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CENTRO DA CULTURA JUDAICA, SÃO PAULO ROBERTO LOEB CENTRO DA CULTURA JUDAICA, SÃO PAULO ROBERTO LOEB ENTREVISTA: COM OS IRMÃOS CAMPANA TECNOLOGIA & MATERIAIS: ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA ROBERTO LOEB OLIVEIRA JR., GLAUCO BRITO E MANOEL FARIAS ENRIQUE BROWNE MARCIO KOGAN ABRAHÃO SANOVICZ INTERNACIONAL: PROPOSTA DE MARCIO KOGAN PARA O LOS ANGELES CIVIC PARK INTERIORES: COZINHAS PLANEJADAS ANO 18 N O 108 MARÇO 2003 R$ 12,50 108 março 2003

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CENTRO DA CULTURA JUDAICA,SÃO PAULO ROBERTO LOEBCENTRO DA CULTURA JUDAICA,SÃO PAULO ROBERTO LOEB

ENTREVISTA: COM OS IRMÃOS CAMPANA

TECNOLOGIA & MATERIAIS: ARGAMASSA

INDUSTRIALIZADA

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INTERNACIONAL: PROPOSTA DE MARCIO KOGAN

PARA O LOS ANGELES CIVIC PARK

INTERIORES: COZINHAS PLANEJADAS

ANO 18 NO108

MARÇO 2003

R$ 12,50

108 março 2003

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A arquitetura serve para nos mostrar

e lembrar quem somos

4 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

E D I T O R I A L

LIBERDADE E DIFERENÇA

”“

Um ano e meio após o atentado contra o WTC de Nova York, o mundo está longe

da paz. Arrefecida a animosidade contra o Talibã de Bin Laden, a Casa Branca

voltou-se contra o Iraque de Saddam Hussein, a quem acusa de produzir armas

químicas, biológicas e até nucleares. Enquanto isso, os nova-iorquinos elegeram o

projeto de Daniel Libeskind para ocupar o espaço deixado pelas torres abatidas. A

reconstrução do WTC de Nova York, desta vez ainda mais alto, ultrapassando os

500 m de altura, mostra o poder de renovação e de sobrevivência de uma cidade

cuja história está ligada ao recebimento de imigrantes de todos credos e etnias. O

próprio Libeskind é um desses imigrantes: chegou a Nova York ainda adolescente,

vindo da Polônia e, como milhões antes e depois dele, se impressionou com a vista

da estátua da Liberdade à frente do skyline da cidade. Seria uma pena se essa

promessa de liberdade se perdesse. Afinal, a convivência harmoniosa de diferentes

culturas não só é desejável como possível. A própria Nova York é uma prova disso.

Assim como São Paulo, cidade que concentra algumas das maiores colônias de imi-

grantes do mundo, caso da japonesa. Nesta edição, trazemos em detalhe mais um

marco dessa diversidade cultural paulistana. O Centro da Cultura Judaica,

projeto de Roberto Loeb, se destaca na paisagem da cidade na forma de uma

grande Torah aberta para a leitura de todos, sem preconceitos, livre e feliz.

SIMONE CAPOZZI EDITORA

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 15

Inaugurado em 1896, o Edifício Mackenzieé uma edificação de três andaresconstruída com alvenaria autoportante detijolos sem revestimento. Erguido paraabrigar a Escola de Engenharia daUniversidade Presbiteriana Mackenzie,assumiu outras funções e passou pormuitas intervenções. A mais recente tratade transformá-lo no Centro Histórico dainstituição. Solicitado pela supervisora doCentro Histórico, Andréa F. Considera, o projeto foi desenvolvido pela Companhiade Restauro e prevê espaços paraexposições, auditório, salão nobre, além decafé e loja, tudo aberto ao público. Noterceiro andar será instalada uma área dereserva técnica, com laboratório deconservação e sala de pesquisa. A execuçãodas obras coube à Fazer Construções &Engenharia, que fez algumas descobertasinteressantes: as paredes das salas de aulada antiga Escola de Engenharia eramcobertas de lousas, inclusive nos espaços

HISTÓRIAS RESTAURADAS NO MACKENZIEentre as janelas. Já os forros estavamrecheados de mapas, jornais e até cartasdos reitores da época, colocados ali comoisolante acústico. Todo esse material estásendo arquivado e deve fazer parte daexposição permanente do Centro Histórico.A obra conta com o gerenciamento dosengenheiros Francisco Saes, Mauro Toguchie Cláudio Antônio Silva, todos doDepartamento de Projetos e Obras doMackenzie. É possível agendar visitasmonitoradas pelo telefone (11) 3236-8661.

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O nome do designer holandês PaulMijksenaar já está confirmado para 5a BIA– Bienal Internacional de Arquitetura eDesign de São Paulo, que será realizadade 14 de setembro a 2 de novembro.Titular da equipe responsável, entreoutros trabalhos, pelas sinalizações dosaeroportos de Schiphol, em Amsterdã eJFK, La Guardia e Newark, em Nova York,Mijksenaar fará parte da mostra especialinternacional. O holandês também deveparticipar do fórum de debates sobre o

DESIGNER HOLANDÊS NA 5a BIAsentido e as tarefas do design. Emboranão tenha definido o que vai expor,Mijksenaar diz que irá escolher, entre seustrabalhos mais recentes realizados emNova York e na Holanda, "aqueles quepossam trazer algumas alternativas pararesolver o problema de transportes naAmérica do Sul". Segundo a curadora dedesign da 5a BIA, Ethel Leon, o segmentoterá um espaço autônomo na mostra eseguirá critérios temáticos relacionadoscom o tema geral, que é a Metrópole.

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C E N Á R I O

16 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

ESTUDANTESPERNAMBUCANOSGANHAM MENÇÃO EMCONCURSOINTERNACIONAL Um grupo de estudantes de arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco(UFPe) foi o único representante da América Latina premiado no concursointernacional Ephemeral Structures in theCity of Athens, promovido pelo Ministérioda Cultura da Grécia e pela UIA. O concurso propunha a criação deestruturas efêmeras para as chamadasOlimpíadas Culturais de Atenas, queprecedem os jogos de 2004. Soborientação do professor Paulo Raposo

Andrade, o grupo formado por LaísPimentel, Diogo Diaz, Pedro Lira e RobsonCanuto da Silva recebeu menção honrosana categoria estudantil e faturou 1.200euros. Os competidores podiam optar porcinco temas diferentes. Os brasileirosescolheram “City Leisure ActivitiesGenerators” (geradores de atividades delazer), que propunha uma reflexão sobre o lazer nas cidades. A equipe idealizou umlabirinto virtual, constituído por umaplataforma com projetores de luzinstalados em canaletas – os únicoselementos físicos da proposta. Os projetores formam paredes de luz ondeseriam projetados vídeos de manifestaçõesculturais de diversas partes do mundo, viainternet e em constante mudança. As projeções seriam acompanhadas deáudio. Todos os projetos premiados estãoem exposição em Atenas e em abrildevem seguir para o Royal Institute ofBritish Architects (RIBA), em Londres, ondeserá publicado um livro sobre o concurso.Os vencedores nas diversas categorias,num total de 54 premiados, podem serconhecidos no site www.cultural-olympiad.gr/ephemeralcompetition. Foramapresentados 470 trabalhos de 54 países.Os estudantes brasileiros buscampatrocínio para participar da cerimônia depremiação, no final de abril. Contatos pelotelefone (81) 8808-3495 ou pelo e-mail:[email protected].

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 17

Quando Oscar Niemeyer projetou o Parquedo Ibirapuera, em São Paulo, há 52 anos,previu um auditório para música que sóagora será erguido. A implantação doedifício, que tem capacidade de 921lugares, também irá completar o portalprincipal do parque. Jair Valera, doescritório Ana Niemeyer Arquitetura e Consultoria, colaborador de Niemeyerneste projeto ao lado de Ana ElisaNiemeyer, Hélio Penteado e Hélio Pasta, diz

IBIRAPUERA GANHA NOVA OBRA DE NIEMEYERque o desenho original precisou dealgumas alterações e foi modernizado. O prédio irá compor um grande triângulobranco com pé-direito irregular, que vai dezero a 23 m de altura. Além do formatoinusitado, chama a atenção a versatilidadedo auditório. Com 40 m de boca e 7 m deprofundidade, o palco contará com umaenorme porta de aço ao fundo que,quando aberta, permitirá a realização deapresentações ao ar livre. O projeto prevê

ainda um centro de convenções, camarins e estrutura de apoio ao palco no subsolo,além de foyer e bar no térreo. Estimada em12 milhões de reais, a obra conta comfinanciamento da operadora de telefoniamóvel TIM Brasil, por intermédio do projetoTIM Música sem Fronteiras, em parceriacom a Secretaria Municipal do Verde e doMeio Ambiente e o apoio da Prefeitura deSão Paulo. A pedra fundamental foilançada dia 24 de fevereiro e a previsão é que o auditório seja entregue noaniversário de 450 anos de São Paulo, em 25 de janeiro de 2004.

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O F I C I N A

Parque renovado no litoral fluminense

O projeto paisagístico do Parque Públicoda cidade de Quissamã, no Rio deJaneiro, é assinado pelo arquiteto-paisagista Eduardo Barra (fone 21 2556-4466). Situada na Bacia de Campos,entre Cabo Frio e Macaé, Quissamã tempotencial de crescimento turístico graçasàs praias e ao único parque de restingasdo Brasil. A prefeitura e a Secretaria dePlanejamento e Urbanismo coordenam a implantação do Parque Público numaárea de 150 mil m², que deverá contarcom equipamentos para práticasesportivas como um campo de futebol detamanho oficial, quadras poliesportivas e pista de skate, entre outros. O projetoprevê também a criação de uma enseadapara a prática de esportes a vela. O terreno destinado ao Parque contémainda a sede da antiga fazenda do Barãode Araruama, de 1826, que foipreservada pela Secretaria de Culturapara a implantação do Centro deMemória de Quissamã. De acordo com o projeto, serão preservados o baobágigante e a fileira de palmeiras imperiais,cada uma com 40 m de altura, existente

em frente à casa. A área em torno dafazenda ainda irá receber um pomar.Eduardo Barra conta que em outra partedo terreno há uma plantação deeucaliptos cuja madeira servia de lenhana época áurea da usina de cana-de-açúcar na cidade. Segundo Barra, comoo eucalipto é uma árvore exótica,pensou em substituí-la por espéciesnativas. "Mas essas árvores fazemsombra para boa parte do parque, e nãopodíamos abrir mão dela, visto queárvores novas demoram muito paraatingir porte para sombreamento", diz.Assim, será criado um plano de manejoque, aos poucos, substituirá o eucaliptopor espécies como o ipê, palmeiras

e outras com características de restingae mata atlântica. "Dessa forma, vamosrecuperar espécies que foramdesmatadas há mais de 200 anos, alémde atrair a fauna novamente", explica o arquiteto. O Horto Municipal terá a responsabilidade de produzir as mudasde plantas nativas que serão utilizadasneste e em outros projetos. A área já foicercada e a previsão é que o parqueesteja completo até o final de 2004.Além do paisagismo de Eduardo Barra,o parque tem projeto arquitetônico feitoem parceria com Luiz Cláudio Franco, daMayerhofer & Toledo Arquitetura (fone21 509-7121 e 232-5970, [email protected]).

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Novo jardim para a AssembléiaLegislativa de São Paulo

A paisagista Carla Oldemburg, doescritório Verdi Paisagismo (fone 71 623-1163), de Salvador, é a responsável peloestudo para renovação do paisagismo daárea externa da Assembléia Legislativa deSão Paulo. Atendendo a um convite doentão presidente da casa, o deputadoWalter Feldman, Carla pesquisou a história da instituição, a arquitetura e as necessidades do local. "Escolhiespécies que exigem baixa manutenção e não precisam de regas constantes,como dracenas, três tipos de agaves,fórmio, espada e lança de São Jorge",conta. Carla diz que estas são plantas depreço mais baixo, resistentes ao sol e com grande apelo visual. A paisagistaoptou por um estilo que remete aojardim japonês, que favorece a contemplação e a tranqüilidade, mascomposto por plantas tropicais."Precisava de um projeto inovador, comformas e volumes arredondados,contrastando com a rigidez das linhasretas do edifício", diz Carla, "ao mesmotempo, queria que a população tivesseacesso ao jardim e se sentisse motivada a visitá-lo", completa. Por isso, a paisagista optou por criar um museu a céu aberto, com peças do acervo daprópria Assembléia e de vários artistasconvidados. Este espaço de exposiçõesestará mais próximo ao estacionamento e terá caminhos com formas orgânicas e acesso para deficientes físicos. O jardimtem 20 mil m² e a maquete da propostaesteve em exposição no hall daAssembléia durante o mês de janeiro.Segundo a paisagista, o processo delicitação e aprovação do projeto ocorrerádurante este ano.

MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 23

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M A D E I N

*Veja endereços no final da revista

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MOSAICO DE VIDROComercializada pela Colortil, a linha Vetromosaico tembordas arredondadas e bisotadas. Impermeável e resistente a produtosquímicos é encontrada emcores, padrões e tamanhosvariados.MO 52511

LUZ E SOMBRAA Dominici reeditou a Clouds,do início dos anos 70. Comcorpo de alumínio curvo e difusor interno de acrílicoleitoso, a luminária existe nasversões mesa e teto. MO 52500

MOBILIÁRIOTRANSPARENTEA poltrona Slalow, daArredamento, foi desenhadapor Guinter Parschalk. Seuencosto em acrílico tem formade concha e o assento é estofado. Ideal pararesidências, hotéis e escritórios.MO 52510

ECONOMIA DEESPAÇOA Eikon levou a tecnologia dearquivos deslizantes paraclosets e despensas. Comprateleiras vazadas e váriasopções de acabamento, os armários são flexíveis,permitem expansão e modularidade.MO 52501

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 25

aU R E S P O N D E escreva para: [email protected]

Pode-se dizer que Palmas começou com

o próprio Estado do Tocantins, em 5 de

outubro de 1988, quando houve

o desmembramento do Estado de Goiás. Já

em janeiro do ano seguinte, foi iniciado

o estudo de viabilidade para a construção de

uma nova cidade. O sítio escolhido, de 38,4

mil hectares, ficava entre a margem direita

do rio Tocantins e a Serra do Lajeado. Apesar

de a pedra fundamental de construção da

cidade ter sido lançada em 20 de maio de

1989, data oficial de sua fundação, apenas em

5 de outubro de 1989 foi promulgada

a Constituição Estadual definindo Palmas

como a capital do Estado do Tocantins.

