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Psicologia do Desenvolvimento da Aprendizagem

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Desenvolvimento Emocional

O mais importante numa relação entre pais e filhos é o amor. Toda criança espera ser amada e só assim passa a retribuir esse amor. Desde que nasce, enquanto cresce e se desenvolve precisa sentir-se querida, procurada, ajudada, elogiada, para crescer emocionalmente equilibrada e desenvolver na vida adulta todo seu potencial humano.

Quem cria e implanta essa primeira regra da vida em família é a mãe, com carinho, alegria, serenidade, presença física e atenção. Um amor feito de gestos, de dedicação e não apenas de palavras.

Também o pai tem um papel insubstituível nessa tarefa: ele ajuda a criar uma base segura com amor e entendimento, para que a criança se torne um adulto feliz.

Para respeitar uma criança é necessário aceitá-la do jeito que ela é. Entender que ela vai crescer e construir sua própria vida, de modo diferente do que fizeram seus pais. Precisamos saber que a grande meta na vida dessa criança é tornar-se ela própria e não uma simples repetição do que somos ou fomos.

Um bebê, uma criança, é incapaz de compreender relações humanas, analisar situações ou tomar decisões. Ela age movida apenas por suas necessidades, medos e aflições. Assim, não se pode dizer que ela respeita ou desrespeita a mãe ou o pai. Ela deve ser entendida, acalmada, amparada. Com paciência, tolerância, até que o tempo ajude amadurecer e a fazer suas escolhas.

O homem pode ser visto como a expressão de uma energia, que está em constante movimento dentro e fora do corpo. Essa energia, presente desde a formação do óvulo e dos espermatozóides, têm um contínuo movimento de pulsação que vai se somando a outras energias internas e externas.

A maturação psico-emocional de uma pessoa, acompanhada do movimento de pulsação da energia, atravessa uma sucessão de etapas que seguem uma seqüência lógica, uma organização e um calendário maturativo.

As etapas do desenvolvimento emocional pelas quais uma criança passa desde a sua concepção até a adolescência é algo extremamente fascinante. Desenvolver significa progredir, crescer, amadurecer e conforme a criança vai crescendo, se desenvolvendo, vai apreendendo novas experiências que ficam registradas na memória celular em forma de marcas, registros.

As etapas representam momentos de passagem que induzem à incorporação de experiências vividas e determinam a entrada e a saída de uma etapa à sucessiva. Cada etapa é caracterizada por fenômenos específicos que desde o início trazem consigo, na bagagem genética da célula, valores biofisiológicos, emocionais-afetivos e intelectivos. E são esses valores que serão transmitidos para todas as demais células do corpo durante todo o processo de desenvolvimento e que, aos poucos, irão sendo acrescidas das experiências que a criança vivenciar.

Nosso corpo registra todos os acontecimentos vividos durante a nossa vida, principalmente

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ATP: Trifosfato de adenosina, adenosina trifosfato ou simplesmente ATP, é um nucleotídeo

responsável pelo armazenamento de energia em suas ligações químicas. É constituída por adenosina, um

nucleosídeo, associado a três radicais fosfato conectados em cadeia. A energia é armazenada nas ligações

entre os fosfatos. O ATP armazena energia proveniente da respiração celular e da fotossíntese, para consumo

imediato. A molécula atua como uma moeda celular, ou seja, é uma forma conveniente da transformação

da energia. Esta energia pode ser utilizada em diversos processos biológicos, tais como o transporte ativo de

moléculas, síntese e secreção de substâncias, locomoção e divisão celular, entre outros. Não pode ser estocada,

seu uso é imediato, energia pode ser estocada na forma de carboidratos e lipídios.

NIDAÇÃO: Após a fecundação nas trompas, o óvulo fecundado (ovo) inicia um deslocamento lento

para chegar até o útero. Chegando ao útero ele precisa se fixar ao útero para que a gravidez possa evoluir, esse

processo de fixação chama-se nidação. Como esse processo de deslocamento das trompas ao útero pode levar entre 4 a 15 dias, então a nidação ocorre entre nesse tempo (4 a 15 dias após a fecundação).

