Audio & Cinema Em Casa Nº 251 GigaTuga

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WWW.AUDIOPT.COM REVISTA DE AUDIO, CINEMA EM CASA E NOVAS TECNOLOGIAS N.º 251 ANO 26 • BIMESTRAL • 4.00 € MARÇO/ABRIL 2015 WWW.AUDIOPT.COM 00251 5 607853 027434 Ainda nesta edição: Acoustic Audio Signature Triple X Avid Pulsare II iFi Audio iTube devolo dLAN 1200+ Lenco Playlink 4 e 6 Burmester 113 DAC COCKTAIL AUDIO X40, UM COCKTAIL DE SONS LG Innofest 2015 em Lisboa VIVID AUDIO B1 VERSATILIDADE MUSICAL Apertura Audio Armonia sons de requinte

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Audio & Cinema Em Casa - Nº 251 Março/Abril (2015)

Transcript of Audio & Cinema Em Casa Nº 251 GigaTuga

WWW.AUDIOPT.COM • REVISTA DE AUDIO, CINEMA EM CASA E NOVAS TECNOLOGIAS

N.º 251 ANO 26 • BIMESTRAL • 4.00 €MARÇO/ABRIL 2015WWW.AUDIOPT.COM

0 0 2 5 1

5 607853 027434

Ainda nesta edição: Acoustic Audio Signature Triple XAvid Pulsare II • iFi Audio iTube • devolo dLAN 1200+ Lenco Playlink 4 e 6 • Burmester 113 DAC

COCKTAIL AUDIO X40, UM COCKTAIL DE SONS

LG Innofest 2015 em Lisboa

VIVID AUDIO B1VERSATILIDADE MUSICAL

Apertura Audio Armonia sons de requinte

www.audiopt.comREVISTA DE ÁUDIO E CINEMA EM CASA

N.° 251 | Ano 26 | Março / Abril 2015 | 4.00m

DIRECÇÃO, REDACÇÃO E PUBLICIDADE:Rua D. João V, 6 - R/C Esq.1250-090 LISBOAGERAL – 213 190 650ASSINATURAS ACESSÓRIOS – 213 190 652PUBLICIDADE – 213 190 653FAX – 213 190 659

Os tempos modernos vieram trazer, e em diversos casos consolidar, novas tendên-cias, quer no que se refere a tecnologias ou hardware, quer no que tem a ver com os conteúdos que vemos ou ouvimos.

Começando pelo exemplo da televisão, se nos tempos da televisão analógica a esco-lha era entre ter mais canais ou menos canais, a chegada do digital e a proliferação das ligações à Internet, bem como o aumento da velocidade destas, fizeram com que muita coisa mudasse, e aquilo a que assistimos hoje em dia é a uma divisão do tempo de visio-namento por vários dispositivos que não apenas a televisão da sala que dominava no iní-cio: entre canais de televisão, portais de streaming, gravação digital diferida, acesso peer to peer, isto por um lado, e televisores, computadores de secretária ou portáteis, tablets e telemóveis, por outro, não há dúvida de que as oportunidades são imensas.

Mas tantas possibilidades fazem igualmente com que a competição pela atenção do elemento mais importante no meio de tudo isto, o espectador, seja o mais feroz possível. Por um lado, a produção de conteúdos, anteriormente entregue às editoras e aos canais, está neste momento igualmente nas mãos de outros «insuspeitos» parceiros, tais como serviços de streaming (Netflix, Hulu e vários outros), lojas online, por exemplo a Amazon, e muitos outros mais; por outro lado, o tempo de visionamento dos conteúdos passou a ser partilhado entre diversos dispositivos, nalguns casos sem qualquer intervenção da publicidade, algo que quem vê por vezes um filme num dos canais ditos «abertos» sabe bem o alívio que representa. Claro que a publicidade é importante para quem apresenta ou produz os conteúdos, porque lhe dá as verbas necessárias para que possam ser produ-zidos mais conteúdos, mas o abuso pode cansar e afastar os espectadores

Do lado do áudio, se o MP3 tem em si inconvenientes mais que suficientes e por demais analisados e escalpelizados nestas páginas, não há dúvida de que, ao mesmo tempo, despertou os consumidores para o streaming, abrindo as portas para o encerra-mento de serviços ilegais, como o Napster, e para o lançamento de outros legais e mui-to bem-sucedidos, tais como a loja iTunes, o Spotify e vários outros, incluindo os serviços de streaming em alta resolução que parece estarem a ganhar mercado neste momento.

A encruzilhada apontada no título deste editorial tem a ver com aquilo que poderá vir a ser o futuro de cada uma das áreas nos próximos anos. Por estranho que pareça, o áu-dio é o que parece ter um futuro mais clarificado, com o constante aumento das receitas provenientes das vendas de conteúdos digitais, seja por contratos de pagamento men-sal, seja por download directo, e ainda com o apoio que quer editoras quer fabricantes de equipamentos estão a dar aos ficheiros de alta resolução. Já no que tem a ver com os con-teúdos de imagem, as alternativas são realmente muitas, e isto sem que eu tenha men-cionado até aqui um dos parceiros mais importantes de todo o processo de fornecimento de conteúdos e que são as empresas de televisão por cabo. De que modo vão os consu-midores ter acesso aos conteúdos no futuro, quem é que os vai produzir, em que forma-tos irão ser produzidos (resolução, dirigidos a ecrãs convencionais, de dispositivos móveis ou quaisquer outros), de que modo será feita a distribuição, e assim por diante. A reso-lução ultra-elevada (4K, não tarda 8K, e o que veremos a seguir) veio acrescentar mais uma variável em toda esta proliferação de alternativas que irão seguramente conduzir a que algumas das coisas que damos hoje por sólidas e estabelecidas vão desaparecer, que outras mudem profundamente o modo como têm trabalhado, e ainda que apareçam vá-rias totalmente novas, cujos conceitos são neste momento uma verdadeira incógnita. Se-rá seguramente um futuro interessante, muito perto daquele Admirável Mundo Novo, de Huxley, e os mais capazes irão seguramente evitar o naufrágio nestas águas agitadas. Co-mo diziam os romanos: fluctuat nec mergitur.

Membro do Júri de Áudio e Cinema em Casa da Associação Europeia de Revistas de Áudio, Imagem e Fotografia. www.eisa-awards.eu

editorial/251

DIRECÇÃOJorge Gonçalves – Presidente da EISA

DEPARTAMENTO COMERCIALTelef. directo: 213 190 653

COLABORADORESCarlos Ribeiro, Vasco Félix, Holbein Menezes, João Zeferino, António Bento, Rui Nicola, Manuel Bernardes, Honorato Pimentel

REVISÃOManuel Coelho

PAGINAÇÃO E ARTE FINALCecília Matos, www.cecilia-designs.com

IMPRESSÃOLISGRÁFICARua Consiglieri Pedroso, nº90, Cª. de Sª. Leopoldina2730-053 BARCARENA

Audio e Cinema em Casa é uma publicação bimestral da editora Cadernos do Som, Lda, e é distribuída para venda ao público durante a primeira semana do mês indicado na capa como mês de publicação.

CONSULTASDevido à especificidade da maioria das questões apresentadas e à objectividade inerente às respostas, lamentamos informar os nossos leitores de que não nos é possível responder a consultas.

TIRAGEM 10 000 exemplaresPREÇO DE CAPA 4,00m

DEPÓSITO LEGAL N.° 27134/89REGISTO N.° 113788 ERC

DISTRIBUIÇÃOUrbanos PressRua 1º de MaioCentro Empresarial da Ganja – Junqueira2625 – 717 VialongaTelef.: 211 544 200Fax: 211 544 274

EDITOR / PROPRIEDADECadernos do Som Publicações, Lda.Rua D. João V, 6 - R/C Esq.1250-090 LISBOACont. n.°: 502 122 110

Áudio e vídeo numa encruzilhada

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Audio & Cinema em Casa 3

sumário

pág 40

pág 24

pág 79

5_NOVIDADESCrystal Cable Arabesque Minissimo • Auscultadores Rapoo S100 • Lehmmann Audio Traveller • Naim mu-so, sistema de som wireless • Krell Foundation 4K Ultra HD • Perreaux apresenta novo pré de phono Audiant VP3 • Nova barra de som da Pioneer, SBX-B30 • Esotérico adiciona a Bluessound • Cabos Transparent Magnum Opus Generation 5 • Ultimate Audio Elite representa a TRIODE Corporation • Ortofon lança cabeça de leitura, a MC A95 • Dynaudio complementa a gama Focus • Devialet Phantom • Novo amplificador integrado Densen B-130XS • Novidades Nordost • Paradigm Prestige • Amplificador Integrado Digital Krell Vanguard

15_NOTÍCIAS BREVES

pág 58

DESTAQUES16 Imacustica traz a Lisboa algumas

das maiores celebridades mundiais do mundo do high-end

18 The Ultimate Sessions no Porto, de 27 a 29 de Março

20 Ultimate Audio Elite apresenta as TAD Compact Evolution One

22 AudioTeam, mais de 25 anos a defender o analógico

TESTES 30 Apertura Audio Armonia, sons

de requinte34 Vivid Audio B1, a forma e a função

aliadas de modo perfeito44 Acoustic Signature Triple X, o enlevo

do analógico48 Cocktail Audio X40 – Um cocktail

de sons

pág 34

pág 16

54 Lenco Playlink – a versatilidade da música

58 BURMESTER 113 DAC: um conversador analógico/digital

60 Avid Pulsare II66 iFi Audio iTube, o som binaural69 devolo dLAN 1200+ Wi-Fi ac,

a Internet a toda a velocidade

REPORTAGEM24 Uma tarde na Digimagem40 Innofest 2015 a grande festa da LG

decorreu este ano em Portugal71 The Hi-Fi Show 2015, um evento

em expansão

DISCOPATIA79 A crítica dos críticos

/251

pág 30

pág 60 pág 71

Audio & Cinema em Casa4

novidadesDESTAQUES

Crystal Cable Arabesque MinissimoNa senda do sucesso obtido com as colu-nas Arabesque, a Crystal Cable apresenta agora as Arabesque Minissimo. Estas são umas colunas monitoras, de duas vias, que fazem uso de uma caixa de forma-to inovador e que recorre a materiais tec-nologicamente evoluídos, sendo a cabla-gem interna constituída por cabos de prata Mono-Crystal, da própria Crystal Cable, e as terminações oriundas da WBT. A caixa apresenta um formato especificamente estudado para maximizar a transmissão de energia e a eliminação de ondas estacio-nárias sem o habitual recurso a materiais de amortecimento que, segundo a marca, diminuem a velocidade de resposta e a di-nâmica da reprodução sonora. As Arabes-que Minissimo contam com uma unidade de médios/graves de 150 mm com cone de papel tratado e um tweeter de cúpula de berílio com 25 mm. A resposta em fre-quência estende-se dos 48 Hz aos 38 kHz ±3 dB, a impedância nominal é de 8 Ohm (mínimo de 7 Ohm) e a sensibilidade de 86 dB/ 1 W/ 1 m. Estão disponíveis em três cores base, branco pérola, laranja so-lar e azul-marinho, com opção de outras cores. O preço situa-se nos 10.000  m, in-cluindo os suportes dedicados.

Representante: Imacustica

Tel.: 225 194 180 / 218 408 374

www.imacustica.pt

Auscultadores Rapoo S100, cor e versatilidade

Representante: Hama Portugal Lda.

Tel.: 214 693 770/71

www.hama.pt

Os Rapoo S100 são uns auscultadores su-pra-auriculares compactos, elegantes e personalizáveis. Disponíveis em quatro co-res, preto, branco, azul e rosa, os Rapoo podem ser personalizados utilizando, para tal, tampas coloridas e padronizadas que já vêm com o equipamento. Cada conjun-to de auscultadores vem com dois pares de tampas, uma numa cor «sólida» e outra com padrão a condizer. Os Rapoo S100 uti-lizam tecnologia Bluetooth (4.1), que per-mite emparelhar dois equipamentos em simultâneo, utilizando um consumo míni-mo de energia. Uma bateria de longa du-ração integrada, que é carregada através do cabo micro-USB incluído, assegura vá-rias horas de reprodução contínua. Os Ra-poo S100 podem também ser conectados directamente a um Mac ou PC através do cabo USB para uma ligação directa de al-ta qualidade. Os discretos botões integra-dos na campânula esquerda possibilitam o controlo do volume de som directamente nos auscultadores e, como a ligação é bidi-

reccional, é igualmente possível usar esses botões para fazer pausa, avançar e retro-ceder na lista de reprodução. Um microfo-ne permite ainda atender e realizar cha-madas com grande clareza e qualidade. Os Rapoo S100 têm um preço sugerido de 29,90 m.

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Audio & Cinema em Casa 5

novidadesDESTAQUES

Lehmmann Audio Traveller, som de alta qualidade em movimento

Representante: Supportview

Tel.: 218 686 101/2

www.supportview.pt

Naim mu-so, sistema de som wireless para audiófilos

Representante: Esotérico

Tel.: 219 839 550

www.esoterico.pt

Concebido para uma geração móvel, o Tra-veller, da empresa alemã Lehmmann Au-dio, é um amplificador de auscultado-res que define uma nova fasquia entre os seus pares. Com uma estética minimalis-ta e comandos fáceis de usar, o Traveller inclui uma bateria com capacidade pa-ra 20 horas de funcionamento contínuo, vem dentro de uma elegante caixa e pos-sui um design premiado pela organização Plus X Awards. A Lehmmann Audio colo-cou no Traveller componentes da mais al-ta qualidade, chips audiófilos da Analog Devices e da Burr-Brown, conectores mi-ni-jack da Lumberg e controlo de som electrónico através de um sistema de re-sistências passivas comandado por micro-processador. O amplificador, totalmente analógico, foi concebido de forma a poder funcionar com qualquer tipo de ausculta-dores e a sua qualidade permite-lhe até ser usado como pré-amplificador para li-gação directa a colunas activas. É impor-

A Naim Audio apresentou o mu-so, o seu primeiro sistema de música sem fios. É o primeiro, mas quase de imediato conquis-tou o cobiçado prémio da revista inglesa What Hi-Fi? para melhor coluna sem fios do ano. Contudo, o mu-so é muito mais do que uma coluna sem fios. Cada unidade inclui um total de seis altifalantes e 450 Watt de potência. A amplificação está di-vidida por seis canais com 75 Watt, e todo o sistema é controlado por um processa-dor digital de sinais (DSP) de 32 bit. Es-teticamente, a caixa do mu-so é em ma-deira, a qual foi depois revestida por uma camada de alumínio anodizado, criando um efeito visual impressionante e permi-tindo, simultaneamente, a reprodução da música, livre de distorção e de reverbera-ções. A utilização do alumínio estende-se ao painel traseiro, com aletas que permi-tem uma perfeita dissipação do calor ge-rado pelo amplificador interno de seis ca-nais. Os altifalantes são cobertos por uma grelha de tecido preto, e a atenção ao de-talhe continua no painel táctil retroilumi-nado e na criação de um sistema interno de antenas Wi-Fi que, apesar de invisível, não sacrifica o alcance do sinal. A marca também apostou nas tecnologias de co-

tante salientar que o Traveller pode ain-da ser usado por pessoas com problemas auditivos, pois, quando necessário, a fun-ção Center Adjust do dispositivo optimiza a imagem do «centro» acústico, de forma a que qualquer pessoa possa ouvir a músi-ca de forma perfeita, equilibrando as dife-renças entre os canais direito e esquerdo, compensado assim qualquer desequlíbrio

nectividade sem fios, possuindo suporte para AirPlay, streaming UPnP, Spotify Con-nect, Bluetooth (apt-X), iRadio e controlo através de Apps para iOS e Android. O Naim mu-so está já disponível em Por-tugal, com um preço sugerido de 1099 m.

auditivo. O pacote inclui um cabo audió-filo tipo mini-jack da Audictive, bem co-mo um cabo micro-USB para carregamen-to da bateria.

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Nova barra de som da Pioneer, SBX-B30

Representante: Pioneer Sucursal Portugal

Tel.: 218 610 340

www.pioneer.eu/pt

Este equipamento foi projectado para substituir o áudio proveniente de altifalan-tes pequenos e de baixa potência, integra-dos nos televisores de ecrã plano. É uma

excelente solução para a maioria dos con-sumidores que optam por colocar os tele-visores em suportes. Elegante e discreto, o Pioneer SBX-B30 se-gue a tradição das barras sonoras e usa uma estrutura concebida em madeira pa-ra conseguir um maior controlo e uma melhor resistência à ressonância indese-jada. O SBX-B30 está equipado com um hardware de áudio que permite criar ex-

Perreaux apresenta novo pré de phono Audiant VP3

Representante: Exaudio

Tel.: 214 649 110

www.exaudio.net

A neozelandesa Perreaux, que está a cele-brar os seus 40 anos de existência, anun-ciou o lançamento de um novo pré de phono, o Audiant VP3. Desenvolvido pa-ra ir ao encontro da procura existente por parte dos clientes audiófilos, que buscam cada vez mais equipamentos mais com-pactos sem detrimento de uma qualida-de inquestionável, o Audiant VP3 tem um estilo ecléctico, enquadrando-se em qual-quer ambiente de audição.

O VP3 é totalmente flexível e sensível, ca-paz de trabalhar com uma grande selec-ção de resistência e capacitância. Pode ter dois gira-discos ligados em simultâneo, com células diferentes, e fazer a selec-ção no painel frontal do VP3. O utilizador não tem que manusear jumpers para con-figurar o ajuste ideal da sua célula, uma vez que todos esses parâmetros são aces-síveis através dos comutadores traseiros. Existem seis conjuntos de comutadores, de modo a poder configurar todos os parâme-tros: Entrada 1, com ganhos de 60, 64, 68

periências realistas de cinema em casa. Possui Dolby Digital e descodificação DTS Digital Surround, bem como três modos de som surround, incluindo, «Noite» e «Diálo-go». Com Bluetooth integrado, o SBX-B30 permite ouvir música sem fios a partir de um smartphone ou tablet. A transmis-são de música torna-se mais viva com a aplicação Streaming da Pioneer, disponí-vel gratuitamente na App Store ou Goo-gle Play para dispositivos Android. Graças à fácil conexão mediante um único cabo, ao estilo elegante e à facilidade de uso, o SBX-B30 é uma óptima alternativa às bar-ras de som tradicionais.

ou 72 dB e Entrada 2 com ganhos de 39, 43, 47 ou 51 dB. O desvio em relação às especificações RIAA é de apenas +0,5 dB ao longo de toda a banda áudio, assegu-rando assim que, quer seja com células MC quer com MM, poderá obter o melhor de todos os seus discos. O VP3 possui saídas single-ended e balanceadas.

Krell Foundation 4K Ultra HD

Representante: Imacustica

Tel.: 225 194 180 / 218 408 374

www.imacustica.pt

A Krell decidiu adicionar ao seu galardoa-do processador Foundation mais duas im-portantes inovações, a tecnologia HDMI 2.0 e a compatibilidade HDCP 2.2. Con-cebidas de raiz de modo a permitir futu-ras actualizações, as preexistentes versões do Foundation estão preparadas para fazer um upgrade para a plataforma 4K UHD. Es-ta actualiza quatro das dez entradas de ti-po HDMI 1.4a, dotando-as de capacidade HDMI 2.0/ HDCP 2.2. Também a segunda saída de vídeo HDMI conquistou uma no-va funcionalidade no 4K UHD. Nesta ver-são do Foundation, as duas saídas são in-dependentes e podem ser configuradas de modo a emitir sinais de vídeo distintos para equipamentos diferentes. Ambas as

saídas têm a capacidade de emitir, simul-taneamente, sinal em 4K e ambas apre-sentam Audio Return Channel. Com esta característica, qualquer aparelho de vídeo torna-se capaz de enviar o áudio de vol-ta para o processador, através de cabos HDMI. Tal funcionalidade tem um enorme benefício para quem possua televisores com capacidade de efectuar streaming, por exemplo, pelo Netflix ou pelo Pando-ra, pois permite criar um palco sonoro ca-racterístico de cinema em casa. Apesar de equipado com a última tecnologia no que se refere à conectividade digital, o Foun-dation 4K Ultra HD mantém-se fiel aos ele-vados standards da marca no que se refe-re à reprodução de áudio analógico.

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Esotérico adiciona a Bluessound ao seu portefólio de marcas

Representante: Esotérico

Tel.: 219 839 550

www.esoterico.pt

A Bluesound é uma nova marca de siste-mas de alta performance multi-sala sem fios, desenhada e desenvolvida por audió-filos para todos os amantes de música. Combinando tecnologias digitais avan-çadas, um desenho inovador e um pen-samento radical, os produtos Bluesound estão destinados a criar uma excitante re-volução áudio que será do agrado de uma vasta audiência. O sistema Bluesound é um ecossistema de produtos de streaming de música nativa de 24 bit, puramente digital, os quais po-dem facilmente ser controlados com um

tablet ou telemóvel a partir de qualquer sala, via App de controlo iOS/ Android ou PC. Centrada em tecnologias chave como am-plificação com ligação à NET Direct Digi-tal de 35-bits, 844 kHz DDF e utilização do inovador processador RM Cortex 8, a Bluesound é o primeiro sistema sem fios verdadeiramente de alta Resolução (HD). Com funções audiófilas que os amantes de música apreciarão, como a possibilidade de ripar CDs no modo Bit-Perfect, armaze-nar grandes quantidades de música e fa-zer streaming através dos diversos servi-

ços disponíveis, como o Spotify, HiRez, HD Tracks ou Qobuz, entre muitos outros, pos-sibilita ainda reproduzir a sua colecção de música digital ou ouvir rádio de internet em modo nativo em qualquer sala da sua casa. Tudo isto acompanhado pelo sistema de processamento nativo de 24 bit, com codecs de alta qualidade.

Cabos Transparent Magnum Opus Generation 5

Representante: Imacustica

Tel.: 225 194 180 / 218 408 374

www.imacustica.pt

Considerados por muitos os melhores ca-bos do mundo, os Transparent posicionam--se mais uma vez na dianteira tecnológi-ca do seu segmento, ao apresentarem os Generation 5 Opus, XL e Reference. Os no-vos cabos Generation 5 resultam de uma

evolução da tecnologia utilizada na ante-rior gama Transparent, a Magnum Opus, e resultaram de três anos de intensa in-vestigação e experimentação; contudo, não existam dúvidas de que o resultado é superlativo. Tudo na GEN 5 difere da ga-ma anterior: novos cabos, novas conexões e novos revestimentos. As especificações dos cabos GEN  5 são aproximadamente dez vezes mais exactas do que na versão anterior e o resultado é, de imediato, per-ceptível para quem os ouve: mais infor-mações de baixo nível, mais palpabilida-de musical nos extremos das frequências e uma extensão muito maior do interva-lo dinâmico. Mas, como sempre, a quali-dade paga-se e os GEN 5 não fogem à re-gra. Dadas as suas características únicas e a complexidade da sua construção, os GEN 5 são caros e raros. Muitos vão dese-já-los, mas certamente poucos consegui-rão adquiri-los.

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Ortofon lança edição especial de cabeça de leitura, a MC A95

Representante: Supportview

Tel.: 218 686 101/2

www.supportview.pt

Com a MC A95, a fasquia é elevada face à sua predecessora, a MC A90. Com ela, a Ortofon não só celebra os seus últimos 95 anos, como atingiu o nível seguinte na qualidade de reprodução, ao reduzir as vi-brações indesejadas e melhorar a capa-cidade dinâmica da cabeça. A concepção avançada da MC A95 inclui a utilização de um processo de produção por laser, desig-nado SLM (Selective Laser Melting), e um sistema WRD (Wide Range Damping) pa-tenteado. O sistema WRD consiste num pequeno mas pesado disco de metal exó-tico, que é preso por duas borrachas com diferentes propriedades. Esta abordagem na construção da cabeça assegura que o desempenho de tracking da agulha na es-pira do disco é mantido, ao mesmo tempo que é obtido um perfeito amortecimento ao longo de toda a gama de frequências. Ao combinar pela primeira vez o proces-so de produção SLM com o sistema WRD, a Ortofon assegura com a MC A95 uma per-

feita integração mecânica da cabeça com o braço do gira-discos, o que resulta num significativo aumento da resposta ao nível da dinâmica e da resolução e riqueza de detalhe de reprodução. A Ortofon MC A95 está a ser produzida nu-ma série limitada e numerada de 500 uni-dades para todo o mundo. Esta célula está

disponível desde Fevereiro de 2015 e se-rá disponibilizada por encomenda. O preço sugerido é de 4950 m.

A TRIODE Corporation Ltd foi fundada há 17 anos em Koshigaya-shi, Saitama, Japão. O fundador, o Sr. Junichi Yamazaki, era um engenheiro dos caminhos-de-ferro japo-neses que, para além de ser um aman-te de música, tinha gosto em melhorar amplificadores a válvulas de modo a ob-ter um melhor som. O primeiro amplifica-dor a válvulas que desenvolveu foi o VP--300BD, o qual obteve vários prémios em 1997, e que após várias revisões ainda ho-je continua a ser bem-sucedido no merca-do japonês.Devido a essa popularidade, o Sr. Junichi Yamazaki e sua equipa de projectistas de-cidiu expandir a sua linha de produtos de-senhando o seu primeiro préamplificador, o TRV-4SE, ao qual se seguiram os ampli-ficadores integrados TRV-35SE, TRV-A300 e TRV-A88.Estes produtos criaram uma agitação real no mundo audiófilo, devido à sua qualida-de de construção a qual, mantendo a pre-cisão Japonesa, elevou o patamar de per-formance para um nível insuperável na relação qualidade sonora vs preço.

Ultimate Audio Elite representa a TRIODE Corporation para Portugal e Espanha

A TRIODE CO tem no seu portfólio duas ga-mas distintas: a TRV e a TRX. A gama TRV, sendo a de entrada, não deixa de ter um nível muito elevado de prestação. Além dos integrados mencionados acima, a gama TRV é composta, entre outros, por um leitor de Cds a válvulas o CD5SE e pe-los monoblocos M300SE e M88SE, basea-dos respectivamente nas válvulas 300B e KT88.

Representante: Ultimate Audio Elite

Tel.: 217 602 028

www.ultimate-audio.eu

A gama alta TRX Series personifica a exce-lência sonora. De destacar especialmente o preamplificador TRX-3 com válvulas Ps-vane, o integrado TRX-88PP e os fabulosos monoblocos TRX M300 e M845.

Audio & Cinema em Casa10

Dynaudio complementa a gama Focus com versões activas digitais

Representante: Smartaudio

Tel.: 919 909 545

www.smartaudio.pt

Devialet Phantom

Representante: Imacustica

Tel.: 225 194 180 / 218 408 374

www.imacustica.pt

Com a nova série Focus X, o especialista de colunas high-end Dynaudio apresenta a próxima geração de sistemas high-end: amplificadas, digitais e de alta resolução (24 bits/192 kHz). A série X também re-define o próprio sistema Hi-Fi: a Focus X permite que um sistema simplificado de áudio eleve o som high-end a um novo ní-vel de conveniência, necessitando apenas uma fonte de música. A série de Focus X é composta pelos mo-delos de chão 400 e 600 e pelo mode-lo de monitor compacto 200, fornecendo uma solução perfeitamente pensada para reprodução de música: o sinal de música digital é transmitido sem perdas da fon-te para a coluna e sem conversão de di-gital para analógico. Integrando amplifica-dores digitais extremamente poderosos, processamento DSP de alta performance, com controlo de volume digital, bem como entradas digitais de alta resolução (coaxial 75 ohms) e analógicas, a Focus X é a colu-

O Phantom constitui, por si só, uma no-va categoria de produtos de áudio, desig-nando-se como um Implosive Sound Cen-ter. Na realidade é um sistema de som sem fios que tem na sua essência preci-samente a mesma tecnologia que fez da Devialet uma das mais galardoadas mar-cas da história do áudio, a «ADH Intelli-gence». Um avanço técnico que transfor-mou o mundo da amplificação áudio ao combinar duas tecnologias opostas, a di-gital e a analógica, criando um sistema hí-brido que permite aliar o melhor dos dois mundos para obter uma sonoridade ímpar. A esta, a Devialet associou ainda a tec-nologia de processamento de sinal SAM (Speaker Active Matching). Foi a conju-gação destas duas tecnologias revolucio-nárias que criou o único motor no mun-do capaz de produzir aquilo que a Devialet designa Heart Bass Implosion, ou HBI. Es-ta última é composta por dois bass dri-vers de alto débito, que se deslocam em perfeita simetria de modo a criar um som com uma densidade e impacto físico nun-

ca antes alcançados. Apesar da complexi-dade do seu interior, o Phantom é a ex-pressão da simplicidade e elegância no seu exterior. É controlado pela revolucio-nária aplicação Spark e orquestrado pe-lo Dialog, um router de áudio inteligente que combina todos os conteúdos digitais de forma intuitiva, seja qual for o formato do ficheiro de áudio. Este sistema permite a interligação de até cinco unidades, para

na ideal para o ouvinte moderno de músi-ca em high-end. As Focus X podem ser ligadas ao Hub Dy-naudio: que aceita tanto fontes de áudio analógico como digital, como PCs, recep-tores Bluetooth, sinais de TV e envia o si-nal sem fios para as Focus X. É igualmente possível constituir sistemas multi-sala com múltiplas fontes. A Dynaudio é igualmente conhecida pelos acabamentos de primeira classe. Os mo-delos Focus X estão disponíveis nos em branco e preto tanto acetinado como la-cado, bem como pau-rosa e nogueira. To-dos os altifalantes das Dynaudio Focus X são construídos em Skanderborg, na Dina-marca.

que possa posicioná-las por toda a sua ca-sa, num ambiente simples de multi-room. A Phantom estará disponível em duas versões: a Standard e a Silver Phantom.