O projeto foi encarregado ao escritório de

arquitetura goiano Grupo Quatro. À frente

de uma equipe de seis arquitetos, Luiz

Fernando Cruvinel Teixeira e Walfredo

Antunes Oliveira debruçaram-se sobre

o projeto urbanístico. O sítio urbano sugeria

uma planta linear para a cidade. O rio, o lago

artificial e a serra garantiam um bom

REVESTI O PISO DE MINHA CASA COM PAVIFLEX PCL CHROMA DE 2 MM, REFERÊNCIA

628 CARMOZZA. OCORRE QUE O MATERIAL COMEÇOU A SE DESTACAR, A PARTIR DAS

QUINAS. NÃO SEI SE FOI PROBLEMA NO SUBSTRATO OU NA COLA UTILIZADA

(ADESIVO ESPECIAL PARA PAVIFLOOR). GOSTARIA DE SABER O QUE PODE TER

ACONTECIDO E COMO AGIR NESSES CASOS. Rossana Grassi, por e-mail

Segundo Sandra Uliana, supervisora do

departamento técnico da Fademac, em geral,

problemas de descolamento se devem a falhas

na aplicação do revestimento. Algumas das

causas mais comuns, de acordo com Sandra,

são a presença de umidade ou de gesso no

contrapiso. Ela explica que o gesso tem baixa

resistência química e reage com a preparação

de PVA, uma mistura de cola branca, cimento

e água usada para preparar a superfície para

receber o adesivo e o piso. Outra possibilidade

é que o aplicador tenha excedido o tempo de

tack do adesivo, situação em que as placas não

aderem de forma adequada. Assim, o primeiro

passo é procurar a empresa que fez

a colocação do piso e checar se o serviço foi

feito conforme as orientações da Fademac.

O departamento técnico da empresa lembra

que seus pisos têm cinco anos de garantia

quanto a defeito de fabricação e, caso você

queira solicitar uma vistoria, basta entrar em

contato pelo telefone de atendimento técnico

0800 119122, pela secretária eletrônica/fax

(11) 3047-7266 ou pelo e-mail

[email protected]. A Fademac

compromete-se a realizar a vistoria em no

máximo cinco dias úteis, a contar da data de

solicitação. A substituição do produto, caso

seja constatado algum defeito, acontece em

12 dias úteis.

SOU ESTUDANTE DE ARQUITETURA E URBANISMO E ESTOU DESENVOLVENDO UM

TRABALHO SOBRE A CONSTRUÇÃO E PLANEJAMENTO DE PALMAS. GOSTARIA DE

RECEBER MAIS INFORMAÇÕES A RESPEITO DESSE PROJETO. Karine Rita Vizicato, por e-mail

enquadramento urbanístico e paisagístico.

O eixo da rodovia estadual TO-050 foi

deslocado para leste, servindo de referência

ao traçado viário. Uma via-parque com

amplas áreas verdes foi projetada junto ao

futuro lago. Entre a rodovia e a via-parque

foi projetada a avenida Joaquim Teotônio

Segurado, a principal da cidade, cortada pela

avenida Juscelino Kubitschek. No

cruzamento destas grandes avenidas foram

implantados os principais edifícios públicos

do governo estadual e a Praça dos Girassóis.

A equipe de arquitetos optou por uma malha

viária ortogonal, por ser mais econômica

e de fácil implantação. A quadra padrão tem

cerca de 700 m x 700 m e pode abrigar uma

população de até 12 mil habitantes. O plano

urbanístico procurou evitar a excessiva

separação das funções urbanas. A previsão

do Plano Diretor para a marcha de

urbanização era de uma expansão

controlada. Mas a estratégia de implantação

por etapas, a partir do núcleo central, foi

desfeita pelo mercado imobiliário. Os preços

determinaram maior demanda por moradias

nas áreas periféricas, nos bairros satélites.

Como resultado, a cidade cresceu além do

plano básico, enquanto a expansão das redes

de serviços não acompanhou o ritmo da

dispersão urbana, fazendo crescer também

os custos de sua manutenção. Segundo dados

do IBGE, em 2000, a população de Palmas

era de 137.355 pessoas.

FFoonnttee::

Arquiteto Luiz Fernando Cruvinel Teixeira

(tel. 62 281-7100, e-mail

[email protected]) e documento

oficial do Instituto de Planejamento Urbano

de Palmas, que serviu de base de análise para

a revisão do Plano Diretor.

PPaarraa ssaabbeerr mmaaiiss::

www.cidadedoconhecimento.campusvirtual.br/

info_palmas.php

www.palmas.to.gov.br/ipup.shtm

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ação

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OLIVEIRA JR. ,GLAUCO BRITO E MANOEL FARIAS JOÃO PESSOA, PB 2000/2001

C A S A

30 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

Antenados no mundo, mas com os

pés fincados na realidade, Oli-

veira Jr., Glauco Brito e Manoel

Farias pertencem a uma geração

de arquitetos paraibanos forma-

da nos anos 90,cuja produção começa a ser reve-

lada pela mídia. O projeto dessa casa, no con-

domínio Parque Verde, em João Pessoa, premia-

do pelo IAB-Paraíba em 2002, exemplifica essa

nova safra de trabalhos, cuja linguagem chega

impregnada por lições de mestres ou antigos

professores como Álvaro Siza, Mario Botta,

Acácio Gil Borsoi e Amaro Muniz.

Os arquitetos exercem uma linguagem livre

de excessos, porém inventiva e, acima de tudo,

adequada às condições climáticas e circuns-

tâncias culturais regionais. Assim, reúne cara-

cterísticas de uma arquitetura contem-

porânea, que expressa a modernidade da

região com simplicidade, objetividade e

extrema sensibilidade ao meio ambiente. Tudo

isso sem fugir do sistema construtivo conven-

cional: alvenaria e concreto.

SIMPLES E UNIVERSALCOM ELEMENTOS SIMPLES, MUITA CRIATIVIDADE E NENHUMA PRETENSÃO, ESSA OBRA É UM EXEMPLO

DA BOA ARQUITETURA PRATICADA POR JOVENS ARQUITETOS BRASILEIROS QUE SOUBERAM APROVEITAR

AS LIÇÕES DOS GRANDES MESTRES E FORAM CAPAZES DE IMPRIMIR NOVAS INTERPRETAÇÕES ÀS SUAS IDÉIAS

POR JOSÉ WOLF FOTOS CÁCIO MURILO

Implantado em um condomínio horizontal,

o projeto obedeceu às peculiaridades físicas

que o lote de 463 m² apresentava.A área lateral,

remanescente de um lote não-urbanizado, foi

conservada a pedido do cliente, um engenheiro

agrônomo, e funciona como bosque para agre-

gar valor paisagístico ao projeto.

O partido arquitetônico dividiu a residên-

cia de 288 m² em dois volumes distintos. Um

deles é formado pela "massa sólida" que abri-

ga as suítes, no pavimento superior, e o setor

de serviços e o escritório no térreo. A grande

parede curva disposta na fachada frontal toma

toda a altura da edificação e protege essa

porção da casa.

Em contraponto, o segundo volume pode

ser descrito como uma casca que envolve a ala

social e a parte do mezanino sobre o quarto de

hóspedes. Na fachada, o painel de vidro e as

venezianas móveis de madeira asseguram

transparência, possibilitando, além da venti-

lação cruzada, a contemplação do bosque.

Coberto, o terraço cria uma área de sombra

para o ambiente de estar e faz a conexão com

o bosque.

"O segredo do projeto", avalia Oliveira Jr.,

coordenador da equipe, "foi a síntese entre o

uso da tecnologia local com um desenho sim-

ples e universal".

FICHA TÉCNICAProjeto arquitetônico: OGM Arquitetos –Oliveira Jr., Glauco Brito e Manoel FariasColaborador: Ricardo Vidal (estagiário)Construção: mestre João Estrutura: Normando Perazzo e Adriano Maciel

0 5 mcorte longitudinal

LIVRE DE EXCESSOS, MAS

INVENTIVA, A LINGUAGEM

É ADEQUADA AO CLIMA

E À CULTURA DA REGIÃO *veja fornecedores e endereços no final da revista

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A residência foi dividida em dois volumes, um opaco, onde os quartos e o escritório ficam protegidos pela grande parede curva, e outrotransparente, que concentra as áreas sociais da casa. A obra tem traços do modernismo, já influenciado pela arquitetura contemporânea

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OLIVEIRA JR. ,GLAUCO BRITO E MANOEL FARIAS JOÃO PESSOA, PB 2000/2001

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32 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

térreo

superior

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1

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1 2

3

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O terraço coberto protege o living do sol e garante a vista para o pequeno bosque. Nos fundos, a separação entre os blocos é marcada pela cor: o amarelo é o volume"opaco", com serviços e quartos. O brancoabriga a ala social

0 5 m

1 banheiro2 closet3 suíte master4 banheiro5 suíte6 circulação7 oratório

1 terraço2 estar/jantar3 suíte hóspedes4 banheiro5 copa/cozinha6 serviço7 lavabo8 escritório

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 33

0 5 m

0 5 m

corte transversal

implantação

Com pé-direito duplo, o living recebe farta iluminação naturalpelo painel de vidro. Na porção do pavimento térreo, a veneziana móvel de madeira proporciona privacidade e ventilação natural, enquanto mantém a transparência

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ROBERTO LOEB SÃO PAULO/SP CENTRO DA CULTURA JUDAICA 2002

B R A S I L

PROJETO DE ROBERTO LOEB, O CENTRO DA CULTURA JUDAICA REFLETE A

DIVERSIDADE CULTURAL DE SÃO PAULO. OS TRAÇOS DE FORTE INFLUÊNCIA

DO MOVIMENTO MODERNO E A SINUOSIDADE TÍPICA DA PRODUÇÃO

BRASILEIRA DERAM FORMA AO EDIFÍCIO INSPIRADO NA TORAH, O LIVRO

SAGRADO DO JUDAÍSMO POR VÂNIA SILVA FOTOS MARCOS LIMA

DUAS CULTURAS UNIDAS NA

ARQUITETURA

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O concreto aparente dá forma ao edifício cujas fachadas são protegidasda insolação pelo brise-soleil composto por vidros fumê. Loeb fezquestão de imprimir uma certa rusticidade à obra, nítida nos portões de ferro envelhecido e nas instalações deixadas à vista

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36 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

ROBERTO LOEB SÃO PAULO/SP CENTRO DA CULTURA JUDAICA 2002

B R A S I L

UMA TORAH EDIFICADA EM

CONCRETO

Para Roberto Loeb, projetar o

Centro da Cultura Judaica, em

São Paulo, teve dois significa-

dos de singular valor. Além da

oportunidade de erigir um

marco arquitetônico na cidade, o arquiteto

enxergou a possibilidade de homenagear seus

antepassados. Com toda essa carga de emoção

e respeito, foi concebido o edifício composto

por duas torres cilíndricas de concreto sepa-

radas pela fachada sinuosa de 30 m de exten-

são, em uma clara referência ao pergaminho da

Torah, o livro sagrado dos judeus.

O edifício foi implantado em um terreno

público localizado na região de Pinheiros, em

São Paulo, cuja concessão era condicionada à

construção de um espaço ligado à cultura e

aberto a toda a população. Com inauguração

marcada para abril, o prédio irá abrigar a sede

própria da Casa de Cultura de Israel. "A enti-

dade depende de doações", explica Loeb, "por

isso, a obra levou quase oito anos para ficar

pronta, entre estudos preliminares, fundações

e construção."

As referências usadas por Loeb – a Torah e

as premissas do movimento moderno

brasileiro – colaboraram para envolver a

comunidade no sentido de apoiar, participar e

identificar-se com a obra. "Algumas pessoas

ficaram fascinadas com a idéia da Torah, outras

gostaram da sinuosidade", diz Loeb. O

arquiteto afirma, entretanto, que o partido é de

arquitetura contemporânea, livre de qualquer

forma de associação direta ou simbolismo.

"Na verdade, o prédio tem uma forma

geométrica livre, muito ligada à tradição da

arquitetura brasileira, em especial à de Oscar

Niemeyer e da Escola Paulista, com a qual me

identifico", esclarece o autor.

Embora Loeb tenha agarrado a oportu-

nidade de criar uma obra que marcasse a

cidade, sua atitude em relação ao entorno é bas-

tante ponderada. "O arquiteto tem uma posição

técnica, cultural, poética e de responsabilidade

social", declara. Loeb defende que não basta

para o arquiteto fazer uma obra correta: é pre-

ciso assumir sua responsabilidade com a

cidade, com a paisagem. "Nós influímos no

cenário urbano", diz, enfatizando sua postura

contrária ao uso pragmático da arquitetura,

sem nenhuma consideração com a paisagem.

Loeb conta que definiu um programa

básico, com teatro, auditório, salas de aula,

salão de exposições e administração. "O ter-

reno é muito interessante em termos visuais,

pois está no alto da região da Paulista, de onde

se enxerga boa parte da cidade", conta. Para

explorar essas visuais, Loeb definiu fachadas

de vidro nas duas faces do prédio.

A circulação do ar foi resolvida com a insta-

lação de vidro em tom fumê em um brise-soleil,

cuja estrutura está presa em um grande pergola-

do de concreto de forma curva. Esta estrutura

permite a entrada de luz, filtra a insolação, facili-

ta a circulação de ar e não impede a contem-

plação da paisagem. "A função do pergolado é

atuar como uma tela de proteção térmica e

visual, que impede a incidência direta do sol,

além de criar uma corrente de ar ascendente que

ventila constantemente a fachada", explica Loeb.

Além de estar muito próximo das obras do

metrô, a localização do terreno exigiu recuos

bastante restritivos. "Por isso, para conseguir

melhor aproveitamento do espaço, o prédio foi

implantado praticamente na diagonal", explica

Loeb. O arquiteto conta ainda que foi preciso

manter um talude interno por causa das escava-

ções. Esse talude, na verdade a parede de con-

tenção junto à avenida Dr.Arnaldo, foi revestido

com lâminas de arenito vermelho na porção

entre o piso térreo e o subsolo.Loeb diz que teria

ganho mais espaço se a escavação tivesse sido

feita na vertical, "mas a estrutura ficaria muito

cara e complicada", explica. O arquiteto conside-

ra a solução adotada bastante bem-sucedida do

ponto de vista estético, visto que proporcionou

uma paisagem rústica ao interior do prédio.

O Centro da Cultura Judaica tem, no pavi-

mento térreo, galeria de exposições, cafeteria e

auditório para 100 pessoas. Um andar inter-

mediário acomoda um salão de 270 m², área

de reuniões e mezanino. Nos outros dois pisos

funcionarão a administração e setor de cursos.

A cobertura recebeu a área de eventos e a co-

zinha experimental, ainda em fase de insta-

lação. Há ainda um subsolo. A circulação ver-

tical, escadas e elevadores foram dispostos nas

torres cilíndricas, que também concentram

toda a infra-estrutura técnica e os sanitários.

Page 17: au 108

A

Page 18: au 108

ROBERTO LOEB SÃO PAULO/SP CENTRO DA CULTURA JUDAICA 2002

B R A S I L

subsolo – nível 99.30

1 caixa d'água2 casa de máquinas3 vestiários4 manutenção

5 estacionamento6 depósito7 monta-carga e escada8 fan coil do ar-condicionado

09 hall10 depósito

1

12

3

55

5

6

78

9 10

térreo – nível 102.85

01 depósito02 rouparia03 camarim coletivo04 sala multiuso 05 palco

06 auditório07 banheiro08 bilheteria09 portaria10 foyer

11 depósito12 loja13 exposições14 serviço15 escada

16 espelho d'água17 escada metálica

e passarela 18 hall

1

2

3

3

4

5 6

7

78

10

11

12

13

14

15

16

18

17

pavimento intermediário – nível 105.95

1 sala multimídia2 rouparia

3 camarim individual4 sala de segurança

1

2 3

3 4

praça – nível 109.05

1 anteparo2 banheiro3 balcão4 passarela

5 hall6 copa7 escada metálica

1

2

2

3

7

56

4

1o pavimento – exposições

1 banheiro2 exposições3 hall

4 copa5 detalhe B

1

1

2 2 3

4

5

2o pavimento – mezanino

1 casa de máquinas2 depósito

3 mezanino4 banheiro para deficientes

0 10 m

0 10 m0 10 m

0 10 m0 10 m

0 10 m

9

1

2

3

4

Page 19: au 108

MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 39

O prédio é todo em concreto aparente,

assim como o pergolado que sustenta o brise

da fachada. O brise-soleil e as escadas externas

e passarelas são de estrutura metálica. O vidro

também marca presença nas aberturas que

permitem entrada de luz natural e nos painéis

da fachada. O revestimento de piso é epóxi

autonivelante cinza no andar térreo e branco

nos demais pavimentos. Os pisos das áreas

externas receberam mosaico português bege-

escuro. O auditório é uma caixa envolta em

madeira avermelhada. Portas e portões de

ferro foram envelhecidos por processo quími-

co. O escritório de Loeb fez questão de deixar

o edifício com aspecto rústico e algumas

instalações aparentes, principalmente no

primeiro piso, onde estão a cafeteria e a galeria

de exposições.

