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ATLETISMO LÚDICO: RESTRIÇÕES E POSSIBILIDADES
Autor: Elainy Andreassa1 Orientador: Fábio Mucio Stinghen2
Resumo
Este estudo refere-se à prática do atletismo no espaço escolar, no sentido de romper
com métodos tradicionais e valorizar a ludicidade no processo de ensino
aprendizagem. Considerando a importância de desenvolver a modalidade do
atletismo para os alunos entre 10-12 anos, como um elemento de apoio à fase de
transição em que se encontram: da infância para adolescência. O que pressupõe
que as atividades do atletismo como correr, saltar e lançar contribui no
aprimoramento das qualidades físicas dos alunos, e a ludicidade sendo um elemento
articulador, mas relações sociais dos alunos.
Palavras-chaves: Atletismo, espaço escolar, ludicidade,
1 Introdução
O presente estudo é decorrente da implementação do projeto de intervenção
pedagógica em uma escola pública do Estado do Paraná do projeto PDE - Programa
de Desenvolvimento Educacional 2010/2012 e tem por finalidade apresentar ações,
resultados e observações decorrentes sobre Atletismo Lúdico restrições e
possibilidades no Ensino Fundamental.
O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE é proposto pela
Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná desenvolvido em parceria
com a Secretaria de Estado de Ciências e Tecnologia, é uma política pública de
Estado que visa estabelecer o diálogo entre os professores da educação básica e do
ensino superior.
1 Professora Do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Djalma Marinho no município de Campo
Largo – Paraná; graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. 2 Professor orientador da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
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Este programa propõe aos professores e pedagogos da rede pública
afastamento por um ano para elaboração de um Projeto de Intervenção Pedagógica
que deve referir-se à sua área de ingresso no Programa e articular-se,
principalmente, com uma situação problema presente na realidade escolar. Os
profissionais através de leituras, aulas, seminários, ciclo de debates e discussões
reelaboram o tema do projeto através da reflexão sistematizada entre a teoria e a
prática, com apoio dos professores orientadores.
No primeiro ano de afastamento o professor PDE elabora uma produção
didático-pedagógica relacionada com o tema de estudo, cujo material tem por
objetivo enriquecer e qualificar a implementação do Projeto de Intervenção
Pedagógica. No 2° semestre o professor PDE interage virtualmente com
profissionais da mesma área através do Grupo de Trabalho em Rede – GTR,
ferramenta que possibilita propor a discussão do tema de estudo e a troca de
experiência com outros colegas.
No segundo ano o professor PDE retorna ao Estabelecimento para a
aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica, com 25% de afastamento da carga
horária de trabalho. Ao final do Programa o profissional elabora o artigo
apresentando a fundamentação teórica, os resultados da pesquisa e as propostas,
visando socializar o estudo com os profissionais da rede.
Dentro desta perspectiva o projeto desenvolvido teve como objetivo propiciar
aos alunos a oportunidade de vivenciar a cultura corporal, seu significado, partindo
da realidade social, praticando atividades diferenciadas que o Atletismo lúdico
possibilita.
2 Fundamentação teórica
2.1 O Atletismo escolar
“O atletismo é estreitamente ligado aos movimentos naturais do ser humano
de correr, saltar, marchar, lançar e arremessar e por isso, é chamado esporte base”
(GONÇALVES, 2007, p.01).
Por isso é importante que o professor ao selecionar os conteúdos para o seu
plano docente aborde o atletismo. A escola que por sua vez tem a função e
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responsabilidade de transmitir conhecimentos sem deixar de lado toda a
complexidade social, histórica e política deve incluir o atletismo pelas
particularidades que este esporte possui.
Segundo Jeber:
A escola deve selecionar os conteúdos clássicos universais e também trabalhar com o repertório cultural local partindo de experiências vividas particulares necessários à formação do cidadão autônomo, critico e criativo, para que este possa participar, intervir e comprometer-ser com a construção de uma sociedade mais justa. (JEBER, 2005, p.07).
O atletismo é um conteúdo importante para as crianças, desde que as
habilidades exigidas para a sua prática sejam significativas para elas, sendo essas
habilidades pró pias do mundo infantil.
