As Origens Da Economia Política

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Texto sobre as origens da Economia Política - Resumo Belluzzo e Napoleoni

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  • AS ORIGENS DA ECONOMIA POLTICA O ponto de partida Filsofos, cientistas e livre-pensadores passam a reconhecer que os

    rudes temas da vida comercial no apenas possuem unidade, como tambm apresentam comportamento suscetvel de demonstrao cientfica, por meio de procedimentos metodolgicos peculiares.

    Juros, preos e taxa de cmbio questes que o desenvolvimento do comrcio e da produo tornara correntes so banhadas em uma infuso de procedimentos intelectuais oriundos da filosofia e da cincia humana.

    Se antes a controvrsia econmica confundia-se frequentemente com a defesa dos interesses pecunirios imediatos, agora, em meados do sculo XVIII, a respeitabilidade e iseno dos pensadores encontra-se acima de qualquer suspeita. Eram considerados pensadores, notveis e insuspeitos aos olhos de seus contemporneos, voltando os olhos para uma esfera da vida humana que at ento no merecera ateno sistemtica dos filsofos e cientistas: a reproduo da vida material e relaes entre homens em sociedades mercantis (disciplina de economia poltica).

    Desenvolvimento, nos sculos XVII e XVIII, do comrcio, da agricultura e da manufatura revolucionara as estruturas produtiva e social.

    Debate poltico e intelectual -> negcios pblicos e privados. Expresses da sociabilidade mercantil (juros, preos, taxas de cmbio,

    valor) impregnam a vida social corrente, definindo o estado dos negcios e prosperidade dos povos.

    Transformao dos temas da vida mercantil (e relaes de produo por eles expressadas) em objeto de conhecimento sistemtico, submetidos disciplina intelectual do racionalismo.

    Principais obstculos discusso das origens da economia poltica: - Nossa viso sobre o passado da cincia est irremediavelmente presa

    nos enfoques atuais. O risco de que tais divergncias venham a embaralhar o ordenamento, o estabelecimento de hierarquias, e inclusive a estipulao dos critrios de relevncia entre autores e ideias, nunca pode completamente ser afastado.

    - Natureza da cincia. Material analisado histrico, pois as manifestaes de relaes sociais mercantis, vinculadas ao mundo de produo material sofrem contnua transformao e tem sua vigncia datada. Reconhecer manifestaes remotas do pensamento no deve nos levar a deixar de caracterizar a economia poltica como um sistema datado, o que de antemo condiciona historicamente a discusso sobre o ponto de partida.

    - Natureza de uma cincia histrica em formao. Identificamos uma poca clssica entre 1780 e 1850 e uma poca ou corrente neoclssica, desde o final do sculo XIX. No entanto, por meio da historiografia do pensamento econmico, devemos caracterizar no uma escola ou perodo, seno os condicionantes da formao de um campo especfico e delimitado de especulao. Nosso juzo estar obrigatoriamente imbudo de uma noo de sistema, que, no entanto, ser aplicado cincia em formao; vale dizer, a autores e pensamentos anteriores constituio do sistema.

  • As razes da economia poltica - Razes filosficas: racionalismo e iluminismo Economia poltica como desdobramento da tradio da filosofia do

    direito natural (Locke, Hume). Economia veio se beneficiar do desenvolvimento das cincias naturais e do impacto destas sobre o conhecimento humano em geral. A aplicao da observao sistemtica e da experimentao no entendimento na natureza, com suas analogias mecnicas e fisiolgicas so logo transportadas para um objeto de conhecimento, a sociedade humana.

    Transposio do paradigma harmonicista, funcional e experimentalista das cincias da natureza para a atividade humana. Concebem a sociedade humana como um sistema, regido por leis.

    Origem em um amplo movimento filosfico, o jusnaturalismo, que tem um princpio metodolgico: o primado da razo. Jusnaturalismo: construo de uma tica racional separada definitivamente da teologia e capaz por si mesma, precisamente porque fundada finalmente numa anlise de numa crtica racional dos fundamentos, de garantir a universalidade dos princpios da conduta humana.

    A subordinao da ao humana s ideias de regularidade e causalidade, permite submeter as relaes econmicas ao causal reflexivo do racionalismo (homem econmico e natureza humana).

    Coliso com historicismo e postulao da existncia de leis universais de conduta para alm da histria.

    Subordinao das manifestaes da vida econmica s regras harmonicistas e a relaes de causalidade.