FICHA TÉCNICACliente: Casa de Cultura de IsraelProjeto arquitetônico e de interiores: Roberto Loeb e AssociadosColaboradores: Nicola Pugliese, Rodrigo M. Loeb, Mauro Magliozzi, Luís Capote, FranciscoCassimiro, Carlos Eduardo Machado, Maria Fernanda NogueiraGerenciamento administrativo: Construtora Charles CamburExecução das obras: Método Engenharia

*Veja fornecedores e endereços no final da revista

0 10 m1 detalhe A2 saída de ar3 brise4 entrada de ar

detalhe B

ESQUEMA DE VENTILAÇÃO

detalhe A

ESQUEMA DE CIRCULAÇÃO DO AR NA FACHADA

corte

1

2

3

4

0 10 m

Page 20: au 108

MARCIO KOGAN LOS ANGELES CIVIC PARK LOS ANGELES, USA 2002

I N T E R N A C I O N A L

Oterreno retangular em frente à

prefeitura de Los Angeles, costa

oeste dos Estados Unidos,

inspirou o arquiteto Marcio

Kogan a criar um parque com

estrutura de equipamentos e serviços bastante

inovadora, uma transformação do conceito

tradicional de praça pública. Chamado pelo

autor de Mutant Carpet (ou tapete mutante,

em português), o projeto foi desenvolvido

para um concurso de idéias promovido pela

prefeitura da cidade com o objetivo de

implantar o Los Angeles Civic Park. Entre

maio e julho deste ano, os projetos partici-

pantes do concurso devem ficar em exposição

na cidade. Os melhores serão selecionados e

farão parte de um livro.

A área disponível para o parque tem cerca

de 14.700 m². A proposta de Kogan prevê a

PARQUE MULTITEMÁTICO MARCIO KOGAN E EQUIPE INOVAM A CONCEPÇÃO DE PARQUES NESTA PROPOSTA EM QUE OS EQUIPAMENTOS

LITERALMENTE BROTAM DO CHÃO. O PROJETO PARTICIPA DE UM CONCURSO PROMOVIDO PELA PREFEITURA DA

CIDADE PARA A REVITALIZAÇÃO DE UM ESPAÇO EM LOS ANGELES, NA CALIFÓRNIA POR VÂNIA SILVA

instalação de pista de skate, tela para projeção

de filmes, palco para shows e torres de luz,

além das tradicionais cestas de basquete. Para

evitar que esses equipamentos ficassem mal

dimensionados sobre o terreno, a equipe de

Kogan optou por embuti-los no subsolo.

Elevadores hidráulicos os fariam emergir à

superfície sempre que necessário. Dessa for-

ma, o Los Angeles Civic Park teria a capaci-

dade de assumir diversas configurações, adap-

tando-se às necessidades do momento – daí o

título Mutant Carpet.

Kogan explica que o parque deve ser

inserido em um quarteirão inteiro, localizado

na região central da cidade. Segundo a con-

cepção do arquiteto, o espaço teria uma área

de piso de pedra com um deck de madeira no

centro. "Fileiras de bancos e árvores seriam

colocadas nas duas extremidades do piso de

pedra", descreve, "e os bancos estariam apoia-

dos em trilhos e poderiam mover-se, configu-

rando um espaço lúdico, aproximando ou afas-

tando os assentos conforme a vontade dos fre-

qüentadores, que poderiam colocá-los no sol

ou na sombra", explica.

Mas foi no deck de madeira, o verdadeiro

"tapete mutante",que os arquitetos concentraram

todos os outros equipamentos. Kogan conta que

este espaço foi pensado para receber torres de ilu-

minação,tela de cinema,palco,pista de skate com

topografia artificial,cestas de basquete,parede de

Imag

ens:

Mar

cio

Ko

gan

PARA ATRAIR A POPULAÇÃO

EM TODA SUA DIVERSIDADE,

A IDÉIA FOI CRIAR UM

PARQUE FLEXÍVEL, MUTANTE

Page 21: au 108

escalada, boxes para jogos de mesa e área de

fontes. "São elementos móveis trazidos à superfí-

cie por elevadores hidráulicos, guinchos e braços

mecânicos", explica o arquiteto.

A proposta apresentada pela equipe de

Kogan aproveitou também o espaço de aproxi-

madamente 5.700 m² do subsolo. Além de

guardar os boxes dos equipamentos, esse pavi-

mento iria acomodar um lounge com pista de

dança para eventos noturnos, como exposições

de arte, festas, recepções e lançamentos. O local

também seria equipado com sanitários públicos

e áreas técnicas. "As peças móveis ficariam

O palco, assim como a tela de cinema, os boxes para jogos de mesa e até as torres de luz,"brotam" do deck de madeira disposto no centro do parque – o mutant carpet. Os equipamentos seriam trazidos à tona por elevadores hidráulicos, guinchos e braços mecânicos

Page 22: au 108

MARCIO KOGAN LOS ANGELES CIVIC PARK LOS ANGELES, USA 2002

I N T E R N A C I O N A L

42 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

Page 23: au 108

MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 43

O deck, ou mutant carpet, é contornado por um pavimento de pedra. Em cada margem, as fileiras de árvores fazem sombra para os bancos que, entretanto, podem ser colocados ao sol, aproximados ou afastados porque seriam instalados sobre trilhos

Mar

cio

Ko

gan

Page 24: au 108

MARCIO KOGAN LOS ANGELES CIVIC PARK LOS ANGELES, USA 2002

I N T E R N A C I O N A L

44 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

expostas nesse espaço dentro das próprias

caixas de vidro onde ficam recolhidas", diz.

A equipe justifica a inovação dizendo que

não queria que existisse um modelo único de

parque. "O projeto merecia um espaço de uso

múltiplo", defende Marcio Kogan, "que num

momento pode ser convencional e, em outro,

completamente lúdico", diz.

O ponto principal da abordagem é fazer

com que o parque jamais esteja vazio. Por isso,

precisa estar preparado para atender a públi-

cos variados e deve funcionar por 24 horas. Na

opinião de Kogan, a própria prefeitura de Los

Angeles poderia estimular a utilização dos

equipamentos, organizando campeonatos de

skate e promovendo exibições de filmes e

shows, enquanto no subsolo acontecem even-

tos e festas. "Nossa idéia foi criar um parque

mutante, que tenha mais a oferecer do que

apenas contemplação, mas que seja capaz de

acolher a população como qualquer outro",

diz Kogan.

cortes AA cortes BB

As plantas abaixo mostram as diferentes configurações que o parque pode assumir de acordo com os equipamentos em utilização

Page 25: au 108

MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 45

Mar

cio

Ko

gan

0 10 m

1 tela de cinema2 apoio/camarins3 torres guindastes4 topografia artificial/lounge5 torres técnicas/projeção6 basquete7 parede de escalada8 recepção9 escada

10 elevadores11 torres de iluminação12 sanitários públicos13 boxes de jogos14 bar15 cozinha16 área técnica

1 tela de cinema2 palco3 torres guindastes4 topografia artificial da pista de skate5 torres técnicas/projeção6 basquete7 parede de escalada8 área de fontes9 escada

10 elevadores11 torres de iluminação12 bancos móveis13 boxes de jogos

1 2

13

4

3

6

5

7

8

9

10

11

12

12

15

14

4

1311

10

5

6

7

8

9

10

12 16

3

1 2

térreo

subsolo

12 16

0 10 m

Page 26: au 108

A proposta de Kogan é atrair todo tipo de público existente em uma cidade como Los Angeles.Daí a idéia de colocar parede de escalada e pista de skate no espaço que, em outro momento,pode acomodar boxes para jogos de mesa ou ainda uma área livre, para contemplação

Imag

ens:

Mar

cio

Ko

gan

Page 27: au 108

No entorno do futuro Los Angeles Civic

Park ficam o prédio da prefeitura, as insta-

lações do jornal Los Angeles Times e diversos

edifícios comerciais e de escritórios. Segundo

o edital do concurso, os projetos apresentados

deveriam levar em conta a necessidade de

revitalização da área e colaborar para o au-

mento de espaços públicos na cidade.

Na proposta de Kogan, a população teria a

oportunidade de sugerir os usos para o local via

internet, criando um cronograma de atividades

variadas. "Dessa forma, o parque poderia

assumir desde uma configuração convencional,

apenas com bancos para descanso, até uma for-

mação que permita a realização de grandes

eventos musicais ou esportivos", imagina.

FICHA TÉCNICAProjeto arquitetônico: Marcio Kogan, comBruno Gomes, Diana Radomysler, RenataFurlanetto, Samanta CafardoEquipe: Gisela Zilberman, Oswaldo Pessano,Paula Moraes, Suzana Glogowski

F ILME DE APRESENTAÇÃODO PROJETOTrilha sonora: Gabriel Kogan3D: Oswaldo PessanoFilme: Bruno Gomes, Diogo Esperante

LEIA MAISwww.lahub.net/competition.htm

A proposta também reflete o caráter

cosmopolita e irreverente da cidade

californiana. Para exemplificar os usos

dos equipamentos, a equipe de Marcio

Kogan criou personagens que seriam

possíveis freqüentadores dos diversos

programas. Esse recurso, apresentado

em vídeo, permitiu melhor

compreensão do projeto. Assim, entre

os oito personagens está o turista

japonês Jun Nogushi, de 23 anos, que

procura shows ao ar livre e encontra no

parque um festival regional montado

no palco. Já o estudante Steven Lopez,

de 17 anos, diverte-se na pista de skate,

participando de um campeonato

amador. O sem-teto Samuel, de 68 anos,

busca os boxes com mesas de jogos,

bancos móveis e banheiros públicos,

enquanto a performer Evita, de 39

anos, quer estar em festas organizadas

no espaço do subsolo.

As tribos de Los Angeles

Além de guardar os equipamentos que não estão em uso, o espaço de 5.700 m² do subsolotambém seria aproveitado para a instalação de um lounge com pista de dança onde seriampromovidos eventos noturnos. Assim, o parque jamais estaria vazio ou ocioso

MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 47

Page 28: au 108

O VERDE CUMPRE UM PAPEL

DE GRANDE IMPORTÂNCIA

NA RECUPERAÇÃO DO

ANTIGO SOBRADO, ALÉM

DE CONTRIBUIR PARA

A COMPOSIÇÃO DE UM

AMBIENTE DE TRABALHO

ONDE A CRIATIVIDADE DOS

PROFISSIONAIS É MUITO

ESTIMULADA. TUDO ISSO

COM ECONOMIA

ENRIQUE BROWNE SANTIAGO DO CHILE ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA 1995/1997

I N T E R N A C I O N A L

48 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

RENOVAÇÃO RADICALSOLUÇÕES INTELIGENTES E GRANDE SIMPLICIDADE TRANSFORMAM O SOBRADO EM UM MODERNO ESCRITÓRIO DE

ARQUITETURA EM QUE SE DESTACA A PRESENÇA DO VERDE POR VÂNIA SILVA FOTOS GUY WENBORNE E ENRIQUE BROWNE

0 5 m

Embora localizado em um endereço

importante da capital chilena, na

esquina da rua Los Conquistadores

com El Gobernador, o sobrado era

uma modesta residência, bastante

prejudicada pelo tempo, que permaneceu

desocupada. Para transformá-la em seu

escritório, o arquiteto Enrique Browne pre-

cisou reformar e ampliar a casa, acrescentan-

do 142 m² aos 139 m² originais. O processo

levou dois anos para ser concluído, mas o

resultado surpreendeu em termos de

aproveitamento de espaços e busca por

soluções simples e eficientes.

O acesso principal para o escritório

acontece pela fachada sudoeste da edifi-

cação original, voltada para a rua El

Gobernador. A ampliação foi construída na

fachada oposta à da entrada principal – por-

tanto, voltada para o nordeste – e tem dois

pavimentos. No mais baixo, há um estúdio,

um depósito e um pátio semicoberto. O

segundo pavimento acomoda outro estúdio.

A comunicação entre esses dois pisos, e

entre eles e a casa é toda feita por uma

rampa, elemento de articulação do projeto.

Os ambientes do antigo sobrado também

foram totalmente alterados para assumir a

nova função. Apenas os banheiros e a cozinha

foram preservados. No térreo, foram instala-

dos a recepção, uma sala de reunião e mais um

estúdio. Um amplo escritório privativo e dois

banheiros ocupam o piso superior.

Browne explica que a maior parte das

luminárias é embutida. Dessa forma, foi pos-

sível utilizar equipamentos mais baratos, que

possibilitam menor custo de manutenção,

como lâmpadas fluorescentes.

A partir da rua, entretanto, é praticamente

impossível dimensionar a intervenção realiza-

elevação sudoeste

Page 29: au 108

MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 49

Para unificar o bloco original e a ampliação, o arquiteto cercou a casa com um alambradocoberto de Primavera, trepadeira que garante folhagem e flores o ano todo. Abaixo, vistasda rampa que articula a ligação entre a edificação existente e a área acrescida

Page 30: au 108

ENRIQUE BROWNE SANTIAGO DO CHILE ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA 1995/1997

I N T E R N A C I O N A L

50 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

0 5 m

da pelo arquiteto. Com o propósito de unificar

o bloco original e a ampliação, definindo os

volumes do conjunto, Browne cercou o edifí-

cio com uma malha metálica branca, já total-

mente coberta por trepadeiras floridas, como

a Primavera (Buganvília spectabilis). Espécie

de crescimento rápido, a Buganvília forma

uma sebe repleta de folhas e flores durante a

primavera e o verão. Além de proteger a pro-

priedade, a sebe também melhora o isolamen-

to acústico e proporciona aos estúdios contato

com o verde.

Consagrado como um dos mais premia-

dos arquitetos da América Latina, Enrique

Browne destaca-se pela variedade de progra-

mas em projetos de casas, colégios, igrejas e

demais espaços públicos, além da atividade

em arquitetura de interiores. O escritório

Browne & Arquitectos Associados foi funda-

do em 1990 e, desde então, conta com cerca

de 18 profissionais. Dentre os prêmios rece-

bidos pelo escritório, estão o Primeiro Prêmio

na X Bienal de Arquitetura de Santiago do

Chile, em 1995, e o Prêmio Vitruvio, no ano

2000.