MAR - ABR 2015 / 251

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novidadesDESTAQUES

Novidades Nordost

Representante: Imacustica

Tel.: 225 194 180 / 218 408 374

www.imacustica.pt

A Nordost apresentou novos produtos na sua gama de acessórios destinados a op-timizar a qualidade de som dos sistemas onde são inseridos. A QKoil QK1 é descrita como uma load resonating coil ou LRC, ca-paz de gerar um campo eléctrico passivo que introduz benefícios sónicos na corren-te AC. A QKoil é o produto de entrada na gama QRT, uma família de produtos modu-lares e não intrusivos que oferecem me-lhorias sónicas mensuráveis e disponibili-zam corrente e potência de um ponto de vista purista.

Novo amplificador integrado Densen B-130XS

Representante: Exaudio

Tel.: 214 649 110

www.exaudio.net

Após dez anos, alguns galardões e boas críticas, o amplificador integrado Densen B-130 foi objecto de um significativo pro-cesso de actualização, que justificou, inclu-sive, a adopção de uma nova designação, a de B-130XS. Embora o B-130 já possuísse o conver-sor digital-analógico (DAC) FabelDac, o B-130XS recebeu um novo DAC com carac-terísticas de topo de gama. Este terá en-tradas USB, Toslink e coaxial e poderá ser

Também novas são as réguas de alimen-tação QB8 MKII e QB4 MKII. Os conecto-res IEC e Shucko são de melhor qualidade, com contactos dourados e uma superior robustez, capazes de assegurar uma su-perior transmissão de corrente e muito maior longevidade. As placas de PC fo-ram também melhoradas e contam agora com pistas de maior espessura, que permi-tem maior capacidade de corrente. Os no-vos modelos contam ainda com um fusível que oferece uma protecção extra em caso de picos de corrente.

A Nordost afirma que a utilização dos pro-dutos da gama QRT em qualquer sistema som resulta num menor patamar de ruí-do, melhorias na profundidade de ima-gem, palco sonoro mais amplo e superior gama dinâmica.

controlado através do telecomando Giz-mo ou dos botões frontais. A sua secção de pré-amplificação tem uma fonte de ali-mentação de 30.000 µF, três fontes sepa-radas e é baseada no pré-amplificador de topo de gama B-275. A secção de ampli-ficação do B-130XS é, por sua vez, basea-da no B-350. O B-130XS debita 80 W a 8 Ohm e tem duas saídas de pré-amplifica-ção, o que facilita a adição de mais am-plificação para biamplificar ou triamplificar

e inserir um crossover activo. Está equipa-do com comunicação inteligente, através do sistema DenLink. Também a qualidade de som pode ser melhorada pela adição de fontes de alimentação externa (DNRG), que aumentam a potência da pré-amplifi-cação, e pode, ainda, adicionar uma placa analógica surround 5.1/7.1. Finalmente, o Densen B-130XS tem a opção de montar o DAC interno que estará disponível em Ju-nho. O preço recomendado é de 3000 m e, como é apanágio da marca, o equipamen-to vem com garantia vitalícia para o pri-meiro proprietário.

Audio & Cinema em Casa12

Amplificador Integrado Digital Krell Vanguard

Representante: Imacustica

Tel.: 225 194 180 / 218 408 374

www.imacustica.pt

A Krell Industries introduziu um upgra-de digital ao seu mais acessível produto, o Vanguard. O Digital Vanguard incorpora um amplificador de 200 Watt por canal e um pré-amplificador de classe A, equipa-do agora com um módulo digital que inclui entradas e saídas USB, HDMI, coaxiais e di-gitais. Implementa, ainda, o streaming de música via Ethernet controlado por Apps iOS e Android e apt-X Bluetooth sem fios, que permite uma conexão sem problemas a partir de telefones, tablets e computa-dores. A partir do corrente ano, o Digital

Vanguard passará a estar equipado com os serviços de streaming de música Deezer e Vtuner e uma actualização de software irá adicionar as aplicações Pandora e Spotify. O amplificador Vanguard possui uma po-derosa fonte de alimentação com um transformador toroidal de 750 VA e uma capacidade de armazenamento de 80.000 microfarad. A secção de pré-amplificação, por sua vez, vai buscar o seu equilibrado e discreto circuito de classe A aos pré-ampli-ficadores Illusion. A tecnologia Current Mo-de, patenteada pela Krell, é empregue de

modo a garantir uma largura de banda de sinal inigualável, capaz de lidar facilmen-te com as mais modernas fontes de áudio de alta resolução, como PCM e DSD, sem comprometer o detalhe ou a resposta nas altas frequências.

Durante 30 anos a Paradigm estabeleceu o nível de referência da inovação tecno-lógica em termos de construção de colu-nas a preços acessíveis. A nova Série Pres-tige baseou-se nessa história de sucesso ao combinar todas as novas tecnologias desenvolvida pela marca, proporcionando um desempenho surpreendente a um pre-ço incrível para uma coluna totalmente fa-bricada no Canadá.Como características inovadoras na série Prestige destacamos o tweeter X-PAL com PPA Lens (Perforated Phase Aligning) que permite não só uma maior protecção, co-mo maior bloqueio de frequências fora de fase permitindo uma maior extensão tra-duzido numa resposta mais suave e com maior detalhe na gama alta.No desenvolvimento dos woofers a Pa-radigm mantém a sua tecnologia paten-teada ART (Active Ridge Technology) que permite a estes altifalantes uma maior ex-cursão, menor distorção e maior nível de saída. Estes altifalantes estão acoplados à caixa de MDF de alta densidade usando a tecnología Schock-Mount que resulta nu-ma maior redução da vibração e ressonân-cia do meio envolvente.A série Prestige é composta por 3 colunas

Paradigm PrestigeRepresentante: Ultimate Audio Elite

Tel.: 217 602 028

www.ultimate-audio.eu

de chão (95F, 85F e 75F), 1 coluna de su-porte (15B), 2 colunas centrais (55C e 45C), 1 coluna Surround (25S) e um subwoofer (2000SW).Em termos de acabamentos, esta série es-tá disponível em nogueira, nogueira ne-gra, lacado de piano e cerejeira.Como referência aproximada de preços as Paradigm 15B têm o preço de 1700 euros e as 95F de 5500 euros.

novidadesDESTAQUES

Audio & Cinema em Casa14

Televisores Philips passam a dispor do sistema operativo Android

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notíciasBREVES

Nova válvula miniatura NutubeNo início de Janeiro foi apresentado no show NAMM, destinado a equipamentos musicais, um novo tipo de válvula que pode ter potencialidades futuras extremamente interessantes. A designa-ção escolhida foi Nutube e a válvula, desenvolvida pela empre-sa é de dimensões tão reduzidas que cabe num encapsulamento normal de circuito integrado do tipo DIP. O consumo de energia é de apenas 2 do de um duplo-tríodo normal e a fiabilidade e rigor da construção japonesa asseguram um tempo de vida mínimo de 30 000 horas em funcionamento contínuo. O Nutube 6P1foi de-senvolvido especificamente para ser equipado em equipamentos ligados à produção de música e estão neste momento a ser de-senvolvidos produtos que irão utilizá-la, e os quais serão lançados mais para o final do ano. Estas são excelentes notícias para quem gosta dos sons das válvulas e passa assim a ter a possibilidade de ver os tubos de vazio incorporados em circuitos de elevado nível de miniaturização.

A TP Vision anunciou que, a partir de 2015, a grande maioria dos televisores Philips, incluindo Smart TV e UHD TV, integrarão o sis-tema operativo Amdroid. A interface das novas Smart TV’s será a mesma da Philips; a única diferença é que estas passarão a dispor de duas lojas de aplicações: a Gallery Philips, com todas as aplica-ções premium já existentes, e a Play Store, que permitirá o aces-so a muitas mais aplicações Android.

Gama Linn DS passa a integrar serviço de streaming Tidal A Linn anunciou, recentemente, que toda a sua gama de equipamentos DS passará a dispor do serviço Tidal de streaming de elevada resolução. Esta é uma notícia mui-to bem-vinda para todos os proprietários destes equipamentos que, a partir de ago-ra, têm à sua disposição mais de 25 milhões de faixas de música com uma qualidade equiparada à de um CD. O TIDAL oferece música com uma elevada qualidade e sem qualquer compressão, con-trariamente ao que acontecia antes com os ficheiros MP3. Para instalar o TIDAL, bas-ta aceder à interface Linn Kazoo e fazer a descarga da aplicação. O TIDAL é um serviço pago mas, graças a um acordo entre ambas as marcas, todos os donos de um equipa-mento Linn DS poderão usufruir de um período de experimentação de 60 dias de for-ma gratuita.

As Smart TV’s da linha de 2015 que contarão com o sistema ope-racional Android TV são certificadas pelo Google. Isso significa que esses aparelhos têm acesso a todas as Apps, serviços e conteúdos da Google Play Store que foram desenvolvidos de modo a se ade-quarem à utilização em televisores.

Audio & Cinema em Casa 15

Jorge Gonçalves

O final do mês de Março foi a altu-ra escolhida pela Imacustica pa-ra trazer a Lisboa algumas das

maiores celebridades a nível mundial do mundo do áudio, sem dúvida aliciadas pe-la fama que já corre fronteiras da elevada qualidade das suas instalações na capital. As sessões especiais, abertas aos amigos e clientes da Imacustica, iniciam-se entre os dias 21 e 23 de Março com a presença de Alon Wolf, da Magico. Como muitos lei-tores da Audio & Cinema em Casa segura-mente já saberão, a Magico foi fundada, há cerca de dez anos atrás, por este pro-jectista industrial que é actualmente o CEO da empresa. O conceito original das Magico assenta no desenvolvimento de uma estrutura base de alumínio sólido, trabalhada a partir de um molde de alta precisão e sobre a qual assentam os altifalantes e o revestimento estético exterior. No projecto das colunas recorre-se a sistemas computorizados ao nível do estado da arte: modelagem por computadores gráficos, análise de preci-são em tempo real e os mais sofisticados simuladores e emuladores CAD que exis-tem actualmente. Daqui resulta não só um produto que tecnicamente está acima de qualquer crítica, mas que do ponto de vis-

ta sónico define a sua assinatura de ultra--high-end logo a partir dos primeiros mo-mentos de audição. Da gama actual da Magico vão estar em especial destaque as monitoras Q1, as Q5, as S1, as SCC, as S3, as S5, os subwoofers Q Sub 15 e Q Sub 18 e, como seria de esperar, as imponentes Q7, seguramente umas das melhores co-lunas do mundo.

Mas a coqueluche actual da Magico são as M Project, umas colunas de edição limitada a 50 exemplares, comemorati-vas dos 10 anos da marca, um projecto de três vias com cinco altifalantes e que in-corporam muitos dos conceitos das séries Q, S e ainda das Mini originais. A forma curva minimiza as ressonâncias internas e o novo tweeter com diafragma de berí-lio de 20 mm revestido de diamante tem

notíciasDESTAQUE

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1 Alan Wolf, fundador e CEO da Magico.

2 Magico M Project.

3 Préamplificador Constellation Inspiration Preamp 1.0.

4 Amplificador de potência Constellation Inspiration Stereo 1.0.

5 Irv Gross, director comercial da Constellation.

6 Ricardo Franassovici este entre nós recentemente e irá regressar no decorrer do evento.

7 Michael Fremmer.

Imacustica traz a Lisboa algumas das maiores celebridades mundiais do mundo do high-end

Audio & Cinema em Casa16

uma geometria optimizada e uma distor-ção quase nula. Estas são realmente umas colunas de peso (180 kg) e que redefinem um posicionamento de referência para a marca.

Da Constellation já se falou em pro-fundidade no número anterior desta re-vista, mas não deixa de ser interessante destacar o prestígio e reconhecimento que a marca alcançou, assente fundamental-mente na sua extraordinária equipa de projectistas. Actualmente ela é constituí-da por: Keith Allsop, engenheiro ligado ao desenvolvimento de produtos digitais há mais de 25 anos e que teve mão di-recta em diversos modelos da Audio Al-chemy, muito em especial o DTIPro32 e o Perpetual P-1A; Brad Babineaux, o enge-nheiro responsável pela estrutura mecâ-nica dos equipamentos da Constellation; James Bongiorno já não está entre nós mas era uma dos mais reputados projec-tistas de circuitos de áudio, tendo traba-lhado com marcas tais como a Hadley, a Dynaco, a SAE, a GAS, a Sumo e a Spread Spectrum Technologies, última companhia onde trabalhou; e, por último, mas talvez um dos mais importantes, temos John Curl, uma verdadeira lenda no mundo do áu-dio, principalmente na sequência do de-senvolvimento daquela que é ainda hoje considerada a melhor unidade de pho-no alguma vez construída, a Vendetta Re-search SCP-2. A somar a todos estes temos ainda: Bascom King, novamente, um dos grandes projectistas, e que tem como es-pecialidade os amplificadores de potência, tendo mesmo desenvolvido uma nova to-

pologia que é empregue nos amplificado-res da marca; Richard Liddell, engenheiro para o desenvolvimento de produto que já pôs a sua sábia mão em nada menos de 200 equipamentos; Peter Madnick, vi-ce-presidente, que recentemente fez re-nascer a Audio Alchemy e que ao mesmo tempo já trabalhou como consultor para uma leque muito alargado de marcas de prestígio, algumas delas da área do vídeo, tais como a Epson, a Runco, a Monster Ca-ble, a VideoForge e algumas mais; e ain-da Demian Martib, engenheiro de áudio, e que fundou nada mais nada menos que a Spectral e a Entech, tendo trabalhado em muitos projectos lado a lado com Peter e Cedric Meza, engenheiro para o desen-volvimento digital, especialista em FPGA. Outros nomes importantes são os de Ken Samel (software), Carl Thompson (dese-nhador de circuitos impressos) e Jay Victor (projectista de cablagens).

A Constellation Audio irá estar repre-sentada entre os dias 25 e 26 de Março, através da presença de Irv Gross, director comercial, e quase embaixador oficial da marca, com base na sua extrema empatia e facilidade na construção de pontes en-tre as pessoas, acompanhado por Michael Fremmer e por Alan Sircom, dois jornalis-tas de grande prestígio. Para além dos to-pos-de-gama da Constellation, das gamas Reference e Performance, seguramente que um dos elementos a que será dado maior destaque será a gama Inspiration, testada com grande pormenor na Audio n.º 250, de Janeiro/Fevereiro deste ano.

Claro que o papa do high-end euro-

peu, como é muitas vezes apelidado Ricar-do Franassovici, estará entre nós também, embora à data do fecho desta edição ain-da não estivessem definidas em absolu-to as datas em que tal irá acontecer, mas não custa nada antecipar que coincidirão no mínimo com um destes grandes even-tos, muito possivelmente até com os dois.

Tudo somado, estes serão eventos úni-cos e imperdíveis. Todos os amantes do áudio de qualidade têm aqui uma opor-tunidade que poucas vezes ocorre a ní-vel mundial de ouvir alguns dos melhores equipamentos do mundo e contactar com quem está por detrás dos sons maravi-lhosos que produzem. Como eu digo há algum tempo, aquilo que nós vemos e ou-vimos de um determinado equipamento tem muito a ver com a pessoa ou pessoas que estão por detrás dele. Assim, que me-lhor complemento pode existir para ouvir os bons produtos da Magico e da Conste-llation que poder falar com quem presidiu, de uma maneira ou de outra, ao seu de-senvolvimento?

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Audio & Cinema em Casa 17

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A Ultimate Audio Elite vai apresentar as últimas novidades do seu portfólio no Porto de 27 a 29 de Março.As Ultimate Sessions vão-se ter lugar no Hotel Sheraton, nas

Salas Ariane I e III, com o seguinte horário:- 27 de Março 15-21h- 28 de Março 10-13h e 15-21h- 29 de Março 10-13h e 15-18h

Como principais novidades iremos apresentar as mais recentes criações da Gryphon: Pantheon e Antileon Evo. As colunas Pantheon foram desenhadas com base em novos conceitos desenvolvidos para as Trident 2 e Pendragon. Mais pequenas e adequa-das a espaços menores, as Pantheon apresentam baffles frontais em me-tal independentes para cada unidade, câmaras internas independentes para as unidades de médios, travamentos de caixa para uma rigidez a toda a prova, altifalantes fabricados na Dinamarca sob especificação da marca e crossovers a baterias, tornando todas as colunas da Gryphon di-ferentes da demais concorrência.O Antileon Evo é o novo amplificador de potência da Gryphon. O seu an-tecessor Antileon Signature esteve 14 anos em produção, pois a Gryphon contraria o status quo do mercado, em que outras marcas lançam novas versões a cada par de anos. Assim quando a Gryphon decide lançar um novo amplificador é porque realmente algo revolucionário foi desenvol-vido e a evolução EVO não foi exceção. Seja na sua configuração estéreo, seja na versão mono, o EVO apresenta-se mais poderoso, mais transpa-rente e ainda melhor construído do que os seus antecessores. Com cerca de 150 W em Classe A pura, estamos certos de que será este o amplifica-dor que o ajudará a descobrir o Santo Graal da Música!Não perca esta oportunidade para uma verdadeira degustação de áudio High-End que será complementada ainda com produtos das seguintes marcas: TAD, Aurender, Trinity, MSB, VTL, Kuzma, Marten, Triode, AVM, Pa-radigm e Rui Borges Turntables.Marque já na sua agenda!

The Ultimate Sessions no Porto, de 27 a 29 de Março

Audio & Cinema em Casa18

Apresentamos a Série Sigma

Acima de tudo, High-End significa paixão, descoberta, experiência e investigação técnica. Na realidade, é o resultado do somatório de todas estas coisas, reflectido nos nossos produtos e partilhado com os afortunados que com eles podem conviver.

Apresentando a Série Sigma

A Série Sigma é constituída por um prévio/processador de som surround (SSP) de 7.1 canais, optimizado para as funções de préamplificador/processador estéreo, e o qual inclui comutação de vídeo e um processador de áudio multicanal; um amplificador estéreo de 200 watt por canal (AMP2), com novos circuitos, e uma versão de cinco canais com a referência AMP5. Estes três componentes configuram um conjunto de opções altamente qualificadas para se formarem sistemas de reprodução de música e sistemas de cinema em casa com as expectativas mais elevadas possível quer no que se refere a desempenho quer em termos de relação preço/qualidade.

Distribuição: B&W Group Spain – Telef.: (0034) 93 589 47 22 – [email protected]

www.classeaudio.com

Foto de ambiente: Producão de Marian Bijlenga e Scott Rothstein.Disponível em browngrotta Arts, Wilton, CT; www.browngrotta.com

O novo Préamplificador/Processador de 7.1 canais Sigma SSP

João Zeferino+Jorge Gonçalves

Nos passados dias 30 e 31 de janei-ro, a Ultimate Audio Elite organi-zou a apresentação, com pompa e

circunstância, das novíssimas TAD Compact Evolution One. As TAD CE1 são mais uma brilhante criação de Andrew Jones para a TAD e passam a ser o modelo de entra-da na gama da marca, ainda que, com um preço na ordem dos 20.000 euros, não me pareçam exactamente acessíveis, mas an-tes como um modelo de entrada no mun-do exclusivista do high-end puro. As CE1 são umas colunas monitoras de três vias,

concebidas para serem utilizadas em con-junto com o seu suporte dedicado, e apre-sentam algumas particularidades dignas de destaque. Herdado dos modelos ante-riores, temos o altifalante concêntrico CST – Coherent Source Transducer, que coloca um tweeter de cúpula de berílio no cen-tro de um cone de médias frequências em magnésio. Esta unidade é complemen-tada por um woofer de 18  cm com co-ne MACS – Multi-Layered Aramid Compo-site Shell. A caixa foi concebida de acordo com tecnologia SILENT – Structurally Inert

Laminated Enclosure Technology, e utili-za uma nova concepção do conceito reflex que a TAD designa bidireccional: ADS – Bi--Directional Aero-Dynamic Slot, e que con-siste na aplicação de dois painéis laterais

notíciasDESTAQUE

Ultimate Audio Elite apresenta as TAD Compact Evolution One

Audio & Cinema em Casa20

em alumínio maciço com 10  mm de es-pessura, com ranhuras frontais e traseiras através das quais a caixa comunica com o exterior. As TAD CE1 estiveram acom-panhadas por sistema que compreendia o novo leitor TAD D-1000, amplificadores monobloco M-600, prévio VTL TL-7.5 e ain-da o media player Aurender X-100L. O som não deixava ninguém indiferente, robus-to, expansivo e dinâmico, com uma escala quase inacreditável para umas colunas da-quelas dimensões.

E já que o evento era de festa, a Ulti-mate Audio Elite aproveitou para revelar outras novidades. Na sala de entrada fazia a sua estreia a electrónica da alemã AVM – Audio Video Manufaktur, uma nova mar-ca a juntar-se ao já vasto portfólio da UAE. Com umas colunas Marten Miles  5 a dar

voz ao sistema, estiveram o leitor AVM CD 5.2, pré-amplificador modular PA8 e am-plificador estéreo SA8.2.

Por fim, da Mola-Mola esteve em de-monstração o novo e tão esperado prévio Makua ligado aos monoblocos Kaluga. Na fonte um conjunto composto pelo strea-mer Auralic Aries e o MSB Analog DAC; a dar voz ao sistema as colunas Gato Audio FM-2.

Nota final (Jorge Gonçalves): Já no sábado de tarde, depois da visita do João Zeferino, tive possibilidade de passar pela Ultimate Audio Elite para tirar algu-mas impressões de audição das TAD CE1, de que tinha recebido já excelentes indi-cações quando do teste que foi efectuado pela Hi-Fi News.

E se a estrutura das CE1 impressiona logo, principalmente em face dos seus pai-néis de alumínio laterais que, parecendo estar montados à face, não o estão, por-que cada um deles define uma ranhura para a saída de ar do sistema bass-reflex. O sistema que a alimentava, predominan-temente da TAD mas bastante «kitado» com acessórios da Tripoint, HRS e Stein, era igualmente de se lhe tirar o chapéu. Ouvir estas «enormes» colunas a reprodu-zir todo o tipo de música, incluindo per-cussão de bateria a níveis de SPL bem elevados, mas muito em especial vozes tais como as de Maria Bethania, Camané ou Simone é algo que nos faz apenas pen-sar: mas como é possível?! Andy Jones é um mago da acústica, como muita gente o sabe já, mas o que ele fez desta vez quase que entra na arte da magia, uma vez que as CE1 aliam de uma maneira muito difí-cil de igualar um amplo conjunto de qua-lidades de reprodução: graciosidade nas cordas e metais, aliada a um poder estron-doso nos graves, imagem espacial ampla até mais não, timbres do mais perfeito que há. Para uma primeira audição vou--me coibir de ir mais longe mas que as TAD CE1 justificam só por si uma visita ao audi-tório principal da Ultimate Audio Elite, isso é uma realidade insofismável. Não há dú-vida de que existem ainda possibilidades bem concretas de melhorar a qualidade de reprodução da música e é muito alician-te ver que temos uma quantidade apreciá-vel de bons projectistas a colocarem todo o seu know-how em prática para perse-guirem esse objectivo. Só é de desejar que porfiem, que nós cá estaremos para ouvir cada vez mais e melhor toda a beleza que está na boa música.

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Audio & Cinema em Casa 21

notíciasDESTAQUE

Jorge Gonçalves

Há empresas e estruturas que vêm fazendo um trabalho de alta rele-vância ao longo de anos e anos e

que, por opção ou estilo de trabalho, pre-ferem manter-se fora dos holofotes da fa-ma. E isso faz com que a Audio & Cinema

em Casa tenha que assumir a responsa-bilidade de divulgar essas capacidades e mostrar aos nossos leitores aquilo que de bom se faz entre nós.

E é nesse contexto que é chegado o momento de falar da AudioTeam, distri-

buidor para Portugal de uma boa quan-tidade de marcas de grande prestígio nalguns casos, como por exemplo a Rega e a Goldring, por mais de 25 anos. E o que este distribuidor (que começou por assu-mir o nome do seu fundador, Jorge Nunes Alves) faz de diferente em relação a uma boa parte dos distribuidores portugueses é assumir um nível de «dedicação à causa» e de profissionalismo que constitui excep-ção. O modo como cada cliente é atendido, melhor diria aconselhado, é paradigmático desse cuidado extremo com que mesmo o mais pequeno detalhe é aqui tratado: con-forme pude constatar já por mais que uma vez, nas instalações situadas no bairro da Casquinha, em Benfica, Lisboa, não se fa-zem pura e simplesmente vendas – pri-meiro há todo o interesse em conhecer o melhor possível o consumidor, saber quais os seus interesses, quais as características do local de audição, que equipamento po-derá já ter e que possa ser recuperável, muitas vezes gratuitamente, e só depois se procede ao seu aconselhamento.

Mas o que me fez passar uma vez mais pela AudioTeam foi o facto de o Jorge Al-

AUDIOTEAM, MAIS DE 25 ANOS A DEFENDER O ANALÓGICO

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1 Por enquanto não dá ainda a entender, mas é do conjunto destas peças que irá sair o dispositivo para bobinar os enrolamentos da cabaça no microscópio, utilizando fio de cobre de 20 mícrones de espessura (!).

2 Conjunto para afinação das cabeças, quando já montadas no gira-discos.

3 Máquina de limpeza de discos da Clearaudio.

4 Embora já pronto a funcionar, este não é ainda o microscópio definitivo, e será combinado com um outro ainda de de maior precisão e dimensões bem mais imponentes.

5 Este será o futuro templo do analógico da AudioTeam.

ves me ter confidenciado quando do Au-dioshow 2014 que estava a preparar um serviço inovador em Portugal e que exis-te apenas em muito poucos locais a nível mundial. Trata-se da possibilidade da re-paração de cabeças de gira-discos, a qual é levada até extremos tais como: rebobi-nagem, colocação de um novo cantilever ou nova agulha ou apenas calibração total.

Para conseguir estas capacidades, a empresa está a equipar-se com sofistica-dos equipamentos, para além da máqui-na de limpeza de discos que já trabalha há quase um ano e tantos e tão bons serviços tem prestado aos amantes dos discos pre-tos. O João estava na altura a começar a montar uma estrutura para bobinar, a par-tir de peças de fresadora com um elevado

nível de precisão, estrutura esta que se-rá montada num microscópio de alta qua-lidade que está para chegar brevemente. Assim que todo este equipamento estiver montado, o que deverá acontecer ao longo do mês de Março, teremos na Audio Team um serviço de primeira água capaz de fa-zer milagres com qualquer cabeça de gira--discos. Tenho para mim que, mais do que já o é, este espaço privilegiado vai ser um local de peregrinação permanente para to-dos os que gostam do vinilo, querem com-prar mais discos ou mesmo limpar os que já têm, aferir da possibilidade de aquisição de novos equipamentos ou apenas falar com quem sabe sobre o mundo do áudio analógico, o que será um prémio mais que merecido para o team da AudioTeam.

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Pedro Freitas:

Por intermédio de Jorge Gonçalves, e muito graças à simpatia e disponibi-lidade do Coutinho e Reis, respon-

sáveis pela Digimagem, tive oportunida-de de ouvir alguma música do meu agrado num sistema McIntosh, experiência breve mas gratificante.

A audição decorreu no espaço que a Di-gimagem reserva para o efeito, e que foi descrito como iminentemente doméstico, uma vez que o objectivo primordial é o de tentar recriar um ambiente habitado e de uso corrente. Por razões meramente cir-cunstanciais e de carácter logístico, as co-lunas tinham sido dispostas no centro do auditório, orientadas para um amplo vão envidraçado, ainda que resguardado pelo espesso panejamento de umas cortinas. Apesar de nos encontrarmos num piso tér-reo, a existência de uma cave fez com que o pavimento se tivesse comportado co-mo uma membrana sob pressão das bai-xas frequências, cuja vibração os pés iam registando a espaços. Em suma, tendo em vista a ideia de recriar um ambiente do-

UMA TARDE NA DIGIMAGEM

méstico, descomprometido, diria quase familiar, o espaço cumpriu todos os requi-sitos. Resta-me dizer que o relato da mi-nha experiência é estritamente pessoal; descreve uma única passagem com a du-ração de cerca de duas horas e meia.

