Aula 2 - Águas e Efluentes

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Disciplina: Processos Industriais Prof.ª Ms.Bruna L. Kuhn Sistema Educacional Galileu Escola Técnica Albert Einstein Curso Técnico em Química Disciplina de Processos Industriais Santa Maria, RS, 2014.

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Disciplina: Processos Industriais

Prof.ª Ms.Bruna L. Kuhn

Sistema Educacional Galileu Escola Técnica Albert Einstein

Curso Técnico em Química Disciplina de Processos Industriais

Santa Maria, RS, 2014.

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Introdução

A água é o único composto químico que ocorre naturalmente nos três estados físicos. Corresponde a uma substância importantíssima, responsável por vários processos, sendo, acima de tudo, a grande responsável pela manutenção da vida na Terra. A água é muito utilizada na indústria e pode ter várias aplicações, sendo elas:

• Matéria prima, em que a água é incorporada ao produto final, por exemplo, em indústrias de bebidas, cosméticos, entre outras;

• Uso como fluido auxiliar, na preparação de soluções e reagentes químicos ou em operações de lavagem; geração de energia;

• Fluido de aquecimento e resfriamento ; • Transporte e assimilação de contaminantes, entre outros.

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A presença de materiais de diferentes características na água exige que antes do uso industrial ou residencial seja feito um tratamento que visa ao atendimento das especificações adequadas a cada tipo uso. As principais propriedades que determinam a qualidade das águas são: • Turbidez • Cor e odor; • pH; • Alcalinidade; • Salinidade; • Dureza; • Teor em sílica; • Gases dissolvidos; • Oxidabilidade.

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Tratamento de água para fins residenciais

Estação de tratamento de água ou também abreviado como ETA é um local em que realiza a purificação da água captada de alguma fonte para torná-la própria para o consumo e assim utilizá-la para abastecer uma determinada população. A captação da água bruta é feita em rios ou represas

que possam suprir a demanda por água da população e das indústrias abastecidas levando em conta o ritmo de crescimento. Antes que vá para o sistema de distribuição de água através de adutoras, passa por um processo de tratamento com várias etapas.

ETA em Rio Claro - SP

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Coagulação e floculação Nesta primeira etapa adiciona-se o produto coagulante, com o objetivo de formar flocos. O produto usado, na maioria das vezes, é o sulfato de alumínio. Para que se processe uma boa coagulação, necessita-se de uma agitação intensa, que assegura uma distribuição uniforme do coagulante na água. O sulfato de alumínio em contato com a alcalinidade natural da água bruta forma o hidróxido de alumínio, responsável pela formação do floco, mais o ácido sulfúrico e gás carbônico, responsáveis pelo caráter ácido da água. A floculação consiste na obtenção de um agrupamento e compactação das partículas em suspensão e no estado coloidal, em grandes conjuntos denominados flocos, o que se consegue através de uma agitação lenta para evitar o rompimento dos flocos adensados já formados. Com a mistura (coagulação), a floculação influi na preparação da decantação e indiretamente em uma boa filtração. Os flocos formados quanto mais densos, melhor decantação. Esta etapa tem como objetivo a clarificação da água, com a retirada das partículas em suspensão e dissolvidas na água, através da absorção pelos flocos.

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Decantação É o processo de sedimentação dos flocos já formados, acumulando-se no fundo dos tanques que levam o nome de decantadores, que em geral tem a forma retangular, permitindo a saída da água límpida pela parte superior para os filtros. Filtração O leito filtrante consiste em diversas camadas de areia com glanulometria diferentes. Tem como finalidade a retirada dos flocos que passam dos decantadores para os filtros e também a retenção dos microorganismos patogênicos, os quais ficam retidos na malha de areia. Os filtros são limpos diariamente para a retirada da camada gelatinosa que vai “entulhando” e fazendo com que a capacidade de filtrar fique reduzida. Principais materiais utilizados como filtros: areia, cascalho, etc...