DADOS TÉCNICOSÁrea do terreno: 416 m²Área construída original: 139 m²Total da ampliação: 142 m²Área construída total: 281 m²Projeto e reforma: 1995 a 1997

F ICHA TÉCNICAArquitetura: Enrique Browne CovarrubiasArquitetos colaboradores: Mariano Chillier,Felipe Browne, Clara Guzman e Igor TorresIluminação: Enrique BrowneEstruturas: Engenheiro Rodrigo Mujica

corte CC

Page 31: au 108

0 5 m

0 5 m

0 5 m

0 25 m

0 5 m

Na página ao lado, vista do pátio semidescoberto criado a partirda área ampliada. O jardim margeia um trecho da rampa de articulação e proporciona vista ao estúdio implantado no subsolo. As fotos no pé da página mostram o estado da casaantes e depois da intervenção

térreo

superior

subsolo

corte AA

implantação

1 estacionamento2 acesso3 recepção4 sala de reunião

5 estúdio6 vazio7 pátio

C

A

56

7

3

4

1

2

5

1 escritório2 circulação3 banheiro

1

3 32

1 estúdio2 pátio3 depósito

1

3

2

Page 32: au 108

52 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

FERNANDO E HUMBERTO CAMPANA DESIGNERS SÃO PAULO

E N T R E V I S T A

Os irmãos Fernando e Hum-

berto Campana percorreram

um longo caminho que, neste

mês, completa 19 anos. Desde

o princípio, a persistência e a

fidelidade aos ideais em que acreditavam

atraíram muitas críticas – mas também

aclamação internacional. Estrelas do Salão

do Móvel de Milão, hoje, têm peças no

acervo do MoMA, em Nova York, e do Vitra

Design Museum de Paris e de Berlim. Seus

trabalhos são fabricados pela italiana Edra,

conhecida pelas peças de design radical.

Hoje, finalmente, aumenta o número de em-

presas nacionais que os procuram em busca

de idéias. Às vésperas de abrirem uma expo-

sição no Centro Cultural Banco do Brasil

(CCBB) de Brasília, onde devem expor no-

vas cadeiras, a dupla recebeu a reportagem

de AU.

aU É FÁCIL NOTAR QUE A PRODUÇÃO

DE VOCÊS CARREGA UMA GRANDE

PREOCUPAÇÃO COM A FORMA E OS

MATERIAIS, MAS COMO VOCÊS SOLU-

CIONAM A ERGONOMIA?

fernando Não dá para dissociar, não

fazemos esculturas. O trabalho é experi-

mental, mas tem de funcionar. Uma cadeira

DUAS CABEÇAS,MUITAS IDÉIASELES TÊM PEÇAS NO ACERVO DE IMPORTANTES MUSEUS INTERNACIONAIS, SÃO CONVIDADOS PARA PROFERIR

PALESTRAS EM VÁRIAS PARTES DO MUNDO, DEFENDEM COM UNHAS E DENTES O DIREITO DE EXPERIMENTAR –

E CONHECEM TODAS AS ETAPAS ENTRE O FRACASSO E A CONSAGRAÇÃO. SENHORAS E SENHORES: OS

IRMÃOS CAMPANA POR VÂNIA SILVA FOTO RUI MENDES

deve ser macia e confortável. É claro que não

dá para acertar 100% em tudo que pes-

quisamos. Estamos lançando idéias o tempo

todo, mas nem todas são decodificadas da

forma que deveriam. Mas quem quer

inventar precisa correr riscos, o que, às vezes,

faz você errar e ser criticado – mas também

pode trazer glória e consagração.

aU O QUE VOCÊS ESTÃO PESQUISAN-

DO ATUALMENTE?

humberto Estamos estudando novos tipos

de estofamento. Na verdade, essa pesquisa

começou com as poltronas Sushi. É um vasto

campo a ser explorado, principalmente

quanto ao conceito do material que, na

maioria das vezes, é só espuma. Estamos pre-

parando dez peças inéditas para a exposição

no CCBB, em Brasília, que deve ficar aberta

até o final de abril.

aU NO INÍCIO, VOCÊS ERAM RES-

PONSÁVEIS POR TUDO: CRIAÇÃO E

PRODUÇÃO DAS PEÇAS, DIVULGAÇÃO

DO TRABALHO, E ERAM SEUS PRÓ-

PRIOS EMPRESÁRIOS... COMO ESTÁ A

ROTINA AGORA?

humberto Procuramos eliminar muitas

coisas chatas, processos que não temos mais

paciência de fazer. Começamos a trilhar o

que sempre almejamos, que era ter um labo-

ratório de idéias, com uma equipe pequena

que toma conta da produção.

fernando Aqui na oficina queremos desen-

volver protótipos, peças-piloto e passar para

outros profissionais fazerem. Caso contrário,

faremos a vida inteira a cadeira de cordas e a

mesa de ralos, isso não é interessante...

aU O TRABALHO CONTINUA ARTE-

SANAL? COMO É HOJE A RELAÇÃO

COM A INDÚSTRIA?

humberto O artesanato está na nossa alma,

faz parte da criação, não podemos renegar

isso. Permite uma série de aprendizagens e

depura técnicas. Mas, em outro momento,

fazemos a cadeira Campana, da Arreda-

mento, que decorre do processo de conhe-

cimento dos materiais e técnicas industriais.

Também fizemos a estante Labirinto, com a

Tok & Stok, luminárias com a La Lampe... as

empresas brasileiras estão nos procurando...

aU O DESIGN BRASILEIRO ESTÁ EM

EVIDÊNCIA...

fernando O mundo está voltado para o

desenho, para a autoria de uma peça. E o

Brasil não está mais fora disso. Envolve

Page 33: au 108

MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 53

“QUEM QUER INVENTAR PRECISA CORRER

RISCOS, O QUE, ÀS VEZES, FAZ VOCÊ

ERRAR E SER CRITICADO – MAS TAMBÉM

PODE TRAZER GLÓRIA E CONSAGRAÇÃO“

A partir da esquerda: a linha de jóias desenvolvida com a H. Stern, aestante Labirinto, da Tok&Stok e a poltrona Curva da Arredamento

Foto

s: d

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lgaç

ão

Page 34: au 108

54 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

FERNANDO E HUMBERTO CAMPANA DESIGNERS SÃO PAULO

E N T R E V I S T A

preocupação com escassez de materiais,

tendências, moda. A indústria brasileira está

entrando em sintonia com essas necessida-

des e criará campo para novos designers.

aU VOCÊS TÊM, EM NÚMEROS, UMA

IDÉIA DE QUANTO PRODUZEM E

FATURAM POR ANO?

fernando Dá para manter o estúdio. Não é

tão estável porque num mês entra um

projeto e você ganha 20 mil reais, mas pode

não aparecer nada nos próximos dois meses.

Royalties não enchem barriga de ninguém,

nem aqui, nem no exterior. Quem faz eletro-

domésticos, como o Philippe Starck, con-

segue ganhar. O que hoje dá certo retorno é a

seqüência de workshops, palestras e projetos

especiais. Nosso contador ligou no final do

ano e disse que estamos para estourar o

limite de microempresa. Isso significa que

vendemos, até agora, 120 mil reais. Somando

com palestras, deve dar uns 200 mil por ano.

aU E OS ROYALTIES DE EMPRESAS

INTERNACIONAIS VARIAM ENTRE 3%

E 10% DO VALOR DO MATERIAL, E

NÃO DO VALOR FINAL...

fernando Aí eu fico bem chateado. É o valor

do tecido, do estofamento, da mão-de-obra.

Descontando ainda os impostos, você ganha

40 dólares, ou menos ainda, por uma cadeira

que custa 4 mil dólares. Os valores não

equivalem à projeção do nome. Isso lá fora.

Aqui, a gente ainda não tem idéia porque

acabaram de entrar em linha alguns

produtos como a cadeira da Arredamento e a

estante da Tok & Stok.

aU COMO É O PROCESSO CRIATIVO?

VOCÊS DESENHAM, MODELAM...?

humberto Não, tudo nasce do ato, da

observação. Muitas vezes, as idéias surgem

em viagens, passando pela rua – aí dá um

estalo. É um processo em que é preciso

experimentar, elaborar, fazer de três a quatro

peças para conseguirmos chegar ao resul-

tado desejado.

fernando O material (que será utilizado)

vem mais rápido. Por exemplo, isto (aponta

um dos ralos de plástico que compõem o

tampo da mesa do estúdio). O Humberto viu

numa loja de material de construção e teve a

LEIA MAISwww.vitra.comwww.moma.orgAU 105 – entrevista com Massimo Morozzi,diretor de arte de EdraAU 102 – cobertura do Salão do Móvel deMilão de 2002

idéia. Então, de certa forma, o ralo ditou o

que seria o projeto.

aU ENTÃO, O CAMPO DE PESQUISA

PARA VOCÊS É O COTIDIANO, A

CIDADE...

fernando Acontece que não buscamos só o

belo. O feio nos faz ver o que pode ser boni-

to. Vemos coisas tão feias, conflitantes, que,

às vezes, é engraçado, é novidade.

aU QUE MATERIAIS VOCÊS GOSTARIAM

DE TRABALHAR MAIS OU QUE AINDA

NÃO TIVERAM OPORTUNIDADE DE

MANIPULAR?

humberto O país tem muitos recursos em

fibra de coco, carnaúba e bambu, e que

podem ser encontrados em grande escala,

sem causar danos ao ambiente. Criamos a

série Mista, com fibras e plástico, mas ainda

vamos voltar a ela, com outro olhar,

queremos investigar mais.

aU COMO FOI O TRABALHO COM A

EQUIPE DE DESIGNERS DA JOALHERIA

H. STERN? NESSE CASO VOCÊS NÃO

DESENHARAM AS PEÇAS.

humberto Demos uma injeção de inves-

tigação, para que apurassem o olhar e desco-

brissem materiais. Fizemos workshops e, por

um ano e meio, fornecemos briefings de pe-

ças. Houve muito respeito por nosso traba-

lho e pelo nosso nome.

aU VOCÊS TEMEM A POSSIBILIDADE

DE, DAQUI A ALGUNS ANOS, SEU

TRABALHO PASSAR A SER CONSIDE-

RADO DATADO, FORA DE MODA?

humberto Já houve fases em que foi

considerado assim. Quando fizemos a

cadeira Vermelha, no início dos anos 90, as

pessoas desaprovavam e diziam "mas isto é

barroco!". Mesmo assim, insistimos com

nossas idéias. Um criador não deve ficar

correndo atrás de tendências. Deve olhar

tudo o que está em volta, mas tem que ser fiel

à idéia, depurar até encontrar a essência do

objeto.

fernando Acho que, de qualquer forma, e

isso não é pretensão, nós cumprimos uma

grande parte da nossa missão. Tivemos um

momento de consagração importante quan-

do o MoMA fez a primeira exposição de

design brasileiro com peças nossas – e temos

quatro peças no acervo deles. O Vitra tem

peça nossa no acervo. E datado tudo vai ficar

mesmo, assim como Bauhaus ficou, o Art

Deco, Art Nouveau, Memphis...

aU COMO VOCÊS GOSTARIAM DE SER

VISTOS DAQUI A DEZ ANOS?

humberto Queria estar fazendo jardins

com árvores. É algo que tenho muita von-

tade. A minha alma é muito inquieta, e a do

Fernando também. Então, creio que estarei

com o olhar atento ao que estará aconte-

cendo, vamos envelhecendo o corpo, mas

quero estar com a alma e a mente jovens.

fernando O conformismo dá medo.

Quando sinto que tudo está "normalzinho" é

porque está na hora de tomar um choque.

Quero ser visto de uma forma normal,

apenas com respeito por tudo o que foi feito.

UM CRIADOR NÃO DEVE

FICAR CORRENDO ATRÁS

DE TENDÊNCIAS. DEVE

OLHAR TUDO O QUE ESTÁ

EM VOLTA, MAS TEM QUE

SER FIEL À IDÉIA,

DEPURAR ATÉ ENCONTRAR

A ESSÊNCIA DO OBJETO

Page 35: au 108

JANEIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 55

ABRAHÃO VELVU SANOVICZ BRASIL 1933 - 1999

A EPIFANIA DE ABRAHÃO:

VIVER PELO DESENHO

ARQUITETO POR VOCAÇÃO, DESIGNER, PINTOR, GRAVADOR, PROFESSOR, MILITANTE

DO IAB, CIDADÃO. ABRAHÃO SANOVICZ, OU SIMPLESMENTE "CHINA", NÃO JOGOU

A HISTÓRIA PELA JANELA. MULTIDISCIPLINAR E CONTEMPORÂNEO, DESENHOU

A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL NUMA SAGA DE PESQUISA, DESCOBERTA E LUTA PELA

DIGNIDADE DA PROFISSÃO, DA QUALIDADE DO ENSINO E DO ESPAÇO CONSTRUÍDO

POR JOSÉ WOLF

D O C U M E N T O

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56 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

Abrahão Sanovicz, na opinião do

amigo Vittorio Corinaldi, "se

coloca na primeira linha dos

arquitetos paulistas da geração

que absorveu os ensinamentos

de Artigas". Para Corinaldi, a produção de

Sanovicz é exemplar entre os discípulos do

grande mestre: "a severa clareza planimétrica, o

equilibrado uso de geometrias, cores e texturas,

a inteligente aplicação de um design lógico em

cada detalhe da obra, a coerência estrutural e

cultural – um arquiteto autêntico, simples e

avesso à retórica", descreve. A obra de Abrahão

Sanovicz cobre quase quatro décadas de ativi-

dade profissional, agregando as experiências, o

conhecimento e as transformações sociocultu-

rais vividas ao longo do tempo, em que se man-

teve coerente com o ideário modernista. Vida,

arquitetura e atitude se completam.

Com pós-graduação em metadesign e teoria

da comunicação, e doutorado pela FAUUSP,

Sanovicz viveu a arquitetura como ofício, pai-

xão e aprendizagem contínua, expressos numa

obra extensa e de grande importância.

Alessandro Castroviejo Ribeiro, um de seus alu-

nos, sintetiza: "fiel à sua trajetória e aos princí-

pios modernos, Abrahão desenvolve com coe-

rência seu ofício, nem tão paulista, nem tão

carioca, tentando se entender e entender o

mundo por intermédio do desenho".

Desenho enxuto e plural. "Forma e conteúdo

como uma única unidade", explicava o próprio

Sanovicz, citando Lucio Costa. Elementos fun-

cionais, estéticos e técnicos se harmonizam sob o

mesmo foco: a criação de equipamentos e espa-

ços compactos com racionalidade construtiva e

tecnológica, funcionalidade e economia de

meios, numa perspectiva social e cultural, que

motivasse o usuário à conquista do direito à bele-

za e ao conforto. Desenho que absorve o sentido

de designium (intenção ou desejo) de Vilanova

Artigas: a possibilidade de uma vida humana e

espaço construído com qualidade e adequação.

"A arquitetura é um ato coletivo necessário

para que a gente possa se individualizar", acre-

ditava. Seja nos projetos públicos, seja nos edi-

fícios residenciais, Abrahão revela a preocupa-

ção com o bem-estar do usuário, principal

protagonista do projeto arquitetônico. A esco-

la Bairro 120, em Santana do Parnaíba com-

prova: numa reinterpretação da arquitetura

escolar da Primeira República, o projeto recria

pátios de convívio, labirintos de circulação e

jardins para amenizar a rigidez dos muros e

grades de proteção do edifício.

Desenho democráticoRealista, Abrahão Sanovicz sabia que não

caberia à arquitetura mudar a sociedade.

