ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler...

46
DIANA MARY GEISLER BRÜGGEMANN ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA Trabalho de Conclusão de Curso no Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Prof a . Dr a . Luciana Martins Saraiva. BIGUAÇU 2005

Transcript of ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler...

Page 1: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

DIANA MARY GEISLER BRÜGGEMANN

ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA

Trabalho de Conclusão de Curso no Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Profa. Dra. Luciana Martins Saraiva.

BIGUAÇU 2005

Page 2: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

2

IDENTIFICAÇÃO

ÁREA DE PESQUISA: Psicologia Clínica e da Saúde TEMA: Cardiopatia Congênita – Aspectos psicológicos TÍTULO DO TRABALHO: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA. ALUNA: Nome: Diana Mary Geisler Brüggemann Código de Matrícula: 02220786 Centro: CE Biguaçu Curso Psicologia Semestre: 7º ORIENTADORA: Nome: Luciana Martins Saraiva Categoria Profissional: Professora / Psicóloga Titulação: Doutora Curso: Psicologia Centro: CE Biguaçu

2

Page 3: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

3

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso às mães de crianças

com Cardiopatia Congênita do Hospital Infantil Joana de Gusmão –

Santa Catarina que me transmitiram muito aprendizado.

3

Page 4: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço profundamente à Professora Orientadora Luciana Martins Saraiva pelo

grande aprendizado decorrente da sua excelente formação teórica e prática, dedicação,

flexibilidade e firmeza com que orientou este meu processo com incansável ética na

linguagem empregada.

Agradeço aos Professores Henry Dario Cunha Ramirez e Cristiane Gik Machado por

terem aceitado o convite para participar da banca, disponibilizando o seu valioso tempo e

pelas contribuições em relação ao trabalho.

À minha família, muito especialmente ao meu marido, que direta e/ou indiretamente

colaboraram nesta minha conquista

4

Page 5: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

5

SIGLAS ABREVIADAS

HIJG -SC– Hospital Infantil Joana de Gusmão – Florianópolis/SC

CC – Cardiopatia Congênita

OMS – Organização Mundial da Saúde

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

E 1 – Mãe entrevistada no. 01 (um)

E 2 – Mãe entrevistada no. 02 (dois)

5

Page 6: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

6

RESUMO

A Cardiopatia Congênita (CC) é uma má formação anatômica e conseqüentemente funcional

que, após o diagnóstico desencadeia muita insegurança e ansiedade no cardiopata e em toda

sua família. Neste encaminhamento, esta pesquisa, com método qualitativo e a técnica de

análise de conteúdo, objetivou identificar os aspectos psicológicos presentes em famílias de

criança com CC, conhecer suas dificuldades e compreender como lidam com esta situação.

Com o discurso de duas (2) famílias, representadas por duas (2) mães, foi possível formular

como resultado oito (8) categorias que são: 1) Identificação da doença com medos e defesas;

2) Limitações impostas pela doença; 3) Enfrentamento da doença: com tristeza e frustrações;

4) Alteração da rotina; 5) Tratamento da doença; 6) Papel do pai; 7) Relação mãe-filho e 8)

Cardiopata e família. A partir dos resultados considera-se a necessidade de intervenções

psicológicas junto a estas famílias, no sentido de, instrumentá-las com melhores recursos para

dar um apoio de qualidade a seu filho cardiopata.

PALAVRAS-CHAVE: Cardiopatia Congênita; Aspectos Psicológicos; Família.

6

Page 7: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................10 2.1 CONCEITO........................................................................................................................10

2.2 CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DA CRIANÇA COM CARDIOPATIA

CONGÊNITA ..........................................................................................................................11

2.3 FAMÍLIA...........................................................................................................................12

2.4 HOSPITALIZAÇÃO.........................................................................................................13

2.5 VÍNCULO..........................................................................................................................14

2.6 ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO..........................................................................................15

3 A PESQUISA.................................................................................................17 3.1 CATEGORIAS................................................................................................................. 18

3.2.ANÁLISE DAS CATEGORIAS.......................................................................................19

3.3 REFLEXÕES SOBRE AS CATEGORIAS.......................................................................22

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................29

5 REFERÊNCIAS.............................................................................................32

6 APÊNDICES....................................................................................................................35

7

Page 8: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

8

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em países em desenvolvimento

como o Brasil, a incidência de Cardiopatia Congênita (CC), é de uma em cada cem crianças

(1/100), portanto, algo não raro. A manifestação desta má formação se efetiva desde casos

considerados mais complexos que levam ao óbito, passando por outros em que somente

recursos paliativos são empregados, até as situações onde a correção cirúrgica se faz possível,

oportunizando uma maior sobrevida.

Um diagnóstico de CC ocasiona muita insegurança e ansiedade por parte das crianças e

seus familiares. A criança pode apresentar insegurança, ansiedade e a fantasia de estar sendo

castigada. A família vivencia a situação com frustração, culpa e rejeição, utilizando

mecanismos defensivos para lidar com seus sentimentos (RATHSAM e FRANCÉ, 1995).

A CC ao fazer parte do contexto familiar acaba interferindo nas relações entre todos os

seus membros. A assistência psicológica aos familiares é de fundamental importância, uma

vez que a família é a estrutura de apoio e oferece suporte emocional ao doente. É necessário

compreender como a doença se insere no contexto familiar e o papel que o doente

desempenha na família, e como esta se organiza a partir de tal evento. O reconhecimento das

necessidades dos familiares é assunto freqüente na literatura e entre as necessidades mais

importantes encontram-se a informação e estratégias de enfrentamento para lidar com

dificuldades impostas pela doença.

Considerando os itens expostos, este trabalho propôs identificar quais os aspectos

psicológicos presentes nas famílias de crianças com CC do Hospital Infantil Joana de Gumão-

Florianópolis/SC (HIJG-SC), conhecer as dificuldades presentes e compreender como estas

famílias lidam com a situação instalada.

Foi utilizado o método qualitativo e a técnica da análise de conteúdo (BARDIN, 1991)

na avaliação e compreensão das informações dadas pelas famílias de como é terem um

portador de CC. O interesse, na análise de conteúdo, não reside na descrição dos conteúdos,

mas sim o que os participantes poderão nos ensinar após estes conteúdos informados serem

tratados. O resultado desta pesquisa permite que profissionais da área da saúde possam

8

Page 9: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

9

desenvolver ações que promovam intervenções e educação à família, auxiliando pai e mãe a

enfrentarem juntos a doença de seu filho interferindo positivamente no tratamento do doente.

9

Page 10: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONCEITO DE CARDIOPATIA CONGÊNITA

A cardiopatia congênita (CC) é uma má formação que pode atingir todas as estruturas

do coração. Entre elas a “ectopia cordis”, uma alteração da localização do coração; a

“dextrocardia”, alteração de orientação; a “mesocardia” correspondente a localização mediana

do coração e podem ainda existir alterações nas cavidades cardíacas entre si, com os grandes

vasos, aorta e artéria pulmonar (CURSO, 2005). Quando sobrevivem ao primeiro ano, as

crianças encontram-se expostas à progressão de riscos como: hipodesenvolvimento físico,

redução da capacidade física, hipertensão arterial pulmonar, fibrose e disfunção miocárdica,

acidentes vasculares cerebrais, trombose vascular e acidentes hemorrágicos (CURSO, 2005).

Em sua grande maioria, a causa específica da anormalidade cardíaca é desconhecida,

porém fatores tais como: substâncias ambientais (irradiações), fatores químicos (ácido

retinóico, anfetaminas, talidomida), fatores metabólicos (diabetes materno), fatores imunes

(doença auto imune da mãe) e agentes infecciosos (rubéola, varíola, citomegalovirus) são

considerados como prováveis desencadeadores. Por outro lado, 25% dos gêmeos idênticos já

foram constatados terem ambos anormalidades cardíacas (CURSO, 2005). E finalmente

estudos recentes têm apontado os métodos de fertilização artificial como responsáveis pelas

más formações congênitas em crianças prematuras de baixo peso (SIQUEIRA, 2004).

Com o objetivo de facilitar a identificação dos mecanismos desencadeadores da CC,

temos dois grupos: as cardiopatias acianóticas e as cardiopatias cianóticas. As cardiopatias

acianóticas são as que produzem obstrução às cavidades ventriculares, as que produzem

regurgitação (insuficiência valvular) e as que produzem “shunt” do lado esquerdo par o lado

direito do coração. Por sua vez, as cardiopatias cianóticas são consideradas com grau maior de

complexidade, uma vez que cursam com hiperfluxo pulmonar, e têm como alteração à mistura

do sangue venoso ao sangue arterial. É preciso considerar também que a estenose pulmonar

pode favorecer a passagem do sangue venoso do átrio direito para o átrio esquerdo produzindo

cianose (CURSO, 2005).

