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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP UNIVERSIDADE ANHANGUERA- UNIDERP Anhanguera/Osasco Serviço Social Movimentos Sociais Movimentos Sociais Nome do tutor presencial: Mirian Meneghini Rodrigues Nome do tutor á distância: Celina Antonia da Silva Nome e RA de cada participante: Andréa Rodrigues – RA: 4348879801 Ana Paula Ravena – RA: 4300069742 Janice Honório do Prado – RA: 4311778529 1

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA- UNIDERP

Anhanguera/Osasco

Serviço Social

Movimentos Sociais

Movimentos Sociais

Nome do tutor presencial: Mirian Meneghini Rodrigues

Nome do tutor á distância: Celina Antonia da Silva

Nome e RA de cada participante: Andréa Rodrigues – RA: 4348879801

Ana Paula Ravena – RA: 4300069742

Janice Honório do Prado – RA: 4311778529

Osasco / 20.05.2015.

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SUMÁRIO

1- Introdução................................................................................................................03

2 - A conjuntura nacional e o cenário político no qual os movimentos sociais se

fundam .........................................................................................................................04

2.1 - Apreciação da música e reflexão sobre os movimentos sociais...........................06

3 – A construção da democracia e o papel dos mediadores nos novos movimentos

sociais............................................................................................................................08

4 – Ações coletivas indicando diferenças entre movimentos sociais e ações ou redes

de mobilizações............................................................................................................11

5 – Conclusão................................................................................................................14

6 - Referências bibliográficas........................................................................................16

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1 – INTRODUÇÃO

Pensar em Movimentos sociais é refletir todas as formas de demandas e lutas da

sociedade civil brasileira ao longo da história, o que oportuniza o aprofundamento dessa

temática possibilitando conhecer todo histórico que envolve os movimentos sociais ou redes

de mobilizações e associações civis no Brasil.

Através dessa reflexão podemos estar apreciando mais a respeito da Constituição, da

democracia e do papel dos mediadores nos novos movimentos sociais. 

E para um melhor entendimento há necessidade de contextualizar historicamente as

formas de demandas e lutas da sociedade civil brasileira, de identificar os movimentos sociais

ou redes de mobilizações e associações civis no Brasil contemporâneo e de analisar a

participação do Serviço Social nos movimentos sociais. 

O conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que

tem como objetivo alcançar mudanças sociais por meio do embate político, dentro de uma

determinada sociedade e de um contexto específico.

Fazem parte dos movimentos sociais, os movimentos populares, sindicais e a

organizações não governamentais (ONGs).

Portanto, deve-se ter em mente que os movimentos sociais são réplicas coletivas de

indivíduos nas dificuldades que vivenciam, buscando lutar por suas reivindicações, edificando

e recompondo sua própria história em determinado tempo, ponderando que cada movimento

tem suas peculiares e suas demandas, às quais devem ser avaliadas.

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2- A conjuntura nacional e o cenário político no qual os movimentos

sociais se fundam.

Um movimento social é sempre expressão de uma ação coletiva e decorre de uma luta

sociopolítica, econômica ou cultural. Usualmente ele tem os seguintes elementos

constituintes: demandas que configuram sua identidade; adversários e aliados bases,

lideranças e assessores que se organizam em articuladores e articulações e formam redes de

mobilizações.

Nessa direção os movimentos sociais refletem um construto histórico de momentos e

períodos de mobilizações sociais que vão conduzir um processo de efetivação de direitos ou

consolidação dos direitos sociais. Gohn (2010). 

Conforme Gohn (2010), os movimentos sociais propriamente ditos, criados e

desenvolvidos a partir de grupos da sociedade civil, têm nos direitos, a fonte de inspiração

para a construção de sua identidade. Podem ser direitos individuais ou coletivos. Ou seja, ora

podem lutar por direitos individuais ora coletivos, pois em sua gênese o próprio direito é

justamente é o olhar crítico de uma parcela da sociedade que reivindica a intervenção ou

mobilização do Estado para que esses direitos sejam efetivados.

Nesse sentido, os movimentos se estabelecem para que haja uma transformação de

algo suscitado de determinado grupo a partir de seu conhecimento, do sentimento de

pertencimento, da realidade, da própria identidade como cidadãos de direitos que, estão sendo

violados no intento de suprir essa necessidade.