Acreditava, no entanto, que um desenho racio-

nal e democrático poderia contribuir para a for-

mação da cidadania em um país em desenvolvi-

mento. "Arquitetura é um meio de vida, porém

não é a própria vida", ponderava. Suas obras

manifestam o mesmo espírito e "intenção" que

se revelam em cada detalhe do projeto. Se "Deus

está no detalhe", como ensinava Mies van der

Rohe, a obra de Abrahão constitui uma epifania.

A destacar o detalhe dos acabamentos e do pro-

cesso construtivo, que se reflete no canteiro, na

execução, na montagem, no ritmo ágil da obra e

na estética do produto final.

ABRAHÃO VELVU SANOVICZ BRASIL 1933 - 1999

1957 Conjunto residencial, Cubatão, SP Abrahão Sanovicz, Julio Katinsky, Hélio Penteado, Herberto Lira, Israel Sancovski,Jaguanhara Toledo, Jerônimo Bonilha, João Rodolfo Stroeter, José Mello Filho e Lúcio Grinover

1959 Iate Clube de Londrina, PR Abrahão Sanovicz, WalterToscano e Julio Katinsky

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 57

Seguidor de metodologia e disciplina rígidas,

estudava o entorno e a configuração do terreno

no qual o projeto seria implantado. A partir daí,

tirava partido de cada declive e da topografia aci-

dentada ou sinuosa, como ocorre no projeto do

Senac de Jundiaí (1988), SP, implantado em um

terreno inclinado de esquina.Com objetividade e

simplicidade, Sanovicz respondia às necessida-

des e exigências do programa, sensível à solução

mais adequada. "Um bom programa representa

meio caminho andado", argumentava. Assim,

surgia o traço inicial, sempre em busca de uma

construção sem gordura e executada com o

apoio de sistemas industrializados, elementos

nítidos, por exemplo, no terminal turístico de

Bertioga (1985), no litoral de São Paulo. A preo-

cupação com os acessos, as circulações para por-

tadores de deficiência física, crianças e idosos,

além do cuidado quanto ao conforto ambiental,à

ventilação e à iluminação naturais, também são

constantes em sua linguagem arquitetônica.

Linguagem esta que passa por Lucio Costa,

Niemeyer,Artigas e Burle Marx, e que também se

alimenta da herança dos pioneiros, como Le

Corbusier, Frank Lloyd Wright, do eterno e sábio

less is more de Mies van der Rohe, e que incorpo-

ra as raízes da cultura brasileira resgatadas pela

Semana de Arte Moderna de 1922.A distribuição

logística dos espaços e das funções, a volumetria

sem excessos processada em concreto ou alvena-

ria,a utilização de materiais de fácil manutenção e

reposição, a implantação correta, com a estrutura

desempenhando papel fundamental na configu-

ração do espaço construído enriquecem a lição.

Bonde andando Integrante da chamada 4a geração de arquite-

tos modernos brasileiros, brincava que sua

geração (pós-guerra) pegou o bonde andando.

Mas propunha ser necessário "trabalhar nos

vazios que o movimento moderno não conse-

guiu resolver", inclusive nas questões de susten-

tabilidade, meio ambiente, design e acessibili-

dade. O emprego de blocos de concreto estru-

tural e de lajes maciças em edificações de uso

coletivo, caso dos conjuntos habitacionais

Pascoal Melantônio (1995) e Celso dos Santos

(1995), em Guarapiranga, SP, dois dos últimos

projetos que elaborou, confirma a opção por

uma tecnologia didática e acessível para redu-

zir custos e garantir a rapidez de execução.

Abrahão nasceu em 1933 em Santos, SP, onde

completou o ginásio, além de estagiar num

escritório de projetos e freqüentar um curso de

desenho e gravura. Adolescente, acompanhava

as revistas Acrópole e Habitat, de Lina Bo Bardi,

para se informar sobre os projetos iniciais de

Niemeyer, como a casa de Canoas, no Rio, o

complexo da Pampulha, em Belo Horizonte, e o

Grande Hotel, em Ouro Preto, MG.

Aos 17 anos,Abrahão Sanovicz vem para São

Paulo, onde se forma técnico em edificações.

Coração e mente, entretanto, permanecem vol-

tados para a arquitetura. Assim, presta vestibu-

lar para a FAUUSP no final de 1953. O curso se

transforma em observatório, trincheira e labo-

ratório. A biblioteca era o ponto preferido. Na

FAUUSP, conviveu com greves, mudanças de

currículos e acompanhou as transformações

sócio-políticas do País: o suicídio de Getúlio

Vargas, o início do governo JK, o projeto do

Parque do Ibirapuera (durante o IV Centenário

1968 Centro Cultural e Teatro Municipal de Santos, SPAbrahão Sanovicz, Oswaldo Corrêa Gonçalves e Júlio Katinsky

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58 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

de São Paulo), a construção do Copan, o con-

curso para a nova capital, Brasília, a instalação

da Volkswagen em São Bernardo do Campo, SP,

a chegada da TV e o Brasil, pela primeira vez,

campeão de uma copa do mundo de futebol.

Em 1957, Sanovicz integrou a equipe da

FAUUSP que participou do concurso interna-

cional de escolas de arquitetura promovido

pela Bienal de São Paulo. O projeto de um

conjunto residencial para a Refinaria Presi-

dente Bernardes, em Cubatão, SP, dividiu o

primeiro prêmio com outras três equipes da

França, Japão e Venezuela. A proposta já sina-

liza para um ponto diferenciador de sua obra:

a arquitetura como ato cultural e solidário.

Em 1959, com Júlio Katinsky e Walter

Toscano, vence o concurso público nacional

para o Iate Clube de Londrina, PR, com um

desenho criativo e ecológico. Nesse mesmo ano,

consegue uma bolsa do Instituto Cultural Ítalo-

Brasileiro para estagiar no Studio Marcelo

Nizzoli, em Milão, Itália, escritório de arquitetu-

ra, artes gráficas e desenho industrial.Aproveita

para visitar Veneza, Florença e Roma.

A proposta de Sanovicz era desenvolver um

design brasileiro que refletisse nossa arte e tra-

dições.Além de redesenhar a máquina de escre-

ver Studio 44 para a Olivetti do Brasil, em cola-

boração com o designer italiano Bramante

Buffoni e o arquiteto Júlio Katinsky, projetou

uma linha de fogões residenciais para a Dako, o

ventilador de mesa Aeromar, e peças de mobi-

liário para escritório da Escriba.

Para Abrahão, há uma arquitetura feita em

São Paulo e outra no Rio. Cada uma com enfo-

que próprio, sotaque e peculiaridades regionais.

O arquiteto também via em Recife uma verten-

te tão importante quanto a paulista e a carioca.

Costumava, inclusive, lembrar o projeto de uma

agência do Banespa que projetou, em 1986, na

capital pernambucana, e em que homenageou

Delfim Amorim colocando em uma das facha-

das uma retícula de brises de concreto.

O ponto de partida para a investigação das

origens da arquitetura moderna brasileira foram

as obras de Lucio Costa, considerado por

Sanovicz uma verdadeira bússola. Em compa-

nhia dos colegas Julio Katinsky, Gustavo Neves,

Nestor Goulart, Eduardo de Almeida, Ludovico

Martino e Benedito Lima de Toledo viaja para o

Rio, então, capital do País. Sem xerox, computa-

dor ou fax, visita a sede do jornal A Noite, para

copiar tudo o que Lucio havia publicado sobre

Aleijadinho."Katinsky e eu começamos a fazer o

levantamento da obra de Lucio Costa desde o

período neocolonial até a fase anterior à cons-

trução de Brasília", disse, "a série de pesquisas

nos possibilitou tomar contato com os mais

importantes arquitetos da época". O grupo vai

até o Ministério da Educação e Cultura (MEC),

onde Carlos Drummond de Andrade, que cui-

dava do arquivo, o recebeu.A seguir, os estudan-

tes visitam Lucio, a quem pedem um roteiro de

projetos de arquitetura. "Ele acabou nos apre-

sentando três casas e descobrimos o mundo."

Trabalho à vontadeMotivado pela construção de Brasília,

Carvalho Pinto, então governador de São Paulo,

inaugurou um plano de projetos coletivos coor-

denado por Plínio de Arruda Sampaio. Assim,

Abrahão projeta escolas para o Ipesp (Instituto

ABRAHÃO VELVU SANOVICZ BRASIL 1933 - 1999

1968 Edifício residencial na rua Pará, São Paulo

1977 Residência Abrahão Sanovicz,São Paulo

1972 Protótipo de edifíciosmodulados para habitaçãocoletiva, criados para a Formaespaço Arquitetura e Empreendimentos

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 59

de Previdência do Estado de São Paulo). O

Estado se torna o grande cliente e a indústria, a

grande parceira. "Os arquitetos, de repente, tive-

ram de se preparar para um novo momento,que

se iniciava com a construção de fóruns, escolas e

conjuntos habitacionais. Em vez de você correr,

com sua pastinha, capinando um novo projeto,

era chamado para trabalhar", declarou. Surge

uma série de escolas-padrão, onde predominava

a alvenaria, as tesouras de madeira e as telhas

cerâmicas, uma linguagem, ainda, com referên-

cias e soluções da arquitetura vernacular rural.

Sanovicz também participa do primeiro proje-

to de reurbanização do Vale Anhangabaú,em São

Paulo, coordenado por Artigas. A convite de

Oswaldo Corrêa Gonçalves, Abrahão e Katinsky

estruturam o departamento de Projetos da FAU-

Santos e da montagem do curso de programação

visual e desenho industrial da Universidade de

Brasília (UnB). Nos anos 70,Abrahão desenvolve

projetos de edificações e de conjuntos habitacio-

nais."A parte de edificações foi a parcela mais sig-

nificativa do trabalho de nossa geração,com algu-

mas poucas incursões no urbanismo", declarou.

No projeto da própria residência (1977),

Abrahão adotou soluções à Mies e Le

Corbusier. Assim, a casa foi construída em dois

pavimentos apoiados sobre duas vigas laterais

que se sustentam em quatro pilares, garantindo

a continuidade dos espaços internos. A sala de

estar era o lugar que mais gostava de permane-

cer, para ler, receber amigos e ouvir música.

Nos anos 80 e 90, Sanovicz trabalha com

Edson Elito, com quem desenvolveu trabalhos

como o Fórum de Bragança (1985), SP, edifí-

cios escolares para a Fundação para o

Desenvolvimento da Educação (FDE) e o

Senac de Jundiaí, SP. Mas foi o Centro de Lazer

e Convivência do Sesc em Araraquara (1999),

SP, o projeto que "se tornou a menina dos

olhos do arquiteto", segundo Elito. O edifício

lembra um shopping cultural com uma praça

central para o encontro das pessoas. Numa

das paredes, um painel de alvenaria em alto

relevo, desenhado por Abrahão, reproduz o

Sol e a Lua, uma homenagem à cidade, cujo

nome indígena significa "morada do sol".

Pouco antes de morrer, Abrahão emocionou-

se ao visitar o conjunto Pascoal Melantonio,pro-

jetado para uma comunidade carente removida

de uma favela da bacia do Guarapiranga, em São

Paulo. Uma das moradoras recebe o arquiteto a

quem mostra a unidade de 42,68 m² e conta que

"da minha janela, vejo pessoas nos jardins e as

crianças brincando nos pátios, como se fosse

uma cidade". Reverenciado por amigos, familia-

res, filhos e antigos alunos,Abrahão Sanovicz foi

enterrado no cemitério Israelita do Butantã, na

capital paulista, no dia 30 de abril de 1999. Aos

que virão, deixou um legado profissional e de

atitude que enriqueceram a história da arquite-

tura brasileira e paulista do século XX. E a lição

para o futuro: "e pur si muove!"...apesar de tudo,

tudo se transforma. Inclusive, a arquitetura.

LEIA MAIS

AU 17 – Escola paulista: o que restou?

AU 26 – Instantâneo de uma trajetória

AU 43 – Encontro de caminhos

AU 62 – Arquitetura da pedagogia

AU 82 – Habitação/ Brasil

AU 92 – Um lugar ao Sol

1985 Terminal para turismo de massa, Bertioga, SP

1991 Escola Bairro 120, Santana do Parnaíba, SP

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50 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003

BRUNETE FRACCAROLI SÃO PAULO SHOWROOM PENHA VIDROS 2002/2003

I N T E R I O R E S

Para transformar uma antiga residên-

cia no showroom da Penha Vidros,

empresa importadora e distribuido-

ra de vidros, a arquiteta Brunete

Fraccaroli optou por criar espaços

amplos e iluminados que valorizassem a

exposição dos produtos. Da fachada ao piso, o

vidro está presente em todos os ambientes da

construção, que sofreu profundas alterações

estruturais e físicas para se tornar um espaço

convidativo e atraente.

Assim, quem transita pela Pamplona, rua

movimentada na região da avenida Paulista,

em São Paulo, não imagina que o sofisticado

showroom foi, um dia, uma antiga e degrada-

da residência com traços do estilo norman-

do. Convidada para fazer o projeto de refor-

ma da casa, Brunete optou por demolir a

parte frontal da edificação, que ganhou uma

fachada envidraçada e um novo acesso.

"Precisávamos criar um espaço imponente e

acolhedor", justifica.

Logo na entrada, o visitante se depara com

uma arrojada porta basculante de vidro tem-

perado, desenhada pela própria arquiteta.

Com trilhos e cabos de aço, a porta é movi-

mentada mecanicamente por um contrape-

TODAS ASPOSSIBILIDADES DA TRANSPARÊNCIAA ARQUITETA PAULISTA BRUNETE FRACCAROLI FAZ DO VIDRO UM ALIADO PARA CONVERTER

UMA ANTIGA CASA EM UM SHOWROOM COM ESPAÇOS AMPLOS E FLUIDOS, DE LINGUAGEM

CONTEMPORÂNEA E INOVADORA POR VALENTINA FIGUEROLA FOTOS SOFIA MATTOS

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52 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003

BRUNETE FRACCAROLI SÃO PAULO SHOWROOM PENHA VIDROS 2002/2003

I N T E R I O R E S

*Veja fornecedores e endereços no final da revista

FICHA TÉCNICAArquitetura: Brunete FraccaroliEngenharia: Antoun Arcie

LEIA MAISAU 104 – reportagem sobre o Prêmio Solutia 2002

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Acima, o hall com piso de vidro estrutural é o ponto de partida da escada com degraus de guarda-corpo de cristal. Abaixo, à esquerda, ambiente com cobertura de vidro e piso de mármore; à direita, incorporado à edificação, o antigo corredor externo exibe ummostruário de materiais vítreos

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4 D

64 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

BIBLIOTECAS DE METÁFORASA informática mudou o paradigma da metodologia de desenvolvimento de projetos. Mas será que o arquiteto está suficientemente

capacitado a usar essa tecnologia? POR EDUARDO SAMPAIO NARDELLI

FOTO R i M d

Embora os recursos digitais estejamdispersos por toda a parte, muitagente continua utilizando apenasparcialmente seus caros e comple-xos sistemas digitais, trabalhando

muitas vezes como se estivessem diante deuma máquina eletrônica de desenho, e nãoum equipamento capaz de processar dados,integrar informações e otimizar recursos.