Envolvendo as habilidades motoras básicas de marchar, correr, saltar, lançar e arremessar, principais neste campo as quais procuram traduzir, numa linguagem corporal, o significado do atletismo sem, contudo, perder a dimensão de sua especificidade técnica e normativa qual faz o atletismo a modalidade esportiva que é (MATTHIESEN, 2005, p.16).
De acordo com as DCE‟s3 recomenda-se ao professor de educação física a
abordagem dentro do conteúdo estruturante esporte, alguns conteúdos específicos,
entre outros, que podem emergir no ambiente escolar.
Portanto o ensino do esporte nas aulas de educação física de sim contemplar o aprendizado das técnicas, táticas e regras básicas das modalidades esportivas, mas nunca se limitar a isso. É importante que o professor organize seu plano de trabalho docente, estratégias, que possibilitem a analise critica das inúmeras modalidades esportivas e do fenômeno esportivo que sem duvida é algo bastante presente na sociedade atual. (DCE‟s, 2008, p.34).
Pode afirmar que nesta classificação cultural esportiva social, dos esportes, o
atletismo figura entre as ultimas posições. Esse aspecto deve ser considerado
inicialmente sob duas perspectivas: a primeira referindo-se as possibilidades que
teria o atletismo se possuísse maior espaço na cultura esportiva, o que despertaria
um interesse crescente pela modalidade, um “gosto popular”. Para Singer “a
popularidade de um esporte em uma sociedade em particular pode muito bem influir
sobre as atitudes e preferências da juventude” (SINGER, 1986, p 186); a segunda
refere-se a primeira e relaciona-se com o fato do atletismo ser pouco reconhecido
3 Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná.
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em termos de espaço, ou seja incentivos e apoios, oportunidades e trabalhos
desenvolvidos, tanto no meio escolar como em clubes e comunidades em geral.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná
(DCE‟s) propõe que os conteúdos da disciplina de Educação Física sejam
fundamentados nas reflexões sobre as necessidades atuais de ensino perante os
alunos, na superação de contradições e na valorização da educação. Significa,
também, reconhecer a cultura corporal que reside na atividade humana para garantir
a existência da espécie.
Neste sentido, o eixo fundamental que deve nortear a concepção e a ação
pedagógica da Educação Física Escolar é a não exclusão do aluno, “considerando
todos os aspectos ou elementos, seja na sistematização de conteúdos e objetos,
seria no processo de ensino aprendizagem, para evitar a exclusão ou alienação na
relação com a cultura corporal do movimento” (PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS, 1997, p. 10).
Segundo Darido (2001) a Tendência Interacionista Construtivista, objetiva a
interação do sujeito com o mundo. Nesta concepção a aquisição do conhecimento é
um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida. Ainda segundo
Darido (2001) a principal vantagem desta abordagem é que ela possibilita uma maior
integração com uma proposta pedagógica ampla e integrada da Educação Física
Escolar. Deve-se resgatar a cultura (popular) de jogos e brincadeiras dos alunos
envolvidos no processo ensino-aprendizagem, incluindo as brincadeiras de rua, os
jogos com regras, os brinquedos cantados dentre outros que compõem a vivência
cultural dos alunos. Além de valorizar suas experiências, sua cultura, à proposta
construtivista também tem o mérito de propor uma alternativa aos métodos diretivos,
tão impregnados na prática da Educação Física. O aluno constrói o seu
conhecimento a partir da interação com o meio, resolvendo problemas.
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2.2 A Ludicidade como processo articulador da aprendizagem.
O desafio permanente dentro da Educação Física Escolar, é produzir uma
cultura corporal que, afirmem valores e sentidos que ampliem a prática educativa,
dando causa condição e conseqüência de uma consciência corporal efetiva.
Considerando sempre a cultura originária dos alunos, aceitando sempre como fonte
de conhecimento e ponto de partida. Deve-se potencializar e consolidar linhas de
pesquisa, constituindo novos campos de investigação. Organizar dessa forma uma
cultura corporal escolar aberta e atenta às múltiplas possibilidades, tornando uma
escola fértil para novas produções e novos saberes. O mundo hoje se apresenta das
mais diversas formas: o social, o cultural, o econômico, e mais formas que
poderíamos enumerá-las sem limite.