A McIntosh faz parte da iconografia do áudio. Pela história da marca, por ter sido muitas vezes precursora, pelo cuidado ex-tremo posto na concepção das suas obras de alta-fidelidade, pela qualidade intrínse-ca dos diversos componentes e materiais que utiliza, pela investigação que desen-volve e pela solidez ergonómica do seu design, percebe-se que a McIntosh assu-me um compromisso para com o futuro e, naturalmente, também para com a co-munidade audiófila, com destaque natu-ral para os seguidores e admiradores da marca. Não se aplica aqui o princípio do consumir e deitar fora, impõe-se antes o princípio de fazer perdurar no tempo o es-tado da arte, até porque o que a marca produz cristaliza em si um determinado momento da História do áudio. Sendo pú-

blico e notório que «a MacIntosh não se limitou a testemunhar a História, ajudou a moldá-la».

Nunca me deixei impressionar pelo número de Watts de potência de um sis-tema, mas reconheço que os 1200 por canal que este MC1.2KW prometia colo-car no terreno me deixaram, no mínimo, curioso. Convém especificar, no entanto, que a potência descomunal desta ampli-ficação não serve tão-só o simples acto de rodar um botão e aumentar o volume do som até ao limiar da dor, pode servir pa-ra exercer, muito simplesmente, e é isso que realmente interessa, um maior con-trolo e descompressão nos momentos mais exigentes, princípio que as colunas XRT1K, também da McIntosh, munidas de dois woofers, 28 tweeters e 44 midran-ges, procuram não comprometer. Não será arriscado dizer-se que as colunas terão si-do pensadas e concebidas especificamen-te para esta amplificação.

No brevíssimo contacto que tive com o sistema, devo confessar que houve algu-

reportagem

Audio & Cinema em Casa24

mas surpresas. Tendo em conta a potência instalada, a percepção que tenho do silên-cio, pela importância que lhe atribuo, não saiu comprometida. Uma agradável sur-presa. E respeitá-lo na sua espessura é, quanto a mim, o primeiro e decisivo pas-so a tomar para ouvir com clareza as for-mas sonoras enquanto alterações que são do «efeito-silêncio» nos seus mais diver-sos significados expressivos. Esperar-se-ia um comportamento talvez mais paquidér-mico, qual elefante numa loja da mais fi-na porcelana! Surpresa foi também o traço longilíneo e a relativa leveza das colunas, como se não casassem bem nem com a robustez maciça dos monoblocos nem com a potência desenvolvida. Esperava encon-trar umas colunas mais fundas, compac-tas e de maior massa. Mas isso sou eu e os meus preconceitos. Outra surpresa foi a delicadeza e a subtileza que este colosso consegue exprimir em palco quando ne-cessário, particularidade que alguns críti-

cos poderão encarar como sinal de uma tibieza qualquer, fraqueza portanto. De qualquer modo, seria interessante ouvi-los em separado, emparelhados, digamos, com outras companhias, forma simples de os conhecer melhor na sua individualida-de. Contudo, esta união, dir-se-ia natural, funciona, ainda que precise de espaço pa-ra poder respirar sem constrições, o que nem sempre é ou será possível.

Nunca tinha ouvido os meus CD’s num aparelho deste calibre, nem sequer apro-ximado, pelo que posso afirmar sem falsos pruridos que, em alguns casos, os redes-cobri. Sei que a McIntosh tem uma legião de seguidores, defensores incondicionais, que se identificam com o seu espírito e temperamento; mas, como em tudo na vi-da, a marca tem também críticos ferozes, que muitas vezes encaram como negativo aquilo que os admiradores encaram como positivo. O sal do áudio está nestas eter-nas questões audiófilas. Como não tenho

termo de comparação directa nem mini-mamente equiparada, acabei por tentar saber um pouco mais sobre o que diziam os críticos a respeito do som McIntosh de forma indirecta. E a ideia dominante pa-recia ser o facto de este tender para o «quente» e o «adocicado». Estranhamen-te, não foi o que ouvi. Aliás, no caso con-creto em apreço, senti até uma certa frieza analítica, tendo em conta o que costumo ouvir, frieza que, felizmente, não esteri-liza o som. Ainda assim, digo eu, poderá ser o bastante para deixar alguns indefec-tíveis da marca um tudo-nada decepciona-dos. Poderão chegar a ponto de descrever o som como algo duro nas altas e um tan-to brando nas baixas frequências. Contudo, numa perspectiva genérica, diria que o pa-drão tende para um equilíbrio neutro, sa-bendo nós que perseguir o «neutro» pode ser um jogo arriscado, porque é como es-tar sempre no fio da navalha, não permi-tindo mascarar falhas a montante.

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reportagem

Apesar de ser analítico o bastante, o sistema não perde a música nem o res-pectivo palco sonoro, dando-lhe carac-terísticas holográficas. Aliás, apresenta dinâmicas que me impressionaram, e que as captações e gravações cuidadas – sem compressões – tornam ainda mais eviden-tes. Temos pois uma sonoridade textura-da e complexa. O conjunto reage de forma sensível e incisiva, controlado e sem sinais audíveis de embotamento, aos mais subtis matizes e variações. Demonstra agilidade nos transitórios, bem vincados, e apresen-ta um recorte tímbrico sem perceptíveis sinais de esborratamento perante desco-munais e complexas massas orquestrais, consubstanciando um temperamento que considero musical. Não há um exacerbar dos extremos ao nível do espectro sono-ro. Os graves são coesos mas equilibra-dos, sem aquele toque excessivo que os torna vácuos e inexpressivos, e também não se nota um repuxar dos agudos até ao limiar da dor que, a acontecer, os tor-naria irritantemente estridentes; além dis-so, a gama média não se resume a uma amálgama indistinta e pouco transparen-te, como acontece por vezes. Tanto quanto me foi possível ouvir – e aqui reconhe-

ço que seria preciso passar mais tempo com o sistema para o conhecer melhor – há equilíbrio tonal em toda a extensão do espectro, extensa gama dinâmica e agili-dade nos transitórios, há, digamos assim, descompressão e precisão suficientes pa-ra não comprometer envelopes harmóni-cos complexos.

Apesar do electrizante olhar azul, ape-sar do seu imenso poder, em termos es-tritamente sonoros, o sistema não se interpõe nem se impõe, tem sensibilida-de para nos deixar a sós com a música, que não se apresenta toldada, embacia-da ou turva, nem com colorações e brilhos espúrios.

A voz humana é sempre o meu ponto de partida, ou melhor, Les Voix Humaines no sentido mais amplo que lhe atribuiu Marin Marais. Impressiona a forma como este McIntosh consegue desaparecer, co-locando em palco as vozes de Né Ladei-ras, de Montserrat Figueras, de Susanne Abbuehl, de Björk, bem como as violas da gamba de Savall e o extraordinário vio-loncelo de Queyras. Por regra, a tessitura destas «vozes humanas» é respeitada en-quanto entidades próprias que são.

Na revisitação que Né Ladeiras faz ao

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cancioneiro transmontano com Traz-os--Montes, onde se cruzam as recolhas de Michel Giacometti e outros, os arranjos ja-zzísticos de Ricardo Dias e uma voz límpida e consistente, que articula de forma cla-ríssima cada palavra sem qualquer nota de esforço entre um mezzo-soprano e um contralto, porque tudo flui efectivamente com a naturalidade de quem apenas res-pira, esta consegue insuflar essas mes-mas palavras de vida. A voz da soprano Montserrat Figueras (infelizmente já desa-parecida), por sua vez, tem a capacidade de percorrer nítida e limpa, sem ostenta-ção mas com tremenda presença, o silên-cio de vastas acústicas. Ao ouvir, com estes meios, e ainda que uma parte ínfima dos Romances Vocales, incluídos no duplo CD Diáspora Sefardí, senti Figueras especial-mente presente, e esta, com a autoridade que lhe é própria, tomou a sala por inteiro, e desta forma também os meus sentidos, que me transportaram sem esforço para o interior de um tesouro do Românico cata-lão, a colegiada do Castelo de Cardona, lo-cal onde foi efectuada parte da captação que deu origem ao CD. Será talvez uma questão de escala, escala que o sistema permite. Num outro registo temos Com-pass, de Susanne Abbuehl (da ECM), uma experiência musical e poética que guardo normalmente para o silêncio espectral da noite. Esta voz, que por vezes canta, ou-tras vezes recita e, muitas vezes, apenas sussurra, acompanhada por um piano mi-nimal, clarinetes introspectivos e uma per-cussão de fino recorte, faz um elogio às palavras e ao silêncio e exige imersão to-tal. O pouco que ouvi, ouvi com nitidez e coesão, sem que o silêncio tivesse saído comprometido na sua espessura; e quanto a Susanne Abbuehl… bem… senti que me sussurrava docemente ao ouvido. Regres-sado à superfície, foi sem a devida des-compressão, absolutamente necessária

nestes mergulhos, que parti para o fogo e o gelo da Islândia pela voz de Björk. E é caso para dizer que ouvi Homogenic co-mo há muito desejava ouvir, com a tensão e a vertigem eléctrica devidas; justaposi-ção e confronto entre uma electrónica, di-ria, vulcânica, épica, com o lirismo acústico das cordas emprestado pelo Octeto de Cor-das da Islândia, e em que a voz de Björk é o grande elo de ligação.

Desde a primeira metade do século XVII, com Marin Mersenne, que se regis-ta uma afinidade muito particular entre a viola da gamba e a voz humana. Escreveu Mersenne que a viola da gamba «imita a voz em todas as suas modulações, inclusi-ve os seus mais profundos acentos de tris-teza e alegria». Em Les Voix Humaines, numa alusão à peça homónima de Ma-rais, a viola da gamba de Savall não des-mente Mersenne. Mas notei que sempre que Savall gasta arco nos graves mais fun-dos o sistema perde clarividência a ponto de ser desagradável. CD, fonte, amplifica-ção, colunas, sala, tudo junto?! Uma audi-ção é pouco! Já o violoncelo de Queyras, um CD Harmonia Mundi, Sonatas for Ce-llo and Piano – Kodály, Veress e Kurtág –, que constitui um esmerado trabalho de engenharia e que incorpora tecnologia do IRCAM (Institut de Recherche et Coordena-tion Acoustique/Musique), é de um recor-te a todos os títulos primoroso, onde cada nuance tem luz própria, precisão e detalhe sem qualquer sinal audível de esborrata-mento num todo muito musical.

A 6.ª Sinfonia de Mahler, na interpreta-ção clarividente de Abbado a dirigir a Filar-mónica de Berlim, é sempre um desafio, seja pela dimensão, seja pela complexida-de. A respeito deste CD Deutsche Grammo-phon (DG), James Leonard escreveu no site AllMusic que apresentava um som quente, limpo e real, mas um pouco distante. Dis-tante, é um facto, principalmente quando

se está habituado a ouvir gravações que colocam grande ênfase no som directo pa-ra reforçar de uma forma impositiva e algo artificial a «presença». Falo por experiên-cia própria. É sabido que a atracção algo fundamentalista (e por vezes fatal) pe-la captação do som directo, por exemplo, sobretudo ao nível das grandes obras or-questrais do Alto Romantismo – em que Mahler, ainda assim, se afigura como um caso à parte –, elide ou anula muitas ve-zes o chamado «registo sónico» do espaço, além de nos fazer perder frequentemente a noção de escala. Contudo, não creio que a DG tenha tido como princípio orientador captar a perspectiva da audiência de for-ma a tornar a experiência musical o mais natural possível; creio que terá sido uma forma de dar palco e espaço de manobra à versão SACD da mesma gravação. Ape-sar desta questão e desta suspeita, o CD é um primor.

O fôlego deste sistema parece ines-gotável, e é sem sinal audível de esforço ou saturação que aborda esta orquestra-ção maciça de Mahler, onde há naipes de madeiras e metais ora duplicados, ora tri-plicados, além de uma muito grande diver-sidade de instrumentos, nomeadamente ao nível da percussão, com destaque pa-ra os chocalhos e para o famoso marte-lo, que marcará o destino do nosso herói trágico; não deu sinal de fraqueza perante violentíssimas transformações e contras-tes extremos, nem perante uma tensão harmónica que se mantém do princípio ao fim da obra, da progressão marcial, gra-ve e obstinada das cordas na abertura do primeiro andamento ao derradeiro golpe de martelo no quarto andamento, sempre a exigirem músculo e agilidade mas tam-bém forte competência ao nível da motri-cidade fina, digamos. E é um facto que os célebres golpes do martelo, por exemplo, que na leitura de Abbado se resumem a

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reportagem

Amplificação: amplificadores de potência a transístores, monoblocos McIntosh, modelo MC1.2.

Pré-amplificação: pré-amplificadores a válvulas McIntosh, modelos C500 +, C500 T.

Fonte: leitor de CD/SACD, modelo MCD 1100.

Colunas: colunas McIntosh, modelo XRT1K.

Cablagem das colunas e de interligação: Kimber Select.

Cabos de sector: Furutech

dois e não a três, não nos golpeiam nun-ca a cara; apresentam-se demolidores sim, mas perfeitamente enquadrados no palco sonoro. E, tal como era desejo do compo-sitor e do regente de orquestra, o som é breve e poderoso, sem brilhos ou resso-nâncias.

Christophe Delporte, um virtuoso do acordeão (o acordeão diatónico substitui aqui o tradicional bandoneón), que reuniu à sua volta um sexteto de formação clássi-ca – o Astoria – para reinterpretar algumas obras-primas de Piazzolla, produziu uma obra que é música para os ouvidos, ape-sar de poder causar alguma estranheza aos puristas do tango mais empedernidos. A gravação tem uma presença verdadei-ramente impressionante, e consegue criar uma relação empática de grande proximi-dade entre a audiência e os músicos, de forma quase imediata, acto de partilha musical que o sistema revela de uma for-ma particularmente arrebatadora. Temos um acordeão ora ponderado, ora vertigi-noso, uma violeta que não se confunde

nem com os violinos nem com o violon-celo, um contrabaixo com personalida-de e clarividência, um piano dinâmico e preciso… Nuevo Tango com toque erudi-to, marcado por profundos contrastes, en-tre o lirismo intimista e cálido do legato, que flui em toadas doces e melancólicas, e o arrebatamento bruto e fero do stacca-to, e pelo meio o efeito apuradíssimo dos glissandi, o yum-bá do arrastre… enfim, tudo parece confluir e tudo parece resultar neste magnífico CD Fuga Libera magnani-mamente apresentado, que tocará quem o ouvir como eu o ouvi.

O tempo urgia, escoava-se rapidamen-te, pouco tempo para tanta música. E eu, que não sentia qualquer tipo de fadiga au-ditiva, sinal de que não estava a ser ex-posto a grandes compressões dinâmicas, nem a um sinal de má qualidade, resol-vi colocar mais um CD Alia Vox, neste caso La Folia 1490-1701. Garcia de Resende, na Crónica do Rei D. João II, faz várias referên-cias à Folia, tal como Gil Vicente em 1511, no Auto da Sibila Cassandra. De origem

portuguesa, esta música que também ser-via a dança, e que respeitava um gos-to tanto nobre quanto plebeu, tornou-se incontornável no reportório instrumental ibérico. Assenta geralmente numa linha de baixo ostinato sobre o qual se impro-visavam variações. De carácter festivo, po-de ser por vezes torrencial. O CD Alia Vox abre de uma forma verdadeiramente má-gica, espécie de sortilégio hipnótico, co-mo quem chama a atenção da audiência para o que se vai seguir, e é sob hipnose que a audiência é conduzida do princípio ao fim da primeira peça. A viola da gam-ba tem protagonismo nesta obra, onde se destacam o calor e a doçura das madeiras; a percussão, belíssima, com conta, peso e medida – a tensão muito natural das peles é capaz de encher o espaço sem se tornar impositiva e/ou opressiva. Boa projecção sonora, com transparência, arejamento e palco. Ainda cheguei a ouvir Jimi Hendrix, cuja guitarra aprecio sobremaneira, mas o meu tempo esgotara-se, com muita pena minha.

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João Zeferino

Até há pouco tempo a marca fran-cesa Apertura Audio era-me total-mente desconhecida. O primeiro

contacto que tive com um produto da mar-ca foram precisamente as colunas Armo-nia que estiveram em demonstração na sala da Diplofer no Audioshow 2014, e lo-go aí houve algo na sonoridade destas co-lunas que me soou familiar, ainda que na altura não tivesse sido capaz de identifi-car o quê.

A Apertura Audio é uma marca que foi fundada por Christian Yvon em Fran-ça, há cerca de duas décadas, e possui ac-tualmente uma gama constituída por cinco modelos e ainda uns cabos de coluna. To-dos os produtos resultam dos ideais de Christian Yvon sobre o modo como devem ser ultrapassados os principais problemas que se colocam a qualquer fabricante de colunas de som. Com uma enorme expe-riência de mais de 25 anos e desenvolver produtos para outros fabricantes, como a Sonus faber ou a Focal, sem esquecer uma importante colaboração com Georges Ber-nard no desenvolvimento das míticas colu-nas Dialogue, Apologue e Epilogue para a Goldmund, Yvon pôde a partir de meados da década de 1990 passar para a Apertura Audio todo o know-how adquirido ao lon-go dos anos mas desta feita imprimindo aos produtos o seu cunho pessoal.

Descrição As caixas das Armonia possuem um for-mato assimétrico, concebido com o propó-sito de evitar ao máximo o aparecimen-to de ondas estacionárias, recorrendo por exemplo a múltiplas camadas de MDF com 21 mm de espessura, em conjunto com a utilização de materiais de amortecimento interno estrategicamente colocados. Trata--se de um projecto de duas vias e bass-re-flex, com o pórtico colocado na traseira, e que recorre a uma unidade de médios-gra-ves de origem SEAS de 7” com cone em malha de polipropileno que a marca de-signa «isotactic matrix», e que se caracte-riza por combinar rigidez e propriedades de auto-amortecimento de modo a poder operar numa gama de frequência bastante alargada com baixa distorção e sem mo-dos de quebra.

Apertura Audio ArmoniaSons de requinte

O tweeter é uma unidade de fita com 3”, que faz uso de uma membrana numa sanduíche de um polímero e alumínio, com um poderoso magneto de neodímio e que possui uma massa de apenas 18 mg, cerca de dez vezes menos que uma cúpula de seda de dimensões semelhantes.

De modo a optimizar a dispersão de vibrações espúrias a coluna assenta num espigão metálico de grandes dimensões colocado num ponto central e que funcio-na como o centro de acoplamento com o chão. Os quatro espigões colocados nas extremidades de duas barras onde assen-tam as colunas servem como meio aces-sório para proporcionar o necessário apoio e equilíbrio.

O estudo dos problemas associados à concepção dos crossovers levou Yvon a desenvolver a tecnologia de filtragem pa-tenteada DRIM (Dual Resonant Intermo-dulation Minimization). Esta tecnologia faz uso de um filtro multielíptico, que permite que cada unidade activa opere dentro de um intervalo de frequências bem definido, graças às características do triplo declive a 6 dB, 12 dB e 18 dB/ oitava. O crossover possui componentes rigorosamente se-leccionados como bobines Jantzen e con-densadores de polipropileno Mundorf e Jantzen.

Audições As Armonia substituíram as minhas colu-nas residentes, ligadas ao prévio Audio Research LS-17SE e amplificador de potên-cia Karan KAS-450, tendo na fonte o Op-po BDP-105EU Audiocom Signature e o gi-ra-discos Michell Gyro-Dec/ Rega RB300/ Benz Micro Glider M com prévio de phono Plinius M14. A cablagem foi Kubala-Sosna Fascination e Kimber Select KS 1121 nas interligações e Kimber Monocle XL nas co-lunas.

As Armonia possuem uma sonoridade de grande requinte, ainda que com algu-mas características muito particulares. Não são exuberantes nem chamam a atenção sobre si, nem em termos tonais nem di-nâmicos, o que significa que, por exem-plo, numa comparação com outras colunas do mesmo escalão de preços, as Armonia possam parecer tímidas e com um som

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teste

menos excitante. Contudo, estas não são umas colunas para nos impressionarem os sentidos nos primeiros cinco minutos de audição, mas dê-lhes tempo e perceberá o muito que elas têm para oferecer.

Uma sonoridade algo recuada, com um palco sonoro de grandes dimensões que se inicia atrás do plano definido pe-las colunas e que se estende em profun-didade de um modo muito pronunciado, em conjunto com um registo agudo extre-mamente limpo mas não esfusiante e um grave possante e bem amortecido fize-ram-me lembrar as minhas saudosas So-nus faber Electa ou as Guarneri originais. Na audição que havia feito durante o Au-dioshow não me ocorreu, mas cá em casa e no meu próprio sistema essa associação surgiu de imediato.

Procurando dissecar um pouco mais as características sónicas das Apertura, há que referir o registo grave, que é um ver-dadeiro espanto, simultaneamente encor-pado, envolvente, mas sempre articulado e muito limpo. Estão assim criadas as con-dições para que o edifício musical se er-ga solidamente, já que alicerces não lhe faltam. Por outro lado, o modo como os dois altifalantes combinam entre si é ver-dadeiramente notável e resulta numa so-noridade extremamente homogénea e

sem descontinuidades tonais aparentes; é como se o som estivesse a ser produ-zido por uma única unidade com as mes-mas características tonais. A cor do timbre é sempre a mesma, qualquer que seja o registo a reproduzir. Não admira, assim, que as Armonia façam um trabalho ex-celente com vozes, apresentando um fá-cil e total controlo das sibilantes mas sem perda de nitidez ou de inteligibilidade da mensagem.

Esta qualidade na reprodução das vo-zes, sejam solistas ou em coro, em con-junto com a facilidade para edificar um palco sonoro de grande volumetria, ficou bem patente pela audição de Stabat Ma-ter de Dvorák, ao permitir resolver a impo-nência da obra de um modo convincente, colocando os diversos intervenientes no lugar que devem ocupar no palco sem quaisquer atropelos, independentemente do número de elementos que estão a to-car em determinado momento ou do vo-lume sonoro que produzem. O resultado é sempre uma estabilidade e segurança na apresentação sonora que nos permitem mergulhar a fundo na apreciação musical da obra sem nos determos na acção elec-tromecânica responsável pelo transporte daquele evento para a nossa sala. A isto eu chamo pura e verdadeira musicalidade.

Especificações técnicas

Tipo de caixa 2 vias, bass reflex

Resposta em frequência 37 Hz a 30 kHz ±3 dB

Sensibilidade 88 dB/ 1 W/ 1 m

Impedância 8 Ohm

Altifalantes Cone de médios-graves 7” Isotactic Matrix

Tweeter de fita de 3”

Frequência de corte 3 kHz

Terminais Single-wire (bananas ou forquilhas)

Dimensões 1030x216x271 mm (AxLxC)

Peso 25,6 kg

Preços: Acabamento acetinado em cerejeira – 3650 euros

Outros acabamentos – 3900 euros

Representante Diplofer, Som e Imagem

Telef.: 213 214 150

Web www.diplofer.pt/somimagem/

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Discos utilizados nas audições:COMPOSITOR / OBRA INTÉRPRETES EDITORA

A. BrucknerSinfonia n.º 9

Orquestra do Concertgebouw AmesterdãoBernard Haitink

PHILIPS(CD)

D. ChostakovichConc. p/ piano e orquestra n.º 2 em Fá maior op. 102

Cristina OrtizOrquestra Royal PhilharmonicVladimir Ashkenazy

DECCA(CD)

A. DvorákStabat Mater

Christine Goerke – Marietta Simson – Stanford Olsen – Nathan BergCoro e Orquestra Sinfónica de AtlantaRobert Shaw

TELARC(CD)

J. BrahmsAbertura para Um Festival Académico, op. 80

The Royal Philharmonic OrquestraJames Judd

CENTURION MUSIC(SACD)

Ella Sings Brightly with Nelson Ella Fitzgerald – VozArranjos e direcção de orquestra:Nelson Riddle

WAXTIME(LP)

Eddy LouissSang Mêlé

Eddy Louiss NOCTURNE(CD)

Patricia BarberCafé Blue

Patricia Barber PREMONITION RECORDS(CD)

– Carol Kidd – Havin’ Myself a Time– Claire Martin – Black Cofee– Barb Jungr – I’ll Be Your Baby Tonight

Carol KiddClaire MartinBarb Jungr

LINN RECORDS(SACD)

Pink FloydThe Final Cut

Pink Floyd EMI(LP)

A gama média apresenta-se muito limpa, com uma sonoridade vibrante e ex-tremamente comunicativa, sem artefactos artificiosos, tendo resolvido com gran-de à-vontade as situações mais comple-xas desde o já referido Stabat Mater, mas também com outras batidas mais elec-trónicas, como Sang Mêlé de Eddy Louiss ou com o jazz da Patricia Barber, revelan-do sempre uma assinalável acuidade, uma excelente integração com os registos su-perior e inferior, a que não será alheio o facto de a frequência de corte se encon-trar a um nível bastante elevado de 3 kHz, o que confere à sonoridade uma coesão e uniformidade absolutamente notáveis. A ausência de quaisquer resquícios de agres-sividade, em conjunto com a faculdade pa-ra tocarem alto com desarmante facilidade favorecem o desenvolvimento de um pal-co sonoro tridimensional e de impressio-nante escala, onde os diversos naipes de uma orquestra podem ser facilmente iden-

testeApertura Audio Armonia

tificados. A transparência é um dos pontos fortes das Apertura Armonia, isto apesar do timbre escuro que pode obrigar a um certo cuidado com os equipamentos asso-ciados.

Conclusão Com uma qualidade de construção de grande nível e, no caso em apreço, com um nível de acabamentos verdadeira-mente luxuoso, as Apertura Audio Armo-

nia têm todos os ingredientes necessários para singrar no mercado. O som é de uma beleza tímbrica invulgar, com um grave possante e bem amortecido, uma média líquida e transparente e agudos extensos e límpidos, ainda que algo recuados. Há que evitar apenas a associação a electrónica tonalmente escura para que essa caracte-rística não seja potenciada pela associação de vários componentes com tendências tonais semelhantes.

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VIVID AUDIO B1, A FORMA E A FUNÇÃO ALIADAS DE MODO PERFEITO

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Jorge Gonçalves

De vez em quando, porém, apare-cem umas colunas que chamam a atenção dos consumidores, quer

por ostentarem uma estética radicalmen-te diferente, quer por recorrerem a tecno-logias que se afastam bastante do conven-cional.

A Vivid é uma marca que apareceu no mercado europeu há relativamente pouco tempo, o que tem alguma justifi-cação, uma vez que a fábrica-mãe, situa-da na África do Sul e com uma área total de cerca de 400 metros quadrados, só foi fundada no ano 2000. Esta fábrica nas-ceu da cooperação entre três engenhei-ros de áudio: Laurence Dickie, reconhecido mundialmente pelo desenvolvimento do conceito Nautilus original há um largo nú-mero de anos, Bruce Gessner, responsável pela produção, e o citado Philip Gutten-tag, os quais se aliaram sob a égide de Robert Trunz, depois de este se ter retira-do da B&W e se ter dedicado em exclusivo à editora de discos que dela derivou. Para além do design original, as colunas da Vi-vid recorrem a um vasto conjunto de tec-nologias que contribuem para o seu som original: drivers de baixa frequência perfu-rados e funcionando de acordo com a téc-nica de cancelamento da radiação traseira, caixa em fibra de carvão combinada com polyester, tweeter inserido numa câmara selada, etc. Para o desenvolvimento dos seus projectos a Vivid apoia-se num siste-ma de referência com dois woofers de 15 polegadas, 2,1 metros de altura, e que su-porta níveis de potência até 2 kW! O preço de mercado deste conjunto prodigioso ul-trapassa os 50.000 euros.

Talvez valha a pena falar sobre alguns aspectos importantes da tecnologia acús-tica e de design industrial para melhor compreender a filosofia da Vivid em ter-mos de utilizar caixas com contornos ar-redondados.

E as melhorias fundamentais ocorrem a nível das frequências mais elevadas. De facto, a energia sonora é transporta-

da através de ondas de pressão. O modo como estas ondas interagem com as su-perfícies envolventes é um tema alvo de estudos aprofundados há muitos anos: a partir do momento em que o som é emiti-do pelo tweeter ele vai formar ondas he-misféricas que se espalham ao longo da

superfície do painel frontal, podendo a partir de ai ser radiadas outra vez se en-contrarem uma brusca descontinuidade. Esta é uma área que tem preocupado, por exemplo, os desenhadores de aviões mili-tares, para os tornarem o mais possível in-detectáveis por parte dos radares – quanto

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mais suave e uniforme for a fuselagem do avião menos reflexões ela produz para as ondas de radar que sobre ela incidem.

E, no caso das colunas, os problemas principais que podem ser causados por es-tas ondas re-radiadas é que elas se mis-turarem com o som principal e causem interferências e picos e vales que podem fazer com que, quando se colocam as co-lunas numa sala com paredes reflectoras, se possa ouvir o som principal seguido de uma média irregular de todos esses bati-mentos. Se o painel frontal tiver as extre-midades arredondadas isso significa que deixamos de ter um ponto único onde se produz o momento de quebra e a resposta em frequência fica muito mais uniforme.

Num painel frontal totalmente pla-no pode igualmente ocorrer uma quebra brusca na dispersão perto do ponto de cru-zamento entre os altifalantes de médios e de agudos, o qual se situa normalmen-te entre 2 e 3 kHz. Mais uma razão para as formas arredondadas das Vivid, e o mes-mo se pode dizer dos bordos arredonda-dos das saídas bass-reflex.

