Aula 00 Economia Internacional

28
ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 1 AULA DEMONSTRATIVA Olá alunos, Este curso irá cobrir a matéria Economia Internacional para o cargo de Economista do BNDES. Vamos lá: Meu nome é Julia Olzog, sou economista com especialização em Comércio Exterior e Mestrado em Organismos Internacionais. Também sou bacharel em Direito e fiz um curso sobre os aspectos práticos e legais da Organização Mundial do Comércio – OMC em Genebra, na Suíça. Sou servidora pública federal e trabalho com análise de comércio exterior. Aqui vou abordar temas das quais tenho bastante experiência prática e teórica, trazendo para vocês uma abordagem completa das matérias do edital com destaque para os tópicos de maior relevância que são frequentemente cobrados pelas principais bancas de concursos. Serão 13 aulas de Economia Internacional. As aulas serão semanais, divididas segundo os tópicos relacionados no último edital de 2011, assim fica mais fácil de acompanhar. Importante: o cronograma poderá ser antecipado e o conteúdo ajustado, conforme o próximo edital! A proposta de cronograma é a seguinte: Aula 01 10/08 Aula 02 17/08 Aula 03 24/08 Aula 04 31/08 Aula 05 07/09 Aula 06 14/09 Aula 07 21/09 Aula 08 28/09 Aula 09 05/10 Aula 10 12/10 Aula 11 19/10 Aula 12 26/10 Aula 13 06/11

Transcript of Aula 00 Economia Internacional

Page 1: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 1

AULA DEMONSTRATIVA

Olá alunos,

Este curso irá cobrir a matéria Economia Internacional para o cargo de

Economista do BNDES.

Vamos lá: Meu nome é Julia Olzog, sou economista com especialização

em Comércio Exterior e Mestrado em Organismos Internacionais. Também sou

bacharel em Direito e fiz um curso sobre os aspectos práticos e legais da

Organização Mundial do Comércio – OMC em Genebra, na Suíça. Sou servidora

pública federal e trabalho com análise de comércio exterior.

Aqui vou abordar temas das quais tenho bastante experiência prática e

teórica, trazendo para vocês uma abordagem completa das matérias do edital

com destaque para os tópicos de maior relevância que são frequentemente

cobrados pelas principais bancas de concursos.

Serão 13 aulas de Economia Internacional. As aulas serão semanais,

divididas segundo os tópicos relacionados no último edital de 2011, assim fica

mais fácil de acompanhar. Importante: o cronograma poderá ser antecipado e

o conteúdo ajustado, conforme o próximo edital!

A proposta de cronograma é a seguinte:

Aula 0110/08

Aula 0217/08

Aula 0324/08

Aula 0431/08

Aula 0507/09

Aula 0614/09

Aula 0721/09

Aula 0828/09

Aula 0905/10

Aula 1012/10

Aula 1119/10

Aula 1226/10

Aula 1306/11

Page 2: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 2

Cronograma 2012:

IV - ECONOMIA INTERNACIONAL

Aula 00Teorias do comércio internacional: vantagens absolutas e vantagens comparativas; o modelo ricardiano de vantagens comparativas.

Aula 01

O modelo de Heckscher-Ohlin; o teorema da equalização dos preços dos fatores; comércio e distribuição de renda: o teorema de Stolper-Samuelson; modelo de concorrência monopolística, diferenciação de produtos e comércio intra-industrial. Vantagens comparativas dinâmicas.

Aula 02

Argumentos para livre-comércio, argumentos para proteção, política comercial e instrumentos da política comercial: tarifas de importação, cotas, subsídios à produção, subsídios à exportação e financiamento às exportações nas modalidades crédito ao exportador (supplier's credit) e crédito ao importador (buyer's credit).

Aula 03Multinacionais e investimento estrangeiro direto: teoria e experiência internacional.

Aula 04Multilateralismo e acordos multilaterais de comércio: GATT, GATS e TRIPS. O papel da Organização Mundial do Comércio (OMC). Políticas de defesa comercial: salvaguardas, antidumping e medidas compensatórias.

Aula 05Integração regional e experiências de integração regional no pós-guerra: União Europeia, NAFTA e MERCOSUL.

Aula 06O balanço de pagamentos. Paridade coberta e a descoberto da taxa de juros. Paridade do poder de compra e a taxa de câmbio real.

Aula 07O modelo keynesiano de determinação da renda e o multiplicador do comércio exterior. Modelos de ajuste do balanço de pagamentos no modelo keynesiano com regime de câmbio fixo e ausência ou presença de fluxos de capitais.

Aula 08Enfoque das elasticidades e a curva em J. Modelos de ajuste do balanço de pagamentos com câmbio flutuante e diferentes graus de abertura ao fluxo de capitais.

Aula 09O modelo IS-LM-BP em diferentes regimes de câmbio e graus de mobilidade do capital.

Aula 10O modelo de Mundell-Fleming e os dilemas da política macroeconômica (a “trindade impossível”).

Aula 11Sistema monetário internacional: padrão-ouro, Bretton-Woods, pós-Bretton Woods e perspectivas. O papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BIRD).

Aula 12Áreas monetárias ótimas: conceitos, a experiência da União Europeia e problemas na preservação do euro.

Aula 13Modelos de ataque especulativo e crises financeiras domésticas e globais. A crise econômica global de 2008: diagnóstico e políticas para sua superação

Nesta aula inaugural vou abordar as Teorias do comércio

internacional: vantagens absolutas e vantagens comparativas; o

modelo ricardiano de vantagens comparativas.

Além da teoria, as aulas trazem exercícios comentados sobre os assuntos

abordados que ajudarão melhor na fixação e compreensão da matéria. Na

parte de exercícios sempre tem um comentário importante, um complemento

da matéria que não foi dado na parte teórica, uma dica, enfim, todo o material

Page 3: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 3

foi preparado para ajudar ao máximo no entendimento e fixação do

conteúdo!!!