Trazendo ludicidade para a sala de aula é muito mais uma „atitude‟ lúdica do educador e dos educandos. Assumir essa postura implica sensibilidade, envolvimento, uma mudança interna, e não apenas externa, implica não somente uma mudança cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva. A ludicidade exige uma predisposição interna, o que não se adquire apenas com a aquisição de conceitos, de conhecimentos, embora estes sejam muito importantes. Uma fundamentação teórica consistente dá o suporte necessário ao professor para o entendimento dos porquês de seu trabalho. Trata-se de ir um pouco mais longe ou, talvez melhor dizendo, um pouco mais fundo (ALMEIDA, 2009).
O ser humano obrigatoriamente possui duas funções: a lúdica e a
pedagógica. Deve-se primeiro trabalhar o lúdico e só depois promover as atividades
pedagógicas. O lúdico nem sempre é prazeroso. Quando perde, a criança
experimenta o sofrimento. Por isso, a palavra chave do lúdico é liberdade. Ao impor
o jogo, o adulto faz com que parte da ludicidade se perca, prejudicando a
aprendizagem. Uma vez que o lúdico é o meio para a aprendizagem potencialmente
significativa. Aprendizagem significativa não é aquela necessariamente importante,
mas sim a que faz conexão com conceitos ou habilidades pré-existentes. É
brincando que revelamos situações reais dentro da problematização real dos
impulsos pessoais.
O brincar proporciona a troca de pontos de vista diferentes, ajuda a perceber como os outros o vêem, auxilia a criação de interesses comuns, uma razão para que se possa interagir com o outro. Ele tem em cada momento da vida da criança, uma função, um significado diferente e especial para quem dele participa. Aos poucos os jogos e brincadeiras vão possibilitando às crianças a experiência de buscar coerência e lógica nas suas ações governando a si e ao outro. Elas passam a pensar sobre suas
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ações nas brincadeiras, sobre o que falam e sentem, não só para que os outros possam compreendê-las, mas também para que continuem participando das brincadeiras. Aí está o difícil e o fácil que é o brincar e o conviver com o outro. (DORNELLES, 2001)
De acordo com Huizinga (1980) apud Ornelas, desde que o mundo é mundo,
o homem sempre manifestou uma tendência lúdica – uma competência inata para
brincar e jogar - sendo por isso denominado, além de homo sapiens, homo ludens.
Para este historiador, o jogo é um fenômeno presente em todas as sociedades,
sendo inegável a sua existência como elemento da cultura. Nesse sentido,
reconhecer e dar lugar ao lúdico na sociedade e na educação significa buscar
satisfazer a um impulso natural do ser humano.
O homem como ser pensante, está cada vez mais em constante e infinito
desafio, o desafio se apresentam nas mais diversas formas, a Educação como um
todo deve dar ao indivíduo condições para superá-los, não importando o nível em
que se encontra.
Ensinar é muito difícil. Empolgar os jovens e transmitir-lhes o prazer por aprender e o quanto isso pode lhes ser bom para a vida íntima é algo que faz muito bem ao professor. A interação é riquíssima; ensinar é aprender; alimentar o outro é se sentir alimentado; dar é receber. A troca que se estabelece é de uma riqueza humana rara. Na verdade deveríamos apreciar perguntas que não sabemos responder, porque elas determinam uma inquietação que nos instiga a curiosidade e nos leva à busca do conhecimento novo. Agora transmitir com paixão é privilégio do professor que ama seu ofício e os assuntos em que se especializou. Transmitir valores é prerrogativa de quem os tem. Assim, o „bem‟ tenderá a vencer o „mal‟ pela mais inesperada das razões: o avanço tecnológico. Viver é mesmo uma aventura curiosa e fascinante! (GIKOVATE, 2001, p. 92)
A organização do trabalho pedagógico na Educação Física escolar, a
disciplina como mestra propulsora de todo desenvolvimento e trabalho escolar, deve
estar atenta a todos os aspectos envolventes dos educandos, auxiliando nas demais
áreas, no desenvolvimento integral, intelectual e corporal dos mesmos, tornando-os
capazes de discernir atividades e atitudes que venha de encontro à sua formação,
um ser útil a sociedade, com escolhas certas e direcionadas ao seu bem estar físico
e mental.
