarulhos - SP e

Gama Leste - DF, os CRC’s são programas desenvolvidos pela administração federal em

parceria com diversas entidades. Em Belo Horizonte, o CRC foi inaugurado em 4 de

dezembro de 2008, através de uma parceria com a Empresa de Informática e Informação de

Belo Horizonte (Prodabel). De funcionamento muito simples, o CRC recebe através de

doações computadores inutilizados ou ultrapassados de instituições, empresas ou até mesmo

pessoais, realizam um trabalho de limpeza, identificação e recondicionamento de peças

aproveitáveis, montam novos computadores e os doam a escolas públicas, bibliotecas e tele-

centros. Todo esse trabalho é realizado por jovens aprendizes em busca de uma oportunidade,

contribuindo com uma das vertentes da TI Verde, pois tem como objetivo, garantir o maior

reaproveitamento do que antes era chamado de lixo.

No site do programa “Computadores para Inclusão”, o editorial discorre sobre a

importância de um novo ciclo e descreve os vários destinos possíveis do lixo eletrônico

(Acesso em: 25 out. 2009).

O Projeto Computadores para Inclusão tem como um de seus desdobramentos contribuir para a diminuição do chamado "lixo eletrônico". Ao iniciar um novo ciclo de uso para os equipamentos, prolonga a sua vida útil, economizando recursos de produção de novas máquinas e retardando o descarte. O processo de recuperação de computadores usados em Centros de Recondicionamento de Computadores - CRCs permite o reaproveitamento máximo de partes e peças. Os componentes não utilizados no processo de recondicionamento são reaproveitados de maneira criativa, transformando-se em objetos artísticos, bijouterias ou robôs, entre outros. Os CRCs

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providenciam o descarte ambientalmente correto das partes e resíduos não aproveitáveis.

O Estado de Minas Gerais também tem contribuído no mesmo sentido. Exemplo disso

está na criação do Projeto 3RsPCs, que engloba atividades como a manutenção de uma

solução semelhante à aplicada nos CRCs, pois também recruta jovens em prol do aprendizado

e paralelamente pratica uma atividade sustentável.

Outra atividade desenvolvida é a constituição de um Grupo de Trabalho (GT), que tem

a missão de elaborar uma minuta de regulamentação para os resíduos eletroeletrônicos, a ser

encaminhada ao Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. O GT é formado por

representantes de Estado, da indústria produtora de equipamentos eletroeletrônicos, indústria

recicladora, universidades e ONG’s;

Foi criado também, através da Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM,

juntamente com diversas parcerias, um diagnóstico que visa identificar qual o presente e o

futuro consumo de eletroeletrônicos, com objetivo de desenvolver preliminarmente políticas

públicas capazes de dar um destino correto para o lixo que será produzido. O diagnóstico

apresenta dados importantes como a relação da produção de lixo eletrônico em toneladas por

ano e quilogramas por habitante até o ano de 2030, e através dele, estudos estão sendo feitos

no intuito identificar novas formas de gerenciamento desses resíduos atribuindo

responsabilidades aos fabricantes e estimulando a cooperação de todos para a

sustentabilidade.

No meio privado, o exemplo apresentado é da Umicore, empresa internacional de

tecnologia de materiais, com matriz em Bruxelas, Bélgica. Sua atuação no Brasil se dá por

meio da Umicore Brasil Ltda, com sede em Guarulhos – SP, e tem consolidadas suas

atividades no País há mais de 50 anos com foco na reciclagem. Pensando em um ambiente

sustentável e, porque não, na arrecadação de lucros, a Umicore, desenvolveu um manual de

reciclagem do lixo eletrônico que destaca a importância de se reciclar o e-lixo, além de

fornecer informações sobre reciclagem de baterias recarregáveis, celulares e placas de circuito

impresso, encontradas em diversos segmentos eletrônicos.

No manual, disponível do site da Umicore, a redatora Natália Dias relata dados que

mostra a importância da reciclagem (Acesso em: 25 out. 2009).