As mobilizações sociais não são recentes e foi a partir dessas mobilizações que se

obtiveram vários avanços com relação aos direitos sociais, em que a organização da sociedade

civil promoveu e promove tais mudanças.

Os movimentos sociais têm contribuído para organizar e conscientizar a sociedade

apresentando vias práticas de pressão e mobilização. Existe uma necessidade por ideais

clássicos de igualdade fraternidade e liberdade, o processo de lutas daquele sujeito contra a

diferenciação e discriminações socioeconômicas agora se transforma em políticas de

identidades, pré-estruturadas segundo modelos articulados pelas políticas públicas,

controlados por fim pelas secretarias de estado em parceria com organizações civis como as

ONGs que apenas fazem o papel de mediadores.

A partir desse processo as ações coletivas se deslocam da sociedade civil para a

sociedade política dos bairros e organizações populares para os gabinetes e secretarias do

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poder estatal principalmente no plano federal, ainda nesse processo de desestruturação

transformasse a dimensão política entendida como o espaço possível de construção histórica

de análise da tensão existente entre os diferentes sujeitos e agentes sociopolíticos em cena

desaparecendo da ação coletiva.

No entanto algumas alterações puderam ser observadas nas mobilizações, o motivo e

que, muitas dessas mobilizações tem sido estimuladas de cima para baixo, também surgiram

formas de submeter o indivíduo a crenças e práticas que impõe sua participação numa dada

comunidade na reconstrução e uma ordem social.

O novo milênio na América Latina encontrasse em uma situação em que as

circunstancias a que levam os movimentos sociais e políticas se enquadrem a um palco

contraditório dificultando assim a organização, diferente de diversos países do mesmo tempo

de experiência.

Essa perda de força se deu por diferentes motivos, pois os movimentos sociais são

extremamente diferenciados segundo o tipo e o grau de organização, demandas, articulação,

projeto político, trajetória histórica, experiências vivenciadas e principalmente no plano

político-organizativo e a abrangência territorial.

Mas realmente o motivo principal, seria a captura do sujeito político e cultural da

sociedade civil antes organizada em um movimento e ações coletivas de protestos

transformando-o em um indivíduo quase mobilizado por políticas sociais institucionalizadas,

ou seja, suas novas políticas sociais dão prioridade a processos de inclusão social de setores e

camadas tidas como “vulneráveis” ou excluídas de condições sócias econômicas ou direitos

culturais, só que esse processo é feito de forma contraditória.

Podemos ver em fim, que, a história social ensina que não existe política social sem os

movimentos sociais sem uma mobilização capaz de impor essa tal política social.

São os movimentos sociais que abrem as portas para civilizações. Hoje em dia ainda

tentasse convencer que é o mercado que criam as políticas sociais sem que percebam que até

ai os movimentos sociais interagem, pois foi quem civilizou a economia do mercado

contribuindo também grandemente e fortemente para sua eficiência.

Os movimentos sociais criam e recriam formas de ação em seus fins e meios com forte

conteúdo simbólico e ações originais. Diante disso, acorda-se quanto da importância que os

movimentos sociais exerceram e exercem na sociedade, insurgindo do poder de opressão,

moldando os contornos da política de Assistência Social e das políticas públicas e sociais,

refletindo no pensamento dos profissionais de Serviço Social e influenciando suas ações.

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Portanto, não se podem tratar os movimentos sociais como meros agentes

instrumentais, pois é um construto histórico que conseguiu ao longo do tempo transformar as

anosas e atuais realidades a partir de uma mobilização e de uma organização, interferir na

condução ou na estruturação dos direitos sociais, ou seja, deve-se analisar a essência desses

como agentes que contribuem para que se tenha o controle social do que é público no auxilio

da fiscalização e a efetivação plena da democracia. 

2.1 - Apreciação da música e reflexão sobre os movimentos sociais.

A música Preso a liberdade da banda Subsolo retrata o comodismo dos indivíduos em

relação aos movimentos sociais, ou seja, as pessoas esperam que tudo seja resolvido por conta

própria e não lutam por seus direitos.

Como sabemos muitas coisas em nossa sociedade andam errada e muitas dessas coisas

só podem acertadas através dos movimentos sociais, movimentos esses que a música cobra e

faz apelo para que a sociedade acorde e pare de ficar de braços cruzados e fechar os olhos pra

realidade, pois só assim uma sociedade poderá ter a sua história, uma história digna para

todos.