Já vai longe o tempo em que os softwa-res CAD incorporaram metáforas de arqui-tetura às suas ferramentas de construçãode geometrias do projeto, permitindo acriação imediata de paredes, portas e jane-las que, além de tudo, são tridimensionais.Esses elementos podem, ainda, receberatributos como os materiais de que sãoconstituídos, o fabricante e o preço relati-vo. São informações preciosas que podeminteragir com outros programas, produzin-do memoriais quantitativos e até mesmoum orçamento completo.

Pois foi isso que o arquiteto FranciscoGritti percebeu ao decidir-se pelo ArCon, daPini, e passou a desenvolver modelos eletrô-nicos 3D, deles extraindo as demais vistas.

Uma decisão semelhante à do engenhei-ro Alexandre Nobile, que também adotouo ArCon por lhe permitir modelar o terre-no em 3D, desenvolver o projeto e extrairas vistas e cortes que vão compor a docu-mentação técnica. Além disso, o ArConinterage com o Volare, também da Pini,emitindo relatórios e, eventualmente, umorçamento baseado no TCPO (Pini).

Trata-se de uma verdadeira mudança deparadigma no que se refere à metodologiade desenvolvimento dos projetos que,entretanto, ainda acontece com restrições.

É o caso da biblioteca de objetos que, deacordo com Nobile e Gritti, ainda é em suagrande maioria estranha à realidade brasi-leira e exige adaptações, o que reduz aperformance do sistema, sem comprome-ter, todavia, o resultado final.

Uma queixa semelhante à do arquitetoEduardo Brandileone, usuário do Vector-Works, para quem, o ideal mesmo seria ca-da projetista desenvolver a sua própria bi-blioteca. Brandileone, entretanto, reconhecea dificuldade desse processo, pois cada pro-jeto tem suas próprias especificidades.

Para o arquiteto, o desenvolvimento doprojeto no computador é, de fato, maisveloz, mas ainda não prescinde do dese-nho feito à mão. "O processo criativosempre começa no croquis", diz, "depoistrabalhamos o projeto executivo nomicro". Embora admita que a possibilida-de de fazer estudos volumétricos prelimi-nares no computador possa incrementar oprocesso criativo, Brandileone lembra-sede apenas uma ocasião em que desenvol-veu todo o trabalho em meio digital, par-tindo da volumetria da qual foram extraí-dos as vistas e os cortes. O arquiteto res-salta que o projeto era bastante simples,mas, mesmo assim, precisou do comple-mento posterior de alguns detalhes doscortes que haviam sido omitidos exata-mente porque, como foram extraídas domodelo e não especificamente desenha-das, certas questões de projeto deixaramde ser consideradas.

Um problema que, no entender doarquiteto Maurílio Lobato, do escritóriode Marcos Acayaba, tem a ver com aescala do desenho. Lobato cita um tra-

Seqüência de imagens produzidas por alunos do professor Charles C. Vincent, do Mackenzie, SP

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 65

balho que foi desenvolvido na escala1:200 e não precisou de nenhum ajuste:após o desenvolvimento tridimensionalda planta, os cortes e as vistas foramextraídos satisfatoriamente. Segundo Lo-bato, na medida em que as escalas doprojeto são ampliadas, surgem novasquestões, demandando mais detalhes deprojeto que então precisam ser conside-rados em cada geometria.

Usuário do ArchiCAD há cerca de oitoanos, Lobato explica que, graças à tecno-logia GDL (geometric descriptive langua-ge), incorporada ao software, as metáforasde arquitetura utilizadas para compor omodelo tridimensional podem ser parame-trizadas sem muito problema, o que ajudaa superar a questão de ter de trabalharcom objetos criados fora dos padrões bra-sileiros. Mas diz que a criação de bibliote-cas de objetos em GDL por parte dos for-necedores brasileiros contribuiria paramelhorar a performance dessa novamaneira de projetar.

Lobato destaca ainda a facilidade ofere-cida pelo ArchiCAD para o desenvolvimen-to do projeto em equipe, que permite asegmentação do processo de tal formaque, enquanto um profissional se dedicaao estudo do terreno, os demais podemestudar o sistema estrutural ou a caixilha-

ria, tudo sobre a mesma geometria, cujamatriz é atualizada para todos à medidaque as alterações são salvas pelos inte-grantes da equipe.

Como se vê, optar entre a "representa-ção" dos elementos que compõem umprojeto arquitetônico ou a utilização demetáforas virtuais que fazem as vezesdesses elementos é possível, mas aindaestá bem longe de ser um conceito inte-grado ao cotidiano dos escritórios dearquitetura. Seja por limitação dos siste-mas, seja por limitação do arquiteto, quemuitas vezes pouco conhece ou dominaos recursos oferecidos.

Uma dificuldade cuja origem pode estarna própria formação dos profissionais nasuniversidades, onde o ensino de computa-ção aplicada raramente transcende a sim-ples capacitação básica para operação deum software, quando o ideal seria a inves-tigação e o aprofundamento das possibili-dades oferecidas pelas novas gerações desistemas CAD como, aliás, aponta a tesede doutoramento do arquiteto e professorCharles C. Vincent.

Neste trabalho, o professor Vincent, daUniversidade Presbiteriana Mackenzie,demonstrou, por meio de uma experiênciaprática, como é possível o desenvolvimen-to de um projeto de arquitetura em classe,

a partir da modelagem digital tridimensio-nal, da qual são extraídos planos de visua-lização e até mesmo os planos correspon-dentes aos pavimentos de um edifício, tra-balhando apenas com os recursos de pro-cessamento oferecidos pelo próprio soft-ware. Mais do que possível, Vincentdemonstrou que esse modo de conduzir oprocesso tem conseqüências que afetam oresultado final e, portanto, o próprio pro-cesso criativo como um todo.

Tendo utilizado o AutoCAD ADT –Architectural Desktop – Vincent, como osdemais entrevistados, também apontarestrições nas ferramentas oferecidas pelosoftware, notadamente a dificuldade dese estabelecer o peso gráfico das linhasque compõem o traçado dos cortesextraídos dos modelos 3D e a dificuldadede se criar bibliotecas customizadas deobjetos que possam interagir com osdemais, já existentes – uma tarefa queexige o domínio de programação em VBA– Visual Basic Applications.

No entanto, como o próprio Vincentdestaca no "Abstract" de seu trabalho,embora obras como as de Gehry,Eisenman, grupo Arquitectonica, entreoutros, tenham posto em evidência aimportância da modelagem tridimensional,nas fases preliminares de projeto, comofator determinante do processo criativo, os"processos de solução de projetos não seesgotam na concepção da forma e, antesdisso, podem se iniciar em investigaçõesque chamaremos, assumindo o risco que aterminologia traz, de funcionais".

Uma questão que certamente impõe anecessidade de se incorporar novos para-digmas ao processo de desenvolvimentodos projetos auxiliados por computador, apartir do conhecimento e domínio dosrecursos mais avançados oferecidos pelasnovas gerações de software CAD.

ESTA SEÇÃO É PATROCINADA PELO

Tela doArCon, Pini,que permitedesenvolvermodelos em3D, delesextraindo as demaisvistas

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OS TIPOS DE ARGAMASSA E SUA APLICAÇÃO

Argamassas Assentamento l Para alvenarias de blocos de concreto, cerâmicos, de concreto celular e sílico-calcários

"cinzas" (básicas) Revestimento l Indicada para paredes externas e internas

l Regularizam e absorvem as deformações da base

l Admitem pintura como acabamento

Contrapiso l Utilizadas como suporte para diversos revestimentos de piso

l Regularizam e absorvem as deformações da base

l Proporcionam as declividades necessárias para escoamento de áreas molhadas

Argamassas colantes Assentamento l Para fixação de revestimento em pisos e paredes, como pedras, cerâmica, pastilha de porcelana, mosaico de vidro

l Alguns fabricantes oferecem produtos específicos para assentamento dos diferentes materiais

l Há produtos que permitem assentar e rejuntar ao mesmo tempo

l Há argamassas que permitem assentar um novo revestimento em cima de outro já existente: piso sobre piso

Rejunte l Para rejuntar revestimento de pisos e paredes, como pedras, cerâmica, pastilha de porcelana e mosaico de vidro

l A grande maioria dos rejuntes usados atualmente é industrializada

l Existem produtos coloridos

Argamassas decorativas Pigmentadas l Coloridas, substituem pintura ou colocação de revestimento

l São aplicadas sobre um emboço de argamassa, camada responsável pela regularização da base

Monocapa l É colorida

l Dispensa emboço: pode ser aplicada diretamente sobre a alvenaria

T E C N O L O G I A & M A T E R I A I S

66 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

Produtividade e economia: essas

são as palavras-chave quando se

fala em argamassa industrializa-

da. Muito embora o emprego do

produto exija um investimento

inicial maior se comparado ao da arga-

massa virada no canteiro, na ponta do

PRODUÇÃO EM MASSAUMA OBRA MAIS LIMPA, COM MENOS DESPERDÍCIO E MELHOR QUALIDADE É A PROMESSA DOS FABRICANTES DE

ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA DE BASE CIMENTÍCIA. INVESTIMENTOS NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

ESPECÍFICOS PARA DIFERENTES USOS SÃO A TÔNICA DESTA INDÚSTRIA QUE LUTA PARA CONQUISTAR O MERCADO

AINDA DOMINADO PELO PRODUTO VIRADO NA OBRA POR BIANCA ANTUNES

lápis, acaba saindo mais barato. Ercio

Thomaz, engenheiro e pesquisador do IPT

(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do

Estado de São Paulo), explica que, para

fazer a mistura, é preciso ter espaço para

armazenar areia, cimento e cal, além de

pessoal preparado para a produção, "o que

não é fácil de encontrar porque pouca

gente tem o domínio da dosagem corre-

ta", afirma. Preparar a argamassa na obra

exige, ainda, bons fornecedores de areia,

pois um material sujo ou com granulome-

tria diferente prejudica o resultado final.

"Isso faz com que haja, por exemplo, uma

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PROPRIEDADES REQUERIDAS DE ARGAMASSAS – IMPORTÂNCIA RELATIVA

Características exigidas das argamassas "cinzas" ou básicas Assentamento Revestimento de paredes

de alvenarias Internas Fachadas

Estado fresco Plasticidade 4 4 4

Coesão 3 4 4

Retenção de água 3 3 4

Incorporação de ar 1 2 3

Massa específica 1 2 3

Tempo de pega / "puxada" 3 3 4

Estado endurecido Resistência mecânica 2 3 2

Módulo de deformação 3 2 4

Acabamento / textura superficial 1 3 3

Dureza superficial 1 3 3

Retração 2 3 4

Aderência 3 3 4

Porosidade 1 2 3

Massa específica 1 2 3

MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 67

rugosidade diferente da prevista", explica

Mércia Barros, professora da Epusp

(Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo).

Outro ponto a favor das industrializadas

é que há argamassas específicas para cada

tipo de utilização. Na verdade, embora já

sejam usados na construção há mais de 20

anos, apenas nos últimos cinco anos é que

houve um maior desenvolvimento tec-

nológico dos produtos, em especial pela

adição dos componentes que os tornam

próprios para assentamento, rejunte e

revestimento, entre outras aplicações

específicas.

"A argamassa aplicada em uma facha-

da, por exemplo, está sujeita a situações

muito diferentes daquelas que afetam o

material usado no revestimento de ba-

nheiro", diz Rubiane Antunes, do controle

de qualidade da Lafarge, "o produto apli-

cado em fachadas tem de suportar

mudanças repentinas de clima", completa.

É por isso que as argamassas devem ter

características e propriedades que as

diferenciem. "Quanto mais exposta estiver

ao sol, umidade e vento, por exemplo,

mais forte e robusta deve ser. Assim, balan-

ceamos as quantidades de polímeros,

celulose e cimento para que seja adequada

ao uso", explica.

Entre os aditivos responsáveis por essas

propriedades especiais estão os retentores

de água, cuja finalidade é impedir que a

evaporação seja rápida, colaborando para

a aderência do produto. O plastificante,

por outro lado, não deixa sobrar água, o

que pode ocasionar fissuras. "A tendência

é desenvolver produtos cada vez mais

específicos", confirma Sérgio Luiz Victor,

gerente de argamassa da Votorantim.

Victor conta que a Votorantim desenvolve

produtos de acordo com a demanda. "Por

exemplo, acompanhamos constante-

mente as novidades da indústria cerâmi-

ca para responder com produtos adequa-

dos a cada nova tecnologia", explica.

Rubiane Antunes, da Lafarge, vai além.

"Cada região do país tem uma cultura e um

clima distintos e precisa de uma argamassa

específica. Assim, é possível que, no futuro,

tenhamos diferentes argamassas para cada

região brasileira."

Apesar de reconhecidamente melhor,

as argamassas industrializadas ainda

não têm tantos adeptos no Brasil. As

regiões sudeste e sul são as maiores con-

sumidoras do material, com São Paulo

na liderança. Aos poucos, entretanto, o

mercado vai sendo conquistado. "Nosso

crescimento no volume de vendas no

último ano foi de 30%", conta Victor.

"Trabalhamos para conscientizar o mer-

cado brasileiro e temos certeza de que,

em cinco anos, a história vai ser outra",

prevê o executivo da Votorantim.

