Aula 03(2)

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Pacote RFB - ESAF Profª Claudia Kozlowski Profª Claudia Kozlowski www.pontodosconcursos.com.br - 1 - SINTAXE DE CONCORDÂNCIA Nosso assunto de hoje é CONCORDÂNCIA, que consiste no mecanismo que leva as palavras a adequarem-se umas às outras harmonicamente na construção frasal. “Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na concordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos que compõem a frase devem estar em consonância uns com os outros. Essa concordância poderá ser feita de duas formas: - gramatical ou lógica – segue os padrões gramaticais vigentes; - atrativa ou ideológica – dá ênfase a apenas um dos vários elementos, com valor estilístico. CONCORDÂNCIA VERBAL – variação do verbo, conformando-se ao número e à pessoa do sujeito. CONCORDÂNCIA NOMINAL – adequação entre o substantivo e os elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo). Iremos concentrar nossos esforços nas questões que tratam de CONCORDÂNCIA VERBAL, haja vista o número reduzido de questões que abordam conceitos de CONCORDÂNCIA NOMINAL, limitando-nos a comentar as que surjam no decorrer do estudo. Finalmente, lembramos que, como algumas questões tratam de assuntos diversos em suas alternativas, mantivemos o item que será objeto de análise e comentário. Julgue, nesses casos, se o item está certo ou errado, sem que isso represente o gabarito da questão. CONCORDÂNCIA – CASOS CLÁSSICOS 1 - (ESAF/SUSEP – Agente Executivo/2006) Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro de natureza morfossintática. a) Uma cultura de massas onipresente convive com a defesa obstinada da vida privada. O pertencimento nacional perde peso diante da força das afirmações de identidade e da luta por reconhecimento. b) Massificados e, de certo modo, “dessocializados”, os cidadãos refluem como corpo político. c) Muitos aderem ao “voluntariado”, outros se alienam, a maioria mantém-se com um pé no sistema representativo, sem entrar de fato nele.

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    SINTAXE DE CONCORDNCIA

    Nosso assunto de hoje CONCORDNCIA, que consiste no mecanismo que leva as palavras a adequarem-se umas s outras harmonicamente na construo frasal.

    Concordar significa estar de acordo com. Assim, na concordncia, tanto nominal quanto verbal, os elementos que compem a frase devem estar em consonncia uns com os outros.

    Essa concordncia poder ser feita de duas formas:

    - gramatical ou lgica segue os padres gramaticais vigentes;

    - atrativa ou ideolgica d nfase a apenas um dos vrios elementos, com valor estilstico.

    CONCORDNCIA VERBAL variao do verbo, conformando-se ao nmero e pessoa do sujeito.

    CONCORDNCIA NOMINAL adequao entre o substantivo e os elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo).

    Iremos concentrar nossos esforos nas questes que tratam de CONCORDNCIA VERBAL, haja vista o nmero reduzido de questes que abordam conceitos de CONCORDNCIA NOMINAL, limitando-nos a comentar as que surjam no decorrer do estudo.

    Finalmente, lembramos que, como algumas questes tratam de assuntos diversos em suas alternativas, mantivemos o item que ser objeto de anlise e comentrio. Julgue, nesses casos, se o item est certo ou errado, sem que isso represente o gabarito da questo.

    CONCORDNCIA CASOS CLSSICOS

    1 - (ESAF/SUSEP Agente Executivo/2006)

    Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opo que apresenta erro de natureza morfossinttica.

    a) Uma cultura de massas onipresente convive com a defesa obstinada da vida privada. O pertencimento nacional perde peso diante da fora das afirmaes de identidade e da luta por reconhecimento.

    b) Massificados e, de certo modo, dessocializados, os cidados refluem como corpo poltico.

    c) Muitos aderem ao voluntariado, outros se alienam, a maioria mantm-se com um p no sistema representativo, sem entrar de fato nele.

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    d) A dimenso espetacular da vida, a despersonalizao das relaes sociais e a invaso do mercado por todos os espaos cria uma ainda que maior confuso entre o interesse pblico e o privado.

    e) Desse ponto de vista, a democratizao contempornea da poltica, dos relacionamentos, do poder ressente- se de uma sbita baixa de esprito republicano.

    (Adaptado de Marco Aurlio Nogueira)

    Comentrio.

    Em regra, a concordncia verbal se faz com o ncleo do sujeito.

    No caso de sujeito simples, h apenas um ncleo.

    No caso de sujeito composto, h mais de um ncleo.

    Quando a orao est na ordem DIRETA, ou seja, na forma de SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO, o verbo dever OBRIGATORIAMENTE fazer a concordncia gramatical, isto , concordar com o(s) ncleo(s), uma vez que eles j foram apresentados. O verbo no tem escapatria, uma vez que os ncleos j esto ali, diante dele!

    Se a orao estiver em ordem INVERSA, com o sujeito composto aps o verbo (VERBO + SUJEITO COMPOSTO), a concordncia poder ser, FACULTATIVAMENTE, gramatical (com todos os elementos) ou atrativa, concordando, nesse caso, com o ncleo mais prximo.

    Exemplos:

    Nas estaes de trem, fica difcil a entrada e a sada das composies nos horrios de maior movimento. (concordncia atrativa com o mais prximo)

    Nas estaes de trem, ficam difceis a entrada e a sada das composies nos horrios de maior movimento. (concordncia gramatical com todos os ncleos).

    Chamaremos de clssicos os casos de concordncia em que haja apenas um ncleo (sujeito simples) e que, estando ele em qualquer posio, deve o verbo com ele concordar.

    Nessa primeira questo da aula, temos um caso de SUJEITO COMPOSTO ANTEPOSTO AO VERBO, ou seja, aquele em que o verbo no tem sada tem de realizar a concordncia gramatical (com todos os elementos).

    (1) A dimenso espetacular da vida, (2) a despersonalizao das relaes sociais e (3) a invaso do mercado por todos os espaos CRIA (?!?!?) uma ainda que maior confuso entre o interesse pblico e o privado.

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    J se observa que o verbo ficou indevidamente no singular. Nesse caso, obrigado a ir para o plural, j que so TRS os ncleos com que deve concordar: ... CRIAM uma ainda que maior confuso....

    Gabarito: D

    2 - (ESAF/ANA/2009)

    Assinale a opo que corresponde a erro gramatical.

    O Brasil possui cerca de(1) 4 milhes de hectares irrigados: rea que pode ser triplicada em(2) 20 anos. um dos pases mais importantes(3) na produo de alimentos, mas, apesar de(4) sua vocao para a agricultura irrigada, ainda so necessrias estratgias para explorar racionalmente esse potencial. Hoje, a captao e o consumo de gua para a irrigao representa(5), respectivamente, 46% e 69% dos valores totais captados e consumidos.

    (Adaptado de Denise Caputo http://www.ana.gov.br/SalaImprensa/noticias)

    a) 1

    b) 2

    c) 3

    d) 4

    e) 5

    Comentrio.

    Outro exemplo de concordncia com sujeito composto anteposto ao verbo. So dois os ncleos do sujeito na passagem Hoje, a captao e o consumo de gua para a irrigao representa , respectivamente, 46% e 69% dos valores totais captados e consumidos: captao e consumo. Por isso, o verbo REPRESENTAR deve se flexionar no plural: ... a captao e o consumo (...) REPRESENTAM....

    Erro comum de concordncia em provas da ESAF. Sigamos.

    Gabarito: E

    3 - (ESAF/SUSEP Agente Executivo/2006)

    Assinale a opo que corresponde a erro gramatical.

    A literatura poltica moderna define o Estado como um conjunto de indivduos que tm(1) a mesma origem tnica(2), cultural e histrica

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    (povo) e que se estabeleceu em um determinado espao fsico (territrio) no qual(3) elegeu um governo civil soberano. Nessa definio terica est conjugado(4) os principais elementos da sociedade poltica organizada denominada de Estado: o povo, o territrio e o governo soberano. Soberania significa a capacidade que tem o Estado de editar a lei e impor ao povo o seu cumprimento (soberania interna) e ainda fazer-se(5) respeitar no concerto externo das comunidades internacionais (soberania externa).

    (Oscar dAlva e Souza Filho)

    a) 1

    b) 2

    c) 3

    d) 4

    e) 5

    Comentrio.

    Temos, agora, um daqueles casos clssicos. O verbo (ou locuo verbal) deve realizar a concordncia com o ncleo do sujeito simples, onde quer que ele esteja (antes ou depois do verbo).

    Na passagem Nessa definio terica est conjugado(4) os principais elementos da sociedade poltica organizada denominada de Estado..., o ncleo do sujeito elementos, termo no plural, o que leva o verbo e o adjetivo (predicado nominal) tambm para o plural: Nessa definio terica esto conjugados os principais elementos da sociedade poltica organizada denominada de Estado....

    Cuidado, pois o examinador pode, para complicar sua vida, separar o sujeito do predicado, intercalando elementos vrios, normalmente em nmero diverso daquele em que se encontra o ncleo do sujeito. Para no errar, sublinhe (ou marque de qualquer forma) o verbo (ou locuo verbal) e busque, em seguida, o termo com que este deve realizar a concordncia.

    Se voc teve dvidas em relao flexo do verbo TER, por achar que deveria ter ficado no singular para concordar com o substantivo conjunto, pergunto eu: quem tem a mesma origem tnica, cultural e histrica? O conjunto ou os indivduos?

    O pronome relativo que retoma o antecedente indivduos e com ele o verbo concorda. Mais adiante, veremos casos desse tipo.

    Gabarito: D

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    4 - (ESAF/SEFAZ SP/2009)

    Com base no texto, analise a assertiva a seguir.

    1. O Hamas, com sua odiosa plataforma que prega o

    aniquilamento da nao vizinha, no um movimento

    adventcio, artificial, em Gaza.

    O grupo fundamentalista, com ramificaes assistenciais

    5. e religiosas, criou razes e tornou-se popular na faixa de

    Gaza essa capilaridade, alis, torna difcil atingir alvos

    militares sem matar civis. O Hamas venceu as eleies

    parlamentares palestinas de 2006 e, mais tarde, expulsou

    de Gaza o Fatah, o partido secular de Mahmoud Abbas,

    10. presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

    Facilitaram a ascenso do extremismo em Gaza a

    incompetncia corrupta do governo do Fatah, o cruel

    bloqueio circulao de bens e pessoas imposto por

    Israel e a opo, tomada por EUA e Unio Europeia, de

    15. ignorar diplomaticamente o Hamas e fortalecer a ANP.

    (Folha de S. Paulo, Editorial, 5/1/2009)

    - A forma verbal Facilitaram(.11) est no plural porque concorda com o sujeito composto que est em posio subsequente.

    Comentrio.