Segundo um estudo realizado pele Umicore, em parceria com um produtor de baterias, a cada bateria recarregável reciclada poupa-se a emissão de 70% de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera e gera de economia de 70% no consumo de energia nos processos.

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Através de processo próprio, a Umicore Brasil recolhe todo material a ser reciclado.

Baterias recarregáveis, celulares, máquinas digitais e placas de circuito impresso são enviados

para sedes na Bélgica e Suécia, a fim de passarem por processos de trituração e diversos

processos químicos para extração dos metais. Os resíduos já sem metais, provenientes dos

processos, são reutilizados na pavimentação de estradas, completando, assim, o ciclo.

2.3.3 Iniciativas em TI Verde

Quando se fala em sustentabilidade, as companhias do setor de tecnologia estão na

frente. Segundo a redação da revista on-line PCWorld (Acesso em: 22 out. 2009), “esta é a

constatação de um levantamento realizado pela revista americana Newsweek”. Quatro

companhias de TI figuram entre as cinco mais “verdes” dos Estados Unidos, no primeiro

ranking realizado sobre as organizações que mais contribuem para o meio ambiente. São elas:

HP, Dell, Intel e IBM.

Ainda segundo a matéria da PCWorld (Acesso em: 22 out. 2009):

A divulgação teve como base um estudo que levou um ano para ser realizado, e foi desenvolvido em conjunto com pesquisadores da consultoria ambiental KLD Research & Analytics (empresa de pesquisa de investimento), Trucost (empresa especializada na coleta e apresentação de dados sobre impacto ambiental) e Corporate Register (empresa especializada em composição de relatórios). Chamado de "Green Ranking" (ranking verde), a pesquisa avaliou as 500 maiores empresas dos Estados Unidos com base em seu desempenho ambiental real, políticas ambientais e reputação.

Outras empresas de TI também aparecem na lista como a Cisco Systems (12ª), Sun

Microsystems (14ª) e Sprint Nextel (15ª).

As grandes empresas mundiais de TI, entre elas, IBM, HP, EMC, INTEL, DELL SUN

e AMD, com o intuito de aprimorar as práticas de TI Verde, criaram, em 2007, um consórcio

mundial de empresas de TI e profissionais que procuram melhorar a eficiência energética em

Data Centers (centrais de processamento de dados), em ecossistemas de negócios ao redor do

globo conhecido como THE GREEN GRID (A Rede Verde). A organização procura unir os

esforços da indústria global de padronizar um conjunto comum de métricas, processos,

métodos e novas tecnologias para promover seus objetivos em comum, assim adquirindo o

selo da “THE GREEN GRID”.

Segundo o site oficial do consórcio (Acesso em: 22 out. 2009), “A eficiência dos

centros de dados se tornou um tópico importante da discussão global entre os usuários finais,

os decisores políticos, os fornecedores de tecnologia, e facilidade para arquitetos e empresas

de utilidade pública.” THE GREEN GRID, hoje, possui centenas de membros, incluindo

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usuários finais e organizações governamentais que têm o foco na melhoria da eficiência

energética dos Data Centers.

A ONU (Organização das Nações Unidas) é uma das entidades que mais tem debatido

sobre questões de lixo eletrônico e, em março de 2004, criou um projeto com objetivo de

encontrar novas maneiras para diminuir a quantidade de lixo eletrônico presente em nossa

realidade e tratá-lo melhor. Este projeto ficou conhecido como “STEP” (Solving The E-Waste

Problem - Resolvendo o problema dos Resíduos Eletrônicos). De acordo com o site do projeto

(Acesso em: 22 out. 2009), seus cinco princípios são:

1. Os trabalhos do STEP se baseias em avaliações científicas e incorporam uma visão abrangente dos aspectos sociais, ambientais e econômicos do e-lixo. 2. STEP realiza pesquisas sobre o ciclo de vida dos equipamentos elétricos e eletrônicos, de sua oferta global, processos e fluxos de materiais. 3. Projetos pilotos de pesquisa do STEP são destinadas a contribuir para a solução dos problemas de resíduos. 4. STEP condena todas as atividades ilegais relacionadas com lixo eletrônico, incluindo as transferências ilegais e de reutilização/reciclagem e de práticas que são prejudiciais ao meio ambiente e a saúde humana. 5. STEP procura promover a segurança e eco-reutilização eficiente de energia e as práticas de reciclagem em todo o mundo de uma forma socialmente responsável.

O governo norte-americano tomou uma medida interessante. Uma parceria entre a

U.S. Environmental Proctection Agency (Agência de Proteção Ambiental dos Estados

Unidos) e do U.S. Department of Energy (Departamento de Energia dos Estados Unidos)

lançou o programa Energy Star, que tem como objetivo ajudar a todos a economizar dinheiro

e proteger o meio ambiente através de práticas e produtos energeticamente eficientes por meio

de um selo de certificação. Segundo o site oficial do programa Energy Star (Acesso em 04

out. 2009):

ENERGY STAR apresenta-se como um programa voluntário de rotulagem destinado a identificar e promover produtos energeticamente eficientes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Computadores e monitores foram os primeiros produtos rotulados. [...] Através de suas parcerias com mais de 15.000 organizações públicas e privadas do setor, o ENERGY STAR fornece as informações técnicas e ferramentas que as organizações e os consumidores devem escolher para soluções energeticamente eficientes e melhores práticas de gestão.

O programa Energy Star, do governo norte-americano, vem beneficiando os demais

países, inclusive o Brasil, pois suas normas de adequações energéticas foram praticamente

tomadas como padrão da indústria. Por exemplo, a grande maioria dos monitores

comercializados hoje no Brasil, já estão adequados aos padrões do programa.

Outra iniciativa internacional dedicada à sustentabilidade é o programa EPEAT, dos

Estados Unidos, criado por uma Fundação sem fins lucrativos chamada Green Electronics

Council, é um sistema que ajuda os compradores a avaliar, comparar e selecionar produtos

13

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eletrônicos com base em seus atributos ambientais, através de um sistema de classificação de

3 categorias: Ouro, Prata e Bronze (dependendo do percentual de 28 critérios facultativos). Os

registros são feitos pelos próprios fabricantes em mais de 40 países do mundo. O EPEAT

opera um programa de verificação para garantir a credibilidade do Registro. O sistema

abrange atualmente desktop's, laptop's, thin clients, workstations e monitores de vídeo.

Inclusive é possível fazer uma pesquisa por produtos fabricados no Brasil.

No Brasil também há várias iniciativas. A IBM encomendou um estudo que foi

conduzido pela Info-Tech Research Group. Segundo o site de tecnologia Baguete (Acesso em:

28 out. 2009):

A pesquisa revelou que mais de 70% das empresas brasileiras planejam ou já realizaram atividades para diminuir o impacto ambiental causado por sua cadeia de suprimentos, produtos e serviços. Além disso, o país é uma das regiões com mais iniciativas de virtualização de servidores. Mais de 65% das companhias nacionais já completaram ou estão em processo de implementação dessa solução, que aumenta a eficiência energética e, consequentemente, diminui custos.

O estudo também revela que 66% das companhias já implementaram algum tipo de

medição de energia para sua infraestrutura de TI e que entre 50% e 60% das empresas já

operam com funcionários trabalhando em casa, conectados a redes virtuais.

O controle de custos é o principal fator para adoção de iniciativas de TI verde,

segundo o estudo. “Companhias em todo o mundo estão descobrindo que desperdício

significa custo e que ser ambientalmente responsável é tão bom para os negócios quanto para

o planeta”, declara Luis Bovi, diretor do segmento de pequenas e médias empresas da IBM

Brasil, nesta matéria.