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Desinfecção, fluoretação e neutralização do PH A desinfecção é o processo de purificação, cuja finalidade é destruir bactérias patogênicas que podem infectar o homem. Algumas doenças causadas pela água são, por exemplo, cólera, febre tifoide, hepatite, amebíase... Os produtos mais usados são: gás cloro, hipoclorito de cálcio, etc. A cloração é utilizada para a desinfecção, mas também para a oxidação do ferro e manganês. A fluoretação é usada para prevenir cárie dentária, feita através dos produtos químicos como: fluorsilicato de sódio, fluorita, etc. A neutralização do pH se processa com a dosagem de água de cal, que tem como objetivo neutralizar o pH ácido gerado pela adição do sulfato de alumínio, na etapa inicial do tratamento. Uma água ácida ocasiona irritação na mucosa gástrica e corrosão nas tubulações e uma água alcalina, incrustações na tubulação de água. O ideal é um pH entre 6,9 e 7,5. Estas dosagens são realizadas nos reservatórios de cada estação de tratamento de água. A partir daí, temos uma água pronta para o consumo.

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Aplicações da água na Indústria

• Matéria-prima:

Em que a água é incorporada ao produto final, podem ser citadas como exemplo indústrias de bebidas, cosméticos, conservas, entre outras. Nestas aplicações, o grau de qualidade da água pode variar bastante, podendo-se admitir características equivalentes ou superiores às da água para o consumo humano.

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• Uso como fluido auxiliar:

Para preparação de soluções químicas, reagentes químicos ou em operações de lavagem. O grau de qualidade da água utilizada, da mesma forma quando utilizada como matéria-prima depende do processo a que se destina.

• Uso para geração de energia:

A água é utilizada em estado natural, podendo ser utilizada a água bruta de um rio, lago ou outro sistema de acúmulo, tomando cuidado para que materiais como detritos e substâncias agressivas não danifiquem os dispositivos do sistema.

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• Uso como fluido de resfriamento e aquecimento:

Aqui a água é aquecida, principalmente na forma de vapor, para remover o calor de misturas reativas que exijam resfriamento devido à geração de calor já que a elevação da temperatura pode comprometer o desempenho do sistema e danificar os equipamentos.

• Transporte e assimilação de contaminantes:

É o uso da água em instalações sanitárias, na lavagem de equipamentos e instalações ou ainda para a incorporação de subprodutos sólidos, líquidos ou gasosos gerados por processos industriais.

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Quando a água é empregada para a limpeza de equipamentos, é exigido um elevado grau de

pureza, pois alguns processos em questão não toleram a presença de outras substâncias químicas

ou microrganismos. Isso é bastante comum em indústrias de química fina, farmacêutica,

fotográfica, entre outras.

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Vários setores industriais apresentam um considerável consumo de água, além disso geram grande quantidade de efluentes.

No consumo de água em escala industrial, observa-se um aumento de acordo com o crescimento e desenvolvimento econômico do planeta,

contribuindo em muito para a escassez deste recurso.

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• As pesquisas na reutilização de água são importantes para um menor consumo de água na produção, sendo um fator importante para a proteção do meio ambiente

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Tratamento de Água para uso industrial

Existem dois conjuntos de técnicas para o tratamento das águas para o uso industrial, sendo: • Técnicas convencionais: As técnicas convencionais promovem a

adequação das características físicas, químicas e biológicas da água a padrões estéticos, econômicos e de higiene.

• Técnicas específicas: As técnicas específicas permitem adequar

a água a usos industriais mais selecionados, como processos de Abrandamento pela rota térmica, de Precipitação Química com condicionamento de fosfatos e de troca iônica; de Degaseificação; e de Remoção de Sílica gel.

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• Abrandamento da água

– Consiste na remoção de cátions bivalentes de cálcio e magnésio. Esse

processo pode ser realizado por meio de três rotas :

o Processo de nanofiltração - utilização de membranas poliméricas.

o Precipitação química – Uso de reagentes contendo ânions, os quais em contato com a água formam carbonatos insolúveis. Os produtos mais comumente empregados na correção de dureza por precipitação química são cal e a barrilha.

o Troca iônica – Compreende a substituição de íons móveis presentes em um sólido com estrutura aberta em forma de rede, por aqueles presentes na água. O mais difundido é aquele que promove a substituição de cátions bivalentes de cálcio e magnésio solubilizados na fase líquida por sólidos disponível na resina.

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• Degaseificação

– Este método trata de remover gases como oxigênio, o gás carbônico e sulfeto de hidrogênio dissolvidos na água. Esses compostos presentes na água atuam favorecendo a corrosão de equipamentos onde a água é empregada.