Na verdade, eu preparei o meu material da forma como eu, se fosse

aluna, gostaria de estudar! Passei num concurso em 2002, e quando eu

buscava um material o que eu procurava:

1. Um material que cobrisse todo o edital

2. Com um bom conteúdo e explicações fáceis de entender

3. Que tivesse bastante exercícios para tentar resolver, com os comentários

das questões para perceber onde estão os erros e acertos

Acho que dessa forma, tentando fazer os exercícios e vendo a explicação,

o aluno tem a chance de fixar melhor o conteúdo, pois você está diante de

uma questão prática, de como realmente o assunto cai na prova!!

Outra coisa que acho importante não é apenas responder a questão e

apontar qual é o item certo, mas sim comentar os demais itens da questão

(sempre que possível) para que o aluno tenha uma visão geral da matéria e

perceba as pegadinhas da banca.

Mas, gente, a matéria é muito extensa, e vocês sabem que sempre

escapa uma coisinha aqui e ali, então tentem também buscar informações na

internet sobre assuntos que vocês julguem importantes. Mais informação,

nunca é demais!

Então, preparei tudo pensando em vocês, futuros economistas do

BNDES!! Sei que vocês conseguem!! Basta um pouco de dedicação, força de

vontade e muito estudo. O salário e os benefícios do Banco são excelentes,

então vale a pena se dedicar a isso! E eu sei que você, ALUNO DO PONTO vai

chegar lá e nós vamos comemorar juntos!

Vamos começar, então?

Page 4: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 4

AULA DEMONSTRATIVA

Aula 00

Teorias do comércio internacional: vantagens absolutas e vantagens

comparativas; o modelo ricardiano de vantagens comparativas.

1. Teorias do comércio internacional

A teoria do comércio internacional surgiu da necessidade de explicação

das trocas internacionais. Remonta aos autores clássicos liberais (com

destaque para Adam Smith e David Ricardo) o desenvolvimento de uma

análise suscetível de generalização a qualquer país, ou seja, uma teoria do

comércio internacional de validade universal.

As teorias clássicas do comércio internacional (como as teorias

vantagens absolutas e vantagens comparativas) foram antecedidas pelo

Mercantilismo. O Mercantilismo é o nome dado a um conjunto de políticas

econômicas predominantes na Idade Moderna na Europa, entre os séculos XV

e XVIII, que preconizava o desenvolvimento econômico por meio do

enriquecimento das nações, graças, fundamentalmente, ao comércio exterior.

Os mercantilistas preocupavam-se com a acumulação de metais

monetários – ouro e prata – que associavam à ideia de riqueza do país. Uma

vez que a oferta de ouro era relativamente fixa, acreditavam que um país

poderia aumentar o seu estoque de metais monetários à custa dos demais, ou

seja, na concepção deste modelo, o comércio internacional tinha ganhos de

soma zero – um país ganha à custa do outro – por isso adotavam politica

comercial protecionista.

As principais características do mercantilismo eram: intervencionismo

estatal, protecionismo alfandegário para diminuir as importações, medidas de

apoio às exportações, fortalecimento do mercado interno, estímulo a práticas

Page 5: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 5

monopolistas. A ideia central era obter uma balança comercial favorável, ou

seja, exportar mais do que importar a qualquer custo, para que a entrada de

ouro e prata fosse superior à saída. Para os mercantilistas o excedente

comercial estava acima de tudo, pois através do excedente comercial as

nações obteriam o acúmulo de metais preciosos necessário ao seu

enriquecimento. Outra forma de obtenção de metais preciosos e outros bens

valiosos muito usada pelos mercantilistas, vinha da exploração das riquezas

coloniais.

É com o advento do liberalismo econômico que se começa a desenvolver

a teoria do comércio internacional, que vamos ver em seguida.

Mas, antes de prosseguirmos, convém mencionar um termo usado

modernamente como referência ao mercantilismo: é o Neomercantilismo.

Esse termo é usado para descrever um regime de política econômica que

incentiva as exportações, desencoraja as importações, controla o movimento

de capitais e centraliza as decisões monetárias nas mãos de uma autoridade

central. O objetivo das políticas neomercantilistas é aumentar o nível das

divisas mantidas pelo governo, permitindo uma política monetária e uma

política fiscal mais eficaz.

1.1. Teorias Clássicas

A teoria clássica segue, em termos temporais, a teoria Mercantilista. A

Escola Clássica do Pensamento Econômico tenta ver as vantagens da

existência do Comércio Internacional a partir da resposta a três questões

fundamentais:

- Explicitação da divisão de trabalho inerente às novas trocas comerciais;

- Vantagens para os dois países das trocas comerciais e;

- Cálculo das novas razões de trocas, isto é, o preço internacional das trocas

comerciais.

Page 6: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 6

As duas principais teorias clássicas são as teorias das vantagens

absolutas e a das vantagens comparativas.

1.2. Teoria das Vantagens Absolutas

Adam Smith é o primeiro teórico do pensamento clássico. Em 1776,

Smith publica a sua obra-prima “A riqueza das Nações”, onde constata que a

fonte da riqueza das nações é o trabalho. Desta forma, o valor de troca de

uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho contido nela.

Para ele, a falha dos mercantilistas foi não perceber que uma troca

poderia beneficiar as duas partes envolvidas, pois uma economia só manterá

transações espontâneas com outra se perceber que conseguirá obter

vantagens nesse intercâmbio. Ao contrário, Adam Smith considera que o

comércio internacional tem ganhos positivos para os países intervenientes na

troca.

Smith demonstra as vantagens da livre troca, ao observar que a abertura

ao exterior conduz a um ganho importante para os países no intercâmbio

comercial e, portanto, também para a economia mundial - originando o

aumento global da riqueza.