Outra forma de aderir à essa nova necessidade é a utilização de parcerias com

empresas que já detêm o conhecimento e experiência no ramo de TI Verde. De acordo com a

matéria publicada no portal IT Web (Acesso em: 30 out. 2009), as empresas estão adotando

essa nova estratégia para aderir à TI Verde.

A HP firmou contrato de sete anos com a brasileira Vale para fornecimento de serviços e tecnologia. A fabricante de informática não revelou o valor do acordo, mas adiantou que se trata da consolidação de 43 centros de dados da mineradora em três centros globais primário. A HP também administrará a rede global de comunicações, os data centers e os ativos de tecnologia da Vale. O contrato foi desenhado para atender às necessidades da mineradora para uma infraestrutura "verde" e alinhamento à agenda de sustentabilidade ambiental, além de objetivos de redução de custos.

2.3.4 Análise Comportamental

Com o objetivo de identificar práticas e o conhecimento sobre TI Verde por usuários

de informática, aplicamos um questionário a 60 informantes, no período de 6 a 8 de outubro

14

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de 2009. O primeiro passo da pesquisa foi perguntar aos informantes se conheciam o que é TI

Verde.

28%

32%

23%

17%

Você sabe o que é TI Verde?

Não sei do que se trata.

Já ouvi falar, mas não sei exatamente o que é.

Tenho uma pequena noção do que é.

Sei sobre o tema

Fig1. – Fonte: pesquisa realizada com usuários de informática

Vemos pelo gráfico da fig. 1 que 28% dos entrevistados não sabem do que se trata;

32% tem ideia difusa sobre o assunto; 23% tem pequena noção e 17% sabe o que é TI Verde.

Percebemos, então, que a grande maioria (72%) já teve contato, em níveis variados, com o

tema. Mas uma grande parcela dos entrevistados não faz ideia do assunto. Isto demonstra a

necessidade de maior divulgação entre os usuários dos ideais defendidos pela TI Verde.

43%

8%

37%

7%5%

Você já descartou um computador obsoleto?

Não

Sim, Joguei no lixo.

Sim, doei o equipamento

Sim, enviei para reciclagem.

Sim, não soube o que fazer.

Fig.2 – Fonte: pesquisa realizada com usuários de informática

Na figura 2, grande parte dos informantes, 43%, não passou, ainda, pela necessidade

de descartar um computador; 37% doaram seus equipamentos obsoletos; 7% enviaram os

equipamentos para reciclagem; 5% não souberam o que fazer com o computador obsoleto e;

8% do total descartaram o computador de forma inadequada. Uma política nacional de

resíduos sólidos que defina de forma clara as responsabilidades no descarte de equipamentos

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Page 16: Artigo_cientifico_TI_Verde_v9_4_final

eletrônicos, como a diretiva européia WEEE (ver item 2.3), deverá alterar o quadro

demonstrado pelo gráfico da figura 2 de forma positiva.

Para verificar práticas comportamentais sustentáveis com relação à economia de

energia elétrica, fizemos três perguntas, cujos resultados estão representados pelos gráficos

das figuras 3, 4 e 5.

38%

62%

Você tem hábito de desligar o computador no horário do

almoço?

SimNão

Fig.3 Fonte: pesquisa realizada com usuários de informática

50%50%

Você já utilizou recursos de economia de energia no

computador?

SimNão

Fig.4 Fonte: pesquisa realizada com usuários de informática

68%

27%

5%

Sua empresa estimula a economia de energia?

Sim

Não

Não sei

Fig.5 – Fonte: pesquisa realizada com usuários de informática

Com relação à economia de energia, vemos pelo gráfico da figura 3 que a grande

maioria dos pesquisados (62%) mantém seus computadores ligados, sem uso, durante o

horário do almoço. A utilização de recurso de economia de energia está dividida entre os

usuários pesquisados, metade dos entrevistados não utiliza este tipo de recurso. Isto, mesmo

que a grande maioria das empresas incentive à economia de energia no ambiente de trabalho

(62%). Mesmo com nosso país tendo passado por um processo de “apagão”, para os usuários

pesquisados a economia de energia no uso da informática não é prioridade, demonstrado pelos

gráficos das figuras 3 e 4.