– Remoção por métodos físicos: aquecimento ou pulverização da água (“Air Stripping”); ou métodos químicos: usos de agentes químicos de mesma natureza da impureza, no caso de oxigênio usa-se sulfito de sódio e hidrazina.

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• Remoção Sílica Solúvel

– A Sílica é removida através de reações químicas.

– Utiliza-se óxido de magnésio, com o qual a sílica se combina para formar silicatos insolúveis, que são removidos após a precipitação.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Norma Brasileira — NBR 9800/1987, ”efluente líquido industrial é o despejo líquido proveniente do estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico.”

O conhecimento da vazão e da composição do efluente industrial possibilita a determinação das cargas de poluição / contaminação, o que é fundamental para definir o tipo de tratamento, avaliar o enquadramento na legislação ambiental e estimar a capacidade de autodepuração do corpo receptor. Desse modo, é preciso quantificar e caracterizar os efluentes, para evitar danos ambientais, demandas legais e prejuízos para a imagem da indústria junto à sociedade.

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As características físicas, químicas e biológicas dos efluentes líquidos sanitários e industriais variam quantitativa e qualitativamente em função do tipo de utilização da água na fonte de poluição. As principais características são: Sólidos em suspensão: resíduo que permanece num filtro de asbesto após filtragem da amostra. Podem ser divididos em: •Sólidos sedimentáveis: sedimentam após um período de repouso da amostra •Sólidos não sedimentáveis: somente podem ser removidos por processos de coagulação, floculação e decantação. Sólidos dissolvidos: material que passa através do filtro. Representam a matéria em solução ou em estado coloidal presente na amostra de efluente.

Características dos efluentes líquidos

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Temperatura: é um parâmetro importante devido aos danos que pode causar às espécies de peixes, pois a solubilidade do oxigênio na água diminui com o aumento da temperatura. Cor: provocada por corantes orgânicos e inorgânicos, pode provocar grande impacto visual nos cursos d'água. pH: seu controle é importante tanto para o lançamento em corpos d'água receptores como para o tratamento dos efluentes. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): indica a quantidade de matéria orgânica que pode ser biologicamente degradada presente no efluente. É um importante parâmetro utilizado no controle da poluição e comumente a concentração de DBO é referenciada como sendo a carga orgânica do efluente. Demanda Química de Oxigênio (DQO): Indica a quantidade de matéria orgânica biodegradável e não biodegradável presente no efluente. Como a DBO, também é um importante parâmetro de controle da poluição , sendo que uma DQO elevada pode indicar a presença de compostos tóxicos no efluente.

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Detergentes: são os agentes surfactantes presentes em sabões e detergentes, que causam espuma e contribuem para a elevação dos níveis de nitrogênio e fósforo nas coleções de água. Óleos e graxas: parâmetro que indica a presença de óleos minerais, óleos vegetais ou gorduras animais no efluente. Compostos tóxicos: amônia, arsênico, cianetos, fenóis, nitritos, etc. Seu controle é importante devido à toxicidade aos organismos aquáticos e aos homens. Metais pesados: cromo, chumbo, mercúrio, cádmio, zinco, etc.O controle de metais pesados nas águas é extremamente importante, principalmente devido ao seu caráter cumulativo na cadeia alimentar e ao potencial de desenvolvimento de doenças crônicas no homem. Características biológicas: relacionadas à presença de microorganismos no efluente, tais como bactérias, protozoários, fungos e vírus

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Efluentes Líquidos, por que tratá-los?

“Enforcement”

•Legislação

•Opinião Pública

•Competitividade

•Carência de água

•Sustentabilidade

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A prevenção à poluição refere-se a qualquer prática que vise a redução e/ou eliminação, seja em volume, concentração ou toxicidade, das cargas poluentes na própria fonte geradora. Inclui modificações nos equipamentos, processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos e substituição de matérias-primas e substâncias tóxicas que resultem na melhoria da qualidade ambiental. Qualquer que seja a solução adotada para o lançamento dos resíduos originados no processo produtivo ou na limpeza das instalações, é fundamental que a indústria disponha de sistema para tratamento ou condicionamento desses materiais residuais. Para isso é preciso que sejam respondidas algumas perguntas, como: a) Qual o volume e composição dos resíduos gerados? b) Esses resíduos podem ser reutilizados na própria indústria? c) Esse material pode ser reciclado e comercializado? d) Quanto custa coletar, transportar e tratar esses resíduos ? e) Existe local adequado para destino final desses resíduos ?