DNA: O ácido desoxirribonucleico (ADN, em português: ácido desoxirribonucleico; ou DNA, em inglês: deoxyribonucleic acid) é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus. O seu principal papel é armazenar as informações necessárias para a construção das proteínas e ARNs. Os segmentos de ADN que contêm a informação genética são denominados genes. O restante da sequência de ADN tem importância estrutural ou está envolvido na regulação do uso da informação genética.

ÓRGÃO DE JACOBSON: O órgão de Jacobson ou órgão vomeronasal é um órgão olfatorial auxiliar de alguns animais classificados em biologia como tetrápodes. O nome Jacobson neste caso se refere ao pesquisador dinamarquês Ludwig Levin Jacobson (1783-1843); já o nome órgão vomeronasal vem do osso vômer (facial) dos animais já em estágio de vida adulto, precisamente entre o nariz e a boca. Ele se desenvolve a partir do placode nasal (olfatório), na borda anterior da placa neural. O órgão vomeronasal serve para detectar feromônios emitidos por certos animais, como ratos caseiros, muito embora certos feromônios sejam detectados pelo epitélio olfatorial. O órgão de Jacobson também detecta outros compostos químicos além daqueles classificados como feromônios.

BILE: Bile, bílis ou suco biliar é um fluido produzido pelo fígado (produz cerca de um litro de bile por dia), e armazenado na vesícula biliar - capacidade de armazenar 20 - 50 ml de bile - e atua na digestão de gorduras (através da ação da lípase pancreática, uma enzima produzida

Ampliando Conhecimentos

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pelo pâncreas), determinados microorganismos para evitar a putrefação de alguns alimentos e na absorção de substâncias nutritivas da dieta ao passarem pelo intestino.

ERIK ERIKSON: Erik Homburger Erikson (Frankfurt, 15 de junho de 1902 — Harwich, 12 de maio de 1994) foi um psiquiatra responsável pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicosocial na Psicologia e um dos teóricos da Psicologia do desenvolvimento.Erik Erikson nasceu em Frankfurt, Alemanha, em 15 de Junho de 1902. Começou a sua vida como artista plástico. Em 1927, depois de estudar arte e viajar pela Europa, passou a leccionar em Viena a convite de Anna Freud, filha de Sigmund Freud. Sob orientação dela, submeteu-se à psicanálise e tornou-se, ele próprio, psicanalista, embora tenha tecido criticas à psicanálise por esta não ter em conta as interações entre o indivíduo e o meio, assim como por privilegiar os aspectos patológicos e defensivos da personalidade. No início da carreira, o interesse de Erikson esteve adolescência. A ele se deve a expressão “crise da adolescência”.

HENRI WALLON: Henri Paul Hyacinthe Wallon (França, 15 de junho de 1879 - 1 de dezembro de 1962) foi filósofo, médico, psicólogo e político francês, e marxista convicto. Tornou-se bem conhecido por seu trabalho científico sobre Psicologia do Desenvolvimento, devotado principalmente à infância, em que assume uma postura notadamente interacionista, e por sua atuação política e posicionamento marxista. Por sua formação, ocupou os postos mais altos no mundo universitário francês, em que liderou uma intensa atividade de pesquisa. A obra de Henri Wallon é perpassada pela idéia de que o processo de aprendizagem é dialético: não é adequado postular verdades absolutas, mas, sim, revitalizar direções e possibilidades. Uma das consequências desta postura é a crítica às concepções reducionistas: Wallon propõe o estudo da pessoa completa, tanto em relação a seu caráter cognitivo quanto ao caráter afetivo e motor. Para Wallon, a cognição é importante, mas não mais importante que a afetividade ou a motricidade.

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aqueles ocorridos na primeira infância, quando as formas que encontramos para nos defender ainda são precárias. Esses acontecimentos, quandoestressantes e traumáticos, muitas vezes deixam no corpo marcas profundas e irreversíveis, bloqueando dessa forma a energia e impedindo a pulsação do organismo.

