As Ciências Farmacêuticas e a Pesquisa Clínica Hermoso - As... · O Que é Pesquisa Clínica?...

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As Ciências Farmacêuticas e a Pesquisa Clínica 4ª Jornada de Ciências Farmacêuticas UEZO 26 de maio de 2015 Maria Hermoso (VPPLR/Fiocruz)

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As Ciências Farmacêuticas e a

Pesquisa Clínica

4ª Jornada de Ciências Farmacêuticas

UEZO

26 de maio de 2015

Maria Hermoso (VPPLR/Fiocruz)

Introdução – Pesquisa clínica

A pesquisa clínica no Brasil

O papel do profissional farmacêutico

Desenvolvimento de un novo

medicamento

Desenvolvimento de un novo

medicamento

O Que é Pesquisa Clínica?

Pesquisa - processo formal e sistemático que visa à produção, ao avanço do conhecimento e/ou à obtenção de respostas para problemas mediante emprego de método científico;

Pesquisa envolvendo seres humanos - pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos;

CNS 466/2012

O Que é Ensaio Clínico?

Documento das Américas

O Que é Pesquisa Clínica?

Pesquisa Clínica - Qualquer investigação em seres humanos, envolvendo intervenção terapêutica e diagnostica com produtos registrados ou passíveis de registro, objetivando descobrir ou verificar os efeitos farmacodinâmicos, farmacocinéticos, farmacológicos, clínicos e/ou outros efeitos do(s) produto(s) investigado(s), e/ou identificar eventos adversos ao(s) produto(s) em investigação, averiguando sua segurança e/ou eficácia, que poderão subsidiar o seu registro ou a alteração deste junto à ANVISA.

Os ensaios podem enquadrar-se em quatro grupos: estudos

de farmacologia humana (fase I), estudos terapêuticos ou profiláticos de exploração (fase II), estudos terapêuticos ou profiláticos confirmatórios (fase III) e os ensaios pós-comercialização (fase IV).

ANVISA: Resolução RDC nº 39, de 05 de junho de 2008 Art. 8º, XVIII

Fase I

É o primeiro estudo em seres humanos em pequenos grupos

de pessoas voluntárias, em geral sadias para um novo

princípio ativo, ou nova formulação. Nessa etapa, busca-se

conhecer a tolerância e o metabolismo do medicamento.

Trata-se de estudos de farmacologia clínica, nos quais se

busca avaliar as características de segurança e o perfil

farmacocinético e quando possível, um perfil

farmacodinâmico. Para isso, voluntários sadios recebem

doses crescentes da nova substância. Essa etapa envolve

habitualmente entre 20 a 50 indivíduos.

Fase II

Os estudos controlados em pacientes são para

demonstrar eficácia potencial da medicação e

constituem a primeira administração do novo

medicamento a pacientes voluntários,

geralmente 50 a 300. Tem por objetivo indicar o

potencial terapêutico e os eventos adversos,

além de sugerir as relações de dose/resposta

que servirão de antecedentes para os ensaios

terapêuticos mais definitivos.

Fase III

Incluem-se estudos multicêntricos, envolvendo

no mínimo 250 indivíduos, (usualmente mais de

1000), avaliando a eficácia da droga comparada

com placebo ou o tratamento referência.

Exploram-se, ainda, nesta etapa a segurança o

tipo e perfil das reações adversas mais

frequentes, assim como características especiais

do medicamento e/ou especialidade medicinal,

interações clinicamente relevantes, etc.

Fase IV

Os estudos são conduzidos após o registro e

comercialização do medicamento. Tem por

objetivo detectar incidência de reações

adversas pouco freqüentes ou não esperadas

(vigilância pós-comercialização).

Biodisponibilidade/Bioequivalência

Biodisponibilidade – indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina.”

Bioequivalência – consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio (s) ativo (s), e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental;*

Produto Farmacêutico Intercambiável – equivalente terapêutico de um medicamento de referência, comprovados, essencialmente, os mesmos efeitos de eficácia e segurança;

Boas Práticas Clínicas As Boas Práticas Clínicas (BPC) constituem um padrão de

qualidade cientifica e ética internacional para o desenho, a

condução, o registro e o relato de estudos clínicos,

envolvendo a participação de seres humanos e de acordo

com os princípios que têm sua origem no código de

Nuremberg (1947) e na Declaração Helsinque* (1948), Tokyo

(1975), Veneza (1983), Hong Kong (1989) e a Declaração

Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, entre outras.