A especificidade da CC entre as cardiopatias, com as más formações anatômicas e

conseqüentemente funcionais, aparecem no nascimento ou logo a seguir, produzindo

10

Page 11: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

11

experiências estressantes típicas para o cardiopata e sua família. Esta cardiopatia desenvolvida

durante a formação do feto, tem como única solução, em alguns casos, a cirurgia, devendo ser

efetivada precocemente envolvendo procedimentos invasivos para o diagnóstico, como uso de

cateter, cirurgia e hospitalização, acarretando ainda insuficiência circulatória crônica ou

aguda. Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação da personalidade, tendo

a família como seu suporte, mais precisamente a figura da mãe em nossa cultura

(GIANNOTTI, 1996).

Com os avanços da ecocardigrafia diagnóstica que oferecem dados mais precisos que o

diagnóstico anatômico, tem sido possível aplicar programas de tratamento tais como o uso de

substâncias farmacológicas, uso de cateter e intervenções cirúrgicas contribuindo na melhora

do índice de mortalidade para os recém nascidos com doença cardíaca, sendo a cianose o

evento de maior ameaça à integridade física da criança (FLANAGAN M.F., FYLER

DONALD C., 1999).

2.2 CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DA CRIANÇA COM CARDIOPATIA

CONGÊNITA

A criança com CC é insegura e ansiosa, fundamentalmente por viver situações e

ambientes desconhecidos e também da separação que faz dos seus pais, dando margem a

fantasias de estar sendo castigada, quando hospitalizada (MELO FILHO e BURD, 2004). Até

porque, seus recursos para administrar situações necessárias ao processo de seu tratamento

neste momento são precários dificultando o enfrentamento de situações geradoras de angustia.

(RATHSAM e FRANCÉ, 1995). Como conseqüência da educação que recebem no ambiente

familiar, em sua grande maioria (acima de 70%), os cardiopatas apresentam-se com baixa

auto-estima, com deteriorada auto-imagem, impulsos auto-destrutivos (tentativas de suicídio)

e se percebem rejeitados pelos pais. Apresentam padrões emocionais regressivos, sendo a

maioria, excessivamente ligados e dependentes dos pais, principalmente das mães, fato que

dificulta a separação na ida à escola, por exemplo (GIANNOTTI, 1996).

Os cardiopatas adultos, não sabem tomar decisões, desistindo facilmente de

iniciativas que os levem a construir autonomia. Apresentam dificuldades de tolerar frustrações

11

Page 12: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

12

não conseguindo postergar desejos, reagindo com um grau acentuado de hostilidade em

relação às pessoas que não atendam suas solicitações imediatas, manipulando e utilizando-se

da cardiopatia para obterem vantagens. Expressam excessiva insegurança e ansiedade, não

confiando em si e nos relacionamentos interpessoais e com suscetibilidade excessivamente

alerta com relação ao que os outros pensam deles (GIANNOTTI, 1996).

Quanto à produtividade, a maioria dos cardiopatas não estuda além dos doze anos de

idade, e também não ocupam nenhuma atividade produtiva (serviço prestado a comunidade)

configurando perturbações de ordem psíquica. Estas características, nos casos de correção

cirúrgica, permanecem as mesmas até a idade adulta oportunizando invalidez psicológica,

sendo que, apenas 20% dos casos não apresentam estas alterações psíquicas (GIANNOTTI,

1996).

2.3 FAMÍLIA

WINNICOTT, (1999), ao expor sobre a relação dos bebês e suas mães em situações

normais, enfatiza as mães como grandes especialistas em relação aos cuidados com seu bebê,

considerando ser prejudicial a interferência de médicos e enfermeiras quanto a orientação do

que fazer ao amamentar, comunicar e segurar o filho. Bastante diferente parece ser quando

uma criança nasce com uma má formação como é o caso da CC, onde a frustração dos pais é

intensa. Mascarando sentimentos de culpa e rejeição por não entenderem o que aconteceu, os

pais se agridem mutuamente e o pai, com mais ênfase, demonstra seu desapontamento frente

às expectativas frustradas em relação ao filho. Independentemente destes fatores é preciso

salientar que a criança se sente mais segura, fundamentalmente com a proteção dos pais,

sendo de extrema relevância uma orientação psicológica no sentido de conscientizá-los para

tal empreendimento (RATHSAM e FRANCÉ, 1995).

Em função dos sentimentos disfarçados sob a forma de superproteção, os vínculos com

os filhos cardiopatas apresentam-se comprometidos, ainda que proporcionalmente ao grau da

má formação, mesmo em situações corrigíveis com cirurgia (LAMOSA, 1990).

Na grande maioria, pais e mães superprotegem seus filhos cardiopatas mascarando a

hostilidade e a culpa satisfazendo todas as vontades destes, onde os filhos são o centro das

12

Page 13: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

13

atenções da família. A abnegação por parte de algumas mães, ainda que não expressada

verbalmente, é justificada inúmeras vezes pelo não agravamento da cardiopatia, pois,

pressupõem que o estado emocional piore o clínico. Outras, educam seus filhos sem quaisquer

investimentos em relação ao futuros dos mesmos. Quanto aos pais, sentem-se muito culpados

quando abandonam o tratamento e principalmente, se este fato impossibilita a cirurgia em

tempo hábil (GIANNOTTI, 1996).

Os pais, inclusive, percebem seus filhos cardiopatas como inferiores, diferente dos

demais, considerando não serem capazes de tolerar frustrações, emoções, assumir

responsabilidades, serem produtivos, terem vida sexual normal, casar e gerar filhos.

Observou-se ainda, que os pais limitam o crescimento e autonomia do filho cardiopata, sendo

que todas as iniciativas neste direcionamento são desencorajadas, mesmo em idade adulta.

Vale ressaltar que os pais não dialogam com seus filhos sobre a cardiopatia, com a

desculpa de não preocuparem os mesmos, e a hostilidade sentida aumenta paralelamente à

idade do filho, independendo do grau da doença e se o problema já se encontra sanado ou não

(GIANNOTTI, 1996).

2.4 HOSPITALIZAÇÃO

A criança hospitalizada, muitas vezes perde sua identidade em situações impostas pelo

ambiente hospitalar, pela violência física com os processos médicos e psicológicos, com o

afastamento dos entes queridos, principalmente da mãe, e isto a leva a perceber, em última

instância, como um castigo a ser vivido (ANDERS, 1999).

É possível minimizar as conseqüências da hospitalização, através da assistência aos

familiares, prioritariamente às mães, uma vez que tem-se percebido as mesmas como de

fundamental importância no processo de recuperação da criança com CC (ANDERS, 1999).

Por outro lado, vale registrar que o excesso de hospitalização e conseqüente falta às aulas,

agravam por sua vez, o desenvolvimento cognitivo da criança (FAVARATO, 1990).

Em sua tese de mestrado “Hospitalização Infantil: estudo das interações família-equipe

hospitalar” CREPALDI (1989), defende a família como “ares no atendimento” à criança

hospitalizada, notadamente com até cinco (5) anos de idade, fase que dispõe de menos recurso

para o enfrentamento de tal situação. Salienta o posicionamento de profissionais que se opõe a

13

Page 14: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

14

este acompanhamento e as dificuldades encontradas onde este acompanhamento é efetivo.

Continua a autora que a hegemonia do profissional médico, não rara vezes, dificulta o bom

atendimento e comunicação com a família da criança hospitalizada.

2.5 VÍNCULO

No que diz respeito a superproteção dos pais como disfarce ao sentimento de culpa,

este pode expressar-se também na dificuldade de vinculação fortalecida pela angústia de não

saber lidar com a situação (RATHSAM e FRANCÉ, 1995). A possibilidade de criação do

vínculo afetivo pode não se efetivar face à situação frustrada da expectativa do filho perfeito,

construída quando do período da gestação, das características da má formação, de risco de

vida, do comprometimento para o desenvolvimento da criança e do caráter hereditário ou não.

É preciso considerar, no entanto, que há diversidade com relação as reações paternas

(FAVARATO, 1990).

Por outro lado, o vínculo tendo início antes mesmo da criança nascer, e uma vez

efetivado, oportuniza a possibilidade da separação mãe-bebê, geradora de autonomia, pois,

sentindo-se então segura, a criança tenta iniciativas avançando no seu processo de

desenvolvimento (BRAZELTON, 1998).

É preciso, portanto, que o vínculo se efetive o mais cedo possível, até porque na falta

deste, os bebês são considerados vulneráveis, favorecendo a superproteção. Vale lembrar,

ainda que, as mães freqüentemente esperam algo de ruim com o seu filho e quando isto se

concretiza, o sentimento de superproteção é imediato. Há, portanto, necessidade de alguns

fatores para que tal vínculo se organize: a mãe deve ter um tempo com esta criança, ter

contato de olho no olho, convívio direto durante o stress da amamentação, aconchegar e ser

receptáculo para este bebê. Caso contrário, uma vez instalada a superproteção, fica

prejudicada a autonomia do mesmo (BRAZELTON, 1998).

SCHWENGBER e PICCININI, (2005) em pesquisas sobre “interações iniciais mãe-

bebê” e “depressão materna e interação mãe-bebê no final do primeiro ano” concluem que

quanto mais as mães consideram seus bebês, mais se comunicam com eles. Inversamente.

mães com depressão expressam menos afeto. Tais fatos foram percebidos em gestos como:

14

Page 15: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

15

pressa no tocar, olhar e amamentar o bebê, ficando conseqüentemente limitada a comunicação

com o filho. Desta maneira, mães depressivas corroboram com a não amamentação e atenção

da criança na manipulação com seus brinquedos.

