ArtigosobreWitmer

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 Introdução Lightner Witmer O art igo de Hannah Tho mas, da Universid ade de Oklahoma, é intitulad o “Li ghtner Witmer, o herói esquecido da Psicologia” e trata de uma invest igação da autora acerca da vida e obra de Lightner Witmer, criador do termo ‘psicologia clínica’. Sabe-se que, em muitos cursos e nos livros de psicologia em geral, o nome de Witmer não é sequer citado, de modo que esse autor parece ter sido de fato “apagado” (usando o termo atribuído por Thomas) da história da psicologia. Em seu artigo, Hannah Thomas realiza um percurso histórico a respeito de Witmer, sempre frisando a dificuldade de encontrar referências bibliográficas sobre ele. Deste modo, o questionamento que orienta o texto é: Por que Lightner Witmer foi apagado da história da psicologia? De acordo com sua investigação, a autora vai propondo alguns acontecimentos que poderiam ter levado à sua marginalização, apesar de suas grandes contribuições e pioneirismo no campo da psicologia. Para construir o texto a autora utilizou as poucas referências que encontrou em livros de autores que escreveram sobre Witmer, bem como textos do próprio. As páginas a seguir contém fichamento do artigo de Hannah Thomas. Fichamento (Hannah Thomas)

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Introdução

Lightner Witmer 

O artigo de Hannah Thomas, da Universidade de Oklahoma, é intitulado “Lightner Witmer, o herói esquecido da Psicologia” e trata de uma investigação da autora acerca da vidae obra de Lightner Witmer, criador do termo ‘psicologia clínica’. Sabe-se que, em muitos cursose nos livros de psicologia em geral, o nome de Witmer não é sequer citado, de modo que esseautor parece ter sido de fato “apagado” (usando o termo atribuído por Thomas) da história dapsicologia.

Em seu artigo, Hannah Thomas realiza um percurso histórico a respeito de Witmer,sempre frisando a dificuldade de encontrar referências bibliográficas sobre ele. Deste modo, oquestionamento que orienta o texto é: Por que Lightner Witmer foi apagado da história dapsicologia? De acordo com sua investigação, a autora vai propondo alguns acontecimentos quepoderiam ter levado à sua marginalização, apesar de suas grandes contribuições e pioneirismono campo da psicologia. Para construir o texto a autora utilizou as poucas referências queencontrou em livros de autores que escreveram sobre Witmer, bem como textos do próprio. Aspáginas a seguir contém fichamento do artigo de Hannah Thomas.

Fichamento (Hannah Thomas)

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Lightner Witmer é considerado o pai da psicologia clínica. Ele fundou o primeiro

laboratório de psicologia clínica e contribuiu para o desenvolvimento da educação

especial, da psicologia escolar e da psicologia aplicada. Entretanto, Witmer foi um

tanto apagado dos livros didáticos de psicologia. A autora examina a vida e obra de

Lightner Witmer no intuito de encontrar a razão para seu apagamento. Se foi seu jeito

argumentativo de se comunicar, sua comparação de crianças a chimpanzés, ou a falta

de apreciação de suas idéias e teorias, parece claro que Witmer é um herói esquecido

da psicologia. (Resumo - p.3)

Os objetivos deste artigo são descobrir Lighter Witmer como pessoa e psicólogo edesvelar o porquê de ele ter sido esquecido por muitos. Esta pode ser uma tarefa difícil

 já que Witmer era uma pessoa muito reservada, que não deixou uma abundância decartas, notas autobiográficas, ou outras lembranças para ajudar a vê-lo claramente(McReynolds, 1997). Witmer é conhecido por suas grandes contribuições para o campoda Psicologia Clínica e pela aplicação do conhecimento da Psicologia para ajudar outras pessoas – especialmente crianças. (p.3)

Ele fundou o primeiro laboratório de Psicologia Clínica dos Estados Unidos, naUniversidade da Pensilvânia, e foi o primeiro profissional a usar o termo “psicologiaclínica”. Ele ajudou muitas crianças a superar o que ele chamava de “defeitos” em seulaboratório. (p.3)

 Apesar de Witmer ter apoiado, originalmente, o lado mais hereditário da controvérsia

hereditariedade-ambiente, posteriormente ele se tornou um dos primeiros a nadar contra a corrente da hereditariedade. [...] Ele guiou psicólogos e outros profissionaisnos passos necessários para ajudar crianças a superar suas dificuldades deaprendizagem. (Mc Reynolds, 1997a) (p.3)