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Tratamentos A qualidade do efluente antes de ser lançado no corpo receptor. A legislação ambiental em vigor que regula os padrões de qualidade do efluente para seu lançamento. Os sistemas de tratamentos de efluentes objetivam primordialmente atender à legislação ambiental e em alguns casos ao reuso de águas. Para a definição do processo de tratamento dos efluentes industriais são testadas e utilizadas diversas operações unitárias. Os processos podem ser classificados em físicos, químicos e biológicos em função da natureza dos poluentes a serem removidos e ou das operações unitárias utilizadas para o tratamento.

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Processos físicos São os processos que basicamente removem os sólidos em suspensão sedimentáveis e flutuantes através de processos físicos, tais como: •Gradeamento; •Peneiramento; •Separação de óleos e gorduras; •Sedimentação; •Flotação; São processos físicos também aqueles capazes de remover a matéria orgânica e inorgânica em suspensão coloidal e reduzir ou eliminar a presença de microrganismos tais como: •Processos de filtração em areia; •Processos de filtração em membranas (micro filtração e ultrafiltração); Os processos físicos também são utilizados unicamente com a finalidade de desinfecção, tais como a radiação ultravioleta.

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Processos químicos

São considerados como processos químicos esses que utilizam produtos químicos, tais como: agentes de coagulação, floculação, neutralização de pH, oxidação, redução e desinfecção em diferentes etapas dos sistemas de tratamento; através de reações químicas promovem a remoção dos poluentes ou condicionem a mistura de efluentes a ser tratada aos processos subsequentes. Os principais processos encontram-se listados a seguir: • Clarificação química (remoção de matéria orgânica coloidal, incluindo os coliformes); • Eletrocoagulação (remoção de matéria orgânica, inclusive de compostos coloidais, corantes e óleos/ gorduras); • Precipitação de fosfatos e outros sais (remoção de nutrientes), pela adição de coagulantes químicos compostos de ferro e ou alumínio; • Cloração para desinfecção; • Oxidação por ozônio, para a desinfecção; • Redução do cromo hexavalente; • Oxidação de cianetos; • Precipitação de metais tóxicos; • Troca iônica. 27

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Processos biológicos Consiste na decomposição da matéria orgânica do efluente, através da utilização de microorganismos. No tratamento biológico aeróbio, os microorganismos, mediante processos oxidativos, degradam as substâncias orgânicas, que são assimiladas como "alimento" e fonte de energia. Dentre os processos aeróbios, o processo de lodo ativado é um dos mais aplicados e também, de maior eficiência. O termo “lodo ativado” designa a massa microbiana floculenta que se forma quando esgotos e outros efluentes biodegradáveis são submetidos à aeração. No tanque de aeração, ocorrem as reações que conduzem a metabolização dos compostos biotransformáveis. É essencial que se tenha boa mistura e aeração. No decantador secundário, ocorre a separação do lodo, biomassa, proveniente do tanque de aeração. No tratamento biológico anaeróbio, são utilizadas bactérias anaeróbias para decomposição das substâncias orgânicas presentes no efluente. O esgoto ou lama é introduzido em um tanque fechado sob condições anaeróbias (reator anaeróbio) e às vezes aquecido, com o intuito de agilizar a digestão. O tempo de retenção no tanque varia entre alguns dias ou semanas. O tratamento anaeróbio é geralmente apropriado para tratamento de efluentes contendo altas concentrações de substâncias orgânicas.

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SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS Os sistemas de tratamento são constituídos de etapas (operações unitárias), que objetivam a remoção dos poluentes. Para a remoção dos sólidos grosseiros utilizamos as grades, peneiras, sedimentadores e flotadores. Os sólidos coloidais e dissolvidos são removidos utilizando-se os tratamentos físico-químicos. Os processos biológicos são utilizados para a remoção de matéria orgânica dissolvida ou coloidal.