O lúdico é o melhor caminho para conseguir superar e ele deverá surgir de
modo descontextualizado, fazer parte integrante do cotidiano escolar, sendo assim,
o grande desafio da educação é, promover a socialização do saber, vinculado ao
contexto que se origina e se destina, para assim, ocorrer a transformação do
indivíduo, para um indivíduo pleno, com capacidade de inserção no mundo,
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enquanto cidadão, tendo como foco a vida, no respeito à coletividade e a dignidade
humana. “A educação pela via da ludicidade propõe-se a uma nova postura
existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando inspirado
numa concepção de educação para além da instrução” (SANTOS, 2001, p. 53).
O ensinar/aprender, na sua organização, planejamento e atuação deve estar
centrado numa práxis (relação teoria /prática) transformadora, buscar a autonomia
de um ser em movimento, tendo como objeto de estudo o próprio movimento
humano, o qual irá direcionar todos os saberes da educação física.
A articulação da ludicidade é essencial em todos os conteúdos estruturantes
porque ela nos proporciona prazer ao executá-la com motivação.
A ludicidade é qualquer atividade que nos dá prazer ao executá-la. Através da ludicidade a criança aprende a conviver, a ganhar e perder, a esperar sua vez, lidar com as frustrações, conhecer e explorar o mundo. Ela facilita a convivência entre a criança e o professor. A ludicidade se processa em torno do grupo como, das necessidades individuais, recrear é educar, pois permite criar a satisfazer o espírito estático do ser humano, oferece ricas possibilidades culturais (BRANDÃO, 2004).
Na organização do trabalho pedagógico devemos ter em mente que o
indivíduo se humaniza na convivência com outros seres humanos, nesta relação ele
aprende a colaborar repartir, ceder, expor suas idéias e compartilhar suas
experiências.
Na convivência coletiva, tanto os tímidos quanto os agressivos podem ser
beneficiados com os aspectos sociais em que a ludicidade possibilita.
É relevante resgatar o lúdico nas aulas de educação física, de modo que esse processo trabalhe com a diversidade cultural e desperte a vontade e aprender nas crianças. Com isto aprendem a verdadeira finalidade da educação física, que é desenvolver e fortificar o corpo sob o ponto de vista estático e dinâmico, contribuir para o aperfeiçoamento total do indivíduo (BRANDÃO, 2004).
Tendo como respaldo as DCES/SEED, se ganha mais força como projeto de
intervenção escolar, dentro de um trabalho pedagógico. Esse elemento articulador
ganho relevância porque, ao vivenciar os aspectos lúdicos que emergem das e nas
brincadeiras, o aluno torna-se capaz de estabelecer conexões entre o imaginário e o
real, e de refletir sobre os papéis assumidos nas relações em grupo.
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Reconhece e valoriza, também, as formas particulares que os brinquedos e
as brincadeiras tomam em distintos contextos e diferentes momentos históricos, nas
variadas comunidades e grupos sociais.
Dessa maneira, a ludicidade, como elemento articulador, apresenta-se como
uma possibilidade de reflexão e vivência das práticas corporais em todos os
Conteúdos Estruturantes, desde que não esteja limitada a uma perspectiva
utilitarista, na qual as brincadeiras surgem de modo descontextualizado, em apenas
alguns momentos da aula, relegando o lúdico a um papel secundário.
Torna-se de fundamental importância discutir com os alunos a ideia, por
exemplo, de que brincadeira é coisa de criança, isso por que:
O lúdico não se situa numa determinada dimensão do nosso ser, mas constitui-se numa síntese integradora. Ele se materializa no todo, no integral da existência humana. Da mesma forma que não existe uma essência humana divorciada da existência, também não existe um lúdico descolado das relações sócias. (ACORDI; SILVA; FALCÃO, 2005, p. 35)
Assim, o lúdico se apresenta como parte integrante do ser humano e se
constitui nas interações sociais, sejam elas na infância, na idade adulta ou na
velhice. Essa problemática precisa ser discutida e vivenciada pelos alunos, para que
a ludicidade não seja vivida através de práticas violentas, como em algumas
brincadeiras que ocorrem no interior da escola. O professor deve lançar mão das
diversas possibilidades que o lúdico pode assumir nas diferentes práticas corporais,
conforme discutem os autores:
A experiência lúdica constitui-se numa referência significativa que pode contribuir para a construção de possibilidades emancipatórias justamente pela sua característica fundamental de resistência à produção de algo que remete para além de si mesma, ou seja, o lúdico não satisfaz nada que não ele próprio, é compreendido não como meio, mas, necessariamente, como um fim. (ACORDI; SILVA; FALCÃO, 2005, p. 35).