16

Page 17: Artigo_cientifico_TI_Verde_v9_4_final

“Se os níveis atuais de consumo forem mantidos, os gastos com eletricidade podem

chegar a 50% dos orçamentos de tecnologia de uma grande empresa, segundo estima a

consultoria Gartner Group” (TEIXEIRA JR., Acesso em 28 ago. 2009). As empresas sabem

do impacto do custo da energia em suas despesas, por isto a preocupação demonstrada pelo

gráfico da figura 5.

Focando a economia de papel, fizemos duas perguntas aos pesquisados, cujas repostas

são apresentadas nas figuras 6 e 7.

32%

58%

10%

Você ao imprimir um documento tem o hábito de se perguntar se

realmente é necessário imprimir?

Sim, sempre me pergunto.

Sim, as vezes.

Não, nunca pensei nisto.

Fig.6 Fonte: pesquisa realizada com usuários de informática

57%43%

Você imprime em frente e verso?

Sim, sempre que possível.

Não, sempre imprimo em um lado da folha.

Fig.7 Fonte: pesquisa realizada com usuários de informática

Na figura 6 vemos que a grande maioria dos usuários pesquisados questiona-se sobre a

necessidade de impressão, 32% sempre, 58% às vezes. Somente 10% não tem esta

preocupação.

Com relação à prática de impressão frente e verso para economia de papel, 57%

utilizam-se desta prática e 43% não. O papel é um recuso natural renovável e de elevado

consumo em nossa sociedade, sobre isto Maciel et al (acesso em: 1 nov. 2009) diz:

[...] O consumo abusivo desse recurso acarreta problemas econômicos, educacionais e ambientais, tais como: esgotamento de recursos naturais, poluição do solo, ar e comprometimento da qualidade das atividades que dependem desse recurso (BRAGA et al., 2002).Vários tipos de materiais que são potencialmente recicláveis têm destinação inadequada aumentando os impactos que causam ao meio ambiente.

Práticas como contenção de impressões de documentos e impressão em frente e verso

são desejáveis porque diminuem o consumo de papel e, consequentemente, o impacto

ambiental da atividade de TI.

3 Conclusão

O rápido desenvolvimento da TI nas últimas décadas e a popularização dos

microcomputadores trouxeram enormes benefícios para a sociedade atual. Temos modernos

17

Page 18: Artigo_cientifico_TI_Verde_v9_4_final

sistemas de comunicações, encurtamos “as distâncias”, temos mais poderosa ferramenta de

informação já criada pelo homem, a Internet, aumentamos a produtividade das empresas,

entre outras inúmeras vantagens oriundas da TI.

Todo este desenvolvimento trouxe consigo alguns problemas e levantou questões até

bem pouco tempo ignoradas ou até despercebidas da maioria das pessoas. Qual o custo

ambiental deste progresso? É possível a TI continuar a se desenvolver com a preservação do

meio ambiente? Como resposta a estas perguntas, surge uma tendência, um conceito: TI

Verde, o uso eficiente dos recursos tecnológicos de TI, medidas práticas para tornar mais

sustentável e menos prejudicial o nosso uso da computação. O objetivo desta pesquisa foi

pesquisar, então, quais os recursos, sejam eles de software ou hardware, as práticas de

comportamento, as soluções implementadas por empresas, organizações em TI, buscando a

sustentabilidade.

Identificamos um grande problema atual: a energia elétrica. O seu custo está

comprometendo uma parcela considerável dos orçamentos de TI. Um dos focos da indústria e

fornecedores de TI passa então a ser a busca de eficiência energética.