A gama actual da Vivid inclui duas li-nhas: a gama GIYA, em que se incluem a G1, as G2, as G3 e as G4; e ainda a li-nha oval, com as V1, o modelo de meno-res dimensões, em três versões diferentes, as V1.5, a C1, uma coluna central, segui-das pelas B1 e pelas K1, o modelo maior, igualmente de três vias e meia, tal como as B1.

Descrição técnica Uma vez mais, Laurence Dickie apostou decididamente na tecnologia dos altifalan-tes e no design da caixa para obviar aos problemas inerentes à maioria dos pro-jectos convencionais em termos de resso-nâncias parasitas e controlo da difracção. A forma curva da caixa foi cuidadosamen-te estudada através de técnicas CAD em 3D, de modo a que a frente de onda que sai de um determinado altifalante não en-contre qualquer tipo de perturbação no seu percurso.

Tal como já mencionado, as curvas suaves da caixa compacta fazem com que a dispersão na gama média seja bastan-te ampla, tornando-se gradualmente mais estreita à medida que a frequência sobe. Esta resposta polar quase perfeita faz com que as colunas se integrem numa grande variedade de ambientes e em salas com dimensões diversas, obtendo-se como re-sultado uma curva de resposta em potên-cia com uma pendente natural e suave, uma característica que é muito desejada por todos os que se dedicam ao estudo da acústica. O excelente controlo da respos-ta fora do eixo principal faz com se obte-nha uma zona de audição mais ampla que o normal, ou seja, consegue-se obter uma

boa imagem espacial quase que em qual-quer ponto da sala.

O material da caixa em si é uma re-sina sintética na qual se misturaram uma combinação criteriosa de partículas mi-nerais de diversas dimensões e fibras de carbono de tamanho médio. Os moldes fo-ram gravados em materiais sólidos por in-termédio de fresadoras multidimensionais e seguindo padrões obtidos directamente dos modelos tridimensionais desenhados por meio de CAD 3D.

Cada um dos quatro altifalantes foi projectado por Lawrence Dickie para ter um comportamento pistónico (seme-lhante ao do pistão de um motor de ex-plosão) dentro da respectiva gama de frequências de trabalho, ocorrendo a frequência de quebra (breakup fre-quency) bem para lá da gama audível ou, dependendo do tipo de altifalan-te, a uma frequência pelo menos cin-co vezes superior ao limite superior da banda de trabalho. Quaisquer ca-vidades que pudessem existir nas traseiras dos diafragmas/cones fo-ram cuidadosamente providas de orifícios de ventilação ou ligadas a dispositivos de amortecimento, sen-do qualquer das acções altamente efi-ciente na eliminação de ressonâncias espúrias.

A energia reflectida a partir da fren-te de onda traseira é igualmente con-trolada através da minimização de todo e qualquer tipo de obstruções, tais como as que possam ser causadas pelas hastes da estrutura do chassis dos altifalantes de graves ou pelas peças polares da cúpula do altifalante de médios, bem como asse-gurando que as ondas passam através de um volume significativo de material ab-sorvente antes de encontrarem qualquer obstáculo.

A tecnologia de colocação radial dos ímanes permite que os diversos altifalan-tes possam ser colocados muito próximos uns dos outros, assegurando a máxima largura do feixe vertical junto à frequên-cia de crossover e, ao mesmo tempo, que as colunas podem ser colocadas bem pró-ximas de cinescópios sem efeitos nocivos, uma vez que o campo magnético radiado para o exterior por cada altifalante é mi-nimizado.

A excitação directa das paredes da cai-xa é igualmente minimizada pela utiliza-ção de materiais flexíveis na fixação de cada um dos altifalantes, bem como pe-lo recurso à tecnologia de cancelamento de reacção entre cada um dos pares de al-tifalantes de graves, o que assegura que não existe qualquer movimento do chassis destes altifalantes abaixo de 100 Hz. A for-ma e a colocação invulgar dos pórticos de ventilação contribuem igualmente não só

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testeVivid Audio B1

Gostaria agora de dizer algumas pala-vras sobre cada um dos altifalantes, recor-rendo novamente à literatura técnica da Vivid: o tweeter D26 tem um diafragma de alumínio anodizado, fabricado com recur-so a um molde com um perfil optimizado a partir de cálculos complexos executados em computador e baseados na técnica de elementos finitos. Deste modo assegura--se uma curvatura perfeitamente defini-da e uma frequência de quebra de cerca de 44 kHz, bem acima do limite audível. O sistema magnético utiliza cinco varões ci-líndricos de neodímio, os quais cumprem a dupla tarefa de maximizar o fluxo através da bobina e minimizar o campo magnéti-co radiado para o exterior. A utilização da técnica dos elementos finitos possibilitou mais uma vez a optimização dos circuitos magnéticos, do que resulta uma indução magnética com o valor notável de 2,4 Tes-la no entreferro. A bobina de alumínio é enrolada seguindo a tecnologia de enrola-mento periférica, a qual garante uma uti-lização máxima do espaço do entreferro, logo do fluxo magnético, pela bobina.

Embora seja normal recorrer a fluido de ferro para arrefecer a bobina, no caso deste altifalante a Vivid teve que se aliar à Ferrofluidics Corporation para desenvolver um fluido com partículas suficientemente finas e resistentes para conseguirem re-sistir ao campo magnético extremamen-te elevado existente no entreferro do D26.

Um furo cuidadosamente calibrado, existente na parte traseira da peça polar, permite que a pressão criada no interior do altifalante seja transferida para a câma-ra exponencial existente no tubo que al-berga o altifalante, a qual possui no seu interior um material absorvente e garan-te assim um funcionamento extremamen-

para uma maior estabilidade da estrutura, como para uma minimização dos efeitos de turbulência e, sem dúvida, para a apa-rência moderna e invulgar das B1.

O pé/pedestal faz parte integrante da estrutura da caixa da coluna, conjugando--se não só do ponto de vista estético co-mo do ponto de vista estrutural, uma vez que é feito exactamente do mesmo mate-rial da caixa e constitui como que um pro-longamento desta. A parte inferior deste pé assenta no chão de um modo extre-mamente sólido, graças a cinco spikes, co-locados assimetricamente, que ajudam a posicionar a coluna: os dois traseiros e o

frontal definem a inclinação da coluna em relação à vertical, enquanto os dois restan-tes definem o apoio da coluna no chão.

Os dois «braços» que ligam a base do pedestal à coluna em si albergam condu-tas que permitem que os cabos de ligação (oriundos da van den Hul) que partem dos dois crossovers sejam inseridos no interior dessa mesma base, para cada um dos al-tifalantes. Os dois pares de terminais WBT de ligação da coluna ao amplificador estão como que escondidos na parte traseira do pedestal, o que só traz vantagens em ter-mos estéticos.

Os altifalantes utilizados são os se-guintes: um altifalante de médios (D50) trabalha entre 900 Hz e 4 kHz, sendo a ga-ma de frequências para cima deste valor assegurada pelo tweeter D26. A divisão de frequências entre estes dois altifalan-tes é controlada por um crossover de quar-ta ordem, o qual tem a particularidade de ter uma resposta em fase perfeitamente linear e possibilita assim uma articulação quase perfeita entre os dois altifalantes, mesmo para frequências próximas da fre-quência de corte.

Abaixo de 900  Hz as B1 recorrem a dois altifalantes C125 por caixa, um virado para a frente e outro para trás. Estes dois altifalantes estão ligados internamente por uma estrutura tensionada através de um parafuso para cancelamento das reac-ções da estrutura. Ambos os altifalantes recebem o mesmo sinal para frequências abaixo dos 100 Hz, enquanto acima desta frequência se atenua progressivamente o sinal que vai para o altifalante traseiro, pa-ra deixar o altifalante frontal funcionar so-zinho, de modo a manter a distância entre os dois altifalantes num valor mínimo per-to da frequência de cruzamento.

Audio & Cinema em Casa36

te linear deste altifalante até bem perto dos 44 kHz. O altifalante é fixado ao tubo através de anilhas O-ring de sorbotano, de modo a evitar a transferência mútua de vi-brações nocivas.

Indo beber muita da sua filosofia de construção ao tweeter, o D50 encarrega--se das frequências médias, mas orgulha--se de conseguir reproduzir sem qualquer problema sinais até cerca de 20 kHz, a sua frequência de quebra. A cúpula é nova-mente de alumínio anodizado e, como a sua referência sugere, esta tem um diâ-metro de 50 milímetros. O altifalante está novamente inserido numa câmara expo-nencial de amortecimento que lineariza o seu funcionamento e o torna independen-te dos restantes altifalantes.

O C125 não podia fugir à regra estabe-lecida pelos seus irmãos e recorre uma vez mais a uma cúpula de alumínio anodizado de 125 milímetros de diâmetro. Uma vez que a maior parte da energia se situa nas baixas frequências, teve que se colocar em campo um conjunto de cuidados muito es-peciais para garantir a gestão da energia libertada e que se transforma em calor. Tudo começa com o recurso a uma bobi-na de corpo muito curto, a qual se deslo-ca dentro de um entreferro bem extenso. Claro que daqui resulta uma unidade ac-tiva de volume e peso bem marcantes, uma vez que a estrutura magnética é bem mais longa que a da maioria dos altifalan-tes. Isto apesar de a estrutura de suporte ter sido pensada de modo a aligeirar todo

o peso e se basear em hastes de apenas 3 mm de largura, do que resulta uma área aberta de 90%. Por outro lado, o recurso à tecnologia radial para os ímanes magné-ticos assegura outra vez que não se tor-na necessário recorrer à pesada blindagem magnética presente na maioria das unida-des de graves que de algum modo preten-dem compatibilizar-se com as exigências dos amantes do cinema em casa.

Com tantos cuidados colocados na es-trutura da caixa e nas unidades activas, não é surpresa nenhuma saber que a res-posta em frequência das Vivid B1 se es-tenda desde os 39 Hz aos 33 kHz, ±2 dB, para uma impedância nominal de 4 Ohm e uma sensibilidade de 89 dB/W/m.

E pronto, chega de tecnologia, antes que a descrição canse os leitores, mesmo os que costumam manifestar todo o inte-resse por estas intrincâncias técnicas. Pas-semos então às…

Audições Retiradas das suas imponentes caixas

de madeira e acomodadas na sua «posição de trabalho» pelo António Almeida e pelo Nuno Cristina, da Ajasom, as Vivid B1 fo-ram então ligadas ao amplificador de po-tência Constellation Inspiration Stereo 1.0 através do cabo de coluna Kimber Select KS 3035, estando aquele alimentado pe-lo prévio Inspiration Preamp 1.0, por sua vez ligado por um cabo Kimber Select ba-lanceado. As fontes foram o Marantz CD12 como leitor de CD’s (o Accupahes DP85 acusou o peso dos anos e do uso e teve que ser sujeito a uma intervenção de re-paração) e o Basis Gold Debut, com bra-ço SME V Gold e cabeça van de Hul Colibri Grasshopper na área analógica.

Foi evidente desde o primeiro minu-to que as B1 se sentiram perfeitamen-te à vontade na minha sala dedicada ao áudio, com cerca de 17 metros quadrados de área, confirmando uma vez mais as in-dicações do seu fabricante de que as Vi-vid se dão bem em qualquer sala. Bastou aproximá-las ligeiramente uma da outra e fechar um pouco o ângulo de audição, vi-rando-as para dentro, para ficar com uma visão intimista, embora com uma amplitu-de espacial notável em qualquer das três dimensões.

Se há uma definição que possa des-crever em termos muito lineares aquilo que são as Vivid B1 é a palavra versatili-dade. De facto, começando pelas dimen-sões mais que aceitáveis para integração em qualquer ambiente, complementa-das pelo esteticamente agradável e tecni-camente imprescindível pé de suporte, e

continuando pela quase universalidade de estilos musicais que elas reproduzem qua-se na perfeição.

Uma das audições que deixou me-lhores recordações foi a do disco de Gil Evans Out of the Cool, uma gravação so-berba de jazz de alto nível, a primeira que Evans efectuou depois de ter deixado de trabalhar com Miles Davis. Não sei quem aprendeu com quem, mas as B1 foram ex-celentes a colocar na minha frente tudo aquilo que Evans colocou neste excelente CD em termos de improvisação (a chave--mestra do jazz), instinto e perfeita inter-pretação nos mais diversos instrumentos, de que se destacam o trompete de Phil Sunkel e, como não podia deixar de ser, o piano de Evans. A faixa Where Flamin-gos Fly é uma das minhas favoritas, com uma tonalidade alternativamente quen-te, fogosa ou mesmo soturna, e com uma recriação do algo recatado estilo de jazz West Coast. Os metais de sopro têm mo-mentos de interpretação bastante prolon-gados no tempo e a percussão tem um notável sentido rítmico e a introdução de Gil Evans nesta música ficou famosa nos anais do jazz, algo a que as B1 souberam prestar a devida homenagem.

E porque não mencionar Neil Young no LP Tonight’s the Night, uma gravação de uma simplicidade extrema em termos de masterização de estúdio e que teve lugar numa sala de pequenas dimensões e que nos traz memórias dos tempos duros do rock, com toda a sua irreverência e defe-sa de tudo o que fosse contra o sistema. É um disco forte, irreverente e por vezes mesmo quase violento, como na faixa Co-me on Baby, Let´s Go Downtown. Mas as B1 gostam de rock forte, ácido e «da pe-sada» e dançaram perante mim com todo o entusiasmo.

E, já que elas gostam assim tanto de dançar, lembrei-me de as alimentar com um estilo mais calmo e, para tal, nada co-mo pegar no LP Vienna, de Fritz Reiner com valsas de Strauss interpretadas pela

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Audio & Cinema em Casa 37

Vivid Audio B1

Distribuidor: Ajasom

Preço: 13.800 euros

Telef.: 214 748 709

www.ajasom.net

orquestra habitual com que Fritz trabalha-va, a Sinfónica de Chicago. A percussão e os instrumentos de cordas situados do la-do esquerdo dão um encanto único a este disco, muito em especial na faixa Trovões e Relâmpagos, em que é quase impossí-vel não nos levantarmos e começarmos a dançar no meio da sala, mesmo que se seja um «pé de chumbo» como eu. Creio que com dois pares para a dança e vez do usual único par poderá ser muito mais fácil acompanhar o ritmo da valsa. Isto, claro, desde que se tenha cuidado com eventuais pisadelas, que os spikes não perdoam!

E que tal falar agora em Francis A. & Edward K., de Frank Sinatra e Duke Elling-ton, uma interpretação espantosa destes dois mestres que se tratam entre si ao lon-go do disco com uma deferência que de-monstra à evidência o respeito que tinham um pelo outro. A acústica do local de gra-vação é realmente notável, iluminando de uma maneira bem palpável um Sinatra no seu melhor, confiante, soberano, exu-berante ou tudo aquilo que possa combi-nar na perfeição com o momento, ou seja, com a música que ele canta, recriada pelos arranjos criativos de Billy May. Se há um disco perfeito para ouvir nas B1 creio que este preenche todos os requisitos.

E faltava apenas ter uma ideia de co-mo as B1 se comportariam com música com elevado conteúdo de graves, e para

isso nada como ouvir Gene Krupa e Bud-dy Rich através de um dos discos mais an-tigos que tenho na minha colecção e que foi gravado originalmente em 1955. Estes bateristas eram dois rivais, embora amigá-veis e, talvez pela primeira vez, tocaram em conjunto, demonstrando a todos a sua mestria com um instrumento que é mui-to mais difícil de tocar bem do que muitos julgam. E a tão famosa e por todo o lado descrita «batalha de baterias» foi repro-duzida pelas B1 com uma impressionan-te verosimilhança, principalmente quando se têm em conta as dimensões relativa-mente reduzidas das colunas. Que torren-tes de energia, que velocidade de resposta das unidades activas, que nível de separa-ção pude apreciar com estes dois colossos musicais em actuação ali na minha frente!

Conclusão Eminentemente versáteis, as Vivid B1

atingem níveis de performance que estão bem para além da sua bem proporciona-da volumetria. Seja com rock, jazz, música sinfónica ou com qualquer outro estilo mu-sical que achemos por bem pedir-lhes para reproduzir, estejam descansados que elas não os vão desiludir. São suaves, transpa-rentes, têm uma gama média e aguda que nos encanta e, ao mesmo tempo, são ca-pazes de debitar toda a energia de que possamos vir a necessitar. Claro que tudo isto tem um preço, mas a qualidade tem--no sempre.

Audio & Cinema em Casa38

testeVivid Audio B1

reportagem

Jorge Gonçalves

A terceira edição do Innofest, um evento global em que a LG des-venda os seus produtos mais cha-

mativos a serem lançados no mercado ao longo do ano, teve lugar em Portugal no fi-nal do passado mês de Janeiro, constituin-do uma oportunidade única para apresen-tar Lisboa e o espaço multiusos do Campo Pequeno a algo como 1000 convidados vindos de todo o mundo.

A equipa da LG Portugal, comandada desde o final de 2014 pelo seu novo Presi-dente, o Sr. Jimhwan Im, fez um excelente trabalho, em conjugação com os organi-zadores da LG-Coreia, para preparar um acontecimento muito especial para os cer-ca de 1000 participantes provenientes do Médio Oriente, África, Europa e, claro, Por-tugal, que teve direito a um dia que lhe foi especialmente dedicado.

Em termos de ilustres presenças vin-das do quartel-general da Coreia, e não só,

INNOFEST 2015 A GRANDE FESTA DA INOVAÇÃO DA LG DECORREU ESTE ANO EM PORTUGAL

pudemos contar com Brian Na, Vice-Pre-sidente Executivo e CEO da LG-Europa, Ki--Wan Kim, Vice-Presidente e responsável máximo pelas Vendas e Marketing Inter-nacionais, e Wayne Park, CEO da Global Sales & Marketing Company, com o Sr. Ki--Wan Kim a fazer o discurso de abertura da sessão no dia dedicado aos agentes portu-gueses da LG.

A logística associada ao Innofest 2015, o Festival da Inovação, se assim o quiser-mos traduzir, foi algo de notável – basta pensar que todos os módulos de apresen-tação dos equipamentos e mesmo os pró-prios produtos, em alguns casos modelos únicos, vieram directamente dos Estados Unidos, uma vez que tinham sido utiliza-dos para o espaço de exposição da LG no CES de Las Vegas.

As estrelas do Innofest 2015 foram sem dúvida os novos modelos de televiso-res OLED de 4K, com dimensões de ecrã de

55, 65 e 77 polegadas, sendo esses ecrãs quer do tipo curvo, quer de estrutura pla-na convencional. A tecnologia True Color mantém a estabilidade das cores, inde-pendentemente das variações de lumino-sidade e permite obter cores mais naturais para todos os espectadores. Foi igualmen-te dada uma grande atenção ao som, atra-vés do reforço da parceria com a Harman Kardon, a qual deu origem a um sistema de altifalantes 4.2.

Esta gama é complementada com a série LCD-LED Ultra HD/4K, que emprega a tecnologia ColorPrime, a qual permite obter uma superior profundidade de cor e imagens mais vibrantes. Por outro lado, os níveis de negro são reforçados com o pro-cessamento True Black Control. A parceria com a Harman Kardon funcionou aqui uma vez mais e, por exemplo, o modelo topo--de-gama 65UF9500 incorpora um suporte Auditorium, o qual foi projectado para re-

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Audio & Cinema em Casa40

flectir e redireccionar o som para uma ma-ximização dos efeitos: o altifalante frontal aumenta a autenticidade da reprodução ao disparar o som na direcção dos especta-dores, não para a parede traseira ou para o soalho, como acontece com a maioria dos televisores. Para reforçar a efectividade dos efeitos sonoros, o Sound Smart Mode, desenvolvido pela LG, escolhe automatica-mente os ajustes óptimos que permitam clarificar as características individuais do som. A LG integrou igualmente um sofis-ticado algoritmo de upscaling para 4K nos seus modelos para uma conversão perfei-ta de conteúdos SD, HD ou Full HD para a resolução nativa do ecrã. O descodifica-

dor HEVC integrado suporta conteúdos 4K a 30p e 60p, o que assegura a compatibili-dade dos televisores da LG com eventuais futuras transmissões em Ultra HD.

E claro que o WebOS, agora na versão 2.0, oferece uma interacção mais simples e intuitiva do utilizador em relação ao tele-visor, através da sua barra de lançamento de conteúdos, a qual pode ser permanen-temente actualizada de modo extrema-mente simples, ao mesmo tempo que o tempo de arranque foi bastante reduzi-do. Em termos de imagem, foi igualmente muito interessante ver o novo monitor 4K com ecrã 21:9 de 34 polegadas, ideal para utilizações multitarefa.

No campo do áudio pudemos ver em demonstração a gama Music Flow, consti-tuída por duas barras sonoras HS7 e HS9 e pela coluna Wi-Fi portátil H4, equipada com uma bateria. A versatilidade deste conceito sem fios, assente na tecnologia Bluetooth, é total, permitindo que a músi-ca siga quem se desloca pela casa ou ain-da que se possa levar, por exemplo, a H4 de uma divisão para a outra e combiná--la com uma das barras sonoras. Para além dos conteúdos existentes em equipamen-tos locais, é ainda possível fazer o strea-ming de música a partir de serviços tais como Spotify, Deezer, Napster, e TuneIn. Os dispositivos Music Flow da LG serão ainda os primeiros a implementar o serviço Goo-gle Cast Ready assim que ele estiver dis-ponível. Por outro lado, a coluna P7 vem equipada com a função Auto Music Play,

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1 Sr. Ki-Wan Kim fez o discurso de abertura no dia dedicado a Portugal no Innofest.

2 Os novos televisores OLED 4K da LG têm uma excelente qualidade de imagem.

3 Mas a LG também tem uma vasta panóplia de televisores 4 K de tecnologia LCD com retroiluminação a LED.

4 O conceito Music Flow tem uma ergonomia muito apelativa.

5 Coluna Musica Flow H3.

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a qual permite que a coluna se ligue au-tomaticamente sempre que estiver próxi-mo (a cerca de 1 metro) um equipamento equipado com Bluetooth. Por outro lado, a P7 pode ser ligada sim fios a um televisor LG compatível, para melhorar o som deste.

Outra das grandes sensações do Inno-fest foi o telemóvel G Flex2, a última ver-são curva dos telefones da LG, com um desenho muito melhorado em relação ao seu predecessor e equipado com um pro-cessador de oito núcleos Snapdragon 810 de 64 bit. O ecrã de 5,5 polegadas tem agora resolução Full HD. Muito interessante ainda a capacidade auto-regenerativa da parte posterior, já utilizada no G Flex mas

6 A G vai apostar fortemente no conceito Smart Home.

7 O novo LG Flex2 tinha uma verdadeira multidão sempre em seu redor.

8 O G Watch R e uma interessante combinação de um Smart Watch com um objecto de estilo.

9 Num dos momentos mais ligados ao entretenimento e convívio, António Ribeiro, da organização Belmiro Ribeiro, teve a surpresa de ser agraciado com prémio de indumentária.

reportagemInnofest 2015

mais rápida e eficaz que anteriormente. O sistema de focagem por laser que foi apre-sentado pela primeira vez no G3 foi igual-mente transportado para esta nova versão do Flex.

É claro que muitos outros avanços tec-nológicos foram apresentados pela LG, no-meadamente na área das máquinas de lavar roupa e louça, bem como nos frigo-ríficos, mas essa é uma área que deixa-rei para outros especialistas. O que ficou de mais interessante foi que a LG irá apos-tar muito a sério no conceito Smart Home, tendo como base a plataforma aberta Digi-tal Life, patrocinada pela Qualcomm, o que permitirá uma conjugação fácil com equi-

pamentos de outros fabricantes que utili-zem a mesma plataforma. E a capacidade HomeChat, para já apenas disponível em inglês e apenas para alguns destes equi-pamentos, é igualmente muito agradável de utilizar, em face da interface vocal.

Tudo somado, este foi mais um Inno-fest pleno de inovação, que demonstrou à saciedade as capacidades de inovação da LG e o empenhamento com que a mar-ca se está a dedicar à grande maioria das áreas da electrónica de consumo e da li-nha branca, caminhando rapidamente pa-ra assumir um lugar de topo em muitas delas. Ficamos à espera do Innofest 2016 para confirmar essa realidade.

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Audio & Cinema em Casa42

teste

João Zeferino

Uma rápida pesquisa no Google dá conta de um significativo aumento das vendas de discos de vinilo du-

rante o ano de 2014. Segundo consta, os LP’s representaram cerca de 6% das ven-das de álbuns, com um total de 9,2 mi-lhões de unidades vendidas. Para um for-mato cuja certidão de óbito foi passada há 30 anos não me parece nada mal.

Muito se tem falado e especulado acerca das razões que levaram a este in-

cremento das vendas de LP’s nos últimos anos. Desde os que invocam o mais puro revivalismo até aos que vêem confirmada por fim a tese da superioridade sonora do analógico face ao digital, tem havido justi-ficações para todos os gostos.

Como os leitores habituais sabem, sempre fui um apoiante incondicional do CD, desde o seu aparecimento em 1984. Contudo, ao longo dos anos e se descon-tarmos uma janela temporal de meia dú-

zia de anos no final de década de 1980, nunca deixei de ouvir discos de vinilo, ain-da que o CD tenha sido adoptado como formato principal do meu sistema de som desde que entrou cá em casa pela primei-ra vez. O mesmo se passou com a minha colecção de discos, a de CD’s cresceu mui-to e rapidamente, enquanto a de LP’s foi crescendo pouco e lentamente, mas sem nunca deixar de crescer.

Também não sei a que atribuir o fe-nómeno do ressurgimento do LP, mas não descarto a hipótese de ser uma reacção natural ao constante aparecimento de no-vos formatos digitais, normalmente acom-panhados de promessas definitivas de qualidade suprema e perfeita até que al-go de muito mais avançado surja… seis meses depois! Isto acaba por causar um cansaço no consumidor, que simplesmen-te não consegue acompanhar a velocida-de a que a tecnologia evolui, e pode levar a uma reacção em sentido contrário, que é precisamente a de procurar refúgio em al-go que considera como imutável, que co-nhece hoje e sabe que daqui a cinco, dez ou vinte anos continuará igual a si próprio, o bom e velhinho LP. E isso transmite-nos segurança e tranquilidade.

ACOUSTIC SIGNATURE TRIPLE XO ENLEVO DO ANALÓGICO

Audio & Cinema em Casa44

Descrição A Acoustic Signature é uma empresa ale-mã que conta no seu catálogo com uma vasta colecção de modelos de gira-dis-cos, desde o popular e acessível Wow, até ao fantástico Ascona, a representar o seg-mento high-end puro e duro. Dispõe tam-bém do braço TA-1000 e ainda o prévio de phono Tango, nas versões MKIII e Ultima-te. Uma das características comuns a todos os modelos de gira-discos é a utilização de uma chumaceira em tidorfolon, uma li-ga exclusiva e especialmente desenvolvi-da pela marca, a partir de vanádio, ferrite, teflon e titânio e que é a responsável pe-lo funcionamento extremamente silencio-so do gira-discos. O veio de bronze possui na ponta uma bola de carboneto de tun-gsténio, um material de grande dureza, a qual acama na chumaceira de tidorfolon, um material mais macio, garantindo um rolamento com atrito ínfimo.

O chassis do Triple X é fabricado a par-tir de uma sanduíche de madeira, aço e alumínio, uma solução que apresenta um excelente amortecimento interno e pro-porciona uma performance sonora de grande qualidade. O prato é um bloco de alumínio macio com 50 mm de espessura e 11 kg de peso, que tem excelentes pro-

priedades de amortecimento e conta ain-da com uma cobertura de um material especial que lhe confere um amorteci-mento extra.

Como opção, este prato pode ser equi-pado com a inclusão de 8 ou 24 silencia-dores, uns cilindros que são incrustados no prato de modo a aumentar ainda mais a inércia, fomentar o controlo de vibrações e melhorar o comportamento ressonante.

O motor síncrono possui regulação electrónica da velocidade BetaDig e está ligado a uma fonte de alimentação exter-na. Em opção a marca disponibiliza uma fonte de alimentação linear, para uma qualidade de topo. O motor possui o seu próprio chassis que encaixa num espaço disponível para o efeito no chassis do gira--discos mas sem que exista qualquer con-tacto físico entre ambos, com excepção da própria correia de transmissão, garantin-do-se assim a ausência de vibrações que de outro modo seriam transmitidas entre o motor e o chassis.

Para este teste o Triple X foi fornecido com um braço rega RB700 e uma célula de leitura Miyajima Takumi, o modelo de en-trada na gama Miyajima Labs. Como todas as restantes células da gama da marca ja-ponesa, a Takumi faz uso da tecnologia pa-

tenteada Cross Ring Method. Trata-se de uma célula de bobine móvel e baixo nível de saída, com apenas 0,2 mV e cerca de 16 Ohm de impedância. O corpo é esculpido em madeira africana e tem uma massa de 8,9  g. A Takumi apresenta uma resposta em frequência que se estende dos 20 Hz aos 25 kHz.