Os aspectos lúdicos representam uma ação espontânea, de fruição, que
interfere sobre e na construção da autonomia, a qual é uma das finalidades da
escolarização.
Segundo Brandão (2004)
A ludicidade é qualquer atividade que nos dá prazer ao executá-la. Através da ludicidade a criança aprende a conviver, a ganhar e perder, a esperar sua vez, lidar com as frustrações, conhecer e explorar o mundo. Ela facilita a convivência entre a criança e o professor. A ludicidade se processe em torno do grupo como, das necessidades individuais, recrear e educar, pois
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permite criar a satisfazer o espírito estático do ser humano, oferece ricas possibilidades culturais.
Na organização, do trabalho pedagógico devemos ter em mente que o
indivíduo se humaniza na convivência com outros seres humanos, nesta relação ele
aprende a colaborar, repartir, ceder, expor suas idéias e compartilhar suas
experiências.
Na convivência coletiva, tanto os tímidos quanto os agressivos podem ser
beneficiados com os aspectos sociais em que a ludicidade possibilita.
Estas questões têm o intuito de demonstrar a compreensão das práticas
corporais na escola, identificar as múltiplas possibilidades de intervenção sobre a
ludicidade que surgem no cotidiano de cada cultura escolar com sua especificidade.
Essas situações propiciam tanto a potencialização quanto a interdição das
formas de expressão do corpo, por isso devemos estar atentos à forma como
encaminhamos, pois segundo Snyders (1988) “[...] o despertar para o valor dos
conteúdos das temáticas trabalhadas é que fazem com que o sujeito aprendiz tenha
aprender.” Conteúdos estes despertados pelo prazer de querer saber e conhecer.
Deve-se despertá-los para, com sabedoria, poder exteriorizá-los na sua vida diária.
"A educação pela via da ludicidade propõe-se a uma nova postura
existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando inspirado
numa concepção de educação para além da instrução" (SANTOS, 2001, p. 53).
A articulação da ludicidade é essencial em todos os conteúdos estruturantes
porque ela nos proporciona prazer ao executá-la com motivação.
A ludicidade é qualquer atividade que nos dá prazer ao executá-la. Através da ludicidade a criança aprende a conviver, a ganhar e perder, a esperar sua vez, lidar com as frustrações, conhecer e explorar o mundo. Ela facilita a convivência entre a criança e o professor. A ludicidade se processa em torno do grupo como, das necessidades individuais, recrear é educar, pois permite criar a satisfazer o espírito estático do ser humano, oferece ricas possibilidades culturais (BRANDÃO, 2004).
Na organização do trabalho pedagógico devemos ter em mente que o
indivíduo se humaniza na convivência com outros seres humanos, nesta relação ele
aprende a colaborar repartir, ceder, expor suas idéias e compartilhar suas
experiências.
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3 A aplicação do projeto
A implementação do projeto de intervenção pedagógica na escola foi
realizado no período de agosto a dezembro do ano de 2011, tendo como sujeitos
diretamente envolvidos os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, turma C
período da tarde, sendo 11 alunos do sexo feminino e 20 do sexo masculino.
A intervenção do projeto contou com apoio da equipe diretiva e pedagógica
do Colégio Estadual Djalma Marinho, localizado no município de Campo Largo –
Paraná.
A pesquisa/projeto e aplicação do Atletismo Lúdico tiveram o planejamento,
desenvolvimento e execução de diversas ações, a saber:
- Revisão e ajustes gerais do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola e
da Produção Didático-Pedagógica (unidade didática).
- Apresentação do Projeto “Atletismo Lúdico”, em linhas gerais, aos
professores, funcionários, equipe pedagógica e direção, presentes na “Formação
continuada 2011”.
- Explanação e conversa para definição com a direção e pedagoga para
definição do Projeto, sugestão de atividades e ações a serem desenvolvidas na
escola. Entrega à direção da cópia da Produção-Pedagógica (unidade didática).