2.6 ATUAÇÃO DO PSICÒLOGO

A atuação do psicólogo em atendimento hospitalar visa a avaliação e atendimento ao

paciente, à sua família e à equipe de saúde. Com relação ao paciente, dada às condições deste,

seu trabalho é a elaboração do seu processo de doença ajudando-o a fazer uso dos recursos

pessoais disponíveis. Aos familiares, orientá-los com relação a suas reações e às situações

vividas pela hospitalização e doença. No que se refere à equipe de saúde, orientar para que

sejam colocados em prática os procedimentos que contemplam o perfil psicológico dos

pacientes e familiares, sensibilizando os profissionais para os sentimentos vividos pelo

paciente e sua família (DIAS, BAPTISTA e BAPTISTA, 2003).

Dificuldades de várias ordens para as crianças são desencadeadas no período de

hospitalização (incluindo a cirurgia), e então a família se apresenta como agente maior de

proteção e esclarecimento no momento sobre o que vive e vai viver. Neste sentido, um

trabalho multidisciplinar incluindo o psicólogo é de fundamental importância. Com a criança,

usa-se o material lúdico que facilita a compreensão do que vem a ser a cirurgia da cardiopatia.

Já com a família, o trabalho é no sentido de dar-lhes todas as informações possíveis e lembrar

da importância do seu apoio para o filho, acolhendo-o em suas ansiedades. Desta maneira é

relevante facilitar o diálogo entre a família, acrescentado à equipe de saúde, e recorrendo-se

cada vez mais para atividades em grupos com famílias que vivem situações parecidas

(MELLO FILHO e BURD, 2004).

Vale enfatizar a importância do trabalho com a equipe médica, desenvolvendo com

estes em conjunto, um olhar para o bem estar psicológico no atendimento da criança e seus

familiares. Também, com os pais os esclarecimentos devem abranger aspectos não só da

hospitalização, como também da cirurgia e dos cuidados após a alta procurando minimizar a

15

Page 16: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

16

ansiedade. Com as crianças, sugere-se ainda o trabalho ludoterápico, favorecendo-as em

grupos ou individualmente, propiciando conhecê-las melhor e permitir que as mesmas se

expressem (medo, fantasias, etc) e ainda ter material para ajudá-las (FAVARATO, 1990).

É pertinente registrar também o trabalho desenvolvido por psicólogos na pediatria do

Hospital do Coração (SP), executado em dois momentos, em que o primeiro é com a criança

(normalmente junto com a mãe) para sondar até onde esta tem informações sobre seu estado.

Num segundo momento o trabalho (o mais extenso) é realizado com a família a partir de uma

entrevista com a mãe para entender a dinâmica familiar. Em seguida, convida-a a participar de

grupos de pais onde recebem todos as informações que buscam (dos períodos pré, peri e pós-

cirúrgico) minimizando seus medos, melhorando inclusive o vínculo entre a família e a equipe

multi-profissional. Observou-se com este trabalho uma mudança significativa na compreensão

dos sentimentos vividos pela família por parte da equipe de saúde (RATHSAM e FRANCÈ,

1995).

Uma abordagem psicoterápica contrapondo-se às técnicas educativas e informativas,

através de uma psicoterapia breve, focalizada, grupal ou individual, é recomendável. Esta

propicia a redução de conflitos em situações tais como: na elaboração da relação mãe e filho,

na elaboração do diagnóstico com a mãe em relação à sua culpa, na melhora da comunicação

com a família e equipe de saúde, na elaboração das angústias: de morte e pós-cirúrgico;

esclarece o paciente quanto ao seu rendimento escolar e auxilia o mesmo a tornar-se

futuramente produtivo; orienta os pais no estabelecimento de limites com seu filho cardiopata

e finalmente oportuniza o cardiopata a desenvolver uma maior consciência de si, para

progressivamente desenvolver autonomia (GIANNOTTI, 1996).

16

Page 17: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

17

3 A PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada nas dependências do HIJG-SC utilizando o método

qualitativo, sendo que a forma como se aprende e legitima conhecimentos está na relação

dinâmica entre o mundo real e o sujeito, ocorrendo uma interdependência entre o sujeito e o

objeto, há uma análise dos significados que os sujeitos dão as suas ações no meio em que

vivem e suas relações sociais. O pesquisador é parte fundamental que integra o

conhecimento, a partir de sua interpretação designando significados (CHIZZOTTI, 1998)

A pesquisa foi realizada com duas (2) mães, representantes das famílias de crianças

portadoras de CC, que são atendidas no ambulatório de cardiologia do HIJG-SC.

A coleta de dados ocorreu a partir de entrevistas semi-estruturadas, que foram então

transcritas de forma dialogada. com as duas (2) mães. As entrevistas aconteceram nas

dependências do HIJG-SC, mais precisamente no ambulatório que atende crianças com CC. A

equipe de saúde indicou duas (2) famílias com filhos portadores de CC que foram

entrevistadas conjuntamente pela pesquisadora e estando presente neste hospital, a

profissional em psicologia contratada, durante o horário e no local das entrevistas.

De posse das entrevistas, cujas informações foram obtidas por meio de relatos

dialogados e transcritos, os dados da pesquisa foram analisados segundo a técnica de análise

de conteúdo. O objetivo da análise de conteúdo consistiu em levantar as temáticas de maior

relevância para o estudo e posteriormente classificou-se a resposta dos sujeitos. O interesse, na

análise de conteúdo, não residiu na descrição dos conteúdos, mas sim no que as participantes

puderam ensinar após estes conteúdos informados serem tratados. “Análise de conteúdo é um

conjunto de técnicas de análise das comunicações que tem como objetivo obter, por

procedimentos sistemáticos e objetivos do conteúdo das mensagens, indicadores que

permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas

mensagens” (BARDIN, 19991, p.42). Foi realizada uma classificação em oito (8) categorias

dos diferentes elementos da percepção das famílias de crianças com CC sobre o fato de terem

em casa um filho cardiopata. Foi tomada em consideração a fatalidade desta percepção,

passando pelo crivo da classificação e do recenseamento segundo a freqüência da presença

(ou da ausência) de item de sentido. Após a análise das categorias foi possível obter como

resultado e identificação dos aspectos psicológicos presentes nas famílias de criança com CC

17

Page 18: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

18

no HIJG-SC. Com estes resultados será possível delinear diretrizes para que os profissionais

da área de saúde que lidam com o tema, possam desenvolver ações voltadas para o momento

pré e pós-cirúrgicos dos pacientes, interferindo positivamente no processo de recuperação dos

mesmos.

3.1 CATEGORIAS DESENVOLVIDAS

A essência das entrevistas, após análise de conteúdo, foi desenvolvida em oito (8)

categorias, as quais são apresentadas na Tabela I, a seguir:

TABELA I: Categorias desenvolvidas a partir das verbalizações das mães das crianças

CATEGORIAS

RELATOS DAS ENTREVISTADAS

1- Identificação da doença com medos e defesas

E1- “Ela tem cardiopatia, é de nascença e soube com três (3) meses mas que poderia ficar boa.” E2- “Ele tem cardiopatia, toda minha família tem e pensei que ia ficar sem ele.”

2- Limitações impostas pela doença

E1- “Fica cansada e não pode fazer nada.” E2- “Fica cansado e pára de brincar.”

3- Enfrentamento da doença: com tristeza e frustrações

E1- Não dá mais prá ir a igreja...” E2- “Agora tô fazendo o segundo grau em casa porque quero fazer a faculdade de Educação Física..”

4- Alteração da rotina

E1- “Sou merendeira na escola, mas quando ela interna, fico sempre com ela...” E2- “Na mercearia ou em casa, tá sempre comigo e quando interna, fico com ele...”

5- Tratamento da doença

E1- “Ela toma remédios, fica à tarde no oxigênio e as vezes interna e faz tudo que eu digo prá fazer.” E2- “Agora não toma remédio, tá sempre comigo e quando interna digo prá colaborar com os tios da UTI.”

6- Papel do pai E1- “O pai não é mencionado pela entrevistada.” E2- “Meu marido quando soube não acreditou, disse que estavam inventando.”

7- Relação mãe-filho

E1- “Ela nunca diz nada”. E2- “Acho que ele me acha engraçada.”

8- Cardiopata e família E1- “Ela gosta quando vão fazer visita e nunca reclama de nada”. E2- “Acho que ele nos acha uma família feliz”.

18

Page 19: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

19

3.2 ANÁLISE DAS CATEGORIAS

As mães das crianças com Cardiopatia Congênita (CC) apresentam-se, na Categoria 1:

Identificação da doença, cientes do termo cientifico da doença de seus filhos, agregado uma

certa racionalização como defesa, muito provavelmente para facilitar suas dificuldades iniciais

frente ao diagnóstico apresentado, fato salientado por (GIANNOTTI, 1996), em sua pesquisa

sobre “Efeitos Psicológico das Cardiopatias Congênitas”. Com esta racionalização, a

Entrevistada 1 (E1) e a Entrevistada 2 (E2) definem o que consideram ser a causa efetiva da

CC, sendo considerada como de nascença ou dos ascendentes: E1 “Ela tem cardiopatia, é de

nascença” e E2: “Ele tem cardiopatia, toda a minha família é cardiopata”, podendo-se pensar

serem estes os recursos para não assumirem culpas pela doença acometida pelos filhos, vindo

ao encontro de conteúdos relatados por (GIANNOTTI, 1996).