Para usufruir dos benefícios do livre comércio, os países deveriam se

especializar de acordo com as suas vantagens absolutas: cada país deve

especializar-se nos produtos em que tem vantagens absolutas em termos de

custos (ou produtividade), ou seja, em que o número de horas de trabalho

requerido para a sua produção é menor. E se o número de horas trabalhadas

é menor, isso significa também um menor custo de produção. Os custos

diferem-se entre as nações por causa da produtividade do trabalho. Então, um

país possui vantagem absoluta quando produz com: menor custo de produção,

maior eficiência, maior produtividade, menos horas de trabalho para produzir

determinado bem.

Page 7: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 7

O excedente de produção (aquilo que excede a capacidade de consumo

interno) deveria ser objeto de trocas comerciais com outros países. As ideias

de Adam Smith deram fundamento à divisão internacional da produção.

A vantagem absoluta poderia advir de recursos naturais (solo, clima,

matérias primas), recursos humanos (mão de obra) ou capital. Isso permite o

pensamento que alguns países possuem maior vantagem em determinados

tipos de indústria do que em outras, de tal forma que tais indústrias devem ser

estimuladas de modo que a vantagem absoluta seja utilizada. No caso do

Brasil, país com amplas reservas minerais de ferro, a indústria siderúrgica é

uma candidata natural à posição de indústria com vantagem absoluta, de

modo que, em princípio, as fontes mais acessíveis de matéria prima fariam

dela uma competidora mais eficiente no mercado internacional.

A teoria das vantagens absolutas pode ser facilmente compreendida com

base num exemplo numérico. Considere dois bens - camisa e sapato -

produzidos por dois países X e Y:

Número de horas para produção de mercadorias

País Para produzir uma camisa

Para produção de um sapato

X 10 40Y 15 25

Horas Necessárias

A partir da tabela, observa-se que o país X tem vantagem absoluta na

produção de camisas e o país Y, na produção de sapatos. Ou seja, cada um

gasta respectivamente menos horas para produzir o bem em que se

especializaram.

Na verdade, isso equivale a dizer que X produz camisas com menor custo

(maior eficiência) ou, dito de outro modo, a produtividade de X em camisas é

maior. Por isso, diz-se que X tem uma vantagem absoluta em camisas, pelo

que deve especializar-se completamente na sua produção. Por sua vez o país Y

é absolutamente mais eficiente para produzir sapatos devendo, então

Page 8: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 8

especializar-se completamente na sua produção. Assim, os países irão se

especializar nos produtos em que são mais eficientes e exportar seu

excedente de produção: o que não for consumido no mercado interno será

ofertado no mercado externo.

Deste modo, ambas as partes saem ganhando com o comércio. Os países

irão concentrar seus recursos nos bens que produzem mais eficientemente (a

um custo menor) e irão adquirir os produtos em que não produzem de forma

eficiente a preços menores no mercado internacional.

Isso aplicado a todos os países resultaria no aumento da produção e da

riqueza das nações, fazendo com que as mesmas atingissem um nível ótimo de

bem estar, já que o mundo teria se transformado em um único mercado, com

os bens sendo negociados a preços mínimos e com melhor qualidade,

independentemente do país onde fossem produzidos.

Adam Smith era um defensor do livre comércio e seu principal objetivo

ao propor a livre troca, era a abertura dos mercados internacionais aos

produtos industriais ingleses. Desse modo, a Inglaterra deixaria de estar

limitada ao seu mercado doméstico - que era pequeno para absorver toda sua

produção - e teria espaço para avançar na sua industrialização escoando

(exportando) a sua produção para o mundo.

Sendo um modelo de livre comércio, o Estado deveria abster-se de

intervir na economia, deixando que os mercados se autorregulassem1. Apenas

interviria para impedir a existência de monopólios, ou em atividades que não

despertem interesse da iniciativa privada.

No entanto, embora a proposição de Smith seja válida como uma das

explicações para o comércio entre nações, ela não é suficiente para

compreender a realidade atual do comércio internacional. Uma das críticas ao

modelo refere-se ao fato de a teoria das Vantagens Absolutas ter sido

formulada com base na teoria do valor trabalho, no qual os custos e preços

das mercadorias seriam definidos principalmente por conta das horas

necessárias para se realizar a produção. Na verdade, outros fatores entram na

1 Adam Smith pregava, assim, a existência da “mão invisível” do mercado.

Page 9: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 9

composição de custos de um produto, como a disponibilidade de matéria-prima

e de capital. Outra crítica é que, pelo modelo de Smith, países que não

possuem vantagem absoluta em nenhum bem (ineficiência absoluta), não

poderiam participar do comércio global ofertando seus produtos, o que não é

verdade na prática.

Esta limitação foi discutida por David Ricardo, que aprimorou a teoria das

vantagens absolutas, propondo a teoria das Vantagens Comparativas. Como

veremos de seguida, Ricardo mostrou que ainda que um país apresente maior

eficiência na produção de todos os bens (ou não apresente maior eficiência na

produção de nenhum bem), poderá haver vantagens com a livre troca para os

países intervenientes no comércio externo.

1.3. Teoria das Vantagens Comparativas: o modelo ricardiano de

vantagens comparativas

David Ricardo (1817) tentou mostrar que mesmo quando um país fosse

absolutamente menos eficiente a produzir todos os bens, continuaria a

participar no comércio internacional ao produzir e exportar os bens que

produzisse de forma relativamente mais eficiente. Assim, o modelo

Ricardiano é referido como o modelo das Vantagens Comparativas ou Relativas

ou ainda Teoria dos Custos Comparados.

Para ele, o livre comércio pode ser mutuamente benéfico, pois o

comércio internacional não é um jogo de soma zero (como pensavam os

mercantilistas), onde os ganhos de um país equivalem às perdas do outro. Na

verdade, todos podem se beneficiar com o comércio internacional, na medida

em que ele permite que os países se especializem na produção e exportação

das mercadorias que conseguem produzir, comparativamente, de forma mais

eficiente.

Isso quer dizer que mesmo que um país X fosse mais eficiente na

produção de dois produtos, ainda assim valeria a pena comercializar com o

Page 10: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 10

exterior (país Y), devendo o país X se especializar na produção do bem em que

fosse mais eficiente. Por outro lado, o país Y, menos eficiente na produção dos

dois produtos, deveria se especializar na fabricação daquele em que fosse

menos ineficiente.