1- Pouco importante 2 - Importante 3 - Muito importante 4 - ImprescindívelFonte: Ércio Thomaz – IPT

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T E C N O L O G I A & M A T E R I A I S

68 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

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QUEIMA ETAPASComo o nome indica, o Pisosobre Piso, da Lafarge, servepara aplicação derevestimento cerâmico sobreoutro existente, eliminando a etapa de remoção do pisoanterior. Disponível em sacosde 20 kg por R$ 24,70MO 52518

SUBAQUÁTICAO Juntaplus Piscina, da Eliane,foi formulado pararejuntamento de revestimentocerâmico em piscinas e emprega pigmentos quenão desbotam com a ação do cloro e dos raios solares.Em baldes de 5 kg por R$ 19,45 a R$ 86,90MO 52515

SOBRE GESSOO Qualicola Drywall é umaargamassa colante flexívelindicada para assentamentode revestimento cerâmicosobre gesso acartonado.Fabricado pela Lafarge, é comercializado em sacos de 20 kg por R$ 23,40MO 52516

PEDRA FIRMEArgamassa colante cinza, o Cimentcola Ferma Granito é específico para assentamentode peças de até 40 cm x 40 cmda pedra. Segundo a Quartzolit, pode ser usadaem sauna úmida, pisoaquecido e áreas de grandecirculação. Em embalagens de 25 kg por R$ 40,00MO 52514

ALTA VELOCIDADE Para trabalhos urgentes,reparos e fixações, o Agiforte,da Rejuntabrás, apresentasecagem e endurecimentorápidos. Endurece em cercade 90 minutos e a curaacontece em 8 horas. Vendidaem saco plástico de 5 kg por R$ 5,20 MO 52519

SOBRE AZULEJOFormulada para aplicação emqualquer superfície já revestidade cerâmica, pedras, pastilhade porcelana ou porcelanato,a Overcoll, da Fortaleza, é comercializada em sacos de 20 kg por R$ 24,80 a R$ 27,40MO 52520

PARA ARDÓSIAA Argatex desenvolveu umproduto exclusivo paraassentamento de ardósia empisos e paredes de áreasexternas e internas. A ArgatexCola Ardósia também é indicada para colocação depedras como granito miracemae mineira. Em sacos de 20 kg por 7,50 MO 52521

TEXTURA Argamassa decorativapigmentada e texturizada, o Argaffiato, da Argatex, é indicado para acabamentode paredes. Disponível em 20cores, é comercializada emlatas de 25 kg por R$ 71,99 MO 52522

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 69

OPÇÃO PARAMÁRMOREArgamassa colante branca, o Cimentcola Ferma Mármorefoi criado pela Quartzolit paraassentamento de placas dessapedra com até 40 cm x 40 cm.Pode ser usada em saunaúmida, piso aquecido e áreasde alto tráfego. Em sacos de25 kg por R$ 50,00MO 52523

DOIS EM UMPara tessela de vidro oupastilha de porcelana, a Maxijunta, da Rejuntabrás,faz assentamento e rejunte.Pode ser usada em áreasexternas, pisos, paredes e fachadas e é encontrada em30 cores. Em potes de 5 kgpor R$ 15,90MO 52524

DECORATIVAAplicada direto sobre a alvenaria, a Monocapa é uma argamassa decorativafabricada pela Quartzolit. Há 38 cores prontas, maspodem ser criadas tonalidadesfora do padrão. Comercializadaem embalagem de 30 kg porentre R$ 30,00 e R$ 35,00MO 52525

EM CORESDa Fortaleza, o Rejunta TudoColorido compõe juntas de assentamento de 1 mm a 16 mm em cerâmica, pedra ou porcelanato, em áreasexternas, internas e piscina. Em30 cores, é comercializado emsacos de 1 kg por R$ 1,99 oude 5 kg por R$ 9,99MO 52526

BLOCOS NO LUGARVersátil, a Massa Pronta, daCamargo Corrêa, serve paraassentamento de blocos deconcreto, cerâmicos, sílico-calcários e tijolos comuns,além de alvenaria estrutural e revestimento de paredes. Emembalagens de 20 kg e 40 kgMO 52527

NÃO À UMIDADEA Italit produz a Itaplast, um revestimento decorativoformulado com polímerosorgânicos e hidrofugantes.Pode ser aplicado sobre gessoou pintura e tem a propriedadede eliminar a umidade doambiente. Em sacos de 15 kgpor R$ 19,20 MO 52528

ALVENARIAA Votomassa Blocos Especiais,da Votorantim, é umaargamassa básica paraassentamento de peças deconcreto celular autoclavadona composição de alvenaria.Admite outros tipos de bloco.Disponível em embalagens de 20 kg por R$ 5,75MO 52529

ALTO TRÁFEGO De secagem rápida, aArgatexCola Rápida, daArgaTex, é indicada para áreasde grande circulação depessoas. Depois de apenastrês horas do término daaplicação do produto, o localpode ser liberado para uso.MO 52272

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De lo digital a lo analógicoEditorial Gustavo Gili 120 páginas www.ggli.com

[email protected] Prolivros: rua das luminárias, 94 05439-000 11 3864-7477 [email protected]

O livro de Dennis Dollens trata da mudança que a informáticaimprimiu ao desenvolvimento da arquitetura. Para Dollens, a pro-dução digital é mais que resultado de uma ferramenta: é parte doprocesso evolutivo do pensamento. O professor de arquiteturadigital da ESARQ (Universidade Internacional da Catalunha) argu-menta que rechaçar a tecnologia, entre outros prejuízos, ofuscaperspectivas. O livro traz exemplos da aplicação da tecnologia emobras de Frank Gehry, Enric Miralles e Santiago Calatrava.

C A N A L

70 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

Sol PowerLa evolyión de la arquitectura sostenible Editorial Gustavo Gili

240 páginas www.ggli.com [email protected] Prolivros:rua das luminárias, 94 05439-000 11 3864-7477

www.prolivros.com.br [email protected] Sophia e Stefan Behling levantam a questão da energia solar naarquitetura de culturas distintas ao longo das épocas, das cons-truções mesopotâmicas às estruturas seladas de vidro das multi-nacionais de hoje. Com prólogo de Norman Foster, a obra discutepropostas alternativas para uma arquitetura sustentável e é muitobem ilustrada.

Edifícios EscolaresMiguel Juliano Colégio Oswaldo Cruz Ateliê Editorial

32 páginas www.atelie.com.br (11) 4612-9666O ensaio de Cristiane Corrêa inaugura a coleção ArquiteturaComentada, iniciativa da Giro Consultoria em Projetos Culturaisem parceria com a Ateliê Editorial. A proposta dos editores é, acada volume, analisar uma obra arquitetônica brasileira. O primeirolivro traz um estudo sobre o Colégio Oswaldo Cruz, do arquitetoMiguel Juliano, em Ribeirão Preto, SP. Além do texto ágil, o livrotraz fotos, esboços, plantas e cortes do projeto, um edifício escolardesenvolvido com base nas premissas do movimento moderno.

Conversa de AmigosCorrespondência entre Oscar Niemeyer e José Carlos Sussekind

Editora Revan 253 páginas www.revan.com.br [email protected] (21) 2502-7495

Entre 1o de março de 2001 e 2 de fevereiro de 2002, Oscar Niemeyere José Carlos Sussekind trocaram mais de 50 correspondências sobreos mais diversos assuntos, como política, filosofia, literatura, revo-luções, amigos, viagens e, como não podia deixar de ser, arquitetu-ra. Mais do que divagações e comentários perspicazes sobre todosesses temas, elaborados por duas personalidades que dispensamapresentações, a leitura das cartas torna o leitor como que convida-do a sentar-se na sala para acompanhar a conversa franca einteligente entre os amigos. Uma deliciosa leitura.

Volare 7.0Pini www.piniweb.com/delivery

[email protected] 0800 707-6055 (11) 3352-6430

(Grande São Paulo) Desenvolvido pela Pini, o Volare chega

à versão 7.0 como um aprimoramen-

to do já consagrado programa de

orçamento e planejamento de obras.

Ágil e de fácil operação, o software

realiza planejamentos por dia, semana

ou mês e agora ganhou uma interface

mais moderna, um banco de dados

ampliado, com mais de 3 mil com-

posições de custo-serviço baseadas no

TCPO 2000, também da Pini, e tabela

de 2.800 itens de insumos. O progra-

ma traz ainda modelos customizados

(templates) para elaboração de orça-

mentos. O Volare 7.0 opera em

ambiente Windows e é totalmente

integrado a outros aplicativos, entre

estes o Strato 7.0, indicado para área

administrativo-financeira de constru-

toras e incorporadoras, e o Arcon,

para apresentações de projetos de

arquitetura, ambos fornecidos pela

Pini, além do Excel, da Microsoft.

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 73

C A T Á L O G O

Trituradores A In-Sink-Erator fabrica trituradores delixo orgânico. Instalados sob a pia,esses aparelhos trituram os alimentosem um prato giratório com marteletesmóveis. O modelo residencial 75, porexemplo, tem motor com 0,75 hp depotência, cinco anos de garantia esistema de acionamento a ar.MO 52335

Piso elevado A linha de acabamentos para ospisos elevados Floorsystem Solution,da Tyco Electronics, ganhou agorauma opção nobre: o granito. Commenos de 9 kg/m² e composto porpainéis de 50 cm x 50 cm e altura de6,7 cm, esta é uma boa opção paraáreas externas e até para locais debaixo pé-direito. MO 52308

Lâmpada repelente A GE disponibiliza a Repelux, que

afasta os insetos. Isso acontece

porque a lâmpada emite menos raios

ultravioleta de comprimentos de cor

azul e, assim, não atrai os insetos

como fazem as convencionais. Ótima

pedida para estes tempos de

dengue. MO 52305

Mobília Os móveis Joker, encontrados na SPIdo Brasil, ganharam em 2002 oprêmio de melhor mobiliário conferidopelo Museu da Casa Brasileira, emSão Paulo. A série é formada porpoltrona, cabideiro e criado-mudo,todos feitos em polietileno em muitasopções de cores. Para conferir umtoque lúdico aos ambientes. MO 52306

Despensa Produzida pela Hoggan Internationaldo Brasil, a linha Closet Maid é umasolução para organizar compras eestoque em qualquer espaço. Oprojeto é feito sob medida e oscomponentes são produzidos em açorevestido de vinil. MO 52313

Chaves A linha Master Cromo Vanádio,desenvolvida pela Moretzsohn, écomposta de chave de fenda, chavePhilips e do tipo canhão tubular.Todas as ferramentas têm haste deaço 6150 trefilado com acabamentode níquel polido e cabo de PVC rígidoinjetado diretamente sobre a lâmina. MO 52317

Pisos A linha UV da Mercur destaca-sepela resistência a raios solares,intempéries, produtos alcalinos eácidos fortes – inclusive produtosclorados. Com uma ampla cartela decores, conta com 11 tonalidadessólidas e nove marmoreadas. MO 52318

SensoresA PPA oferece soluções de segurançapara edifícios residenciais ecomerciais, como automatizadoresde portões, alarmes e cercaselétricas. A Linha Raster, porexemplo, traz sensores sem-fio oudo tipo infravermelho que acionam acentral automaticamente casodetectem invasão da propriedade. MO 52304

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C A T Á L O G O

74 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

Interruptores Em seis cores – bronze, verde, prata,champanhe, marrom e dourado – aTalari Color é a novidade da Iriel.Sempre com 2 cm x 4 cm e 4 cm x4 cm, a série está de acordo com asnormas IEC/ABNT e combina cominterruptores de diferentes funções.MO 52321

Inseticida Como o próprio nome anuncia, oExterminador de Cupim da RennerSayerlack promete acabar com cupinse brocas. Fabricado com resinashidrorrepelentes, retarda a absorçãoda umidade, oferecendo proteçãoextra às madeiras. Disponível nasversões aerossol e líquido.MO 52322

Piso-boxeFeito de poliéster reforçado com fibrade vidro ou ABS acrílico, dispensaimpermeabilização, caimento e atéaplicação de revestimento cerâmico.Produzido pela Astra em várias corese dimensões, é antiderrapante eapresenta resistência mecânica equímica. MO 52332

ESPELHEIRA Com espelho de prata medindo 60 cm x 62 cm e moldura plásticanas cores bege, cinza, caramelo ebranca, a espelheira Havana, daAstra, foi elaborada para compor a linha Gabinete Plástico.MO52426

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 75

CASA COSIPA Desenvolvidas pela CompanhiaSiderúrgica Paulista para atender àdemanda por habitação popular , ascasas têm estrutura de aço e levamde seis a dez dias para ficaremprontas. Embora apresentem padrãoCDHU, adaptam-se a diferentes tiposde plantas e admitem expansões. MO 52428

LUMINÁRIA O modelo de mesa Combinato (YS2104), da Yellowstar, tem formasarredondadas, inspiradas no designatual dos computadores. Coloridas,têm cúpulas nas cores prata, preto,azul, verde, rosa e laranja, vendidasseparadamente.MO 52430

VIDROS IMPRESSOS A série Decor-Lite, desenvolvida pelaSaint-Gobain Glass, tem desenhosem alto relevo e pode ganhar corespor um processo de laminação.Vidros do tipo temperado,espelhado, curvado e lapidadofazem parte da linha.MO 52431

PAINÉIS DE MADEIRA Marfim Jacarta, Ipê Nagóia, NogueiraMel e Mogno Parma são os novospadrões das linhas de lâminas demadeira reconstituída Madeplac eDuraplac, da Duratex. A coleção foidesenvolvida para a fabricação demobiliário para quartos e salas. MO 52433

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C A T Á L O G O

76 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

FILTRO D'ÁGUA Produzidos pela Brasfilter, ospurificadores da linha HF, da Europa,têm o selo de EficiênciaMicrobiológica do Inmetro. Comgabinete, bica e manoplas em ABSnas cores branca e bege, oequipamento é acionadomanualmente e a limpeza é feita porretrolavagem. MO 52436

JANELA DE TETO Importada pelo Eurocentro, aEurostar é feita de madeira comrevestimento de alumínio ou cobrena face externa, e tem vidros duplosque proporcionam ótimodesempenho termoacústico. A saiade chumbo pode ser moldada emqualquer tipo de telha. MO 52437

FITA REFLETIVA Produzida pela Seton com materialde alta reflexão, oferece maissegurança para equipamentos,portas e outras instalações. Em váriascores e larguras, resiste à maioriados produtos químicos abrasivos,além de suportar variações detemperaturas entre - 40ºC e + 80ºC. MO 52439

PAINÉIS MÓVEIS Da marca italiana Rimadesio,licenciada e vendida pela Cinex, alinha Siparium combina alumínio evidros, ampliando as possibilidadesde criação de ambientes emresidências ou empresas. Ascomposições são feitas sempre sobmedida.MO 52448

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 77

CONDICIONADOR DE AR De acordo com a Consul, o consumode energia do Digital é um dos maisbaixos possíveis nesse tipo deequipamento. O aparelho pode sercomandado por controle remoto eestá entre os mais silenciosos domercado. MO 52441

COMPRESSOR DE AR Os equipamentos da DeWalt -Black&Decker são do tipo doisestágios e trifásicos. Esses modelosapresentam um deslocamentoteórico de 60 pcm, volume doreservatório de 425 litros e potênciade motor de 15 hp, além de válvulasde segurança entre os estágios.MO 52442

FORRO REMOVÍVEL Com placas produzidas a partir defibras orgânicas e inorgânicas emdiversos padrões de acabamento edimensões, a linha Celotex, da Placo,garante versatilidade e novassoluções de decoração. Possuielevada reflectância luminosa e altaresistência ao fogo e à umidade. MO 52444

LÂMPADAS PARA JARDIMAs halógenas da Sylvania têmdiferentes ângulos de abertura elonga durabilidade, por isso, sãoindicadas especialmente para projetospaisagísticos. Com duplo contato, osmodelos PAR 20 e PAR 38 têm,respectivamente, potências de 50 We de 90 W e 100 W. MO 52446

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E N D E R E Ç O S

78 ARQUITETURA&URBANISMO MARÇO 2003

MADE INCOLORTILAv. das Américas, 500 – bloco 6, salas208/209Rio de Janeiro-RJ(21) [email protected]ão PauloAl. Lorena, 1.835(11) 3064-1110Shopping D&D – Av. das NaçõesUnidas 12.555, piso térreo(11) 3043-9142Rio de JaneiroRio Design Barra, Av. das Américas,7.777, lj. 155(21) 2438-7512Belo HorizonteRua Alagoas, 843, Funcionários(31) 3262-0090Salvador Rua Dias D'Avila, 5(71) 264-2464Curitiba Rua Teixeira Coelho, 235(41) 243-0708GoiâniaAv. 136, 290 (setor Marista)(62) 541-3909RecifeAv. Conselheiro Aguiar, 323(81) 3466-2522Porto AlegreRua Marquês do Pombal, 157(51) [email protected]ÓVEIS ARREDAMENTOSão PauloShopping D&D – Av. das NaçõesUnidas, 12.551/9, lj. 206, piso L-2(11) 3043-9129 Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 903 (11) 3062-1188 Lar Center – Rua Otto Baumgart, 500,lj. 303/304, 3o piso(11) 6222-2863Rio de JaneiroRio Design Barra – Av. das Américas,7.777, lj. 146/147, 1o piso(21) 2438-7559Brasília SIA Trecho 03, 880, lj. 239/240(61) 361-2961FortalezaSalinas Casa Shopping – Av.Whashington Soares, 909, lj 97(85) [email protected]