No site da APA ( American Psychological Association) não tem o obituário de Witmer postado entre os de outros grandes psicólogos. O fato de ele ter contribuído tanto parauma variedade de campos na Psicologia e, ainda assim, ter sido quase apagado doslivros de psicologia é intrigante. O que foi, em Lightner Witmer ou em seu trabalho, quecausou o seu afastamento do campo da Psicologia? Seu trabalho pode ter sido à frente

de seu tempo? Existia algum assunto político que entrava em conflito com os objetivosde sua pesquisa? Através de minha pesquisa sobre Lightner Witmer e seu trabalho, euespeculo que sua pesquisa e suas idéias eram à frente de seu tempo. Ele foi umpioneiro no campo da psicologia clínica e na ajuda às pessoas. (p.3)

Infância

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Lightner Witmer nasceu em 28 de junho de 1867, que, historicamente, é apenas algunsanos após a Guerra Civil Americana. [...] Witmer nasceu na Filadélfia, que estavacercada do que agora são eventos históricos, como a batalha de Gettysburg e ofamoso discurso feito por Lincoln. (p.3)

Desde que Witmer era um garoto, ele desejava um mundo melhor. Nos anos após aguerra, existia um sentimento forte de justiça e idealismo por todo o país e pela cidadeonde foi criado. O orgulho, o otimismo para um mundo melhor, e a esperança idealistaque cercavam Witmer caracterizaram sua vida adulta posterior. Nós vemos isso notrabalho de Witmer quando ele deseja um mundo melhor para as crianças – um mundono qual elas possam superar suas dificuldades e continuar sua educação. (p.3 e 4)

Estudos e família

Os estudos eram altamente valorizados na família de Witmer. Seu pai, David Witmer,era um farmacêutico; educação não era uma idéia nova em seu ambiente familiar.Entretanto, poucos fatos históricos são conhecidos a respeito de sua mãe, Katherine(Mc Reynolds, 1997a). (p.4)

David e Katherine Witmer tiveram 4 filhos. O mais velho, Lightner Witmer, foioriginalmente registrado como David L. Witmer Jr. Desde sua infância, sempre ochamaram de Lightner. Witmer mudou seu nome legalmente para Lightner somenteaos 50 anos. (p.4)

Todos os filhos receberam formação superior e tiveram carreiras profissionais. [...] Em1905, todos os 4 filhos da família Witmer possuíam diploma de doutorado. [...] Em1884, Lightner iniciou seus estudos na Universidade da Pensilvânia (McReynolds,1997a)

 Anos de faculdade (Undergraduate)

Inicialmente Witmer não tinha nenhum conhecimento na área da Psicologia, pois aUniversidade da Pensilvânia ainda não tinha esse departamento. Nessa época, aPsicologia era um campo novo e desconhecido. Ao entrar na Universidade, Witmer estudava Artes; entretanto, após dois anos ele transferiu seu curso para Finanças eEconomia. Após quatro anos, Witmer se graduou, aos 21 anos com seu título deBacharel em Artes. Após a graduação, aparentemente Witmer não estava muito certosobre o que fazer com seu diploma e para onde sua vida o estava levando. (p.4)

 Apesar da família de Witmer valorizar tanto os estudos, ele escolheu não iniciar imediatamente sua pós graduação. Ele assumiu a posição de professor de inglês e

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história na Rugby Academy for Boys (McReynolds, 1997a), onde trabalhou por doisanos. Durante o seu último ano ensinando, Witmer decidiu ingressar na pós-graduaçãona Universidade da Pensilvânia. (p.4)

Universidade (Graduate School)

Witmer iniciou seu programa de pós-graduação em 1889 no departamento de Filosofia.No entanto, pouco após o início, ele mudou para o departamento de Ciências Políticas.Witmer mudou de curso tanto na graduação quanto na pós-graduação, talvez isto sedeva ao fato de que Witmer não encontrava um campo que considerasse maisapropriado para si. (p.5)

Enquanto estudante de Filosofia e, posteriormente, de Ciências Políticas, Witmer nãoprestou muita atenção ao novo membro docente que a Universidade contratara no

primeiro semestre – James McKeen Cattell. Cattell começou imediatamente umtrabalho para abrir um laboratório no Campus Universitário. Este era um laboratório depsicologia experimental, que focava nas diferenças individuais entre as pessoas(McReynolds, 1997a). Após alguma coerção por parte dos professores, em junho de1890, Witmer iniciou um estágio sob a supervisão de Cattell e mudou seu curso,novamente, para psicologia experimental. (p.5)

