ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO DO MÓDULO “CULTURA, RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA E QUESTÃO...

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ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO DO MÓDULO “CULTURA, RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA E QUESTÃO QUILOMBOLA”

O Preto Velho na Umbanda

O Preto-velho está ligado à cultura religiosa Afro Brasileira em geral e

à Umbanda de forma específica, pois dentro da Religião Umbandista este termo identifica um

dos elementos formadores de sua liturgia, representa uma "linha de trabalho", uma "falange de

espíritos", todo um grupo de mentores espirituais que se apresentam como negros anciões, ex-

escravos, conhecedores dos Orixás Africanos. São trabalhadores da espiritualidade, com

características próprias e coletivas, que valorizam o grupo em detrimento do ego pessoal.

Portanto, os Pretos e Pretas Velhas, na Umbanda,

são entidades elevadas que se apresentam estereotipados como anciãos negros conhecedores

profundos da magia Divina, da manipulação de ervas. São excelente mandingueiros, mestres

dos elementos da natureza, os quais utilizam em seus benzimentos e trabalhos espirituais. Crê-

se que em referência à dor e aflição sofrida pelo povo negro durante a escravidão, a linha de

preto velho reflita a humildade, a sabedoria, a paciência e a perseverança. Sua sabedoria e

humildade são caracteristicas marcantes e sua calma e ensinamentos são profundos.

Apresentam-se na Umbanda sentados em seus banquinhos atendendo seus “fios e fias” com

uma linguagem simples porém sábias. A caracteristica principal desta linha é a sua elevada

orientação espiritual.

Para aqueles que os procuram oferecem conselhos, orientação espiritual;

receitam tratamentos caseiros, banhos de ervas, chás, entre outros, para os males do corpo e

do espirito. Utilizam vários elementos nos seus trabalhos como o cachimbo, cigarros de palha

(que usam como defumadores, para limpeza espiritual) e ervas.

O preto-velho é um ícone da Umbanda, resumindo em si boa parte da

filosofia umbandista. Assim, os espíritos desencarnados de ex-escravos se identificam e

muitos outros que não foram escravos, nesta condição, assim se apresentam também em

homenagem a eles, por tê-los como Mestres no astral. No imaginário popular, por falta de

informação ou por má fé de alguns formadores de opinião, a imagem do preto-velho pode estar

associada por alguns a uma visão preconceituosa, há ainda os que se “assustam” com estas coisas,

pois não sabem que a Umbanda é uma religião e como tal tem a única proposta de nos religar a

Deus, manifestando o espírito para a caridade e desenvolvendo o sentimento de amor ao próximo.

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Os Pretos-velhos são Guias ou Protetores. Usam branco ou preto e

branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-Velhos almas de escravos,

lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria. O

dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em que

foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).

O termo Preto-Velho é para sinalizar sua experiência, pois quando

pensamos em alguém mais velho, subentendemos que essa pessoa já tenha vivido mais

tempo, adquirindo assim sabedoria, paciência, compreensão. É baseado nesses fatores

que as pessoas mais velhas aconselham. No mundo espiritual é bastante semelhante, a

grande característica dessa linha é o conselho. É devido a esse fator que carinhosamente

dizemos que são os "Psicólogos da Umbanda".

Eles representam a humildade, força de vontade, a resignação, a

sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que

necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio

pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado. Com seus

cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que

necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São extremamente

pacientes com os seus filhos e, como poucos, sabem incutir-lhes os conceitos de karma

e ensinar-lhes resignação.

A Linha de Pretos velhos na Umbanda é regida pelo mistério Ancião,

na força do Orixá Obaluaê que é o Orixa sustentador da evolução, da transmutação e

transformação dos seres. Mas os Pretos Velhos também se apresentam dentro da linha

de outros Orixás. Em sua linha de atuação eles se apresentam com nomes que

individualizam sua atuação, conforme o seu Orixá regente, conforme acontecia na época

da escravidão, onde os negros eram nominados de acordo com a região de onde vieram,

por exemplo: Congo - (Pai Francisco do Congo), refere-se a pretos velhos ativos na

linha de Iansã; Aruanda - (Pai Francisco de Aruanda), refere-se a pretos velhos ativos na

linha de Oxalá. (Aruanda quer dizer céu); D´Angola - (Pai Francisco D´Angola), refere-

se a pretos velhos ativos na linha de Ogum; Matas - (Pai Francisco das Matas), refere-se

a pretos velhos ativos na linha de Oxóssi; Calunga, Cemitério ou das Almas - (Pai

Francisco da Calunga, Pai Francisco do Cemitério ou Pai Francisco das Almas), refere-

se a pretos velhos ativos na linha de Omolu/ Obaluayê.2

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O texto base para estudo, salienta que, para os segmentos

umbandistas do ocidente a ideia do Preto Velho como ancestral dilui-se. Conforme o

texto, o que se nota é um comportamento que torna publico uma imagem moralizante do

negro atrelado a valores como, tolerância, humildade e trabalho. No mesmo texto, não

se nega a relação existente entre o Preto Velho e a herança africana, mas sim ressaltar as

relações entre domínio religioso e demais domínios sociais. Para os autores citados no

texto, a formação da Umbanda nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo não se

preocuparam com a preservação da sua herança africana original, deixando de lado

alguns temas e práticas vinculadas a sua matriz negra. Assim, no processo de

aculturação dos elemenmtos da cultura africana, existentes no sistema umbandista, a

figura dos velhos africanos foi substituida pela do Preto Velho; e visualizada a partir daí

como um elemento afro-brasileiro. Então, no movimento histórico da Umbanda, a

imagem do Preto Velho aproximaram ele da imagem do negro brasileiro e o afastando

da do negro africano.

No decorrer dos anos, o campo religioso vem trabalhando com duas

versões, conforme os seus interesses. A referência ao Preto Velho como espírito oriundo

da Àfrica que remete à condição de ancestral, funcionando simbolicamente no sistema

de pensamento umbandista como elo entre a sabedoria e a cultura religiosa do grupo

étnico ao qual esta vinculado; já a segunda, a representação do Preto Velho como ex

escravo, afirma no campo religioso um reconhecimento da sua condição de ancestral

brasileiro.

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