EIKON BRASILSão PauloRua Alexandre Dumas, 1.601, 14o andar(11) 5183-3131Rio de JaneiroPraça Floriano, 55, 7o andar, cj. 701(21) 2524-5263www.eikonbrasil.com.br

CASACÁCIO MURILO – fotografiaAv. Expedicionários, 208João Pessoa-PB(83) 9304-4059CERÂMICA PORTINARI –revestimento cerâmicoShowroomAv. Brasil,1.300São Paulo-SP01430-001(11) 3081-1022FÁBRICAAv. Manoel Delfino de Freitas, 1.001Criciúma-SC88813-900(48) [email protected]ÂMICA PORTOBELLO –revestimento cerâmico BR 101 km 163 Tijucas-SC88200-000 (48) 279-2222 www.portobello.com.brCIMEAL – esquadriasRodovia BR 230 s/n, km 1458310-000(83) 246-2082, 246-4816 MARCOLINO MADEIRAS – esquadriasRodovia BR 230 s/n, km 1258033-450(83) 214-9600 MESTRE JOÃO – construçãoTravessa São Gonçalo, 16João Pessoa-PB58038-332(83) 245-7660 e 9969-8696 METALÚRGICA TOUROS – corrimãosRua B1, Quadra E, Lotes 08 e 09Distrito Industrial58082-040(83) 233-1718 NORMANDO PERAZZO E ADRIANOMACIEL – estruturaUniversidade Federal da Paraíba –Centro de Tecnologia(83) 244-4506, 216-7036 NORVIDRO – vidrosAv. Edson Ramalho, 25258038-100(83) 247-1677

OGM ARQUITETOS – projetoarquitetônico Av. Flávio Ribeiro Coutinho, 400/202João Pessoa-PB58037-000 (83) 246-1757, 9996-5850,9996-5717, 9996-6326 [email protected] ONDULINE – telhasRua São Luiz Gonzaga, 1.031Rio de Janeiro-RJ20910-0630800-245260 [email protected] www.onduline.com.brPEDRA POLIDA – granitoAv. Presidente Epitácio Pessoa, 1.016,sala 02João Pessoa-PB58030-000(83) 224-0603

BRASIL – Centro de CulturaJudaicaACECO TI – arquivos deslizantesAv. Eng. Luís Carlos Berrini, 267, bl. B,2o andarSão Paulo-SP04571-010(11) [email protected]ÚSTICO ENGENHARIA –termoacústicaRua Raggio Nóbrega, 63São Paulo-SP(11) 3062-5454AEC CONSULTORIA – caixilhos econsultoria de vidrosRua Tomás Carvalhal, 614São Paulo-SP04006-000(11) [email protected]Á MOBÍLIAS – cadeiras-café(11) 3191-0320ATLAS SCHINDLER – elevadoresAv. do Estado, 6.116 São Paulo - SP01516-900(11) 6120-5213sac_brasil@atlas.schindler.comwww.atlas.schindler.comBARBIERI GORSKI – paisagismoRua Fernão Dias, 186São Paulo-SP(11) [email protected] – mão-de-obra direta Rua Topázio, 118Barueri-SP06410-150

(11) [email protected] – louçasICL Louças SanitáriasAv. 14 de dezembro, 2.800Jundiaí-SP 3206-011Caixa Postal 45(11) 4588-4600Showroom CeliteAvenida Brasil, 2.188São Paulo-SP01430-001 (11) 3061.5266SAC: 0800 7011300www.celite.com.brCIA. DE PROJETOS – estrutura metálicaRua Morato Coelho, 69São Paulo-SP(11) 3061-2603 CONSTRUTORA CHARLES CAMBUR– gerenciamento administrativoAv. Nove de Julho, 5.593, 5o andarSão Paulo-SP(11) 3079-4979CSC – equipamentos de cozinhaRua Araras, 231Barueri-SP06409-050(11) 4198-0404 [email protected] – divisórias móveis(6402.9722) Rua Eng. Albert Leimer, 797Guarulhos-SP07140-020(11) [email protected]/LA FONTE – ferragensAv. Piracema, 1.400 – CentroEmpresarialBarueri-SP06460-933(11) [email protected] – divisóriasAl. Inajá, 31Barueri-P06460-050(11) 4191-0427 [email protected] ELETRÔNICA – audiovisualRua Curuzu, 17, térreo Rio de Janeiro-RJ20920-440 (21) 3860-5717 [email protected] – instalações elétricas ehidráulicas

E N D E R E Ç O S

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MARÇO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 79

Rua Neves de Carvalho, 342São Paulo-SP01132-010(11) 222-6111eletrenge@eletrenge.com.brwww.eletrenge.com.brEMPREITEIRA MAP – tratamento deconcretoAv. Prof. Manoel José Pedroso, 1.611,sl.103 Cotia-SP(11) 4616-7416 ESCRIBA – mobiliárioRua José Dini, 131São Paulo-SP06763-010(11) 4788-9277 [email protected]ÓRIO TÉCNICO JKMF –estrutura de concretoRua Luiz Coelho, 340, 12o andarSão Paulo-SP01309-903(11) [email protected] – esquadrias de alumínioAv. Dep. Cantídio Sampaio, 6.088(11) 3971-6566 [email protected] – mármoresRua Luciano Silva, 511São Paulo-SP05841-000(11) 5511.4020 [email protected] – piso autonivelanteRua Tenente Onofre Rodrigues deAguiar, 800Mogi das Cruzes-SP 08770-000(11) 4191-9900 GUARUTHERM – proteção passivacontra incêndio Rua Stella Maris, 25Guarulhos-SP(11) 6422-1456 / Fax [email protected]Á – revestimento de paredeRua Dr. Costa Júnior, 520São Paulo-SP05002-000(11) 3672-1522 [email protected]&K – esquadrias metálicas Rua Três Pedras, 103São Paulo-SP06465-020

(11) [email protected] KB ENGENHARIA – engenhariaAv. Iraí, 143, cj. 94São Paulo-SP(11) [email protected] ENGENHARIA – elétrica/hidráulicae incêndioRua Guaricanga, 242São Paulo-SP05075-030 (11) 3832-3512 [email protected] – persianas (3024.7000) Av. Prof. Manoel José Chaves, 300São Paulo-SP05463-070(11) 3024-7000www.luxaflex.com.brMEGA PINTURAS – pinturas Av. Marcondes de Brito, 970São Paulo-SP03509-000(11) 6653-8821comercial@megapinturas.com.brwww.megapinturas.com.brMETALCORP – porta corta-fogo Av. Mal. Castelo Branco, 72 Taboão da Serra-SP06790-070(11) 4787-0066 [email protected]ÉTODO ENGENHARIA – execuçãodas obrasAv. das Nações Unidas, 12.901, TorreNorte, 3o andarSão Paulo-SP04578-000(11) 5504-7200metodoengenharia@metodoengenharia.com.brwww.metodoengenharia.com.brMG&A CONSULTORES DE SOLO –fundaçõesRua Natingui, 1.053São Paulo-SP(11) 3031-5539NOROBRÁS – impermeabilizaçõesRua André Saraiva, 90São Paulo-SP05626-000(11) 3744-8125 [email protected] – metaisAv. Jacu Pêssego, Nova Trabalhadores,3.787São Paulo-SP08260-001(11) 6521-0055

[email protected] DO BRASIL – iluminaçãoRua Verbo Divino, 1.400São Paulo-SPCEP 04719-0020800-991925 www.luz.philips.com.brPILKINGTON – vidrosRua Sargento Rodoval Cabral Trindade, 780São Paulo-SP02190-900(11) [email protected] PISO – pisos esportivosRua Aparício Corrêa de Godói, 150Jandira-SP 06600-000(11) 4707-3600www.playpiso.com.br POZZANI ELEVADORES – monta-cargas Av. Walter Tomé, 43São Caetano-SP09570-320(11) [email protected] em Alimentação –cozinha/ lanchoneteAv. José Felix de Oliveira, 1.148, sala 5Cotia-SP 06708-385 (11) [email protected] – estruturas metálicasAv. Projecta, 240Guarulhos-SP07222-130(11) [email protected] – sonorizaçãoRua Timbiras, 1.959Belo Horizonte-MG30140-061(31) 3273-6844 www.projesom.comRADIX STUDIO DE DESIGN –iluminaçãoRua Alves Guimarães, 1.472São Paulo-SP05410-002(11) [email protected] www.studioix.com.brROBERTO LOEB E ASSOCIADOS –arquitetura e interioresRua José Maria Lisboa, 1.077São Paulo-SP(11) [email protected]

SERVITEC – ar-condicionado eexaustãoRua do Bosque, 1.281São Paulo-SP01136-000(11) [email protected] – automação predialAv. Corifeu de Azevedo Marques, 45São Paulo-SP05581-000(11) [email protected] – piso elevadoRua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691São Paulo-SP04730-903(11) 5643-6333TECNICS – espelho d'águaRua Louisiana, 310São Paulo-SP04560-020(11) [email protected] PROJETOS – ar-condicionadoRua Barão do Bananal, 300São Paulo-SP05024-000 (11) 3672-1657TELEM – cenotecniaRua Arcipreste, 372São Paulo-SP04268-020(11) 274-9422 [email protected] – revestimentoacústico/marcenariaRua Dr. José Jorge Cury, 400São José do Rio Preto-SP15076-610(17) 238-2000 [email protected] TECH – cabeamento estruturado Rua Creta, 245Sabará-MG34710-140(31) 3485.2700 VAULT-DIGITAL – blindagem(11) [email protected] WALL TECH – forros e paredes degessoRua Estado de Israel, 333São Paulo-SP04022-001(11) 5084-5002 [email protected]

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E N D E R E Ç O S

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SPETO – limpeza final de obrasRua Jamanari, 311, apto.71São Paulo-SP05716-140(11) [email protected] E JARDIM – paisagismo(11) 3763-2703

INTERNACIONAL –Los Angeles Civic ParkMÁRCIO KOGANAlameda Tietê, 505 – Cerqueira CésarSão Paulo-SP(11) [email protected]

INTERNACIONAL – Escritório de arquiteturaENRIQUE BROWNECalle Los Conquistadores, 2.461Santiago do ChileChile56 2 234-2027 e [email protected]

ENTREVISTAHUMBERTO E FERNANDOCAMPANA Rua Barão de Tatuí, 219Vila BuarqueSão Paulo-SP(11) 3094-8001

INTERIORES – COZINHASPLANEJADASABITARE – cozinha DadaAl. Gabriel Monteiro da Silva, 1.970São Paulo-SP01442-001(11) 3061-1125ALESSIA COLOMBORua Pedro Américo, 556São Paulo-SP09581-490(11) 9194-0309ALUMETALAv. Ministro Laudo Ferreira, 327São Paulo-SP05537-001(11) 3742-2526ARISTONAv. das Nações Unidas, 20.882São Paulo-SP04795-000(11) 5522-7788CARMEM COIFASCarmem Angelino(11) 6950-5274 e 9614-9696CECRISAShowroomAv. Brasil, 1.300

São Paulo-SP01430-001(11) 3081-1022FábricaAv. Manoel Delfino de Freitas, 1.001Criciúma-SC88813-900(48) [email protected]. Cidade Jardim, 976São Paulo-SP01454-000(11) 3813-9910 e 3097-8866DELLANOAv. Cidade Jardim, 702São Paulo-SP01454-000(11) 3032-8354 e 3032-8346 [email protected] ALMEIDAAv. Rebouças, 2.838São Paulo-SP(11) 3813-8444ESPAÇO DAS COZINHASAv. Ibirapuera, 2.671São Paulo-SP04028-002(11) 3813-8444FÓRMICA0800 19 3230GRANISTILLORua Carlos Weber, 327São Paulo-SP05003-000(11) 3832-9902HELENA FERRAZRua José da Silva Ribeiro, 30 São Paulo-SP05627-130(11) 3742-6759KITCHENSAv. Brig. Faria Lima, 2.015 conj. 51São Paulo-SP04151-001(11) 3030-1900 www.kitchens.com.brLABORATÓRIO DA LUZRua Antonio Carlos, 686 São Paulo-SP01309-010(11) 3218 2786LE CUCINEShopping D&D(11) 3043-7321Shopping Lar Center(11) [email protected] MARCENEIRORua. Dr. Augusto de Miranda, 801 São Paulo-SP

05026-000(11) 3862-6020MEKALAv. das Nações Unidas, 12.555, Piso L2,Loja 228São Paulo-SP04578-903(11) 3043-9062NS BRASILRua Charles Darwin, 715 São Paulo-SP04379-060(11) 5677-9667PULSARAv. Juscelino Kubitschek, 455São Paulo-SP04543-010(11) 3848-9130RENÉ FERNANDES FILHOAv. Brig. Faria Lima, 1.979 conj. 51São Paulo-SP01452-001(11) 3815-1627SOUZA MUNIZ MÃO-DE-OBRARua 3, no 48São Paulo-SP05867-380(11) 5873-6305(11) 9445-1229STUDIO LIGHTAv. Alfonso Bovero, 26401254-000(11) 3675-3555TECMAREAv. Nossa Senhora do Sabará, 195São Paulo-SP04695-000(11) 5524-9197TODESCHINIRua 10 de novembro, 432Bento Gonçalves-RS95700-000(54) 455-8255VANIA SCALAMANDRÉ DUARTEGARCIARua Sampaio Vidal, 993São Paulo-SP01443-001(11) 3061 9578

TECNOLOGIA&MATERIAISABCCO – REJUNTABRASMAXIJUNTA IND. COM. LTDA.Estrada do Una, 300Itaquaquecetuba-SP08559-650(11) 4645-1366rejuntabras@rejuntabras.com.brwww.rejuntabras.com.brARGAMASSAS ARGATEX LTDA.Rua João Santan Leite, 400Santana do Parnaíba-SP

07501-230(11) [email protected] ARGAMASSAS E REJUNTESRua Maximiliano Gaidzinski, 245Cocal do Sul-SC(48) [email protected] Maria José Vasconcelos Mankel, 223São Paulo-SP (11) 3641-2592 e [email protected] 0800 318800www.lafarge.com.brSAINT-GOBAIN QUARTZOLIT SÃO PAULO – FÁBRICA / VENDAS /MARKETINGVia de Acesso João de Góes, 2.127Jandira-São Paulo06612-000(11) 4789-8000 MINAS GERAIS – FÁBRICA / VENDASRua Quartzolit, 100 - altura km 5,25 daRod. MG 6Santa Luzia-Minas Gerais33010-970 (31) 3691-1800 PERNAMBUCO – FÁBRICA / VENDASAtende todo o Nordeste Av. Assedipi, s/n – lotes 1 e 2 – Quadra BAbreu e Lima / PE 53580-970 (81) 3542-9002/9003 RIO GRANDE DO SUL – FÁBRICA /VENDASAtende RS e SC Rodovia RS 118, no 9.390 – Estância GrandeViamão / Rio Grande do Sul 94400-970 (51) 489-7910/7911 ATENDIMENTO AO CLIENTE: 0800-11-6979 www.quartzolit.com.brUSINA FORTALEZARua São Paulo, 02Barueri-SP06415-070(11) 4161-7222www.usinafortaleza.com.brusinafortaleza@usinafortaleza.com.brVOTORANTIM CIMENTOS LTDA.Av. Manoel Bandeira, 291-ASão Paulo-SP05317-020(11) 3832-59300800-558282info@votorantim-cimentos.com.brwww.votorantim-cimentos.com.br