Se a criança passar por todas as etapas do desenvolvimento sem sofrer comprometimentos entre seus impulsos naturais e as frustrações impostas a ela por uma educação moralista e repressiva, será capaz de ter um caráter, auto-regulado e sem bloqueios.

No entanto, se os impulsos dessa criança forem frustrados, reprimidos de forma severa, bloqueios se constituirão, e como resultado, ocorrerá a fixação da energia na fase do desenvolvimento em que a criança se encontra, deixando, por sua vez, registros que mais tarde serão incorporados ao caráter da criança, que passará a ser neurótico. Daí a importância da compreensão das etapas do desenvolvimento para melhor entender os traços de caráter de uma pessoa.

Com base nas descrições de grandes personalidades de abordagem corporal como Reich (1995 apud Volpi, 2006), Lowen (1982 apud Volpi, 2006), Baker (1980 apud Volpi, 2006) e Navarro (1995 apud Volpi, 2006), organiza-se na seqüência, as etapas do desenvolvimento. Muito longe de ser um mero instrumento diagnóstico classificatório, essa organização é base para a compreensão do ser humano, através de seus traumas, conflitos internos, atitudes e movimento energético. É mediante a compreensão do desenvolvimento que se chega à criança interior do paciente, resgatando sua possibilidade de crescimento e maturidade caracterológica.

Etapa de SustentaçãoÉ a primeira etapa do desenvolvimento que tem seu início na fecundação e se estende

durante todo o período de amamentação, ou seja, até o nono mês de vida. O útero é o primeiro ambiente em que se encontra o bebê durante seu desenvolvimento físico, energético e emocional, onde o contato se dá com a mãe por meio de suas paredes e do cordão umbilical, que irá sustentar e nutrir o bebê não apenas de formafisiológica, mas também emocional e energética para que possa continuar sendo gerado.

É um contato não apenas corporal, mas também de energia e afeto entre a mãe e o bebê em formação. É importante ressaltar que o nível de energia do embrião será determinado pelo nível de energia do útero da mãe. Durante essa primeira etapa, o bebê atravessa três fases: segmentação, embrionária e fetal.a) Fase de segmentação

É a partir da fecundação que ocorre o início da formação da vida. Portanto, essa primeira fase tem início no momento da concepção e se estende até o momento em que ocorre a sustentação, a nidação – fixação do zigoto nas paredes uterinas –, por volta do quinto ao sétimo dia de gravidez.

Nessa fase, ocorre a divisão do zigoto em várias outras células, sendo cada uma delas chamada blastômero. É um processo, no qual, há um gasto elevado de energia (ATP) autógena, que

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vem dos espermatozóides e do óvulo, fundidos no chamado zigoto. O útero é o primeiro ambiente da criança e, assim sendo, deverá ser receptivo, pulsante e

acolhedor. Dessa forma, medo, estresse, angústia, ou qualquer outro tipo de emoção podem alterar esse processo energético e dificultar ou impedir a sustentação, nidação do zigoto nas paredes uterinas. Isso explica porque muitos embriões não prosperam nessa etapa, fazendo com que o próprio organismo materno se encarregue de sua expulsão mediante um aborto espontâneo, que, na maioria das vezes, passa desapercebido pela própria mãe.b) Fase embrionária

A partir do momento em que ocorreu a nidação do zigoto nas paredes do útero, o bebê entra na segunda fase, que se estende até o final do segundo mês de gestação. Nessa fase há uma predominância biológica endócrina, na qual a célula continua a se multiplicar para formar o embrião e continua consumindo muita energia (ATP) que ainda é autógena, da própria célula, mas que com a formação do cordão umbilical, que sustenta o embrião nas paredes do útero da mãe, vai se organizando para passar a ser trofo-umbilical.

É importante considerar que qualquer situação tomada pela mãe como estressante é capaz de ativar os mecanismos endócrinos maternos e interferir no desenvolvimento físico e energético do bebê, às vezes comprometendo a sustentação, uma situação que pode ser sentida pelo bebê como uma ameaça de aborto e até mesmo provocar a alteração das informações genéticas que são transmitidas de célula à célula por meio do DNA.

