Asa de murmúrios - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. · entendendo que as nossas vidas já...

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1 Viagem a Andara oO livro invisível Asa de murmúrios Vicente Franz Cecim

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Viagem a Andara oO livro invisível

Asa de murmúrios

Vicente Franz Cecim

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para onde te voltes

não estás

diz

Asa de murmúrios

para não esquecer que és alguém

onde não há ninguém

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Asa de murmúrios

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um dia ele chegou a Andara, era o Sem Nome e então nós o chamamos de

Sem Nome

mas ele cortou nossas cabeças para não o chamarmos Sem Nome

e nãoEusou

passou a se dizer a nós toda a sua presença que era mais uma Ausência de

tudo como nunca antes

então

o víamos passar em nossos sonhos rastejando sua Sombra Imensa que

cobria o Sol

todos os sóis

sobre nós

a perder de vista

se apagaram

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e começou para nós a Vida Escura

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com os dias passando mas os dias já não passavam mais aquelas noites que

vieram havendo se tornado agora uma Treva sem fim fomos

entendendo que as nossas vidas já não eram Iluminadas antes dele chegar

e o nãoEusou

onde mais haveria de se sentir em casa senão na Penumbra em que

vivíamos entre ser de claridade e a escuridão de não ser

isso foi o que o chamou

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é

foi isso

foi

um de nós dizia eu avisei acendam as luzes acendam as luzes

foi isso

dizíamos

nos dizendo

é

foi os outros concordassem mas

não eram os nossos corpos que falavam eram Elas Lá

pois o nãoEusou lançara todas no Abismo

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ah se houvéssemos acendido as luzes

ah se houvéssemos

aquelas vozes

distantes

e as nossas cabeças falavam e falavam e livres dos corpos sempre de costas

para si mesmos agora olhavam em todas as direções

pois haviam recebido um Dom oh

e que Dom fosse Esse

o de poder ver toda a Vida do fundo do Abismo

agora lançadas nessa Graça

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doada pelo nãoEusou

havia todo o Circulo do horizonte ao redor delas para agora sim verem

girando velozmente

e por trás dele o circulo da Noite Imensa trazida pelo nãoEusou

onde quem sabe vissem o que já não víamos as estrelas antes a perder de

vista e agora todas apagadas devêssemos ser gratas por isso se dizendo

umas às outras

é concordavam

devíamos ser gratas ao nãoEusou

pois agora podemos ver tudo como nunca antes

sim Agora podemos elas

se diziam

e dançavam no Abismo Fundo

e cantavam no Abismo profundamente canções profundas de Gratidão

solenemente

dançando no Lá

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enquanto nossos corpos aqui nós ouvíamos suas vozes

vindo do fundo de nós

do Abismo

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ora

como pudesse ser isso

se agora sendo só os nossos corpos vagando na Tristeza o que restara isso

de ver a Dança das nossas cabeças girando

de mãos dadas oh víamos as mãos dadas Lá no abismo Profundo

e esse outro isso ouvir aqueles Cantos sem os nossos ouvidos

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é

isso um de nós se dizia sua Voz Escura só agora o meu corpo o que restou

ah se houvéssemos acendido as luzes

ah se houvéssemos

uns Lamentos

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e do Abismo

as nossas cabeças vissem os nossos corpos chorando se contorcendo

no escuro

como se dançassem

mas não dançávamos

elas dançassem quem sabe o que dá nas cabeças quando ficam livres dos

corpos

elas dançando no Abismo profundo

e cantavam no Abismo profundamente canções profundas de Gratidão

solenemente

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foi quando o Osso Pai nos abandonou

e se deu o Desmoronamento

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e depois cada vez mais então tudo se dando em Se

nossa vida se tornando vida de Hipóteses Escuras cada vez mais

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agora sejamos o Fosse nos dizíamos