Um exemplo: se o Brasil for relativamente mais produtivo na produção

de minérios do que na produção de computadores e na China ocorrer o

contrário, seria mais interessante que o Brasil utilizasse todos os seus recursos

para produzir minérios e utilizasse o dinheiro obtido com a exportação de

minérios para comprar computadores da China. Com a abertura comercial, as

pessoas que trabalhavam fabricando computadores de forma ineficiente

passariam a trabalhar na produção de minérios. Desta forma, o comércio

internacional faz com que os países fiquem mais ricos e que as pessoas

possam consumir produtos mais baratos do mundo todo.

Dessa forma, o modelo de Ricardo prevê uma direção para o comércio

exterior: os países exportarão os bens nos quais têm maior produtividade

relativa do trabalho (têm vantagem comparativa na sua produção) e

importarão os bens nos quais apresentam menor produtividade relativa do

trabalho (não têm vantagem comparativa na sua produção). Ou seja, cada

país deveria dedicar-se ou especializar-se nos produtos em que seus custos

comparativos fossem menores. As tecnologias são diferentes entre os países,

ou seja, as técnicas de produção diferem entre países.

Vamos ver o exemplo usado por Ricardo para explicar sua teoria:

Número de horas para produção de mercadorias

País Para produzir 1

unidade de tecidoPara produzir 1 unidade vinho

Portugal 90 80Inglaterra 100 120

Horas Necessárias

A partir do exemplo acima, pode-se notar que Portugal tem vantagem

absoluta na produção de tecidos e vinhos em relação à Inglaterra, pois

Page 11: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 11

necessita de menos horas que a Inglaterra, para produzir ambas as

mercadorias. Então, no contexto da teoria das vantagens absolutas, o

comércio entre os dois países seria nulo, uma vez que Portugal é

absolutamente mais eficiente na produção de ambos os bens, não havendo da

sua parte qualquer interesse na troca.

Mas a análise de Ricardo mostra que a Inglaterra tem menor

desvantagem competitiva em relação a tecidos do que a vinhos (precisa de

menos horas para produzir 1 unidade de tecido do que para produzir 1 unidade

de vinho). Assim, conviria à Inglaterra dedicar-se à produção de tecidos e

deixar a produção de vinhos para Portugal, porque, de acordo com Ricardo,

especializar-se na produção de uma mercadoria seria mais vantajoso do que

dividir o capital existente para a produção das duas mercadorias. Vale lembrar

que não se trata da eficiência do país, mas da eficiência na produção de

determinados bens.

Todavia, os benefícios da especialização e do comércio podem ser melhor

observados ao se comparar a situação sem (economia fechada) e com

comércio internacional (economia aberta).

Sem comércio internacional, na Inglaterra são necessárias 100 horas de

trabalho para a produção de 1 unidade de tecido e 120 horas para a produção

de 1 unidade de vinho. Desse modo, uma unidade de vinho deve custar 1,2

unidade de tecido (120/ 100). Por outro lado, em Portugal, essa unidade de

vinho custará 0,88 unidade de tecido (80/90).

Se houver comércio entre os países, a Inglaterra poderá importar 1

unidade de vinho por um preço inferior a 1,2 unidade de tecido, e Portugal

poderá comprar mais que 0,88 unidade de tecido vendendo seu vinho.

País Tecido VinhoPortugal 1,125 0,88Inglaterra 0,83 1,2

Custos relativos

Page 12: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 12

Assim, por exemplo, se a relação de troca entre o vinho e o tecido for de

1 para 1, ambos os países sairão beneficiados. A Inglaterra em autarquia

(economia fechada) gasta 120 horas de trabalho para obter 1 unidade de

vinho; com o comércio com Portugal, poderá utilizar apenas 100 horas de

trabalho, produzir 1 unidade de tecido e trocá-la por 1 unidade de vinho,

poupando, portanto, 20 horas de trabalho, que poderiam ser utilizadas

produzindo mais tecidos (obtendo, assim, um maior nível de consumo).

O mesmo raciocínio vale para Portugal: em vez de gastar 90 horas

produzindo 1 unidade de tecido, poderia usar apenas 80 produzindo 1 unidade

de vinho e troca-la no mercado internacional por 1 unidade de tecido, também

economizando 10 horas de trabalho. Desse modo, a Inglaterra deverá se

especializar na produção de tecidos, exportando-os e importando vinho de

Portugal, que se especializou em tal produção e passou a importar tecidos.

Conclui-se, portanto, que dada uma certa quantidade de recursos

(fatores de produção2), um país poderá obter ganhos através do comércio

internacional, produzindo aqueles bens que gerarem comparativamente mais

vantagens relativas.

No modelo ricardiano, os custos de produção estão baseados unicamente

na produtividade do trabalho. Assim, os países se especializarão e exportarão

na produção de bens que o seu trabalho produz de forma relativamente

eficiente (ou seja, utiliza menos recursos) e importarão bens que seu trabalho

produz de forma comparativamente ineficiente.

O comércio entre as nações, livre de entraves governamentais,

aumentaria a riqueza de todos. A imposição de barreiras poderia prejudicar a

alocação ótima dos recursos de produção, e possivelmente geraria um custo

muito grande para o país, por manter uma indústria ineficiente funcionando.

O modelo de Ricardo é o que melhor explica as trocas internacionais e é

utilizado até hoje. Mas, também sofre algumas críticas: assim como a teoria de

Smith, estipulava que as relações de valor entre dois bens eram determinadas

pelas quantidades de trabalho incorporadas na produção de cada bem. Ou

2 Recursos ou fatores de produção são trabalho (mão de obra, horas trabalhadas), terra, capital, matéria prima, energia

Page 13: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 13

seja, esta pré condição ignorava o papel das matérias-primas e dos

investimentos como fatores de produção, analisando apenas a força de

trabalho. Também não leva em conta a distribuição de renda gerada pelo

comércio, não considera os ganhos de escala como uma explicação ao

comércio internacional e não considera a evolução das estruturas da oferta e

da demanda.