    Mais um caso de sujeito composto posposto. Nesse caso, o verbo ficou no plural, realizando a concordncia gramatical. Contudo, sabemos que tambm poderia ter permanecido no singular, em concordncia atrativa (com o ncleo do sujeito mais prximo, no caso incompetncia).

    Como o verbo FACILITAR transitivo direto, cuidado para no confundir o sujeito com o termo que exerce a funo de objeto direto. Segundo o autor, o que facilitou a ascenso do extremismo em Gaza foram os seguintes elementos: a incompetncia corrupta do governo do Fatah; o cruel bloqueio circulao de bens e pessoas imposto por Israel; e a opo, tomada por EUA e Unio Europeia, de ignorar diplomaticamente o Hamas e fortalecer a ANP.

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    ITEM CERTO

    5 - (ESAF/ANA/2009)

    Em relao ao texto abaixo, assinale a opo incorreta.

    O tratamento de esgotos fundamental para qualquer programa de despoluio das guas. Em grande parte das situaes, a viabilidade econmica das estaes de tratamento de esgotos (ETE) reconhecidamente reduzida, em razo dos altos investimentos iniciais necessrios sua construo e, em alguns casos, dos altos custos operacionais. Por esses motivos que mesmo os pases desenvolvidos tm incentivado financeiramente os investimentos de Prestadores de Servios em ETE, como os Estados Unidos e pases da Comunidade Europeia. No Brasil, o problema de viabilidade econmica do investimento pblico torna-se ainda mais agudo, devido elevada parcela de populao de baixa renda. No entanto, vale ressaltar que a gua de qualidade tambm um fator de excluso social, uma vez que a populao de baixa renda dificilmente tem condies de comprar gua de qualidade para beber ou at mesmo de pagar assistncia mdica para remediar as doenas de veiculao hdrica, decorrentes da ausncia de saneamento bsico.

    (http://www.ana.gov.br/prodes/prodes.asp)

    - A forma verbal tm(. 5) est no plural porque concorda com os pases desenvolvidos.

    Comentrio.

    As questes que tratam deste assunto tambm costumam explorar os termos com os quais o verbo realiza a concordncia. Para no errar, sempre retorne ao texto e identifique o sujeito da construo, verificando, por conseguinte, se houve a correta indicao pelo examinador.

    At por estarem bem prximos, foi fcil identificar os termos da orao. O sujeito os pases desenvolvidos foi corretamente indicado pelo examinador e, para concordar com o ncleo, representado por um substantivo plural, o verbo foi adequadamente flexionado (tm).

    ITEM CERTO

    CONCORDNCIA COM O VERBO HAVER

    6 - (ESAF/SEFAZ SP/2009)

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    Com base no texto, analise a assertiva a seguir.

    1. certo que houve expanso da frota, tanto de carros,

    como de caminhes e nibus. Mas isso muito pouco

    para explicar a verdadeira chacina na malha rodoviria

    a que o pas parece assistir de braos cruzados.

    5. Cabe boa parte da culpa aos motoristas. Quem

    viaja pelas estradas brasileiras no precisa ir longe

    para constatar verdadeiros descalabros. Motoristas

    dispostos a tudo mostram sua estupidez e total falta

    de responsabilidade: trafegam em alta velocidade,

    fazem ultrapassagens inconvenientes, andam pelo

    10. acostamento, usam faris altos e frequentemente

    dirigem alcoolizados.

    (Estado de Minas, Editorial, 6/1/2009.)

    - A forma verbal houve impessoal e a orao da qual ela constitui o ncleo do predicado no tem sujeito.

    Comentrio.

    Est perfeita essa afirmao. No sentido de existncia ou de ocorrncia, o verbo HAVER impessoal, ou seja, no tem sujeito (em outras palavras, no existe uma pessoa com quem tenha de concordar) e, por isso, fica sempre na 3a pessoa do singular (sem flexo). Esse um dos casos de orao sem sujeito.

    Tudo o que se lhe segue exerce a funo sinttica de OBJETO DIRETO.

    ITEM CERTO

    Veja a prxima questo, que, a partir de uma excelente questo da ESAF, aprofunda ainda mais essa anlise.

    7 - (ESAF/AFRF/2002-2) Julgue a assero abaixo em seus aspectos gramaticais.

    - Importncia especial tm os princpios gerais do direito no suprimento das chamadas lacunas (se que as ho) de direito. Ferrara, por exemplo, rechaava a idia de lacunas de direito, posto que, a seu sentir, no h lacunas e, sim, defeitos da lei.

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    Comentrio.

    Para comear, vejamos uma inverso dos termos da orao que poderia ter confundido alguns candidatos: o sujeito do verbo TER os princpios gerais do direito. Por isso, o verbo foi corretamente flexionado no plural (Eles os princpios gerais do direito tm importncia especial...). O erro no estava nessa passagem.

    Como vimos na questo anterior, o verbo haver, na indicao de existncia, impessoal e, por isso, permanece na 3 pessoa do singular. O que lhe segue exerce a funo sinttica de objeto direto e, por isso, no exerce influncia sobre a flexo verbal. Nesta acepo, independentemente do nmero em que se apresente o complemento verbal (singular ou plural), o verbo haver fica no singular por ser impessoal.

    A expresso entre parnteses equivale a se que existem lacunas. O substantivo lacunas foi trocado pelo pronome oblquo as e o verbo utilizado foi, em vez do verbo existir, o haver, na 3 pessoa do singular, obrigatoriamente. Com isso, a construo correta deveria ter sido se que as h (= se que h lacunas).

    Alm desse erro, h outro: a locuo conjuntiva posto que foi utilizada fora de seu sentido original, que concessivo, equivalente a embora, ainda que, mas esse assunto de outra aula.

    ITEM ERRADO

    8 - (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006 - adaptada)

    Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opo gramaticalmente correta.

    a) Como os portugueses j possuam experincia no cultivo do acar em grande escala nas ilhas do Atlntico, a juno desse conhecimento tcnico dos portugueses com a capacidade de transporte dos holandeses na Europa permitiriam a produo do acar em larga escala no Brasil.

    b) O principal problema para essa expanso seria a mo-de-obra, pois no haviam na colnia e o transporte de Portugal era economicamente invivel.

    c) Na expanso da plantao do acar no Brasil, Portugal utilizou-se, inicialmente, do trabalho de ndios escravizados. Mas o sistema de monoplio da produo do acar entraram em decadncia com o incio da produo nas ilhas das Antilhas, fazendo com que o preo do produto casse.

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    d) A necessidade poltica de colonizao das terras e a ausncia de mo-de-obra excedente na Pennsula Ibrica, na poca, levaram Portugal a optar pela introduo da mo-de-obra escrava africana (negra).

    (Sidnei Machado .http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/direito/ article/viewPDFInterstitial/1766/1463)

    Comentrio.

    ACORDO ORTOGRFICO: Segundo novo Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa, no existe mais hfen na palavra mo de obra.

    Na opo considerada correta, temos um exemplo de SUJEITO COMPOSTO ANTEPOSTO ao verbo, caso em que a concordncia gramatical obrigatria.

    Em A necessidade poltica de colonizao das terras e a ausncia de mo-de-obra excedente na Pennsula Ibrica, na poca, levaram Portugal a optar pela introduo da mo-de-obra escrava africana (negra)., so dois os ncleos do sujeito: necessidade e ausncia.

    Ento, o verbo no tem sada: levaram. Perfeito!

    Em relao s opes incorretas, vamos comear pela B.

    b) O verbo HAVER, no sentido de existncia, impessoal. Assim, no nos interessa o nmero do termo que exerce a funo de objeto direto o verbo sempre vai ficar na 3 pessoa do singular: O principal problema para essa expanso seria a mo-de-obra(*), pois no HAVIA [mo-de-obra](*) na colnia....

    Vamos observar as demais opes:

    a) ...a juno desse conhecimento tcnico dos portugueses com a capacidade de transporte dos holandeses na Europa ...

    Qual o ncleo do sujeito?

    Resposta: JUNO. Marque este termo.

    ...a JUNO desse conhecimento tcnico dos portugueses com a capacidade de transporte dos holandeses na Europa permitiriam a produo do acar em larga escala no Brasil.

    E agora, percebeu o problema de concordncia? O verbo PERMITIR deve concordar com o ncleo do sujeito JUNO permanecendo no singular:

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    ...a JUNO desse conhecimento tcnico dos portugueses com a capacidade de transporte dos holandeses na Europa PERMITIRIA a produo do acar em larga escala no Brasil.

    c) Seguindo o mesmo esquema didtico:

    Mas o sistema de monoplio da produo do acar entraram em decadncia... ops... posso parar? Se o ncleo do sujeito est no singular (sistema), o verbo tambm deve ficar no singular: entrou.

    Gabarito: D

    9 - (ESAF/MP ENAP SPU/2006)

    Haver(1) incentivo para o aprimoramento da tecnologia nacional de produo do combustvel biodiesel. Para o desenvolvimento de pesquisas e processos de produo foi destinado(2) R$ 16 milhes do Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT). Parte(3) desses recursos est sendo aplicada(4) na formao da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB), formada por universidades e instituies de pesquisa de 23 estados, e no reforo de infra-estrutura laboratorial(5) para monitorar a qualidade do biodiesel.

    (Adaptado de Em Questo, n. 261 - Braslia, 08 de dezembro de 2004)

    Assinale a opo que corresponde a erro gramatical.

    a) 1

    b) 2

    c) 3

    d) 4

    e) 5

    Comentrio.

    ACORDO ORTOGRFICO: No h mais hfen em infraestrutura.

    Vamos comear os comentrios pelo gabarito da prova: B.

    O que foi destinado para o desenvolvimento de pesquisas e processos de produo?

    Resposta: R$ 16 milhes

    O ncleo do sujeito est no plural, ento assim deve se flexionar a locuo verbal: ... foram destinados R$ 16 milhes....

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    Vemos, na opo A, uma ocorrncia do verbo HAVER impessoal, no sentido de existncia. Nesse caso, por ser impessoal (no possuir sujeito), o verbo fica na 3 pessoa do singular, e o que se lhe segue exerce a funo sinttica de OBJETO DIRETO (complemento verbal) eu sei que j disse isso, mas no custa nada martelar um pouquinho, acredite!

    A estrutura verbal do item 4 realiza a concordncia com o substantivo Parte, que a antecede, por isso o particpio ficou no gnero feminino e nmero singular (Parte desses recursos est sendo aplicada...).

    Falaremos sobre concordncia com termos partitivos daqui a pouco aguarde!

    Gabarito: B

    10 - (ESAF/AFC CGU/2004)

    1. A felicidade, que em si resultaria de um projeto

    temporal, reduz-se hoje ao mero prazer instantneo

    derivado, de preferncia, da dilatao

    do ego (poder, riqueza, projeo pessoal etc.)

    e dos "toques" sensitivos (tico, epidrmico,

    5. gustativo etc.). A utopia privatizada. Resume-

    se ao xito pessoal. A vida j no se

    move por ideais nem se justifica pela nobreza

    das causas abraadas. Basta ter acesso ao

    consumo que propicia excelente conforto: o

    10. apartamento de luxo, a casa na praia ou na

    montanha, o carro novo, o kit eletrnico de

    comunicaes (telefone celular, computador

    etc.), as viagens de lazer. Uma ilha de prosperidade

    e paz imune s tribulaes circundantes

    15. de um mundo movido a violncia. O Cu na

    Terra prometem a publicidade, o turismo, o

    novo equipamento eletrnico, o banco, o carto

    de crdito etc.

    (Frei Betto)

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    Em relao s estruturas e s idias do texto, analise a assertiva a seguir.

    - A forma verbal prometem(l.17) est no plural para concordar com tribulaes(l.15).

    Comentrio.

    O verbo realiza a concordncia gramatical, ou seja, com todos os elementos que se seguem a ele: ... prometem a publicidade, o turismo, o novo equipamento eletrnico, o banco, o carto de crdito etc..

    O autor deu preferncia a essa forma de concordncia para destacar os diversos elementos que compem o sujeito.

    Tambm estaria gramaticalmente correta a forma promete, realizando a concordncia com o elemento mais prximo: a publicidade - concordncia atrativa.

    ITEM ERRADO

    11 - (ESAF/SUSEP Agente Executivo/2006)

    1. Na compreenso marxista de Estado, esse um

    mecanismo controlador dos cidados comuns, das

    relaes de propriedade, do regime de alternncia dos

    seus poderes polticos. a concepo ideolgica e

    5. econmica do Estado que determina a concentrao

    de riqueza material e espiritual nas mos de poucos

    e condena a maioria da populao pobreza material

    e a sobreviver sem escolas, sem instruo que lhes

    possibilite ascenso social e sem educao que lhes

    10. permita sair da dependncia da elite dominadora. Esse

    conceito tem carter trgico e escatolgico, pois prega

    o fim do Estado como nico modo de se construir uma

    sociedade materialmente justa.

    (Oscar dAlva e Souza Filho)

    Analise a assertiva a seguir.

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    - No emprego de ambos os pronomes lhes (l.8 e 9) foi aplicada a concordncia figurada ou irregular, aquela que se faz com a idia subentendida, e no com a forma da palavra.

    Comentrio.

    Agora, o examinador nos apresenta a CONCORDNCIA IDEOLGICA, aquela que se faz no necessariamente com o elemento gramatical, mas com a idia que ele apresenta.

    Vamos relembrar a passagem do texto em anlise:

    a concepo ideolgica e econmica do Estado que determina a concentrao de riqueza material e espiritual nas mos de poucos e condena a maioria da populao pobreza material e a sobreviver sem escolas, sem instruo que lhes possibilite ascenso social e sem educao que lhes permita sair da dependncia da elite dominadora.

    As duas passagens do pronome oblquo se referem a a maioria da populao, estrutura em que todos os elementos (maioria / populao) se encontram no singular.

    Contudo, para enfatizar o grande nmero de pessoas atingidas, realizou-se a concordncia com a ideia, levando os pronomes ao plural (... sem instruo que lhes possibilite ascenso social e sem educao que lhes permita sair da dependncia da elite dominadora...).

    O nome desse fenmeno SILEPSE DE NMERO (singular x plural). Silepse uma figura de linguagem em que a concordncia das palavras se faz com a ideia e no de acordo com as regras da sintaxe (relao entre as palavras).

    Alm de nmero, a silepse tambm pode ser de:

    - gnero: V.Sa. (feminino) foi extremamente injusto (masculino) comigo.;

    - pessoa: Os brasileiros (3 pessoa) somos (1 pessoa) muito subservientes.

    - nmero e gnero, simultaneamente: Eis que comea a gente do mar (feminino, singular) a queixar-se e dar culpas a quem os (masculino, plural) fizera navegar. (Fr. Lus de Sousa, Histria de S. Domingos, I, p. 207, apud Aurlio);

    Esse um recurso estilstico vlido e, portanto, correto.

    ITEM CERTO

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    12 - (ESAF/AFC CGU/2004)

    Julgue se o trecho do texto abaixo foi transcrito de forma gramaticalmente correta.

    - No mbito internacional, as taxas fixas (mas ajustveis) de cmbio e as limitaes aos movimentos internacionais de capitais de curto prazo impedia a transmisso de choques causadores de instabilidade s taxas de juros domsticas.

    Comentrio.

    Mais um caso de concordncia com sujeito composto anteposto ao verbo.

    Os ncleos so: taxas e limitaes e, por terem sido apresentados antes do verbo, obriga que este realize a concordncia gramatical: impediam.

    ITEM ERRADO

    13 - (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006)

    Assinale a opo que corresponde a erro gramatical.

    A histria do petrleo no Brasil, dos primeiros passos at este (1) novo degrau, que a conquista da auto-suficincia, no tem nome ou fisionomia particular. Pertence, na verdade, a todos os (2) brasileiros e administradores que acreditaram na possibilidade de o nosso pas desenvolver o seu setor de petrleo com competncia e talento. Ela foi escrita, captulo a(3) captulo, por valorosos trabalhadores de vrias categorias, do tcnico de ponta ao mais modesto operrio, e no somente(4) por esses, que labutam na linha de frente, nos trabalhos de pesquisas e anlises, como tambm, com igual dedicao e entusiasmo, pelos que lhe(5) do suporte, na retaguarda, inclusive no plano administrativo, essencial quando eficiente.

    (Joel Mendes Renn, Jornal do Brasil, 19/04/2006)

    a) 1

    b) 2

    c) 3

    d) 4

    e) 5

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    Comentrio.

    ACORDO ORTOGRFICO: Registra-se, agora, autossuficincia, sem hfen.

    Como o referente do pronome oblquo se encontra to distante, como veremos, pode ter sido bem difcil perceber o erro de concordncia dessa questo.

    Vejamos a passagem que nos interessa.

    Ela foi escrita, captulo a captulo, por valorosos trabalhadores de vrias categorias, do tcnico de ponta ao mais modesto operrio, e no somente por esses, que labutam na linha de frente, nos trabalhos de pesquisas e anlises, como tambm, com igual dedicao e entusiasmo, pelos que lhe do suporte...

    O pronome oblquo est se referindo aos trabalhadores que labutam na linha de frente. Por isso, deveria estar no plural ... como tambm, com igual dedicao e entusiasmo, pelos que lhes do suporte....

    Excelente questo.

    Gabarito: E

    14 - (ESAF/MP ENAP SPU/2006)

    Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opo que apresenta erro gramatical.

    a) O problema do Brasil , desde a primeira assemblia constituinte, de 1823, o da descentralizao do poder. O absolutismo de Pedro I levou resistncia das jornadas de abril de 1831 e abdicao do imperador.

    b) Com o Ato Adicional, de 1834, tentou-se amenizar o domnio de So Paulo e da cidade do Rio de Janeiro sobre o Imprio, o que foi contido pela regulamentao de Arajo Lima. A inteligncia arguta de Tavares Bastos denunciou os abusos da centralizao em 1860, e o Manifesto Republicano, dez anos depois, inicia-se com a reivindicao federalista.

    c) Nunca demais repetir que durante trs dcadas seguidas, a partir de 1817, em Pernambuco, at 1848, na mesma Provncia, brasileiros de todas as regies foram compelidos a lutar pela autonomia provincial e essa necessidade o obrigou a retomar as armas, no perodo republicano, na Revoluo Federalista do Rio Grande do Sul, em 1893.

    d) A rebelio gacha foi derrotada pelas tropas federais enviadas por Floriano, apesar da bravura de seus combatentes e da fora doutrinria de Gaspar da Silveira Martins. A questo federalista voltou, em seguida,

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    ao fermentar a Guerra do Condestado, iniciada entre Paran e Santa Catarina.

    e) Essa guerra converteu-se em um dos mais importantes conflitos sociais do Brasil, entre 1911 e 1916, contribuiu para as rebelies militares dos anos 20 e desembocou na Revoluo de 30 esta claramente contra os interesses hegemnicos de So Paulo.

    (Adaptado de Mauro Santayana, Jornal do Brasil, 10/03/2006)

    Comentrio

    Devemos resolver questes como essa que envolvem diversos aspectos gramaticais como se estivssemos pisando em ovos, pois o examinador no indicou qual seria o erro da questo. Poderia ter sido, dentre outros aspectos, ortografia, pontuao, crase ou, como foi o caso, concordncia.

    Vamos reler a passagem que nos interessa.

    Nunca demais repetir que durante trs dcadas seguidas, a partir de 1817, em Pernambuco, at 1848, na mesma Provncia, brasileiros de todas as regies foram compelidos a lutar pela autonomia provincial e essa necessidade o obrigou a retomar as armas...

    Pergunto: quem foi obrigado a retomar as armas?

    Resposta: Os brasileiros de todas as regies!!!

    Mais uma vez, houve erro na flexo do pronome oblquo, que deve concordar em gnero (se for o caso) e nmero com o substantivo a que se refere.

    Corrigida, a passagem seria:... e essa necessidade os [= os brasileiros] obrigou a retomar as armas....

    Cuidado com a pressa na leitura. Como disse, faa com o cuidado de estar pisando em um terreno cheio de ovos...rs...

    Gabarito: C

    15 - (ESAF/AFT/2010)

    Assinale a opo que corresponde a palavra ou expresso destacada no texto abaixo que foi empregada de acordo com as regras de concordncia.

    Como nunca antes, a ordem e a cultura do capital mostram inequivocamente o seu rosto inumano, revelam a lgica perversa que

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    as(1) dominam(2) internamente e que, antes, podiam ser escamoteadas(3) a pretexto do confronto com o socialismo: criam, por um lado, grande riqueza e concentrao de poder custa da devastao da natureza, da exausto da fora de trabalho e de uma estarrecedora pobreza. A utilizao crescente da informatizao e da robotizao criam(4), ao dispensar o trabalho humano, os desempregados estruturais, hoje, totalmente descartveis. E soma-se(5) aos milhes s nos pases do Primeiro Mundo.

    (Adaptado de Leonardo Boff. Depois de 500 anos: que Brasil queremos? Petrpolis, RJ: Vozes, 2000, p.41.)

    a) (1)

    b) (2)

    c) (3)

    d) (4)

    e) (5)

    Comentrio.

    Talvez, a maior dificuldade dessa questo tenha sido o enunciado, pois estamos acostumados a, em questes assim, procurar o item que est errado, mas o examinador, desta vez, procurava o que estaria correto (alis, o nico correto).