é sejamos

nos dizendo

estamos na Noite do Fosse Seria teria Sido

penetrássemos na vida por uma Fenda entre o Sido e um Sendo o que não

era mais

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e veio

O Desmoronamento

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o Osso Pai nos abandonou

de vez

ah se o Osso Pai nos abandonar se dará o Desmoronamento os nossos ossos

sabiam e temiam um Acontecimento de Ruínas

ah as recém-nascidas vertebrazinhas em nós se chegando aos nossos ossos

mais antigos buscando amparo

e o Desmoronamento se deu

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partindo o Osso Pai

pelo menos os outros fiquem

nos dizíamos

consolávamos as nossas recém-nascidas vértebras

mas não foi assim que se deu

pois todos os nossos ossos se foram com ele sigamos o Osso Pai

se diziam

é sigamos

aquela Tristeza se afastando ouvíamos cada vez mais longe as suas vozes

de ossos e então após as Danças um novo Canto das nossas cabeças

vindo

nos dissemos Elas tenham descoberto as fontes da Alegria

Lá no Abismo

e esse canto seja Celebração

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ah

só quando as nossas carnes se desfazendo se transformando em águas

que

a Terra bebia e tanta era a Sede daquele Deserto com um Abismo no

Centro em que agora estávamos

ah

só quando as nossas carnes

fossem as nossas carnes se tornando a água que a Terra bebia para ir se

tornar a Fonte da Alegria

entendíamos

as nossas cabeças as havendo chamado do fundo do Abismo

para serem

que força tinham aquelas cabeças livres de corpo agora Puras Esferas e nós

aqui nessa Noite de Hipótese neste Deserto em que nãoEusou fosse Fenda

da vida entre o Sido e um Sendo o que não Era mais

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pelo menos isso

nos dizíamos pelo menos

é

nos dizíamos

pelo menos nossas carnes indo novamente se reunir às nossas cabeças

que nossas Cabeças nos amparem que Elas as Esferas no Abismo nos

amparem gritávamos

cheios de silêncios em nossa Ausência cada vez mais de tudo

pois já sem o Amparo do Osso Pai

e nossos ossos todos também havendo partido

e nossas carnes de águas indo

ah as sedes da Terra

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nossas cabeças cantassem pela chegada das águas das nossas carnes Lá

no Abismo

seus Cantos de Alegria

pelo menos

isso

pois os Cantos Solenes haviam cessado

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agora

do fundo da Terra

fossemos nós que rumorejássemos umas antigas Vozes Solenes

jorrando por entre as Raízes

indo

numa Agonia de sombras de terra

só nossas águas de sombra de terra por dentro da Sombra da Terra

para sermos a Fonte da Alegria de nossas cabeças no Abismo

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e do Fundo da Terra

rumorejando

oh

como queríamos que em nós nascessem Asas

para nos elevar

pois víamos sobre nos arvores dando Frutos em sonhos e

fundos de lagos cheios de afogados nos chamando como irmãos

mas

como haveriam de nascerem asas em nós sem as nossas omoplatas ah

pois houvessem partido com o Osso Pai todos os nossos ossos

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ah

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ó Dias Ausentes à tona

rumorejávamos entre Raízes

ó Ausência de Tudo submersa

rumorejávamos escurecendo ainda mais no Fundo da Terra

tragam para nós uma gota de luz ò Dias Ausentes

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e cada vez mais a Terra nos bebendo avidamente

como tinha Sede de nós aquele nãoEusou

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aquilo sim é que fosse o Sido Sendo

o que nos acontecia

e

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ó Abismos sem sementes quem colheu as Origens das coisas