Ainda sobre a identificação da doença de seus filhos, as E1 e E2 pronunciaram

respostas diversificadas. A E1 “Soube com três (3) meses mas que poderia ficar boa”,

demonstrando tendência a uma defesa no sentido de considerar que apesar de saber o

diagnóstico, pensou em que pudesse ficar boa, fato mencionado e dirigido a responsabilidade

às diversas informações obtidas por médicos de diferentes estabelecimento de saúde. Neste

sentido (MELLO FILHO e BURD, 2004), expõem a importância de se facilitar a comunicação

entre os médicos e familiares com o objetivo de minimizar as ansiedades despertadas. No

discurso da E2 “foi um choque, pensei que ia ficar sem ele”, a dor transmitida foi fortemente

sentida. Segundo (GIANNOTTI, 1996), a principal razão de se sentir chocada está ligado ao

fato deste momento remetê-la ao diagnóstico de morte eminente. A entrevistada expressa,

ainda, que toda a sua família (pais, tios e ela mesma) é cardiopata, e que foi muito difícil este

momento.

Considerando que as cardiopatias têm na cirurgia a solução mais freqüente, os

pacientes acometidos aguardam o momento oportuno para intervenção com acompanhamento

clínico e junto a seus familiares cuidadores. Neste período de espera as mães cuidadoras

exageram o comprometimento de seus filhos, estendendo-os para áreas e funções não

atingidas pela doença, fato também reforçado por (GIANNOTTI, 1996), e expressado pelas

mães: E1 “Fica cansada e não pode fazer nada”, e E2 “Fica cansado e pára de brincar”,

visto na Categoria 2: Limitações impostas pela doença.

19

Page 20: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

20

Num posterior momento vivido pelas duas famílias, percebeu-se na fala das

entrevistadas: E1 “Não dá mais prá ir a igreja” e E2 “Agora tô fazendo o segundo grau em

casa porque quero fazer a faculdade de Educação Física.”, tristeza e frustrações em relação a

situação familiar, salientando o limitar das atividades até então desenvolvidas pelas mesmas e

ora vivenciadas como impossíveis. Na Categoria 3: Enfrentamento da doença: com tristeza e

frustrações, acima descrita, as mães abdicam, no mínimo de seus lazeres, dedicando-se ao

filho doente, muito possivelmente como meio compensatório, e também revalorizando-se

perante o meio social indo ao encontro da argumentação sobre o assunto de (GIANNOTTI,

1996).

É possível constatar na Categoria 4: Alteração da rotina, que em nossa cultura a

alteração em função da doença do filho cardiopata recai sobremaneira nas mães, sendo na

maioria das vezes as cuidadoras únicas. Assim, no caso das duas entrevistadas, quando seus

filhos entram em processo de internação hospitalar, quer seja para intervenção cirúrgica ou

não, estas abandonam seus usuais afazeres: E1 “Quando interna fico com ela” e E2 “Quando

interna fico com ele”, internando-se junto com seus filhos. Na ocasião levam consigo toda

bagagem emocional que dispõem, e nesse momento a orientação de uma maternagem boa que

possibilitasse seus filhos de saírem do estado total de dependência, seria de grande valia,

(WINNICOTTI, 1999).

Também, quando uma criança adoece, é a mãe que assume seus cuidados, mesmo que

isto sobrecarregue e que tenha que abrir mão dos seus próprios projetos de vida. A qualidade

desta relação irá depender da maneira como a mãe for recebida pelo médico; a reação da

família em geral determina que a mãe fique muito só no que se refere a enfermidade do filho e

seus cuidados. Portanto, ela necessita de apoio externo para poder enfrentar a situação e

conduzi-la adequadamente, até porque ser mãe não inclui conhecimentos específicos para

assumir a responsabilidade pela doença sozinha (OLIVEIRA, 2000).

A despeito da mudança na rotina destas mães, e ainda assim expressarem com

conformismo a situação vivida, pode-se considerar também o registro de (MELLO FILHO, e

BURD, 2004), que a mãe tende a ver a criança como uma estreita dependência em função da

gravidez, sendo possível o prolongamento natural do defeito cardíaco. GIANNOTTI, (1996),

por sua vez, escreve sobre a dedicação compulsiva das mães como sendo uma maneira de

mascarem a rejeição inconsciente deste filho(a), que na verdade frustrou as expectativas mãe

em tê-lo isento de doença deste porte.

20

Page 21: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

21

Observando outro aspecto da abnegação das mães é possível verificar, na Categoria

5: Tratamento da doença, que as mães não abrem espaço para relacionamento afetivo, uma

vez que, a preocupação com a administração do tratamento responde muito provavelmente

pelos recursos totais de que dispõem . A E1 “Ela toma remédio, fica a tarde no oxigênio e às

vezes interna” e E2 “Agora não toma remédios, tá sempre comigo e quando interna digo para

colaborar com os tios da UTI”. Portanto, o que acontece é uma administração do tratamento

que inclui as dosagens medicamentosas diárias, os procedimentos com instrumentos auxiliares

como o oxigênio, as orientações complementares a partir do médico responsável, sendo que

este terceiro item foi enfatizado pela E2 como elemento incapacitante quando não

rigorosamente atendido.

É relevante apontar que na percepção da E1 e E2, ainda na Categoria 5, os filhos com

cardiopatia respondem ao tratamento seguindo as ordens exclusivas das mães: E1 “faz tudo o

que eu digo prá fazer.” e E2 “tá sempre comigo e quando interna, digo sempre para

colaborar com os tios da UTI”. A condição da doença por si só deprime o indivíduo, levando-

o a sujeição e dependência dos outros (CREPALDI, 1995). No caso da E1, a filha cardiopata

encontra-se na adolescência, fase em que busca independência nas várias maneiras singulares

de agir, e no caso faz exatamente o que a mãe manda fazer. Esta situação é pontuada por

GIANNOTTI (1996) quando cita a maturidade emocional dos pacientes cardiopatas como

sendo regressivos e dependentes emocionalmente e por RATHSAM e FRANCÉ, (1995)

quando entendem essa situação como sendo um vínculo simbiótico entre mãe-filho, onde a

mãe procura proteger para compensar impulsos destrutivos.

No que se refere à Categoria 6: Papel do pai, a E1 não menciona o pai diretamente,

sinalizando um papel ausente, não expressivo, fato que se aproxima do que entende como

sendo freqüente a rejeição por parte do pai, mais que por parte da mãe (MELLO FILHO, e

BUURD, 2004). Por sua vez, segundo a E2, o pai inicialmente usa do mecanismo de negação

(defesa) como enfrentamento a essa rejeição, uma vez que sabia anteriormente da

possibilidade de isto acontecer em função do histórico familiar da esposa: “Meu marido

quando soube não acreditou, disse que estavam inventando”.

Na Categoria 7: Relação mãe-filho, as mães não expressam com segurança a situação

relacional com seus filhos: E1 “Ela nunca diz nada..” e E2: “Acho que ele me acha

engraçada.”, dão apenas respostas evasivas e não apresentam indicativos de maior

aprofundamento.

21

Page 22: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

22

Com relação aos outros familiares, na Categoria 8: Cardiopata e família a E1 expõe

“ela gosta quando vão fazer visita e nunca reclama de nada” e a E2 ”acho que ele nos acha

uma família feliz.”. A E1 menciona haver uma relação de proximidade com os demais

familiares, irmã, avós (paternos), tia, num plano de visitação eventual, não de convívio

sistemático. Já na E2, há um convívio com os avós maternos, muito provavelmente em função

da identificação com a doença da criança. O pai embora não seja o cuidador maior, se

encontra no contexto.

3.3 REFLEXÕES SOBRE AS CATEGORIAS

A pesquisa realizada no HIJG a partir de duas entrevistas realizadas com mães de

crianças com CC trouxe dados relevantes sobre seus aspectos psicológicos, coincidindo em

sua grande maioria, com conteúdos levantados e defendidos por autores que pesquisaram o

assunto em outros locais e instituições de saúde. Essas duas famílias demonstraram ter

informações à cerca das implicações físicas da doença de seus filhos e seu tratamento, não

expressando, no entanto, investimento de qualquer ordem em relação às implicações

psicológicas que a doença acarreta, aspectos também identificados nesta pesquisa. Ao que

parece, esta ausência de orientação neste sentido, limita a qualidade de vida dos diretamente

envolvidos.

Na busca de qualidade as tentativas de aumentar a sobrevida dos doentes, embora

fundamentais, podem ir ao encontro de um maior sofrimento e, algumas vezes, o conceito de

bem estar que os profissionais de saúde têm, nem sempre coincide com as necessidades de

bem estar dos pacientes. Avaliar as necessidades dos pacientes, no entanto, não é tarefa fácil.