A música aborda o tema “movimentos sociais”, onde nos mostra o retrato da nossa

sociedade atual onde todos nós estamos presos sem nenhuma grade, mas sim “preso à

liberdade” que é a realidade de uma sociedade que não luta por seus ideais e apenas esperam

ser levadas de uma forma covarde, que enxergam a realidade, mas se deixam tornarem-se

cegas, acomodadas esperando que o outro lute por seus próprios direito acomodando através

de desculpas. Esse é um dos motivos de estarmos presos a tantos erros tantas limitações tantas

promessas, pelo simples fato dos movimentos sociais diminuírem a força.

Movimentos sociais fazem referência a uma ação coletiva de um determinado grupo

organizado e que busque em seus interesses principais por mudanças sociais, melhorias,

conquistas por meio do embate político e conforme seus valores e ideologias dentro de uma

determinada sociedade e de um contexto específico permeado por tensões sociais.

O que leva a crer que, a possibilidade de permanência dos movimentos sociais na

América Latina nos tempos atuais é muito provável e evidente pela grande esperança que se

encontra nas pessoas que tem um olhar diferenciado na luta por seus direitos. Pessoas essas

que almejam por um ideal forte, que lutam por mudanças, melhorias, liberdades, por uma

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sociedade digna e outros motivos fundamentais em uma sociedade com desigualdades sociais,

culturais, etc.

Muito foi alcançado através dos movimentos sociais, mas não pode parar por aí muito

ainda deve ser feito, falta muito para ter uma sociedade digna e de direitos e não só de

deveres.

As possibilidades de mudança nos movimentos sociais pode sim acontecer, mas os

movimentos que ainda hoje se propagam e ganham forças vem de décadas passadas.

Existem as mudanças ocorridas em valor do espaço adquirido a partir da luta dos

movimentos sociais em consequência pela obtenção desse espaço.

O cenário social e político atual é profundamente marcados pelo surgimento de

sujeitos coletivos que emergem inesperadamente a representação social de interesses.

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3 – A construção da democracia e o papel dos mediadores nos novos

movimentos sociais.

Democracia é a forma de governo em que a soberania é exercida pelo povo. A

palavra democracia tem origem no grego demokratía que é composta por demos (que

significa povo) e kratos (que significa poder).

É um regime de governo em que todas as importantes decisões políticas estão com o

povo, que elegem seus representantes por meio do voto. Este regime de governo pode existir

no sistema presidencialista, onde o presidente é o maior representante do povo, ou no sistema

parlamentarista, onde existe o presidente eleito pelo povo e o primeiro ministro que toma as

principais decisões políticas.

Democracia é um regime de governo que pode existir também, no sistema

republicano, ou no sistema monárquico, onde há a indicação do primeiro ministro que

realmente governa.

A democracia tem princípios que protegem a liberdade humana e baseia-se no governo

da maioria, associado aos direitos individuais e das minorias. Uma das principais funções da

democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais, como as liberdades de

expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida política,

econômica, e cultural da sociedade.

A Democracia surgiu na Grécia onde o governo era realmente exercido pelo povo, que

fazia reuniões em praça pública para tratar de vários assuntos e problemas, era a

chamada Democracia Direta, onde as decisões são tomadas em assembleias públicas.

Com o crescimento das populações, as reuniões em praça pública ficaram impossíveis

de acontecer, surgiu então um novo tipo de Democracia, a Democracia Representativa, onde o

povo se reúne e escolhe por meio do voto os representantes que irão tomar decisões em seu

nome. Este é o processo mais comum de tomada de decisão nos governos democráticos,

também chamado de mandato político. A mesma se opõe à ditadura e ao totalitarismo e reúne

princípios e práticas que protegem a liberdade do ser humano.

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Através da nossa pesquisa podemos constatar que o alcance da cidadania depende de

informação e da transformação das relações de poder, que tem produzido concentração de

renda, de informação e de saber a custa da pobreza, da ignorância e da exclusão social de

milhares de pessoas.

Da mesma forma, essa transformação deve acontecer nas relações sociais, com o

fortalecimento de organizações sociais e com o surgimento de novos estilos de gestão pública

e de ação coletiva, possibilitando a inclusão da população nos processos políticos decisórios.

Um dos desafios da democracia brasileira na contemporaneidade é a consolidação de

um sistema voltado para a construção e o desenvolvimento de uma cultura política que

promova valores e hábitos democráticos como a participação, a confiança e a cooperação da

população.