- Reunião para apresentação do Projeto com os pais e alunos do Colégio
Estadual Djalma Marinho.
- Elaboração do formulário “Autorização do Aluno”, para conhecimento e
assinatura dos Pais e/ou Responsáveis, autorizando a participação dos alunos nas
atividades práticas.
- Elaboração do “Questionário 1 - Inicial”, a ser aplicado junto aos alunos
- Planejamento geral e cronograma das atividades e ações práticas a serem
executadas no desenvolvimento das aulas práticas:
- Uso da TV multimídia para a exibição do filme: Pateta nas Olimpíadas –
Walt Disney. (duas aulas com duração de 50 minutos).
- Atividade prática e lúdica de Corrida (duas aulas com duração de 50
minutos)
- Atividade pratica e lúdica de lançamento do dardo e martelo (duas aulas com
duração de 50 minutos)
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- Atividade pratica e lúdica de arremesso de peso (duas aulas com duração
de 50 minutos)
- Atividade prática e lúdica de saltos (duas aulas com duração de 50 minutos)
- Festival do Atletismo (um dia)
- Confecção de materiais alternativos para a realização das atividades pratica
com os alunos do 6º ano turma C. (três aulas com duração de 50 minutos)
- A partir dessas ações o trabalho seguiu com o desenvolvimento prático das
atividades, procurando sensibilizar os alunos do 6º ano C do Colégio Estadual
Djalma, no sentido de atingir os objetivos propostos de aprendizagem, vivências
corporais e melhoria das inter-relações dos envolvidos no referido projeto.
- Elaboração “Questionário 2- Posterior” a ser aplicado junto aos alunos.
O instrumento utilizado para a coleta de dados constitui-se de 2 (dois)
questionários (inicial e posterior às atividades aplicadas) contendo cada um 6 (seis)
perguntas fechadas, os quais foram aplicados junto aos alunos, envolvidos no
projeto Atletismo Lúdico. O questionário inicial (anexo 01 p. 24) buscou investigar o
conhecimento que os alunos possuíam sobre o Atletismo; o questionário posterior
(anexo 02 p. 25) avaliou se a participação e o envolvimento dos alunos efetivou-se
de maneira satisfatória nas atividades desenvolvidas de forma lúdica durante a
implementação do projeto.
4 Apresentação dos dados e análise dos resultados
Os dados coletados nos dois questionários foram tabulados e posteriormente
analisados.
A seguir, apresento e destaco as questões/respostas dos questionários,
aplicadas aos alunos, no sentido verificar o resultado da aplicação do projeto de
implementação/Atletismo Lúdico:
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Resultado comentado do questionário inicial do projeto.
GRÁFICO 01
Fonte: organização do autor
A maioria dos alunos já conhece a modalidade de esporte Atletismo ou pelo
menos já ouviu falar em meios de comunicação ou mesmo na escola. Os alunos que
ainda o desconhecem disseram que conhecem com o nome de corrida sem ao
menos entender que se trata de um esporte com regras com outro esporte qualquer.
GRÁFICO 02
Fonte: organização do autor
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A grande maioria teve acesso a informação pela televisão. A televisão é o meio
mais comum de informação entre os alunos, pois em conversa com os mesmos,
percebe-se que esse eletroeletrônico é comum em todas as moradias. E assim como
ela (televisão) conhecimentos e informações importantes também incutem valores
que nem sempre são aceitos pela sociedade.
GRÁFICO 03
Fonte: organização do autor.
Percebe-se que a modalidade do atletismo continua sendo negligenciada aos
alunos no espaço escolar, com isto, não está oportunizada sua prática e novas
possibilidades de vivências corporais. São práticas que deixam de contribuir para o
desenvolvimento integral dos alunos
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GRÁFICO 04
Fonte: organização do autor.
Os alunos em suas opiniões entendem que o Atletismo deve fazer parte das
aulas curriculares de Educação Física como as outras modalidades, mas
infelizmente nem todos os profissionais da área nas escolas incluem a modalidade
no Plano de Trabalho Docente.
GRÁFICO 05
Fonte: organização do autor.
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Sim, foi a resposta de 90% dos alunos. A realização do projeto oportunizou os
alunos outras formas diferentes das tradicionais as quais ajudaram a ter um
entendimento e conhecimento sobre o Atletismo.