A qualidade de vida é um conceito difícil de ser definido pelo caráter subjetivo que lhe é

intrínseco (CELLA, 1998), (SHIPPER, 1994), (AARONSON,1988) e (CELLA, 1988)

concordam que qualidade de vida é um conceito multidimensional, que envolve

principalmente a análise pessoal que o paciente faz do grau de satisfação com o seu estado de

saúde, quando comparado à sua percepção do que é possível alcançar ou idealizar. Essa

percepção pode ser avaliada, e inclui os aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais,

dentro de uma condição clinica ou frente a um determinado tratamento. As informações

obtidas dos estudos de qualidade de vida podem ajudar a decidir a efetividade de um

22

Page 23: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

23

tratamento, observar o impacto dos efeitos colaterais e muitas vezes ser instrumento de

prognóstico de (HAES ET al, 2000).

Atualmente, o conceito de qualidade de vida vem adquirindo relevância e sendo

amplamente debatido. Com o avanço tecnológico criou-se a falsa expectativa de que a cura

das doenças ou tratamentos eficientes e definitivos seriam uma realidade. Porém, apesar dos

progressos da medicina, vem-se tornando claro que a maioria das doenças não é passível de

cura, e mesmo que tratamentos eficientes estejam disponíveis, imperativos econômicos

impedem sua aplicação universal. Nesse contexto, muito se avançou em tratamentos capazes,

sobretudo, de prolongar a vida. Porém percebeu-se que aumentar quantitativamente a

sobrevida dos pacientes nem sempre produzia um impacto qualitativo que garantisse uma

recuperação significativa do seu estado físico, emocional e social. Assim, medir esse impacto

passou a ser importante na seleção de tratamentos mais efetivos e, portanto, na distribuição de

recursos e implementação de programas de saúde (CERQUEIRA e CREPALDI, 2000).

Voltando então à pesquisa, a primeira família se apresentou constituída pela mãe, a tia

e a filha. Esta filha, uma adolescente de catorze (14) anos com CC esteve presente durante

toda a entrevista de duração de uma (1) hora. As perguntas ainda que prioritariamente

dirigidas à mãe, poderiam ter sua participação, porém, não esboçou nenhuma iniciativa neste

sentido. Por outro lado, sua participação se fez num nível emocional quando a partir de

algumas respostas dadas pela mãe, começou a chorar e assim foi até o final da entrevista.

A segunda família constituiu-se da mãe e seu filho de oito (8) anos. Também esta

criança (cardiopata) esteve presente à entrevista durante todo o tempo, porque a mãe recusou-

se a deixá-lo fora da sala, por medo de alguém roubá-lo. A criança ficou brincando com um

carrinho e, eventualmente, olhava e sorria para a mãe. Houve uma ocasião em que

interrompeu a entrevista querendo saber a opinião da pesquisadora sobre o fato de a sua

professora sugerir que ele fosse fazer um trabalho de equipe na casa do amiguinho, longe de

sua casa demonstrando ser algo não usual e em seguida, voltou a brincar.

As primeiras informações levantadas sobre as famílias foram, portanto, dadas por duas

mães ao levarem seus filhos à médica responsável posicionadas assim como as maiores

cuidadoras dos mesmos. Relatam saber que o termo científico da doença “é cardiopatia”,

expressando considerações pouco objetivas a respeito, quanto à causa da afecção “é de

nascença” diz a E1, podendo-se considerar a explicação que primeiramente visualiza, e

igualmente a segunda mãe, “toda minha família é cardiopata”, não só possibilita a isenção

23

Page 24: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

24

pessoal no desencadeamento da doença como transfere aos seus ascendentes

responsabilidades que porventura existam. Ainda, é possível considerar que o entendimento

da doença é comumente exposta da maneira como é possível de estas famílias viverem,

independendo das informações cientificamente transmitidas (CREPALDI, 1995).

Considerando-as como mães que, igualmente a quaisquer outras, não escolheram a

priori ter um filho com qualquer alteração de saúde, ainda assim, não expressam literalmente

isto e muito provavelmente reprimem sentimentos de decepção. No entanto, esses filhos são

seus e de alguma maneira o assumem, ainda que dispondo de poucos recursos próprios nesta

específica situação. Desta maneira, expõem ter recebido a notícia com tristeza e grande

impacto, não mencionando quaisquer ajuda psicológica aos abalos vividos na ocasião,

entendendo a aceitação gradual do caso como precisando cuidar destes filhos de maneira

quase exclusiva.

Fazendo uma analogia com um filho deficiente visual que em caso de não enxergar,

nada a fazer, os filhos cardiopatas quando não atuando em situações de igualdade à maioria

das crianças, têm o mesmo destino: “fica cansada e não pode fazer nada” ou “fica cansado e

pára de brincar”, sugerindo na fala dessas mães, serem as únicas alternativas disponíveis no

agir dessas crianças. É flagrante perceber a falta de oportunidade diversificada que lhes é

oferecida socialmente, excluindo-os de, no mínimo, vivenciar as relações possíveis entre seus

iguais, situação bastante enriquecedora e fartamente comentada na literatura. Ao que parece

quando as mães protegem com seus excessivos cuidados, limitam o campo de atuação de seus

filhos cardiopatas.

Ainda assim, a tristeza que as mães sublinearmente vivenciam são também

experienciadas com frustrações, com abrir mão de si mesmas, de seus desejos e de viverem

seus vínculos de maneira extensiva. A mãe da adolescente trabalha oito horas diárias na escola

como merendeira, não ficando os períodos matutino e vespertino com a filha, porém, nos

finais de semana expressa não poder distanciar-se da mesma para ir à igreja sozinha.. Por sua

vez, a mãe da criança, só agora após a cirurgia e melhora momentânea do quadro instalado, dá

a si mesma o direito de voltar a estudar, em seu domicilio, sendo a única atividade cuja maior

beneficiada seja ela mesma. Novamente parece que os cuidados demasiados e o abdicar-se de

si mesma sinalizam as necessidades de demonstrar um amor que pode estar comprometido

pela situação vivida

24

Page 25: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

25

Nesta vida em família com crianças cardiopatas, uma situação bastante usual neste

acometimento especifico é a internação freqüente do paciente quer em caso de fases agudas ou

por ocasião de cirurgia. É uma situação que, segundo os autores lidos, gera grande estresse

sendo desencadeado por alguns fatores tais como procedimentos invasivos, exposição às

situações regressivas, separação dos entes queridos, etc. Os mesmos estudiosos, recomendam

a família como o mais indicado suporte no sentido de minimizar o sofrimento neste período de

hospitalização dos cardiopatas. No entanto esta estrutura, no caso específico, se restringe à

figura da mãe, fato que vivenciam não externando algum desagravo, possibilitando pensar no

momento vivido com simbiose, mascarando culpas, reforçando a imaculada imagem cultural

materna, ou se redimindo, segundo os autores pesquisados (GIANNOTTI, 1966), (MELLO

FILHO e BURD 2004) e (RATHSAM.e FRANCÉ, 1995).

O fato é que na situação descrita, a importância de compartilhar com o pai, por

exemplo, não é expressada e o internar-se junto é relatado como uma conseqüência natural:

diz a E1 “quando ela interna fico sempre com ela” e a E2”...tá sempre comigo e quando

interna, fico com ele.”. O pai, tão responsável por esse filho quanto às mães, tem presença

muito pouco expressiva nas duas famílias. A E1 o menciona indiretamente quando diz ter

sogros que as visitam e estar separada no momento. A mãe da criança fala da negação efetiva,

por parte do pai, na ocasião do recebimento do diagnóstico: E2 “meu marido quando soube

não acreditou, disse que estavam inventando..”.

É possível perceber que as famílias pesquisadas registram dificuldades de ordem

afetiva sobremaneira quando se observa o encaminhamento dado ao tratamento, uma vez que

este é administrado objetivando o alivio das afecções físicas. As mães se ocupam em repetir as

orientações médicas e a fazer com que seus filhos sigam suas pessoais recomendações, não se

preocupando em ensinar-lhes a construir autonomia. Importa que os filhos sigam suas ordens

tendo possivelmente um ganho lógico na dependência dos mesmos, não disponibilizando

interações saudáveis de crescimento mútuo. Assim, a troca de sensações e percepções de toda

essa vida de ansiedade crônica é praticamente inexistente. A E1 enfatiza que “ela nunca diz

nada... não reclama de nada”.

Vale lembrar que existem aqueles adolescentes que aceitam e aqueles que não aceitam

postergar a independência, a fim de tratar a doença. Aqueles que não aceitam, predominará o

desejo de viverem normalmente, ocasião em que desconsiderarão as limitações determinadas

pela condição de doentes (ALVIN, 1992). Ainda assim, seguir disciplinadamente o tratamento

25

Page 26: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

26

não tem sido fácil até mesmo para os adolescentes atentos para esta necessidade e

compromisso. A luta pela identidade, o grupo de pares, e a busca da independência acabam

comprometendo a adesão. Frente a estas dificuldades, os adolescentes projetam nos pais a

expectativa de que eles assumam a responsabilidade (OLIVEIRA e GOMES, 1998).