Mesmo que não ocorra o aborto ou a alteração do DNA, esses registros de estresse ficarão armazenados na memória celular, resultando posteriormente na possibilidade de gerar sérios comprometimentos de ordem física, energética e/ou emocional.c) Fase fetal

Essa fase tem início no terceiro mês de gestação e se estende até nascimento, mais especificamente até o décimo primeiro dia de vida. Em temos energéticos, como a placenta já se formou, a energia que o bebê recebe vem da própria mãe, através do cordão umbilical.

É também a fase em que se pode presenciar a formação do cérebro e do sistema neurovegetativo. Existem várias situações, decorrentes do estresse sofrido pela mãe e/ou pela criança que podem comprometer a sustentação e o desenvolvimento do bebê nessa primeira etapa do desenvolvimento. Isso não significa, porém, que todas as crianças que passam pelas mesmas situações terão os mesmos comprometimentos, porque tudo irá depender da etapa em que ocorreu o estresse, da sua intensidade, da freqüência e outros fatores.

Da mesma forma que cada criança tem também um funcionamento fisiológicopróprio, e uma resistência ao estresse que é particular, só dela. Umas são mais resistentes que outras.

Nessa fase do desenvolvimento, o bebê já é capaz de reagir aos estímulos auditivos, luminosos, gustativos, táteis e até mesmo olfativos. Durante muito tempo acreditava-se que o feto vivia num mundo isolado, impenetrável e inacessível ao ambiente fora do útero da mãe. Pesquisas

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atuais revelam que o feto é capaz de sentir tudo aquilo que é sentido pela mãe, respondendo por meio de movimentos e descargas hormonais.

Há pouco tempo também se descobriu a existência de um pequeno órgão oro-nasal chamado de órgão de Jacobson que, no homem, desaparece logo após o nascimento. Esse órgão, no ventre materno, tem a função de perceber o sabor do ambiente líquido, geralmente alterado pela liberação de endorfinas pela mãe que, estando na corrente sangüínea, chegam até o liquido amniótico alterando o sabor do mesmo.

Daí pode-se deduzir o que é percebido pelo feto quando uma mãe agitada, ansiosa e estressada descarrega em sua corrente sangüínea hormônios com sabor desagradável.

Isso nos mostra a importância de uma gravidez em estado de bem-estar. Para isso, a presença do pai durante a gestação também é fundamental, uma vez que o afeto que ele demonstra, por intermédio da mãe, também chega até o bebê em formação.

Se nenhum tipo de dano severo ocorrer durante a gestação, o recém-nascido trará consigo “um sistema energético enormemente produtivo e adaptável que, por seus próprios recursos fará contato com seu meio ambiente e começará a dar forma a este meio ambiente de acordo com suas necessidades” (REICH, apud VOLPI, p. 5) e será capaz de demonstrar toda a riqueza da plasticidade e do desenvolvimento natural.

Etapa de IncorporaçãoEsta etapa tem início logo após o nascimento e finaliza com o desmame, que

deverá ocorrer por volta do nono mês de vida, quando o bebê já tem dentes suficientes para triturar seu próprio alimento.

Nessa etapa, o bebê abandona o útero para se ligar ao seio da mãe, introjetando tudo o que vier do mundo externo, começando pelo bico do seio ereto e disponível, passando pelo sabor agradável do leite, pelo cheiro da mãe, pela disponibilidade da mãe em amamentá-lo, pelos olhos atentos e receptivos, pelas mãos quentes e acolhedoras e pelo contato epidérmico que envolve o bebê, da mesma forma que ele foi envolvido pelo útero.

É importante apontar que uma mãe agitada e ansiosa descarrega na correntesanguínea a bile, líquido presente na vesícula biliar, que chega até o leite deixando-o com um sabor amargo. É por isso que muitas crianças não querem ser amamentadas ao seio.

É também importante saber que até o nono ou décimo dia de vida, o bebê não produz lágrimas. Como os olhos eram lubrificados pelo líquido amniótico, o bebê precisa agora de um tempo para que suas glândulas lacrimais possam entrar em funcionamento.