Uma viagem para a Alemanha

Enquanto Witmer estava prosperando no novo campo da Psicologia sob orientação de

Cattell, em junho de 1891 – somente um ano após Witmer ter iniciado seu estágio –Cattell deixou a Universidade da Pensilvânia por uma vaga de professor naUniversidade da Columbia (McReynolds, 1997a). Cattell, que era o único professor depsicologia, deixou seus alunos e seu laboratório ainda nas fases iniciais. Ao invés demudar de curso, como era de costume, Witmer surpreendentemente decidiu ficar noprograma e terminá-lo. Como Witmer havia sido tão instável em relação aos seuscursos no passado, parece lógico que ele realmente gostou e encontrou uma paixãopela Psicologia. No entanto, um novo problema apareceu para Witmer, já que não tinhamais professor de Psicologia na Universidade. Cattell, provavelmente com sentimentode culpa por ter abandonado seus alunos, ajudou Witmer a obter uma posição de alunoassistente com Wilhem Wundt em Leipzig, na Alemanha. Cattell já havia trabalhadocom Wundt, portanto sua recomendação deve ter sido de vital importância para queWitmer fosse premiado com a honra de estudar com Wundt.(McReynolds, 1997a) (p.5)

Witmer partiu para a Alemanha em fevereiro de 1891 para estudar com Wundt.Infelizmente, registros de sua estada lá são escassos (McReynolds, 1997a). Parecenão haver nenhuma carta pessoal ou correspondência entre Witmer e seus colegas

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durante toda sua estadia em Leipzig. Apesar de Witner e Wundt terem se dado bem,eles tiveram algumas disputas. Por exemplo, existia um grande desacordo entre osdois a respeito da dissertação de Witmer. Witmer queria continuar o trabalho que haviainiciado com Cattell sobre diferenças individuais, enquanto Wundt não via importâncianesse trabalho. Ele queria que Witmer estudasse o valor estético das diferentes formasvisuais. Witmer obedeceu as instruções de seu orientador e completou sua dissertaçãosobre o volume estético das formas visuais. Apesar de Witmer ter completado sua pós-graduação e deixado a Alemanha após um ano, ele não recebeu seu diploma até 29 demarço de 1893. No final de 1892, Witmer ficou preocupado por sua dissertação não ter sido publicada, como fora planejado, e por não haver recebido seu diploma. (p.5)

Somente após correspondências desesperadas para Wundt sobre este assunto,Witmer finalmente recebeu seu diploma. Talvez Wundt tenha segurado a liberação deseu diploma devido às desavenças. (p.5)

Witmer como professor 

 Aos 25 anos, em abril de 1892, Witmer retornou à Universidade da Pensilvânia einspecionou o trabalho em Psicologia. Desde que Cattell fora embora, ninguém haviaocupado o cargo de professor de Psicologia. (p.5)

Em 1894, Witmer começou a ensinar seus primeiros cursos sobre o estudo dapsicologia infantil. Ele não era nenhum especialista nesses assuntos, mas aUniversidade deve tê-lo considerado adequado a ensinar cursos dessa natureza devido

aos cursos de psicologia, educação e desenvolvimento que ele fez na Alemanha. Alémde sua rotina de aulas, Witmer se tornou ativo no programa especial da Universidadepara promover estudos continuados para professores de escolas públicas locais. (p.5 e6)

 Aplicando a psicologia

Nessa época, o interesse psicológico estava em hipnose, histeria, dissociação, noçõesde subconsciente e inconsciente. Esses temas não atraíam Witmer (McReynols,1997a). Witmer dirigiu-se à APA em 1896 com um artigo que alguns consideram crucialpara seu futuro trabalho, que foi publicado em 1897 em The Psychological Review. “Aorganização do trabalho prático em psicologia” foi uma declaração crucial feita por Witmer, que informou aos seus colegas suas visões e esperanças para a psicologia.Witmer deixou clara sua intenção de aplicar a psicologia, especialmente para melhorar o desempenho das crianças em seus estudos.(Witmer, 1897) (p.6)

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 As intenções de Witmer (1897) eram simples. Ele inventou um plano estruturado paraaplicar a Psicologia para ajudar as pessoas e torná-la útil. Ele declarou que osdepartamentos deveriam ter um envolvimento próximo com as aulas e as notas dascrianças a fim de conduzir testes físicos e mentais. [...] Instruções em Psicologiadeveriam ser dadas a professores, assim como a psicólogos. Há alguma controvérsiaacerca da aceitação da declaração feita por Witmer em 1897. Aparentemente, suadeclaração não foi bem recebida [...] pois os psicólogos não estavam prontos para asideias de Witmer, para a organização, aplicação, e aperfeiçoamento da performance decrianças. Ao contrário, aparentemente eles estavam satisfeitos com os métodos deintrospecção. (p.6)