Pontos em comum entre as 2 teorias (vantagens absolutas e

comparativas):

(i) existe um único fator de produção, o trabalho;

(ii) a produtividade do trabalho nos vários países é diferente;

(iii) os custos de produção são constantes; i.e., o número de horas de trabalho

por unidade de produto não se altera com a quantidade produzida, nem com o

tempo;

(iv) o trabalho é perfeitamente móvel entre indústrias de um mesmo país, mas

imóvel entre países;

(v) existe pleno emprego;

(vi) existem rendimentos constantes de escala;

(vii) no livre comércio não há quaisquer impedimentos ao comércio (ausência

de tarifas e custos de transporte nulos);

(viii) os mercados são de concorrência perfeita.

E as diferenças? A diferença básica entre as teorias de Smith e Ricardo é

que pela primeira (vantagens absolutas), o comércio internacional não seria

proveitoso para dois países se um deles fosse mais eficiente que o outro na

produção de todos os bens e pela segunda (vantagens comparativas) mesmo

que um país seja mais eficiente na produção de todos os bens, o comércio

internacional ainda assim seria benéfico. Mas a palavra-chave mesmo é

absoluto x comparativo ou relativo!! Sempre que cair uma questão ligando

a teoria de Ricardo com a palavra absoluto(a) está errado!

Page 14: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 14

Vamos ver um exemplo? Essa questão caiu na última prova do MDIC/

Analista de Comércio Exterior (ESAF) de 2012!! “De acordo com o modelo de

David Ricardo, o padrão de especialização produtiva de um país e, por

consequência, a composição de sua pauta exportadora está diretamente

relacionada à(s)

d) vantagens absolutas derivadas das diferenças na remuneração da mão de

obra. Errado!! 2 erros: a palavra 'absolutas' (certo é comparativas ou

relativas) e remuneração da mão de obra (é produtividade da mão de

obra/trabalho). Essa questão está resolvida na parte de exercícios.

Ganhos de comércio

Vimos no modelo de Ricardo que os países devem se especializar na

produção dos bens em que possuem maior vantagem na produção na

comparação com outros países. Na verdade, isso quer dizer o seguinte: as

vantagens comparativas não se baseiam apenas na eficiência de um país

(como pensava Smith), mas sim na ineficiência deste na produção de um bem.

Por isso a eficiência é relativa.

Mas, como se determinam os ganhos de comércio entre países que se

especializaram? Vamos dar um exemplo:

Antes da especialização, a produção da economia como um todo era de

80 mil unidades de vinho e 40 mil unidades de tecido, totalizando 120 mil

unidades. Apos a especialização, a produção de vinhos aumentou para 90 mil

(os 1000 trabalhadores em Portugal que faziam tecidos passam a fazer vinhos,

dobrando a produção) e a produção de tecidos no mundo aumentou para 40

Page 15: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 15

(os 1000 trabalhadores na Inglaterra que faziam vinhos passam a fazer

tecidos, dobrando a produção) = 130 mil unidades. A especialização foi

benéfica para ambos os países e para o mundo, que ganhou em bem estar

com o aumento da produção.

Mas, nem sempre a especialização será um bom negocio para os países

envolvidos nas trocas. Para saber se haverá vantagem na especialização,

precisamos calcular os ganhos de comércio.

Suponha que uma unidade de vinho custe $1 e uma unidade de tecido

custe $1 (preço relativo Pv/Pt =1). Assim, sem especialização, Portugal fatura

$65 mil e a Inglaterra fatura $55 mil. Com especialização, Portugal passa a

vender $90 mil e a Inglaterra $40 mil. Nesse caso, houve ganho de comércio

apenas para Portugal, que aumentou o faturamento de 65 para 90 mil. Mas,

para a Inglaterra, com o preço de $1 o tecido, a especialização não valeu a

pena, pois seus ganhos diminuíram.

Agora, suponha que uma unidade de vinho custe $1 e uma unidade de

tecido custe $2 (preço relativo Pv/Pt =0,5). Sem especialização: Portugal

fatura $85 mil e a Inglaterra fatura $75 mil. Com especialização, Portugal

passa a vender $90 mil e a Inglaterra $80 mil. A esse preço ($1 vinho e $2

tecido) a especialização foi vantajosa para ambos os países.

Agora, 1 unidade de vinho custa $1 e 1 unidade de tecido custa $3

(preço relativo Pv/Pt = 0,33). Sem especialização: Portugal fatura $105 mil e a

Inglaterra fatura $95 mil. Com especialização, Portugal passa a vender $90 mil

e a Inglaterra $120 mil. A esse preço ($1 vinho e $3 tecido) a especialização

foi vantajosa apenas para a Inglaterra.

Com isso, percebemos que a repartição dos ganhos do comércio é

determinada pelos preços relativos dos bens no mercado internacional.

1.4. Custo de Oportunidade

Page 16: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 16

Como o modelo das vantagens comparativas leva em conta apenas o

fator trabalho como determinante do custo de produção, isso acaba sendo um

limite à explicação do comércio internacional.

Nos anos 30, Gottfried Haberler impediu que a teoria das vantagens

comparativas fosse rejeitada, libertando-a da hipótese restritiva da teoria do

valor trabalho. Para tal releu a teoria das vantagens comparativas de David

Ricardo à luz da sua teoria dos custos de oportunidade, isto é, em vez do custo

do trabalho, o conceito de custo utilizado é o de custo de oportunidade dos

bens. Isso permite considerar todos os fatores de produção e não apenas o

fator trabalho.

Custo de oportunidade decorre quando a especialização na produção de

determinado bem leva à renúncia na produção de outro bem, ou seja, a maior

quantidade produzida de um produto corresponde a menor quantidade

produzida de outro.