ó Ausências Sombrias

e íamos jorrando rumorejando

entre raízes

em nós

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em nós foi quando vindo Aquela voz em nosso Escuro

que cada um ouvisse dentro de si

nos dizendo

Faz jorrar uma fonte de lágrimas dia e noite e não te dês descanso nem o

teu olho seque

e se dizendo

As minhas lágrimas se tornaram o meu pão dia e noite

e pedindo

Quem dará água à minha cabeça e aos meus olhos a fonte de água amarga

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ah

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como queríamos que em nós nascessem Asas ah nos elevar

rumorejando

no fundo da sombra da sede da Terra

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com o tempo

mas que tempo eu me dizendo Ó Sem Tempo

e que eu fosse eu

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S

ubmerso

em Si como um homem

esquecido pelas paisagen

S

E vagando

Como se um mundo Não existisse

Um mundo não

como um mundo Sim

E convivendo com Ausência e Sombra

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Quase deitado na linha do Horizonte, e sem temer a Lâmina, e com os pés

pisoteando estrelas:

dança,

mas não é O Dançarino

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quem sabe é só o Vento nos contando esta história

um de nós se disse

é quem sabe

quem sabe quem sabe

quem sabe

fossemos só Crianças no fundo da Terra ouvindo os Rumores da

Mãe

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é

estamos no Fundo da Mãe nos dizíamos

é

isso nos dizíamos

rumorejando

e os lençóis de água da Terra nos embrulhando

como filhos

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e um oh ao longe também um Rumorejar de Ossos

longe

pois ao longe ainda ouvíssemos as vozes dos nossos ossos partindo

seguindo

o Osso Pai

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chegassem

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descendo da Treva Pura que agora envolvia a Terra por todos os lados

uns ventos com Aves sem asas nascendo na escuridão daquela Treva Pura e

clarões

vimos a Imensa

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enquanto dos céus que não havia

o Clarão descendo

vindo iluminar nossas carnes de água onde esquecido o humano

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agora o Um em nós se elevasse nossas águas misturadas

a Gota Imensa o umano

e primeiro demos de beber aos minerais profundos

pois no fundo da Terra havia aquela Sede sem fim agora umanos sabíamos

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ó Sede Imensa

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dando de beber as nossas Carnes de Águas a tudo que tem sede no fundo da

Terra nossos rumorejares agora o Único Rumor

profundo ia ao encontro do Canto da Alegria do Abismo

onde nossas cabeças L

á

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Esferas

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o Silêncio que se fez

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pois vimos Sem Olhos a Imensa

Profundamente no fundo da Terra subia para os céus de Aves sem asas que

não havia

subindo

Aquilo

ainda mais belo que a Treva Pura que envolvia toda a Terra

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aqueles fossem passos do Osso Pai retornando

sem ossos

o humano havendo se cumprido em nós se enlevecendo o umanoh

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e vimos a Imensa

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ó Árvore de Negros Corais

ó Árvore de Negros Corais

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cantamos

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quando passas, em Si se esconde a Árvore

dos Negros Corais

tu passeias sem Clamor

quem sabe: Até cantes

e o Caminho não é longo

não colheste nenhum fruto,

mas os Corais vão contigo

e teus Passos vão deixando Rumor de treva e água profunda, pois

te seguem, Negros, os Corais

a Árvore dos Negros Corais

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ó Árvore de Negros Corais

quando passas em Ti

se esconde

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e então se abriu para nós o Caminho longo

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e fomos

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OoO

o

O

oO

Oo

OoO

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um dia ele voltará a Andara será o Sem Nome mas nós o chamaremos

nãoEusou

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e para Eles cantaremos com voz Una a Um ana

h

Um só Eu cantand

oO

na Noite das nutrições profundas

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Para nutrir o Lodo,

tu não escreves Tu

és o Livro

que se lança em todas as direções nas Regiões Escuras: Agora

oO Círculo

cintilante

que te envolve

E nos limites da Esfera,

se te voltas para te ver Fonte

que se jorra,

vê:

o Outro,

Água que no Centro da Esfera ainda Lá és tu de novo, murmurando:

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Tu

és o Livro na Areia,

que se lança: Chama

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vê:

o Outro,

Água que no Centro da Esfera ainda Lá és tu de novo, murmurando:

Fim de Asa de murmúrios

A Viagem a Andara não tem fim