GRÁFICO 06
Fonte: organização do autor.
As atividades de caráter lúdico contribuíram para as atividades contribuíram
para a melhoria da convivência e colaboração entre os alunos envolvidos no projeto.
Resultado comentado do questionário posterior ao projeto.
GRÁFICO 01
Fonte: organização do autor.
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Os discentes em sua maioria concordam que a realização do projeto foi muito
importante oferecendo a eles novas possibilidades de aprendizagem sobre a
modalidade do Atletismo.
GRÁFICO 02
Fonte: organização do autor.
Sem dúvida o processo de aplicação do projeto contribuiu de forma
satisfatória para um crescimento individual e coletivo no que diz respeito a
participação envolvimento cumprimento de normas e colaboração entre os alunos.
GRAFICO 03
Fonte: organização do autor.
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O projeto possibilitou aos alunos uma maior motivação para a participação
nas aulas curriculares na disciplina de Educação Física. Os alunos perceberam que
outras modalidades podem ser trabalhadas na escola e não só o voleibol,
basquetebol e handebol, que são os esportes mais comuns e trabalhados.
GRÁFICO 04
Fonte: organização do autor.
A ludicidade aliada a prática das atividades desenvolvidas fez com que os
alunos a realizassem de forma natural e foi nítida o envolvimento e participação dos
mesmos.
GRÁFICO 05
Fonte: organização do autor.
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Dentre outras obrigações que lhes são pertinentes sem duvida os valores
devem estar relacionados aos âmbitos escolares. E isso foi claro pelas respostas,
onde a maioria reponde sim.
GRÁFICO 06
Fonte: organização do autor.
Os alunos por meio do projeto Atletismo lúdico vivenciaram novas
possibilidades de atividades corporais que lhe foram oferecidas com os materiais e
espaços alternativos.
5 Conclusão
Saliento que, de maneira geral, a participação e o envolvimento dos alunos
nas atividades/ações desenvolvidas no Projeto Atletismo Lúdico foi bastante
satisfatória. Da mesma forma, o apoio e incentivo por parte dos pais, equipe
pedagógica e direção foi bastante efetivo.
A partir das observações diárias e através das perguntas e respostas dos
questionários pode-se verificar, mais de perto, as atitudes, envolvimento e
participação dos alunos envolvidos, que nos faz acreditar num futuro melhor para a
Educação Física, tendo o Atletismo Lúdico uma atividade interessante, atraente e
como uma nova possibilidade no ambiente escolar.
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Em síntese, os objetivos previamente definidos foram plenamente atingidos,
onde se percebeu uma melhora significativa no processo de ensino e aprendizagem,
melhora das relações interpessoais, maior participação, cooperação e disciplina dos
alunos, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento biopsicossocial, aquisição
de valores e novos conhecimentos sobre a modalidade do Atletismo.
A partir da realização do projeto, e das observações diretas e da análise dos
dados levantados, podem-se fazer as seguintes considerações:
- Com a realização e desenvolvimento do projeto na escola a Educação
Física teve um maior reconhecimento e valorização, com os alunos apresentando
um crescimento, motivação e participação mais efetiva nas aulas e atividades
propostas.
- Em razão das diversas atividades realizadas serem cooperativas e lúdicas,
onde exigiram dos alunos a troca de informações, interações, cooperação,
organização coletiva e vivência prática, perceberam-se uma satisfação geral e
melhora nas relações interpessoais no dia a dia da escola.
- Foram oportunizados diversos momentos de estímulos ao trabalho em
grupo, espírito de equipe, desenvolvimento de habilidades motoras básicas,
crescimento pessoal, respeito às regras, aos colegas e às diferenças, fortalecimento
das amizades e inclusão, acontecendo disputa saudável, participativa e sem a
valorização da competição e da vitória.
- Espera-se com a realização do projeto tenha oportunizado aos educandos
várias atividades de descontração, divertimento e vivências lúdicas as quais possam
estimular uma cultura corporal e sócio-esportiva para o seu cotidiano, após o
período de escolarização formal.
Considera-se que este estudo possa servir como consulta, apoio e incentivo
para outros professores da disciplina de Educação Física. Saliento que o conteúdo
abordado poderá ser explorado profundamente em novos e futuros estudos, e que o
seu desenvolvimento poderá, também, ser realizado em todas as escolas públicas
do estado do Paraná.