A prévio Acoustic Signature Tango Ulti-mate possui um ganho de 41 dB para cé-lulas MM, e 57 ou 69 dB para células com selecção via comutador na face frontal. Na sua construção são utilizados componen-tes rigorosamente seleccionados e com tolerâncias inferiores a 1%. Através da combinação de um conjunto de microco-mutadores colocados na face inferior da caixa é possível escolher o valor da resis-tência de carga que melhor se adapta a cada célula de entre um conjunto de mais de 60 valores diferentes.

Audições O Triple X foi ligado ao meu prévio de pho-no residente, o Plinius 14, sendo posterior-mente utilizado também com o prévio da Acoustic Signature Tango Ultimate. O res-tante sistema era composto pelo conjunto pre/power Audio Research LS17SE / Karan KAS450 e colunas Revel Ultima Studio 2.

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Audio & Cinema em Casa 45

testeAcoustic Signature Triple X

Devo dizer que as duas semanas que passei com o Triple X foram mais que com-pensadoras do ponto de vista emocional. Para começar cedi a um certo saudosismo e fui ao baú buscar alguns discos que não ouvia há anos, como por exemplo um du-plo álbum intitulado O Melhor de Amá-lia com diversas interpretações da grande Amália Rodrigues, um disco que anda cá por casa seguramente há mais de 30 anos.

Uma das principais características do Acoustic Signature e aquela que me cha-mou de imediato a atenção tem a ver com a quase total ausência de ruído. Os sons surgem a partir de um patamar de silêncio verdadeiramente profundo, possibilitan-do que se revelem com uma presença e um recorte extraordinários. Mesmo o pró-prio ruído de fricção produzido pela agu-lha enquanto explora as espiras do disco é bastante menor do que aquilo que estou habituado a presenciar com o meu Gyro-

Dec com a célula Benz Micro Glider. Neste aspecto em particular julgo que o méri-to será todo da cabeça Miyajima Takumi que ao longo de todo o teste me pareceu comportar-se sempre como um veículo de transmissão da mensagem neutro, que não acrescenta nada de seu.

A sonoridade é ampla, doce, de tona-lidade densa, mas onde as imagens sono-ras, os instrumentos intervenientes e as vozes surgem sempre perfeitamente re-cortadas e com uma presença tridimen-sional, proporcionando uma experiência auditiva que nos enleva e nos convida a longas horas de audição disco após disco sem qualquer cansaço auditivo.

Os registos graves são poderosos e as-seguram a necessária ancoragem para to-do o edifício sonoro se poder erguer sem fragilidades. Não apenas se destaca pe-lo impressionante poder e extensão, mas também e principalmente pela abertura

Discos utilizados nas audições:COMPOSITOR / OBRA INTÉRPRETES EDITORA

G. MahlerSinfonia n.º 2 – Ressurreição

Heather Harper, Helen WattsCoro e Orquestra Sinfónica de LondresGeorg Solti

DECCA

P. I. TschaikowskyConcerto para Piano e Orquestra n.º 1 em Si bemol maior, op. 23

Ivo PogorelichOrquestra Sinfónica de LondresClaudio Abbado

DG

B. SmetanaMá Vlast

Orquestra Sinfónica da Radiodifusão da BavieraRafael Kubelik

ORFEU

Pink FloydThe Wall

Pink Floyd EMI

Michel CamiloPortrait

Michel Camilo CBS

Ella Swings Brightly with Nelson – Ella Fitzgerald– Nelson Riddle

WAXTIME

Keith JarrettThe Köln Concert

Keith Jarrett ECM RECORDS

O Melhor de Amália– Com Que Voz– Gaivota– Estranha Forma de Vida– Fado do Ciúme

Amália Rodrigues EMI VC

SupertrampBreakfast in America

Supertramp A&M RECORDS

Barclay James HarvestTurn of the Tide

Barclay James Harvest POLYGRAM

Gerry MulliganThe Concert Jazz Band

Gerry Mulligan VERVE RECORDS

Mike OldfieldCrisis

Mike Oldfield VIRGIN RECORDS

e capacidade resolutiva que permite uma fácil discriminação de diversas linhas me-lódicas que se fazem ouvir em simultâneo.

A gama média é doce, transparente e expansiva. As vozes soam naturais e sem quaisquer resquícios de compressão ou es-forço, mesmo na presença de forças esma-gadoras como no final da Sinfonia n.º 2 de Mahler, Ressurreição, na qual às duas vo-zes solistas se junta um coro de grandes dimensões e uma orquestra num crescen-do contínuo até um clímax em que todos entoam o tema a plenos pulmões. A faci-lidade com que o Triple X/ Takumi conse-guiu resolver esta complicada situação foi deveras desconcertante, sendo de desta-car a facilidade com o que palco sonoro se avoluma e cresce de modo a poder abarcar a cada vez maior intensidade sonora até ao final esplendoroso que nos deixa lite-ralmente sem fôlego e em estado de ten-são contínua.

Audio & Cinema em Casa46

Preços:

Acoustic Signature Triple X 3495 m

(Inc. arm board Rega ou Acoustic Signature)

Opção arm board para outros braços 295 m

Braço RB700 999 m

Opção Linear Power Supply 649 m

Acoustic Signature Tango Signature 1749 m

Miyajima-Lab Takumi 1990 m

Representante: Ultimate Audio Elite

Tel.: 217 602 028

www.ultimate-audio.eu

As grandes transições dinâmicas são discre-tas mais do que exuberantes, surgindo sempre imbuídas de grande naturalidade e privilegiando a liquidez e o rigor da apresentação musical em detrimento da espectacularidade gratuita.

Os agudos são límpidos, apresentando uma excelente extensão, pese embora o facto de sur-girem ligeiramente retraídos relativamente à ga-ma média. Instrumentos como o triângulo ou a flauta soam muito naturais e ricos em harmóni-cos, o que lhes confere o corpo necessário a uma reprodução realista. O mesmo se passa com as cordas ou o tilintar das notas mais agudas do pia-no, a presença natural de múltiplas harmónicas é sempre uma constante e desse facto sobressai a veracidade e musicalidade que é apanágio do Acoustic Signature.

Conclusão O Acoustic Signature Triple X é um gira-discos ca-paz de nos devolver o que de melhor a repro-dução analógica tem para oferecer. Partindo de uma base de grande competência, permite me-lhorias pontuais graças à variedade de opções que a marca disponibiliza, quer ao nível da esco-lha de braços, fonte de alimentação ou sofistica-ção do prato. O braço RB700 que veio instalado permite a utilização de uma grande variedade de células de leitura. Contudo, é possível pedir o Triple X com arm board de origem para uma grande variedade de braços de outros fabrican-tes.

Em termos musicais o Triple  X foi mais do convincente. Revelou-se um veículo de excep-ção para o mundo da reprodução analógica, com uma sonoridade de altíssimo nível e uma invul-gar capacidade para nos envolver e proporcionar emoções intensas. Deixo assim uma proposta ao meu caro leitor: não se fique pelas minhas palavras e procure agendar uma audição do Tri-ple X nas instalações da Ultimate Audio Elite, que não dará o seu tempo por perdido. Garanto.

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Daniel Santos

Lembro-me de, num dos nossos en-contros de amigos, o Dino ter men-cionado um aparelho multifacetado

capaz de reunir, num só suporte de media, músicas vindas de uma panóplia de fon-tes. Ele estava a referir-se a este aparelho, cujo nome é divertido: Cocktail Audio. Pos-teriormente numa visita a nossa casa ele mal podia acreditar no que os seus olhos estavam a ver: o Mr. Cocktail Audio mesmo ali à sua frente.

Há uns tempos estava a falar com o meu amigo João Zeferino quando abordei o tópico: então e a gravação? O que é fei-to da gravação nos dias de hoje? Na mi-nha opinião a gravação passou a estar mal conotada devido às cassetes piratas que infringiam os direitos de autor e à má qua-lidade em geral. Por outro lado, as pessoas não têm tempo para gravar. O download é mais rápido.

Infelizmente ainda há quem tenha gosto em gravar. É uma minoria onde me incluo. Eu, por exemplo, fiz muitas gra-vações a partir da rádio FM para o meu Grundig CF4. Já gravei música ao vivo num gravador de bobines, inclusivamente che-guei a mostrar um ensaio ao meu amigo J. Zeferino, que ficou surpreendido com a qualidade do som.

Quem gosta realmente de som, não tem pressa. Rituais como limpar a agu-lha do gira-discos, passar a cotonete nas cabeças e nas guias da fita do gravador

teste

fazem com que surja naturalmente a mu-dança do estado de espírito para a audi-ção. Quem tem pressa ouve música em MP3, no metro ou no carro, ou em casa enquanto aspira as alcatifas. Mas aí não há a mudança do estado de espírito que é tão importante; neste mundo onde tudo acontece cada vez mais depressa é um luxo, ainda assim, arranjarmos tempo pa-ra podermos limpar a agulha do gira-dis-cos ou as cabeças do gravador.

Dito isto, o Cocktail leva quase um mi-nuto a ficar pronto quando o tiramos de standby. Acho óptimo este tempo: é uma forma de relaxarmos para depois apreciar-mos o que ele tem para dar e ele tem mui-to para dar, por isso é preciso calma para o explorar.

Descrição O conceito principal por detrás deste pro-duto é ser o servidor central de material áudio para as nossas audições. Ele dis-põe de uma base de dados local e inter-na que assenta num disco rígido para on-de é possível escrever ficheiros de música de diferentes fontes. Por outro lado, ofe-rece diferentes formas de fazer streaming de música.

A base de dados local pode ser ali-mentada a partir de CD’s, «ripando-os» pa-ra ficheiros, ou a partir de dispositivos de armazenamento USB, copiando-os tal co-mo se fosse um computador.

Na introdução que fiz a este artigo re-feri intencionalmente a gravação porque o Cocktail é um aparelho que permite gra-var em tempo real, trazendo num forma-to moderno a «gravação» para as luzes da ribalta. As gravações podem ser feitas a partir das suas entradas digital ou analógi-cas, a partir do seu receptor FM e do strea-ming. Podemos assim preparar o nosso cocktail de músicas para delas desfrutar-mos comodamente.

Apesar de electronicamente o Cock-tail necessitar de circuitos completamente diferentes para aceitar som em diferen-tes formatos, provenientes de diferentes fontes, ele expõe para o utilizador uma abstracção a tudo isso. A isto, em progra-mação, chama-se facade (lê-se fassade). Aqui reside, no meu entender, o valor des-te produto. Dando um exemplo: da mes-ma forma que se acede ao streaming de música, acede-se ao CD; os controlos para ouvir música são basicamente os mesmos. No entanto, não se consegue fazer o eject da fonte do stream de áudio porque não faz sentido e por isso não está implemen-tado. Para os mais atentos é possível ouvir pequenos relés a comutarem internamen-te os circuitos ao escolhermos algumas op-ções do menu, o que salienta as manobras que o Cocktail tem de fazer «por debaixo do capô» enquanto para nós a interface de utilizador mantém o mesmo modo de operação, de fonte para fonte de som.

Cocktail Audio X40 –

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– Um cocktail de sons

Ao agarrar no Cocktail, tomei-lhe o peso. Logo aí gostei dele. De todos os ângulos evidencia uma qualidade de cons-trução inquestionável, sem entrar em de-signs extravagantes. A unidade entregue para testes é completamente preta, sendo o painel da frente de alumínio escovado com cerca de 1  cm de espessura. Olhan-do de frente para o aparelho, da esquerda para a direita temos um grande botão re-dondo que ajusta, de forma discriminada, tanto o nível de saída para os auscultado-res, como o nível de saída de linha. Sem os auscultadores inseridos na tomada o botão actua sobre o nível de saída de linha. Com os auscultadores inseridos o botão actua sobre o nível de saída para os auscultado-res. Ao regular o botão aparece no mos-trador a percentagem de sinal ao invés de

decibéis. Esta decisão, entre outras, pare-ceu-me resultado de uma reflexão acerca da facilidade de percepção da informação mostrada, já que um aparelho que possui tantas funções poderia tornar-se ininteligí-vel se as disponibilizasse por meio de in-formação mais técnica. Porém, há casos em que simplesmente não há volta a dar. Referindo ainda o mesmo botão, ao ser pressionado comuta a função mute.

Por baixo do botão redondo existe a já mencionada tomada jack de 6 mm pa-ra os auscultadores, uma tomada USB 2.0, para se lhe ligar uma pen ou um disco rígi-do externo; uma entrada analógica aux in, pensada para aceitar música de dispositi-vos portáteis móveis, como smartphones.

Um pouco mais acima encontra-se a ranhura para colocar o CD. Ao inserir um

CD, temos de o empurrar quase até ao fim para o Cocktail o puxar.

O mostrador possui uma diagonal de cerca de 12,5 cm que, em conjunto com o tamanho da fonte de letras mostrado, per-mite ver bem até cerca de 2 metros. Ao navegar nos menus a opção destacada surge com letras maiores para se ver me-lhor, até 3 metros.

O botão redondo da direita serve pa-ra navegar nos menus e escolher opções ao ser pressionado. Por baixo deste exis-tem quatro botões redondos pequenos de pressão. O primeiro é o input, que atalha para o menu de selecção de entrada di-gital ou entradas analógicas. O botão re-turn retorna para o menu anterior. O botão stop suspende a reprodução em curso e o botão menu mostra o menu de contexto acerca da função escolhida. É ainda possí-vel fazer uma combinação de botões para recorrer a algumas funções práticas, cujo acesso directo só está disponível no con-trolo remoto.

No painel traseiro encontram-se as entradas analógicas phono in, para liga-ção directa ao gira-discos, e analog in, pa-ra entrada de linha, sendo possível gravar de ambas para o domínio digital. A entra-da phono in ataca um pré-pré-amplifica-dor de phono do Cocktail. Aqui pode-se tomar a decisão de usar o phono in para li-gação directa ao gira-discos, ou se tiver já investido num bom pré-pré-amplificador

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testeCocktail Audio X40

de phono, poderá ligá-lo a analog in. Per-mite também ligação de entradas digitais através de TOSLINK e coaxial. Em termos de entradas de dados permite, no painel traseiro, a ligação de até dois suportes de armazenamento em massa, ou discos ex-ternos USB 2.0.

Possui uma tomada RJ45 para ligação Ethernet à rede doméstica, que é sempre preferível ao Wi-Fi.

Se necessitar de operar o Cocktail a mais de 3 metros vai ter dificuldade em perceber a informação mostrada no seu visor. Como existe uma saída HDMI nas traseiras, pode ligá-la ao seu televisor, e desta forma poderá visualizar melhor a in-formação de operação do Cocktail.

A unidade entregue para testes traz um disco de 500 Gb e uma antena Wi-Fi USB. Estes dois componentes são opcio-nais. O Cocktail suporta discos SATA de 2,5 polegadas e discos de 3,5 polegadas. Entre os acessórios do pacote base destaco uma antena interior para FM e parafusos para instalar os discos rígidos.

O controlo remoto tem bom aspecto e foi concebido para mostrar sem rodeios a complexidade do aparelho, até porque só desta forma passados os primeiros dias é possível uma pessoa encontrar de forma lógica e rápida as funções que pretende, sem ter de ir ao manual. Aproveito para di-zer neste ponto que a curva de aprendiza-gem para lidar com o Cocktail é bastante curta e que nos primeiros dias sentimos--nos confortáveis para o explorar sem di-ficuldade. Saliento, no controlo remoto, a função now playing, que permite mostrar no visor a fonte que está em reprodução, e a função before/cancel, que é a mes-ma que a return no painel frontal do apa-relho e que permite andar um passo para trás no menu. Estas funções aumentam o conforto de operação pois levam-nos pa-ra pontos conhecidos mesmo que nos per-

camos nos menus. Existe um bom motivo para a função now playing estar ao lado do botão rec. Precisamos de estar a ver o que está a tocar no momento para poder-mos gravar, e desta forma rapidamente podemos iniciar a gravação, mesmo se es-tivermos a navegar nos menus.

Em stand-by exibe a luz de um peque-no LED (verde ?). Ao ligá-lo o LED fica azul e aparece um copo de cocktail no visor. Passado quase um minuto podemos final-mente apreciar a nossa «bebida».

Uma vez em modo de operação apa-recem no visor ícones para aceder às dife-rentes fontes de som e a possibilidade de fazer setup. Rodando o botão da direita no painel frontal deslocamos o cursor entre as diferentes opções e pressionando-o esco-lhemos a opção seleccionada.

O Cocktail anuncia ser capaz de re-produzir música em alta definição digital até 32 bit/ 384 Khz (formato PCM a par-tir do leitor de CD’s). No setup de gravação de som permite um máximo de 24 bit/ 192 Khz. Isto faz algum sentido, uma vez que só gravando música ao vivo seríamos capazes de tirar partido de tão alta defi-nição.

Audições Realizei uma série de audições entre as di-ferentes fontes, usando a saída de linha single-ended.

Antes das audições, fui ao setup do Co-cktail e desliguei a função DRC (do inglês Dynamic Range Compression), para poder usufruir das rajadas dinâmicas sem com-promissos.

Liguei a saída de linha single-ended do Cocktail ao meu amplificador.

Comecei por ouvir CD’s, antes de ex-plorar as outras capacidades do Cocktail, dado que desta forma terei uma base de comparação.

Comecei por ouvir o tema Sweet No-

thing Serenate de Ben Harper. O som apresentou-se limpo, projectado, cheio e detalhado. No tema Never Leave Lonely Alone o piano apresenta-se limpo e ace-tinado, mas sem o brilho a que estou ha-bituado; a voz está bem chegada à frente e revela-se o ar em torno da mesma. O dedilhar da guitarra nesta gravação é in-tencionalmente forte e isso é bastante evi-denciado.

No tema The Mummer’s Dance do dis-co Book of Secrets de Loreena McKennitt, adorei como irrompeu do palco a sensua-lidade da voz sussurrada de Loreena; o som apresentou-se limpo, mas em algu-mas passagens pareceu-me um tanto ana-lítico. Senti um pouco mais presentes os sons que estou habituado a ouvir mais re-cuados.

Em Children’s World do disco Roots Revised de Maceo Parker saliento a boa presença dos instrumentos de sopro, apre-sentando um som natural. As notas dos saxofones ressaltam com alegria da base da música, com uma boa dinâmica.

Por curiosidade ouvi o tema Believe in Me de Lenny Kravitz e confirmei as minhas suspeitas: o baixo é bem extenso e está bem presente.

Enquanto andava a navegar entre as faixas dos CD’s decidi usar o teclado numé-rico para aceder directamente a uma fai-xa. Carreguei no 3 e aparece-me um «D» no visor e é seleccionada uma faixa cuja música começava por «D». Achei engraça-do, apesar de não estar à espera. Juro que li o manual, algo extenso, deste aparelho (o que é um luxo nos dias de hoje), mas não me deparei com este detalhe engra-çado! Só detectei dois pontos onde o Cock-tail foge à convenção: a cor verde do LED de stand-by e o acesso às músicas do CD pelo nome e não pelo índice.

De seguida tive vontade de ouvir a Joss Stone no disco Mind Body & Soul. No

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tema Security o baixo apresentou-se tal como eu o conheço, bem extenso e pro-longado. A voz soou-me bem presente, um pouco mais chegada à frente, e as vo-zes do coro são bem destrinçadas da res-tante base sonora. Aqui queria chamar a atenção do pessoal técnico de som portu-guês: não há mal nenhum em ouvirem-se os coros, eles não vão roubar o protagonis-mo ao cantor principal. Digo isto porque, em inúmeros casos, desde obras gravadas, a concertos e a emissões de estúdio, que reparo que quando há um coro as vozes deles mal se ouvem. E se o cantor principal não gostar, senhores técnicos, ponham-no no sítio dele.

Ainda no mesmo disco de Joss Stone no tema Young at Heart o baixo é bem cheio, mas à voz falta-lhe alguma doçura a que estou habituado.

Chegou a vez de experimentar o UPnP (streaming de áudio a partir do computa-dor). Tenho instalado o TVsersity no com-putador para fazer streaming de media para o meu televisor. No caso do Cock-tail, no menu principal naveguei até à op-ção browser e apareceu-me o item UPnP. Clicando neste item, a seguir aparece um item de menu com o nome que dei ao meu computador e o nome do servi-ço «TVersity Media Server». Ao seleccio-nar todas as músicas é preciso esperar um pouco. Presumo que com ligação Ethernet, ou seja, através de cabo de rede, este pro-cesso seja mais rápido.

Decidi ouvir um tema de George Ger-shwin interpretado por Jamie Cullum: It Ain’t Necessarily So. Ahh graves assassi-nos! Aguentem-se vidraças! O contrabai-

xo saiu projectado acompanhado da voz de Jamie. Porém, notava-se claramen-te que o desempenho era inferior ao dos CD’s, visto ser MP3. Nomeadamente as no-tas do piano eram recortadas por certo um grão, mas de forma muito ligeira. Já no te-ma Anything Goes, interpretado por Ella Fitzgerald, soou magnífico como sempre; apesar de ser uma gravação antiga, apre-sentou uma boa dinâmica.

O comportamento do Cocktail com a ligação UPnP foi fantástico e diverti-me imenso. A indexação entre ficheiros é bem rápida, o que confere conforto de utiliza-ção.

Voltando ao menu principal, vamos agora experimentar o sintonizador FM. Mas valerá a pena? – perguntam os leito-res. A resposta é: o Cocktail traz um sinto-nizador FM e há estações emissoras que têm um desempenho assinalável, se não considerarmos a pouca dinâmica do som, já que muitas comprimem o sinal com o intuito de aumentar a densidade do pro-grama emitido. Claro está que tive de ser muito selectivo, e por isso escolhi a Smoo-th FM, que transmite com bastante quali-dade e com uma dinâmica aceitável. Dei comigo a ouvir Our Love Is Here to Stay in-terpretado por Andrea Motis (pelo menos parecia a voz dela). Posso dizer que já ou-vi sintonizadores FM mais musicais, sem dúvida alguma, mas este é tonalmente correcto e com um baixo assinalável. A an-tena FM fornecida revelou-se insuficiente em minha casa e presumo que quem viva longe de Lisboa tenha um problema acres-cido. Nada como uma boa antena exterior bem dimensionada e posicionada.

Decidi gravar um pouco de FM, só pa-ra matar saudades dos tempos em que o fazia, mas de repente o locutor corta o fi-nal da música e eu paro a gravação. O Co-cktail permite editar o ficheiro gravado e recortar apenas uma parte, pelo que con-

segui remover a voz do locutor. Porém ao fazer isto a música termina abruptamente. Não existe uma opção para fazer fade-out.

A partir do menu principal acedi ao I-Service e Reciva I-Radio. Agora sim, te-mos o streaming digital de muitas rádios espalhadas por esse mundo fora. Não te-mos ruído de fundo como na FM, mas muitas rádios têm uma qualidade sono-ra muito aquém do nível esperado por alguém que goste de mergulhar numa audição, mesmo as que transmitem em 192 Kbps. E muitas sofrem da mesma ma-leita das rádios que emitem em FM: os programas são comprimidos. A pesquisa, até encontrar algo de que se goste, pode ser morosa. Pesquisei algumas rádios de que gostei, mas não vou comentar o som porque não servem de referência para tes-tar um aparelho como o Cocktail.

Felizmente quando me foi entregue o Cocktail já tinha a rádio Linn Classical nos favoritos e eu acrescentei a rádio finlande-sa Klasu Pro e a norte-americana McIntosh Music. Estas sim, são rádios de referência, quanto à qualidade de som do programa emitido. Existem mais, mas como disse são difíceis de encontrar. O que é certo é que deixei-me absorver pelo som destas rádios. Ouvi entre outras músicas Ensemb-le Marsyas – Recorder Quartet em B bemol maior, Schottish Chamber Orchestra – Pia-no Concerto n.º 3 em C menor e, para con-trastar, Bob Marley – I Shot the Sheriff. Nos temas clássicos o som apresentou-se mui-to líquido e agradável de ouvir, tal como água a fluir calmamente no leito de um rio; cristalino e detalhado. No tema reg-gae apreciei essencialmente a dinâmica das percursões.

Conclusão Gostaria de deixar uma nota para os mais puristas do som: eu também acredito que, ao dar dinheiro por um aparelho que te-

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Algumas das gravações ouvidas, entre outras

Sweet Nothing Serenate de Ben Harper, do álbum Both Sides of the Gun

The Mummer’s Dance de Loreena McKennitt, do álbum Book of Secrets

Children’s World de Maceo Parker, do álbum Roots Revised

Believe in Me de Lenny Kravitz, do álbum Lenny

Security de Joss Stone, do álbum Mind Body & Soul

It Ain’t Necessarily So de George Gershwin, interpretado por Jamie Cullum

Anything Goes de Cole Porter, interpretado por Ella Fitzgerald

Amy’s Heart dos Phonique, do álbum Kissing Strangers;

At the Bottom dos Tortured Soul, do álbum Did You Miss Me;

A New Beginning dos S-Tone Inc., do álbum Love Unlimited.

Cocktail Audio X40

Preço 1599 euros

Representante Delaudio

Telef.: 218 436 410

www.delaudio.pt

nha apenas uma função, este seja empre-gue nos custos de concepção e desenvol-vimento dessa mesma função. Daí espero que o seu desempenho seja superior ao de um aparelho com mais funções por um preço idêntico. É neste ponto chave que o Cocktail consegue desafiar os mais incré-dulos, pois reúne realmente uma série de funções, mas pelo que me pude aperce-ber, foram bem implementadas, a pensar num público exigente.

A somar ao desempenho sónico, este aparelho mostrou-se fácil de operar, sen-do a informação mostrada de forma cla-ra. Para quem está habituado a lidar com um computador, facilmente vai encontrar as funções que deseja no Cocktail, por-que o modo de operação é idêntico. Tra-ta-se de um aparelho versátil com uma boa electrónica digital. A electrónica ana-lógica mostrou-se à altura, revelando em termos gerais um som tonalmente equi-librado e um baixo possante. Em conjunto pareceu-me que ambas tornavam as vo-zes um tanto mais presentes. Pode dar-se o caso de ser esta a reprodução exacta do que foi gravado. Numa ou noutra situação o som pareceu-me menos musical e por isso mais analítico.

Gostei do painel frontal, pois os contro-los apresentados foram bem aproveitados, recorrendo-se a combinação de botões pa-ra funções mais avançadas, ou atribuindo, de forma lógica, mais do que uma função

testeCocktail Audio X40

aos botões redondos, sendo natural en-contrar essas funções. Alia-se assim a fun-cionalidade a um painel bastante limpo de botões. Também gostei do painel traseiro de ligações, pois está bem organizado e tem algum aparato. O controlo remoto tem uma construção sólida e evidencia a com-plexidade do aparelho através da presença de bastantes botões, devidamente organi-zados, permitindo o acesso directo às fun-ções. Esta solução permitiu-me encontrar rapidamente o que queria sem ter de re-correr ao manual.

Como avaliação final gostei bastante de ter este aparelho em casa, pois diver-ti-me e ele conseguiu cativar-me pela sua construção e características sónicas dispo-

nibilizadas a um preço, neste mundo au-diófilo, bastante acessível.

Nota: Já depois deste teste termina-do, recebemos a notícia de que a Cocktail Audio tinha disponibilizado um update de firmware, com a referência R0008, o qual permite ao X40 utilizar um NAS como dis-positivo de armazenamento, o que au-menta ainda mais a sua versatilidade. O NAS a utilizar deverá suportar o protoco-lo SAMBA.

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Pedro Freitas/Jorge Gonçalves

É comum dizer-se que o som de alta--fidelidade passa por três elemen-tos: fonte, amplificação e colunas.

Depois, há que considerar a cablagem e a gestão da energia no sistema. Por últi-mo, o tipo de ficheiro reproduzido (ou a qualidade da gravação), a sala de audição e o próprio ouvinte contribuem decisiva-mente para a performance sonora. E é da qualidade de cada um destes componen-tes, dos pequenos ganhos parcelares, que o todo se torna mais do que a mera soma das partes.

Recentemente, contudo, surgiram pro-postas que alteraram este princípio, ao suprimirem parcelas à equação. E que aco-lheram o modo como uma grande par-te das pessoas passou a ouvir música. As marcas tentam acompanhar o processo, preservando o objectivo inicial: a qualida-

Lenco Playlink a versatilidade da músicade de som. Tanto na perspectiva da músi-ca em movimento, como numa utilização mais passiva, existem hoje respostas para (quase) todas as exigências. E as colunas Lenco Playlink 4 e 6 incluem-se exacta-mente nesse conjunto de respostas às soli-citações de quem procura ouvir música de uma forma mais… «despreocupada»: Um comum PC/smartphone/tablet (ligado ou não à Internet) serve de fonte e… imedia-tamente o sinal chega às colunas. Com ou sem fios, o percurso abreviou-se dramati-camente.