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Níveis de tratamento

Preliminar- destina-se à remoção de sólidos sedimentáveis grosseiros (areia, terra diatomácea, carvão, pó de pedra e similares), em caixas de areia; sólidos com diâmetros superiores a 1 mm (penas, plásticos, fios e similares), são removidos em peneiras; sólidos com diâmetros superiores a 10 mm podem ser removidos em grades. O nível preliminar compreende também a remoção por diferença de densidade dos óleos e graxas livres em separadores de água e óleo. Primário- destina-se à remoção de sólidos por sedimentação ou flotação (utilizando-se sedimentadores ou flotadores), ou pela associação de coagulação e floculação química (clarificação fisico-química para a remoção de matéria orgânica coloidal ou óleos e gorduras emulsionados). Nesta etapa são removidos normalmente componentes tóxicos (excesso de detergentes, corantes, amidas, etc), matéria orgânica, gorduras e metais pesados (dissolvidos). Secundário- destina-se à remoção de matéria orgânica biodegradável dissolvida ou coloidal. Nesta etapa podem ser também removidos os nutrientes: nitrogênio e/ou fósforo. Terciário- destina-se à melhoria da qualidade dos efluentes tratados pelas remoções de cor residual; turbidez (remoção de colóides, metais pesados, nitrogênio, fósforo, compostos orgânicos refratários aos níveis de tratamento anteriores); e desinfecção do efluente tratado.

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Legislação

A Resolução CONAMA no. 430/2011 estabelece limites para lançamento de efluentes e a Portaria no. 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece procedimentos e responsabilidades do controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano.

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Reutilização da água

Atualmente a indústria nacional está submetida a dois grandes instrumentos de pressão. De um lado, as imposições do comércio internacional pela melhoria da competitividade e, do outro, as questões ambientais e as recentes condicionantes legais de gestão de recursos hídricos, particularmente as associadas à cobrança pelo uso da água.

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•O reuso de efluentes tratados, para fins não potáveis tem sido cada vez mais aceito. •Enquanto o tratamento de efluente convencional tem como objetivo natural atender aos padrões de lançamento a motivação para o reuso é a redução de custos e muitas vezes a asseguração do abastecimento de água. •A primeira etapa a ser definida é a especificação da qualidade da água requerida. •Para implantar um sistema de reuso, deve-se complementar o sistema de tratamento de efluentes existente. •Deve-se lembrar sempre que ao se decidir pelo reuso simplesmente, deixa-se de lançar um efluente tratado no corpo receptor produzindo água, geralmente consumida no setor de utilidades. Isto inclui a estação de tratamento de efluentes definitivamente no processo industrial. •Os casos de poluição térmica são os mais conhecidos casos de reuso, pois é necessário somente realizar o resfriamento da água para o fechamento do circuito. •O tratamento biológico dos efluentes seguido de ultrafiltração em membranas possibilita o reuso dos efluentes industriais ou sanitários tratados. Nesses casos a melhor reutilização é para sistemas de resfriamento. •Há casos nos quais uma simples filtração é suficiente, retornando a água para alguma etapa do processo. •No caso das indústrias de reciclagem de papéis não somente a água é reusada como também o lodo gerado (massa de papel), é reaproveitado na fabricação.

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Resíduos Sólidos Industriais

Resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no estado sólido ou semi-sólido resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e determinados líquidos, cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água ou que exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis.

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Classificação Segundo a Norma ABNT NBR 10 004 de 09/1987, os resíduos sólidos industriais são classificados nas seguintes classes: a) Resíduos de Classe I - Perigosos - Resíduos que, em função de suas propriedades físico-químicas e infecto-contagiosas, podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente. Devem apresentar ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

b) Resíduos de Classe II - Não Inertes - Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I ou classe III. Apresentam propriedades tais como: combustibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água. c) Resíduos de Classe III - Inertes - Quaisquer resíduos que submetidos a um contato estático ou dinâmico com água, não tenham nenhum de seus componentes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água definidos pelo Anexo H da Norma NBR 10.004.

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Tratamento de Resíduos Sólidos

É comum proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas à sua reutilização ou pelo menos à sua inertização. Dada a diversidade destes resíduos, não existe um processo de tratamento pré-estabelecido, havendo sempre a necessidade de realizar pesquisas e desenvolvimento de processos economicamente viáveis.