    Digresses sobre liberdade humana e legitimidade do poder (Hobbes, Locke, Rousseau) influenciam os economistas.

    Filosofia poltica jusnaturalista -> conciliar a abdicao ao estado de natureza com a liberdade, ou seja, a legitimidade do poder no interior da sociedade politica pactuada pelos homens.

    Economia poltica (encaminhamento positivo) -> sociedade humana complexa e cooperativa, que pressupe a coero estatal, ser no s uma sociedade de progresso e fartura para todos (Smith), como tambm uma sociedade cuja relao econmica bsica pressupe o exerccio da liberdade. Na sociedade econmica, o homem busca o benefcio privado, favorecendo a si prprio e coletividade. Obedecendo os institos da natureza promover o benefcio social.

    - Controvrsia sobre temas econmicos correntes Sculos XVII e XVIII -> a unificao dos espaos nacionais e a

    consolidao do poder central, bem como o crescimento do comrcio e das relaes internacionais, trouxeram tona questes relacionadas prtica comercial, s finanas do soberano e ao progresso das naes.

    Talvez o enquadramento histrico do debate econmico crescente seja o mercantilismo: um corpo integrado de polticas de estado, em defesa da riqueza nacional. Conjunto de polticas de Estado, uma ideologia nacional e um perodo de desenvolvimento econmico europeu. Pressupe estados constitudos e um poder central capaz de fazer face ao particularismo de guildas, corporaes e relaes agrrias feudais, favorecendo a criao de espaos econmicos nacionais, tendo em vista a produo de mercadorias.

  • Noo de: nao (unidade poltica) e a de riqueza (grandeza

    econmica). Supervit da balano comercial. O comrcio interno promove a produo e a circulao de mercadorias e, ao favorecer o progresso, eventualmente saldos para exportao; o comrcio internacional assegura tesouro (e riqueza).

    Interminveis rivalidades internacionais fomentam comparaes entre pases, e digresses sobre as causas do atraso e do progresso.

    Vrias ideias diferentes surgiram como uma teoria de fluxos internacionais de metais e mercadorias, protecionismo, diferenas de taxas de juros e polticas monetrias adequadas, liberar ou restringir o comrcio internacional de gros, exercendo reflexos sobre outros temas: renda da terra, nvel de salrios, relao entre salrios e preos, relao entre nvel de preos e renda da terra e esboo de uma teoria do valor-trabalho, modelos de equilbrio no fluxo internacional de mercadorias.

    - Liberalismo Economia politica proporcionou substrato cientfico a uma das consignas

    ideolgicas dominantes a partir de metade do sculo XVIII: o liberalismo. Grande parte do sucesso de Smith e Ricardo se deu por isso (Smith mas lembrando pela mo invisvel do que por suas digresses sobre o progresso dos povos, Ricardo pela teoria das vantagens comparativas e no pela abstrao do valor-trabalho.

    Constituio da economia em cincia conhecer para transformar. Iluminismo o homem senhor da natureza. Libertam-no de foras

    naturais anteriormente tidas como imutveis e dos princpios sobrenaturais que submetiam o fazer humano a uma tbua de mandamentos religiosos.

    Existncia de uma ordem natural x mudana proposio de polticas econmicas ativas. As medidas tomadas pelo governo seriam sempre corretivas; sempre aquelas que conduziriam a mquina econmica de volta ao equilbrio natural.

    Iluminismo -> Liberalismo -> existncia de leis econmicas naturais, cuja existncia o governo deveria esforar-se por preservar. Estado visto como condio de liberdade e progresso desde que no legisle contra as leis naturais.

    A sociabilidade humana no prescinde do Estado, mas de um campo especfico da ao humana a economia, o campo da produo, da troca e da riqueza onde regras naturais (e privadas), emanadas das leis naturais, conduzem a sociedade harmonia.

    Liberalismo -> ataque ao mercantilismo e as polticas mercantilistas que se opunham ao progresso e afirmao das leis naturais.

    Disciplina administrativa do bom governo, depois cincia da riqueza privada e comercial. A riqueza da nao passa a ser identificada riqueza privada, e os economistas passam a tratar, sobretudo, da produo de mercadorias.

    O liberalismo e o esprito cientfico herdado da tradio jusnaturalista abrem espao para que as questes econmicas sejam fundidas em uma cincia nova: a economia poltica.