Portanto, é preciso evitar que ele chore de forma estressante nesse período, para que não ocorra um ressecamento dos olhos e um posterior comprometimento da visão. O astigmatismo, por exemplo, decorre de um estresse nessa fase do desenvolvimento.

O bebê é capaz de regular suas próprias necessidades de fome, demonstrando-a por meio do choro, balbucios e agitação. Isso significa que não se deve interferir nesse movimento. É o bebê

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quem sabe o momento que está com fome e não nós, com nossa mania de impor hora pra tudo. Limites são importantes, mas têm seu momento para serem apreendidos e vividos. Importa então, que o organismo da criança possa por si mesmo manifestar-se de acordo com as suas próprias necessidades.

Qualquer movimento do adulto que venha a interromper essa pulsação pode trazer sérios comprometimentos na capacidade do bebê em saber se sustentar na vida.

Gradativamente, o bebê vai descobrindo que ele não faz parte da mãe (simbiose), como até então tinha a sensação e começa a se distanciar, explorando o ambiente e as pessoas à sua volta, passando a fazer o reconhecimento de si mesmo (bebê) e do outro (mãe) e querendo sair do colo, engatinhando e arriscando os primeiros passos. Da mesma forma que o bebê deve aos poucos ser desmamado do seio, também deve se “desmamado do colo” e, principalmente, do quarto dos pais.

É aqui, no meio dessa etapa que começam os limites; não antes disso, nem depois porque todo excesso é também comprometedor.

Etapa de ProduçãoA etapa de produção tem seu início com o desmame e se estende até o final do terceiro ano

de vida ou para algumas crianças, pode até mesmo ocorrer um pouco antes. Nessa etapa, a energia da criança está inteiramente voltada à construção de

pensamentos, de gestos, de brincadeiras, de jogos, de relacionamentos, etc, da mesma forma que produz sua urina e suas fezes. Ocorre o desenvolvimento da autoconsciência, o que lhe permite desenvolver a capacidade de antecipar os acontecimentos, como, por exemplo, não se sentir abandonada pelos pais quando eles saem, porque ela – a criança - sabe que eles irão voltar.

É também nessa etapa que a criança imita os pais em busca de modelos. É curiosa e procura descobrir tudo o que está à sua volta, recusando ser ajudada. É importante tomar cuidado com as preocupações excessivas, principalmente com a ordem e/ou limpeza e procurar não exigir que a criança contenha suas necessidades fisiológicas de xixi e cocô antes de completar 18 meses.

Ela deve ser ensinada gradativamente. A frustração e o medo da punição nessa etapa tolhe a espontaneidade da criança, deixa-a numa situação de submissão ao genitor que a frustra e confinada às rotinas diárias de seu cotidiano.

Uma outra característica dessa etapa é a evolução do brincar simples e repetitivo para o brincar construtivo.

A criança demonstra interesse pelos jogos imaginativos e mais tarde, o interesse se volta para os jogos mais formais, com regras. É comum o surgimento de amigos imaginários, principalmente em primogênitos e filhos únicos. Mas isso não é motivo de preocupação porque a criança também já é capaz de distinguir a fantasia da realidade.

Etapa de IdentificaçãoÉ a partir do quarto ano de vida que se inicia a etapa que a criança é capaz de fazer

identificações. Ela que se estende até o final do quinto ano de vida. É a etapa em que a energia volta-

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se para a descoberta dos genitais e a criança passa a distinguir a diferença entre menino e menina e a ter uma idéia segura quanto ao sexo que pertence.

É aí que surgem as primeiras perguntas sobre o tamanho dos genitais e pêlos dos pais e sobre o sexo dos animais, ao mesmo tempo em que a criança tem curiosidade para ver tudo o que a isso diz respeito. Ocorrem as primeiras masturbações, mas como mera fricção do genital, sem nenhuma intenção ou fantasia, o que deve ser encarado com naturalidade e sem punições.

Nessa etapa, a criança também passa por momentos de individualidade. Querbrincar sozinha, não quer mais ficar no colo dos pais, quer desmontar os brinquedos para montar de outra forma, etc.