A descrença e o afastamento da população na esfera política comprometem o

fortalecimento da democracia. Vivemos em um país onde se fala muito em democracia,

liberdade de expressão, e luta pelos seus direitos, mas que muitas vezes são violados é uma

situação às vezes contraditória.

A informação e a educação são palavras chave para haver uma transformação da

sociedade, forjando assim cidadãos críticos, formadores de opinião, para que não sejam

manipulados, de modo que tenha discernimento de quais são os seus direitos e como

reivindicá-los.

Os cidadãos têm seus direitos expressos, e os dever de participar no sistema político

que vão proteger seus direitos e a sua liberdade. O processo democrático pressupõe a

participação ativa de seus cidadãos para reivindicar direitos, questionar políticas públicas e

cobrar responsabilidades das instituições.

Pensar na democracia tornou-se, no nosso século, uma questão vital para todos aqueles

que se interessam pela construção de uma sociedade livre e justa. Num país que vive a

experiência de manifestações políticas caracterizadas por exigências democráticas exigências

de um governo da maioria e de um governo regido por leis, a democracia é mais do que nunca

uma pergunta e uma resposta que diz respeito ao nosso futuro, um futuro de homens livres e

responsáveis. (ROSENFELD, 2009).

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Através de pesquisas na internet encontramos a instituição Actionaid, é uma ONG

fundada em 1972, a ActionAid é uma organização sem fins lucrativos cujo trabalho atinge

cerca de 15 milhões de pessoas em 45 países. A ActionAid está no Brasil desde 1999. Sua

atuação já envolve 25 organizações parceiras em 13 estados, beneficiando mais de 300 mil

pessoas em cerca de 1.300 comunidades.

Essa ONG é um movimento global de pessoas que trabalham juntas para promover os

direitos humanos e superar a pobreza. Faz campanhas de caridade contra as causas da pobreza,

eles acreditam na capacidade das pessoas para superar a situação da pobreza em que vivem, e

por isso investem em sua capacitação e também suas em ideias. Trabalham diretamente com

as pessoas em situação de pobreza e vulnerabilidade através dos parceiros locais para

fortalecer seus direitos.

A instituição busca um mundo sem pobreza e injustiça, esse projeto trabalha em

parceria com as comunidades e organizações locais para garantir o acesso das pessoas em

situação de pobreza, aos direitos humanos básicos, como alimentação, educação,

infraestrutura urbana, participação cidadã, igualdade entre homens e mulheres, raças e etnias.

A ONG busca minimizar não só os problemas econômicos, mas também as relações

sociais, fazendo com que diminua a exclusão social. Observamos que na instituição existe

estratégia de capacitação para ajudar as pessoas pobres excluídas e a se organizar para

reivindicar seus direitos, participar no processo de tomada de decisões, e ter uma palavra a

dizer na política e políticas publicas, ou seja, existe uma democracia participativa dentro da

instituição.

Segundo Gohn (2010) ela descreve os movimentos sociais como ações sociais

coletivas de caráter sócio político e cultural que viabilizam formas distintas da população se

organizar e expressar suas demandas, ou seja, é composto pelo povo que se põe em

movimento para conquista de algo em comum (mudanças sociais) conforme seus valores e

ideologias.

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4 – Ações coletivas indicando diferenças entre movimentos sociais e ações

ou redes de mobilizações civis

Atualmente existe grande variedade de organizações, articulações, projetos e

experiências, refletindo a ampliação do leque dos movimentos sociais; O próprio Estado está

reconfigurando as suas relações com a sociedade e gradualmente reconhecendo a existência

desses novos sujeitos coletivos.

No entanto, conforme Gohn (2010) aponta, disso decorre uma inversão de papéis: ao

estabelecer relações com os movimentos sociais, o Estado passa a exercer uma influência

política “de cima para baixo”, retirando deles o seu caráter político e de pressão.

Em outras palavras, os movimentos sociais passam a sofrer forte influência e até

mesmo controle das estruturas políticas do Estado, que transformam as identidades políticas

dos movimentos, e fazem com que a demanda coletiva seja suplantada por uma série de outras

demandas específicas, isoladas e débeis. E, em decorrência, o Estado torna-se o único ponto

de integração e convergência.