Retornando a realidade da E1, pode-se considerar também que para a adolescente viver

um momento que percebe seus iguais em meio a inúmeras descobertas, não se pronunciar

sobre a vida em nenhum aspecto seja tão ou mais doloroso que suas intervenções físicas, ainda

assim não parece haver condição favorável a que isto seja alterado. A E1 faz suas colocações

acrescentando que a filha, é muito querida por todos, sempre muito boazinha, sugerindo que

esta, muito provavelmente seja a forma que a adolescente se consegue fazer aceitar de alguma

maneira.

Quanto à criança, ainda que as informações passadas pela mãe não tenham sido

colocadas de maneira segura “acho que ele me acha engraçada” há uma leve idéia sobre o

que ele pensa ainda que não de maneira significativa. O que se percebe, portanto, é o empenho

das mães em se relacionar administrando apenas o tratamento físico, o que dá margem a se

pensar que esta seja uma forma de entenderem fazer seu papel sentindo-se em paz consigo

mesmas ou que é tudo o que podem dar no momento para seus filhos.

Em relação aos cardiopatas e seus relacionamentos familiares é preciso compreender

que quando nasce uma pessoa com CC em menor ou maior grau as famílias nuclear e

extensiva são atingidas. A maneira como cada membro responde a esse fato vai depender de

muitos fatores entre eles o comprometimento da doença, as informações recebidas, o nível de

elaboração da situação, os vínculos familiares e sociais, etc, segundo os autores já

mencionados. No caso específico das famílias entrevistadas, há situações diversas vividas por

cada uma. Na família da E1, as pessoas mais próximas visitam com certa regularidade,

excetuando-se o pai. Porém, não é relatada uma situação de troca nesses encontros, nem

indícios de oferecimento de alternativa de lazer para a adolescente, sendo possível considerar

estas ocasiões como um compromisso acordado. Os familiares da E1, parecem bastante

contidos quanto aos sentimentos (até porque a mãe em algumas situações preferia nada

responder verbalmente, mas chorava) e no dizer da tia: “todas vão visitá-la fazem o que

podem, só não dão dinheiro porque não têm”.

Por sua vez, os familiares da E2 mostram-se um pouco mais expansivos (até porque o

quadro desta criança, no momento, não é tão severo), a convivência com os avós maternos

26

Page 27: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

27

tem uma certa freqüência e cooperação, uma vez que a criança eventualmente brinca na casa

dos avós, embora não passe disso. É provável que os avós maternos tenham uma aproximação

maior em virtude da identificação familiar com a doença. A mãe relata, ainda, a distância dos

avós paternos denunciando uma situação pouco favorável nesse aspecto.

Os aspectos psicológicos identificados nas famílias de crianças com CC do HIJG,

podem ser relacionados como a aparente contradição entre saber do que se trata a doença e

não definir objetivamente as prováveis causas, sinalizando dificuldades de aceitação do

quadro, com sentimentos de rejeição em relação à doença, com as mães não sabendo dosar os

cuidados em relação aos seus filhos, numa relação simbiótica com os mesmo. Também não

construindo um vínculo a permitir autonomia dos filhos e não investindo em atividades

prazerosas, vão potencializando o problema dos seus filhos e ao que parece de toda a família.

Não demonstram visualizar outras alternativas no encaminhamento desta situação familiar

sinalizando ausência de recursos próprios para tal, sendo por isso todo investimento

direcionado a perpetuar a situação do momento.

Estas famílias se concentram em superproteger seus filhos e na administração do

tratamento como melhor forma encontrada para lidar com as dificuldades existentes na

situação vivida, aparentando que assim a situação se encontra com algum controle, sendo que

essa administração incluindo regulares visitas à médica responsável, anestesia de certa forma,

as dificuldades psicológicas encontradas. Têm informações e acessos ao tratamento físico da

doença, não expressando descontentamento em relação aos atendimentos desta ordem, até

porque a E1 reivindicou apenas a gratuidade dos remédios, pois encontra-se em dificuldades

tais. Por outro lado, as maiores restrições percebidas à vida dos integrantes das duas famílias

pesquisadas, são de ordem psicológica, uma vez que este item de saúde não é considerado

como tratamento paralelo ao da doença em questão.

Neste sentido considera-se a assistência psicológica aos familiares de fundamental

importância uma vez que a relação familiar é a estrutura de apoio que oferece suporte

emocional ao doente e, este se espelha na família para reagir a sua doença de forma

semelhante. É necessário compreender como a doença se insere no contexto familiar e o papel

que doente desempenha na família. O reconhecimento das necessidades dos familiares é

assunto freqüente na literatura (AZOULAY, 2001), e entre as necessidades mais importantes

encontram-se a informação e estratégias de enfrentamento lidar com as dificuldades impostas

pela doença de um filho com CC, (PIRARD, 1994) e (POCHARD, 2001). Intervenções

27

Page 28: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

28

psicológicas exigem estratégias importantes e quanto mais cedo a família é acolhida e aprende

estratégias que beneficiam o tratamento do filho e o cotidiano familiar, mais fácil será para o

paciente se adaptar a sua condição e ter uma vida mais próxima do normal e com mais

qualidade de vida (DUFF, 2001).

28

Page 29: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

29

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este TCC apresentou uma revisão da literatura sobre as características mais

significativas tanto da CC, quanto das características psicológicas da criança cardiopata e sua

família incluindo informações sobre hospitalização, vínculo e atuação do psicólogo, a partir de

autores tais como RATHSAN e FRANCÉ, (1995), MELLO FILHO e BURD, (2004) e

fundamentalmente GIANNOTTI, (1996).

O principal objetivo desta pesquisa foi identificar os aspectos psicológicos das

famílias de crianças com CC do HIJG-, em Florianópolis, Santa Catarina. Neste sentido, pode-

se dizer que os objetivos de pesquisa deste TCC foram alcançados, uma vez que a partir do

discurso das mães, representantes das suas famílias, observou-se que traduziram o que

sentiram, sentem e o significado que dão em relação as suas atitudes prementes na

reorganização de vida face ao diagnóstico do filho cardiopata.

Da mesma maneira, quanto aos objetivos específicos, sejam eles, conhecer as

dificuldades das famílias com o fato de terem em casa um filho com CC e compreender como

estas famílias lidam com isto, também foram atingidos. As mães registraram com seus

discursos as dificuldades sinalizando mecanismos defensivos ao enfrentarem as ansiedades

da situação, não delimitando o problema biológico mas/e principalmente potencializando-o.

Então., lidam com a situação basicamente administrando o tratamento sem maiores

envolvimentos emocionais e superprotegendo seus filhos cardiopatas .

No discurso destas mães estão os resultados, que possibilitam dar subsídios para

futuras ações no intuito de mi8nimizar o sofrimento dos familiares do cardiopata , apoiando-

os portanto e sendo esta a principal contribuição desta pesquisa . Estes resultados foram

formulados , após a análise de conteúdo, em oitos (8) categorias que são: Categoria 1:

“Identificação da doença com medos e defesas”; nesta categoria, o olhar pouco realista sobre

a doença que a E1 identificou como cardiopatia, pode ser melhor entendido quando

completado por pensei que poderia ficar boa, usando do mecanismo de defesa para negar as

reais implicações da doença. No caso da E2, quando expressa pensei que ia ficar sem ele,

igualmente refugia-se no medo, ao invés de olhar objetivamente as dimensões reais do quadro

clínico do seu filho.

29

Page 30: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

30

Na Categoria 2: “Limitações impostas pela doença”, a mesma ótica explica as falas

das mães quando reiteram o freqüente cansaço físico de seus filhos inviabilizando o ampliar

de suas vidas tais como: tomar iniciativas de relacionamento sociais, idem com habilidades

artísticas, culturais e/ ou intelectuais que não exijam muito esforço físico.

Na Categoria 3: “Enfrentamento da doença: com tristeza e frustrações”, demonstram

as E1 e E2, reduzido investimento em si mesmas, pontuando as dificuldades vividas até o

momento, sinalizando um estreitamento de possibilidades em suas vidas. Na “Alteração de

rotina”, a superproteção aparece fortalecida, como que a considerar natural o fato de caber

exclusivamente às mães a função de acompanhantes em casos de internação dos seus

filhos,(Categoria 4).

Na Categoria 5: “Administração do tratamento”; observamos novamente a

superproteção limitando a autonomia, denunciando assim a situação de vínculo afetivo em

tais circunstancias.

Por sua vez, sendo a presença do pai necessária desde o momento da concepção do

filho, não deveria deixar de sê-lo depois do nascimento. No entanto, na Categoria 6 “Papel do

Pai”; observa –se a fragilidade deste papel. Na E1, ele não é mencionado,e na E2, o é, porém

registrando sua negação por ocasião do diagnóstico: .... disse que estavam inventando. É

possível especular lacunas em termos afetivos da atuação do pai para com estes cardiopatas,

porém isto não é expresso ou ainda, nem tampouco visualizado.