As Playlink 4 e 6 são dotadas de Wi--Fi dual band (nas frequências de 2,4 e 5  GHz), são compatíveis com DLNA, re-produzem os mais usuais ficheiros de áu-dio MP3, AAC, PCM, WAV, FLAC, ALAC, mas também os de alta resolução (até 24 bit/ 192 kHz). Podem funcionar em modo es-

téreo clássico (canal esquerdo e direito), com 80 W de potência na 6 (40 W na 4), têm suporte de ligação rápida e integra-ção com outros dispositivos Playlink na rede e são aptas a funcionar simultanea-mente em espaços distintos. A aplicação Playlink (em ambiente Android ou IOS) é grátis e suporta até dez utilizadores (via router). Possuem, ainda, conexão Wi-Fi di-recta, Bluetooth e NFC (a uma fonte tam-bém dotada desta funcionalidade), uma entrada auxiliar por jack de 3,5 mm e li-gação por cabo Ethernet RJ45 (na 6). Por último, a Lenco celebrou um acordo com o serviço de música Spotify, permitindo aos felizes proprietários das Playlink 4 e 6 ace-derem aos milhões de músicas disponibili-zadas no servidor.

As 4 e 6 podem ser configuradas pa-ra funcionamento em estéreo (digamos,

teste

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tradicional), pela utilização de duas colu-nas idênticas numa mesma sala. Mas não é desta vertente que trataremos aqui, pois o utilizador-tipo deste equipamento não o deverá configurar desta forma. Ao contrá-rio, é bem mais provável que compre ape-nas uma das colunas e lhe dê a utilização para que foi criada, ou seja, trabalhar a so-lo. Aqui chegados, não posso deixar de re-lembrar os bons rádios dos anos 50/60 do século passado, que também tocavam com uma só coluna. E que som tinham! Aliás, têm, dado que também utilizo quo-tidianamente duas dessas peças (de «he-rança»), cujo «som a válvulas» tanto me agrada. Ouvir agora um (bom) som de co-luna única envia-me para essa referência e para estágios tecnológicos bem menos exigentes. O utilizador pode, ainda, com-prar duas (ou mais) colunas e instalá-las pela casa, beneficiando da imensa fun-cionalidade conferida por tal solução (a 4 pode até funcionar a bateria, o que lhe au-menta a facilidade de utilização).

Existe a possibilidade de conexão por cabo, pois estas colunas vêm dotadas de um jack de 3,5 mm. Mas a grande maio-ria deverá recorrer à transmissão sem fios, podendo optar pela via Bluetooth ou pela via Wi-Fi (recorrendo à App da Lenco e ao já comum router doméstico). Em ambos os casos, a configuração é simples, o fun-cionamento intuitivo, e cada coluna pode reproduzir a mesma música ou músicas di-ferentes. No mesmo espaço e/ou em es-paços diferentes. Controladas a partir do

mesmo dispositivo ou de vários dispositi-vos. Na prática, o funcionamento simultâ-neo só acontece com a App Playlink, via router. Com recurso ao Bluetooth, um úni-co utilizador pode controlar apenas uma coluna de cada vez (testado em ambien-te Android).

E o som? As Lenco Playlink 4 e 6 foram ouvidas em diversos espaços, em conjunto e em se-parado. Por uma questão de coerência, as conclusões resultam das audições num mesmo local, única forma de perceber as diferenças. A versatilidade destas co-lunas é imensa, considerando as três en-tradas (Wi-Fi, Bluetooth e linha). Se a tal se acrescentar a diversidade de ficheiros que recebem, concluímos pela imensidão de possibilidades, o que tornaria a explo-ração exaustiva num teste demasiado ex-tenso. Optou-se, então, por tocar (sempre que possível) os mesmos ficheiros pelas três entradas disponíveis.

A sonoridade das entradas Wi-Fi e Bluetooth é muito semelhante. As vozes de Heart of Glass (The Puppini Sisters), em formato MP3, apresentaram-se com sufi-ciente definição, o mesmo acontecendo com o saxofone de Max The Sax em Le-toile (Parov Stelar, com Max The Sax), no formato FLAC, que lhe acrescentou algu-ma dinâmica. A fraca qualidade de grava-ção de Vida Malvada (Xutos e Pontapés), em formato WAV, revelou um suficien-te detalhe na apresentação dos diversos

instrumentos. Já a poderosa Paradise (Wi-thin Temptation, com Tarja), em formato MP3, foi tocada com dificuldade (os ins-trumentos apareceram num espaço mui-to confinado e com não tanta definição). A energia desta música exige às colunas

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o que elas naturalmente não poderão dar, em face das suas dimensões físicas. Ain-da assim, verificou-se uma interessan-te reprodução dos graves na 6, num som tendencialmente pujante (algo contun-dente mesmo), ao qual poderá apenas fal-tar a subtileza de outro tipo de soluções. A evolução MP3-FLAC-WAV revela sensibi-lidade ao tipo de ficheiro reproduzido, em-bora a compactação MP3 (sempre superior a 128 kbps) não se comporte, necessaria-mente, pior do que os restantes ficheiro de banda total. A suavidade de The Closest Thing to Crazy (Katie Melua), em formato MP3, foi muito bem interpretada pelas co-lunas, num momento especialmente agra-dável.

A sonoridade da entrada de linha é mais dinâmica e confere uma superior sensação de espaço. Contudo, a tendência para apresentar os instrumentos muito «à boca de cena» mantém-se. Continua a fal-tar uma maior separação entre os diversos intérpretes, tal como se verificou na faixa Forever in Love (Kenny G), em formato CD. As colunas tocaram bastante bem o saxo-fone, que concentra em si toda a atenção, mesmo nos agudos difíceis de algumas passagens. Outra faixa que revelou as mesmas faltas foi Cyber Attack (Phantom Vision), em formato CD (um grupo portu-guês já com alguns anos de actividade no underground nacional, mas que tarda em revelar a sua qualidade a um maior núme-ro de apreciadores), embora não haven-do predominância de um só instrumento.

Relembra-se que não está em cau-sa um som estéreo, digamos, tradicional, com a formação de um palco sonoro are-jado e de maior ou menor dimensão. No entanto, a simulação é bastante convin-

cente (mais na 6). Cabe referir que exis-tem diferenças entre a 4 e a 6, e não só no tamanho. Entre outras, a 6 equipa um pór-tico traseiro para a reprodução dos baixos, o que altera notoriamente a reprodução desta importante gama de frequências. Refira-se também que ambas as colunas são sensíveis ao posicionamento relativo (como qualquer coluna). A distância à pa-rede lateral e/ou à traseira altera o modo como o som se propaga, contribuindo acti-vamente para diminuir a sensação de que «vem dali». Ainda assim, é sempre possí-vel identificar que a música vem de den-tro da caixa. A 4 parece mais apta a dotar de bom som o PC (vídeos na Internet, jo-gos ou outra utilização menos exigente), bem como a preencher de música ambien-te uma festa de amigos. O que se confir-mou, aliás, com o visionamento de alguns vídeos no Youtube, em que «perdoou» muitas insuficiências do som e revelou um nível muito aceitável. A 6 vai para além deste ponto, já «provoca» o ouvinte para a audição agtradável de música.

Faixas utilizadas nas audições (entre outras):

Chill Out – John Lee Hooker (com Carlos Santana), formato WAV;

Try Again – Lucia Moniz (com Nuno Bettencourt), formato WAV;

Vida Malvada – Xutos e Pontapés, formato WAV;

Letoile – Parov Stelar (com Max The Sax), formato FLAC;

Heart of Glass – The Puppini Sisters, formato MP3;

The Closest Thing to Crazy – Katie Melua, formato MP3;

Paradise – Within Temptation (com Tarja), formato MP3;

Forever in Love – Kenny G, formato CD;

Cyber Attack – Phantom Vision, formato CD.

Não se trata, pois, de uma realidade comparável ao estéreo formado por duas colunas, comparação que poderia até ge-rar alguma injustiça, em face do conceito subjacente às Playlink. Não está em cau-sa aqui som estéreo grandioso, antes uma convincente simulação, o que deverá agra-dar à grande maioria dos utilizadores des-te tipo de equipamentos. Onde me incluo, dado haver sempre espaço para uma so-lução mais clássica e para outra mais sim-plificada e… portátil. Não esquecer que é bastante simples e fácil mudar de local qualquer uma destas colunas, transportá--las para fora de casa, levá-las em viagem ou de férias, mantendo uma qualidade de som apreciável (com os limite e as dife-renças indicadas). É esta uma das mais fortes valências deste tipo de equipamen-to, que nunca deve ser menosprezada: ter uma coluna a reproduzir até ficheiros de áudio de alta-resolução (24 bit/ 192 kHz), que pode ser ligada ao comum telemó-vel e provoca agradabilidade na audição, é sempre uma mais-valia.

testeLenco Playlink

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2.ª Opinião – Jorge Gonçalves

Lenco Playlink, Wi-Fi em alta resolução

Nos tempos em que vivemos, a mú-sica tornou-se de tal modo parte integrante da nossa vida que nos

habituámos a que ela nos siga para toda a parte. A naturalidade com que nos habi-tuámos a que ela esteja presente fez com que diversos fabricantes se esforçassem o mais possível para alargar a oferta tradi-cional que configurava um sistema de áu-dio: electrónica e colunas ligadas de ma-neira indissociável e presentes num local fixo da habitação. A maioria das soluções existentes no mercado assenta na conecti-vidade facilitada a dispositivos móveis tais como tablets e telemóveis, o que se torna extremamente conveniente, embora em quase todos os casos se apoiem na plata-forma Bluetooth, associada a um formato de compressão.

O que as colunas Playlink, da Lenco, fazem de diferente permite que as colo-quemos num patamar à parte em relação a propostas alternativas: utilizam o Blue-tooth mas possibilitam um tipo de ligação que permite a reprodução de ficheiros com qualidade de CD (16 bit/ 44,1  kHz, sem compressão) e, ao mesmo tempo, quan-do recorremos ao Wi-Fi podemos reprodu-zir ficheiros de alta resolução (até 24 bit/ 192 kHz), e esta sim, é uma novidade im-portante.

O Pedro já disse quase tudo sobre os aspectos técnicos e funcionais das Playlink, resta-me agora dedicar-me a as-pectos complementares que têm funda-mentalmente a ver com a reprodução de ficheiros de alta resolução e o streaming de áudio.

E começo por concordar com ele em que, se bem que a Playlink 4 seja extre-mamente conveniente em termos de por-

tabilidade, conveniência esta aumentada pela bateria interna, a Playlink  6 é sem dúvida a que permite obter um nível de desempenho mais convincente em ter-mos globais. Isto torna-se especialmente evidente quando se reproduzem ficheiros com qualidade de CD ou mesmo superior, como eu pude confirmar com diversos fi-cheiros FLAC de 24 bit/ 96 kHz. O som era bastante amplo e espacial, com uma dinâ-mica que agradava e mesmo com uma re-produção de grave que surpreendia pela extensão, em face das dimensões da colu-na. Ouvir música de jazz era algo que nos convencia de sobremaneira e chegava a espantar quando pensávamos que o som saída de uma única coluna. Sinceramente, gostava de ouvir duas Playlink 6 em con-figuração estéreo puro. Mesmo no caso de um grupo de rock mais «prá frente», como os Guns & Roses em November Rain ou Sweet Child of Mine, foi mesmo muito in-teressante ouvir o que estas surpreenden-tes colunas têm para oferecer. E, quando se considera que a portabilidade permite que as levemos para qualquer divisão da casa sem que se tenha qualquer perda na qualidade da reprodução, desde que se te-nha cobertura Hi-Fi, a agradabilidade au-menta.

A facilidade de utilização, já de si evi-denciada pela excelente App disponí-vel para Andoid e iOS, ficou realçada de modo ainda mais evidente quando fiz o acesso ao streaming da Tidal, um novo «operador» desta área que disponibiliza ficheiros com qualidade de CD sem qual-quer tipo de compressão, através de uma subscrição experimental. Por oposição ao Spotify, de que nunca consegui gostar, o serviço da Tidal tem uma biblioteca vas-

tíssima, disponível com qualidade de CD e que finalmente permite que se ouça mú-sica em streaming com um elevado nível de qualidade. E vale a pena ouvir músi-ca assim nas Playlink, que decididamente nos recompensam de modo directamen-te proporcional à qualidade dos ficheiros que lhes damos a reproduzir. É eviden-te que não têm como seus destinatários fundamentais os audiófilos «empederni-dos» e olham numa outra direcção: os que gostam da música como uma companhia omnipresente mas que não gostam de sa-crificar a qualidade a essa conveniência.

ConclusãoA solução Playlink vai muito mais além do que a maioria das outras propostas exis-tentes no mercado que, na maior parte dos casos, se baseiam apenas na ligação sem fios Bluetooth com elevados níveis de compressão. O recurso ao Wi-Fi e a possi-bilidade de reprodução de ficheiros de alta resolução são mais-valias assinaláveis des-ta solução da Lenco. Para os mais jovens nestas andanças é o produto perfeito, pa-ra os de memória mais longa, um regres-so auspicioso para uma marca que domi-nou o mundo dos gira-discos por um bom número de anos.

Preços:

Playlink 4 199 m

Playlink 6 299 m

Distribuidor: MEI Europa

Telef.: 219 100 900

www.mei.pt

MAR - ABR 2015 / 251

Audio & Cinema em Casa 57

Leonel Garcia Marques

As dicotomias dão jeito. Ou preto ou branco. Ou isto ou aquilo. Ou ana-lógico ou digital. As dicotomias

dão jeito, tornam simples o complexo. Mas às vezes lá surge a coisa inclassificável. Neste caso, a coisa inclassificável, como veremos, é o Burmester 113 DAC.

A Burmester Audio é uma empresa alemã que produz equipamento de áudio desde 1977. Dedica-se à produção de al-guns dos melhores, mais exclusivos (e mais caros) produtos de áudio de topo de gama do mundo, o tipo de equipamento que se pode encontrar com um Porsche Cayenne, um Mercedes-Benz Class  S ou um Bugatti Veyron à volta. Nas palavras do fundador Dieter Burmester, a marca ten-ta estabelecer uma «tensão criativa entre o artesanato tradicional e a tecnologia de ponta». Uma espécie de quimera feita de contrários, a tal coisa inclassificável. Die-ter Burmester, aliás, é, ele próprio, músico e engenheiro, encerrando em si mesmo a mesma tensão criativa.

Tudo isto vem a propósito do peque-no Burmester 113 DAC. Mais um DAC? Não é, de todo. Antes de mais porque a gran-de maioria dos outros DAC’s são produtos de fábrica. Quero dizer, devido à complexi-dade e à necessidade de os componentes serem precisamente conjugados, quase todos os DAC’s hi-fi são implementados como circuitos integrados e, normalmen-te, as marcas compram esses chips a fabri-cantes especializados (Cirrus-Logic, Texas Instruments / Burr-Brown, Wolfson, ESS,

etc.). O Burmester 113 DAC é um produ-to artesanal, no sentido em que a marca fabrica o seus próprios chips de conversão. E, no entanto, apesar da nobreza das suas origens, não se pode dizer porém que o seu preço seja estratosférico. O Burmester 113 DAC foi concebido no decurso do de-senvolvimento do módulo de actualização dos leitores de CD’s 061, 069 e 089 (esses sim a preços estratosféricos acima da de-zena de milhares de euros) e, apesar da grande diferença de preços, os seus chips de conversão digital/analógico e de sam-ple rate (SRC) são basicamente idênticos aos encontrados nesses equipamentos. Por isso, este pequeno DAC permite, a um preço elevado mas não exorbitante, ace-der ao mundo audiófilo da primeira linha, pouco acessível ao comum dos mortais.

A aparênciaO Burmester 113 DAC possui dimensões relativamente modestas (A x L x P = 200 × 60 × 165 mm) e quilo e meio de peso. No painel frontal possui botões para seleccio-nar a fonte digital (Toslink vs. RCA) e clas-

se áudio de USB (1 vs. 2, low vs. high), para escolher os codecs Bluetooth, SBC ou aptX, para upsampling, com as opções 48 kHz, 96 kHz e 192 kHz (todas a 24 bit), para inversão de fase (180º), além do in-terruptor de alimentação. O design é sóli-do e tem o célebre toque da marca – o pai-nel frontal de um prateado inconfundível, de crómio, uma opção estética mas tam-bém um sinal da longevidade e fiabilidade da construção. De menos positivo, apenas a ausência de uma entrada USB no painel frontal e aquele estranho símbolo de liga-ção Bluetooth que parece representar lite-ralmente um dente azul!

A conectividadeO Burmester 113 DAC possui duas entra-das digitais S/PDIF (uma RCA e outra Tos-link), mas também uma entrada USB (clas-se 1 e classe 2 áudio), e oferece suporte para transmissão de dados sem fios (e até a norma aptX para melhor qualidade de som, via Bluetooth). O 113 tem também duas saídas digitais (RCA e Toslink) e duas saídas analógicas (RCA e XLR).

BURMESTER 113 DAC: UM CONVERSADOR ANALÓGICO/DIGITAL

Audio & Cinema em Casa58

teste

O desempenhoComeço pelo resultado que mais me sur-preendeu, porque isso explicará algu-mas opções tomadas neste artigo. Liguei o meu leitor Primare CD31 através da en-trada digital RCA do 113, ignorando assim os DAC’s nativos (quatro conversores de 24 bit/96 kHz Burr-Brown PCM1704 D/A) do Primare, e de que eu gosto muito. Não ti-nha grandes expectativas, porque já tinha experimentado fazer o mesmo com outros DAC’s externos e o resultado foi sempre in-ferior ao obtido com recurso aos DAC’s na-tivos do CD31. Mas aqui o resultado foi ou-tro. O desempenho sonoro do leitor de CD’s ficou bastante melhor. Mais profundidade, melhor resolução rítmica, maiores con-trastes, médios mais naturais, baixos mais completos, mais redondos. Pode-se até di-zer que o 113 tem um aroma a válvulas ou até qualquer coisa de vinilo. Enfim, o pal-co sonoro tornou-se tão deslumbrante que nunca mais voltei à configuração original. Daí que excepcionalmente não apresen-te qualquer playlist simplesmente porque seria demasiado longa. Dos «Brandenbur-gueses» de Bach à família Thompson, de Vincent Herring a Lauren White, passando pelos Cake, Lucinda Williams, Damien Rice ou a Banda do Mar, o 113 tudo fazia ficar mais vivo, mais excitante, às vezes mais solene, outras mais emotivo, mas sempre mais verdadeiro. Um espanto.

Um desempenho bastante semelhan-te se consegue ligando o meu leitor Sony

SCD XE800, que é bastante inferior ao Pri-mare em modo CD, através da mesma en-trada S/PDIF RCA. Resultados também aproximados são obtidos ligando o meu computador portátil através da entrada Toslink. Óptimo.

Mas nem tudo são rosas. Como possuo um PC e não um MAC, o USB classe 2 áudio ficou limitado à classe 1 que é verdadeira-mente inferior. Até o streaming da Qobuz ou da Tidal se mostra insuportável de tan-tos soluços. Tal será um problema grave para os utilizadores de um PC sem saídas S/PDIF. Um pequeno truque é usar o ipuri-fier (http://ifi-audio.com/portfolio-view/accessory-ipurifier/) que, ao separar o si-nal eléctrico do sinal sonoro, consegue uma redução do ruído digital na ordem dos 5 dB. No entanto, apesar do desem-penho melhorar, não se iguala ao alcança-do com o USB classe 2. E o problema seria tão simples de evitar! Bastaria que a Bur-mester desenvolvesse um driver adequa-do à classe  2, como fazem tantas outras marcas. Quanto à utilização através das li-gações de Bluetooth, o desempenho mos-trou as limitações normais deste modo de transmissão de dados como medium au-diófilo (mas não experimentei a norma aptX que, supostamente, produz melhores resultados).

ConclusãoUma pequena história resume tudo. Sou um fã do formato SACD (embora a sua

Brumester 113 DAC

Preço: 2900 euros

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superioridade não se revele em todas as gravações, dependendo da colocação e do número de microfones, da masterização, da dimensão acústica da música, etc.). No entanto, sou da opinião que para ouvir ja-zz acústico não existe formato melhor. Pa-ra isso tenho o leitor Sony SCD XE800 que, quando encontra SACD’s e os lê no mo-do Superaudio, produz resultados bastan-te apreciáveis. Isto tudo vem a propósito, de um destes dias ter estado a ouvir uma gravação nova de Diego Urcola e precisar de a interromper. Carreguei no respectivo botão do comando da Sony, e nada. Abri o comando, troquei as pilhas, e nada. Olhei para o comando espantado e, eis senão quando, reparo que não estava a ouvir ne-nhum SACD mas sim um CD no meu Pri-mare com a ajuda inestimável do 113. SA-CD’s para quê?

O Burmester 113 DAC faz jus à marca e o preço é bem mais abordável do que a qualidade dá a entender. Não é barato, é certo, mas pode ser associado a um trans-porte de CD modesto com grandes resulta-dos. É, também, a oportunidade de ter um equipamento de referência em casa sem ser do clube dos privilegiados. Porque o Burmester 113 não é um mero conversor digital/analógico, é um apóstolo digital do analógico, capaz de convencer, estou cer-to, muitos vinilistas convictos. O Burmes-ter 113 DAC é um verdadeiro conversador entre o digital e o analógico, porque esba-te as diferenças entre ambos, tornando-se assim um representante ideal da filosofia da marca.

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Audio & Cinema em Casa 59

Avid Pulsare II um prévio de phono de grande nívelJorge Gonçalves

Com quase 20 anos de existên-cia e localizada perto de Cambri-dge, numa zona rica em fábricas

de produtos de alta-fidelidade, a Avid é um reputado fabricante de equipamen-tos destinados è audição de discos analó-gicos, muito em especial os seus belos gi-ra-discos com estrutura em acrílico, bem como prévios de phono, complementados por uma parafernália de acessórios ligados a esta actividade, tais como cabos, mesas e acessórios de alinhamento. Quase des-de o primeiro dia os seus gira-discos têm sido elogiados, quase com reverência, por entusiastas de áudio de todo este mundo.

Há alguns anos a Avid achou que era tempo de empregar igualmente to-do o seu know-how no desenvolvimen-

to de prévios que amplificassem os sinais de saída dos seus gira-discos, e foi assim que nasceu uma nova linha de electrónica, com o Pulsare a ser o primeiro exemplar da gama. E tinha que ser algo que se des-tacasse do que já existia no mercado, até porque seria o complemento óbvio para os seus gira-discos de alta performance. Por outro lado, o recurso a uma caixa separada para a electrónica tem a grande vantagem de, por um lado, se poder optimizar cada um dos circuitos electrónicos sem sermos limitados por questões de espaço disponí-vel e, por outro, de com esta configuração se afastar completamente o transforma-dor de alimentação dos sensíveis circuitos electrónicos que trabalham com sinais da ordem dos microVolts. Conrad Mas, a alma

mater da Avid, tem uma metáfora curiosa para justificar a importância de uma boa fonte de alimentação: diz ele que, se tiver-mos um carro de alta performance é em muitos casos possível utilizar gasolina de baixas octanas, no entanto, só com a ga-solina de 98 ou mais octanas é que con-seguimos perceber exactamente aquilo de que ele é capaz. O mesmo se pode dizer em relação a um bom projecto de elec-trónica, para o qual a qualidade da fon-te de alimentação é fundamental para que possamos retirar dele tudo aquilo de que ele é capaz.

Um outro aspecto interessante da Pul-sare é que cada unidade é fabricada por uma mesma pessoa. Depois de termina-da, as respectivas medições e número de

Audio & Cinema em Casa60

teste

série são arquivados, para o caso de vir a ser necessário mais tarde fazer qualquer intervenção. Mas é claro que, passados cerca de quatro anos sobre o lançamen-to do Pulsare, era tempo de ele sofrer al-gumas melhorias, e foi assim que eu tive a possibilidade de experimentar e ouvir o Pulsare II, de que vos vou falar então, co-meçando pela:

Descrição técnicaA estrutura do Pulsare II divide-se por dois chassis, ambos com uma sólida constru-ção, com acabamento a negro e pés cro-mados, e contendo um deles a alimenta-ção e o outro os circuitos electrónicos de amplificação. A fonte de alimentação co-meça por surpreender pelo seu peso, mas a razão para esta imponência descobre-se rapidamente quando se retira a tampa e se vislumbra o imponente transformador toroidal com uma potência de 258 VA, po-tência esta suficiente para alimentar mui-tos amplificadores de potência. Ao lado desse transformador situa-se um circui-to impresso que alberga não só os fusí-veis de protecção, cinco no total (um para cada um dos enrolamentos de alimenta-ção independentes), três pontes rectifica-doras, a filtragem, a qual tem lugar atra-vés de quatro condensadores electrolíticos Sanwha de 10.000 microfarad, 63  V, e a regulação de tensão. Para implementar esta estabilização a Avid recorreu a qua-tro reguladores de tensão de saída ajustá-vel, dois para tensão positiva – LM317 – e dois para tensão negativa – LM337 –, ajus-tados respectivamente para +15 V e -15 V. Existe ainda uma quinta tensão de alimen-

tação, de 12 V, a qual se destina aos cir-cuitos de controlo, nomeadamente os vá-rios relés de comutação. Apesar de eles pertencerem ao circuito principal, alojado no segundo chassis, convém aqui desta-car desde já a excelência destes relés, de fabricação Panasonic, com contactos du-plos de prata e paládio (com o contacto não móvel revestido a ouro) numa câma-ra selada a gás, uma elevada resistência aos choques mecânicos e um consumo mí-nimo – 140 mW. Destaco igualmente des-de já a colocação pouco usual do interrup-

tor de ligação, situado na parte inferior do chassis, junto ao painel frontal, bem como a existência na parte traseira da fonte de alimentação de um comutador que permi-te ligar ou desligar a ligação ao chassis do ponto comum da alimentação, o que po-derá obviar eventuais loops de massa.

Os circuitos principais estão situados sobre um circuito impresso que ocupa toda a área da parte inferior do segun-do chassis, estando a amplificação inicial entregue a Ampops duplos Burr Brown OPA2134 (um por canal), pertencentes à

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Avid Pulsare II teste

série Sound Plus, com distorção e ruído extremamente baixos (respectivamente 0,00008% e 8 nV/Hz-1/2). A correcção RIAA é do tipo passivo, implementando a cor-recção de agudos Neumann (a precisão é de ±/0,5 dB desde 5 Hz a 70 kHz), e se-gue-se um segundo andar de amplificação baseado um outro OPA2134.

Na saída encontramos quatro Ampops, dois por canal, agora do tipo OPA2211, um modelo duplo da Burr-Brown / Texas Ins-truments novamente com um ruído muito

baixo (1,1 nV/Hz-1/2), grande estabilidade e rapidez de resposta (tempo de estabili-zação de 700 ns). A duplicação dos ampli-ficadores operacionais, cada um deles já do tipo duplo, tem a ver com a configu-ração totalmente balanceada do circuito, desde a entrada até à saída.

As tensões de alimentação provenien-tes da alimentação independente são for-temente desacopladas na entrada, através de bancos de quatro condensadores de 8,2 microfarad cada um, sendo esta acção

complementada através de condensado-res electrolíticos Rubicon e novamente da Sanwha, gama NP, com uma temperatura de funcionamento de grau industrial – 105 graus centígrados.

Com disse atrás, as comutações das cargas resistivas e capacitivas da cabeça de gira-discos têm lugar através de relés de contactos dourados/prateados, estan-do disponíveis valores de resistência des-de 10 Ohm até 47 kOhm e de capacidade desde 100 pF até 20 nF. Para aqueles que pretendem ajustar o valor da resistência de carga com um elevado nível de preci-são, estão disponíveis no circuito impres-so duas fichas RCA fêmeas, nas quais se podem inserir fichas RCA com uma resis-tência de um valor tal que, colocada em paralelo com o valor seleccionado através do comutador rotativo do painel frontal, dê origem ao valor pretendido. Está igual-mente disponível um filtro subsónico, para eliminar sinais de frequência muito bai-xa que possam originar vibrações espúrias nos altifalantes. Está igualmente disponí-vel um comutador para colocar a saída no modo mono, muito útil para afinar a posi-ção exacta das colunas na sala de audição.

De um modo pouco usual, as entra-das do tipo RCA podem funcionar no modo single-ended ou no balanceado, dependo de como estão configuradas as ligações de saída da cabeça do gira-discos. Mas é evi-dente que a ligação puramente balancea-

Audio & Cinema em Casa62

da deve efectuar-se através das fichas XLR de entrada, isto, claro, desde que o cabo do gira-discos esteja equipado com fichas deste tipo. O ganho do andar de phono pode ser ajustado para valores de 40, 50, 60 ou 70  dB, sendo o ruído máximo de -81 dB para a entrada MM e de -67 dB pa-ra a MC. A diafonia (separação de canais) é de -90 dB, para a banda de frequências entre 5 Hz e 20 kHz.

Audições Tal como já disse quando do teste destes equipamentos, o Pulsare II foi combinado com o prévio e amplificador de potência Inspiration, da Contellation. A saída utiliza-da foi a balanceada, com cabo Kimber Se-lect de prata, estando o andar de phono li-gado ao gira-discos Basis Gold Debut, com braço SME  V Gold e cabaça van den Hul Colibri Grasshopper. O cabo de ligação en-tre o gira-discos e o Pulsare alternou entre um Audioquest modificado que utilizo pa-ra este tipo de ligações e o cabo de prata da van den Hul que acompanha por defei-to o SME V. As colunas eram as Quad ESL 63 Pro e o cabo de ligação às colunas o Kimber Select híbrido KS3035. O termo de comparação principal foi o andar de phono do meu prévio, o qual conheço quase já de olhos fechados e tem igualmente um ex-celente nível de construção e uma configu-ração diferencial com espelho de corrente, embora não seja do tipo balanceado.