A vantagem comparativa reflete o custo de oportunidade relativa, isto é,

a relação entre as quantidades de um determinado bem que dois países

precisam deixar de produzir para focar sua produção em outro bem.

Haberler desenvolveu a teoria dos custos de oportunidade utilizando a

curva de possibilidades de produção ou de substituição de produtos - o custo

de produção de um dado bem é igual a quantidade que se deixa de produzir de

outro bem em função da utilização de fatores para produzir o primeiro bem.

Suponha:

Curva de possibilidades de produção (CPP) de Portugal

Vinho

Tecido

Page 17: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 17

Considere a CPP representada acima, de um produtor em Portugal que

pode escolher entre produzir apenas vinho, apenas tecido ou ainda uma

combinação dos dois bens. Se ele se dedicar apenas à produção de vinho,

consegue produzir 100 unidades (ponto A). Caso opte por produzir apenas

tecido, consegue produzir 80 unidades (ponto E). As demais combinações

estão representadas por todos os demais pontos existentes ao longo da reta

traçada (pontos B, C e D).

Se o produtor se encontrasse na situação do ponto A, produzindo

exclusivamente vinho, e caminhasse para o ponto B, pode-se observar que

ocorreria o seguinte:

- A produção de vinho diminuiria de 100 unidades para 75 unidades; e

- A produção de tecido aumentaria de 0 unidades para 20 unidades.

Dessa maneira, pode-se dizer que o produtor abriu mão de produzir 25

unidades de vinho (redução de 100 para 75) para passar a produzir 20

unidades a mais de tecido (aumento de 0 para 20).

Essas combinações de produção mostram o conceito por trás do custo de

oportunidade: o quanto se perde da produção da mercadoria X ao se aumentar

em uma unidade a produção de Y.

Vamos ver um exemplo:

País Tecido,

produção em unidades

Vinho, produção em

unidadesPortugal 2 /hora 4 /horaInglaterra 8 /hora 5 /hora

No exemplo acima, o custo de oportunidade de Portugal em produzir 2

unidades de tecido é 4 unidades de vinho. Fazendo uma regra de 3:

Tecido Vinho

2 4

1 X X= 4/2 = 2

Page 18: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 18

Assim, para cada unidade de tecido produzida, Portugal deixa de fabricar

2 vinhos. Então, seu custo de oportunidade de tecido é de 2.

Tecido VinhoPortugal 4/2 = 2 2/4 = 0,5Inglaterra 5/8 = 0,625 8/5 = 1,6

custo de oportunidadePaís

Nesse caso, Portugal tem vantagem comparativa em vinho dado que

para produzir uma unidade adicional de vinho tem que sacrificar apenas 0,5

unidade de tecido (ou seja, Portugal sacrifica uma menor quantidade de tecido

que a Inglaterra). Inglaterra tem vantagem comparativa em tecido dado que

para produzir uma unidade adicional de tecido tem que sacrificar apenas 0,6

unidade de vinho (enquanto que Portugal sacrifica duas).

Portugal: custo de oportunidade do vinho em termos do tecido é mais

baixo que na Inglaterra

Inglaterra: custo de oportunidade do tecido em termos do vinho é mais

baixo que em Portugal

Assim, os países devem se especializar na produção de bens em que

possuam menor custo de oportunidade, ou seja, maior eficiência relativa.

EXERCÍCIOS

1. (Cesgranrio – BNDES/2009) Suponha que os custos de produção (em

termos de unidades de trabalho) de vinho e de tecido na Inglaterra e em

Portugal sejam conforme a tabela abaixo.

Page 19: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 19

Assim, por exemplo, para produzir uma unidade de vinho em Portugal são

usadas 10 unidades de trabalho; e na Inglaterra, 50 unidades de trabalho.

Pode-se, então, afirmar que

a) a Inglaterra tem vantagem absoluta em ambas as indústrias.

b) Portugal tem vantagem comparativa em vinho e em tecido.

c) Portugal tem vantagem comparativa em vinho e a Inglaterra, em tecido.

d) Portugal tem vantagem absoluta em vinho, mas não em tecido.

e) Portugal tenderia a se especializar na produção de tecido e a Inglaterra, em

vinho, caso se abrisse o comércio entre os dois países.

Comentários

Para responder essa questão, precisamos demonstrar os custos relativos de

produção entre os 2 bens nos 2 países:

País Vinho TecidoPortugal 10/20 = 0,5 20/10 = 2Inglaterra 50/50 = 1 50/50 = 1

Custos relativos

Portugal tem um custo mais baixo (custo relativo) para produzir vinho

(0,5) em relação a tecido e em relação a Inglaterra, o que mostra que Portugal

tem vantagem comparativa na produção de vinho. Já a Inglaterra, mesmo

tendo custos iguais entre os produtos, possui custo mais baixo para produzir

tecido (1) em relação a Portugal (2), o que mostra que a Inglaterra tem

vantagem comparativa na produção de tecido, devendo, portanto, Portugal se

especializar na produção de vinho e a Inglaterra na produção de tecido. letra c

Page 20: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 20

________________

2. (Unama – Economista/2006) Em 1817, David Ricardo publicou seu livro

Princípios de Economia Política e Tributação, onde apresenta a teoria das

vantagens comparativas. De acordo com ela, o comércio internacional pode ser

benéfico para dois países, mesmo quando um deles é mais eficiente na

produção de todos os bens. Para isso, basta que cada país se especialize e

exporte os bens para os quais possua vantagem comparativa.

Suponha, de acordo com a teoria clássica do comércio internacional, dois

países (A e B) que produzem dois produtos (X e Y), usando apenas um fator

de produção (trabalho). As produtividades médias do trabalho (constantes na

produção de ambos os bens e em ambos os países) são apresentadas na

tabela abaixo.

Nesse contexto, é correto afirmar que o país A deverá

a) exportar o bem X e importar o bem Y.

b) exportar o bem Y e importar o bem X.

c) exportar tanto o bem X como o bem Y.

d) importar tanto o bem X como o bem Y.

e) não comerciar com o país B.