 Ataques de Witmer 

 Associação Psicológica Americana (APA)

Outro movimento crucial foi feito na reunião da APA em 1896 por Witmer e alguns deseus colegas, que futuramente seriam conhecidos como experimentalistas. Elesdefendiam que a APA não deveria incluir Psicologia filosófica. Witmer, especificamente,ofereceu três mudanças: a primeira foi que a APA deveria aceitar somente trabalhos eartigos psicológicos; a segunda foi que deveria existir uma Associação Filosófica

 Americana separada, para psicologia filosófica; e a terceira foi que a escolha dosmembros deveria ser mais seletiva (McReynolds, 1997a). Essas mudanças propostaspor Witmer e os futuros experimentalistas foram o início da divisão na comunidade daPsicologia. Tais propostas pareciam ser uma tentativa de definir e separar a psicologia,

como profissão específica. (p.6)

 Apesar de Witmer ter feito apontamentos específicos e um curso de ação segundo oqual a APA deveria fazer a Psicologia se separar da Filosofia, nenhuma ação formal foitomada. Entretanto, na próxima convenção, foram adotados requisitos mais rígidospara se tornar membro, mas ainda não satisfez Witmer (Mc Reynolds, 1997ª). (p.6)

Não experimentalistas

Por sua insatisfação com a resposta da APA à sua proposta, Witmer escreveu umacarta a G. Stanley Hall para propor a formação de uma nova sociedade exclusivamentepara psicólogos experimentais. Hall, nesse período, era o presidente da APA.Infelizmente, a carta de Witmer não sobreviveu. Uma carta de Hall para Edward B.Titchener, de março de 1898, narrava a carta original de Witmer para Hall. Hallescreveu a Titchener: “Uma carta de Witmer diz que ele quer se juntar a mim, a você e

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a outros para formar uma nova organização psicológica, que deve colocar o laboratórionum local apropriado e excluir os mestiços (half-breeds) e extremistas. Você quer considerar essa possibilidade?” (McReynolds, 1997a, p.88). Nessa época, o grupo queWitmer propôs não se materializou devido a oposição de Titchener, por medo de dividir a Psicologia no novo estado em que se encontrava. (p. 6 e 7)

Como a carta original não sobreviveu, não se pode determinar se Hall estava citandoWitmer, ou se ele na verdade considerava mesmo os psicólogos não experimentais“mestiços” (half breeds). De qualquer modo, mesmo que não tenha sido uma citaçãodireta, a inferência que Witmer desvalorizava os psicólogos não-experimentais eraclaramente visível. Contraditoriamente, Witmer ainda valorizava enormemente aPsicologia experimental, apesar de seu objetivo para a psicologia ser a sua aplicação.Parece haver, de certa forma, um Witmer em duelo: Witmer, o psicólogo experimental eWitmer, o psicólogo clínico. Enquanto estava progredindo na área da psicologia clínica,

ele ainda era um experimentalista de coração. Witmer podia estar experimentando aidéia de tornar a psicologia prática, assim como científica e aplicada. (p.7)

Mulheres

Em 1904, a proposta de Witmer de formar uma sociedade para psicólogosexperimentais foi reconsiderada por Titchener, quando este decidiu sair da APA.Titchener informou que era essencial que eles tivessem uma sociedade experimentalseparada. Após reavaliar a idéia durante algum tempo, Witmer aceitou a proposta deTitchener. Numa carta para Titchener, Witmer expressou seu entusiasmo para a

formação de tal sociedade. Ao mesmo tempo, temos um relance da atitude pessoal deWitmer frente às mulheres: “Eu acho que a presença de mulheres na organização éperigosa, pois se deve à atitude pessoal que elas geralmente assumem, mesmo emdiscussões científicas” (McReynolds, 1997a, p. 110) (p. 7)

O resto da carta mostrava que Witmer esperava que essa nova sociedade fossesomente para homens. As palavras de Witmer deixavam implícito que as mulhereseram muito emotivas mesmo durante discussões de assuntos científicos e que asmulheres iriam impedir a chance de ter discussões científicas apropriadas esignificativas. É uma crença comum de que Titchener foi o primeiro experimentalista ase opor às mulheres. No entanto, a carta de Witmer sugere que ele pode ter sido oresponsável pela proposta de excluir as mulheres. Em sua carta a Titchener, Witmer escreveu “Eu estou bastante certo de minha objeção a convidar mulheres”(McReynolds, 1997ª, p. 110). (p.7)

Este fato isolado faria Witmer não ser popular entre as mulheres psicólogas, entãoencontramos outra razão para remover Witmer da história da Psicologia. No entanto, o

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contexto cultural deve ser considerado. No início dos anos 1900, as mulheres aindanão eram publicamente reconhecidas como cientistas. Ademais, durante encontrosinformais, homens e mulheres tendiam a se reunir entre os de mesmo gênero. (p.7)

Em 1904, ele casou com Emma Repplier e teve várias alunas trabalhando para ele.(McReynolds, 1997a). Somente em 1920, houve uma mudança pública na atitude deWitmer em relação às mulheres.