Na Categoria 7 “Relação mãe-filho”; fica clara a falha de comunicação das mães

com seus filhos, uma vez que não conseguem precisar o que objetivamente o filho pensa sobre

elas, visto ser esta a pergunta em questão. A pouca interação permite interpretar como sendo

cuidados excessivos ao falar sobre a doença, possivelmente temendo conseqüências negativas

maiores em tal empreendimento ou porque simplesmente não o conseguem. Por sua vez, na Categoria 8 “Cardiopata e família”, percebe-se uma aproximação dos

familiares, porém não propriamente um vínculo expressivo. A família direta e extensiva muito

podem contribuir no apoio ao cardiopata, segundo os autores lidos ,e o pouco entendimento

desta realidade pode acarretar prejuízos significativos à situação vivida.

Todas as categorias explicam as dificuldades e a maneira que as famílias encontram

para lidarem com a situação de terem em casa um cardiopata. É preciso perceber também

que a partir destas oito (8) categorias descritas, percebeu-se que nas situações vividas, os

30

Page 31: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

31

problemas sofrem deturpações de alguma ordem, muito provavelmente em função do olhar

pouco realista empregado no entender estas situações familiares com um filho cardiopata

conseqüência de mecanismos defensivos .

É possível inferir após estas observações, que o funcionamento desenvolvido pelos

familiares ao lidarem com esta situação ansiogênicas, seja também uma expressão das

dificuldades de enfrentamento distanciando-os, assim, de um olhar que efetivamente os ajude

a construir um melhor ajustamento familiar frente à doença.

Após estas reflexões é pertinente recomendar pesquisas futuras no sentido de entender

a personalidade da criança cardiopata. Desta maneira, conhecendo então as necessidades das

famílias do cardiopata e eles mesmos, um apoio consistente será possível de ser empregado

pelos profissionais da área da saúde.

31

Page 32: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

32

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AARONSON, N.K. Quality of live, whats is this? How should it be measure? Oncology 2 (5), 69-74, 1988. ALVIN, P. Adolescents with long-term illness and compliance: a clinicians’s perspective. Journal of Adolescent Health 13, 372-374, 1992 ANDERS, J.C. A família na assistência à criança e ao adolescente submetido ao transplante de medula óssea. Ribeirão Preto, São Paulo, 1999. Dissertação de mestrado. Escola de enfermagem de Ribeirão Preto/USP BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1991 BRAZELTON, T. B. O Desenvolvimento do Apego. Porto Alegre. Artes Médicas, 1998. CAMPOS, T. C. P. O psicólogo em hospitais: Aspectos de sua atuação em hospital geral. Tese de Doutorado não publicada, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1988.

CELLA, D. Quality of life. In: HOLLAND, J.C. Psychooncology, Oxford, 1998. CERQUEIRA, A.T.A.; CREPALDI, A.L. Qualidade de vida em doenças pulmonares crônicas: aspectos conceituais e metodológicos. J Pneumol 26 (40), jul-ago de 2000 CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1998. CREPALDI, M.A. Hospitalização Infantil: estudo das interações família-equipe hospitalar. Rio de Janeiro, 1989. Dissertação de mestrado. PUC-RJ. CREPALDI, M.A. Hospitalização na Infância: representações sociais da família sobre a doença e a hospitalização de seus filhos em Unidade de Pediatria. Campinas- São Paulo, 1995. Tese de Doutorado em Saúde Mental. UNICAMP 1995 Curso de Perfusão Neonatal. Centro de Estudos de Circulação Extracorpórea. Disponível em: http://www.geocities.com/rpaim/cc.html?20058 Acesso em 08 maio 2005. DIAS, R.R.; BAPTISTA, M.N.; BAPTISTA, A . S. de. Enfermaria de pediatria: Avaliação e Intervenção Psicológica: in: BAPTISTA, M.N.; DIAS, R.R.; Psicologia Hospitalar, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2003 p 53-73 DUFF, A.J.J. Psychological interventions in Cystic fibrosis and asthma. Pediatric Respiratory Review 2, 350-357, 2001

32

Page 33: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

33

FAVARATO, Maria E.C. de S., Aspectos Psicológicos da criança portadora de cardiopatia congênita. Problemas ligados à hospitalização. IN: LAMOSA, B. W. R.; Psicología Aplicada a Cardiología, Sao Paulo: Fundo Editorial Byk, 1990 p 79-85 FLANAGAN, Michael F., FYLER, Donald C. Doenças CardÍacas. IN: AVERY, Gordon B., FLETCHER, Mary Ann.; MACDONALD, MHARI G., Neonatologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1999.p.516-558. GIANOTTI, A. Efeitos Psicológicos das Cardiopatias Congênitas. São Paulo: Lemos, 1996. LAMOSA, Bellkiss W. Romano. Psicologia Aplicada à Cardiologia. São Paulo: Fundo editorial BYK, 1990. MELLO FILHO,J.; BURD, M.;. Doença e Família. São Paulo. Casa da Psicólogo, 2004 MOURA, M.L.S. de; et al. Interações iniciais mãe-bebê. Psicologia:Reflexão e Critica. Porto Alegre, V.17 n.3.2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722004000300004&ing=pt&nrm= (Acessado em 02 maio 2005) OLIVEIRA, H.; A enfermidade sob o olhar da criança hospitalizada. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.9 n.3 jul./set.,1993. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311x1993000300020&ing=pt&nrm= (Acessado em 14 maio 2005. OLIVEIRA,V.Z; GOMES, W.B. Comunicação Médico-Paciente e adesão ao tratamento em adolescentes portadores de doenças orgânicas crônicas.Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000

OLIVEIRA, V.Z.; GOMES, W.B. O adolescer em jovens portadores de doenças orgânicas crônicas. In: GOMES, W.B. (org.) Fenomenologia e pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 1998. PIECERININI, C.A.; GOMES, A.G.; MOREIRA, L.S.E..; LOPES, R.S. Expectativas e sentimentos. RATHSAM, A.R.M de; FRANCÉ, R. Atuação do Psicólogo em Cardiopatia. IN: OLIVEIRA, M.F.P.de; ISMAEL, M.C.. Rumos da Psicologia Hospitalar em Cardiologia. São Paulo: Papirus, 1995.p.167-174. RIBAS; A F.P.; MOURA, M.L.S. de; Responsabilidade materna e teoria do apego: uma discussão crítica do papel de estudos transculturais. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre, v.17 n.3 2004 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722004000300003&ing=pt&nrm= (Acessado em 02 maio 2005).

33

Page 34: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

34

SIQUEIRA, J.E.de. Ocorrências de Malformações Congênitas em recém Nascidos Concebidos por Método de Fertilização Artificial. Revista da AMB, São Paulo, v.50,n.1 p2, Janeiro/Março 2004 SCHWENGBER, D.D. de S.; PICCININI, C.A., Depressão materna e interação mãe-beb ê no final do primeiro ano de vida. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília, v.20 n.3 set./dez.2004. Disponível em:... Acesso em 02 maio 2005 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722004000300004&ing=pt&nrm= (Acessado em 02 maio 2005)

SHIPPER, H. Measuring the quallity of life cancer patients. J.Clin. Oncol. 2:472-83, 1984 WINNICOTT, D.W., Os Bebês e Suas Mães. Ed. Livraria Martins Fontes Editora Ltda. São Paulo. 2A Ed. 1999.

.

.

.

.

34

Page 35: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

35

6 APÊNDICES

35

Page 36: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

36

APÊNDICE 1

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

- O que aconteceu com o teu filho (a) (irmão, neto, sobrinho)?

- Como é a doença dele (a)?

- Qual é o estado atual dele (a)?

- Lembras do momento do diagnóstico? Como foi? Como te sentiu?

- E hoje, como te sentes?

- E porque achas que isto aconteceu?

- Quais os cuidados necessários para o tratamento?

- Ele (a) consegue seguir este tratamento?

- Como é a sua rotina considerando que em sua casa tem um parente com cardiopatia?

- Quais as facilidades que encontras em lidar com a doença dele (a)?

- Quais as dificuldades que encontras em lidar com a doença dele (a)?

- O que poderia melhorar ou ser diferente?

- Como é a relação de vocês? Vocês conversam?

- Como achas que ele (a) (doente) te percebe?

- Qual o impacto da doença na vida familiar?

- Como os demais membros da família reagem com a doença dele (a)?

- Como é a tua relação com cada um dos outros membros da família?

- Como achas que ele (a) percebe a família? Como ele se comporta na família?

- Além de cuidar dele (a), o que fazes? (trabalho, estudo, lazer)

- O que gostarias de fazer e que não consegues em função da doença dele (a)?

36

Page 37: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

37

APÊNDICE 2

Florianópolis, _____/_____/_____

Prezado Sr. Dr Maurício Laerte Silva

Diretor Geral

Hospital Infantil Joana de Gusmão

Florianópolis - SC

Eu, Diana Mary Geisler Brüggemann, aluna do Curso de Psicologia da UNIVALI –

CE Biguaçu, sob a orientação da professora doutora Luciana Saraiva, venho por meio deste

encaminhar o meu projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para sua análise e parecer a

respeito da viabilidade do mesmo ser desenvolvido no Hospital Infantil Joana de Gusmão.

