Aula 01

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 Ana Claudia Cardoso93680082991  CURSO ON-LINE – ECONOMIA BRASILEIRA  ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – AFC/STN TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI  1 Prof. Francisco Mariotti  www.pontodosconcursos.com.br Aula Um Olá, Pessoal! Damos então início à aula de Economia Brasileira voltada especialmente para a prova Analista de Finanças e Controle da S ecretaria do Tesouro Nacional. Na primeira e na segunda aula voltaremos os nossos estudos basicamente para os aspectos relativos ao passado recente da economia brasileira. Como não poderia deixar de ser, trata-se de uma aula bastante dissertativa, motivo pelo qual peço bastante atenção de você . A proposta das aulas é a de ser a mais objetiva possível, ou seja, farei a abordagem dos conteúdos de forma direta, debatendo e apresentando os principais temas e assuntos pertinentes a cada item do conteúdo programático. Não menos importante, quero destacar que é fundamental para o completo entendimento e fixação dos pontos a serem narrados, que você se dedique um pouco ao estudo da matéria de macroeconomia presente no concurso, visto que esta permite uma sustentação teórica de tudo que será debatido no curso de Economia Brasileira. Quero destacar, entretanto, que caso o objetivo do curso fosse um aprofundamento sobre os diversos pontos inerentes à economia nacional, daí então, com certeza, eu precisaria de um tempo muito maior de estudo, com uma abordagem prévia dos conhecimentos de macroeconomia. De todo modo, como isso não é possível, haja vista o curto tempo até a prova, procurei ser bastante minucioso, abordando os diversos aspectos constantemente cobrados em prova.

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    Aula Um

    Ol, Pessoal!

    Damos ento incio aula de Economia Brasileira voltada especialmente

    para a prova Analista de Finanas e Controle da S ecretaria do Tesouro

    Nacional.

    Na primeira e na segunda aula voltaremos os nossos estudos

    basicamente para os aspectos relativos ao passado recente da economia

    brasileira. Como no poderia deixar de ser, trata-se de uma aula bastante

    dissertativa, motivo pelo qual peo bastante ateno de voc.

    A proposta das aulas a de ser a mais objetiva possvel, ou seja, farei a

    abordagem dos contedos de forma direta, debatendo e apresentando os

    principais temas e assuntos pertinentes a cada item do contedo programtico.

    No menos importante, quero destacar que fundamental para o completo

    entendimento e fixao dos pontos a serem narrados, que voc se dedique um

    pouco ao estudo da matria de macroeconomia presente no concurso, visto

    que esta permite uma sustentao terica de tudo que ser debatido no curso

    de Economia Brasileira.

    Quero destacar, entretanto, que caso o objetivo do curso fosse um

    aprofundamento sobre os diversos pontos inerentes economia nacional, da

    ento, com certeza, eu precisaria de um tempo muito maior de estudo, com

    uma abordagem prvia dos conhecimentos de macroeconomia. De todo modo,

    como isso no possvel, haja vista o curto tempo at a prova, procurei ser

    bastante minucioso, abordando os diversos aspectos constantemente cobrados

    em prova.

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    Em sendo assim, para que eu simplesmente faa voc cair de pra-

    quedas no meio da Economia Brasileira, optei em estender a abordagem da

    aula, na verdade retroagindo um pouco mais sobre o passado recente da

    economia do pas, conforme ficar claro j no incio da aula. Muito embora

    enseje um tempo maior dedicado ao estudo, fundamental para a

    consolidao dos pontos cobrados pela banca no edital. No menos

    importante, caso a ESAF resolva cobrar questes com temas prvios ao

    perodo do milagre econmico, voc estar bem preparado.

    So os seguintes os pontos a serem abordados nesta aula um:

    1. Evoluo da economia brasileira e da poltica econmica desde

    o perodo do milagre econmico.

    Os pontos do contedo programtico destacados em itlico, no corpo da

    aula, so fonte de fundamentao para o que veremos mais a frente, enquanto

    que aqueles no destacados, identificados a partir do item 2, so aqueles

    explicitamente presentes no contedo programtico da matria.

    pequeno o histrico de questes da ESAF em termos de Economia

    Brasileira. Em sendo assim, optei por adicionar questes por outras bancas

    organizadoras. Considerando que o tema o histrico, as questes sempre se

    encontram mais atualizadas.

    Feitos os comentrios iniciais, passo ento aula propriamente escrita.

    Um grande abrao e bons estudos!

    Mariotti

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    1. O Processo d e Industrializao: d o processo d e expanso

    capitalista d o fim d o sculo XIX s crises d os anos 1920;

    d a industrializao Brasileira dos anos 1930 ao fim dos anos 1955

    A evoluo do entendimento econmico, devidamente aplicado

    economia brasileira, passou por um grande processo de mudanas a partir da

    ascenso de Getlio Vargas Presidncia do pas, ainda nos anos de 1930.

    Comeava ali o chamado modelo econmico de Substituio d e

    Importaes, o qual consistia na troca de compra da produo externa de

    bens e servios pela escolha de produo interna ao pas. Com a queda de

    Getlio e, posteriormente, com a chegada do mineiro Juscelino Kubitschek

    presidncia da repblica, foi implantado no pas o chamado Plano de Metas.

    Passamos a discorrer mais criteriosamente sobre este perodo, de forma

    a estruturarmos os impactos econmicos sofridos pela economia, bem como o

    modelo de desenvolvimento adotado pelo pas no ps-guerra (fim da segunda

    guerra mundial).

    1.1 O Processo de Substituio de Importaes

    No perodo compreendido entre a proclamao da Repblica at a

    chegada de Getlio Vargas ao poder, a economia brasileira dependia

    basicamente do bom desempenho das exportaes, que na poca se

    restringiam a algumas poucas commodities agrcolas, especialmente o caf,

    caracterizando a economia brasileira como essencialmente agroexportadora.

    O bom desempenho dependia das condies do mercado internacional de

    caf, sendo a varivel-chave nesta poca o seu preo internacional. As

    condies deste mercado no eram totalmente controladas pelo Brasil.

    Mesmo sendo o principal produtor de caf, outros pases tambm influam

    na oferta, sendo boa parte do mercado controlado por grandes companhias

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    atacadistas que especulavam com estoques (na medida em que se buscava

    um aumento do preo do produto no mercado internacional, restringia-se a

    oferta).

    A demanda dependia das oscilaes no crescimento mundial,

    aumentando em momentos de prosperidade econmica e retraindo-se quando

    os pases ocidentais (especialmente EUA e Inglaterra) entravam em crise ou

    em guerra. Deste modo, as crises internacionais causavam problemas muito

    grandes nas exportaes brasileiras de caf, criando srias dificuldades para

    toda economia brasileira, dado que praticamente todas as outras atividades

    dentro do pas dependiam direta ou indiretamente do desempenho do setor

    exportador cafeeiro.

    As condies do mercado internacional de caf tendiam a tornarem-se

    mais problemticas na medida em que as plantaes do produto no Brasil se

    expandiam. Nas primeiras dcadas do sculo XX a produo brasileira cresceu

    desmensuradamente. O Brasil chegou a produzir sozinho mais caf do que o

    consumo mundial, obrigando o governo a intervir no mercado, estocando e

    queimando caf (lembre-se que quando estudamos histria do Brasil, no

    colgio, abordamos o Convnio de Taubat.). Neste perodo as crises externas

    sucederam-se em funo tanto de oscilaes na demanda (crises

    internacionais), como em decorrncia da superproduo brasileira do gro.

    Em 1930, estes dois elementos se conjugaram, a produo nacional era

    enorme e a economia mundial entrou numa das maiores crises de sua histria.

    A depresso no mercado internacional de caf logo se fez sentir e os preos

    vieram abaixo. Isto obrigou o governo a intervir fortemente, comprando e

    estocando caf, desvalorizando o cmbio com o objetivo de proteger o setor

    cafeeiro1 e ao mesmo tempo sustentar o nvel de emprego, de renda e de

    1 A desvalorizao do cmbio faz com que cada unidade de dlar norte-americano compre mais unidades de moeda

    nacional (cruzeiro). Nesta condio existe um estmulo compra de caf.

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    demanda agregada. Este conjunto que problemas deixava claro que a situao

    de dependncia da economia brasileira, especialmente das exportaes de um

    nico produto agrcola, era insustentvel.

    A crise dos anos 30 foi um momento de ruptura no desenvolvimento

    econmico brasileiro; a fragilizao do modelo agroexportador trouxe tona a

    conscincia sobre a necessidade da industrializao do pas como forma de

    superar os constrangimentos externos e o subdesenvolvimento. No foi o incio

    da industrializao brasileira (esta j havia se iniciado desde o final do sculo

    XIX), mas o momento em que um novo modelo econmico, sustentado por um

    novo governo, passou a ser meta prioritria.

    Este objetivo, porm, envolvia grandes esforos em termos de gerao

    de poupana (dinheiro utilizado em investimentos produtivos) e sua

    transferncia para a atividade industrial. Isto s seria possvel com uma

    grande alterao na poltica econmica vigente, baseado no rompimento com o

    Estado oligrquico e descentralizado da Repblica Velha, alm da transferncia

    e centralizao do poder e dos instrumentos de poltica econmica nas mos

    do Governo Federal. Este foi o papel desempenhado pela Revoluo de 30.

    Dela decorreram o fortalecimento do Estado Nacional e a ascenso de novas

    classes econmicas ao poder, o que permitiu colocar a industrializao como

    meta prioritria, como um projeto nacional de desenvolvimento.

    A forma assumida pela industrializao foi o chamado Processo de

    Substituio de Importaes (PSI). Devido ao estrangulamento externo ora

    existente, gerado de forma especial pela crise internacional ocasionada pela

    quebra da Bolsa de Nova York, houve a necessidade de produzir internamente

    o que antes era importado, defendendo-se dessa forma o nvel de atividade

    econmica interna (produo interna). A industrializao feita a partir

    deste processo de substituio de importaes foi uma industrializao

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    voltada para dentro, ou seja, que visou atender o mercado consumidor

    interno.

    O modelo de Substituio de Importaes consistiu no processo forado

    de industrializao brasileira, como forma de superao dos problemas

    externos e, consequentemente, da mudana da pauta exportadora do pas no

    mdio prazo.

    Em linhas gerais, pode-se dizer que o PSI foi derivado do chamado

    processo de estrangulamento externo, referenciado na queda no valor das

    exportaes de produtos agrcolas, mas com a crescente demanda interna por

    bens importados.

    A poltica de PSI teve continuidade durante o perodo de sada e retorno

    de Vargas ao poder, o que significou, em linhas gerais, o fim inequvoco da

    dependncia externa do pas exportao cafeeira.

    1.1.1 As polticas d e interveno d o Estado na primeira metade

    da dcada de 1950.

    No cenrio internacional Ps-Segunda Guerra Mundial, iniciou-se a

    grande rivalidade entre os EUA e a Unio Sovitica, que no aspecto econmico

    coincidiu com o perodo de escassez de dlares. O Brasil passou por sucessivas

    crises de Balano de Pagamentos, o que fez com que o governo abandonasse

    literalmente o aspecto liberal das polticas econmicas e assim adotasse um

    modelo de desenvolvimento industrial com a relevante participao estatal.

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    O elevado volume de importaes da economia nacional, no perodo

    compreendido entre 1945-1955, levou o governo adoo de medidas de

    controle do cmbio como forma de minimizar os impactos sobre o balano2.

    O carter social do governo Vargas levou publicao de uma extensa

    legislao, especialmente trabalhista, que beneficiou grande parte dos

    trabalhadores. No plano de interveno econmica o governo Vargas fundou a

    Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderrgica Nacional, empresas

    estas que passariam a ter papel fundamental no processo industrial do pas.

    Ainda tomava corpo no mbito da interveno econmica promovida por

    Vargas a necessidade de financiamento do desenvolvimento econmico, o que

    coincidiu com a criao do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico

    BNDE3 e da PETROBRAS.

    O BNDE foi fruto de profunda discusso entre o governo brasileiro, o

    Banco Mundial e o Eximbank4. A promessa de repasse de recursos para a nova

    Instituio no montante de US$ 500 milhes permitiu que o projeto fosse

    efetivado, criando-se o Banco em 1952. Muito embora tenha ocorrido uma

    srie de mudanas nas promessas feitas pelos bancos internacionais quanto ao

    repasse de recursos ao BNDE, o projeto da Instituio foi levado frente,

    entretanto, com um menor volume de recursos disponveis para a realizao

    de financiamentos.

    A criao da PETROBRAS no ano de 1953 foi decorrente da intensa

    campanha iniciada no Ps-Guerra sob o ttulo O Petrleo nosso. Aps uma

    2 Conforme destacadp na nota de rodap 1, com a desvalorizao cambial, alm de estimular as exportaes,

    desestimula-se as importaes, haja vista que os produtos estrangeiros se tornam mais caros em termos da quantidade

    de moeda nacional.

    3 Somente em 1982 o BNDE teve a sua denominao alterada para BNDES, isto em funo da criao de uma Diretoria

    destinada anlise de financiamento de projetos sociais.

    4 Instituio Norte-Americana responsvel pelo financiamento de importaes e exportaes ao EUA.

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    srie de discusses de cunho poltico foi dada empresa o Monoplio na

    extrao do petrleo5.

    1.2 O Plano de Metas e a industrializao pesada

    O Plano de Metas adotado no governo Juscelino Kubitschek pode ser

    considerado o auge deste modelo de desenvolvimento; o rpido crescimento

    do produto e da industrializao no perodo acentuou as contradies

    mencionadas. O principal objetivo do plano era estabelecer as bases de uma

    economia industrial madura no pas, introduzindo o mpeto ao setor produtor

    de bens de consumo durveis.

    O Plano foi dividido especialmente nos seguintes objetivos:

    Investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os

    setores de transporte e energia eltrica. No que diz respeito aos

    transportes, cabe destacar a mudana de prioridade que at o

    governo Vargas se centrava no setor ferrovirio e no governo JK

    passou para o rodovirio, que estava em consonncia com o

    objetivo de introduzir o setor automobilstico no pas;

    Estmulo ao aumento da produo de bens intermedirios, como o

    ao, o carvo, o cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos

    especficos;

    Incentivos introduo dos setores de bens de consumo durveis e

    bens de capital (mquinas e equipamentos utilizados na produo);

    e

    5 O processo de distribuio foi atribudo s companhias estrangeiras.

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    Incentivo produo industrial privada por meio da concesso de

    crdito em massa.

    interessante observar a coerncia que existia entre as metas do plano,

    em que se visava impedir o aparecimento de pontos de estrangulamento na

    oferta de infra-estrutura e bens intermedirios para os novos setores, bem

    como, atravs dos investimentos estatais, garantir a demanda necessria para

    produo adicional.

    O cumprimento das metas estabelecidas foi bastante satisfatrio, sendo

    que em alguns setores estas foram superadas, mas em outros ficaram aqum.

    Com isso, observou-se rpido crescimento econmico no perodo com

    profundas mudanas estruturais, em termos da base produtiva do pas.

    No obstante, o plano trouxe uma srie de problemas. O financiamento

    dos investimentos pblicos, na ausncia de uma reforma fiscal6 condizente

    com as metas e os gastos estipulados, teve que se valer principalmente da

    emisso monetria7, observando-se no perodo uma grande acelerao

    inflacionria. Do ponto de vista externo, observou-se uma deteriorao do

    saldo em transaes correntes8 e o crescimento da dvida externa. A

    concentrao da renda ampliou-se devido ao desestmulo agricultura e o

    consequente investimento de capital intensivo na indstria9.

    6 Melhoria dos perfis tanto da arrecadao de receita quanto dos gastos pblicos.

    7 Uma das formas possveis do governo se financiar por meio da emisso monetria, ou seja, simplesmente rodando

    dinheiro novo e pagando os seus compromissos. Essa ao bastante temerria, visto que tende a provocar a

    depreciao do poder de compra da moeda, dado que um excesso de dinheiro pode gerar inflao, que faz com que

    uma simples unidade monetria compre cada vez menos bens.

    8 As transaes correntes referem-se a uma das rubricas do balano de pagamentos, na qual so computadas as

    exportaes e as importaes de bens, alm do pagamento dos juros da dvida externa contrada pelo pas (setor

    pblico e setor privado).

    9 Os industriais passaram a acumular a maior fatia da renda, retirando esta do campo e, consequentemente, piorando a

    distribuio dos recursos, visto que boa parte da populao ainda vivia em reas rurais.

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    1.3 A crise da economia brasileira na primeira metade da dcada

    de 1960 e as reformas estruturais no incio do governo militar.

    O incio dos anos 60 caracterizou-se pela primeira grande crise

    econmica do Brasil em sua fase industrial. Neste perodo ocorreu uma queda

    importante dos investimentos e a taxa de crescimento da renda brasileira caiu

    fortemente em funo da materializao das contradies inerentes ao

    processo de substituio de importaes. Para dar prosseguimento ao

    desenvolvimento econmico, tornava-se necessrio desenvolver o setor de

    bens de capital10 e ampliar o setor de bens intermedirios11 que estavam

    defasados, assim como a infra-estrutura12 urbana.

    Vrios problemas se colocaram neste sentido, em especial a ausncia de

    mecanismos de financiamento adequados, tanto para o setor pblico, que se

    encontrava com elevado dficit pblico13 devido aos gastos realizados no Plano

    de Metas (durante o governo de Juscelino Kubitschek), como para o setor

    privado, em um momento em que as altas escalas de capital dos setores a

    serem implantados necessitavam de maiores recursos financeiros para

    viabilizar o investimento.

    Outro problema que se colocava ao prosseguimento do desenvolvimento

    era que tanto o setor de bens de capital como o setor de bens intermedirios,

    chamados setores de demanda derivada, isto , setores em que a demanda

    pelos produtos depende diretamente da demanda pelos produtos finais na

    economia. Em virtude da concentrao de renda da economia e da ausncia de

    mecanismos de financiamento ao consumidor14, a demanda pelos produtos do

    10

    Bens de capital referem-se produo de mquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo.

    11 Bens intermedirios so bens considerados na produo de bens finais. Na produo de um pneu de automvel, por

    exemplo, utilizada malha de ao e borracha. Estes bens podem ser considerados como bens intermedirios.

    12 Ruas, avenidas, redes de gua e esgoto.

    13 Excesso de gastos em relao s receitas pblicas.

    14 Concesso de crdito atravs de instituies financeiras.

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    setor de bens de consumo durveis15 era bastante limitada, restringindo os

    impactos (estmulos) deste setor para o resto da economia. A consequncia

    desta situao foi a retrao nas taxas de crescimento e a acelerao

    inflacionria16.

    Era um consenso na poca a necessidade de reformas institucionais que

    promovessem um quadro favorvel retomada dos investimentos.

    O governo Jnio Quadros procurou adotar medidas que cunho

    ortodoxo17, baseando-se na conteno gasto pblico18 e de uma poltica

    monetria contracionista19. Muito embora as medidas tenham sido muito bem

    recebidas, no nvel poltico Jnio enfrentava srias dificuldades para aprovao

    destas, haja vista a inexistncia de base parlamentar no Congresso. Por meio

    de um gesto enigmtico Jnio renunciou, esperando contar com a populao

    para que o trouxesse de volta ao poder e assim pudesse dar continuidade s

    suas pretenses. O resultado todos ns sabemos. Jnio no obteve sucesso, e

    ainda gerou um srio problema a ser administrado pelo Parlamento, pois a

    Constituio brasileira poca previa que o Vice-Presidente deveria assumir.

    Por meio de uma soluo de conciliao o Congresso alterou o regime do

    governo do pas do Presidencialismo para o Parlamentarismo, o que permitiu o

    tempo de retorno de Joo Goulart ao Brasil, que se encontrava fora e, ao

    mesmo tempo, que Tancredo Neves assumisse como Primeiro Ministro

    interinamente.

    15

    Venda aos consumidores de geladeiras e televises, com produo incipiente no pas.

    16 Neste caso a inflao ocorreu pelo lado da oferta, uma vez que existiam poucos produtos disponveis.

    17 Ortodoxia, em economia, se refere adoo de polticas econmicas conservadoras, adequadas regra tradicional

    de conduo da prpria economia.

    18 A conteno dos gastos pblicos contribui para a reduo do dficit pblico.

    19 Aliado conteno dos gastos, uma poltica monetria restritiva impede um financiamento monetrio dos

    compromissos do governo, contribuindo assim para minimizao do processo inflacionrio decorrente do excesso de

    dinheiro em circulao.

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    A fase do parlamentarismo do Parlamentarismo durou at 1962. Neste

    perodo o PIB do pas teve elevado crescimento, derivado da fase de

    maturao do Plano de Metas. No obstante, a inflao no perodo teve forte

    elevao, passando de 40% ao ano. Por meio de um plebiscito convocado por

    Jango, a populao votou pelo retorno do Presidencialismo, o que permitiu ao

    governante mais estabilidade para conduo da Economia.

    Liderado por Celso Furtado o governo lanou o Plano Trienal,

    baseando-se nas propostas de impulso ao crescimento econmico com

    combate inflao e a adoo de reformas sociais. Os objetivos especficos do

    Plano eram:

    Reduzir a taxa de inflao para 25% em 1963, e at 1965 alcanar

    o patamar de 10%;

    Crescimento dos salrios na mesma proporo do aumento da

    produtividade da mo-de-obra20;

    Realizao da Reforma Agrria tanto para reduo da crise social

    que afetava o pas poca quanto para permitir a elevao do

    consumo de ramos industriais;

    Busca pela renegociao de dvida externa, a qual gerava grande

    presso sobre o pagamento de juros e, consequentemente, sobre o

    balano de pagamentos; e

    Promover o crescimento do PIB de 7% a.a..

    20

    Aumentado-se a produtividade da mo-de-obra, ou seja, a quantidade de bens a serem produzidos por um

    trabalhador em um mesmo tempo, aumenta-se os ganhos do empresrio e, desta forma, os ganhos dos trabalhadores

    por meio do aumento salarial.

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    Muito embora as propostas do Plano fossem positivas, no encontraram

    guarida. A vertente esquerdista do governo contribuiu para o isolamento do

    pas, de forma a impedir com que boa parte do plano obtivesse sucesso. A

    publicao da Lei no 4.131/62, que tratava do controle de capital estrangeiro21,

    em que a remessa de lucros provenientes dos investimentos produtivos no pas

    ficava limitada a 10%, provocou uma sensvel reduo de novos investimentos

    na economia nacional.

    Afora estes aspectos, mas em linha com a vertente esquerdista da

    poltica, Jango resolveu aumentar o salrio do funcionalismo pblico e

    restabeleceu subsdios agrcolas abolidos no incio do programa, contribuindo

    para a escalada inflacionria no ano de 1963.

    A elevao das tenses no campo poltico, conjuntamente com a poltica

    de expropriao de empresas estrangeiras, contriburam para a insatisfao

    das foras armadas, cansadas de exacerbada filosofia adotada pelo governo. O

    resultado deste contexto foi queda de Joo Goulart, destitudo por meio do

    Golpe Militar de maro de 1964.

    Em resumo, pode-se dizer que tanto o governo de Jnio Quadros quanto

    o governo de Joo Goulart foram prisioneiros da situao poltica e, apesar de

    buscarem diferentes formas de resolver a questo e encaminhar a soluo

    econmica, ocorreu certo imobilismo no campo nacional e internacional. Neste

    contexto, o golpe militar de 1964, impondo de forma autoritria uma soluo

    para a crise poltica, foi uma precondio ao encaminhamento tcnico das

    medidas de superao da crise econmica - reformas constitucionais e

    conduo da poltica econmica de forma adequada e segura.

    21

    Entrada e sada de recursos estrangeiros.

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    1.3.1 O PAEG e o governo militar

    O governo Castelo Branco lanou o PAEG (Plano de Ao Econmica do

    Governo), com vistas a resolver os problemas econmicos do pas. O PAEG

    pode ser dividido em duas linhas de atuao: polticas conjunturais de combate

    inflao, associadas a reformas estruturais que permitiram o

    equacionamento dos problemas inflacionrios e das dificuldades que se

    colocavam ao crescimento econmico.

    Os objetivos colocados pelo PAEG eram: acelerar o ritmo de

    desenvolvimento econmico; conter o processo inflacionrio; atenuar os

    desequilbrios setoriais e regionais; aumentar o investimento e com isso o

    emprego; e corrigir a tendncia ao desequilbrio externo do balano de

    pagamentos. O controle inflacionrio e/ou as formas de conviver com ela eram

    vistos como precondies para a retomada do desenvolvimento, e o combate

    inflao s poderia ser feito acoplado s reformas institucionais.

    O diagnstico sobre a inflao, que havia subido para 83,2% a.a. em

    1963, centrava-se no excesso de demanda22. Este era explicado em funo da

    tendncia ao dficit pblico23, da elevada propenso a consumir (decorrente da

    poltica salarial frouxa dos perodos anteriores - os chamados arroubos

    populistas) e tambm da falta de controle sobre a expanso do crdito. Estas

    presses inflacionrias propagavam-se com a expanso monetria, que era o

    veculo para sua perpetuao.

    Especificamente, as principais metas do PAEG eram:

    22

    Um excesso de demanda faz com que haja um volume de procura por bens superior oferta, o que tende a fazer com

    que haja um aumento dos preos e, por conseqncia, da inflao.

    23 Um excesso de gastos pblico representa um excesso de consumo que, por conseguinte, implica numa tendncia

    inflacionria.

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    Reduo do dficit pblico mediante a reduo dos gastos e da

    ampliao das receitas atravs da reforma tributria e do aumento

    das tarifas pblicas (a chamada inflao corretiva). Com isso, o

    dficit pblico reduziu-se de 4,2% do PIB em 1963 para 1,1% em

    1966;

    Restrio do crdito e aperto monetrio. Houve aumento das taxas

    de juros reais e consequentemente do passivo das empresas. Este

    fato levou a uma grande onda de falncias, concordatas, fuses e

    incorporaes, processo este que atingiu principalmente as

    pequenas e mdias empresas dos setores de vesturio, alimentos e

    construo civil. Esta limpeza de terreno e consequente gerao

    de capacidade ociosa foi um importante fator para a futura

    retomada do crescimento econmico;

    O terceiro elemento da poltica de conteno da demanda foi a

    poltica salarial, em que se supunha a existncia de uma taxa de

    desemprego relativamente baixa, o que levava a elevados salrios

    reais e inflao crescente. Para romper esta dinmica, o governo

    passou a determinar os reajustes salariais, via poltica salarial,

    objetivando romper as expectativas e conter as reivindicaes. A

    frmula de reajustes decidida pela poltica salarial teve por

    consequncia uma grande reduo do salrio real.

    Com estas medidas, a inflao reduziu-se, entre os anos de 1964 e 1967,

    da casa dos 90% a.a. para os 20% a.a. Este resultado se deveu em grande

    parte a uma retrao nas taxas de crescimento econmico.

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    1.3.2 Reformas Institucionais do PAEG

    Quanto aos problemas institucionais, identificou-se como ponto bsico a

    ausncia de correo monetria em uma economia com altas taxas

    inflacionrias. Vrios eram os problemas gerados pelo processo inflacionrio, a

    saber:

    A inflao, conjugada lei da usura (que impedia juros nominais

    superiores a 12% a.a.), desestimulava a canalizao de poupana

    para o sistema financeiro24;

    A lei do inquilinato, numa situao inflacionria, constitua-se em

    forte desestmulo aquisio de imveis e, consequentemente,

    construo civil25;

    Desordem tributria, pois a ausncia de correo monetria, no

    caso dos dbitos fiscais, estimulava o atraso de pagamentos e, no

    caso dos ativos e do patrimnio das empresas, levava tributao

    de lucros ilusrios.

    Neste sentido, se por um lado se fazia necessria a reduo das taxas de

    inflao, tambm se procurou criar mecanismos que possibilitassem o

    crescimento econmico em um ambiente de inflao moderada.

    As principais reformas institudas pelo PAEG foram: a reforma tributria,

    a reforma monetria e financeira e a reforma do setor externo.

    24

    Perceba que como havia restrio taxa mxima de juros para concesso de emprstimos, e considerando que a

    inflao corroia os juros, no havia interesse dos bancos em conceder emprstimos.

    25 Como o reajuste dos aluguis era restrito, havia interesse por parte dos compradores em adquirir novos imveis no

    sentido de realizar a locao destes.

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    1.3.3 A Reforma Tributria

    Os principais elementos envolvidos nesta reforma foram:

    A introduo da correo monetria no sistema tributrio26,

    visando reduzir as distores j mencionadas;

    A alterao do formato do sistema tributrio. Transformaram-se os

    impostos tipo cascata (que incidem a cada transao sobre o valor

    total), em impostos tipo valor adicionado. Criou-se o IPI (imposto

    sobre produtos industrializados), o ICM (imposto sobre circulao

    de mercadorias) e o ISS (imposto sobre servios). A importncia

    desta alterao foi romper o estmulo at ento existente

    integrao vertical da produo27, e facilitar a utilizao dos

    impostos como instrumento de poltica de desenvolvimento e de

    reduo de distores, ao permitir as diferenciaes de alquotas e

    facilitar a concesso de isenes e incentivos fiscais s atividades

    especficas;

    A redefinio do espao tributrio entre as diversas esferas do

    governo. A Unio ficou com o IPI, o Imposto de Renda, os

    Impostos nicos, os Impostos de Comrcio Exterior, o Imposto

    Territorial Rural (ITR). Os estados ficaram com o ICM e os

    municpios, com o ISS e o IPTU (imposto sobre propriedade

    territorial urbana). Alm disso, foram criados os fundos de

    transferncia intergovernamentais: o fundo de participao dos

    estados e dos municpios, que se baseavam em parcelas de

    arrecadao do IPI, do IR e do ICMS. Os critrios de distribuio

    26

    Na medida em que as obrigaes tributrias so reajustadas, garante-se o valor real da arrecadao fiscal do

    governo.

    27 A integrao vertical ocorre quando diferentes processos de produo - desde o insumo at a venda final ao

    consumidor - que podem ser produzidos separadamente, por vrias firmas, passam a ser produzidos por uma nica

    firma. Ademais, destaca-se que a integrao vertical tende a aumentar o preo do produto final entregue sociedade.

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    dos recursos baseavam-se na rea geogrfica, na populao e no

    inverso da renda per capita, com vistas a favorecer estados mais

    pobres. Houve importante centralizao das decises sobre a

    legislao tributria, inclusive definindo as alquotas dos impostos

    das demais esferas, procurando eliminar a guerra fiscal.

    Dessa forma, as principais consequncias da reforma tributria foram o

    aumento da arrecadao e uma grande centralizao tanto da arrecadao

    como das decises em termos de poltica tributria, constituindo-se em

    importante instrumento poltico, ao subordinar os estados ao governo central.

    Permitiu ainda, atravs da vinculao da receita e da criao de rgos ao lado

    da administrao direta, uma descentralizao dos gastos, com maior

    flexibilidade operacional.

    1.3.4 A Reforma Monetria Financeira

    Os principais objetivos nesta reforma eram: criar condies de conduo

    independente da poltica monetria e direcionar os recursos montantes

    promovendo condies adequadas s atividades econmicas.

    Esta reforma divide-se em quatro grupos de medidas:

    A instituio da correo monetria e criao da ORTN (Obrigao

    Reajustvel do Tesouro Nacional). A introduo da correo

    monetria tornava sem sentido a Lei da Usura, eliminando uma

    srie de ineficincias do sistema financeiro. Ao permitir a prtica de

    taxas de juros reais positivas, estimulava a poupana e ampliava a

    capacidade de financiamento da economia. A criao das ORTNs,

    cuja variao determinaria o ndice de correo monetria, tinha

    por objetivo dar credibilidade e viabilizar o desenvolvimento de um

    mercado de ttulos pblicos que fornecesse instrumentos de

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    financiamento no inflacionrios do dficit pblico, bem como

    possibilitasse as operaes de mercado aberto28, visando o controle

    monetrio. Este ltimo objetivo s se viabilizou de fato a partir de

    1970, com a criao das LTNs (Letras do Tesouro Nacional29), pois

    as caractersticas das ORTNs (ttulos ps-fixados de longo prazo)

    dificultavam as operaes de mercado aberto, que devem ser feitas

    com ttulos prefixados de curto prazo30;

    A Lei n. 4.595/64 - criao do CMN (Conselho Monetrio Nacional)

    e do BACEN (Banco Central do Brasil). Com esta lei procurava-se

    criar condies para que a poltica monetria fosse conduzida de

    forma independente. O CMN substituiu o conselho da SUMOC

    (Superintendncia da Moeda e do Crdito), e passou a ser o rgo

    normativo da poltica monetria, com a funo de definir as regras

    e as metas a serem atingidas. O BACEN foi criado (assumindo a

    antiga Carteira de Cmbio e Redesconto do Banco do Brasil e o

    Servio de Meio Circulante do Tesouro Nacional), para ser o agente

    executor da poltica monetria. Alm disso, ele tambm seria o

    agente fiscalizador e controlador do sistema financeiro. O Banco do

    Brasil, alm de suas funes de banco comercial31, permaneceu

    com os servios de compensao de cheques, depositrio das

    28

    As operaes de mercado aberto so caracterizadas pela emisso de ttulos pblicos com o sentido de fazer poltica

    monetria. Quando a autoridade monetria (BACEN) vende ttulos pblicos s instituies financeiras, seu objetivo e

    entregar um ttulo com remunerao futura (juros) em troca do recebimento de moeda (dinheiro) hoje, destinado a evitar

    com que este mesmo dinheiro seja emprestado e, assim, possa gerar inflao.

    29 As Letras do Tesouro Nacional a espcie mais como de ttulo pblico. Conforme vocs podero verificar em um

    curso de Economia do Setor Pblico, o qual trata da Lei de Responsabilidade Fiscal atualmente vigente no pas, o

    Banco Central no mais realiza a emisso de ttulos (constituio de dvida), mas to somente realiza a colocao dos

    ttulos (compra e venda no mercado financeiro). A emisso feita pelo Tesouro Nacional, o qual as repassa ao BACEN

    por meio da constituio de um ativo para com a autoridade monetria.

    30 Curto prazo de vencimento.

    31 Um banco comercial, em essncia, aquele que permite ao seu cliente a abertura de conta-corrente bem como a

    movimentao financeira dos recursos depositados, inclusive a tomada de crdito.

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    reservas voluntrias32, e caixa do BACEN e do Tesouro Nacional, ou

    seja, constitua-se no agente bancrio no governo.

    Vrios problemas ainda permaneciam para a consecuo do objetivo de

    controle independente da poltica monetria, a saber:

    A subordinao do BACEN ao CMN, o que permitia ingerncia

    poltica na atuao do BACEN;

    A Conta Movimento, criada inicialmente para transferir recursos do

    BB para o BACEN entrar em operao, fez com que o BB no

    perdesse a condio de Autoridade Monetria, uma vez que podia

    expandir sem limites suas operaes de crdito, pois possua uma

    linha direta de financiamento junto ao BACEN33;

    O chamado Oramento Monetrio, que deveria ser pea para

    juntar as duas autoridades monetrias (BACEN e BB). Este

    oramento passou a receber vrios gastos de origem fiscal, com a

    criao de vrios fundos e programas que seriam administradas

    pelas Autoridades Monetrias - PROAGRO, PROEX, FUNRURAL etc.

    Com isso, o BACEN, que deveria ser rgo de controle monetrio,

    transformava-se tambm em banco de fomento, criando-se um

    entrelaamento entre contas monetrias e fiscais, de tal modo que o

    Oramento Fiscal poderia aparecer equilibrado, enquanto todo o rombo se

    colocava no Oramento Monetrio. O BACEN era responsvel pela

    administrao da dvida pblica, podendo emitir ttulos em nome do Tesouro

    Nacional. Dessa forma, a dvida pblica e os gastos com juros do Tesouro

    32

    Recursos que sobram no caixa dos bancos e que estes preferem manter junto ao BB que, na poca, ainda exercia

    alguma influncia nas decises de poltica monetria.

    33 Um banco tradicional tem como principal fonte de recursos os diversos depsitos feitos por correntistas. No caso do

    BB, poca, ele tinha condies de tomar recursos para emprstimos por meio da conta movimento, o que acabava, de

    alguma forma, por impedir com que o BACEN tivesse o controle efetivo da oferta de moeda na economia.

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    poderiam crescer, independentemente da existncia de um dficit a ser

    financiado, mas simplesmente por objetivos de controle monetrio. Alm disso,

    criava-se um mecanismo para o Tesouro Nacional forar o BACEN a financiar

    seus dficits via emisso monetria.

    Percebe-se, portanto, que estas medidas acabaram por criar um

    estranho arcabouo institucional, em que se misturavam as polticas fiscal e

    monetria; o BACEN no controlava a poltica monetria nem o Tesouro

    Nacional controlava a poltica fiscal, sendo que o resultado deste quadro foi o

    de inviabilizar o conhecimento e o controle social sobre as operaes do

    governo.

    As demais instituies do mercado de capitais - Bolsa de Valores,

    Corretoras e Distribuidoras - tambm foram regulamentadas e subordinadas

    ao BACEN. Criaram-se vrios tipos de incentivos fiscais para dinamizar este

    segmento, entre os quais se destaca o Decreto-lei n. 157, no qual os

    indivduos poderiam adquirir cotas de fundo de aes com parcela do Imposto

    de renda (pessoa fsica) devido. Merece ainda destaque a criao do Sistema

    Nacional de Crdito Rural (SNCR), sendo o BB o agente central, e os bancos

    comerciais agentes subsidirios. A fonte de recursos para o sistema era, alm

    dos fundos fiscais e da Conta Movimento, uma parcela dos depsitos vista

    captados pelos bancos comerciais, que deveriam obrigatoriamente ser

    utilizados no financiamento agrcola.

    1.3.5 A Reforma do Setor Externo

    A reforma do setor externo tinha por objetivo estimular o

    desenvolvimento econmico, evitando as presses sobre o Balano de

    Pagamentos e assim eliminando uma das principais distores do Processo de

    Substituio de Importaes - PSI. Destacam-se duas linhas de atuao neste

    sentido: melhorar o comrcio externo brasileiro e atrair o capital estrangeiro:

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    Em relao ao comrcio externo, buscou-se, por um lado,

    estimular e diversificar as exportaes atravs de uma srie de

    incentivos fiscais (isenes fiscais - IPI, ICM, IR - crdito-prmio do

    IPI etc.) e da modernizao e dinamizao dos rgos pblicos

    ligados ao comrcio internacional (CACEX). Quanto s importaes,

    a idia era eliminar os limites quantitativos e utilizar apenas a

    poltica tarifria como forma de controle. A principal medida

    adotada na rea do comrcio externo foi a simplificao e

    unificao do sistema cambial, que objetivava eliminar as

    incertezas decorrentes da conduo errtica da poltica cambial,

    bem como os desestmulos exportao decorrentes da

    valorizao cambial. Para tal, adotou-se o sistema de

    minidesvalorizaes a partir de 1968, pelo qual a desvalorizao

    cambial deveria refletir o diferencial entre a inflao domstica e a

    internacional34;

    Quanto atrao do capital estrangeiro, buscou-se inicialmente

    uma reaproximao com a poltica externa norte-americana, a

    chamada Aliana para o Progresso. Em seguida, efetuou-se a

    renegociao da dvida externa e firmou-se um Acordo de

    Garantias para o capital estrangeiro. As ligaes com o sistema

    financeiro internacional foram feitas atravs de dois mecanismos: a

    Lei n. 4.131/64, que dava acesso direto das empresas ao sistema

    financeiro internacional, e a Resoluo n. 63, que possibilitava a

    captao de recursos externos pelos bancos comerciais e de

    investimentos para repasse interno. Esta ltima significava a

    34

    Como a taxa de cmbio reflete o preo, em moeda nacional, de uma unidade moeda estrangeira, toda vez que

    ocorrer um processo de inflao no pas, com a consecutiva perda do poder de compra da moeda nacional, maior ser

    a necessidade de moeda nacional para se comprar uma mesma unidade de moeda estrangeira. O sistema de

    minidesvalorizaes tinha este papel, qual seja a de refletir na taxa de cmbio a inflao interna do pas.

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    colagem do sistema financeiro nacional ao internacional e o incio

    do processo de internacionalizao financeira no Brasil.

    Com base no que acabamos de descrever, pode-se concluir que a poltica

    adotada no PAEG obteve grande xito na reduo das taxas inflacionrias e em

    preparar o terreno para a retomada do crescimento. Este quadro, como

    veremos, permitiu altas taxas de crescimento ao longo da dcada de 70,

    durante o perodo do chamado Milagre Econmico brasileiro.

    2. Evoluo da economia brasileira e da poltica econmica desde o

    perodo do milagre econmico

    O chamado Milagre Econmico foi o perodo entre 1968 e 1973 em que o

    PIB brasileiro apresentou as maiores taxas de crescimento, derivados de todas

    as reformas e estruturao do parque fabril nos 15 anos anteriores. Associado

    a este crescimento encontrou-se tambm todo o contexto favorvel da

    economia mundial na poca.

    As diretrizes do governo em 1967 j colocavam o crescimento econmico

    como objetivo principal, acompanhado de conteno da inflao, sendo que se

    admitia o convvio com uma taxa de inflao em torno de 20 a 30% a.a.. Nesta

    fase, alterou-se o diagnstico sobre as causas da inflao, destacando os

    custos como principal determinante. Com isso, afrouxaram-se as polticas de

    conteno da demanda. As polticas monetria, executada pelo Bacen, a fiscal,

    realizada pelo governo federal, e a creditcia, capitaneada pelos bancos,

    contriburam favoravelmente para os objetivos do governo. Exceo coube

    feita poltica salarial, pois esta era considerada como elemento de custos, e

    que como tal poderia impactar o processo inflacionrio. No mesmo sentido,

    teve incio uma poltica de controle de preos, onde os reajustes deveriam ter

    aprovao prvia do governo, com base nas variaes de custos. Para tal fim,

    criou-se o CIP (Conselho Interministerial de Preos) em 1968.

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    A busca do crescimento, segundo o governo, deveria processar-se com o

    investimento em setores diversificados e com menor participao do Estado,

    ou seja, deveria basear-se no setor privado. importante destacar que o

    crescimento se colocava tambm como uma necessidade para legitimar o

    Regime Militar, que procurou justificar sua interveno na necessidade de

    eliminar a desordem econmica e poltico-institucional, e recolocar o pas nos

    trilhos do desenvolvimento.

    Tendo como ponto de partida o plano denominado I Plano Nacional de

    Desenvolvimento I PND, o perodo do milagre teve dentre as principais

    fontes de crescimento, as seguintes:

    A retomada do investimento pblico em infra-estrutura, especialmente

    relacionados Construo Civil, possibilitada pela recuperao financeira

    do setor pblico, devido reforma fiscal e aos mecanismos de

    endividamento interno (financiamento no inflacionrio dos dficits);

    Aumento dos investimentos das empresas estatais, observando-se, no

    perodo, um aumento nos investimentos e o processo de conglomerao

    destas empresas, atravs da criao de vrias subsidirias; a Petrobrs e

    a Vale do Rio Doce foram exemplos tpicos deste processo;

    Demanda por bens de consumo durveis (geladeiras, veculos, etc.) -

    devido grande expanso do crdito ao consumidor ps reforma

    financeira. Nesta situao, percebe-se que a opo para a ampliao do

    mercado consumidor se deu em grande medida pelo endividamento das

    famlias;

    Crescimento das exportaes, especialmente a de bens manufaturados,

    graas a expanso no comrcio mundial e melhoria nos termos de

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    troca. Devido s alteraes promovidas na poltica externa no pas e aos

    incentivos fiscais, verificou-se no perodo um crescimento no valor das

    exportaes (volumes em termos de troca), o que representou ampliao

    significativa na capacidade de importar da economia (quanto mais

    moeda estrangeira entra proveniente de exportaes, maiores so os

    recursos para compra de bens importados, tambm cotados em moeda

    estrangeira);

    Tanto o setor de bens de consumo leve (no durveis), quanto a

    agricultura, apresentaram desempenhos mais modestos. O crescimento

    nestes setores decorreu do aumento da massa salarial, que, por sua vez,

    se deve ao aumento de emprego, e ao crescimento das exportaes de

    manufaturados tradicionais e de produtos agrcolas. A agricultura cresceu

    4,5% a.a., em mdia, no perodo, apesar da forte expanso do crdito

    agrcola, centralizado no Banco do Brasil. Nesta fase, deu-se o incio do

    processo de modernizao agrcola, atravs da mecanizao, fazendo

    com que esta se tornasse importante fonte de demanda para a indstria;

    Quanto ao setor de bens de capital, seu desempenho pode ser dividido

    em duas fases. Na primeira, at 1970, apresentou menor crescimento,

    dado que este se baseou na ocupao de capacidade ociosa e no na

    ampliao da capacidade instalada. Conforme foi sendo ocupada esta

    capacidade, aumentava-se a taxa de investimento na economia, sendo

    que a formao bruta de capital fixo superou os 20% do PIB no perodo

    de 1971/73; e

    O aumento da demanda por bens de capital fez com que este setor fosse

    o de maior crescimento na segunda fase do perodo do milagre. Ao

    longo de todo o perodo 1968/73, a taxa de crescimento mdio do setor

    foi de 18,1% a.a..

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    Tanto no setor de bens de capital, como no setor de bens intermedirios,

    a expanso econmica gerava presso por importaes, causada pela

    insuficincia de oferta interna. Esta presso importadora ainda foi estimulada

    pela poltica do CDI (Conselho de Desenvolvimento Industrial), que concedeu

    incentivos de forma indiscriminada e foi bastante liberal nas importaes, o

    que pode ter contribudo inclusive para o atraso na produo interna de bens

    de capital, cujo crescimento ocorreu apenas depois de 1970.

    A presso por importaes poderia levar necessidade de recursos

    externos, para cobrir o Balano de Pagamentos, no fosse o elevado

    crescimento do valor das exportaes brasileiras. Alm da poltica cambial

    (minidesvalorizaes cambiais) e comercial (incentivos fiscais e monetrios), o

    crescimento das exportaes foi tambm beneficiado pela expanso do

    comrcio mundial, decorrente do excesso de liquidez internacional, ocasionado

    pelos dficits pblico e externo dos EUA, financiados com expanso monetria.

    A conjugao desses fatores levou tanto ao crescimento da quantidade

    exportada como melhora dos termos de troca, redundando numa balana

    comercial equilibrada no perodo.

    Alm da boa performance do setor exportador, assistiu-se neste perodo

    primeira onda de endividamento externo, com ampla entrada de recursos. O

    aumento das necessidades de financiamento das empresas privadas instaladas

    no Brasil, fruto do acentuado crescimento econmico que se estabeleceu, foi

    suprido, em grande parte, por emprstimos externos. Ao invs dessas

    empresas endividarem-se no mercado financeiro brasileiro, buscaram recursos

    diretamente no exterior.

    A dvida externa, no perodo, alcanou US$ 13 bilhes, sendo que

    aproximadamente US$ 6,5 bilhes se transformaram em reservas

    internacionais, ou seja, a dvida lquida correspondia a algo em torno de US$ 6

    bilhes. Considerando o grande crescimento das exportaes no perodo,

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    verificou-se que o chamado coeficiente de vulnerabilidade externa35 (relao

    entre dvida lquida e o montante de exportaes) atingiu um valor inferior a

    1 (100%) em 1973.

    Tabela demonstrativa da evoluo do Coeficiente de

    Vulnerabilidade Externa

    ANOS Dvida Lquida Exportaes Coeficiente

    ( 1. ) (.2.) (.1)/(.2)

    1968 3,5 1,9 1,84 1969 3,4 2,3 1,48 1970 4,1 2,7 1,52 1971 4,8 2,9 1,66 1972 5,3 4,0 1,33 1973 6,1 6,2 0,98 1974 11,9 8,0 1,49 1975 17,1 8,7 1,97 1976 19,4 10,1 1,92 1977 24,9 12,1 2,06 1978 31,6 12,6 2,51

    Fonte: Banco Central

    Com base no acima descrito, percebe-se que naquele momento a

    situao cambial estava bastante tranquila. O volume de reservas existentes

    em 1973 correspondia a mais de um ano de importaes, enquanto o critrio

    tcnico utilizado pelo FMI recomendava um volume de reservas equivalentes a

    trs meses de importaes.

    No que concerne ao endividamento externo, embora a justificativa oficial

    tenha sido a necessidade de recurso poupana externa para viabilizar as

    altas taxas de crescimento ao longo do milagre, grande parte da explicao

    para o endividamento externo neste perodo reside nas profundas

    transformaes do sistema financeiro internacional, na ampla liquidez36

    existente fora do pas, e na ausncia de mecanismos de financiamento de

    longo prazo na economia brasileira, exceto as linhas oficiais. 35

    O coeficiente de vulnerabilidade um indicador do grau de solvncia externa de um pas, e mede a relao entre

    divida externa liquida de um pas (divida externa reservas internacionais) e o valor das exportaes. O objetivo

    verificar quantos anos de exportao so necessrios para pagar a divida externa do pas.

    36 Disponibilidade de recursos para emprstimo no exterior.

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    Os principais tomadores de recursos externos, nesta primeira fase, foram

    as empresas privadas e os bancos de investimento estrangeiros. Muito embora

    estes recursos tenham sido de fundamental importncia para o

    desenvolvimento da indstria nacional, a contrapartida da entrada excessiva

    de recursos, que acabavam por se constiturem em reservas internacionais37,

    era o crescimento da dvida interna, visando controlar a base monetria38,

    atravs das operaes de mercado aberto.

    Um ltimo ponto que merece destaque a elevada participao e

    interveno do setor pblico na economia, o qual pode ser percebido nos

    seguintes aspectos:

    O Estado controlava os principais preos da economia - cmbio,

    salrio, juros, tarifas -, alm de praticar uma poltica de preos

    administrados via CIP, com a justificativa da inflao de custos e o

    objetivo de eliminar os problemas alocativos vindos de uma

    economia inflacionria; e

    O Estado respondia pela maior parte das decises de investimento,

    quer atravs dos investimentos da administrao pblica e das

    empresas estatais, que correspondiam a praticamente 50% da

    formao bruta de capital fixo39, quer atravs da captao de

    recursos financeiros - fundos de poupana compulsria, ttulos

    pblicos, cadernetas de poupana, agncias financeiras estatais -,

    dos incentivos fiscais e dos subsdios.

    37

    Como a moeda de circulao no pas no era/ o dlar norte-americano, toda entrada de recurso estrangeiro era

    convertido em moeda nacional. Considerando que ocorriam mais entradas do que sadas, os saldos positivos passaram

    a constituir reservas internacionais em moeda estrangeira para o pas.

    38 No sentido de enxugar o excesso de dinheiro em circulao, o Banco Central emitia ttulos pblicos, comprando o

    excesso de dinheiro em circulao e, desta forma, aumentando a dvida interna por meio da prpria emisso de ttulos.

    39 A formao bruta de capital, em termos econmicos, refere-se aos diversos investimentos feitos em fbricas,

    estradas, hidroeltricas, etc..

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    A concentrao de renda que ocorreu no perodo pode ser considerada a

    principal crtica ao Milagre. Os crticos argumentam que as autoridades tinham

    a concentrao como estratgia necessria para aumentar a capacidade de

    poupana da economia, financiar os investimentos e com isso o crescimento

    econmico, para que depois todos pudessem usufruir. Esta ficou conhecida

    como a Teoria do Bolo, segundo a qual o bolo deveria crescer primeiro para

    depois ser dividido. Outros analistas concordavam com a posio oficial de que

    a concentrao de renda era uma tendncia natural de um pas que se

    desenvolvia e que demandava crescentemente mo-de-obra qualificada.

    Dada a escassez dessa mo-de-obra, houve aumento maior da renda dos

    profissionais mais qualificados em relao aos menos especializados (cuja

    oferta era abundante). Defendiam ainda que, apesar da concentrao de renda

    ter aumentado, a renda per capita de toda a populao cresceu, o que

    significou uma melhoria na condio de vida e, por conseqncia, do

    bemestar da populao, embora as classes mais ricas tivessem melhorado

    mais que as classes mais pobres.

    Em resumo, pode-se afirmar que o perodo do Milagre Econmico,

    iniciado aps um perodo inicial recessivo, de ajuste, (1964-1967),

    acompanhado da reorganizao do sistema financeiro, a recuperao da

    capacidade fiscal do Estado e com uma maior estabilidade monetria, inicia-se,

    a partir de 1968, um perodo de forte expanso econmica do pas.

    De 1968 a 1973 o PIB brasileiro cresceu a uma taxa mdia superior a

    10% ao ano, tendo a inflao oscilado entre 15% e 20% ao ano. Os setores

    que mais se expandiram ao longo de todo o perodo do Milagre foram os da

    Construo Civil, decorrente das obras de infra-estruturas promovidas pelos

    governos militares, e o de bens de consumo durveis.

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    3. O primeiro choque do petrleo e o II PND

    O rpido crescimento econmico ao longo do Milagre, com a ocupao de

    toda capacidade ociosa, levou ao aparecimento de alguns desequilbrios que

    gerariam presses inflacionrias e/ou problemas na balana comercial. A

    manuteno do ciclo expansionista, em fins de 1973, dependeria cada vez

    mais de uma situao externa favorvel. Esta situao foi rompida pela crise

    internacional desencadeada pelo primeiro choque do petrleo, em 1973,

    quando os pases membros da OPEP quadruplicaram o preo do barril de

    petrleo.

    Em 1974, houve aumento das taxas de inflao que passaram de 15,5%

    em 1973, para 34,4% no ano seguinte. No balano de pagamentos, verificouse

    um dficit no saldo de transaes correntes da ordem de US$ 6,5 bilhes,

    provocado no s pelo aumento do valor das importaes de petrleo, mas

    tambm em funo dos bens de capital e insumos bsicos, necessrios para

    manter o nvel de produo corrente. Este dficit no foi totalmente coberto

    pela entrada de recursos, levando a uma queima de reservas internacionais, o

    que revelava o elevado grau de vulnerabilidade externa da economia brasileira.

    Em nvel interno, a situao poltica aparecia como uma complicao

    adicional; a crise mostrava os limites polticos do modelo do Milagre. Em ano

    de mudana de presidente, comeavam a surgir vrias presses por melhor

    distribuio de renda e maior abertura poltica, o que gerava certo imobilismo

    no Estado.

    O debate sobre o que fazer em 1974 situou-se na dicotomia ajustamento

    ou financiamento. O choque do petrleo significava transferncia de recursos

    reais ao exterior e, com a existncia de um hiato potencial de divisas40, a

    40

    O conceito de hiato potencial relacionava-se com a relao entre as divisas estrangeiras necessrias para honrar os

    compromissos do pas e a efetiva quantidade de divisas disponveis.

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    manuteno do mesmo nvel de investimento trazia a necessidade de maior

    sacrifcio sobre o consumo, e, para alcanar as mesmas taxas de crescimento

    do perodo anterior, seria necessria maior taxa de investimento. Neste

    contexto, percebe-se que as opes de crescimento se haviam estreitado, e a

    tendncia natural da economia seria a desacelerao da expanso econmica.

    As opes que se colocavam naquele momento eram:

    Ajustamento, que conteria a demanda interna e evitaria que o choque

    externo se transformasse em inflao permanente41 e correo do

    desequilbrio externo; e

    Financiamento do crescimento, visando ganhar tempo para ajustar a

    oferta interna, mantendo o crescimento elevado e fazendo um ajuste

    gradual dos preos relativos (alterados pela crise do petrleo), enquanto

    houvesse financiamento externo abundante.

    A opo tomada foi a de financiar o crescimento econmico. O plano

    significou uma alterao completa nas prioridades da industrializao

    brasileira: de um padro baseado no crescimento do setor de bens de

    consumo durveis com alta concentrao de renda, a economia deveria

    passar a crescer com base no setor produtor de meios de produo - bens

    de capital e insumos bsicos, completando-se assim o processo de

    substituio de importaes iniciado ainda nos anos de 1960.

    Dois problemas centrais para a execuo do plano eram as questes

    do apoio poltico e do financiamento do processo. Neste sentido, percebe-se

    isolamento do Estado, que se transformou em Estado-empresrio e

    41

    Com o preo do insumo bsico mais alto (petrleo), mais altos se tornavam, tambm, os preos dos produtos

    derivados da commoditie, o que levaria ao estabelecimento de novo patamar nos preos dos bens da economia.

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    centrou o plano em si, tendo como agente central das transformaes as

    empresas estatais.

    As metas do II PND eram manter o crescimento econmico em torno de

    10% a.a., com crescimento industrial em torno de 12% a.a.

    Destacavam-se as metas de insumos bsicos e de substituio de

    energia. Previa-se uma mudana no setor de transporte, com maiores

    incentivos para ferrovias e hidrovias. E contemplavam-se, tambm,

    expectativas otimistas para o setor de bens de capital, em que se esperava

    reduo na participao das importaes no setor de 52% para 40%, alm de

    gerar excedente exportvel em torno de US$ 200 milhes.

    A lgica do modelo estava em que, conforme as empresas estatais

    avanassem seus projetos de investimentos no setor de insumos, gerariam

    demanda derivada que estimularia o setor privado a investir no setor de bens

    de capital. Alm da garantia de demanda, vrios incentivos foram dados ao

    setor privado atravs do CDE (Conselho de Desenvolvimento Econmico),

    principal rgo de implementao do plano. Entre os incentivos, destacavamse:

    o crdito do IPI sobre a compra de equipamentos, a possibilidade de

    depreciao acelerada42, a iseno do imposto de importao para compra de

    bens intermedirios, formas mais ou menos explcitas de reserva de mercado

    para novos empreendimentos (por exemplo, a Lei da Informtica), e a garantia

    de poltica de preos compatvel com as prioridades da poltica industrial.

    No que concerne s empresas estatais e do setor privado e seus

    respectivos papis no processo de manuteno do crescimento, torna-se

    importante destacar as diferenas existentes. Quanto s empresas estatais,

    42

    Uma depreciao acelerada permite com que sejam deduzidas da base de clculo do imposto de renda das

    empresas, as depreciaes com os bens de capital de forma tambm mais acelerada. Neste sendo havia um maior

    incentivo para gerao de lucros das empresas, o que procuraria, por conseqncia, o mpeto pela realizao de novos

    investimentos na produo de bens.

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    verificou-se a restrio do acesso destas ao crdito interno e uma poltica de

    conteno tarifria, que visavam conter as presses inflacionrias. Neste

    contexto forou-se com que estas assumissem grande endividamento externo,

    o que serviria para cobrir o hiato de divisas existentes na execuo do plano.

    Neste contexto passa a ficar claro o processo de estatizao da dvida externa

    do pas.

    Em referncia ao setor privado, pode-se dizer que este foi financiado

    especialmente atravs de crditos subsidiados de agncias oficiais, entre as

    quais ganhou destaque o BNDES, que teve seu funding praticamente duplicado

    com a transferncia dos recursos do PIS-PASEP, antes administrados pela CEF.

    Muito cuidado para no confundir!

    Enquanto que no perodo do Milagre Econmico a maior parte do

    financiamento externo foi destinado s empresas privadas, no perodo do II

    PND estes recursos foram recebidos (contratados) especialmente pelas

    empresas estatais.

    A dvida externa cresceu rapidamente no perodo, US$ 10 bilhes entre

    74/77 e mais US$ 10 bilhes em 78/79. Nos dois primeiros anos a entrada de

    recursos serviu para cobrir os dficits em transaes correntes, mas j a partir

    de 1976 o pas voltou a acumular reservas. A facilidade de obteno de

    recursos externos estava relacionada ao processo de reciclagem dos

    petrodlares, isto , aos supervits dos pases da OPEP que, sem

    oportunidades de aplicao interna, retornavam ao sistema financeiro

    internacional em busca de melhores oportunidades de ganho. Como a

    demanda de crdito nos pases desenvolvidos estava retrada, os pases em

    desenvolvimento voltaram a ser vistos como clientes preferenciais.

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    Apesar da ampla liquidez internacional e da srie de estmulos dados ao

    setor privado para captar recursos externos, as estatais constituram-se nos

    principais tomadores.

    Para realizar o II PND, o Estado foi assumindo um passivo para manter o

    crescimento econmico e o funcionamento da economia. Dados os nveis

    extremamente baixos das taxas de juros internacionais, o Estado brasileiro era

    capaz de pagar os juros, mas correndo o risco de que qualquer alterao na

    estrutura das taxas poderia inviabilizar as condies de pagamento,

    principalmente tendo-se em vista a caracterstica flutuante das taxas de juros

    dos emprstimos. A deteriorao da capacidade de financiamento do Estado,

    que socializou todos os custos no perodo do II PND (com grande aumento nos

    gastos, ao se autonomizar para realizar o desenvolvimento) sem criar

    mecanismos adequados de financiamento, constituir-se-ia no grande problema

    enfrentado posteriormente pela economia brasileira j no incio dos anos de

    1980.

    Conforme ser visto na prxima aula, o endividamento externo

    exacerbado fez o pas decretar a moratria da dvida externa que, conjugado

    com outros fatores externos e internos, levou o pas a ter um baixssimo

    crescimento econmico ao longo de toda a dcada de 1980.

    E com base nestes ltimos comentrios dou por encerrada a aula um. Na

    aula dois darei continuidade abordagem da conjuntura econmica nacional

    desde o incio dos anos de 1980 at a atualidade.

    Passemos agora realizao de exerccios baseados em provas

    anteriores.

    Um grande abrao,

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    Questes Propostas:

    1 (APO/MPOG ESAF/2010) Desde a dcada de 1940, diversos

    governos utilizaram o planejamento como alavanca para o

    desenvolvimento nacional. Indique qual dos planos abaixo foi

    elaborado na fase do milagre brasileiro.

    a) Plano SALTE.

    b) I Plano Nacional de Desenvolvimento.

    c) Plano Plurianual 1996-1999.

    d) Plano de Metas.

    e) Plano de Ao Econmica do Governo (PAEG).

    2 (AFC/STN ESAF/2008) Entre 1967 e 1973, o Brasil obteve

    elevadas taxas de crescimento econmico, de modo que o perodo

    ficou conhecido, no pas, como o perodo do milagre econmico;

    sobre este perodo, podemos afirmar que:

    a) apesar das taxas elevadas de crescimento econmico, no se pode dizer

    que o bem-estar tenha melhorado no perodo, pois as taxas de crescimento

    populacional foram ainda superiores s do crescimento do PIB.

    b) o crescimento no perodo explicado pelo mercado interno, especialmente

    pelos setores de bens de consumo durvel; as exportaes, por sua parte,

    apresentaram queda no perodo.

    c) a inflao, no perodo, apresentou forte acelerao, atingindo, no final do

    perodo, a taxa de 100% ao ano.

    d) a poltica monetria implementada por Delfim Netto, como Ministro da

    Fazenda, buscava ampliar as taxas de juros da economia, de modo a aumentar

    o rendimento dos poupadores e estimular o crescimento econmico.

    e) o crescimento econmico do perodo veio acompanhado de elevao da

    dvida externa do pas, especialmente pela captao do setor privado.

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    3 - (AFC/TCU ESAF/2002) Sobre a poca do milagre econmico

    (1968 1973) considere as trs afirmaes a seguir:

    I. Foi um perodo marcado por elevadas taxas de crescimento

    econmico sendo que os setores de bens de consumo durveis e da

    construo civil esto entre os mais importantes em termos de

    crescimento econmico do perodo.

    II. Foi marcado pela reduo do nmero de empresas estatais,

    iniciando-se ali o processo de privatizao.

    III. Houve expanso do crdito domstico destinado ao consumidor

    alm da ampliao do endividamento externo do pas.

    Considerando tais afirmaes correto dizer que:

    a) apenas I e III esto corretas

    b) apenas I e II esto corretas

    c) apenas II e III esto corretas

    d) apenas I est correta

    e) todas esto corretas

    4 - (ECONOMISTA/PREF. SANTOS FCC/2006) Era objetivo do II

    Plano Nacional de Desenvolvimento II PND implantado no governo

    Geisel

    a) promover o crescimento da oferta interna de bens de capital e de insumos

    bsicos, dando continuidade ao processo de substituio de importaes.

    b) estimular o crescimento da produo de bens de consumo durveis de alto

    luxo.

    c) estabilizar o crescimento da economia no mesmo ritmo do crescimento

    demogrfico.

    d) redistribuir renda as camadas mais pobres da populao.

    e) aumentar o volume de importaes de bens de consumo.

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    5 (ADMINISTRADOR/BNDES CESGRANRIO/2008) O processo de

    substituio de importaes na economia brasileira

    a) ocorreu apenas a partir de 1960.

    b) levou implantao no Brasil de indstrias substitutivas das importaes.

    c) esgotou-se por volta de 1960, logo aps o governo Kubitschek.

    d) causou crises constantes de dficits do balano comercial.

    e) fez com que as regies mais atrasadas do pas crescessem mais

    rapidamente.

    6 (ECONOMISTA/BNDES CESGRANRIO/2009) Entre 1956 e 1960

    (correspondendo ao governo JK), houve, no Brasil, um(a)

    a) aumento da participao do setor agropecurio no PIB do Pas.

    b) aumento do valor em dlar das exportaes.

    c) acelerao da inflao.

    d) reduo da taxa de crescimento do PIB.

    e) reduo do dficit oramentrio do governo federal.

    7 (ECONOMISTA/BNDES CESGRANRIO/2009) O Plano Trienal,

    elaborado por Celso Furtado e sua equipe para o governo de Joo

    Goulart, tinha vrios objetivos especficos, dentre os quais NO se

    encontra o de

    a) realizar a reforma agrria com finalidade social e de expanso do mercado

    interno.

    b) garantir o crescimento real dos salrios a uma taxa anual 3% superior ao

    aumento da produtividade.

    c) garantir uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a.

    d) resolver a situao do balano de pagamentos renegociando a dvida

    externa.

    e) reduzir a inflao para 10% a.a. at 1965.

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    8 (ECONOMISTA/BNDES CESGRANRIO/2008) O PAEG (Plano de

    Ao Econmica do Governo) e as reformas implementadas em 1964 e

    nos anos imediatamente subseqentes, no Brasil,

    a) aumentaram substancialmente os salrios.

    b) aumentaram as restries entrada de capitais externos.

    c) diminuram a carga fiscal dos contribuintes.

    d) criaram o Banco Central do Brasil.

    e) eliminaram a correo monetria no pas.

    9 (ECONOMISTA/BNDES CESGRANRIO/2008) Assinale, entre as

    opes abaixo, a que NO corresponde a uma das principais

    caractersticas da poltica de industrializao brasileira no Ps-Guerra.

    a) Fornecimento de crdito a longo prazo para implantao de novos projetos.

    b) Proteo indstria nacional, mediante tarifas de importao e barreiras

    no tarifrias.

    c) Participao direta do Estado no suprimento da infra-estrutura (energia,

    transporte).

    d) Participao direta do Estado na produo em alguns setores tidos como

    prioritrios (siderurgia, minerao, petrleo).

    e) Intensa preocupao de atender o consumidor domstico com produtos de

    qualidade e baratos.

    10 (ENGENHEIRO/BNDES CESGRANRIO/2008) O processo de

    substituio de importaes, como instrumento para a promoo do

    desenvolvimento econmico, NO se caracteriza pelo(a)

    a) encarecimento dos produtos importados dentro do pas.

    b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do

    pas.

    c) estmulo s exportaes do pas.

    d) proteo tarifria contra as importaes, em favor das atividades produtivas

    dentro do pas.

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    e) interveno do estado na economia do pas.

    11 - (ECONOMISTA/BNDES CESGRANRIO/2008) O perodo de 1974-

    78 foi de adaptao da economia brasileira e mundial enorme alta

    dos preos do petrleo. Nesse perodo houve mudanas importantes,

    tais como:

    a) reduo substancial dos gastos brasileiros com a importao de petrleo.

    b) reduo das taxas de juros no mundo e no Brasil, devido grande oferta de

    petrodlares pelos pases exportadores de petrleo.

    c) aumento considervel dos dficits em conta corrente dos pases

    importadores de petrleo, financiados pela reciclagem dos petrodlares via

    sistema financeiro internacional.

    d) expanso econmica mundial, financiada pela reciclagem dos petrodlares

    promovida pelo sistema financeiro internacional.

    e) grande aumento das exportaes brasileiras, mais do que compensando os

    maiores gastos com a importao de petrleo.

    12 (ECONOMISTA/PETRORAS CESGRANRIO/2005) O II Plano

    Nacional de Desenvolvimento (PND), no governo Geisel, foi montado

    no sentido de complementar o processo de substituio de

    importaes no Brasil, alm de estimular a criao de setores

    exportadores e reduzir a dependncia de petrleo da economia

    brasileira. Com relao ao setor externo, correto afirmar que:

    a) aumentou bastante o fluxo de emprstimos externos para o Brasil,

    sobretudo assumidos pelas empresas estatais.

    b) houve uma rpida reverso do saldo comercial brasileiro ainda na dcada de

    1970.

    c) observou-se uma grande retrao das transferncias unilaterais no Balano

    de Pagamentos.

    d) criou-se uma dvida externa fundamentalmente privada no Brasil naquele

    momento.

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    e) foram fortemente elevadas as exportaes de petrleo do Brasil com a

    descoberta dos campos gigantes da Bacia de Campos.

    13 (Analista de Ativ. Meio Ambiente/SEPLAG-DF CESPE/2009) A

    anlise da economia brasileira importante para compreender os

    fenmenos econmicos que caracterizam o pas. A esse respeito,

    julgue os itens seguintes.

    76 Os esforos de promoo do desenvolvimento econmico empreendidos no

    mbito do II Plano Nacional de Desenvolvimento contaram no somente com

    inverses pblicas, mas tambm com estmulos diversos ao investimento

    privado, exceto aqueles representados pelas barreiras comerciais, formadas

    pelos impostos de importao, fortemente reduzidos nesse perodo.

    14 (Analista de Gesto Pblica/PMV CESPE/2008) O estudo da

    economia brasileira, incluindo-se a o fenmeno inflacionrio que a

    caracterizou durante um longo perodo, importante para a

    compreenso da situao econmica atual. No que concerne a esse

    assunto, julgue os itens subseqentes.

    100 O financiamento do Plano de Metas se realizou, principalmente, por meio

    da inflao, decorrente da expanso monetria, que financiava o gasto pblico,

    e do aumento do crdito, que viabilizava os investimentos privados.

    101 A expanso da indstria de bens de consumo e o desempenho marcante

    do setor agrcola constituram as principais fontes de crescimento da economia

    brasileira durante o perodo do denominado milagre econmico.

    102 O foco do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) foi eliminar as

    restries, tanto estruturais como externas, ao crescimento da economia

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    brasileira, mediante investimentos nos setores de infra-estrutura, bens de

    produo, energia e exportaes.

    103 Em face dos choques externos incluindo-se a o aumento do preo do

    petrleo e a alta das t