Ele contratou várias mulheres em sua clínica (tanto alunas quanto professoras deescolas públicas) e nomeou Elizabeth O´Conner como gerente de sua clínica. Elamanteve seu cargo até a morte de Witmer. Ele deixou em seu testamento para ela onome da escola, o direito de dirigi-la, e todo o equipamento. (Mc Reynolds, 1997a) (p.7)

Psicologia como uma disciplina

Em 1907, Witmer publicou seu segundo artigo mais importante em relação aolaboratório de psicologia clínica. “Psicologia Clínica” explicitou seu relato pessoal doseventos que levaram ao desejo de abrir tal laboratório e os procedimentos específicos(Witmer, 1907). Ademais, ele deu uma definição precisa do termo “psicologia clínica”,que foi introduzido pela primeira vez nessa publicação. Apesar de o termo “clínica” ter sido emprestado da medicina, psicologia clínica não era uma psicologia médica. “Eutomei emprestado a palavra ‘clinica’ da medicina porque é o melhor termo que euconsigo encontrar para indicar o caráter do método que eu considero necessário para

este trabalho. As palavras raramente retém seu significado original, e a medicina clínicanão é o que a palavra sugere – o trabalho de um médico no leito de um paciente.  Otermo ‘clínica’ sugere um método, e não uma localidade.” (p.251) (p. 7 e 8)

Durante o tempo que passou ensinando no Rugby Academy for Boys, Witmer ensinouum aluno que sofria de déficits de linguagem severos e estava se preparando paraentrar na faculdade. Atualmente, o garoto provavelmente seria diagnosticado comdislexia (Mc Reynolds, 1997a). Apesar do trabalho de Witmer ser prepará-lo com osassuntos e as disciplinas necessárias para passar, ele assumiu o papel de dar umpasso para trás e ensinar ao aluno habilidades rudimentares de inglês, como formaçãode palavras e partes de sentenças. Witmer não acreditava que o aluno seria capaz depassar no teste, mas, para sua surpresa, o aluno teve êxito (Witmer, 1907). Essaexperiência de Witmer foi a fagulha que acendeu o fogo para seu futuro trabalho com aPsicologia aplicada. Com essa observação de que um aluno com déficits pode ter sucesso na escola, com ajuda adicional, Witmer percebeu que outros déficits emcrianças poderiam ser superados com uma educação especial e com a aplicação doconhecimento que ele obteve em seu curso de psicologia. (p. 8)

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Colegas

Junto com o artigo de 1907 de Witmer, que anunciou formalmente a nova profissão dePsicologia Clínica, ele novamente criticou publicamente seus colegas. Na primeiraedição do The Psychological Clinic, ele criticou os programas de Harvard e de Cornell,onde dois de seus colegas mais próximos trabalhavam – Hugo Munsterberg e EdwardTitchener. Witmer alegou que Harvard considerava que a psicologia experimental nãotinha utilidade para professores, e criticou Cornell pela sua concentração naintrospecção. (Mc Reynolds, 1997a). (p.8)

Novamente, Witmer não só atacou psicólogos, como atacou seus amigos e colegaspróximos. Ao longo de sua carreira, esse padrão continuou. Durante a formação de suanova profissão, psicólogo clínico, Witmer emitia autoconfiança. O ataque a dois

departamentos de Psicologia importantes e colegas próximos enfatizavam a tendênciade Witmer de se expressar de modo direto, mesmo que fosse considerado grosseiro.(p.8)

Ele via a Psicologia como um campo de aplicação, aliado à pesquisa para sustentar essa aplicação. Fica aparente, de acordo com os ataques aos profissionais de Harvarde Cornell, que ele desvalorizava a introspecção e estava começando a desvalorizar aimportância da Psicologia puramente experimental.