A pesquisa tem como título ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS

FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA e tem como objetivo

identificar os aspectos psicológicos presentes nas famílias de criança com cardiopatia

congênita no HIJG-SC.

A referida pesquisa teve seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

UNIVALI. Conforme os preceitos éticos em pesquisa, informo que os dados coletados durante

o estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo mantido sigilo sobre a

identidade dos profissionais participantes.

Comprometo-me também em fornecer a esta Instituição uma cópia do relatório final do

estudo, a fim de que possam ser divulgados seus resultados junto aos profissionais

interessados.

Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para esse estudo.

Atenciosamente,

__________________________ _____________________________

Diana Mary Geisler Brüggeman Luciana Martins Saraiva, Dra. (Aluna Pesquisadora) (Professora Orientadora)

37

Page 38: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

38

APÊNDICE 3

Florianópolis, _____/_____/_____

Prezada Sra. Karla Patucci

Psicóloga Chefe

Hospital Infantil Joana de Gusmão

Florianópolis - SC

Eu, Diana Mary Geisler Brüggemann, aluna do Curso de Psicologia da UNIVALI –

CE Biguaçu, sob a orientação da professora doutora Luciana Saraiva, venho por meio deste

encaminhar o meu projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para sua análise e parecer a

respeito da viabilidade do mesmo ser desenvolvido no Hospital Infantil Joana de Gusmão.

A pesquisa tem como título ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS

FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA e tem como objetivo

identificar os aspectos psicológicos presentes nas famílias de criança com cardiopatia

congênita no HIJG-SC.

A referida pesquisa teve seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

UNIVALI. Conforme os preceitos éticos em pesquisa, informo que os dados coletados durante

o estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo mantido sigilo sobre a

identidade dos profissionais participantes.

Comprometo-me também em fornecer a esta Instituição uma cópia do relatório final do

estudo, a fim de que possam ser divulgados seus resultados junto aos profissionais

interessados.

Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para esse estudo.

Atenciosamente,

________________________________________

Diana Mary Geisler Brüggemann – Aluna Pesquisadora

____________________________________

Profa Dra Luciana Saraiva - Orientadora

38

Page 39: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

39

APÊNDICE 4

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Vimos através desse termo de compromisso, formalizar os pressupostos éticos segundo

o qual, este projeto de pesquisa, ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS

FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA, está sendo realizado pela

professora doutora Luciana Saraiva, e pela acadêmica Diana Mary Geisler Brüggemann,

ambas vinculadas ao Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí / Centro de

Educação Biguaçu / SC.

O presente projeto tem como objetivo geral: identificar os aspectos psicológicos

presentes nas famílias de crianças com cardioapatia congênita no HIJG-SC.

Não estão previstos riscos e desconfortos durante a realização da

entrevista. Os pesquisadores estarão disponíveis para qualquer informação e

esclarecimento que o Sr.(a) tiver necessidade, antes e durante, a realização da

pesquisa. Pelo fato desta pesquisa ter única e exclusivamente interesse científico,

a mesma foi aceita espontaneamente pelo Sr.(a), que no entanto poderá desistir a

qualquer momento da mesma, inclusive sem nenhum motivo, bastando para isso,

informar da maneira que achar mais conveniente, a sua desistência. Por ser

voluntária e sem interesse financeiro, o Sr.(a) não terá direito a nenhuma

remuneração. Os dados referentes ao Sr.(a) serão sigilosos e privados, e a

divulgação do resultado visará apenas mostrar os possíveis benefícios obtidos

pela pesquisa em questão, sendo que o Sr(a). poderá solicitar informações

durante todas as fases desta pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Contatos com as pesquisadoras poderão ser feitos no Curso de Psicologia da UNIVALI

pelo telefone (048) 279-9714.

Eu, ________________________________, consinto em participar voluntariamente

neste projeto de pesquisa.

Florianópolis, _______ /_______ /________.

39

Page 40: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

40

APÊNDICE 5

TERMO DE COMPROMISSO DA PESQUISADORA

Eu, abaixo assinado, aluna do Curso de Psicologia da UNIVALI – CE Biguaçu, me

comprometo em realizar a pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso: ASPECTOS

PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA

CONGÊNITA , desenvolvendo todas as atividades relacionadas a sua concretização.

_____________________________________________

Diana Mary Geisler Brüggemann – Aluna Pesquisadora

______________________________________________

Profa Dra Luciana M. Saraiva - Orientadora

Florianópolis, _____/_____/_____

40

Page 41: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

41

APÊNDICE 6

TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS

Eu, abaixo assinado, pelo presente “Termo de Compromisso de Utilização de Dados”,

em conformidade com a Instrução Normativa no 004/2002, autora do projeto de pesquisa

intitulado: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS

COM CARDIOPATIA CONGÊNITA, a ser desenvolvido no período de março à junho de

2005, no Hospital Infantil Joana de Gusmão, da Secretaria da Saúde do Governo do Estado de

Santa Catarina, localizado no município de Florianópolis, comprometo-me em utilizar os

dados coletados junto aos pais de pacientes com cardiopatia congênita, somente para fins

deste projeto e divulgação científica através de Artigos, Livros, Resumos, Pôsteres. Informo

também que a instituição foi previamente consultada, concordando e propiciando as condições

necessárias para a obtenção dos dados. Outrossim, comprometo-me a retornar os resultados da

pesquisa à instituição, apresentando-os aos seus representantes legais.

_____________________________________________

Diana Mary Geisler Brüggemann – Aluna Pesquisadora

______________________________________________

Profa Dra Luciana M. Saraiva - Orientadora

Florianópolis, _____/_____/_____

41

Page 42: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

42

APÊNDICE 6 COMPROMISSO ÉTICO E DE OBEDIÊNCIA ÀS NORMAS DO HIJG

TERMO DE COMPROMISSO

Eu, Diana Mary Geisler Brüggemann, carteira de identidade no 395.721-7, emitida

em 19/12/1995 comprometo-me a atuar dentro dos preceitos éticos ditados pelo Código de

Ética de Psicologia e a respeitar e obedecer as normas do Hospital Infantil Joana de Gusmão,

durante a realização da pesquisa: “ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS

FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA”.

Florianópolis,13/07/2005

______________________________________________

Diana Mary Geisler Brüggemann – Aluna Pesquisadora

________________________________________

Profa Dra Luciana M. Saraiva - Orientadora

42

Page 43: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

43

APÊNDICE 7 CARTA DE ENCAMINHAMENTO DA DOCUMENTAÇÃO AO CEP

Florianópolis, _____/_____/_____

AO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS:

Prezados senhores!

Encaminho o projeto de pesquisa intitulado: “ASPECTOS PSICOLÓGICOS

PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA”,

para que seja analisado nesse Comitê.

Certo de sua atenção, coloco-me à disposição para esclarecer qualquer dúvida.

Atenciosamente

_____________________________________________

Diana Mary Geisler Brüggemann – Aluna Pesquisadora

____________________________________________

Profa Dra Luciana M. Saraiva - Orientadora

43

Page 44: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

44

APÊNDICE 8

DOCUMENTO DE CONCORDÂNCIA DO ORIENTADOR E DO SERVIÇO ONDE A PESQUISA SERÁ REALIZADA

Florianópolis, _____/_____/_____

DECLARAÇÃO

Declaro, para os devidos fins, que concordo com a realização da Pesquisa intitulada:

“ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM

CARDIOPATIA CONGÊNITA”, no Serviço do Ambulatório de Pediatria Social do Hospital

Infantil Joana de Gusmão.

_____________________________________________

Profa Dra Luciana M. Saraiva - Orientadora

______________________________________________ Chefia do Serviço

44

Page 45: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

45

APÊNDICE 9

OFÍCIO ASSINADO PELA DIREÇÃO DO HIJG, AUTORIZANDO A

REALIZAÇÃO DA PESQUISA.

Florianópolis, _____/_____/_____

DECLARAÇÃO

Declaro, para os devidos fins, que estou ciente da realização do Projeto de Pesquisa

intitulado: “ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS

COM CARDIOPATIA CONGÊNITA”.

A Direção do Hospital Infantil Joana de Gusmão é favorável à sua realização.

__________________________________________________

Diretor do Hospital Infantil Joana de Gusmão

45

Page 46: ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE …siaibib01.univali.br/pdf/Diana Mary Geisler Bruggemann.pdf · Esta cardiopatia é vivida na infância no momento de formação

46

APÊNDICE 10

DECLARAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO EM REVISTA CIENTÍFICA

Florianópolis, _____/_____/_____

Declaro para os devidos fins que, quando os resultados do Projeto de Pesquisa:

“ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES NAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM

CARDIOPATIA CONGÊNITA” forem divulgados ou publicados em revista científica, o

nome da instituição: Hospital Infantil Joana de Gusmão será citado.

Comprometo-me a arquivar os dados coletados confidencialmente, pelo período de

dois anos após sua publicação e posteriormente incinerados.

_____________________________________________

Diana Mary Geisler Brüggemann – Aluna Pesquisadora

______________________________________________

Profa Dra Luciana M. Saraiva - Orientadora

46