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    AUDITORIAAOS INVENTRIOS

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    SumrioNos ltimos anos tem crescido a noo do impacto que as alteraesnos inventrios podem provocar nas organizaes.

    Os gestores esto cada vez mais despertos para isso: as dificuldadeseconmicas, a presso dos clientes, dos fornecedores, dos investidorespara que se obtenham resultados tem contribudo para aperfeioarmtodos de controlo. A massificao da informao produzida peloscada vez mais aperfeioados sistemas informticos tem dotado osgestores de modernas ferramentas.

    Para o Revisor Oficial de Contas isso traz novos desafios, porquedever estar melhor preparado para que o seu servio corresponda

    ao pretendido.

    O presente documento pretende apresentar os principaisprocedimentos de auditoria a desenvolver na rea de inventrios.Esta no est dispersa, o conhecimento da empresa, os riscos, ocontrolo, so como cruzamentos num caminho, em cada um deles preciso parar, pensar, e escolher o destino, todas as decises temreflexos adiante.

    Qualquer que seja o caminho, ele ter sempre que conduzir obtenode prova suficiente e apropriada para a tomada de decises. Setrilharmos um caminho que no chega a este desidrato precisovoltar atrs e refazer escolhas.

    No pretendemos esgotar, nem ser exaustivos no tema, o objetivo to somente reunir e partilhar um conjunto de procedimentos quepodero ser seguidos durante o trabalho de anlise aos inventrios.Para o atingir usaremos exemplos e hipteses de trabalho adesenvolver.

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    Procedimentos de AuditoriaOs procedimentos de auditoria so um conjunto de tcnicas quevisam obter evidncia apropriada e suficiente e que forneamsegurana elevada de que as demonstraes financeiras estoisentas de erros materiais1.

    Considera-se:

    Erro- o ato no intencional resultante de omisso, desateno oum interpretao de fatos no registo e elaborao das demonstraesfinanceiras.

    Fraude- o ato intencional de omisso ou manipulao de transaes,

    adulterao de documentos, registos e demonstraes financeiras;Ao detetar erros relevantes ou fraudes no decorrer do seu trabalho,o revisor tem a obrigao de os comunicar administrao daentidade e sugerir medidas corretivas, informando sobre os possveisefeitos na sua opinio, caso no sejam adotadas.

    A responsabilidade primria na preveno e identificao de fraudee erros da administrao, atravs da implementao e manutenode um adequado sistema contabilstico e de controle interno.

    O trabalho deve ser planeado de forma a detetar erros e fraudes queconduzam a efeitos materiais nas demonstraes financeiras. Deveobter-se prova atravs de indagaes, observaes, confirmaes,

    inspees, clculos e procedimentos analticos, cujas conclusesdevem ser adequadamente documentadas, pois suportaro a opinio.

    A auditoria no absoluta porque no examinamos a 100%. O teste a recolha de prova e decidido em funo do custo e quanto quebeneficia o trabalho, sem nunca comprometer a eficcia.

    Nuno Miguel da Costa Tavares REVISOR OFICIAL DE CONTAS

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    Os procedimentos compreendem:

    (i) Testes aos controlos, quando exigidos pelas normas ou quandoo revisor decidir aplic-los;

    Visam a obteno de segurana razovel de que os procedimentosde controlo interno estabelecidos pela gesto esto emfuncionamento e so monitorizados.

    (ii) Procedimentos substantivos, incluindo testes de detalhe eprocedimentos analticos.

    Visam a obteno de evidncia quanto suficincia, preciso evalidade das informaes das demonstraes financeiras.

    Devemos combinar apropriadamente os testes de controlo eprocedimentos substantivos para concluir adequadamente.

    AsseresAo formular uma opinio sobre as demonstraes financeiras, orevisor est a dar uma opinio sobre as asseres contidas nasmesmas. Entenda-se por assero o conjunto de informaesfornecidas, quer explicita, quer implicitamente, pelos gestores atravsdas demonstraes financeiras.

    A segurana relativamente credibilidade das asseres assentana satisfao quanto prova recolhida em resultado dosprocedimentos seguidos.

    Para Hayes et al (2005) o objetivo bsico da recolha de provas, e oque estas podem provar, so, fundamentalmente, as asseres dagesto.