Com a alteração do formato das mobilizações neste milênio e a ampliação dos sujeitos

coletivos, os movimentos sociais estão agora dispostos em redes associativas, graças à

profusão de novas tecnologias de comunicação. Isso decorre também do alargamento das

fronteiras dos conflitos, como a questão migratória e imigratória e de acesso a recursos

estratégicos, como água, energia, terra, etc.

Esses conflitos, por sua vez, deixam de ter somente como eixo os Movimentos Sociais

X Estado, e referenciam-se em novos eixos, incluindo corporações e outros agentes

econômicos interessados em tais recursos.

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Continuam prevalecendo grandes lacunas na produção teórica e acadêmica acerca dos

movimentos sociais, apesar de sua recorrente presença na literatura das Ciências Sociais.

Tais lacunas dizem respeito ao próprio conceito de movimento social e englobam: a

sua qualificação como novos; a sua distinção de outras ações coletivas ou organizações

sociais, como as ONGs; as consequências de sua institucionalização; e o seu papel no atual

momento histórico.

Observamos através da pesquisa online que há então uma consequente mudança no

perfil das ONGs: de centros de educação popular passaram a serem entidades de assessoria

aos movimentos sociais, na medida da limitação de suas atuações. Fortaleciam a luta dos

movimentos ao produzir conhecimento sobre suas atividades e a partir delas incentivar a

formulação de políticas públicas para os mais diferentes setores sociais.

Condição que atribui às ONGs uma posição cômoda em relação ao resultado do

trabalho que desenvolvem, na medida em que não respondem diretamente pelos equívocos

dos movimentos sociais. Em decorrência desta aparente distância, alguns setores dos

movimentos sociais, em especial o ambientalista, se relacionam com as ONGs de uma

maneira até mesmo pejorativa ao tratá-las como ‘entidades de assessoria’, salientando o

distanciamento para com as lutas dos movimentos sociais.

Além disso, a condição de autonomia conquistada e atribuída às ONGs também as

credenciou para o diálogo com outros atores sociais, a saber: o Estado e o Mercado.

Desprovidas de uma origem partidária ou mesmo ideológica pelas quais se

referenciam; ressaltando princípios de conceituação elástica (democracia ou cidadania, por

exemplo); sustentadas pela contribuição financeira às pesquisas e projetos que desenvolvem,

as ONGs tornam-se interlocutores ideais de governos e empresas na medida em que não mais

representam ameaças a estes, ao contrário dos movimentos sociais.

Essa condição, somada ao conhecimento que as ONGs possuem sobre as fontes de

financiamento, faz com que se crie uma relação de dependência clientelista entre as ONGs e

os setores por elas assessorados.

Na maioria das vezes, a comunidade tem condições de se mobilizar por conta própria

se o esforço for direcionado para esse fim. Além disso, a prática clientelista não soluciona de

fato os problemas do cliente: devolve à clientela recursos que por outra via lhe foram

extraídos e utiliza estes fluxos de recursos como meio de dominação ideológica.

O projeto se torna um meio para se conseguir recursos externos, não um esforço

planejado de um grupo de pessoas para alcançar um objetivo e modificar determinada

situação, além disso, a necessidade de escrever projetos e administrar recursos marginaliza o

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pobre que não sabe escrever, nem possui conhecimentos próprios para administrar - gerando

dependência e perda de dinamismo.

A relação entre as partes também passa a ser desvirtuada diante do contrato

estabelecido: a doação dá para os líderes intermediários um poder maior dentro de um

determinado grupo; o estrangeiro deixa de ser o explorador imperialista para ser benfeitor dos

pobres; as doações substituem a criatividade e o esforço próprio dos sujeitos populares,

fazendo da apresentação de projetos um meio mais cômodo do que iniciar um processo de

poupança; também as agências financiadoras passam a ver as ONGs como melhores

informantes, prestadores de serviços e canalizadores de fundos, compondo assim a cadeia

clientelista.

Fazendo o que o governo não faz, deixam de ser apenas interlocutoras do social para

se tornarem seus representantes junto à opinião pública, encarnando a ação cidadã que dá

conta das questões sociais.

Por sua vez, o governo também passa a promover seu programa social de braços

dados com as ONGs, chamando-as à responsabilidade e à cumplicidade com seu programa de

ação.

As ONGs não nasceram para substituir os movimentos sociais, mas para fortalecê-los.

Sendo assim, parte do tecido social, não disputam espaços com os movimentos, somam-se a

eles, de modo que a própria ONG é movimento.