Comentários

Cuidado com o enunciado! Vimos que os países possuem vantagem

comparativa nos produtos que produzem a um menor custo (como menos

horas trabalhadas, menos homens para produzir, menos matéria prima), ou

possuem vantagem comparativa nos produtos em que a produtividade é

maior, ou seja, a relação entre a quantidade produzida por fatores utilizados.

Quanto maior essa relação, maior é a produtividade, maior a eficiência.

Page 21: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 21

Produtos A BX 2 0,5Y 1,5 0,67

Países

A questão pergunta a situação do país A. Pela tabela, vemos que A é mais

produtivo em X, por isso, deve exportar o bem X (se especializar em X) e

deixar que B se especialize em Y, e importar o bem Y. letra a

_______________

3. (ESAF – MDIC/2012) De acordo com o modelo de David Ricardo, o

padrão de especialização produtiva de um país e, por consequência, a

composição de sua pauta exportadora está diretamente relacionada à(s)

a) diferenças entre os custos de remuneração do capital em diferentes

indústrias.

b) vantagens relativas determinadas pela produtividade do fator trabalho em

diferentes indústrias.

c) dotação dos fatores de produção.

d) vantagens absolutas derivadas das diferenças na remuneração da mão de

obra.

e) vantagens comparativas relativas determinadas pela produtividade do

capital.

Comentários

a) No modelo clássico de David Ricardo, os custos relativos de produção

referem-se a diferenças tecnológicas (fator trabalho) entre os países, e não se

refere ao fator capital. errado

b) O modelo de Ricardo fala das vantagens relativas determinadas pela

produtividade do trabalho entre países e, consequentemente, entre diferentes

indústrias (ex: vinho em Portugal e têxteis na Inglaterra). certo

Page 22: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 22

c) Vamos ver na próxima aula que a Teoria Heckscher-Ohlin ou Teoria

Neoclássica ou Teoria das Dotações (ou Proporções) dos Fatores é que afirma

que cada país se especializa na produção do bem que utiliza mais o fator de

produção abundante. errado

d) O modelo de David Ricardo (Vantagens Comparativas) refere-se às

vantagens relativas derivadas dos diferentes custos de produção. A teoria das

Vantagens Absolutas é de Adam Smith, onde constata que a fonte da riqueza

das nações é o trabalho, contrariando a ideia mercantilista que atribuía esse

papel à quantidade de metais preciosos existente no território de um país.

errado

e) mesma consideração da letra A. errado

_________________

4. (ESAF – AFRF/2000) A Teoria de Vantagens Absolutas afirma em quais

condições determinado produto ou serviço poderia ser oferecido com:

a) preços de custo inferiores aos do concorrente.

b) preços de aquisição inferiores aos do concorrente.

c) preço final (CIF) inferiores aos do concorrente.

d) custo de oportunidade maior que as do concorrente.

e) menor eficiência que os do concorrente.

Comentários

a) A Teoria das Vantagens Absolutas afirma que os países devem se

especializar na produção daquilo em que forem mais eficientes. A forma de se

medir essa eficiência é pelo custo de produção. Logo, cada país deve se

especializar na produção dos produtos que tenham menor custo de produção,

ou seja, menor preços de custo menores que os concorrentes. certo

b) Não se trata de preço de aquisição, mas preço de venda. errado

c) O preço CIF é o preço do bem acrescido do custo do frete e seguro

internacional. A teoria não se preocupa com essas questões, independente de

Page 23: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 23

qual o preço negociado, se CIF ou FOB, a vantagem está no menor custo de

produção. errado

d) O custo de oportunidade é um dilema econômico que decorre da noção de

que toda escolha implica em algum tipo de renúncia, introduzido por Haberler.

Esse conceito não tem relação com a Teoria das Vantagens Absolutas, mas sim

com a Teoria das Vantagens Comparativas de Ricardo: a vantagem

comparativa reflete o custo de oportunidade relativa, isto é, a relação entre as

quantidades de um determinado bem que dois países precisam deixar de

produzir para focar sua produção em outro bem. errado

e) Ao contrário, a base da teoria é a maior eficiência na alocação do fator

trabalho. errado

_____________

5. (ESAF - AFRF/2000) A transnacionalização é um fenômeno distinto que,

sutilmente, relega a internacionalização comercial quase a um segundo plano.

Este fenômeno começou a ser percebido a meados dos anos sessenta, quando

o valor da produção das subsidiárias dos grandes conglomerados industriais no

estrangeiro começou a superar o valor do comércio internacional. O auge da

inversão estrangeira direta, que alentou a instalação destas sucursais, deveu-

se a múltiplos fatores: a reconstrução e recuperação de um mundo destruído

pela guerra, o descobrimento da possibilidade de dividir o ciclo produtivo de

maneira muito mais fina do que no passado e a compreensão de que era

possível ter acesso às vantagens comparativas (relativas) peculiares que

ofereciam os diversos países e regiões do mundo. O grande mérito de um

economista foi mostrar que o comércio também seria proveitoso para dois

países, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o outro na

produção de todas as mercadorias; mas sua vantagem seria maior em alguns

produtos do que em outros. O economista em questão foi:

a) Adam Smith

b) Stephen Kanitz

c) Keneth Galbraith

Page 24: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 24

d) Karl Max

e) David Ricardo

Comentários

A palavras chave comparativa, relativa e a declaração final de que “o grande

mérito de um economista foi mostrar que o comércio também seria proveitoso

para dois países, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o

outro na produção de todas as mercadorias; mas sua vantagem seria maior

em alguns produtos do que em outros”, indicam que o economista em questão

é David Ricardo. Letra e

___________________

6. (ESAF – AFR/2002) De acordo com a teoria clássica do comércio

internacional, as trocas comerciais entre dois países podem ser vantajosas

mesmo quando um país não usufrua de vantagem absoluta no tocante à

produção de um determinado bem, mas sim de vantagem comparativa, a qual

decorre, segundo Ricardo, de diferenças, entre ambos os países, em relação:

a) à produtividade da mão-de-obra.

b) aos custos das matérias-primas.

c) aos custos de transporte.

d) aos custos de remuneração do capital.

e) à dotação de fatores de produção.