    Complementando tal ideia, Arens et al (2008) referem que asasseres esto diretamente relacionadas com os princpioscontabilsticos geralmente aceites. Tais asseres so parte docritrio que a gesto utiliza para registar e divulgar a informaocontabilstica no relato financeiro.

    De acordo com a DRA 500 (11), as asseres compreendem:

    a)existncia- um ativo ou um passivo existe numa determinada

    data;

    b)direitos e obrigaes- um ativo ou um passivo configuramdireitos e obrigaes da entidade;

    c)ocorrncia- uma transao ou um acontecimento realizou-secom a entidade e teve lugar no perodo;

    d)integralidade- no h ativos, passivos, transaes ouacontecimentos por registar, ou elementos por divulgar;

    e)valorizao: ativos ou passivos esto registados pelo valor correto- aplicvel a saldos;

    f)mensurao- registo pelos valores corretos e imputao derditos ou gastos no perodo respetivo aplicvel a transaes;g)apresentao e divulgao- um elemento divulgado,classificado e descrito de acordo com a estrutura conceptual derelato financeiro aplicvel.

    AUDITORIA

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    Risco de AuditoriaO risco de auditoria (RA) varia em funo do risco de distoromaterial (RDM) e do risco de deteo (RD). O RDM comporta o Risco

    Inerente e o Risco de Controlo2

    .

    Deve-se identificar os RDM ao nvel das DFs, e ao nvel de asserespara classes de transaes, saldos de contas e divulgaes.

    Esta avaliao pode ter dois nveis:

    Risco especfico de distoro material - avaliar se os riscosidentificados de distoro material se relacionam com classesespecficas de transaes, saldos de contas e divulgaes easseres relacionadas. (p.e. vendas no registadas na data emque acontecem).

    Risco generalizado de distoro material- avaliar se os riscos

    identificados de distoro material se relacionam maisinfluentemente com as DFs, como um todo, e afetampotencialmente muitas asseres (este pode derivar em particularde um ambiente de controlo fraco).

    A natureza dos riscos provenientes de um ambiente de controlofraco tal que eles no esto provavelmente limitados a riscosespecficos individuais de distoro. Pelo contrrio, fraquezas taiscomo falta de competncia da gesto podem ter um efeito maisinfluente nas DFs e exigir uma resposta global da auditoria.

    Ao avaliar os RDM o revisor deve determinar quais os riscosidentificados que so, no seu juzo, aqueles que exigem consideraes

    especiais aos nvel de auditoria - tais riscos so definidos como riscossignificativos.

    Transaes de rotina e que estejam sujeitas a processamentosistemtico so menos provveis de dar origem a riscos significativos,estes relacionam-se muitas vezes com transaes no habituaisque envolvam juzos.

    Para avaliar a natureza do risco deve-se questionar:

    - Se um risco de fraude;

    - Se o risco est relacionado com recentes desenvolvimentoseconmicos significativos, contabilsticos, e que por isso exija

    ateno especfica;

    - A complexidade das operaes;

    - Se o risco envolve transaes significativas com partesrelacionadas;

    - O grau de subjetividade na mensurao de informao financeira;

    - Se o risco envolve transaes significativas que estejam fora docurso normal do negcio da empresa.

    necessria a compreenso dos controlos da empresa relacionadoscom as reas significativos para proporcionar informao adequadapara desenvolver de forma eficaz a auditoria. A estimativa damaterialidade relacionada com os saldos das contas, grupos decontas ou classes especficas, auxilia o revisor a decidir quais asrubricas a examinar, e se deve usar amostragem ou procedimentosanalticos.

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    Auditoria aos InventriosOs objetivos do trabalho de auditoria so:

    a) Verificar se o tratamento contabilstico e as medidas de controlointerno relacionadas com os inventrios so adequados e seesto, de facto, a ser aplicados;

    b) Determinar se as quantidades relativas aos inventrios existem,esto corretamente inventariadas, so propriedade da empresae so apropriados para a sua finalidade e se sobre eles recaemrestries de propriedade;

    c) Determinar se os inventrios esto valorizadas ao custo deaquisio e/ou ao custo de produo, se os critrios demensurao foram aplicados de forma consistente em relao aoexerccio anterior estando os inventrios corretamentecontabilizadas quanto conta, montante e perodo;

    d) Determinar se, no caso do custo de aquisio e/ou de produoser superior ao valor realizvel lquido, foi este ltimo o utilizadona valorizao dos inventrios;e) Verificar se os inventrios incluem a plenitude dos produtos nadata do balano e se as informaes foram adequadamentedivulgadas;

    f) O custo das mercadorias vendidas e consumidas refletido nasDFs est relacionado com o perodo sob exame;

    g) Verificar se esto adequadamente divulgadas no anexo asinformaes pertinentes.

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    O Conhecimento da EntidadeDeve-se adquirir conhecimento suficiente da entidade e do seunegcio, atravs de uma prvia recolha e apreciao crtica dosfactos significativos, do sistema de controlo interno, dos fatoresexternos e internos que condicionam a estrutura organizativa e aatividade exercida pela empresa.

    O conhecimento do negcio vai ajudar na determinao de riscos(RI e RC) e contribui para a identificao de acontecimentos e prticasque possam ter um efeito materialmente relevante sobre as DFs.

    O revisor deve ter conhecimento do negcio:

    - Antes de aceitar o compromisso: conhecimento preliminar sobreo setor; detentores do capital; da idoneidade dos gestores - paraavaliar o risco do negcio e decidir se aceita ou no e para definiode honorrios;

    - Aps aceitar o compromisso: informaes adicionais pararealizao do planeamento

    A obteno do conhecimento do negcio um processo continuoe acumulativo de recolha e apreciao de informao; no obstanteser recolhida na fase do planeamento vai sendo melhorada e acrescidadurante o decorrer do trabalho.

    O conhecimento do negcio pode ter vrias fontes:

    - experincia anterior (sector e entidade);

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    - indagao junto da gesto, pessoal da auditoria interna, leiturade relatrios anteriores;

    - debate com outros revisores e consultores, que prestaramanteriormente servios;

    - debate com pessoas externas (clientes e fornecedores);

    - legislao e regulamentao que afetem a empresa;

    - visitas s instalaes e fbricas da empresa;

    - documentao produzida internamente (atas, relatrios,oramentos, manuais do sistema de controlo interno, etc).

    Para que serve esse conhecimento?

    - Estimar o risco inerente e de controlo e despistar problemas;

    - Planear a natureza e extenso dos procedimentos;

    - Avaliar a prova de auditoria obtida (numa fase mais prxima dofinal do trabalho);

    - Prestar um melhor servio ao cliente (dar sugestes teis);

    - No julgamento: estimar o nvel de materialidade, avaliar asestimativas contabilsticas e os esclarecimentos da gesto,identificar reas que requerem habilitaes especiais, etc.

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    A Importncia do ControloInternoSegundo a ISA 315 Controlo interno o processo concebido,implementado e mantido pelos encarregados da governao,gerncia e outro pessoal para proporcionar segurana razovel acercada consecuo dos objetivos de uma entidade com respeito fiabilidade do relato financeiro, eficcia e eficincia das operaese cumprimento das leis e regulamentos aplicveis.

    Daqui se depreende que a existncia de procedimentos de controlono suficiente para aferir se o controlo existe mesmo, precisotestar se adequado e se foi posto em prtica. Mesmo que passetodo este crivo teremos ainda que admitir que o controlo internopode falhar, o risco de controlo3.

    do interesse da gesto que seja criado um ambiente de controlo,

    uma cultura de controlo. Competir aos responsveis, atravs deaes e procedimentos concretos transmitir a toda a organizaoa sua importncia. Isto pode ser atestado pela integridade e valoresticos, competncia, filosofia da gesto, estilo das operaes, estruturaorganizacional, delegao de autoridade e responsabilidades, politicade recursos humanos, etc.

    O desenvolvimento das atividades de controlo caem normalmenteem cinco tipos especficos de componentes:

    1. Adequada segregao de funes: Separao da custdia dos bens, da contabilidade; Separao entre quem autoriza e quem tem a custdia dos bens; Separao entre quem tem a responsabilidade operacional e de

    guarda dos bens;

    2. Autorizao apropriada de transaes e atividades (no geral, eem cada transao);

    3. Documentos de registo adequados;

    4. Controlo fsico sobre ativos e registos;

    5. Averiguaes independentes sobre o desempenho.

    Os mtodos mais utilizados de documentar e entendimento docontrolo interno so:

    narrativa: com as seguintes caractersticas: origem e disposiodos documentos, descrio dos procedimentos, registo no sistemae indicao dos controlos relevantes (para avaliao do risco decontrolo);

    fluxogramas: uma representao simblica dos documentosdo cliente e o seu fluxo sequencial na organizao;

    questionrios ou check listde controlo interno.

    Estes procedimentos so normalmente acompanhados de um testedewalkthroughs4, por forma a confirmar a informao que foi recolhida,e se no existe qualquer mal entendido sobre a conceo de certos

    controlos internos.

    O risco de controlo resulta dos sistemas contabilsticos e do controlointerno adotado pela entidade, no depende de trabalho efetuado.O revisor apenas procede sua avaliao. A existncia de controlos

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    e o seu cumprimento ajudam-no a determinar a profundidade eextenso dos procedimentos a usar.

    Relao entre Risco de Controlo e Testes

    RISCO DE CONTROLO TESTESRisco Controlo ALTO No fazemos testes de controlo, mas sim

    testes substantivos, para alm dos dereviso analtica.

    Risco Controlo MDIO Realizao de testes de controlo, testes

    substantivos; e procedimentos analticos(em maior escala).

    Risco Controlo BAIXO Mais testes de controlo, em detrimento

    dos testes substantivos, mas estes temque ser sempre realizados.

    O RC tem duas fases de avaliao:

    - avaliao preliminar do risco baseada na leitura de manuais, naindagao, reviso de fluxogramas, narrativas, etc;

    - na realizao de testes de controlo por forma a aferir a eficciados controlos internos. Baseado nos resultados dos testes decontrolo, o revisor deve avaliar se os CI esto ou no concebidose a funcionar como referido na avaliao preliminar do RC, se sim,ento, o programa de trabalho o correto. Caso contrrio, deverrever o nvel do RC, ajustar o programa, e redefinir a extenso eprofundidade dos procedimentos substantivos a aplicar.

    Procedimentos Aplicveisna Auditoria dos InventriosDepois de encontradas as fraquezas do controlo interno deve-seconceber e executar procedimentos cuja natureza, tempestividadee extenso dem resposta aos riscos avaliados.

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    Sempre que os resultados desses procedimentos no correspondama expectativa inicial, ento, o planeamento no foi o mais correto,h que reajust-lo, alargar a extenso dos testes, recolher mais prova,at que seja apropriada e suficiente para suportar a opinio.

    Procedimentosde Reviso AnalticaOs procedimentos analticos consistem na comparao da informaofinanceira com diversas informaes (p.e. exerccios anteriores;oramentos; anlise de rcios, mdias do sector, anlise de tendncias,testes de razoabilidade).

    Os procedimentos analticos podem ser realizados em trs momentos

    diferentes:

    1. Durante a fase de planeamento - com base em valoresprevisionais ou de anos anteriores para ajudar a determinar a

    natureza, extenso e oportunidade do trabalhos a efetuar. Ajudatambm a identificar matrias importantes que depois seroaprofundadas nas fases seguintes;

    2. Durante a fase de testes - com valores data de fecho,juntamente com outros tipos de testes;

    3.Na fase final de reviso do trabalho de auditoria - ajuda a termuma viso objetiva final.

    Procedimentos de ContagemOs procedimentos de contagem fsica so definidos pelo rgo degesto, servindo de base preparao das DFs (inventriointermitente) ou para determinar a credibilidade do inventriopermanente 5.

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    O programa de contagem preparado pelo cliente essencial para osucesso da operao, pelo que o auditor dever conhec-loantecipadamente, verificar se satisfatrio e propor as correesque considere teis.

    A equipa de auditoria ao planear a assistncia contagem fsicadeve ter em considerao os seguintes fatores:

    Natureza dos sistemas contabilstico e de CI - avaliao do riscode controlo;

    Riscos inerente, de controlo e de deteo - avaliao do risco dedistoro material;

    Definio da materialidade de execuo relacionada com oinventrio.

    Existncia de procedimentos estabelecidos pela gerncia paraefetuar a contagem;

    Data da contagem, localizao dos inventrios;

    Se necessrio a interveno de um perito (p.e. vinho - antiguidadeda casta, valor atribudo a pedras preciosas ou sucata6).

    Se for vivel a assistncia, deve procurar-se observar as contagensna data de fecho ou em data intermdia, conjugada com testessubstantivos, (p.e. contagem a 30.11.N realizao de testes stransaes at 31.12.N - roll-forward, ou contagem a 15/01/N+1,realizao de testes substantivos desde 31/12/N roll-back). A

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    contagem em data diferente da do fecho, s considerada razovelpara a reviso quando o RC seja avaliado em menos que alto.

    Se a assistncia for impraticvel, devido a limitaes como a naturezae/ou a localizao, deve determinar-se quais as localizaes onde apropriada a assistncia fsica e efetuar procedimentos alternativosque proporcionem a obteno de prova adequada e suficiente.

    O resultado das contagens da equipa de auditoria deve serconfrontado com os registos contabilsticos e com a contagem daempresa.

    Cut-offou Corte de OperaesOs procedimentos de contagem devem estabelecer normas quepermitam cortes na receo de compras e vendas, que garantama contabilizao das transaes no perodo contabilstico a querespeitam.

    A equipa de auditoria deve confirmar que todas as encomendasrecebidas at data da contagem foram includas no inventriofsico e que as correspondentes faturas foram contabilizadas. Devetambm assegurar-se que todos os inventrios respeitantes aencomendas de clientes, at data do inventrio, foram dele excludase as faturas emitidas e contabilizadas.

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    Teste Valorizao do InventrioA manuteno de um sistema de valorizao requer cuidado econhecimentos por parte de quem o faz. Deve ser adequadamente

    acompanhado e os seus resultados confrontados com os registoscontabilsticos.

    As empresas podem ser tentadas a subvalorizar os seus inventrios,tendo como principal objetivo aumentar o custo das vendas,reduzindo o resultado lquido e a tributao. Este procedimento podeser depois compensado com fuga faturao em perodos seguintes:

    Formas de subavaliar os inventrios:

    a) Avaliao por preo inferior;

    b) Diminuio das quantidades fsicas;

    c) Erros voluntrios: somas, multiplicaes, passagem de valores,etc.;

    d) Omisso na contagem das mercadorias, principalmente asadquiridas perto da data de fecho.

    Formas de detetar a subavaliao

    a)Cut-off;

    b) Levantamento dos sistemas de compras e vendas;

    c) Confronto entre o inventrio e as vendas de janeiro do anoseguinte.

    As motivaes para a sobrevalorizao so basicamente contrrias subavaliao.

    Formas de sobreavaliar os inventrios:

    a) Valor unitrio das mercadorias superior ao custo de aquisio;

    b) Efetuar o registro contabilstico por valores superiores aos queesto no inventrio.

    c) Erros voluntrios nos clculos e na transposio de valores;

    A sada de mercadorias sem a respetiva fatura resultar na faltadessas mercadorias na contagem fsica. Para regularizar esta situaoe equilibrar o custo das vendas/vendas, a empresa aumenta o valordo inventrio, para os valores que deveriam ser os corretos,sobrevalorizando-o.

    O trabalho de teste valorizao no um trabalho fcil, poderoser seguidos os seguintes procedimentos:

    - Ter em ficheiro os inventrios valorizados de N e N-1; (os totaisdevem ser previamente concordados com a contabilidade).

    - Juntar os dois ficheiros atravs de um campo chave (p.e. refernciaou cdigo).

    Do ficheiro anterior podero ser filtradas informaes que darodiferentes perspetivas e cumpriro diferentes objetivos:

    - Um ficheiro com os artigos que existem em N e N-1;

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    O total deste ficheiro dever ser comparado com o valor do stocktotal, para se ter uma ideia da percentagem da populao que esta ser coberta.

    Dever depois ser comparada a quantidade de N x o preo unitrio

    de N-1, com o valor de N, para se ter uma noo se a variao significativa. Pode ser criada uma coluna com os valores absolutosdas diferenas, para que se tenha noo das alteraes e selecionemartigos para posterior anlise em detalhe.

    -Um ficheiro com artigos s de N ;

    Este ficheiro, s com artigos de N, poder ser usado para aferir daqualidade dos procedimentos de valorizao inicial dos inventrios,permitindo ainda a anlise da determinao do custo de sada.

    - Para se poder testar a formao do preo para mercadorias ematrias, a equipa de auditoria dever considerar a necessidadede:

    - Reconstituir a partir das ltimas entradas, com base em guias dereceo ou de entrada, a quantidade final em armazm;

    - Obter, para cada entrada em armazm, com base nas faturas dosfornecedores, o valor faturado;

    - Para cada entrada em armazm calcular todas as despesas decompra que lhe sejam imputveis;

    - Com base nos elementos anteriores calcular o custo total e custounitrio de cada um dos itens;

    - O custo unitrio calculado pelos auditores dever ser comparadocom o custo unitrio constante na lista dos inventrios finais e deseguida dever-se- calcular a diferena total;

    Face aos resultados obtidos para a totalidade dos itens testados osauditores devem concluir se os custos unitrios so adequados deforma a que os mesmos possam ser comparados com os respetivospreos de mercado. No caso de existirem diferenas significativasdever-se- proceder ao respetivo ajustamento no saldo;

    No caso de valorizao dos Produtos e Trabalhos em Curso e ProdutosAcabados, os procedimentos a seguir podero ser:

    - Reviso do fluxo de custos atravs das contas de controlo deinventrios;

    - Testar as matrias-primas, a mo-de-obra direta e os gastosgerais de fabrico imputados s referidas contas, data do balano;

    - As quantidades de matrias-primas devem ser conferidas eexaminadas as requisies e as notas de dbito encomenda,tendo em ateno a data da produo.

    - As horas de mo-de-obra e as respetivas importncias debitadaspor perodo de pagamento devero ser revistas para verificar aconsistncia existente, devendo obter explicaes para variaesno usuais.

    - Alguns dbitos constantes das fichas de encomendas devem serconferidos com o mapa de distribuio de mo-de-obra e os cartesde ponto examinado para verificar se o tempo foi devidamenteimputado encomenda;

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    - Deve tambm ser avaliada a aplicao dos gastos gerais de fabricos encomendas afim de averiguar se esta tem uma boa distribuio.

    - Um ficheiro com os artigos que s existiam em N-1.

    Nesse ficheiro possvel ver artigos que existiam em N-1 e quedeixaram de existir. Se em N-1 existia uma unidade ou duas e esteano no existem isso poder ser normal e no merecer um cuidadoacrescido, carece de ajuizamento profissional.

    Se estivermos a falar de grandes quantidades que desaparecerampoder existir algum stock que no foi contado (em princpio essasituao teria sido detetada no processo de contagens), ou existiralgum vcio no stock por parte da entidade. Se existir registo dasmovimentaes de stocks devero ser analisados os movimentose solicitadas ao cliente as justificaes que se consideremnecessrias para o esclarecimento das situaes inesperadas.

    Imparidade de InventriosOs inventrios excessivos, com pouca rotao, defeituosos oudeteriorados e obsoletos devem estar cobertos por imparidadeadequada7.

    Os auditores devem ter em ateno certas indicaes assinaladasdurante outras fases da auditoria, que podem ser:

    - Deteo durante o inventrio fsico de artigos, naquelas situaes;

    - Baixa rotao de stocksdetetada durante o teste valorizao;

    - Provveis mudanas nos pedidos de venda atendendo aodesenvolvimento de novos produtos e processos de fabrico;

    - Anlise das devolues de clientes;

    - Anlise da antiguidade dos artigos sem sada.

    Genericamente, o trabalho pode passar pela seleo de uma amostrade inventrios, por indicao de quem fez a contagem ou pela baixarotao detetada durante os testes valorizao.