As Organizações não governamentais são constituídas pela sociedade civil sem fins

lucrativos e que têm como missão a resolução de alguma problemática da sociedade, seja ela

ambiental, econômica, racial e etc., ou ainda a reivindicação de direitos e melhorias na

fiscalização do poder público, diante disso acorda-se em unânime, que a maior parte das

ONGs na atualidade não se caracteriza como instituições de mero cunho assistencialista,

contudo, como parceiras de suma relevância na luta contra a questão Social.

Todavia, vale refletir uma ressalva de Herbert José de Souza (Betinho), sobre o

verdadeiro papel das ONGs.  Não cabe às ONGs brasileiras acabar com ou pretender

substituir o Estado, mas colaborar para a sua democratização. Não cabe às ONGs produzir

para o conjunto da sociedade os bens e serviços que o mercado não é capaz de produzir, mas

propor uma nova forma de produzir e distribuir que supere os limites da lógica do capital”.

(SOUZA, Herbert José de).  

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5 - CONCLUSÃO

Compreende-se que falar de organização política do Assistente Social e dos

Movimentos Sociais é ter a afirmação da ação no campo da militância política, em que,

apreender a maneira estratégica do movimento social faz-se imperativo para revigorar a

profissão de Serviço Social que apresenta sua intervenção no limiar dos direitos seu maior

instrumento de trabalho.

Somente o alargamento ininterrupto dessa relação, Assistente Social e Movimento

Social, consigam consolidar a luta pela efetivação dos direitos e de uma abrangência maior da

luta popular, pois é nas organizações de massa que se encontram os reais protagonistas da luta

emancipadora. 

Sabe-se que os movimentos sociais se fundaram em elementos de ampla importância

na história das aquisições sociais no Brasil. Germinando da iniciativa popular, cuja finalidade

originou-se pelas mazelas acarretadas pela desarmonia em meio ao universo do capital em

prejuízo do trabalho.

E a partir do trabalhador os movimentos sociais constituíram-se em componentes de

resistência e posicionamento político da coletividade. Na medida em que a sociedade está

submissa pelo influxo do capital, o novo padrão de produção, com vistas ao impulso do

agravamento da ‘mais valia’, os movimentos sociais  juntaram-se as reivindicações vastas e

coletivas. 

Hoje se têm como exemplos os movimentos de defesa à natureza, às etnias, à

orientação sexual, os movimentos pela terra e pelo teto, os quais se configuram em evidências

de ordem privada e, na mesma medida, os profissionais da área podem tecer aproximações

acerca das possibilidades de atuação do serviço social.

Adverte-se que com esses movimentos e enfrentamentos, os assistentes sociais devem

buscar também rever suas práticas nas instituições tradicionais e conservadoras – estatais ou

não. Criando espaços alternados de ação profissional norteada para o apoio, o reforço e o

fortalecimento dos movimentos sociais e populares. 

Os movimentos sociais na atualidade demonstram que no Brasil as classes oprimidas e

desprivilegiadas do sistema político, as quais sempre foram tratadas de forma clientelista a

espera de “favores” das classes dominantes, agora vê na participação democrática popular um

canal para expressar suas demandas na esfera pública, o que se traduz sem dúvida em um agir

comunicativo. Mais do que deliberarem acerca de seus problemas, exigirem o reconhecimento

de minorias, reivindicarem melhorias substanciais em suas condições de vida.

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Os movimentos sociais estão marcando, sensivelmente, sua atuação na política

brasileira com um novo e grande passo na democracia rumo à consolidação de práticas

democráticas participativas, como alternativa para o desenvolvimento social e político do

país, redefinindo o papel da democracia e do Estado Democrático de Direito.

É preciso que haja políticas públicas eficazes para reverter às desigualdades, as

diferenças sociais, a vulnerabilidade, o preconceito, a discriminação, etc. Para nós Assistentes

Sociais a luta do povo brasileiro por seus direitos não pode mais ser criminalizada, nem pelos

meios de comunicação, nem pelo Estado. Deve, ao contrário, ser entendida como uma

necessidade histórica de transformações sociais há muito tempo esperadas e adiadas em nosso

país.

Através da nossa atuação como Assistentes Sociais precisamos conscientizar a

sociedade que ela precisa conhecer as leis, a Constituição Federal para que saibam quais são

os seus direitos e cobrar do Estado o seus deveres. E através disso possam viver de uma forma

mais digna, com uma sociedade menos desigual.

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6 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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