Aos poucos, também vai aprendendo a compartilhar, saindo do campo familiar e voltando-se cada vez mais para o campo social. Mais tarde, na próxima etapa, a criança irá realizar a chamada constância ou conservação de gênero, ou seja, passa a ter consciência de que seu sexo será sempre o mesmo e, depois disso, assumir seu papel sexual.

Etapa de Estruturação e Formação do caráterEssa etapa tem início aos cinco anos de vida e se estende durante toda a puberdade, até o

início da adolescência. Segundo Reich (1987 apud Volpi, 2006), é a etapa em que a formação da estrutura básica de caráter se completa.

Aqui ocorre a identificação da criança com o pai do mesmo sexo e a masturbação fica mais evidente. Aos poucos a criança vai encontrando a sua própria identidade e, se conseguir chegar nessa etapa sem bloqueios ou fixações das fases anteriores, poderá estruturar o chamado caráter genital, que de acordo com Reich (1995 apud Volpi, 2006) é auto-regulado, equilibrado e maduro. Navarro (1995 apud Volpi, 2006) considera que 0,1% da população mundial possui caráter genital, encontrado em pessoas que nunca tiveram contado com a civilização.

Para nós que vivemos numa sociedade moralista, consumista, compulsiva e longe de ser genital, essa proposta fica apenas como sendo a de um caráter de referência. Mas mesmo não podendo ter um caráter genital como desejava Reich, é possível termos momentos de genitalidade ou traços genitais.

Vygotsky acredita que a história da sociedade e o desenvolvimento do homem caminham juntos e estão de tal forma intrincados que um não seria o que é sem o outro. Para ele, as crianças desde o nascimento estão em constante interação com os adultos que ativamente procuram incorporá-las a suas relações e a sua cultura. Inicialmente as respostas das crianças são dominadas por processos naturais, especialmente, os que decorrem da herança biológicas. Através da mediação dos adultos, é que os processos psicológicos mais complexos tomam forma. O desenvolvimento está alicerçado no plano das interações.

Para esse autor as funções psicológicas emergem e se consolidam no plano da ação entre as pessoas e tornam-se internalizadas, isto é, transformam-se para construir o funcionamento interno. O plano interno não é a reprodução do plano externo, pois ocorrem transformações ao

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longo do processo de internalização.Piaget enfatiza o desenvolvimento motor e intelectual, Erikson dedicou-se ao

desenvolvimento emocional da criança. Embora também pense no desenvolvimento em termos de estágios ou períodos, ele difere de Piaget ao realçar a importância das diferenças individuais entre as crianças e destaca os seguintes períodos:

• O período da confiança: cobre os primeiros meses da vida do bebê e é chamado assim, porque precisam criar confiança em seus pais e em seu ambiente. Esse período de confiança dá uma base sólida para o desenvolvimento futuro.

Alguns bebês, no entanto, são mais difíceis de serem compreendidos e ajudados. Seus pais não conseguem distinguir o choro de fome, fadiga ou o desconforto de fraldas molhadas do choro por atenção. Problemas ocorrem freqüentemente devido à inexperiência dos pais ou porque há diferenças marcantes no temperamento entre o pai e o bebê.

• O período de autonomia é aquele em que o bebê luta por independência. Esse período representa o desenvolvimento do autocontrole e autoconfiança. Os pais devem aprender a aceitar um pouco de perda de controle para manter os limites necessários.

• O período da iniciativa cobre os anos anteriores à escola, em que a criança ganha liberdade considerável. Os medos são um problema comum e a criança tem uma vida cheia de fantasias. As crianças nessa fase costumam ter dificuldades para se separar de seus pais, normalmente causadas ou reforçadas pelos problemas que os próprios pais têm em se separar deles.

• O período da criação (ou finalização do trabalho) é quando a criança em idade escolar aprende a receber elogios ao realizar e produzir resultados. As crianças em idade escolar ainda precisam de bastante apoio dos pais, apesar de suas tentativas superficiais de auto-afirmação. Os pais devem apoiar de maneira que deixem claro o respeito pelos sentimentos e orgulho da criança.