    Quando existe inventrio permanente possvel obter listagens demovimentao de produtos (ficha de produto), e avaliar a sua ltimamovimentao. um trabalho difcil, porquanto requer preparaodos ficheiros base, dependendo sempre da qualidade da informaoobtida. Dessa forma podem-se criar critrios de reconhecimento de

    imparidade objetivos.

    O uso desta metodologia deve ser combinada com outrosprocedimentos, a existncia de vendas com posterior nota de crditopoder iludir o procedimento anterior. Nestes casos, no ocorreurealmente sada destock, os movimentos recentes na ficha de artigono correspondem realidade. Estas situaes devero ter sidodetetadas no trabalho de valorizao, que comparou as quantidadesde N com N-1.

    Surgiro situaes em que a quantia escriturada dos inventrios,no excede o valor realizvel lquido das mesmas.

    A comprovao desse valor realizvel lquido, pode passar pelaanlise das vendas realizadas nos primeiros meses do ano seguinte.

    Teste aos Inventrios emTrnsito e em Poder de TerceirosRelativamente aos inventrios em trnsito dever-se- obter umalistagem onde estejam discriminadas as guias de remessa e faturasdos fornecedores, confirmando os valores guarda de terceiros e

    includos no ativo da empresa.

    As quantidades mencionadas na listagem devero posteriormenteser confrontadas com as guias de receo emitidas pela empresa.

    Dever-se- obter uma listagem dos inventrios em poder de terceirosque indique quais as entidades que os tm sua guarda tal comoa sua discriminao. Se o valor total deste tipo de inventrios forsignificativo deve proceder-se a uma contagem fsica, caso contrrio,ser suficiente obter uma confirmao por escrito por parte de taisentidades, relativamente aos valores mais importantes.

    Os auditores devem ter em ateno certas indicaes assinaladas duranteoutras fases da auditoria, que podem ser:

    - Deteo durante o inventrio fsico de artigos, naquelas situaes;- Baixa rotao de stocks detetada durante o teste valorizao;- Provveis mudanas nos pedidos de venda atendendo ao desenvolvimentode novos produtos e processos de fabrico;

    - Anlise das devolues de clientes;- Anlise da antiguidade dos artigos sem sada;

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    BIBLIOGRAFIA

    ARENS, Alvin A., ELDER, Randal J.,BEASLEY, Mark S., (2008), Auditing and AssuranceServices - An Integrated Approach, Twelfth Edition.Circular OROC 08/01, de 25 de JaneiroHAYES, Rick, DASSEN, Roger, SCHILDER Arnold, WALLAGE, Philip, (2005); Principlesof Auditing: An Introduction to International Standards on Auditing, 2nd ed. PrenticeHall, England.ISA 315 - Identificar e Avaliar os Riscos de Distoro Material Atravs do Conhecimentoda Entidade e do Seu AmbienteISA 320 - A Materialidade no Planeamento e na Execuo de uma AuditoriaISA 330 - As Respostas do Auditor a Riscos AvaliadosSNC - Sistema de Normalizao Contabilstica - Decreto-Lei 158/2009, de 13 de Julho

    ConclusoO objetivo da auditoria aos inventrios verificar a exatido dossaldos identificados no balano.

    Para se conseguir atingir este objetivo feito um conjunto deprocedimentos que so um bom exemplo das ferramentas a utilizar.Desde procedimentos analticos, testes s contagens, valorizaode inventrio, confirmao de terceiros, identificao de stockscombaixa rotao, etc. so procedimentos utilizados.

    Na rea dos inventrios a gesto pode ser tentada a exercerautoridade, pelo que a confirmao da presena e validao de umsistema de controlo apropriado deve ser feita, adequando-se osprocedimentos a seguir s circunstncias identificadas.

    Mas no se pense que os procedimentos so meras execues deuma prescrio estandardizada, muito pelo contrrio, h todo um

    trabalho de planeamento, que passa pelo conhecimento da entidade,por forma a identificar as reas e matrias de risco, e dotar o programados procedimentos que lhes permitam fazer face.

    Podemos concluir que a auditoria dos inventrios requer umplaneamento cuidadoso e investimentos substanciais de tempo,custo e empenho.

    Mesmo que para algumas empresas os stocks no representemmais que pagamentos antecipados, noutras representam o ativomais valioso.