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Referências ACORDI, Leandro de Oliveira; SILVA, Bruno Emmanuel Santana da; FALCÃO, José Luiz Cirqueira. As Práticas Corporais e seu Processo de Re-signficação: apresentado os subprojetos de pesquisa. In: SILVA, Ana Márcia; DAMIANI, Iara Regina (Org.). Práticas corporais: gênese de um movimento investigativo em educação física. Nauemblu Ciência & Arte, Florianópolis, v. 1, 2005. ALMEIDA, A. Ludicidade como instrumento pedagógico. Disponível em: http://www.cdof.com.br/recrea22.htm. Acesso no dia 09 de fevereiro de 2011. DAÓLIO, J. Por uma educação física plural. Motriz. v. 1, n. 2, 1995, pág. 134-136. FAZENDA, I. C. A Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas, SP, Papirus, 1995.FORTUNA, Tânia Ramos. Formando professores na Universidade para brincar. In: SANTOS, Santa Marli P. dos (Org.). A ludicidade como ciência. Petrópolis: Vozes, 2001 FORTUNA, Tânia Ramos. Formando professores na Universidade para brincar. In: SANTOS, Santa Marli P. dos (Org.). A ludicidade como ciência. Petrópolis: Vozes, 2001. GONÇALVES, G. História do Atletismo, Trabalhos Escolares Prontos. Disponível em http://www.coladaweb.com: Acessado em 04/05/2011.
GIKOVATE, Flávio. A arte de Educar. Curitiba: Nova Didática, 2001.
JEBER, L. J. - Plano de Ensino em Educação Física, Revista virtual EF Artigos - Natal/RN– vol. 02- n.º18, 2005, disponível emhttp://efartigos.atspace.org/arquivos/numero42.html: Acessado em 05/05/2011
LUCKESI, Cipriano Carlos. Educação, ludicidade e prevenção das neuroses futuras: uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese. In: LUCKESI, Cipriano Carlos (Org.) Ludopedagogia. Salvador: Gepel, 2000. (Ensaios 1: Educação e Ludicidade) MATTHIESEN, S.Q. Atletismo se aprende na Escola - Jundiaí, SP: Editora Fontoura, 2005. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Educação infantil. Brasil – Brasília MEC/ SEF, 1997. PARANÁ. Diretrizes Curriculares Estaduais – DCE’s. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 2010. WERNECK, C. L. G. A criança e o esporte: o lúdico como proposta. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Florianópolis, v. 18, n.12, p. 103-110, jan.1997. VIGOTSKY, L. S. A formação Social da Mente. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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ANEXO 1
Questionário inicial
1 Você conhece ou já ouviu algo sobre a modalidade do Atletismo?
( ) Sim ( ) Não
2 De que forma teve acesso a essa informação?
( ) Não tiveram nenhuma informação
( ) Televisão
( ) Internet
( ) Outros (professores, livros, escola etc.)
3 Você já participou de alguma prova referente ao Atletismo?
( ) Sim ( ) Não
4 Em sua opinião, você acha importante que essa modalidade de Atletismo faça
parte das aulas de Educação Física?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
5 Você acha importante a realização de projetos na escola, durante o período letivo?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
6 Na sua opinião os projetos realizados na escola melhoram o comportamento, as
atitudes e valores entre os alunos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
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ANEXO 2
Questionário posterior
1-A realização do projeto Atletismo Lúdico no Colégio Djalma Marinho foi:
( ) Muito importante ( ) Importante ( ) Pouco importante
2- As atividades desenvolvidas no decorrer do projeto contribuíram para um maior
crescimento e formação dos participantes?
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez ( ) Não sei
3- A partir da participação no projeto, você sente mais vontade e motivação para
participar das aulas normais de Educação Física?
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
4- Você acha que a prática de atividades lúdicas e esportivas na escola são:
( ) Muito importante ( ) Importante ( ) Pouco importante
5- Você acha que a escola tem a obrigação de passar e/ou ensinar valores aos
alunos:
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez ( ) Não sei
6- Para você foi significativo e gratificante ter participado e vivenciado as atividades
do projeto Atletismo Lúdico?
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez