Aula 12 kitsch e cultura de massa

22
Teorias da Comunicação Guy Debord – A sociedade do espetáculo Prof. Ms. Elizeu Silva

Transcript of Aula 12 kitsch e cultura de massa

Page 1: Aula 12   kitsch e cultura de massa

Teorias da ComunicaçãoGuy Debord – A sociedade do espetáculo

Prof. Ms. Elizeu Silva

Page 2: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

Guy Debord (França, 1931–1994).

Escritor francês. Foi um dos pensadores

da Internacional Situacionista e da

Internacional Letrista e seus textos

foram a base das manifestações do

Maio de 68 na França.

Page 3: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

O ponto central de sua teoria é que a alienação é mais do que uma

descrição de emoções ou um aspecto psicológico individual.

É a consequência do modo capitalista de organização social que

assume novas formas e conteúdos em seu processo dialético de

separação e reificação da vida humana.

Page 4: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições

modernas de produção se anuncia como uma imensa

acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido

se afastou numa representação.

Page 5: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação

social entre pessoas, mediatizada por imagens.

Page 6: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

O espetáculo não pode ser compreendido como o abuso de um

mundo da visão, o produto das técnicas de difusão massiva de

imagens. Ele é bem mais uma Weltanschauung* tornada efetiva,

materialmente traduzida. É uma visão do mundo que se objetivou.

* Orientação cognitiva fundamental do indivíduo ou de toda a sociedade, que abrange tanto sua

filosofia natural quanto os seus valores fundamentais, existenciais e normativos. Imagem de mundo

imposta ao povo de uma nação ou comunidade. Ideologia.

Page 7: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

Sob todas as suas formas particulares,

informação ou propaganda,

publicidade ou consumo direto de

divertimentos, o espetáculo constitui o

modelo presente da vida socialmente

dominante.

Page 8: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

Cada noção assim fixada não tem por fundamento senão a sua

passagem ao oposto: a realidade surge no espetáculo, e o

espetáculo é real. Esta alienação recíproca é a essência e o

sustento da sociedade existente.

Page 9: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

O espetáculo apresenta-se como uma enorme positividade

indiscutível e inacessível. Ele nada mais diz senão que “o que

aparece é bom, o que é bom aparece”. A atitude que ele exige por

princípio é esta aceitação passiva.

Page 10: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

O carácter fundamentalmente

tautológico* do espetáculo decorre do

simples fato de os seus meios serem

ao mesmo tempo a sua finalidade. Ele

é o sol que não tem poente, no

império da passividade moderna.

* Tautologia: Uso de palavras diferentes para expressar

uma mesma ideia; redundância.

Page 11: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

A sociedade que repousa sobre a indústria moderna não é

fortuitamente ou superficialmente espetacular, ela é

fundamentalmente espetaculista.

No espetáculo, o fim não é nada, o desenvolvimento é tudo. O

espetáculo não quer chegar a outra coisa senão a si próprio.

Page 12: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

A dominação da sociedade ocorre sob o princípio do fetichismo da

mercadoria, que se realiza absolutamente no espetáculo.

Sob a lógica do fetichismo da mercadoria, o mundo sensível é

substituído por uma seleção de imagens que existem acima dele, e

que ao mesmo tempo se fez reconhecer como o sensível por

excelência.

Page 13: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

Com a revolução industrial, (...) a mercadoria aparece

efetivamente como uma potência que vem realmente

ocupar a vida social.

O espetáculo é o momento em que a mercadoria chega à

ocupação total da vida social.

Page 14: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

Neste ponto da “segunda revolução industrial”, o consumo

alienado torna-se

para as massas um

dever suplementar

à produção

alienada.

Page 15: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Guy Debord

A palavra espetáculo, na raiz, está ligada a espectador, ou seja,

“aquele que assiste”.

Em uma sociedade do espetáculo as relações pessoais são

organizadas no sentido de uma avassaladora troca de imagens.

Page 16: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Luís Mauro S. Martino

Marx, em O capital, identifica na mercadoria um valor adicional

vinculado não ao objeto em si, mas ao resultado da sua posse –

ao qual dá o nome de fetiche da mercadoria – elemento quase

místico capaz de transferir o valor da mercadoria para aquele

que a possui.

• Para Guy Debord, o aspecto material da mercadoria não é

mais importante no alto capitalismo. A imagem da

mercadoria é o fator determinante nessas sociedades.

Page 17: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Luís Mauro S. Martino

Uma paisagem natural, com lago, cisnes,

montanhas ao fundo, relva, é apenas

uma paisagem, ou uma imagem natural.

No entanto, se o espaço for loteado para

venda e a paisagem utilizada como

sedução para atrair compradores, o

cenário se converte em mercadoria e

ganha valor de imagem.

Page 18: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Luís Mauro S. Martino

Segundo Guy Debord, no início do capitalismo a sociedade

experimentou uma passagem entre o ser e o ter. No

hipercapitalismo atual, alcança-se um novo nível, passando do

ter ao parecer.

Page 19: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Luís Mauro S. Martino

O parecer é o domínio da visualidade desvinculada de outras

relações. Inclusive da realidade: a vertiginosa sucessão de

imagens não deixa tempo para aprofundamentos, exigindo do

indivíduo um consumismo instantâneo e sem reflexão.

Se Adorno e Horkheimer identificaram a transformação da

cultura em mercadoria, Debord aponta a transformação da

mercadoria em cultura.

Page 20: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Luís Mauro S. Martino

Na sociedade do espetáculo, até os atos de resistência e as

formas de contestação se transformam em expressões

espetaculares.

Page 21: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO => Luís Mauro S. Martino

A mídia é o espaço por excelência da

intersecção e redistribuição das

imagens. Não que a mídia seja a

responsável pela sociedade do

espetáculo, mas sem dúvida é um de

seus principais canais, e possivelmente

o mais poderoso.

Page 22: Aula 12   kitsch e cultura de massa

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO

Bibliografia recomendada

BUCCI, Eugênio. Na TV, os cânones do Jornalismo são anacrônicos . IN: Videologias. BUCCI,

Eugênio; KEHL, Maria Rita. Col. Estado de Sítio, São Paulo, Ed. Boitempo, 2004.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Lisboa, Edições Antipáticas, 2005.

KEHL, Maria Rita. Visibilidade e espetáculo. IN: Videologias. BUCCI, Eugênio; KEHL, Maria Rita.

Col. Estado de Sítio, São Paulo, Ed. Boitempo, 2004.

MARTINO, Luís Mauro de Sá. Teoria da comunicação: ideias, conceitos e métodos. 5ª edição,

Ed. Vozes, Petrópolis, 2014.

VIANA, Nildo. Debord e a sociedade do espetáculo. Mídia Independente. Disponível em

http://www.midiaindependente.org/pt/red/2003/03/250131.shtml. Consulta em 8/maio/14