Tudo pronto e equilibrado, nada como dar início às hostilidades. Para tal escolhi como valor de resistência de carga 500 Ohm, muito próximo dos 400 Ohm que uti-lizo no meu prévio, e a capacidade mínima de carga de 100 pF. Inicialmente detectei um ligeiro zumbido nas colunas, mas esse problema foi resolvido desligando a liga-ção de massa na alimentação e utilizan-do apenas uma das três ligações de massa que o meu gira-discos e o braço SME dis-ponibilizam: veio do prato, estrutura do braço e cabeça. Feito isto e obtendo como recompensa uma excelente relação sinal/ruído, comecei a «alimentar» o gira-discos, primeiro com alguns dos meus discos bem conhecidos e depois com um bom núme-ro de novidade que tenho sempre aqui pa-ra ocasiões especiais, já que cedo detectei que o Pulsare  II não é exactamente um prévio de phono como os outros.

Aquilo que mais impressiona logo de entrada é o modo como os graves nos são apresentados, com uma precisão que eu pensava ser possível em termos de leito-res de CD’s, muito em especial pelo CD12, isto sem de algum modo querer entrar em tricas de comparações entre vinilo e CD. Eu sou um adepto indefectível do analógico,

mas não sou fundamentalista ao ponto de não reconhecer aquilo que é possível obter do CD, principalmente com alguns leitores de CD’s. Mas o desempenho do Pulsare II vai bem mais além do que esse comporta-mento soberbo nos graves: a música soava como que em ponto maior, muito sólida e tridimensional, com um marcante grau de segurança e uma dinâmica que entusias-mava bem para além do momento de ba-ter o pé. E posso dizer isto porque explorei bem as capacidades deste prévio de pho-no, aplicando-lhe na sua entrada trechos musicais bem exigentes e muitas vezes de elevada complexidade.

E se há música que, se bem que se-ja do agrado quase imediato de quem a ouve, se pode considerar bem exigente, quer em termos de dinâmica quer de va-riedade de instrumentos, a música clássi-ca russa cai bem dentro dessa categoria. Pessoalmente gosto bastante da maioria dos compositores russos. E um dos bons exemplos deste tipo de música pode ser sem sombra de dúvida o LP da Classic Re-cords com Fritz Reiner a conduzir a Orques-tra Sinfónica de Chicago, com o sugestivo título de Festival e uma capa verdadeira-mente esplendorosa de cor e movimen-to. Ouvir a Marcha Eslava, de Tchaikovsky, ou a abertura do terceiro acto do Príncipe Igor, de Borodin, é uma experiência emo-cionalmente desafiante, pela complexida-de emocional de ambas estas obras. No primeiro caso temos como que uma mis-tura entre o hino nacional russo e uma estrutura melódica cheia de dinâmica e movimento, e no segundo as coisas tor-nam-se ainda mais densas, com o acrés-cimo de sentimento de barbárie inerente aos povos tártaros, e só é pena que nes-ta interpretação não esteja contida a forte componente coral, a qual pretende assina-lar a chegada do poderoso cã. E como o

Pulsare II de deliciou com esta «dieta» rus-sa (tenho de ter algum cuidado com as pa-lavras, pois a Dieta é o parlamento russo e, se me descuido, ainda sou acusado de es-tar a brincar com algo que não pode ser sujeito a este tipo de jogos de palavras). A orquestra debitou verdadeiras torrentes de energia, mas tudo com a máxima com-postura e, fundamentalmente, com uma correcção espacial de nos colocar em sen-tido. Mas, se as grandes orquestras e as fortes dinâmicas são aquilo que faz o Pul-sare II sentir-se na suas sete quintas (veja--se a facilidade com que ele reproduziu a complexa sarabanda do início da peça Co-las Breugnom, de Kabalesky), isso não sig-nifica que ele se não se delicie igualmente com pequenos grupos orquestrais, tais co-mo o que interpreta a Marcha Miniatura, de Tchaikovsky, contida no mesmo disco, com uma colocação primorosa dos instru-mentos, predominantemente do lado es-querdo do palco, reproduzindo aquilo que foi o posicionamento dessa mini-orquestra quando da gravação original.

Passando agora a outros tipos de mú-sica, que delícia não foi ouvir a belíssima voz de Rebecca Pidgeon, no disco The Ra-ven, a cantar a música que dá o título ao LP mas, muito mais interessante, pelo me-nos para o meu gosto, foi ouvir Spanish Harlem, uma canção de que já ouvi umas boas dezenas de interpretações mas, de entre todas elas, há duas que eu prefi-ro em relação a todas as outras: esta que aqui menciono e a de Linda Ronstadt, a qual faz parte de um disco do qual, infe-lizmente, perdi todas as pistas sobre a sua localização, mas que daria tudo para voltar a ter na mão. Mas, voltando a Rebecca Pi-dgeon, a sua voz é reproduzida com uma extraordinária clareza, e nos mais peque-nos detalhes, independentemente do ní-vel de pressão sonora posto em acção no

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Avid Pulsare II teste

momento e com um calor humano quase sobrenatural. As músicas mais familiares que eu tinha na minha musicoteca pare-ciam ter agora um «algo mais», difícil de definir concretamente, mas que segura-mente era bom e agradável.

Continuando esta minha peregrinação quase de Fernão Mendes Pinto, tive a ideia de ir reouvir um disco que comprei aqui há uns anos no Japão, o paraíso do vinilo e com muitas edições locais que são qua-se impossíveis de encontrar fora do país, o Beatles for Sale, em vinilo de 180 gra-mas e em mono, claro, respeitando o mais possível a fita master original. Ouvir Mr. Moonlight ou Eight Days a Week é regres-sar muitos anos para trás, mas com um ní-vel de qualidade com que apenas se podia sonhar nos tempos em que o disco origi-nal foi colocado à venda, em que a maior parte dos ouvintes recorriam a gira-dis-cos portáteis tais como os hoje em dia tão procurados Dansette. Claro que também dá para perceber que, como alguns enge-nheiros de som mais tarde confessaram, havia muito «assassínio» cometido no es-túdio quando da masterização, umas vezes por interferência dos membros da banda, outras pelos «masterizadores» de sua pró-pria autoria. Mas este é um tema que já tem barbas e que já foi tantas vezes dis-cutido que não vale a pena continuar por este caminho. O que interessa aqui é que,

com ou sem truques de estúdio contidos no disco, o Pulsare II fez lembrar em ter-mos muito aproximados o que eram os sons dos anos 60 do século passado, in-cluindo a quase presleyana, ou talvez um pouco mais para o estilo de Paul Anka, Ho-ney Don’t.

E nada como voltar a uma bela voz feminina, desta vez Lyn Stanley, através de um dos discos audiófilos mais venara-dos de todos os tempos – Lost in Roman-ce. You Go to My Head é um verdadeiro monumento da arte de bem cantar e on-de Lyn demonstra toda a sua excepcional capacidade de pronunciar os vocábulos de um modo perfeito, com as palavras a jorra-rem-lhe da boca como água fresca borbu-lhando na nascente do rio. Fez-me lembrar o título de uma obra de que apenas ou-víamos falar nas aulas de história dos ve-lhos tempos, penso que da autoria do rei D. Duarte e intitulada A Arte de bem Ca-valgar Toda a Sela. Pois Lyn domina bem a arte de bem pronunciar todas as palavras e tem um uma voz quente e quase insidio-sa, que cai que nem sopa no mel com as características sónicas do Pulsare II.

E, para terminar em beleza, menciono aqui apenas mais um dos mesmos mui-tos discos de vinilo que ouvi: a Ode à Co-roação, de Elgar. Esta é uma obra de uma forte complexidade vocal e com uma es-trutura dinâmica que pode colocar em

sentido muito sistema e muitos prévios de phono, e que é fundamentalmente conhe-cida pela sua parte final denominada Land of Hope and Glory. A gravação que tenho, da Alto Recordings, resulta da fita original da EMI e consegue ir buscar muita da en-volvência dinâmica e da imponência desta obra, muito perto do máximo que é pos-sível ter em nossa casa, pois esta é uma obra que só pode soar no seu melhor ao vivo e numa sala de concerto que lhe faça justiça. No caso vertente a gravação teve lugar na capela do King’s College, embora para mim o local ideal teria que ser o Royal Albert Hall, pelo menos na sequência das excelentes memórias que tenho dos tem-pos em que a RTP, em vez de se dedicar ao futebol tal como sete ou oito mais ca-nais da televisão por cabo, era realmente serviço público e transmitia o concerto de encerramento dos Promenade em directo. Mas, voltando a esta gravação, a combina-ção da componente orquestral com o coro do King’s College, e os contrastes dinâmi-cos entre os momentos de quase silêncio absoluto e os crescendos assoberbantes da combinação de coro e orquestra, foram perfeitamente reproduzidos pelo Pulsa-re  II, com uma grande dose de naturali-dade e um forte sentimento de pertença, assim como quem diz: «dêem-me música desta que assim é que eu me sinto à von-tade». E, uma das coisas que pude apre-

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ciar de modo muito completo neste prévio de phono é que ele tem uma qualidade que é difícil de encontrar num equipamen-to de áudio: soa extraordinariamente bem mesmo a volumes muito reduzidos, como os que têm de se utilizar a horas já avan-çadas da noite, melhor dizendo da madru-gada, embora eu diga sempre que o «dia começa à meia-noite», por isso pelas duas ou três horas da manhã não é tarde, an-tes pelo contrário. Mas sei por experiência própria que esta não é exactamente uma opinião que se possa considerar consen-sual, por isso evito o mais possível inco-modar os outros elementos do agregado familiar (ou os vizinhos) a partir de certas horas. E, desse ponto de vista, e não só, o Pulsare  II mostrou ser muito colaborante, permitindo-me ouvir música quase com toda a sua complexidade dinâmica mes-mo a níveis sonoros bem reduzidos.

Conclusão A Avid sabe seguramente fabricar gira-dis-cos, como se pode ver visitando o seu si-te e se pôde ouvir no último Audioshow. Mas o Pulsare  II demonstra que a marca domina igualmente com grande mestria a arte da amplificação dos minúsculos si-nais provenientes das cabeças de gira-dis-cos. O Pulsare  II entra por direito próprio na galeria dos prévios de phono de gran-de nível. Claro que tem um preço a con-

dizer, mas esse é um óbice que, por mais que se queira, não é fácil de ultrapassar. As capacidades de ajuste são vastíssimas e apenas deixo como pequena nota o pedi-do para os projectistas da marca de incluí-rem a possibilidade de selecção de um va-lor de ganho intermédio entre 60 e 70 dB. 66 dB é um valor quase consensual e pa-rece-me a mim que poderia ser quase a cereja no topo do bolo para aquilo que eu defendo como paladino há muitos anos e que continuo a esperar que mais e mais fabricantes de equipamentos de áudio apoiem: um dos aspectos que mais pode contribuir para a optimização do desem-penho global de um sistema é o equilíbrio dos ganhos de cada um dos seus compo-nentes. Tendo como dado quase universal que a esmagadora maioria dos amplifica-dores de potência tem um ganho de ten-são de entre 27 e 30 dB, não será muito complicado partir desse ponto para o iní-cio da cadeia e ir definindo qual o ganho ideal do prévio e que sinal de saída devem ter as fontes (incluindo nessa área os pré-vios de phono) de modo a que cada com-ponente funcione na sua zona de conforto optimizada e mantenha ao mesmo tempo uma reserva em termos dinâmicos que lhe permita acompanhar de modo quase ins-tantâneo os transientes que fazem parte da estrutura da música. Não parece muito difícil conseguir isto quando olhamos pa-

Avid Pulsare II

Preço 5000 euros

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www.paucasedbona.pt

ra esta descrição, mas olhem que em ter-mos práticos já muitos grandes sistemas falharem exactamente porque na combi-nação dos seus elementos não se teve em atenção esta regra tão básica. E, ao mes-mo tempo, não deixo de crer que uma boa parte das diferenças de desempenho que notamos entre diversos sistemas têm mui-to a ver com o modo como a combinação dos equipamentos produz resultados mais ou menos próximos dessa tal combinação ideal de ganhos individuais. Mas essas são contas de outro rosário: o Pulsare II é, por direito próprio, um grande produto e me-rece que lhe seja dada toda a atenção por parte daqueles que gostam do som de vi-nilo ao seu melhor nível.

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teste

Jorge Gonçalves

Ao fim de tantos anos escrevendo sobre áudio, é refrescante ver al-guém como que voltar às raízes

fundamentais do nosso sentido de audi-ção e abordar temas tão interessantes co-mo os artigos originais de Blumlein, que já datam de há mais de oitenta anos.

De facto, embora seja uma persona-gem envolta em algum mistério e sobre a qual nunca foi possível escrever a há muitos anos prometida biografia, por dis-sidências com os dois filhos que lhe so-breviveram e devido a várias das suas actividades terem sido conservadas sob rigoroso sigilo, em face da sua participa-ção na 2.ª Grande Guerra, Blumlein foi um brilhante engenheiro ao qual se devem descobertas de grande valor, a não me-nos importante das quais a invenção do formato estereofónico, ou binaural, como Blumlein lhe chamava.

Grande parte do seu trabalho foi de-senvolvido entre 1921 e 1942, ano da sua morte, causada pelo despenhamento de um avião de carga que fazia testes ao sis-tema de radar H2S, o qual foi mais tarde instalado nos bombardeiros britânicos pa-

iFi AUDIO iTUBE, O SOM BINAURAL

ra aumentar a precisão do lançamento de bombas. Blumlein trabalhou primeiro nos laboratórios da Bell, tendo passado depois para a Columbia Gramophone Company, a qual daria mais tarde origem à EMI. Para além do som binaural, Blumlein inventou igualmente a cabeça de corte de discos de bobina móvel, ainda hoje utilizada na es-magadora maioria das máquinas de pro-dução de discos master de vinilo.

Mas o que para aqui interessa é o ex-celente trabalho de Blumlein na área da gravação e reprodução de som através de duas fontes (altifalantes ou auscultado-res) e que, embora pontualmente utiliza-

do nalgumas gravações, tem estado quase completamente esquecido, salvo por par-te de Tony Faulkner, um dos mais presti-giados engenheiros de som britânicos, e Michael Gerzon, um ilustre matemático, infelizmente já falecido e o qual levou o conceito várias etapas adiante, com a in-venção do formato surround Ambisonics e ainda do microfone múltiplo Calrec. Pon-tualmente, a editora Nimbus lançou algu-mas gravações no formato Ambisonics.

Pois a iFi Audio, bem conhecida nestas páginas pelos diversos testes já publicados relativamente a equipamentos seus e ain-da pelo prémio EISA 2014-2015 que rece-

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beu, resolveu investigar igualmente este tecnologia e, depois de a ter incluído no seu amplificador de auscultadores iCAN, lançou agora o iTube, um buffer de sinais de linha que tem a originalidade de incluir uma válvula no circuito de áudio e que, ao mesmo tempo, permite ter uma ideia inte-ressante do sistema binaural de Blumlein, o qual, neste caso, olha fundamentalmen-te para as frequências graves, mais difíceis de localizar espacialmente, e introduz-lhes uma alteração de fase que permite des-cobrir com facilidade se, por exemplo, um timbale está mais à esquerda ou mais à di-reita, em vez de sempre ao centro em to-das as gravações.

Um dos pressupostos por detrás do lançamento do iTube tem a ver com o fac-to de a inserção da válvula no circuito, um duplo-tríodo de especificação militar da GE, permitir funcionar como «antído-to digital», retirando do som do CD muito daquilo que se designa por digitalite. Ao longo dos mais de 30 anos de existência do CD muitos têm sido os equipamentos deste género a serem lançados, desde to-talmente passivos (caso, por exemplo do transformador DLT-1 da Marantz, lançado nos anos 90) a circuitos activos de maior ou menor sofisticação.

Descrição técnica O iTube não recorre a processamentos DSP e limita-se a trabalhar o sinal no domínio analógico, fazendo-o passara através de filtros passivos RLC, que introduzem subtis rotações de fase a determinadas frequên-cias e ajudam a localizar os instrumentos que emitem frequências de valores relati-vamente baixos. Segundo a iFi Audio, es-te iTube pode ser utilizado com excelen-tes propósitos numa grande variedade de aplicações: sistema de áudio conven-cional, sistema de áudio portátil, som de computador, sistemas de cinema em ca-sa e até mesmo sistemas com fonte ana-lógica – discos de vinilo! As afirmações da iFI Audio são consubstanciadas pelos resul-tados de diversos estudos realizados pe-

la universidade de Frankfurt para a música e artes performativas, nos quais se sujei-tou um conjunto de alunos a um vasto nú-mero de audições «cegas» de um sistema com electrónica totalmente de estado sóli-do e de um outro com electrónica a válvu-las. De acordo com os resultados obtidos, o som das válvulas aumentou o envolvi-mento emocional dos ouvintes, enquanto alguns deles chegaram mesmo a desen-volver uma reacção de rejeição em rela-ção ao sistema de estado sólido ao fim de 50 sessões de audição.

No interior do iTube temos então como elemento activo uma válvula, alimentada em termos de tensão de placa por uma fonte de alimentação comutada baseada no circuito integrado MC34063 com um transístor SMD AN07 na saída. É de real-çar que a válvula 5670 é uma versão NOS (válvula original fabricada há muitos anos pelo fabricante GE mas que nunca foi uti-lizada, permanecendo no stock de um ar-mazenista), de especificação militar JAN (Joint Army Navy) e tem a grande facilida-de de manifestar uma excelente linearida-de mesmo para tensões de placa bastante afastadas dos 150 a 200 V, normalmente utilizadas nas válvulas pré-amplificadoras. O sinal de saída é proporcionado através de dois transístores SMD, um por canal, de modo a poder obter-se uma baixa impe-dância – inferior a 160 Ohm.

O restante circuito do iTube é extrema-mente simples, incluindo então a 5670 na zona central, onde existe um corte no cir-cuito impresso para acomodar a válvula na posição horizontal e diversos componen-tes SMD, incluindo bobinas e condensa-dores, para implementar os circuitos de filtragem que introduzem os efeitos holo-gráficos e reduzem a digitalite. Muito in-teressante a solução encontrada pelos projectistas da iFi Audio para conseguirem montar a válvula na horizontal: montaram a válvula num pequeno circuito impres-so que serve como que de suporte solda-do e instalaram sobre esse suporte aquilo que se chama em inglês um pin header a

90 graus, que encaixa num suporte verti-cal soldado no circuito impresso principal. Por um lado facilita-se a inserção e remo-ção da válvula, por outro tem-se uma fi-xação bem sólida em termos mecânicos e electrónicos. Na parte traseira da caixa estão quatro fichas RCA para a entrada e saída do sinal, enquanto no painel fron-tal encontramos um pequeno botão que actua sobre o potenciómetro de volume e dois comutadores miniatura de alavanca, um para ligar ou desligar o circuito a que a iFi Audio chama Antidote Plus, para «ama-ciar» o som dos leitores de CD’s, e o outro que liga (com dois níveis de actuação) ou desliga o circuito de filtragem para o som holográfico, identificado de maneira sim-ples como 3D. Um conjunto de comutado-res DIP situado na parte inferior da caixa permite escolher entre um ganho de 6 dB ou 0 dB e utilizar ou não o controlo de vo-lume. A caixa pertence à gama micro, em termos de dimensões, e é completamente selada, algo que não seria de esperar, em face do calor libertado pelos filamentos da válvula. De qualquer modo, a temperatu-ra da caixa estabiliza rapidamente e nunca detectei níveis de temperatura anómalos/incómodos no exterior desta.

Audições O iTube foi inserido no meu sistema, fican-do intercalado entre a saída do leitor de CD’s Accuphase DP85 (mais tarde substituí-do pelo Marantz CD12) e o prévio Conste-llation Inspiration Preamp 1.0, por sua vez ligado ao amplificador de potência Conste-llation Stereo 1.0. As colunas eram as ha-bituais Quad ESL-63 Pro. Claro que esta é uma combinação que está bem para além das aspirações do iTube em termos do ti-po e preço dos equipamentos com que se-rá normal ser combinado, mas é agora a que define o meu sistema e, consequen-temente, aquela que me permite tirar as conclusões mais exactas em função de ser a que conheço melhor.

E tenho que apontar já aqui duas des-sas conclusões: a primeira é que o co-mutador Antidote Plus no meu caso não introduziu qualquer acção benéfica, talvez pela qualidade dos leitores de CD’s utiliza-dos, razão porque o coloquei quase desde o início das audições na posição de des-ligado.

Mas, por outro lado, o mesmo já não posso dizer da actuação do circuito binau-ral/3D Holographic Sound. Na maior parte do tempo ficou colocado na posição de ac-tuação média deste circuito de igualização, tendo eu igualmente escolhido o ganho unitário (0 dB) e desactivado o potenció-metro de volume, tudo isto para que a

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inserção do iTube no percurso do sinal pro-duzisse o mínimo de alterações possível.

E não há dúvida de que o efeito 3D é bem sensível, melhor dizendo audível, fundamentalmente de dois pontos de vis-ta: em primeiro lugar na ampliação do palco sonoro, algo em que o conjunto da Constellation já atinge um desempenho bem marcante, e isto sem que a coerência e solidez desse palco sonoro sejam afec-tadas; em segundo lugar numa posiciona-mento melhor definido de instrumentos musicais de percussão, tais como os tam-bores, a bateria ou o contrabaixo. Era-me muito mais fácil definir a periferia de ca-da instrumento em termos volumétricos e, talvez por isso mesmo, os sons de baixa frequência ganharam uma definição supe-rior, quer em termos de limpidez e exten-são de cada nota, quer ainda no que se refere à percepção da intervenção desse instrumento quando combinado com to-dos os outros. E esta definição traduziu-se sempre num superior prazer de audição, independentemente de se tratar de gra-vações com maior ou menor processa-mento em termos de trabalho de estúdio. Apenas como um exemplo, cito a grava-ção de que já falei nestas páginas por mais do que uma vez, e em que Phil Collins e Chester Thompson fazem alarde da sua mestria na bateria, ou dir-se-á melhor ar-tilharia, porque cada um dos instrumentos de percussão tem um verdadeiro arsenal de tambores, isto na faixa Drum Duet, dos Genesis. As palmas e intervenções pon-tuais do público (a faixa foi gravada ao vi-vo num tour dos Genesis, na altura ainda com Phil Collins a fazer parte da compo-sição do grupo) assumem aqui um calor mais intenso e conseguimos seguramen-te atingir um patamar diferente de per-cepção em termos de nos sentirmos como que mais imersos no meio do público. Com o iTube no circuito continuamos a conse-guir distinguir a cada momento em que tambor é que cada baterista está a bater num dado momento, mas agora com uma ainda superior percepção do tambor em si e com um pouco mais de envolvência em termos tridimensionais. É um trabalho ge-nial, que faz parte da colecção das 25 me-lhores faixas de interpretações de bateria, e o iTube conseguiu adicionar um pouco mais de envolvimento emocional quando da sua audição. Outros estilos de música em que a inclusão do iTube tornou muito agradável a performance musical foram a música de câmara e o jazz, principalmen-

te nos pequenos grupos e nas gravações efectuadas ao vivo. Temos como que um calor acrescido na música, um ambiente mais quente, em que as cordas e as pe-les ganham uma tonalidade, por um lado, algo mais macia e, por outro, mais homo-génea em relação à combinação da res-sonância das cordas ou da pele com a da caixa de madeira.

Fiz uma experiência rápida de com-binação do iTube com o amplificador de auscultadores Pioneer U-05-S, ficando ele novamente inserido entre o leitor de CD’s e o U-05-S, e utilizando como auscultado-res os Sennheiser HD700. E não há dúvi-da de que o conceito binaural de Blumlein funciona de modo quase perfeito com aus-cultadores, mesmo que a gravação original tenha sido efectuada de modo convencio-nal e não recorrendo à tecnologia binaural. O som como que sai quase completamen-te fora de cabeça, ficando ali suspenso em volta de nós, com uma superior individua-lização do posicionamento de cada execu-tante dentro do conjunto.

Conclusão Com o grande aliciante de não introduzir colorações excessivamente evidentes na

iFi Audio iTube

Preço 349 euros

Distribuidor Smartaudio

Telef. 919 909 545

www.smartaudio.pt

música que estamos a ouvir, o iTube con-segue introduzir um ligeiro «aroma» na reprodução, que se traduz numa superior espacialidade e que, inclusive, introduz al-gumas interessantes pistas nos termos da localização exacta dos instrumentos de percussão. Num sistema de alto nível em termos de resolução, poderá sentir-se uma ligeira perda de definição absoluta, mas nada que se possa apontar como extrema-mente sensível e que, no extremo, pode-mos aceitar como uma «moeda de troca». E, se considerarmos o preço do iTube, por-que não inseri-lo num sistema com colu-nas de prateleira ou de som de computa-dor com colunas externas? Em termos de relação custo/benefício será muito difícil fazer melhor investimento.

testeiFi Audio iTube

Audio & Cinema em Casa68

devolo dLAN 1200+ Wi-Fi ac, a Internet a toda a velocidade

Jorge Gonçalves

A tecnologia Powerline tem ganho mais e mais adeptos nos últimos anos, ao mesmo tempo que o Wi-

-Fi é algo que pode ser considerado como dado adquirido em qualquer local onde se utilizem computadores. Pois a devolo, um dos fabricantes que mais tem apos-tado no Powerline, resolveu matar dois coelhos com uma só cajadada e lançou o adaptador mais rápido do mundo, simulta-neamente equipado com a capacidade de transmitir dados via Wi-Fi em simultâneo nas frequências de 2,4 e 5 GHz, a uma ve-locidade muito próxima de 1,2 Gb/s.

O aumento de velocidade e a esta-bilidade conseguida neste novo adapta-dor assentam na utilização da tecnologia range+ da devolo, com capacidades MIMO (Multiple In Multiple Out). Esta tecnologia usa todos os três condutores (fase, neu-tro e terra) do cabo de alimentação em si-multâneo para a transmissão de dados e, além disso, um sistema de acoplamento patenteado, usado apenas nos adaptado-res devolo, oferece máximo alcance e es-tabilidade.

A panóplia de possibilidades oferecida por este novo dispositivo da devolo abre um vasto conjunto de possibilidades a to-dos aqueles que estejam a pensar imple-mentar uma rede caseira para streaming de áudio ou vídeo a partir de um compu-tador ou de um servidor NAS.

No número anterior da Audio & Cine-

ma em Casa noticiámos o lançamento do 1200+ e, entretanto, tive a possibilidade de acesso a um Starter Kit e é sobre as ex-periências que com ele fiz que vou falar em seguida.

Descrição técnica e resultados de utilização O dLAN 1200+ Wi-Fi ac permite-lhe em alternativa criar a sua própria rede doméstica Wi-Fi ou complementar uma rede existente, e tudo isto com um sim-ples premir de um botão. Com a função WPS Clone, o dLAN 1200+ Wi-Fi ac obtém os dados da rede doméstica Wi-Fi exis-tente, o que significa que pode facilmen-te configurar um hotspot Wi-Fi totalmente funcional a partir de qualquer tomada da sua casa em poucos minutos.

Os utilizadores avançados podem ain-da seleccionar uma série de funções op-cionais úteis: como a encriptação WPA2 e a filtragem por endereços MAC, que pode restringir o Wi-Fi a apenas alguns termi-nais móveis.

O dLAN 1200+ Wi-Fi ac possui ain-

da duas portas LAN Gigabit, que assegu-ram uma ligação rápida a computadores, servidores e equipamento de electrónica de consumo de ponta, como televisores smart ou consolas de jogos.

A aplicação devolo Cockpit é uma ex-celente auxiliar que facilita em muito a instalação dos adaptadores e permite con-figurar em poucos minutos uma rede em que existam outros dispositivos devolo, pois o 1200+ é compatível com os mode-los dLAN 200, dLAN 500 e dLAN 600 e com todos os adaptadores Powerline que este-jam em conformidade com o standard Ho-mePlug AV(2), o que permite ampliar ou aumentar a velocidade de uma rede já existente com a maior das facilidades.

Tendo em conta que na minha rede caseira já existiam dois outros dispositi-vos devolo, nomeadamente um dLAN 200 e um dLAN 500, posso comprovar a gran-de utilidade do Cockpit para este tipo de situações, já que todos esses dispositivos foram reconhecidos de modo quase ime-diato como estando incluídos na minha rede caseira. Por uma questão de manu-

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tenção dos melhores níveis de velocida-de ao longo da rede optei por colocar o dLAN 1200+ Wi-Fi ac de modo a estabele-cer uma ligação directa entre o router cen-tral e o servidor NAS Synology, colocando ao mesmo tempo a função Wi-Fi em fun-cionamento para poder cobrir uma zona da casa onde desde há algum tempo tinha problemas de intensidade de sinal, já que o sinal do router tinha que atravessar três paredes para aí chegar. E, além de ter um acesso a quase 400 Mbit/s entre os dois equipamentos dLAN+, tinha igualmente velocidades da ordem dos 200 Mbit/s re-correndo ao dLAN 500, o que me permitiu fazer o streaming de filmes para o plasma Pioneer PDP-5080HD e de áudio de alta resolução para o meu computador portátil,

no qual tenho instalado o programa JRiver, e daí para o DAC Pioneer U-05S, o qual ali-mentava o meu sistema de áudio.