Os sistemas operacionais Linux e Windows já apresentam características avançadas de

gerenciamento de energia. Quanto aos maiores fabricantes de processadores (Intel e AMD),

passarão a produzir estes chips com baixo consumo de energia. A competição no mercado

agora passa a ter mais um item, o desempenho por watt.

Identificamos as normas e regulamentos. A união européia hoje possui a legislação

mais avançada do mundo, com a promulgação de duas leis: RoHS Directive (2002/95/CE) e

WEEE (2002/96/CE). Outros países começaram a adotar a RoHS editando lei própria. No

Brasil, ainda se discute a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PL 203/91), que ainda não

virou lei. Hoje, no país, as empresas podem adotar a ISO 14.001 que normatiza aspectos

ambientais.

Quanto aos resíduos, ainda que por hora não haja no Brasil uma legislação específica,

existem iniciativas do setor público e privado em funcionamento. Do governo federal, em

parceria com as prefeituras, surgiu o CRC – Centro de Recondicionamento de Computadores.

Do governo estadual, vem o projeto 3RsPCs. Do setor privado temos a empresa Umicore.

Várias iniciativas sustentáveis empresariais e governamentais já existem. Citamos o

programa do governo norte-americano Energy Star, o programa EPEAT, O selo “Green

Grid” para Data Centers verdes. O programa STEP da ONU, entre outras iniciativas.

18

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Por fim, fizemos o levantamento sobre o comportamento de usuários comuns de TI em

relação à TI Verde, onde alguns ponto positivos e negativos puderam ser apurados.

Podemos concluir que a TI Verde começa a ser uma realidade. E ainda há muito que

se fazer. Um de seus principais “motores” é a busca por eficiência energética e diminuição de

custos. E, além do fator econômico, empresas e governo estão percebendo que se trata de

cidadania. O planeta é um só, os seus recursos são limitados e todos precisam dele para

sobreviver. Por isto, esses já estão tomando atitudes, mas todos os demais podem contribuir.

Centenas de milhares de pequenas ações praticadas por usuários comuns de TI, todos os dias,

podem gerar um grande resultado.

A pressão para que as empresas sejam sustentáveis cresce cada vez mais. No entanto, a

maioria delas sequer possui profissionais com foco em questões voltadas a sustentabilidade e

gestão em meio ambiente, lacuna que abre portas às equipes de TI, as quais têm excelente

chance de tomar proveito do que já sabem sobre TI Verde, ou seja, estão na frente de outros

profissionais por deterem mais conhecimento sobre sustentabilidade e podem liderar esse

processo nas organizações.

4 Referências

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5 Anexo – Modelo de Questionário

Essa pesquisa tem como finalidade identificar o posicionamento dos usuários de TI em relação à sustentabilidade.

Marque apenas uma alternativa por questão.

1. Você já ouviu ou leu sobre o tema Tecnologia da informação Verde (TI Verde) ?

a. Não sei do que se trata.

b. Já ouvi falar, mas não sei exatamente o que é.

c. Tenho uma pequena noção do que é.

d. Sei sobre o tema.

2. Você já precisou descartar um computador obsoleto?

a. Não

b. Sim, joguei no lixo.

c. Sim, doei o equipamento.

d. Sim, enviei o equipamento para uma empresa especializada em reciclagem.

e. Sim, não soube o que fazer.

3. No seu trabalho, você tem hábito de desligar o computador no horário do almoço?

a. Sim

b. Não

4. Você já utilizou recursos de economia de energia no computador?

a. Sim

b. Não

5. Sua empresa estimula a economia de energia no seu ambiente de trabalho?

a. Sim

b. Não

c. Não sei

6. Você, ao imprimir um documento ( planilha, e-mail, etc.) tem o hábito de se perguntar se realmente é necessário imprimir?

a. Sim, sempre me pergunto.

b. Sim, às vezes.

c. Não, nunca pensei nisto.

7. Você imprime em frente e verso?

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