Princípios das BPC

Autonomia

Não maleficência

Beneficência

Justiça

* Brasil não é signatário das duas últimas

versões (Seul/2008) e Fortaleza (2013)

História das Boas Prácticas

Clínicas

• Declarações éticas

• Boas Práticas de Laboratório (BPL)

• ICH/GCP

• Documento das Américas

• Instrução Normativa (IN) 04: orienta as

inspeções em BPC

Princípios das BPC

Os ensaios clínicos devem ser conduzidos apenas se os

benefícios antecipados para o indivíduo sujeito da

pesquisa e para a sociedade ultrapassarem claramente

os riscos envolvidos;

Embora o benefício dos resultados do ensaio clínico para a

ciência e a sociedade sejam importantes e devem ser

considerados, as considerações mais importantes são as

relativas aos direitos, segurança e bem-estar dos sujeitos

de pesquisa;

Um ensaio clínico deve ser conduzido em consonância

com o protocolo que recebeu aprovação/opinião favorável

anteriormente por parte da comissão de revisão institucional

(CRI)/comitê independente de ética (CEI);

Princípios das BPC

A aprovação de ensaios clínicos depende de

informações não-clínicas adequadas e,

quando aplicável, de informações clínicas dos

produtos em investigação.

Os ensaios clínicos devem ser cientificamente

sólidos e descritos em protocolos claros e

detalhados;

Deve-se obter o consentimento informado

dado livremente por cada sujeito antes da

participação nos ensaios clínicos;

Princípios das BPC

Médicos qualificados (ou, se apropriado, dentistas qualificados) devem

ser responsáveis pelo atendimento médico dos sujeitos da pesquisa, bem

como para qualquer decisão médica tomada em seu nome;

Esses profissionais devem ser qualificados adequadamente por meio de

educação, treinamento e experiência para desempenhar suas tarefas

relativas ao ensaio clínico e aos sujeitos da pesquisa;

O registro, o manuseio e o armazenamento de todas as informações do

ensaio clínico devem ser apropriados para permitir o relato, a

interpretação e a verificação precisos do ensaio;

A privacidade dos registros que poderiam identificar os sujeitos deve

ser protegida, respeitando a privacidade e as regras de privacidade, em

consonância com a(s) exigência(s) regulatória(s) aplicável(is);

Princípios das BPC

Os produtos em investigação devem ser

manufaturados, manejados e armazenados de

acordo com as boas práticas de fabricação

(BPF) aplicáveis e devem ser usados em

consonância com o protocolo aprovado;

Devem ser implementados sistemas com

procedimentos que assegurem a qualidade de

cada aspecto do ensaio clínico.

Introdução – Pesquisa clínica

A pesquisa clínica no Brasil

O papel do profissional farmacêutico

Mercado brasileiro de

medicamentos

Dez maiores empresas = 42% do mercado =

US$ 26 bilhões em 2011.

2003 – 2011

Crescimento > 20% a.a.

Participação laboratórios nacionais de 32,5% para

mais de 50%1.

IMS Health (2012)

Investimento em P&D no Brasil

vs. Mundo

Setor farmacêutico brasileiro crescimento >

média da indústria

Participação do mercado farmacêutico brasileiro

no mundo = 2,5%

Participação do setor farmacêutico brasileiro no

total de investimentos em pesquisa clínica <

0,4% 1

1. Interfarma (2010)

Brasil

Destino preferencial para ensaios clínicos na

América Latina

Mercado brasileiro de testes clínicos em 2010 =

US$ 320 milhões1

1.GBI Research (2011)

Vantagens do Brasil

Facilidade no recrutamento de pacientes

Cultura ocidental

Um só idioma

Centros urbanos estruturados, com grande densidade

populacional.