Em termos de reprodução de áudio e vídeo tudo funcionou às mil maravilhas, sem qualquer perda momentânea de si-nal e com uma excelente velocidade de transmissão de ficheiros ao longo da re-de. Praticamente toda a velocidade con-tratada e disponibilizada pelo router (100 Mb/s) estava igualmente disponível atra-vés de qualquer dos dispositivos DLAN e, ao mesmo tempo, a rede Wi-Fi foi expan-dida com toda a qualidade a todos os can-tos da casa.

O único senão que posso apontar foi o de pontualmente detectar que, embora o sinal Wi-Fi tivesse sempre uma forte in-

Preços:

Starter Kit: 189 m

Adaptador independente: 129,90 m

Unidade adicional (sem Wi-Fi): 74,90 m

Distribuidor: devolo Portugal

Telef.: 936 315 255

www.devolo.com/pt

testedevolo dLAN 1200+ Wi-Fi ac

tensidade, se perdia a ligação à Internet. No entanto, como já frisei, esta foi uma situação fortuita a que não atribuo gran-de importância, até porque a duração foi igualmente muito curta.

Portanto, a única conclusão que posso aqui deixar é a de que este dLAN 1200+ é uma muito bem-vinda evolução nos dis-positivos Powerline da devolo e que se-rá seguramente uma excelente adição para qualquer rede de dados, doméstica ou profissional. Já não me seria fácil viver sem ele!

Audio & Cinema em Casa70

1 Não é exactamente um «regresso ao passado» mas sim um sistema estéreo do século XXI que Vincent Luke, da iFi Audio se pre-para para pôr em acção: um amplificador Retro Stereo 50 ligado às colunas Retro LS3/5a em suportes. Este conjunto «tudo em um» combina o DAC DSD/DXD iFi Nano e um amplificador de auscultadores com um andar de phono MM/MC e um amplificador integrado totalmente a válvulas.

2 Martin Harding e Abbas Hussain não só propor-cionaram aos visitantes a possibilidade de ver e ouvir a famosa demonstração de bypass de cabos da Wireworld como ainda apre-sentaram a gama completa dos componentes audiófilos Micromega My. Pequenos no tamanho mas não no desempenho, o Micromega MyDac (DAC USB) e o MyGroov (andar de phono) foram acompanhados pelo amplificador integrado MyAmp de 30 W por canal e as colunas compactas de duas vias e 90 dB de sensibilidade MySpeakers.

The Hi-Fi Show 2015, um evento em expansão

Paul Miller/Lee Dunkey

No seu segundo ano, o Hi-Fi Show, o suces-sor do tão conhecido

Penta Show, ganhou em 2014 uma presença alargada no centro de conferências Beau-mont, situado em Old Wind-sor, uma vez que ocupou mais duas alas de suítes no citado hotel. Os entusiastas britâni-cos tiveram a oportunidade de ouvir a crème de la crème do áudio de high-end. Ocorreram vários lançamentos exclusivos para o mercado do Reino Uni-do a partir de icónicas marcas tais como a Krell, Wilson Au-dio, Ming Da, Audio Alchemy, T + A, Mark Levinson, Conste-llation Audio, Trilogy, iFi Au-dio, Trinnov e muitas outras. As enormes suítes Windsor, Wessex e Buckingham mos-traram ser o enquadramento ideal para algumas demons-trações com sons fantásticos, ao mesmo tempo que as ses-sões de trabalho organizadas pela Hi-Fi News só tinham lu-gares livres em pé. Para quem perdeu esta oportunidade úni-ca de ouvir os melhores equi-pamentos de áudio do mundo, aqui fica um breve repositório do que por ali se passou.

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3 Claro que Peter MacKay, da Krell, tem razões para manifestar toda esta satisfação – a sua mão poisa sobre o mais recente amplificador integrado da marca, o Vanguard, o qual debitou sons bem doces, combinado com as colunas de chão Sonus faber Olympica III. O Vanguard debita nada menos de 200 W sobre 8 Ohm e pode receber um módulo digital opcional com entradas S/PDIF, USB e HMDI.

4 Chris Green, da Sound Foundation, apresenta o gira-discos Clearaudio Master Innovation, com um prato flutuante. Tinha montado o braço paralelo Statement TT1i da marca e estava ins-talado sobre uma mesa Olymp. Ouvido através de electrónica e colunas da GamuT, deixou muitos visitantes colados às cadeiras pela sua performance.

5 Aqui temos Irv Gross mostrando a App que permite controlar o espectacular DAC Server Cygnus da Constellation Audio, visto aqui combinado com conjunto transporte/DAC Me-tronome Kalista Ultimate Signature e fonte de alimentação externa. A nova gama «de entrada» Inspiration, com preços próximos dos 12.000 euros para o prévio e para o amplificador de potência estéreo eram as verdadeiras estelas da festa, produzindo sons de «fazer cair o queixo» em conjunto com as Magico S5. 5

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6 Dave Waters, da Musical Fidelity (foto mais pequena) demonstrou o amplificador integrado híbrido Nu-Vista 800. Especificado para 300 W por canal sobre 8 Ohm, soou sublime quando combinado com a série M6 da marca e alimentando as famosas B&W 802 Diamond. A Musical Fidelity aproveitou igualmente a opor-tunidade para desvendar o seu novo gira-discos Round Table e o sistema de componentes Merlin.

7 Marc Hockey, da Harman UK, mostrou uma vas-ta gama de auscultadores das marcas AKG, JBL e Harman Kardon, incluindo o topo-de-gama K8 12 da AKG, bem como o bem mais barato Y50 e ainda diversos modelos equipados com Bluetooth.

8 Umas das colunas que «tinham de ser ouvidas» eram as imponentes Tune Audio Anima, aqui apresentadas por Jack Durant, da BD Audio. Foram combinadas com o gira-discos Verdier La Platine, ligado ao andar de phono Modwright Instruments PH150 e ao prévio LS36.5DM e amplificador KWA 150 Signature Edition da mesma marca.

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9 A elegância era um dado adquirido, uma vez que Gabi Rijnveld, da Crystal Cable, estava à mão para desvendar as novas colunas de suporte Arabesque Minissimo. A caixa é numa peça única, construída a partir de um bloco maquinado de um composto de metal em pó e resina, enquanto os suportes são trabalhados para acomodarem a saída bass-reflex das colunas, a qual tem lugar através da base. Está igualmente na calha uma versão de prateleira das Minissimo.

10 A causar sensação no espaço da Harman Luxury Audio Group tínhamos as espantosas colunas de corneta JBL Everest DD67000, ligadas aos monoblocos N.º 53 e prévio de referência N.º 52 da Mark Levinson. Foi ainda possível ouvir o amplificador integrado N.º 585 com andar de saída em classe A/B, na sua primeira presença em terras britânicas.

11 Bjorn Hegelstad e James Soanes, da Oppo, des-vendaram um dos mais importantes segredos patrocinados pelo show: versões «beta» do amplificador portátil para auscultadores HA-2 e dos auscultadores PM-3, ambos desenhados para utilização doméstica ou em movimento. O lançamento oficial está previsto para o início de 2015.

12 À AnthemAV Solutions não faltaram nunca visitantes interessados nas suas demonstrações do DAC USB/amplificador de auscultadores Geek Out. Os entusiastas puderam experimentar as quatro fortes gamas de modelos, de preços bem diferentes, e sentir por si próprios os saltos de qualidade através dos notáveis auscultadores Oppo PM-1.

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13 Guy Sergeant, da Pure Sound, apresentou o gira-discos STST Motus II, com braço Vertex de 10 polegadas. O andar de phono era o Aurorasound VIDA, acoplado ao andar de linha PREDA, o qual alimentava os monoblocos Pure Sound M845, por sua vez ligados aos altifalan-tes de corneta Ucello, da Simon Mears Audio.

14 Graham Nalty tinha como especial iguaria os cabos Black Rhodium, ligados num sistema que incluía os amplificadores a válvulas MC358, da Ming Da, o leitor de CD’s que fazia conjunto com ele, bem como as colunas Origin Live Ac-tive. O cabo de interconexão ARIA DCT++, em prata pura, foi igualmente posto em destaque.

15 O prémio para a maior «provocação» do show em termos de amplificadores a válvulas tem seguramente que ir para os Dinasty Cantabi-le-Grande, amplificadores da Ming Da, com válvulas 212 no andar de saída. A potência especificada é de 50 W e, quando combinados com as colunas Art, equipadas com altifalantes de ímanes de Alnico, soaram espantosos.

16 Anfitriã da comparação de cabos organizada pela Hi-Fi News, a Audioquest tinha algo mais que alguns cabos de rede, USB, de intercone-xão ou de colunas. Muito mais que tudo isso, a marca demonstrou aos que a visitaram como ti-rar os melhores resultados dos ficheiros de alta resolução. Apoiada num sistema composto por um DAC/streamer Primare NP-30, electrónica de Heed e colunas Kudos Super 20.

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17 Ricardo Franassovici, da Absolute Sounds, tomou conta de três amplas suítes que conti-nham muitos dos melhores equipamentos de áudio high-end actuais. Uma das numerosas novidades exclusivas para o Reino Unido foi a primeira apresentação pública do gira-discos TechDAS Air Force Two.

18 Matthias Bode, da revista alemã Stereo, foi a luz guia dos workshops da Hi-Fi News. Levou consigo vários dos seus discos favoritos e rodou entre diversas salas (aqui neste caso está na da Isotek) demonstrando para salas repletas de ávidos entusiastas situações tais como a melhoria da alimentação do sector (Isotek), o alinhamento temporal (Wilson Audio), efeitos do cabo de ligação USB (Audioquest) e comparação de gravações originais com outras recentemente lançadas e ditas remasterizadas (Brodmann Acoustics).

19 A Kog Audio combinou as imponentes colunas Avalon Transcendent como o prévio TL-6.5 Signature Series II e amplificador estéreo S-200 Signature, ambos da VTL. A fonte era o leitor de CD/SACD dCS Puccini, com o clock exterior Paganini. Os acessórios de desacoplamento, com destaque especial para a Ground Box, eram da Entreq, um fabricante sueco.

20 Distribuída a partir de agora em conjunto com a Dynaudio, a T + A teve possibilidade de demonstrar todo o impacte da sua combinação de prévio e amplificador de potência da gama 3000 HV, com alimentação externa, ao combi-ná-los com as imponentes Evidence Platinum. Bill Livingston (ao centro), da Dynaudio UK, desvendou igualmente aos visitantes o novo leitor de SACD/DAC PDP 3000 HV, o qual será lançado em 2015.

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21 Kevin Akam, da Signature Audio Systems, apresentou o novo amplificador PS Audio Sprout, com 50 W por canal, a alimentar as colunas Vandersteen 1Ci. Um segundo sistema era composto pelo DAC Direct Stream, igualmente da PS Audio, dois amplificadores mono Jeff Rowland 525 e colunas Vandersteen Treo, o que contribuiu para que a sala estivesse sempre cheia.

22 Em mais um exclusivo do Hi-Fi Show, Jozefina Lichtenegger, um nome conhecido através da marca EAT, apresentou o seu último gira-discos, o elegante C-Sharp. O motor, alimentado a partir de uma fonte exterior, e o sub-prato em liga de metais entram dentro de recessos escavados no chassis principal, o qual é fabricado a partir de uma combinação de MDF, fibra de carbono e elastómeros de amortecimento. O teste deverá ser publicado na próxima edição da Hi-Fi News.

23 Max Townshend impressionou uma vez mais os visitantes com os dispositivos de amortecimento Seismic, demonstrados num sistema totalmente da marca, começando pelas colunas Glastonbury Tor. Utilizando cabos F1 Fractal, este conjunto tinha como fonte o leitor de CD’s alimentado a baterias CD2 e o gira-discos Rock 7 com braço Excalibur e fonte de alimentação Merlin 4, e recebia energia de um par de monoblocos híbridos.

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24 Demonstrado com resultados impres-sionantes a partir das colunas de chão Kef Blade 2, o sistema de áudio Chord Choral Ensemble era composto pelo transporte Blu, pelo streamer Codex (com capacidades DSD/384 kHz), pelo andar de phono Symphonic, pelo prévio Prima e pelo amplificador integrado Mezzo 50. O amplificador «digital» in-tegrado CPM 2800MkII foi desvendado na forma de um protótipo, lado a lado com a versão em negro do bem-sucedi-do Hugo.

25 Tendo feito uma apresentação em conjunto pela primeira vez em 2013, a Naim Audio e a Focal partilharam mais uma vez um espaço onde colocaram desta vez o impressionante amplificador de potência Naim Statement (nome de código NAP 51). Se quiser ter uma ideia da escala de construção da caixa deste amplificador basta ver que ele chega muito perto da cintura de Dave Spiers! Fazendo conjunto com ele na linha Statement tínhamos o prévio NAC 51.

26 Recuperando um pouco das suas funções de projectista na Constellation Audio, o incontornável Peter Madnick resolveu relançar a marca Audio Alchemy e apresentou no show os primeiros resultados desse trabalho. Vimos assim pela primeira vez o DAC/prévio DDP-1, o leitor de média MRD-1, o amplificador integrado DDA-1 e o amplificador de potência DPA-1. Uma notável «cacha» jornalística, mesmo nos tempos da Internet.

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A CRÍTICA DOS CRÍTICOS

Existe a crença generalizada e por-ventura autêntica, que os críticos são uns seres arrogantes, de gostos

esotéricos e postura soberba, com desdém pelas escolhas plebeias do vulgo.

(Boa altura, pois, para me demarcar da categoria – para quem ainda não no-tou, Discopatia é uma rubrica de fã, não uma secção de crítica).

E no entanto, que las hay las hay, se mais não fora a crítica cumpre a indispen-sável função de sinalizar as novidades, deixando à iniciativa privada a esforçada curiosidade de ratificar as suas escolhas. Ou, como tantas vezes sucedeu a Discopa-tia, de as abjurar.

Sorrateiramente, espreitemos para al-gumas das recentes afectações musicais da crítica. De seguida, competirá ao livre arbítrio de cada um o respectivo arraso. Ou o incenso…

Lost in the Dream War on DrugsUm segredo mal guardado, War on Dru-gs é um projecto iniciado em Filadélfia em 2005 pelos músicos Adam Granduciel e Kurt Vile, com este último a abandonar o grupo após o bem-recebido álbum de es-treia Wagonwheel Blues (2008) para abra-çar uma celebrada carreira a solo.

Em 2011 e após várias mudanças de pessoal, Granduciel edita Slave Ambient, o qual consagra o grupo junto da crítica e inicia um pequeno culto.

Culto que se tornaria viral com a edi-ção, em 2014, de Lost in the Dream, acla-

mado junto da comunidade musical e pela crítica da maioria dos magazines como Ál-bum do Ano.

Lost in the Dream demoraria dois anos a gravar, com o recurso a oito estúdios di-ferentes através dos Estados Unidos. Foi

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uma altura de reclusão para Granduciel, em ressaca de desgosto amoroso subli-mada numa obsessão perfeccionista pelo estúdio e pelo detalhe, a produção imacu-lada e a regravação maníaca em busca do Santo Graal sónico.

O resultado final é um triunfo, soando a espontâneo e imediato, pese a sua demo-rada génese. Lost in the Dream abandona algumas das grandes tiradas instrumentais de discos anteriores e privilegia a canção pura e dura. Saúde-se a felicidade da op-ção e a sua magnífica concretização.

Um halo psicadélico de reverberação reveste diafanamente os temas pop, glo-rioso FM que evoca a música de patriar-cas (alguns deles canastrões) do género, a crítica evocando nomes como Bruce Sprin-gsteen, Tom Petty, Rod Stewart (Burning) ou Fleetwood Mac como referências va-porosas. O bom gosto de Granduciel logra contornar, com sabedoria, a armadilha do pastiche.

Temas longos mas jamais enfadonhos ou auto-indulgentes albergam clímaxes em crescendo, uma pop de autor polida e servida por apontamentos enquadrantes de teclas e sax a complementar o magis-tério intemporal da guitarra eléctrica.

Um contínuo sonoro homogéneo e sem quebras (fasquia bem alta para com-posição e interpretação) só após repetidas

e prazenteiras audições permite a indivi-dualização dos magníficos temas, como o single Red Eyes.

Lost in the Dream é um álbum feel-good, que apetece ouvir repetidas vezes bem alto, na auto-estrada, sem comple-xos elitistas de ser excessivamente FM ou demasiado rock para a intelligenzia, a sua imaculada produção um feliz upda-te contemporâneo do som West Coast dos anos 70.

O melhor álbum de 2014, conforme ratificado pela crítica? Huum, gostaria de atribuir o galardão a uma obra-prima, que, admito, não conheci no ano transacto.

O que também admito é não me re-cordar de um disco que me tivesse pro-porcionado tanto e tão repetido prazer e confiança na actualidade do rock.

Black Messiah D’Angelo & The VanguardDesde 2000 que a comunidade musical não tinha notícias oficiais de D’Angelo, músico americano negro aclamado como o profeta da neo soul pelo álbum Voodoo, conseguida mélange de elementos de ja-zz, hip-hop, blues, soul, música ambiente e, sobretudo, funk.

A sua estrutura algo fluida ancorava numa atmosfera distendida de jam ses-sion, a frescura preservada pela opção de

gravar tudo live e à first take, ao invés do esquema mais convencional de can-ção clássica exposto no outrossim exce-lente Brown Sugar, a estreia discográfica de 1995.

O longo hiato de 14 anos e notícias perturbadoras de haver D’Angelo sucum-bido ao infalível fadário da fama e seus fatais derivados – álcool, drogas, rehab, acidentes, problemas com a justiça – pa-reciam havê-lo remetido para a catego-ria dos has-beens, ex-luminária negra actualizando a via-sacra de autores fun-damentais como Marvin Gaye ou Sly Sto-ne, génios de incomensurável talento com epílogo quase caricatural.

E não é por acaso que trago à bai-la tais referências – como Marvin ou Sly, também D’Angelo pareceu em tempos comandar o pelotão de uma nova músi-ca negra, tão empenhada social e/ou po-liticamente como atenciosa nos temas de amor e vanguardista na rítmica. Fogo-fá-tuo, temia-se?

Subitamente e antecipando a da-ta prevista de edição de um novo disco, D’Angelo quebrou o silêncio com um ál-bum transcendente e onde – não o que-ria acreditar a princípio – o título Black Messiah, não sendo profético, tampouco é pomposo.

Segundo D’Angelo, as graves desor-dens públicas em várias cidades ameri-canas (sobretudo em Ferguson, Missouri) devido a brutalidade policial exercida so-bre jovens negros, motivou-o a apressar a saída do disco, juntando-se ao coro na-cional negro de indignação generalizada.

O título do disco, mais a sua capa mi-litante (com os punhos e braços dos ma-nifestantes negros em primeiro plano) pressuporia à partida um manifesto insur-reccional na linha de uns Black Poets, Mal-colm X ou Gil Scott-Heron.

Felizmente e pese a óbvia carga políti-ca do álbum – all we wanted was a chan-ce to talk / instead we only got outlined in chalk – este não é panfletário, a mensa-gem política é amiúde mais subtil que im-posta ou gritada, também à imagem dos arquétipos Gaye, Stone ou Curtis Mayfield. E, como estes patriarcas, temperada com piscadelas de olho lúbricas ao amor e se-xo e comandadas por um funk irresistível, fruto da nova afectação instrumental de D’Angelo – a guitarra-ritmo.

Black Messiah recupera os pressupos-tos musicais dos álbuns anteriores, fiel às raízes da fértil música negra – soul, jazz, hip-hop, rhythm’n blues, funk – com uma cuidada atenção aos detalhes e humaniza-do por verdadeira instrumentação a cargo de músicos (Questlove, Jesse Johnson e Pi-

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no Paladino serão os mais cotados) e não de máquinas e servido pelo inimitável fal-setto de D’Angelo.

A uma primeira audição caótico, duro, algo impenetrável, Black Messiah, com ti-ming certeiro quanto à temática, é de uma urgência que não inviabiliza a fluidez adi-tiva do álbum, onde o manifesto 1000 Deaths (com um violento sample do do-cumentário The Murder of Fred Hampton) convive com a luxúria de Sugah Daddy ou o apaziguamento de Really Love e os seus floreados de flamenco.

Black Messiah devolve-nos ao prazer já olvidado desse corpo estranho – a músi-ca negra de protesto, mas com alma, inspi-rada nas grandes obras negras do passado mas profundamente do seu tempo, a men-sagem de Malcolm X temperada pelo funk lúbrico de Prince ou o rhythm’n blues psi-cadélico dos Funkadelic / Parliament.

Mais que um apelo às armas, uma re-volução espiritual, mais que um premir de gatilho, um bater de pé, mais que um apelo ao motim, um convite à dança. O orgulho racional da mente namora a sen-sualidade do corpo…

Ah, e não deixem de seguir o conse-lho de D’Angelo – for best results, listen at maximum volume.

Velvet Underground (banda)Os Velvet Underground (VU) são uma das maiores bandas de culto da história do ro-ck.

A afirmação soará exagerada, ho-je, quando o nome já saiu do ghetto dos cognoscenti, para o que não pouco have-rá contribuído a morte do patrono Andy Warhol e dos membros originais Sterling Morrison e Lou Reed.

A verdade é que, à altura da sua exis-tência, os VU foram virtualmente ignora-dos e os seus discos não venderam mais que meia dúzia de exemplares. Porém, é célebre a frase de Brian Eno segundo a qual os poucos que compraram os dois pri-meiros álbuns terão todos formado ban-das.

Com o patrocínio arty de Warhol, que desenhou a famosa capa da banana pa-ra o primeiro álbum e sugeriu a cantora e modelo alemã Nico como atracção, os Vel-vet Underground, banda residente da Fac-tory, o entreposto avant-garde de Warhol na Nova Iorque dos anos 60, articularam--se nos tais dois primeiros discos à volta do núcleo criativo Lou Reed / John Cale, músico galês de formação erudita e con-traponto experimentalista do pendor pop de Reed.

Esta esquematização é, reconheça-se, algo redutora. Se, por norma, Cale é res-

ponsabilizado pelo terrorismo sónico do-minante, sobretudo no segundo álbum, White Light / White Heat, e Reed associa-do às passagens mais melódicas, não fal-tarão exemplos do oposto na discografia dos Velvet e a solo.

Em finais de 1968 Cale é despedido e recrutado Doug Yule, multi-instrumentista e fã incondicional da banda, o que assinala o corte definitivo de Reed com a herança warholiana e as experiências dissonantes de Cale.

Por muito que tal contrarie o mito, a verdade é que os VU começavam a des-denhar a fama de underground darlings e aspiravam a ser populares, vender dis-cos, encher grandes salas e a arrebatar plateias. Sem concessões e, é hoje sabi-do, sem êxito!

Velvet Underground, nome homónimo para o terceiro álbum e primeiro sem Cale, foi a primeira e frustrada tentativa para es-se desiderato. Criminosamente o álbum, o mais querido da sua discografia para mui-tos velvetianos, foi o menos vendido entre todos, não chegando ao Top 200 da Bill-board.

A história far-lhe-ia póstuma justiça – se o indie-rock busca uma paternidade, pois ei-la aqui.

The Velvet Underground (1969 – o disco)A entrada de Yule marca uma ruptura com o negrume dos primeiros álbuns, em favor

de uma maior pacificação sonora e maior destaque às qualidades instrumentistas, do novo e climático órgão ao brilhante jin-gle-jangle das guitarras. Mesmo o nome homónimo atribuído ao tí-tulo do álbum parece remeter para uma tentativa de obscurecimento do passado, como se os verdadeiros Velvet Undergrou-nd começassem ao terceiro álbum. A escrita de Lou Reed nunca fora (e rara-mente voltará a ser no futuro) tão contem-plativa, poética e inspirada, povoando o álbum de encantadoras baladas, como Je-sus, I’m Set Free, That’s the Story of My Li-fe ou, sobretudo, Pale Blue Eyes. Longe estão os temas sobre sado-maso-quismo (Venus in Furs) ou drogas duras (I’m Waiting for my Man, Heroin), subs-tituídos por inesperadas e esperançosas canções soft e pungentes sobre amor e re-denção. E quem anteciparia um Lou Reed optimista e a cantar sem ironia sobre Jesus ou a salvação – Beginning to See the Light, I’m Set Free? Mesmo a referência à iconografia da trou-pe de Warhol é dulcificada – Candy Says (Candy Darling é o transexual habitué da Factory, mais tarde imortalizado em Walk on the Wild Side) –, cantada por Doug Yu-le, em subtracção dramática. Nem tudo é, porém, cor-de-rosa e o sub-texto intui algumas das negras recorrên-cias da escrita de Reed, como em Murder Mistery, o único tema evocativo das primi-tivas derivas experimentalistas, com Mor-

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rison e Reed a debitarem textos indepen-dentes em simultâneo em cada um dos canais, de estranho efeito hipnótico mais que mera indulgência avant-garde.

Encerrando tão raro parêntesis, o ál-bum termina logo a seguir em tom de pa-cífico, quase lullaby – After Hours conta apenas com a vocalização anticlimática da baterista Moe Tucker e o gentil strumming de guitarra de Reed.

Guitarra que é uma das estrelas do ál-bum. Segundo Yule, um Lou Reed fascina-do pelas várias sonoridades extraídas da guitarra eléctrica, não poucas vezes criou temas imortais a partir de meros riffs. Que são abundantes, inspirados e inesque-cíveis em muitos temas do disco – What Goes on, Beginning to See the Light, Some Kinda Love, That’s the Story of My Life, I’m Set Free (com a novidade de uma 12 cor-das eléctrica a evocar fatalmente o mestre do género, Roger McGuinn e os seus glo-riosos Byrds).

E, claro, há a voz. Por muito simpáti-ca e vulnerável que seja a vocalização de Doug Yule, não detém um grama do pa-thos da de Lou Reed – com surpresa con-fessional em That’s the Story of My Life, viciosa no aditivo glam blues Some Kinda Love (put jelly on your shoulder, let’s do what you fear most).

The Velvet Underground (45th Anniversary Super Deluxe Edition)Terceiro volume da inestimável reedição

da discografia dos Velvet Underground em formato Super Deluxe, esta edição com-põe-se de seis CD’s e do indispensável li-vrete, repleto de fotografias preciosas e inéditas e comentários de membros da banda.

E se 68,00 m parece uma soma astro-nómica para um pacote que inclui três CD’s com misturas diferentes do mesmo álbum, não creio que os fãs mais empedernidos (e abastados) dos Velvet Underground a regateiem, em face do verdadeiro tesou-ro sonoro que alberga.

Como disse, três versões diferentes do álbum ocupam os três primeiros CD’s – a Closet Mix, a preferida de Lou Reed e cuja captação sonora faz jus ao título, a Val Va-lentino Mix, proposta pela etiqueta MGM, reticente à escolha minimalista de Reed e a Promotional Mono Mix, destinada às rádios. Os fãs, como Discopatia, ocupar--se-ão com deleite e sem objectividade a discutir os respectivos méritos.

O quarto CD, as chamadas 1969 Ses-sions, são inestimáveis e recuperam o grosso dos temas gravados para um quar-to álbum, abortado devido a divergências com a Verve / MGM, editora cansada do nulo apelo comercial da obra dos Velvet Underground (no final desse ano a banda assinaria com a Atlantic).

O grosso do seu fantástico naipe de canções já vira a luz do dia em colectâneas suplementares como o superlativo VU ou o igualmente curioso Another View. Mas no-vas e brilhantes takes de rock’n rollers co-

mo I Can’t Stand It e Foggy Notion ou do épico e climático Ocean valem por si pró-prias a novidade.

Os dois últimos CD’s, Live at The Ma-trix, November 26 & 27, 1969 recuperam muitas das gravações já disponibilizadas no duplo Velvet Underground Live 1969, gravado ao vivo em San Francisco, mas en-riquecidas com novas inclusões e a partir de novas fontes, com uma cristalina cap-tação sonora.

Para quem associa inevitavelmente os Velvet ao elemento anfetamínico ou ou-tramente narcótico de um clube de Nova Iorque, estas takes são uma epifania. A plateia hippie do Matrix rever-se-ia mais nos delírios psicadélicos dos Jefferson Air-plane ou dos sonâmbulos Grateful Dead, que no garage rock de autor dos Velvet Underground, a quem aplaude sem entu-siasmo.

Mas a satisfação dos VU na sua perfor-mance, a gratificante competência de uma banda outrossim underground e um calo-roso Lou Reed como nunca mais o senti-ríamos fazem deste Live um dos grandes registos ao vivo da História do Rock.

Por uma vez, o título Super Deluxe Ed-tion é tão retumbante quanto autêntico!

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