Ele achava que os departamentos de Psicologia de Harvard e Cornell estavam errados

na maneira que ensinavam psicologia a seus alunos, e não tinha receio de dizer isso aMunsterberg, Titchener e o resto dos colegas. (p.8)

 A Clínica de Witmer 

 Apesar dos ataques aos seus colegas, Witmer parecia estar indo bem. Sua clínicaestava recebendo resposta positiva da comunidade e da Universidade, assim comomuitos encaminhamentos. Esses encaminhamentos eram, em sua maioria, decrianças. Tinham poucos casos de adultos, e a maioria dos adultos envolvidos eram ospais das crianças. Witmer usava o termo crianças, mas atualmente eles seriamconsiderados adolescentes (Mc Reynolds, 1997a). O laboratório de Psicologia tratavade uma grande variedade de problemas, incluindo problemas de aprendizagem escolar,problemas de linguagem, de desenvolvimento e de comportamento. (p.8)

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Witmer não usava a palavra “paciente” e raramente usava o termo “caso” quando sereferia aos seus clientes. Geralmente, ele falava da “criança” ou usava os nomes delas.

 Além de emprestar o termo “clínica” da medicina, ele também tomou emprestado ostermos “diagnóstico”, “prognóstico” e “tratamento” (Mc Reynolds, 1997a) (p.9)

Witmer tinha orgulho de sua observação e ensinava seus alunos a importância daobservação. Ele era muito cauteloso com seu diagnóstico e enfatizava para os alunos aimportância de ajudar – não rotular. (McReynolds, 1997b) (p.9)

Testes de inteligência

Uma razão para a ênfase na observação era o ceticismo de Witmer em relação aostestes psicológicos, especialmente os testes de inteligência que estavam sepopularizando nesse período. Ele frisava para os alunos que eles não deviam se

confiar nesses testes, mesmo nos dois que ele desenvolveu: the Witmer Formboard ethe Witmer Cylinders (McReynolds, 1997b) (p.9)

Witmer afirmava que juntamente com os resultados do teste, a observação feita peloespecialista ao aplicar o teste deve ser levada em consideração antes que umresultado completo e preciso possa ser efetivado. (p.9)

Crianças prodígio ou superdotadas

Pouco depois de abrir seu primeiro laboratório de psicologia clínica, a atenção de

Witmer parecia se expandir para as mentes das crianças normais e superdotadas. [...]Ele deixou claro que seus objetivos eram possibilitar que cada criança atingisse seupotencial máximo, incluindo as crianças “prodígio” e as “retardadas”.(Mc Reynolds,1997a). Em uma de suas publicações, Witmer concluiu que não havia uma linha muitodefinida entre o patológico e o normal. Ele argumentou que a The Psychological Clinicnão era uma revista para o estudo da criança anormal, mas uma revista para o estudoda criança enquanto indivíduo. (Mc Reynolds, 1997a) (p.9)

Psicologia Comparativa

O laboratório de Psicologia de Witmer, embora designado para atender crianças,começou a conduzir pesquisas com animais. Ele expressou, para William Furness III,do Museu de Ciências e Artes da Universidade da Pensilvania, a possibilidade deensinar um macaco a articular, ao menos, alguns elementos da linguagem falada.Pouco depois, Furness levou um filhote de orangotango proveniente do Borneo em1909. Os dois tentaram treinar o animal, obtendo pouco sucesso. No entanto, emsetembro do mesmo ano, Witmer compareceu a uma performance no Teatro Boston

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Keith, na qual a principal atração era um chimpanzé treinado, chamado Peter. Witmer providenciou que Peter fosse à sua clínica (Mc Reynolds, 1997a). Após conduzir osmesmos testes que ele conduziria com uma criança, Witmer anunciou que Peter, umchimpanzé, apresentava raciocínio, e poderia até ser capaz de ler, escrever e falar, sefossem dadas condições favoráveis. (p.9)

Não parece haver nenhum registro público sobre alguma resposta a essa declaraçãode Witmer. Essa pode ter sido a queda de Witmer, que levou ao seu apagamento?Talvez os colegas de Witmer, das áreas da Psicologia e da Educação, deram as costasa ele quando ele comparou crianças a chimpanzés. Uma resposta dos colegas deWitmer é meramente especulativa, já que nenhuma foi registrada. (p.9 e 10)