• A adolescência é o quinto e último estágio de desenvolvimento de Erikson. Ele diz que a principal tarefa dos adolescentes é estabelecer a identidade, descobrir quem são e o que querem fazer da vida.

Os testes que os adolescentes fazem com seus relacionamentos e o desenvolvimento de uma visão da realidade com a experimentação constante podem ser bem difíceis para os pais.

Nesse período há necessidade dos pais continuarem a definir limites apropriados, imbuir valores pertinentes e servirem de modelos positivos.

Na psicogenética de Henry Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento. Para este pensador, a emoção ocupa o papel de mediadora.

Ele acredita que o processo de desenvolvimento infantil se realiza nas interações, que objetivam não só a satisfação das necessidades básicas, como também a construção de novas

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relações sociais, com o predomínio da emoção sobre as demais atividades.Wallon defende que as interações emocionais devem se pautar pela qualidade, a fim de

ampliar o horizonte da criança e levá-la a transcender sua subjetividade e inserir-se no social.Na concepção walloniana, tanto a emoção quanto a inteligência são importantes no

processo de desenvolvimento da criança, de forma que o professor deve aprender a lidar com o estado emotivo da criança para melhor poder estimular seu crescimento individual. Para esse teórico, a atividade da criança está primeiramente voltada para a sensibilidade interna(visceral e afetiva), que abrange o primeiro ano de vida e as condutas cognitivas surgem das afetivas. Afetividade é um campo mais elaborado do que a emoção. A medida que a criança adquire a linguagem ampliam-se os recursos para expressão da afetividade, tornando possível os sentimentos que não envolvem alterações físicas visíveis. Para ele o movimento tem duas dimensões: afetiva(gestos ou movimentos expressivos que têm a intenção de causar impacto sobre o outro) e cognitiva(ação direta sobre o meio físico). Devido às glândulas endócrinas, nos adolescentes, lançarem hormônios na corrente sanguínea, o adolescente é levado a experimentar novas emoções e sensações. Em virtude dessas emoções e sensações, as mudanças de humor e comportamento podem se tornar profundamente instáveis durante o dia. Enquanto é possível vê-lo cantando e feliz pela manhã, à tarde poderá estar quieto e triste ou profundamente revoltado e abatido.

Ao mesmo tempo em que se acha altamente suficiente para tomar certas decisões busca no adulto um “porto seguro” para aliviar sua tensão. Cabe registrar que dependendo da maneira como as tensões são administradas, marcas profundas são registradas na formação do adolescente. Entre elas citamos o grave problema da depressão, tão presente e destrutivo em todo o processo civilizatório.

BEE, Helen; trad. Regina Garcez. O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.ROSA, Merval. Psicologia evolutiva. Psicologia da Infância. Petrópolis: Vozes, 1993, 120 a 134 p.VOLPI, José Henrique; VOLPI, Sandra Mara. Etapas do desenvolvimento emocional. Curitiba: Centro Reichiano, 2006. Disponível em: www.centroreichiano.com.br/artigos.htm. Acesso em: 13/02/2012

Bibliografia

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Exercício

1. Descreva as etapas do desenvolvimento emocional descritas no texto.

2. Descreva os períodos do desenvolvimento descritos por Erick Erikson.

3. O que você compreendeu sobre a visão de Vygotsky quanto ao desenvolvimento emocional.

4. O que você compreender sobre a visão de Wallon quanto ao desenvolvimento emocional.

Sugestões:

LEITURA: Texto “Emoção e afetividade”, de Solange Nogueira Buono, publicado no livro Psicologia no ensino de 2º grau, coordenado pelo Sindicato dos Psicólogos e CRP-06. São Paulo, Edicon, 1986.

LIVRO: MURRAY, Edward. Motivação e Emoção. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

FILME: Houve uma vez dois verões (Brasil). Direção de Jorge Furtado. Columbia Pictures, 2002. 75 min. Dois jovens com projetos distintos de vida se apaixonam.

FILME: Elsa e Fred- um amor de paixão (Espanha/Argentina). Direção de Marcos Carnevale. Pandora Filmes, 2005. 108 min. Conta uma história de paixão entre dois idosos.