    Para complicar ainda mais, usou a expresso de acordo (= certo), quem sabe para fazer o candidato se confundir com desacordo (= errado). Por isso, antes de qualquer outra coisa, leia o enunciado com bastante ateno para no se arrepender na segunda-feira, ao ver o gabarito. Vamos l.

    Em (1), assinalou-se o pronome oblquo as, que retoma o antecedente ... a ordem e a cultura do capital, que so dominadas pela lgica perversa. Assim, trocando o pronome pelo nome, teramos que: a lgica perversa que domina (e no dominam, como sugere no segundo item) a ordem e a cultura do capital. Est certa, portanto, a aplicao do pronome as em referncia a dois substantivos femininos.

    Como vimos, o erro de (2) est na flexo do verbo, quando o sujeito um substantivo singular: lgica. O verbo tambm deveria ficar no singular: ... a lgica perversa que as domina... = que domina a ordem e a cultura do capital.

    Notou que preciso tomar muito cuidado quando um pronome oblquo vem ao lado de um verbo, no ? Ele acaba contaminando o verbo e

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    levando o candidato a imaginar que haveria necessidade de se flexionar o verbo, ainda mais que o sujeito sinttico, naquela construo, um pronome relativo. Na hora da prova, releia a passagem e identifique o antecedente do pronome relativo quando este for o sujeito da construo.

    O mesmo ocorre com o item (3), em que o sujeito sinttico pronome relativo que mais uma vez retoma lgica perversa: ... a lgica perversa que as(= a ordem e a cultura do capital) domina internamente e que, antes, podia ser escamoteada....

    Mais uma vez, cuidado com o sentido: quem poderia ser escamoteada (disfarada) era a lgica perversa, e no a ordem e a cultura do capital.

    No item (4), o sujeito sinttico do verbo CRIAR utilizao, motivo pelo qual o verbo deveria ficar no singular: a utilizao crescente da informatizao e da robotizao CRIA.... No se trata de um sujeito composto, pois o ncleo um s e a ele esto ligados dois complementos: da informatizao e da robotizao, ou seja, a utilizao desses dois instrumentos cria.... Percebeu?

    Finalmente, no item (5), temos um erro de concordncia em construo de voz passiva sinttica: o verbo SOMAR, transitivo direto, est acompanhado do pronome se (apassivador). Como seu sujeito implcito (presente na orao anterior e subentendido pelo contexto) desempregados estruturais, caso em que o verbo deveria estar tambm no plural: somam-se.

    O nico item correto o indicado como (1).

    Gabarito: A

    16 - (ESAF/SEFAZ SP/2009)

    Um funcionrio escreveu, em um documento oficial, o trecho:

    inquestionvel o estrito cumprimento da legalidade

    nos procedimentos licitatrios e a execuo de

    3. contratos ceara em que existem normas que regram

    as aquisies financiadas com recursos pblicos,

    sobre os quais recai necessariamente a fiscalizao da

    6. destinao que lhes tenham sido dadas.

    Ao revisar o documento, percebeu que o trecho continha erros gramaticais. Das cinco alteraes que fez para eliminar os erros, uma

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    transformou uma expresso gramaticalmente correta em errada. Em que opo isso aconteceu?

    a) Retirou o plural do pronome lhes(.6): lhe

    b) Trocou a grafia de ceara(.3) para seara.

    c) Inseriu a preposio em, na linha 3, do que resultou a expresso: e na execuo.

    d) Passou o verbo tenham(.6) para o singular: tenha.

    e) Eliminou o plural de dadas(.6): dada.

    Comentrio.

    O erro est na substituio indicada pela opo A. O pronome lhes substitui o termo recursos pblicos e, por isso, deve ficar no plural. A troca provoca erro gramatical.

    As demais correes estavam certas. Observe as substituies dos itens d e e, que envolvem os aspectos de concordncia. A construo passiva, tendo por sujeito paciente o substantivo destinao. Assim, tanto o verbo TER quando o adjetivo correspondente devem concordar com este substantivo: ... DESTINAO que lhes [= aos recursos pblicos] tenha sido DADA.

    tima questo de prova.

    Gabarito: A

    17 - (ESAF/SEFAZ SP/2009)

    Assinale a proposio verdadeira a respeito dos elementos lingusticos e dos efeitos de sentido do trecho.

    1. Qual a razo da pujana do Estado de So Paulo? Entre

    as diversas razes que explicam o desenvolvimento de

    So Paulo, talvez a mais significativa seja o conjunto

    de imigraes e migraes que povoaram o estado.

    A partir de 1887, s pela Hospedaria do Imigrante

    5. conjunto de alojamentos em So Paulo passaram

    perto de 3 milhes de pessoas. Qual era o diferencial

    desses imigrantes? Era que, apesar de pobres,

    carregavam culturas milenares que lhes possibilitaram

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    trabalhar e crescer socialmente. E, finalmente, vieram

    10. os migrantes nordestinos, castigados pelo clima e

    pelos coronis, que encontraram em So Paulo o

    seu ganha-po. Tudo isso, mesclado s populaes

    indgenas nativas e aos escravos africanos, formou

    uma populao mestia que se chama hoje de paulista,

    15. ou melhor, o brasileiro de So Paulo.

    (Alberto Goldman, Correio Braziliense, 9/2/2009, 13.)

    - Reescreve-se com correo gramatical o seguimento das linhas 10 a 13: ... vieram os migrantes nordestinos que, castigados pelo clima e pelos coronis, encontraram em So Paulo o seu ganha-po.

    Comentrio.

    Essa questo foi colocada aqui para um momento de descontrao: cochilou, o cachimbo caiu!

    Nessa mesma prova, que apresentou questes to boas quanto a anterior, encontramos um erro crasso de ortografia. Observe que a banca escreveu seguimento (ato de seguir, dar sequncia) no lugar de segmento (parte de um todo, seo). Por causa dessa mancada, teve de anular a questo 19 de sua prova (que trazia este item como CORRETO).

    Passando ao largo desse erro de enunciado, vemos que a substituio proposta pelo examinador, alm de manter os aspectos referentes concordncia, eliminaria possvel ambiguidade, j que, na construo original, poderamos entender que o pronome relativo que, da passagem que encontraram em So Paulo o seu ganha-po, estaria se referindo a coronis, e no a migrantes nordestinos.

    Agora, c entre ns, isso erro que se cometa, Dona ESAF?...rs... Puxa vida!!!

    ITEM CERTO

    18 - (ESAF/SEFAZ CE/2007)

    Foram introduzidos erros morfossintticos, de pontuao e/ou de falta de paralelismo em artigos do Estatuto dos Funcionrios Pblicos Civis do Estado do Cear. Analise o item a seguir.

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    - dever de o funcionrio atender, nos prazos que lhe for definido por lei ou regulamento, os requerimentos de certides para defesa de direitos e esclarecimentos de situaes.

    Comentrio.

    H vrios problemas. Para comear, o substantivo funcionrio no exerce a funo de sujeito do verbo ATENDER, que est na forma IMPESSOAL (conceito genrico, abstrato, equivalente ao ato de atender): Atender os requerimentos de certides para defesa de direitos e esclarecimentos de situaes (SUJEITO ORACIONAL ser estudado mais adiante) dever DO funcionrio.

    Feita essa primeira correo, a construo seria: dever do funcionrio atender, nos prazos que lhe [ao funcionrio singular] for definido por lei ou regulamento....

    Um alerta: sempre tome bastante cuidado quando um pronome oblquo (especialmente o/a/os/as/lhes) anteceder um verbo. Procure identificar a qual elemento o pronome se refere ( com ele que o pronome deve concordar). Verifique tambm qual o sujeito do verbo que vem em sua sequncia. Pode ocorrer de esse pronome no plural mascarar uma flexo indevida do verbo: A retrica de que os polticos se utilizam os fazem mais srios do que eles so..

    Ser que voc se deixou levar pelo pronome? Ser que acertou? O pronome oblquo os se refere a polticos at aqui, tudo bem. O problema que o sujeito de FAZER tem seu ncleo em retrica singular. Ento, o correto seria: A retrica de que os polticos se utilizam OS FAZ mais srios do que eles so..

    Causou estranheza, sobretudo, por estar o verbo no meio de diversas palavras no plural, mas est correto!

    O que nos interessa agora a construo nos prazos que lhe for definido por lei ou regulamento.

    Primeiramente, vejamos qual o sujeito do verbo SER: o que seria definido por lei ou regulamento?

    Resposta: os prazos.

    Ento, o verbo SER, no futuro do subjuntivo, e o particpio DEFINIDO devem concordar com o ncleo PRAZOS: ... nos prazos que FOREM definidos por lei....

    Note que no h necessidade alguma daquele pronome oblquo (lhe), pois o verbo TRANSITIVO DIRETO, e no haveria nenhuma funo a ser exercida por este pronome. Veja: lei ou regulamento definem os

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    prazos = os prazos so definidos por lei ou regulamento ... nos prazos que forem definidos por lei ou regulamento. Onde fica o lhe? Em lugar algum!

    Assim, a construo correta seria: dever do funcionrio atender, nos prazos que FOREM DEFINIDOS por lei ou regulamento, ....

    ITEM ERRADO

    19 - (ESAF/SEFAZ CE/2007)

    Os fragmentos a seguir reproduzem parcialmente o texto de um recurso contra a avaliao de uma prova discursiva.

    Julgue o fragmento a seguir em relao s normas do padro formal escrito da lngua portuguesa.

    - Diante disso, requeiro seja revisto os valores retirados pelos erros apontados no segundo e terceiro pargrafo da dissertao, que no podem ser to graves a ponto de retirar da nota penalizao to alta de dois pontos e meio.

    Comentrio.

    Merece destaque a conjugao escorreita (vocs vo encontrar diversas vezes esse adjetivo nas provas da ESAF significa correta) do verbo REQUERER. Este no derivado do verbo QUERER, apesar de haver coincidncia em algumas conjugaes. Na 1 pessoa do singular, do presente do indicativo, o correto mesmo requeiro.

    Comeou acertando, mas derrapou logo em seguida.

    Pergunto: O que peo que seja revisto?

    Resposta: Os valores retirados pelos erros apontados...

    Ento, devemos flexionar os elementos do predicado: ... sejam revistos os valores....

    A flexo do substantivo pargrafo facultativa. Pode concordar com todos os elementos ou apenas com o ltimo (segundo e terceiro pargrafo / pargrafos).

    Por fim, uma curiosidade em relao ao emprego de palavras: penalizar tanto pode significar causar d, pena, desgosto, quanto apenar, infligir pena (fonte: Aurlio Eletrnico).

    ITEM ERRADO

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    20 - (ESAF/SEFAZ CE/2007 - adaptada)

    Aponte o perodo no qual a concordncia verbal e/ou nominal segue o padro culto do idioma escrito.

    a) Para o europeu, o Renascimento um perodo de transio e compromisso. Resultado de lenta evoluo, ele rompe os valores, ideais e instituies que deram origem civilizao ocidental e crist do tipo medieval, sem interrupo e quebra de continuidade histrica.

    b) Caracterizam esse perodo histrico como de compromisso entre o medieval e o moderno um predomnio de interesses que at ento havia desempenhado papel secundrio na vida da Europa Ocidental: interesse pelo indivduo e sua vida terrena.

    c) Embora os fundamentos econmicos da civilizao medieval continuasse sendo a posse e o cultivo da terra, a economia rural passa a oferecer um excedente de produo capaz de fomentar um incio de troca comercial que vai se intensificar e tornar-se internacional e martimo.

    d) Desde o fim da Idade Mdia perceptvel as transformaes que atingem as relaes humanas bsicas nos centros de atividades comerciais que comeam a aparecer nas cidades.

    e) Desenvolvem-se, entre a classe dos senhores e servos, uma nova camada social a burguesia, que agrupa comerciantes, artesos livres e funcionrios pblicos para os quais no haviam funes reconhecidas na sociedade dual da Idade Mdia.

    (Casemiro dos Reis Filho, O transplante da educao europia no Brasil. Em Saviani, D.(org.) Intelectual, Educador, Mestre: presena do professor Casemiro dos Reis Filho na educao brasileira. Campinas/SP: Autores Associados, 2003, 55/56.)

    Comentrio.

    Essa questo foi anulada por erro no enunciado. O que o examinador buscava era a opo que seguisse o padro culto, mas o enunciado original era Aponte o perodo no qual a concordncia verbal e/ou nominal NO segue o padro culto do idioma escrito. Comeu mosca e no teve como no anular a questo.

    Todas as opes, exceto a de letra A, apresentam erros de concordncia. Vejamos:

    B) "CARACTERIZAM esse perodo histrico como de compromisso entre o medieval e o moderno UM PREDOMNIO de interesses..."

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    O ncleo do sujeito PREDOMNIO. Assim, o verbo CARACTERIZAR deve com este elemento concordar: "Caracteriza (...) um predomnio de interesses...".

    C) "Embora OS FUNDAMENTOS econmicos da civilizao medieval CONTINUASSE sendo a posse e o cultivo da terra..."

    O ncleo do sujeito est representado por FUNDAMENTOS. Assim, o verbo auxiliar da locuo verbal deveria estar flexionado no plural - CONTINUASSEM SENDO.

    D) "Desde o fim da idade mdia PERCEPTVEL AS TRANSFORMAES que atingem as relaes humanas bsicas..."

    Como a construo possui o substantivo plural TRANSFORMAES na funo de ncleo do sujeito, tanto o verbo quanto o adjetivo correspondente devem se flexionar: "SO PERCEPTVEIS AS TRANSFORMAES". Notam-se, portanto, erros de concordncia nominal e verbal.

    E) "Desenvolvem-se, entre a classe dos senhores e servos, uma nova CAMADA social..."

    O sujeito da orao "UMA NOVA CAMADA SOCIAL". Desse modo, o verbo deve ser conjugado no SINGULAR - "DESENVOLVE-SE (...) UMA NOVA CAMADA SOCIAL".

    Alm desse erro, verifica-se, tambm, a flexo INDEVIDA do verbo HAVER, impessoal por apresentar o sentido de existncia na passagem: "... para os quais no HAVIAM funes reconhecidas na sociedade dual da Idade Mdia". O correto seria "... para os quais no HAVIA funes reconhecidas...".

    Verbo HAVER no sentido de existncia fica sempre na 3 pessoa do singular, pois no possui sujeito.

    Gabarito: A

    21 - (ESAF/AFC CGU/2006) Julgue os itens a seguir.

    a) A taxa de analfabetismo para pessoas de 10 anos ou mais caiu de 12,3% para 10,4% entre 1999 e 2004 e o nvel de escolarizao de crianas e adolescentes aumentaram.

    b) De 2003 para 2004, as condies de habitao melhoraram segundo todos os indicadores de servios de utilidade pblica analisado. Houve crescimento do nmero de domiclios atendidos por esgoto sanitrio

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    (3,5%), abastecimento de gua (3,4%), coleta de lixo (2,7%) e eletricidade (2,9%).

    Comentrio.

    a) O que aumentou? Resposta: o nvel de escolarizao de crianas e adolescentes.

    Voc se lembra de um desenho animado cujo personagem ficava repetindo o tempo todo: Eu disse, no disse? Mas eu disse, no disse?. Acho que era um carrinho ou uma moto... sei l... Pois , acabei de me lembrar dele, sabe por qu?

    Porque, exatamente como avisei que seria, o examinador tratou de separar bastante o ncleo do sujeito do verbo correspondente, intercalando elementos em nmero diverso daquele. Resultado: fica difcil perceber o erro de concordncia. O ncleo nvel. Ento, o verbo fica no singular: aumentou.

    b) Agora, o problema de concordncia nominal. A que termo se refere o vocbulo analisado? Refere-se estrutura os indicadores de servios de utilidade pblica. Como o substantivo principal est no plural, tambm deve ser flexionado o particpio: indicadores (...) analisados.

    ITENS ERRADOS

    22 - (ESAF/SEFAZ SP/2009)

    Os trechos abaixo constituem um texto adaptado do Editorial do Correio Braziliense de 7/1/2009. Analise a opo abaixo.

    - A histria se repete com monotonia. Ano aps ano, o balano de acidentes nas estradas registram nmeros ascendentes. Neste fim de 2008 e incio de 2009, o enredo no mudou.

    Comentrio.

    Uma tcnica das bancas, especialmente da ESAF, inserir, entre o ncleo do sujeito e o verbo, elementos em nmero diferente do apresentado pelo primeiro. Essa questo retrata bem isso. Em Ano aps ano, o balano de acidentes nas estradas..., o ncleo BALANO. Contudo, surgem, logo aps este substantivo (que est no singular), elementos no plural. Em seguida, o verbo apresentado indevidamente no plural. Com a pressa em resolver a questo, o erro passa facilmente

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    despercebido. O verbo deveria estar no SINGULAR: ... o balano de acidentes (...) REGISTRA nmeros ascendentes..

    ITEM ERRADO

    23 - (ESAF/MP ENAP SPU/2006)

    Assinale a opo que apresenta erro gramatical.

    a) Ao longo dos sculos, a poltica tem sido considerada, pelos economistas e pelos militares, fator de perturbao da paz e da ordem.

    b) Nos governos, e isso tem sido vezo histrico, os economistas pregam a austeridade, combatem a solidariedade para com os mais pobres, defendem a idia de que o xito destinado aos mais dotados, pela natureza e pela posio social.

    c) Mas se um governo universal, com o consentimento de todos os seres humanos, parecem utpicos, o governo imperial experincia histrica repetida e sofrida.

    d) Imprios sempre os houve, da mesma forma que houve rebelies dos dominados. Quase sempre, a humanidade conseguiu impedir um imprio que fosse universal.

    e) Houve sempre duas potncias maiores, em cada tempo, que disputaram a hegemonia, e isso permitiu s naes suportar, fosse pela esperana, fosse pela mtua conteno, a submisso permanente e completa a um ou outro centro do poder.

    (Adaptado de Mauro Santayana, Jornal do Brasil, 11/03/2006)

    Comentrio.

    Mudana ortogrfica: no h acento agudo na palavra ideia (opo B).

    Novamente, a pegadinha clssica da ESAF separar o ncleo do sujeito do verbo por elementos em nmero diverso daquele termo.

    Mas se um GOVERNO UNIVERSAL [marque este elemento de alguma forma: sublinhe, desenhe uma bomba, uma caveira, um macaco....qualquer coisa!!!], com o consentimento de todos os seres humanos, parecem utpicos,...

    O que parece utpico? Resposta: um governo universal. Ento, no deveriam ter sido flexionados verbo e o adjetivo: ... um governo universal (...) parece utpico....

    Note, tambm, o emprego impessoal do verbo HAVER nas opes D e E:

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    d) Imprios sempre os houve... o pronome oblquo foi usado de forma pleonstica por estilo provocar um reforo passagem. Como o verbo haver transitivo direto, a substituio do termo pelo pronome oblquo foi perfeita, e a no-flexo verbal tambm! O corretor do Word teria levado bomba nessas provas, pois assinala com verde vrias construes corretas, indicando, assim, erros gramaticais que no existem.

    e) Houve sempre duas potncias maiores... perfeito tambm!

    Ah... e o que vezo, da opo B? um costume vicioso e reprovvel ou, mais modernamente, um costume, um hbito (pura e simplesmente). Nunca deixe passar uma palavra desconhecida vai que ela cai na sua prova. No tenha preguia nem orgulho besta consulte o pai dos burros (...rs...).

    A seguir, uma novidade nas ltimas provas da ESAF anlise da concordncia associada referncia textual (falaremos muuuuuito sobre referncia na aula sobre PRONOMES).

    Gabarito: C

    CONCORDNCIA COM PRONOMES RELATIVOS

    24 - (ESAF/ AFRF / 2005)

    1. IBGE e BNDES mostraram que a desesperana nas cidades pequenas empurra a fora de trabalho para as mdias, que detm maior dinamismo econmico. A carga da pesada mquina administrativa das pequenas cidades mortas paga pelas verbas federais do Fundo de Participao dos Municpios. A economia local nesses municpios, 5. como o IBGE tambm j mostrou, dependente da chegada do pagamento dos aposentados do Instituto Nacional de Seguridade Social. O seminrio Qualicidade, por sua vez, confirmou que a favelizao produto de duas ausncias, a do crescimento econmico e a de poltica urbana.

    (Gazeta Mercantil, 17/10/2005, Editorial)

    Em relao ao texto, analise os itens abaixo.

    I - A forma verbal detm (l.2) est no plural para concordar com cidades pequenas (l.2).

    II - A expresso paga (l.3) concorda com mquina administrativa (l.4).

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    Comentrio.

    I Pronome relativo assim chamado por fazer referncia a algum outro termo (substantivo, pronome substantivo, orao substantiva) j mencionado anteriormente (chamado de ANTECEDENTE ou REFERENTE).

    O pronome relativo d incio a uma orao que atribui a esse antecedente uma caracterstica, um estado ou uma condio. Por esse motivo, a orao iniciada pelo pronome relativo uma orao subordinada adjetiva. Assim, conclumos que SEMPRE UM PRONOME RELATIVO D INCIO A UMA ORAO ADJETIVA.

    Para respeitar as regras de concordncia, deve-se observar a qual termo o pronome relativo est se referindo, e com ele ser feita a concordncia verbal.

    Assim, o sujeito sinttico do verbo o pronome relativo, mas o sujeito semntico o termo a que ele se refere.

    ... a desesperana nas cidades pequenas empurra a fora de trabalho para as mdias, que detm maior dinamismo econmico.

    O verbo est corretamente no plural, mas para realizar a concordncia com mdias [cidades]. a esse elemento que se refere o pronome relativo.

    Est incorreta, portanto, a afirmao de que a flexo verbal se deve ao referente cidades pequenas.

    II O segmento em anlise :

    A carga da pesada mquina administrativa das pequenas cidades mortas paga pelas verbas federais do Fundo de Participao dos Municpios.

    O ncleo do sujeito CARGA, e com ele concorda o predicado nominal paga, e no com mquina administrativa.

    ITENS ERRADOS

    25 - (ESAF/SEFAZ SP/2009)

    Os trechos abaixo constituem sequencialmente um texto adaptado do Editorial do Correio Braziliense de 6/1/2009. Assinale a opo em que o segmento est gramaticalmente correto.

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    a) Antes dos conflitos, Gaza estava estrangulada. Sitiada entre o mar e o muro construdo por Israel (que controlam entradas e sadas de pessoas e produtos), a estreita faixa depende totalmente de Telavive.

    b) Tambm intil foram s resolues da ONU, sistematicamente desrespeitadas ao longo de sessenta anos. No meio do tiroteio, milhes de inocentes. Eles pagam a conta de outros.

    c) A resposta desproporcional j fez centenas de mortos e milhares de feridos entre os civis. No vcuo da transio de governo nos Estados Unidos e dos feriados de fim de ano, os pases da Europa faz tentativas de obter trgua afim de abrir espao para a diplomacia.

    d) Representantes do Hamas aceitaram ir ao Egito para negociar uma soluo. At agora as iniciativas foram intil.

    e) O bloqueio de dezoito meses escasseou alimentos, agasalhos, remdios. O cessar-fogo, que previa o levantamento do cerco, no obteve xito. Essa a razo, segundo o Hamas, grupo que controla Gaza, de romper a trgua com lanamento de foguetes contra o pas vizinho.

    Comentrio.

    O nico item totalmente correto era a opo E. Vejamos o erro das demais opes.

    a) O pronome relativo que, na orao adjetiva que controlam entradas e sadas de pessoas e produtos, retoma o antecedente Israel. Por isso, o verbo CONTROLAR deveria estar no singular, e no no plural. Erro de concordncia.

    b) O adjetivo intil refere-se a resolues, devendo se flexionar no plural para concordar com aquele termo. Alm disso, no h justificativa para o emprego do acento grave em s resolues da ONU, sujeito da construo.

    c) O erro de concordncia deste item ficou bem ntido em funo da proximidade do verbo com o sujeito correspondente: os pases da Europa FAZ tentativas...?!!? No preciso comentar, no ? Ento, vamos verificar a grafia de afim.

    O vocbulo AFIM um adjetivo e, como palavra varivel que , pode ir para o plural afins. Significa semelhante, similar. Tem relao com a palavra AFINIDADE: As pessoas afins ligam-se em grupos..

    J a palavra FIM (= finalidade) forma a locuo prepositiva A FIM DE, no sentido de com a finalidade de, com o propsito de: Deixou sua sogra em casa a fim de passar um fim de semana sossegado com a esposa..

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    H tambm a expresso a fim, usada coloquialmente no sentido de disposto, interessado: Vou ao cinema. Voc est a fim?.

    No texto, deveria ter sido usada esta forma: ... os pases da Europa faz tentativas de obter trgua A FIM DE (= COM A FINALIDADE DE) abrir espao para a diplomacia.

    O emprego de uma forma no lugar de outra constitui erro muito comum em provas cuidado!

    d) Mais uma vez, o examinador recai no erro de concordncia em predicados nominais com o adjetivo intil ficou fcil assim, no ? As iniciativas foram INTEIS.

    Gabarito: E

    26 - (ESAF/AFC STN / 2008)

    Assinale a opo que corresponde a erro gramatical.

    Passaram-se(1) anos at que a Amrica do Sul pudesse livrar-se(2) das ditaduras que dominaram o continente, sobretudo na segunda metade do sculo 20. O custo foi alto, com opresso e mortes. Por isso, faz sentido o apoio que nove presidentes de pases do bloco, reunidos em Santiago do Chile, na primeira cpula da Unio de Naes Sul-Americanas (Unasul), deram ao(3) governo Evo Morales, legitimamente eleito e confirmado em um referendo(4) popular realizado h pouco tempo. Tirando os exageros antiimperialistas do coronel Hugo Chvez que procura enxergar nos levantes bolivianos o dedo da poltica externa americana como forma de capturar a crise para a prpria agenda e, com isso, livrar-se do isolamento os mandatrios souberam manter o tom de dilogo que utilizou(5) para a transio em seus pases na hora de apoiar o colega andino.

    (Adaptado de O Globo, 17 de setembro de 2008, Editorial)

    a) 1

    b) 2

    c) 3

    d) 4

    e) 5

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    Comentrio.

    ACORDO ORTOGRFICO: Com o Acordo, emprega-se hfen, tambm, quando houver coincidncia de vogais ou consoantes entre o fim do prefixo e o incio do segundo elemento. Por isso, agora, registra-se anti-imperialistas.

    O pronome relativo que retoma o substantivo dilogo. S que este exerce a funo sinttica de objeto direto do verbo UTILIZAR, e no a de sujeito. Identifica-se o sujeito a partir do contexto: os mandatrios. Por isso, o verbo UTILIZAR deveria estar flexionado no plural: ... os mandatrios souberam manter o tom do dilogo que UTILIZARAM para a transio em seus pases....

    O item 1 est correto, pois o verbo PASSAR tem como sujeito o vocbulo anos, tendo o pronome se mera funo de realce (partcula de realce), sem funo sinttica nenhuma no perodo. Tanto assim que poderia ser suprimida: Passaram anos.... Cuidado para no confundir esse caso com os de indicao de tempo decorrido, em que, por ser impessoal, o verbo HAVER, TER ou equivalentes no se flexionam: Faz anos que no vejo minha me.. Na construo original do texto, o substantivo anos exerce a ao verbal de PASSAR, ao passo que na outra no existe uma ao alguma sendo praticada, apenas a indicao de decurso do tempo.

    Gabarito: E

    27 - (ESAF/ANEEL Especialista/2006)

    1. A idia a de que a institucionalizao da raa como

    categoria possuidora de direitos e oportunidades

    sociais, negada pelos processos de excluso

    racial, resultaria na construo jurdica de um pas

    5. racialmente apartado, contrrio a sua suposta

    vocao a-racial. Como foi possvel que essa

    ideologia a-racial to decantada por especialistas

    conformasse uma sociedade que alva em todas

    as suas dimenses de poder, riqueza e prestgio e

    10. escura nas suas instncias de pobreza e indigncia

    humana? O pas real jamais amedrontou as elites

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    polticas e intelectuais. Elas jamais enxergaram

    nele uma ameaa. O seu discurso nunca ps em

    questo a sua imperiosa necessidade de romper

    15. com o exclusivismo da supremacia branca como

    condio para a desracializao da sociedade.

    (Adaptado de Sueli Carneiro, O medo da raa. Correio Braziliense, 24 de abril de 2006)

    Analise a seguinte afirmao a respeito do emprego dos termos e expresses do texto.

    - O emprego da terceira pessoa do singular no verbo resultaria (l.4) exigido pelo substantivo idia (l.1).

    Comentrio.

    Mudana ortogrfica: no h acento agudo na palavra ideia.

    O verbo concorda, na verdade, com institucionalizao, e no com ideia.

    A idia (*) a de que a institucionalizao da raa como categoria possuidora de direitos e oportunidades sociais, negada pelos processos de excluso racial, resultaria na construo jurdica de um pas racialmente apartado...

    Esse tipo de questo , portanto, simples basta prestar ateno e identificar corretamente os elementos do texto com os quais concorda o verbo.

    Em tempo: no h registro formal para a expresso a-racial. Certamente, o autor criou esse neologismo para indicar conceito alheio a qualquer classificao ou discriminao racial.

    ITEM ERRADO

    CONCORDNCIA COM SUJEITO ORACIONAL

    28 - (ESAF/SUSEP - Analista Tcnico/2006 - adaptada)

    1. Por que alguns pases so ricos e tantos outros so

    pobres? Por que vem se provando to difcil para

    as naes estagnadas recuperar o terreno que as

    separa das mais prsperas? So as questes mais

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    5. importantes no ramo da economia.

    Uma das revolues de que se precisa a intelectual.

    Os lderes nacionais precisam compreender que os

    objetivos da poltica no devem ser s promover o

    crescimento de produtores especficos, mas defender

    10. os interesses dos consumidores e, com eles, a

    competio. Mas nos pases em desenvolvimento que

    a competio sofre os obstculos mais sistemticos.

    (Adaptado de Martin Wolf, A tirania dos interesses escusos, Folha de So Paulo, 22 de janeiro de 2006)

    Assinale a opo incorreta a respeito das relaes de dependncia entre as palavras e expresses do texto.

    a) Emprega-se a flexo de singular em vem(l.2) para concordar com um sujeito oracional.

    b) Emprega-se a flexo de singular em (l.6) por causa de Uma(l.6).

    c) Emprega-se a flexo de terceira pessoa do plural em devem(l.8) para concordar com objetivos(l.8).

    d) Emprega-se a flexo de plural em eles(l.10) para concordar com lderes nacionais(l.7).

    Comentrio.

    Comentaremos uma a uma as opes dessa questo.

    a) Veremos em detalhes, agora, o tal do SUJEITO ORACIONAL (j mencionado em alguma questo anterior).

    Quando o sujeito, em vez de ser um substantivo, um pronome ou algo parecido, vem sob a forma de uma ORAO (reduzida ou desenvolvida), o verbo a ela relacionado permanece neutro, ou seja, no singular, e essa neutralidade se estende tambm ao adjetivo, porventura existente (como no predicado nominal).

    Vejamos a passagem em tela.

    Por que vem se provando to difcil para as naes estagnadas recuperar o terreno que as separa das mais prsperas?

    O que vem se provando to difcil para as naes estagnadas?

    Resposta: Recuperar o terreno que as separa das mais prsperas.

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    Trata-se, pois, de um sujeito expresso na forma de orao reduzida de infinitivo. Est correta a opo A.

    b) Uma das revolues de que se precisa a intelectual.

    Temos duas observaes a fazer em relao a essa estrutura oracional. A primeira, em relao ao sujeito do verbo SER. O ncleo Uma, por isso o verbo fica no singular.