Witmer ataca novamente

Durante os estudos de Witmer sobre Peter, ele realizou algumas resenhas e críticas arespeito de três publicações: Religião e Medicina, de Elwood Worcester; a primeiraedição da revista Psicoterapia: um percurso na leitura sobre psicologia do som,medicina do som, e religião do som; e Cartas a um neurologista, de Joseph Collins(Mc). Witmer via esses trabalhos como anticientíficos, especialmente os trabalhos deElwood Worcester, que era o líder no movimento espiritual e psicológico que se tornoumuito popular nessa época. Esse movimento era conhecido como Emmanuelismo eenfatizava o papel da igreja em tratar doenças mentais através da psicoterapia cristã,reza, e hipnose ocasional. Witmer atacou o Emmanuelismo com vigor, afirmando que aabordagem era não científica e fraudulenta. Ademais, Witmer considerava a Ciência

Cristã, espiritualismo e ocultismo como a antítese da ciência (Mc Reynolds, 1997a).(p.10)

Enquanto a carreira de Witmer continuava, ele se tornava mais agressivo. Ele tentouexpulsar os filósofos da APA, teve sucesso em co-fundar uma sociedade paraexperimentalistas, fundou uma nova profissão de aplicação que foi contra o modelocientífico puro da Psicologia, atacou os departamentos de Psicologia de Harvard eCornell, atacou Musterberg, e atacou brutalmente toda a filosofia do Emmanuelismo.Nessa época, Witmer voltou suas atenções a William James. A crítica principal deWitmer em relação a James era acerca de seu interesse em fenômenos ocultos eparanormais , que ele considerava não científicos (Mc Reynolds, 1997a). (p.10)

Certa vez, Witmer se referiu a James como “a criança mimada da Psicologia Americana” (McReynolds, 1997a, p. 145).

 Apesar de essas críticas já terem sido ousadas, Witmer ainda deu um passo à frente emandou cópias das resenhas a James e Musterberg. James, que recebeu o ataque

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mais pessoal e severo, deu pouca importância. Musterberg, por outro lado, ficou furiosoe contactou a APA, solicitando que Witmer fosse expulso da Associação. Entretanto,nenhuma ação foi tomada e Witmer nunca foi expulso da APA. (Mc Reynolds, 1997a)(p.10, 11)

Da hereditariedade para o ambiente

Comportamento criminal

Os anos seguintes foram marcados por um interesse crescente nas criançassuperdotadas aliado à luta contra os testes de inteligência. No início dos anos 1900, aatenção de Witmer focou na etiologia do comportamento criminal e outros déficits. Em1910, Witmer anunciou publicamente sua visão ambiental, em oposição à visãohereditária dos defeitos humanos, incluindo o comportamento criminal de crianças.

Nesse ano, Witmer publicou “A restauração de crianças das favelas”. Witmer continuava afirmando que a hereditariedade era importante, mas não era tudo. (p.11)

 Ao longo do artigo, Witmer fez declarações interessantes contra a visão dahereditariedade. Sobre moral, Witmer atestou que não acreditava na existência deinstintos criminosos (Mc Reynolds, 1997a). Sobre o papel do ambiente nodesenvolvimento de uma criança, Witmer declarou “Certamente todos os defeitos destacriança fluíram diretamente da pobre condição de sua família” (Mc, 1997a, p.158).Witmer estava focado no papel do ambiente social em relação aos seus efeitos sobre acriança – tanto no aspecto moral quanto desenvolvimental (p.11)

Crianças

Witmer sempre foi um defensor das crianças. Entretanto, em 1911, parece ter havidouma controvérsia em suas opiniões. Neste ano, Witmer apoiou um projeto de lei naLegislação da Pensilvania para fornecer esterilização de homens com retardo mentalsevero (Mc Reynolds, 1997a). Seu apoio a este projeto de lei parecia ir contra tudo peloque ele lutou em relação aos direitos das crianças. Contudo, uma nota histórica éimportante ser citada para compreender o que pode ter influenciado a postura deWitmer. Nessa época, o movimento da engenharia genética estava exercendo grandeinfluência e Witmer não era imune a essa influência. Uma declaração feita em seuartigo de 1910, previamente discutido, pode fornecer uma compreensão sobre seuapoio do movimento da engenharia genética “Para preservar as crianças da próximageração... nós temos que começar recuperando seus futuros pais, as crianças destageração” (Mc Reynolds, 1997a p.162). (p.11)

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Sua preocupação com o bem estar das crianças é novamente ilustrado em 1912,quando ele decidiu tirar uma licença da Universidade para estudar métodospedagógicos com crianças excepcionais, usados por Maria Montessori na Italia (McReynolds, 1997a).