Comentários

No modelo de David Ricardo, o único fator de produção considerado é o

trabalho, ou seja, a produtividade da mão de obra, que é o parâmetro para

medir os custos de produção dos bens. letra a.

_____________

Page 25: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 25

7. (ESAF – AFRFB/2002) Segundo a teoria clássica do comércio

internacional, na concepção de David Ricardo, o comércio entre dois países é

mutuamente benéfico quando:

a) cada país especializa-se na produção de bens nos quais possa empregar a

menor quantidade de trabalho possível, independentemente das condições de

produção e do preço dos mesmos bens no outro país, o que permitirá a ambos

auferir maiores lucros com a exportação do que com a venda daqueles bens

nos respectivos mercados internos.

b) intercambiam-se bens em cuja produção sejam empregadas as mesmas

quantidades de trabalho, o que lhes permite auferir ganhos em virtude de

diferenças, entre esses mesmos países, na dotação dos demais fatores de

produção.

c) ambos países produzem os bens necessários para o abastecimento de seus

respectivos mercados, obtendo lucros adicionais com a exportação dos

excedentes gerados.

d) cada país especializa-se na produção daqueles bens em que possua

vantagem relativa, importando do outro aqueles bens para os quais o custo de

oportunidade de produção interna seja relativamente maior.

e) a capacidade relativa de produção entre ambos países for semelhante, o

que os leva a procurar obter vantagens absolutas e assim obter ganhos com o

comércio mediante a exportação dos excedentes de produção.

Comentários

a) O item fala na ‘menor quantidade de trabalho possível’, o que equivale ao

custo absoluto de produção. Essa não é a proposta de Ricardo que compara os

custos relativos de produção entre bens. Além disso, não está correto dizer

que os custos independem das condições de produção e do preço dos mesmos

bens no outro país, pois os custos são comparativos entre países também.

errado

b) São trocados bens que não têm necessariamente o mesmo custo em termos

de hora-trabalho, e Ricardo não menciona a dotação de fatores. errado

Page 26: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 26

c) Nenhum país produz todos os bens. Importarão onde forem ineficientes.

errado

d) Essa é exatamante a ideia por trás da teoria de Ricardo: cada país

especializa-se na produção daqueles bens em que possua vantagem relativa,

importando do outro aqueles bens para os quais o custo de oportunidade de

produção interna seja relativamente maior. Ou seja, os países produzem e

exportam os bens cujo custo de oportunidade seja menor e importam os bens

cujo custo de oportunidade na produção seja maior (é mais barato importar

que produzir).

e) As capacidades de produção podem ser totalmente diferentes e são

vantagens relativas, não vantagens absolutas.

____________________

8. (CESPE- MDIC/2008) A internacionalização crescente do espaço

econômico faz que o estudo da teoria do comércio internacional, incluindo os

aspectos macro e microeconômicos das economias abertas, seja fundamental

para uma inserção adequada no cenário mundial. Acerca desse assunto, julgue

o item abaixo.

De acordo com o modelo ricardiano, as vantagens comparativas, baseadas em

diferenças nos custos de produção, na demanda e na presença de economias

de escala, justificam a existência do livre comércio entre países e se traduzem

em ganhos adicionais para consumidores e produtores domésticos.

Comentários

O modelo de David Ricardo não menciona as diferenças entre as demandas

pelos produtos nem a presença de economias de escala. errado

________________

9. (CESPE- Diplomata/2011) Julgue o item. No modelo ricardiano das

vantagens comparativas, os ganhos do comércio são explicados pelas

diferenças da produtividade marginal relativa do fator trabalho entre os países.

Page 27: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 27

Comentários

O modelo ricardiano das Vantagens Comparativas no comércio internacional

está baseado na teoria clássica do valor do trabalho. De acordo com este

modelo, os custos comparativos são determinados pela produtividade relativa

do fator trabalho. Variações nessa produtividade entre os países adviriam

principalmente de diferenças tecnológicas entre eles. certo

___________________

10. (CESPE- Diplomata/2011) Em A Riqueza das Nações, Adam Smith

critica o mercantilismo, alinhando-se, nesse aspecto, com os fisiocratas

franceses, mas deles se afastando ao sustentar que ao Estado compete

conduzir e proteger a economia nacional na disputa por mercados com outros

países.

Comentários

A primeira parte da questão está certa, pois Adam Smith sim critica o

mercantilismo. Mas, como defensor do livre comércio, prega a não intervenção

do Estado na economia, deixando que os mercados se autorregulassem. A

única intervenção admitida seria para impedir a existência de monopólios,

atuar em atividades que não despertem interesse da iniciativa privada ou

atividades que sejam fundamentais ao funcionamento do Estado como

segurança, justiça, etc. errado

Respostas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

C A B A E A D Errado Certo Errado

Page 28: Aula 00 Economia Internacional

ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 28

Durante as aulas veremos muito mais! Então, espero vocês na primeira aula!!!

Profa. Julia Olzog

Referências Bibliográficas

- Baumann, Renato; Otaviano, Canuto e Gonçalves, Reinaldo. Economia

Internacional: Teoria e Experiência Brasileira. Editora Campus. Rio de Janeiro,

2004

- Gontijo, Cláudio. As duas vias do princípio das vantagens comparativas de

David Ricardo e o padrão-ouro: um ensaio crítico. Revista de Economia

Política. 2007

- Krugman, Paul; Obstfeld, Maurice. Economia Internacional: Teoria e Política.

São Paulo, 2010.

- Stelzer, Joana e Gonçalves, Everton das Neves. O Direito Econômico e a

Economia Internacional para o Moderno Comércio Exterior. 2009