Boa relação médico - paciente = taxa de adesão ao protocolo

Empenho com a qualidade dos dados clínicos

Profissionais qualificados

CROs e centros de pesquisa clínica com infraestrutura

adequadas

Introdução – Pesquisa clínica

A pesquisa clínica no Brasil

O papel do profissional farmacêutico

O papel do farmaceûtico

RESOLUÇÃO CFF Nº 509 DE 29 DE JULHO DE

2009

Ementa: Regula a atuação do farmacêutico em

centros de pesquisa clínica, organizações

representativas de pesquisa clínica, Indústria ou

outras instituições que realizem pesquisa clínica.

Artigo 3º - É atribuição privativa do

farmacêutico atuante em pesquisa clínica:

I – Zelar pelo cumprimento da legislação sanitária e demais

legislações correlatas, orientando quanto às adequações

necessárias para o cumprimento das normas relativas ao

recebimento, armazenamento e dispensação de

medicamentos e produtos para saúde;

II – Supervisionar e/ou definir a adequação da área física,

instalações, e procedimentos do local de armazenamento e

dispensação de medicamentos e produtos para saúde;

III – Atuar de maneira efetiva no armazenamento,

dispensação, preparo e transporte de medicamentos e/ou

produtos para saúde destinados a estudos clínicos.

Artigo 5º - Deve ainda o farmacêutico

atuante em PC:

I – Assessorar a empresa no processo de

regularização do local de armazenamento e

dispensação de medicamentos e/ou produtos para

fins terapêuticos em órgãos profissionais e sanitários

competentes;

II – Treinar os recursos humanos envolvidos, com

fundamento em procedimentos estabelecidos na

legislação vigente e nas Boas Práticas Clínicas,

mantendo o registro dos treinamentos efetuados.

III – Elaborar procedimentos e rotinas para: IN

4/2009 (orienta as inspeções em BPC)

Artigo 5º - Deve ainda o

farmacêutico atuante em PC:

IV) - Participar da elaboração dos documentos concernentes

aos centros de pesquisa clínica e à pesquisa clínica,

referentes a estudos pré-clínicos e clínicos, em conformidade

com a legislação vigente:

a) Dossiê de submissão para anuência em pesquisa clínica e

para obtenção do comunicado especial (CE) para a realização

de pesquisa clínica com medicamentos em território nacional;

b) Protocolo de pesquisa clínica;

c) Documentos do âmbito regulatório;

d) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;

e) Metodologia de pesquisa clínica.

Artigo 5º - Deve ainda o

farmacêutico atuante em PC:

V) – Participar dos comitês de ética em pesquisa

clínica.

VI) – Participar do projeto de pesquisa clínica

como pesquisador responsável ou como

colaborador quando for o caso.

Artigo 6º

Artigo 6º - É privativa do farmacêutico a

responsabilidade técnica pelo local de

armazenamento e dispensação de

medicamentos e produtos para saúde utilizados

em estudos clínicos de todas as instituições que

realizem pesquisa clínica com medicamentos

e/ou produtos para saúde.

RECURSOS HUMANOS EM

PESQUISA CLÍNICA

Investigador principal

Especialistas em pesquisa clínica

Subinvestigador

Diretor de pesquisa

Assistente de pesquisa

Coordenador de estudos

Enfermeira

Enfermeira coordenadora de

Técnicos de laboratórios

Assistentes e auxiliares de Enfermagem

Administradores financeiros

Gerente de dados

Estatístico

Técnico de pesquisa

Farmacêutico

Epidemiologistas

Monitores de pesquisa

Pesquisa clínica: oportunidades

Área em continuo crescimento

Qualificação

Plano de carreira

Oportunidade de trabalhar em vários tipos de

instituições e empresas

Conhecimento científico

Salários e benefícios

Referências bibliográficas

RESOLUÇÃO CNS Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012.

RESOLUÇÃO-RDC ANVISA Nº 39, DE 5 DE JUNHO DE

2008

Boas Práticas Clínicas: Documento das Américas (IV

CONFERÊNCIA PAN-AMERICANA PARA HARMONIZAÇÃO DA

REGULAMENTAÇÃO FARMACÊUTICA. República Dominicana. 2-4 de Março de

2005)

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 4, DE 11/05/09

RESOLUÇÃO CFF Nº 509 DE 29 DE JULHO DE 2009

Obrigada!

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