O começo do fim

Em dezembro de 1917, Witmer tirou uma licença extendida para trabalhar na CruzVermelha durante a Primeira Guerra Mundial. Seu foco durante a guerra era nareabilitação de pessoas que haviam ficado sem casa em decorrência das devastaçõesda guerra. Witmer somente retornou à Universidade da Pensilvânia em junho de 1918.Durante sua estada na Itália, Witmer perdeu a formação da Associação Americana dePsicologia Clínica (Mc Reynolds, 1997a). (p.11)

 Após o serviço de Witmer na guerra, aparentemente sua vida e sua carreira estavamficando mais lentas. Enquanto ele ainda estava lutando contra os testes de inteligênciae estudando os superdotados, as próximas décadas foram marcadas por ocasiõestristes para Witmer. Durante os anos de 1920, sua mãe e seu amigo Titchener faleceram. Witmer diminuiu suas horas de ensino e não estava mais publicando.Durante os anos 30, Witmer recebeu uma homenagem da Universidade da Pensilvaniae de todos os seus antigos alunos e colegas. A Universidade presenteou Witmer comuma cópia do volume comemorativo, Psicologia Clínica: estudos em homenagem aLightner Witmer (Mc Reynolds, 1997a).(p.11, 12)

Em 1935, a última edição do The Psychological Clinic foi publicada. Lightner Witmer supervisionou e trabalhou no laboratório clínico até se aposentar em 1937. AUniversidade marcou a ocasião de sua aposentadoria premiando Witmer com um títulohonorário de doctoris in scientia (Mc Reynolds, 1997a). [...] Apesar de Witmer ter seaposentado da universidade (George Twitmeyer assumiu como responsável pelaclinica psicologica), ele continuou dirigindo sua escola em Devon, aos 70 anos. (McReynolds, 1997a) (p.12)

 A revista de Witmer, The Psychological Clinic, estava parada desde antes de suaaposentadoria. Como uma tentativa de continuar a revista, já que Witmer não podiamais continuar administrando devido a sua idade avançada, ele ofereceu a direção darevista à Associação Americana de Psicologia Aplicada (AAAP). Após 2 anos dedebate, a AAAP decidiu que não poderia assumir a revista de Witmer, pois sóconseguiria manter sua própria revista – The Journal of Consulting Psychology. (McReynolds, 1997a). A cessação permanente da revista foi a preparação para o fim davida e da obra de Witmer.(p.12)

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Witmer faleceu em 19 de julho de 1956, em Bryn Mawr, de falência do coração, aos 89anos. (Mc Reynolds, 1997a) Sua morte veio 60 anos depois que ele estabeleceu aprimeira clínica psicológica, e 19 anos depois de sua aposentadoria.

Interessantemente, a APA não oferece um obituário para Lightner Witmer em seuwebsite junto com muitos outros psicólogos. A APA, junto com a maioria dospsicólogos, esqueceu um herói entre os psicólogos clínicos. Witmer contribuiuenormemente para muitas facetas da Psicologia e da Educação. Ele fundou aPsicologia Clínica – inclusive o primeiro laboratório de Psicologia Clínica – e ajudou nodesenvolvimento da educação especial, psicologia escolar e psicologia aplicada.

 Através da descoberta de Lightner Witmer, tanto enquanto profissional quanto pessoa,parece haver muitas razões plausíveis para ele ter sido apagado dos livros de históriada Psicologia atuais. Primeiro, ele era extremamente contestador. Ele era muito

obstinado e sua disposição em atacar seus colegas pode ter contribuído para a suaqueda. Após triunfar sobre as críticas a respeito de sua teoria da psicologia aplicadaele se tornou um psicólogo clínico de sucesso. (p.12)

Outra razão plausível para o apagamento de Witmer são suas idéias. Apesar de ter idéias brilhantes, a maioria era equivocada. Ao examinar suas teorias sobre ainteligência, não havia maneira de testá-las empiricamente. [...] O fato de Witmer atestar sua teoria como um fato e não oferecer maneiras plausíveis de testá-la ésurpreendente já que ele tem um grande passado em psicologia experimental. (p.12)

 Apesar do problema com as teorias de Witmer acerca da inteligência, muitas de suasopiniões eram à frente de seu tempo. Eu acredito que essa é a razão principal pelaqual Witmer foi esquecido. As idéias de Witmer no início (por ex. aplicação dapsicologia) eram mais congruentes com o conhecimento atual do que com oconhecimento dos anos 1900. (p.12)

Como as pessoas de seu tempo, e os autores dos livros de história, não apreciavamWitmer, ele não foi incluído desde o começo. Com o passar do tempo, os livros dehistória são escritos baseados nos livros de história anteriores. Foi somente na últimadécada que Lightner Witmer começou a ser reconhecido por suas contribuições para aPsicologia e a educação. Ele realmente é um herói esquecido da Psicologia. (p. 12, 13)

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