    Estamos crentes que um trabalho de qualidade por parte da auditoria,

    contribuir no s para reunir as provas necessrias formulao

    Na rea dos inventrios a gesto podeser tentada a exercer autoridade, peloque a confirmao da presena evalidao de um sistema de controloapropriado deve ser feita, adequando-se os procedimentos a seguir scircunstncias identificadas.

    da opinio, mas tambm como mais valia na credibilizao das

    demonstraes financeiras e do trabalho do rgo de gesto.

    Ao longo do artigo foram utilizadas siglas com os seguintessignificados:

    CI Controlo InternoDFs Demonstraes FinanceirasDRA Diretrizes de Reviso/AuditoriaRC Risco de ControloRA Risco de AuditoriaRD Risco de DeteoRDM Risco de Distoro MaterialRI Risco Inerente

    SNC Sistema de Normalizao Contabilstica

    menos, uma vez em cada exerccio;b) Identificar os bens quanto sua natureza, quantidade e custos unitrios e globais,por forma a permitir a verificao, a todo o momento, da correspondncia entre ascontagens fsicas e os respetivos registos contabilsticos.2 -A obrigao prevista no nmero anterior no se aplica s entidades nele referidasque no ultrapassem, durante dois exerccios consecutivos, dois dos trs limites indicadosno n. 2 do artigo 262. do Cdigo das Sociedades Comerciais, deixando essa dispensade produzir efeitos no exerccio seguinte ao termo daquele perodo.A no adoo do sistema de inventrio permanente no determinante para a formaoda opinio do revisor, visto que, em variadas circunstncias, o controlo das existnciase o razovel apuramento dos saldos relacionados com as mesmas podem ser asseguradospor outras formas. (Circular OROC - 08/01 de 25 de janeiro)A no adoo do sistema do inventrio permanente por empresa que a tal estejaobrigada deve ser divulgada nos relatrios e pareceres emitidos pelo revisor,independentemente de se justificar ou no uma reserva.6

    Ver ISA 620 - Usar o trabalho de um perito7Se o revisor, pelo seu trabalho, concluir do forma diferente da empresa, e esta diferenafor material, dever ser modificada a CLC com a incluso de uma reserva por discordncia.P.e. Foram identificados inventrios obsoletos ou com baixa rotao, cuja recuperabilidadefutura muito reduzida e que no se encontra cobertos por qualquer imparidade. Emconsequncia disto, o ativo e os resultado do exerccio encontram-se sobrevalorizadosno montante de xxx milhares de euros.

    1 As distores, incluindo as omisses, so consideradas materiais se se esperar que,individualmente ou em conjunto, influenciem as decises econmicas tomadas pelosutentes com base nas demonstraes financeiras. ISA 320 2.A materialidade no suscetvel de uma definio geral matemtica, uma vez queenvolve aspetos qualitativos e quantitativos ajuizados nas circunstncias particularesda omisso ou da distoro. Por conseguinte, a materialidade proporciona um patamarou ponto de corte, em vez de ser uma caracterstica qualitativa primria que a informaodeva ter para ser til. DRA 320 2.2Esta frmula sugere a dependncia do Risco Inerente e o Risco de Controlo, definindo-os conjuntamente e combinando-os, rompendo com o modelo tradicional de risco deauditoria. RA = RI x RC x RD3 Risco de controlo: pode ser definido como risco de uma assero apresentar umadistoro que possa ser materialmente relevante e no possa ser evitada, ou detetadae corrigida tempestivamente pelo sistema de controlo interno existente na empresa.4 Um teste de walkthroughs ou "andar atravs", um exemplo dos fluxos existentesnuma dada classe de transaes de forma a verificar que a narrativa reflete corretamenteos diversos fluxos, intervenientes e controlos.5 Artigo 12. - Inventrio permanente - DL 158/20091 -As entidades a que seja aplicvel o SNC ou as normas internacionais de contabilidadeadotadas pela UE ficam obrigadas a adotar o sistema de inventrio permanente nacontabilizao dos inventrios, nos seguintes termos:a) Proceder s contagens fsicas dos inventrios com referncia ao final do exerccio,ou, ao longo do exerccio, de forma rotativa, de modo a que cada bem seja contado, pelo

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