    A segunda, em relao flexo do verbo PRECISAR.

    Sempre que um verbo estiver acompanhado do pronome SE, todo cuidado pouco. Podemos estar diante de um sujeito indeterminado ou de uma construo de voz passiva. Quem ir definir um ou outro caso o verbo, ou melhor, sua transitividade.

    Como vimos anteriormente, constroem-se em voz passiva os verbos que possuem objeto direto, ou seja, os transitivos diretos ou os transitivos diretos e indiretos. Nesse caso, o verbo ir se flexionar de acordo com o nmero do sujeito paciente.

    Se o verbo, no entanto, for de outra transitividade (intransitivo, transitivo indireto, de ligao), forma-se sujeito indeterminado.

    O pronome relativo que retoma o antecedente revolues. O verbo da orao adjetiva (j vimos que este pronome sempre inicia uma orao adjetiva, lembra?) transitivo indireto. Formou-se, ento, um sujeito indeterminado (precisa-se de revolues). Por isso, o verbo ficou na 3 pessoa do singular: ... revolues de que se precisa..

    c) Os lderes nacionais precisam compreender que os objetivos da poltica no devem ser s promover o crescimento de produtores especficos... um dos casos clssicos de sujeito simples anteposto ao verbo. O ncleo do sujeito da locuo devem ser (o examinador s mencionou o verbo auxiliar, por haver flexo somente neste) objetivos. Perfeita a afirmao.

    d) O que podemos afirmar, com certeza, que o pronome eles no se refere a lderes nacionais. Agora, vamos combinar que essa passagem est com problemas srios de construo. Veja s.

    Vamos reproduzir toda a passagem:

    Os lderes nacionais precisam compreender que os objetivos da poltica no devem ser s promover o crescimento de produtores especficos,

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    mas defender os interesses dos consumidores e, com eles, a competio.

    O que os lderes devem fazer?

    - promover o crescimento de produtores especficos;

    - defender os interesses dos consumidores; e

    - (defender) a competio.

    Pode-se inferir que a expresso com eles se refere a interesses dos consumidores, mas seria prefervel o emprego de outro conectivo, como a partir deles (dos interesses dos consumidores) ou qualquer outro que denotasse esse sentido.

    No acredito que esse pronome oblquo se refira a consumidores, pois tal construo no faria sentido (defender a competio com os consumidores...).

    Enfim, uma coisa certa (e, com isso, identificamos o gabarito da questo): esse pronome no est se referindo a lderes.

    Gabarito: D

    VERBOS ACOMPANHADOS DO PRONOME SE

    29 - (ESAF/MP ENAP SPU/2006)

    1. As pesquisas desenvolvidas nos vrios centros

    nacionais e internacionais, tanto em animais

    quanto em seres humanos, tm demonstrado que

    o tratamento regenerativo com clulas-tronco est

    5. deixando de ser uma utopia, podendo tornar-se

    importante recurso para o tratamento de diversas

    doenas. As pesquisas mostram que essas clulas

    tm potencial capaz de reparar as alteraes

    determinadas pelas doenas que provocam perda ou

    10. diminuio da capacidade funcional de determinados

    rgos do nosso corpo. Assim, especula-se que os

    transplantes de clulas-tronco possam vir a beneficiar

    doenas do corao, doenas neurovegetativas,

    degenerao celular ligada ao envelhecimento e a

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    15. tratar certas formas de cncer, como as leucemias.

    (O Globo, 11/03/2006. Jos Barbosa Filho e Roberto Benchimol Barbosa)

    Assinale a opo correta em relao s formas verbais do texto.

    a) tm(l.3) est no plural para concordar com seres humanos.

    b) est deixando de ser(l.4 e 5) concorda com clulas-tronco.

    c) provocam (l.9) est no plural para concordar com pesquisas(l.7).

    d) especula-se(l.11) apresenta sujeito explcito.

    e) a tratar(l.14 e 15) forma locuo verbal com possam vir(l.12).

    Comentrio.

    Na opo A, o verbo TER, auxiliar do tempo composto TER + DEMONSTRADO, est no plural para concordar com pesquisas, e no seres humanos: As pesquisas desenvolvidas nos vrios centros nacionais e internacionais, tanto em animais quanto em seres humanos, tm demonstrado que o tratamento regenerativo com clulas-tronco est deixando de ser uma utopia....

    Na opo B, o verbo estabelece relao com o sujeito o tratamento regenerativo com clulas-tronco (As pesquisas ... tm demonstrado que o tratamento regenerativo com clulas-tronco est deixando de ser uma utopia...), cujo ncleo o substantivo tratamento.

    O erro da opo C est, novamente, na indicao do sujeito: em As pesquisas mostram que essas clulas tm potencial capaz de reparar as alteraes determinadas pelas doenas que provocam perda ou diminuio da capacidade funcional de determinados rgos do nosso corpo., o pronome relativo que, sujeito sinttico do verbo PROVOCAR, retoma o substantivo plural doenas, motivo pelo qual o verbo est no plural.

    Vejamos, agora, a opo D, a mais difcil. Para comear, o que significa sujeito explcito?

    Como vimos anteriormente, o pronome se pode formar: (1) construo de voz passiva; (2) sujeito indeterminado.

    Vamos definir, agora, as diferenas entre o pronome apassivador se e o ndice de indeterminao do sujeito se: a transitividade do verbo

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    dentro da orao e a idia que o contexto oracional apresenta (se passiva ou ativa).

    Como vimos reiteradas vezes, o verbo transitivo direto (TD) e transitivo direto e indireto (TDI), por possurem o complemento direto, podem formar uma estrutura de voz passiva, j que o objeto direto ir exercer, nessa construo, a funo sinttica de sujeito paciente.

    Na construo de voz passiva, o verbo dever fazer a concordncia com o sujeito paciente. Alm da transitividade do verbo, deve haver uma idia passiva do elemento que exerce a funo de sujeito:

    Viam-se ao longe as primeiras casas (verbo transitivo direto + idia passiva: As casas eram vistas.)

    Ofereceu-se um grande prmio ao primeiro colocado. (verbo transitivo direto e indireto + idia passiva: Um grande prmio foi oferecido.).

    Os demais verbos (transitivo indireto, intransitivo, verbo de ligao), se estiverem acompanhados do pronome se, estaro formando o sujeito indeterminado e o pronome correspondente chama-se ndice ou partcula de indeterminao do sujeito.

    Usa-se construo de sujeito indeterminado quando no se sabe - ou no se quer dizer quem pratica a ao verbal. Tambm usado em oraes de sentido genrico, vago. So duas as formas de construo:

    1 - o verbo (exceto transitivo direto ou direto e indireto) permanece na 3 pessoa do singular acompanhado do pronome se (ndice / partcula de indeterminao):

    Necessitava-se de novas esperanas. (verbo transitivo indireto)

    Nesta cidade se muito feliz. (verbo de ligao)

    Vive-se muito bem aqui.(verbo intransitivo)

    2 o verbo (qualquer que seja sua transitividade na construo), sem o pronome, fica na 3 pessoa do plural:

    Desviaram dinheiro dos cofres pblicos.

    Bateram na porta.

    Falaram mal de voc.

    Neste ltimo caso (SUJEITO INDETERMINADO), diz-se que o sujeito no explcito, pois no podemos atribuir a ao ou o estado expresso pelo verbo a nenhum ser especfico.

    Assim, sujeito explcito aquele que pode ser representado por meio de uma nica palavra ou um conjunto de palavras (onde se deve

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    determinar o ncleo ou ncleos, para determinar se o caso de um sujeito simples ou composto), incluindo tambm as oraes substantivas subjetivas.

    Para definir se, na questo, temos um caso de voz passiva ou de sujeito indeterminado, teremos de verificar a transitividade do verbo ESPECULAR.

    Assim, especula-se que os transplantes de clulas-tronco possam vir a beneficiar doenas do corao....

    O Dicionrio Eletrnico Aurlio define o verbo ESPECULAR como:

    Transitivo direto

    1. examinar com ateno, averiguar minuciosamente, observar, indagar, pesquisar: Especula a causa dos males atuais.;

    Transitivo indireto

    2. informar-se minuciosamente de algo: Especulou sobre a situao financeira do novo cliente.;

    3. (termo de Economia) transacionar, especular de forma arriscada: Fulano especula com aes.;

    4. Valer-se de certa posio, de circunstncia, de qualquer coisa, para auferir vantagens; explorar: H autoridades que especulam com seus cargos.;

    5. Cogitar, refletir: especular sobre uma hiptese.;

    Verbo intransitivo

    6. Meditar, raciocinar, refletir, considerar;

    7. (termo de Economia) Comprar e vender (mercadorias, ttulos, etc.) buscando ganhos a partir da oscilao dos preos, e correndo o risco de perdas;

    8. (linguagem coloquial) Perguntar excessivamente ou de forma indiscreta; ser abelhudo.

    Como apresenta o sentido 1, ou seja, se trata de um verbo transitivo direto (especular algo algo ser especulado), o que temos a um

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    caso de VOZ PASSIVA SINTTICA. E qual o sujeito dessa orao (o sujeito paciente)?

    Uma orao: que os transplantes de clulas-tronco possam vir a beneficiar doenas do corao, doenas neurovegetativas, degenerao celular ligada ao envelhecimento e a tratar certas formas de cncer, como as leucemias.

    Dessa forma, o sujeito explcito, sim. Esta opo tambm estaria correta.

    Provavelmente, o examinador imaginou tratar-se de uma construo com sujeito indeterminado, talvez levado pelos diversos sentidos que o verbo ESPECULAR pode apresentar, contudo questionamos esse entendimento. De qualquer modo, o gabarito no foi alterado e a opo considerada correta foi a letra E.

    Alis, j houve questes em que a ESAF, mesmo diante de um verbo TRANSITIVO DIRETO, considerou que o pronome se seria um ndice de indeterminao do sujeito. Esse um posicionamento capitaneado pelo mestre Said Ali, que levantava a possibilidade de, mesmo com um verbo TD ou TDI, o pronome se construir um sujeito indeterminado, por prevalecer essa ideia vaga, genrica de quem teria praticado a ao verbal.

    Na prova para Auditor-Fiscal do Trabalho, de 2006, por exemplo, o examinador considerou que o pronome se, colocado junto ao verbo ABOLIR da construo No atual estgio da sociedade brasileira, se se deseja um regime democrtico, no basta abolir a necessidade de bens bsicos., seria um pronome indicativo de indeterminao de sujeito.

    Acontece que o verbo ABOLIR , na passagem, transitivo direto e a incluso deste pronome formaria uma construo de voz passiva: a necessidade de bens bsicos seria abolida.

    E agora?

    Provavelmente, pesou o fato de que, originalmente, o verbo foi usado de forma IMPESSOAL (no basta isso abolir a necessidade ....) e o papel do pronome serviria para manter essa impessoalidade (ou seja, indeterminar o sujeito). Esse argumento bastante questionvel, mas temos de nos lembrar que existem verbos transitivos diretos que no admitem VOZ PASSIVA. Um deles o verbo TER. Por exemplo, em Tem-se delrios no deserto., mais do que uma idia passiva (no existe voz passiva analtica para essa construo), o que temos a uma construo impessoal.

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    Ser que dei um n na sua cabea??? (rs...) Acho que na minha tambm... mas a culpa deles, dos examinadores.

    A lio que tiramos de tudo isso a seguinte: se na hora da prova surgir um pronome se junto a um verbo TD ou TDI que seja classificado como indeterminador do sujeito pela banca, voc deve desenhar uma caveira ao lado, ver as demais opes e, somente se surgir algo pior, consider-la correta! Foi o que aconteceu naquela prova de AFTb.

    Vamos dar sequncia anlise da questo do SPU: o examinador afirma que a tratar(l.14 e 15) forma locuo verbal com possam vir(l.12).

    A passagem : ... especula-se que os transplantes de clulas-tronco possam vir a beneficiar doenas do corao, doenas neurovegetativas, degenerao celular ligada ao envelhecimento e a tratar certas formas de cncer, como as leucemias..

    So duas as especulaes sobre os transplantes de clulas-tronco a de que:

    (1) possam vir a beneficiar doenas do corao, doenas neurovegetativas, degenerao celular ligada ao envelhecimento;

    (2) (possam vir) a tratar certas formas de cncer, como as leucemias.

    O verbo TRATAR o verbo principal da locuo verbal PODER + VIR + TRATAR, estando certa a afirmao do item E. Por clareza textual, evitou-se a repetio dos verbos auxiliares.

    Gabarito: E

    A seguir, mais uma questo recente que explorou esse conhecimento.

    30 - (ESAF/ATA MF/2009)

    Sem uma pesquisa sistemtica sobre o assunto,

    2. parece, primeira vista, que os jornais cariocas so

    mais prolficos em notcias de crime do que os paulistas.

    4. alarmante a escalada da anomia em seu territrio.

    Em menos de uma semana, invadiram-se duas

    6. instalaes militares para roubar armas, com xito

    absoluto. Os tiroteios so cotidianos nas vias de

    8. acesso ao centro urbano e mesmo nesse centro, onde

    quadrilhas organizam bondes para tomar de assalto

    10. pedestres e motoristas. Nem mesmo membros das

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    famigeradas milcias esto inteiramente a salvo: na

    12. semana passada, roubou-se a moto de um miliciano

    encarregado de vigiar uma rua num subrbio. Ou seja,

    14. as quadrilhas vitimizam-se mutuamente, do mesmo

    modo como costuma acontecer com as batalhas pelo

    16. controle de pontos de droga.

    (Muniz Sodr, Ruas de presas e de caadores, 17/3/2009, (com cortes), em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=529JDB002)

    Analise a proposta de substituio em relao a elementos lingusticos do texto.

    - Invadiram-se duas instalaes militares(.5 e 6) pode ser substituda por: duas instalaes militares foram invadidas, sem prejuzo da correo gramatical.

    Comentrio.

    O verbo INVADIR transitivo direto (algum invade algum lugar / alguma coisa). A ideia passiva est presente, por isso a troca da passiva sinttica pela analtica perfeitamente vlida.

    ITEM CERTO

    31 (ESAF/CGU-Analista/2008)

    As opes trazem propostas de continuidade ao trecho abaixo, diferentemente redigidas. Assinale a que contm erro de regncia e/ou de concordncia.

    Como ningum quer falar em aumento de impostos, todos se aferram expresso mgica: reforma tributria. O tema evoca um pas moderno, com distribuio mais justa dos valores arrecadados. (Krieger, Gustavo. Agenda necessria e agenda possvel, Correio Braziliense, 7/1/2008, p. 4)

    a) Bonito na retrica. Quando o assunto chega mesa de discusses, o clima muda. O governo federal no quer dividir seu caixa. Estados e Municpios sempre querem mais dinheiro.

    b) bonito at chegar mesa de discusses. A ningum quer perder. Ao contrrio: todos lutam para aumentar sua fatia do bolo.

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    c) Tudo vai bem at o assunto chegar mesa de discusses. Unio, Estados e Municpios se digladiam para no perderem nenhuma partezinha do que arrecadam. O que querem mesmo ganhar mais.

    d) Todos concordam at se sentarem na mesa de discusses, quando se inicia os mais acalorados debates. Ningum quer perder. Estados e Municpios buscam aumentar seu quinho na nova diviso do dinheiro arrecadado.

    e) Falar em reforma tributria bonito. O xis da questo bot-la no papel, quando os interesses da Unio, Estados e Municpios se chocam na busca de uma fatia maior do bolo para cada um.

    Comentrio.

    Alm de haver um problema de regncia (sentar-se mesa, e no na mesa), temos na opo D um erro de concordncia na construo de voz passiva.

    O verbo INICIAR transitivo direto (algum inicia alguma coisa). Como o verbo est acompanhado do pronome SE, forma-se uma construo de voz passiva. O que tem incio so os acalorados debates. Como no ncleo temos um substantivo PLURAL (debates), o verbo deve com ele concordar: quando se INICIAM os acalorados debates....

    A partir de questes como essa, podemos concluir que construes com verbos TD ou TDI acompanhados do pronome SE costumam ser identificadas pela ESAF como PASSIVAS, prevalecendo o conceito geral comentado anteriormente (ou seja, contrrio lio de Said Ali).

    J que falamos sobre construes de voz passiva, vejamos uma questo antiga, mas muito boa.

    Gabarito: D

    32 - (ESAF/TCE RN/2000) Julgue a correo gramatical dos dois perodos abaixo apresentados.

    - No gnero das leis federativas, possvel discernir duas espcies bem visveis: leis federais intransitivas e transitivas. / No gnero das leis federativas, podem-se discernir duas espcies bem visveis: leis federais intransitivas e transitivas.

    Comentrio.

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    Vimos que, quando um verbo de transitividade direta ou direta e indireta estiver acompanhado do pronome se, podemos estar diante de uma construo de voz passiva.

    Para confirmao, temos de fazer duas perguntas:

    1 O verbo transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)?

    2 Existe uma idia passiva na construo?

    Se ambas as respostas forem SIM, estamos diante de uma construo de voz passiva e, ento, o verbo dever se flexionar de acordo com o sujeito paciente.

    A existncia de um objeto direto na transitividade do verbo necessria pois, como vimos na aula sobre verbos, o objeto direto da construo de voz ativa ir exercer a funo essencial de sujeito da voz passiva.

    Vamos, ento, s perguntas:

    1- verbo TD ou TDI?

    Sim. Na locuo PODER + DISCERNIR, a transitividade de discernir (verbo principal) DIRETA, pois significa diferenciar, distinguir, discriminar.

    2 H idia passiva?

    Sim, duas espcies de leis federativas podero ser discernidas, ou seja, diferenciadas.

    Ento, trata-se de voz passiva e o verbo auxiliar dever flexionar-se de acordo com o ncleo do sujeito paciente espcies e ir para o plural podem-se discernir.

    Haveria uma outra possibilidade de construo: pode-se discernir duas espcies bem visveis: leis federais intransitivas e transitivas.

    Neste caso, o sujeito da forma verbal pode-se a orao reduzida de infinitivo discernir duas espcies.... Esse tipo de construo possvel com os verbos PODER, DEVER e outros. Um outro exemplo:

    1 - Devem-se manter os animais nas jaulas. Os animais devem ser mantidos nas jaulas. construo de voz passiva = verbo auxiliar concorda com o ncleo do sujeito: animais.

    2 Deve-se manter os animais nas jaulas Deve-se [manter os animais nas jaulas] - sujeito oracional = verbo na 3 pessoa do singular.

    So formas igualmente vlidas, cada uma com uma anlise sinttica diferente. Esse ponto pode ser objeto de questo do tipo com barrinha no meio, cujo enunciado costuma ser assinale a opo em que os dois perodos esto corretos.

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    ITEM CERTO

    33 (ESAF/TRF/2006) Analise a correo gramatical da assertiva abaixo.

    - Aparentemente, as cidades parecem apresentar maior densidade de fixos, pois o carter de mudanas e transformaes no capturado ao longo de uma mesma gerao social, ou se percebe apenas aquelas mudanas de maior impacto, como derrubada de velhas fbricas nas quais se constroem modernos centros de compras.

    Comentrio.

    Na construo, o verbo perceber transitivo direto (Algum percebe alguma coisa). Por estar acompanhado do pronome se, apresentando ideia passiva, constri voz passiva pronominal, em que o sujeito o sintagma aquelas mudanas. Por isso, o verbo deve com ele concordar ... ou se percebem apenas aquelas mudanas de maior impacto....

    ITEM ERRADO

    34 - (ESAF/MPOG - APO/2008)

    Os trechos a seguir constituem um texto adaptado de Zero Hora (RS), 11/02/2008. Assinale a opo que apresenta erro gramatical.

    a) Para metrpoles europias ou norte-americanas, essa expresso pode significar uma preocupao fundamental na preservao do ambiente, ao passo que para os demais continentes ela tem um sentido social inevitvel, voltado para a necessidade de superao de gargalos sociais e para a conquista de patamares mnimos de dignidade.

    b) A concentrao mundial das populaes nas cidades, fenmeno historicamente recente, torna essas aglomeraes o centro nervoso das sociedades. A problemtica das cidades concentra a prpria problemtica da sociedade.

    c) Os mundos cultural, econmico, financeiro e at rural giram em torno do que ocorre nessas concentraes que, pelo menos desde a Idade Mdia, foram adquirindo feio prpria e mostrando problemas especficos.

    d) Questes como a educao, o trabalho, o lazer, o convvio, a assistncia social, a produo ambiental, o transporte, entre muitssimas outras, tm nas cidades suas expresses mais agudas. Desenvolvimento

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    sustentvel uma expresso que faz sentido para os planejadores das cidades de hoje e de amanh.

    e) As cidades so o cenrio cada vez mais exclusivo em que, pelo desejo de progresso das sociedades, se realiza os direitos e se concretiza a ambio democrtica e republicana de tratar a todos igualmente.

    Comentrio.

    ACORDO ORTOGRFICO: Suprimem-se os acentos agudos dos ditongos abertos ei e oi das paroxtonas. Por isso, registra-se, agora, europeias.

    Mais uma vez, o erro est na flexo de verbo em construo passiva sinttica. O verbo REALIZAR transitivo direto (algum realiza alguma coisa). Com o pronome SE, forma-se voz passiva, e o verbo deve co