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1. Incineração Processo de queima controlada na presença de oxigênio, no qual os materiais à base de carbono são reduzidos a gases e materiais inertes (cinzas e escórias de metal) com geração de calor. Esse processo permite a redução em volume e peso dos resíduos sólidos em cerca de 60 a 90%. Normalmente, o excesso de oxigênio empregado na incineração é de 10 a 25% acima das necessidades de queima dos resíduos. Em grandes linhas, um incinerador é um equipamento composto por duas câmaras de combustão, onde na primeira câmara os resíduos sólidos e líquidos são queimados à temperatura variando entre 800 e 1.000 °C. Na segunda câmara, os gases provenientes da combustão inicial são queimados a temperaturas da ordem de 1.200 a 1.400 °C. Os gases da combustão secundária são rapidamente resfriados para evitar a recomposição das extensas cadeias orgânicas tóxicas e em seguida tratados em lavadores, ciclones ou precipitadores eletrostáticos, antes de serem lançados na atmosfera através de uma chaminé. Suas grandes vantagens são: •garantia da eficiência de tratamento, quando em perfeitas condições de funcionamento; •redução substancial do volume de resíduos a ser disposto (cerca de 95%).

Suas principais desvantagens são: •custo operacional e de manutenção elevado; •manutenção difícil, exigindo trabalho constante de limpeza no sistema de alimentação de combustível auxiliar, exceto se for utilizado gás natural; •elevado risco de contaminação do ar devido a geração dioxinas da queima de materiais clorados; •risco de contaminação do ar pela emissão de materiais particulados; •elevado custo de tratamento dos efluentes gasosos e líquidos (águas de arrefecimento das escórias e de lavagem de fumos. 39

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Aterro industrial É uma alternativa de destinação de resíduos industriais, que se utiliza de técnicas que permitem a disposição controlada destes resíduos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, e minimizando os impactos ambientais. Essa técnica consiste em confinar os resíduos industriais na menor área e volume possíveis, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho ou intervalos menores, caso necessário. Os aterros industriais são classificados nas classes I,II ou III, conforme a periculosidade dos resíduos a serem dispostos. Os aterros Classe I podem receber resíduos industriais perigosos; os Classe II, resíduos não-inertes; e os Classe III, somente resíduos inertes. Célula é módulo de um aterro industrial que contempla isoladamente todas as etapas de construção, operação e controle exigidas para um aterro industrial.

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Reciclagem de Resíduos Sólidos

A reciclagem em geral trata de transformar os resíduos em matéria-prima, gerando economias no processo industrial. Isto exige grandes investimentos com retorno imprevisível, já que é limitado o repasse dessas aplicações no preço do produto, mas esse risco reduz-se na medida em que o desenvolvimento tecnológico abre caminhos mais seguros e econômicos para o aproveitamento desses materiais. Para incentivar a reciclagem e a recuperação dos resíduos, alguns estados possuem bolsas de resíduos, que são publicações periódicas, gratuitas, onde a indústria coloca os seus resíduos à venda ou para doação. Padronização de Recipientes de Materiais Recicláveis

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA publicou no dia 19 de junho de 2001, no Diário Oficial, a Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001, que define as cores que serão utilizadas nos recipientes de materiais recicláveis. O objetivo da decisão é estabelecer um padrão nacional de cores e adequá-lo aos padrões internacionais. As cores padronizadas são:

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Outros processos de tratamento •neutralização, para resíduos com características ácidas ou alcalinas; •secagem ou mescla, que é a mistura de resíduos com alto teor de umidade com outros resíduos secos ou com materiais inertes, como serragem; •encapsulamento, que consiste em revestir os resíduos com uma camada de resina sintética impermeável e de baixíssimo índice de lixiviação; •incorporação, onde os resíduos são agregados à massa de concreto ou de cerâmica em uma quantidade tal que não prejudique o meio ambiente,ou ainda que possam ser acrescentados a materiais combustíveis sem gerar gases prejudiciais ao meio ambiente após a queima;

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• FRACACIO, N.; USO DA ÁGUA EM ATIVIDADES INDUSTRIAIS; Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – São José do Rio Preto.

• ANDRADE, A. A. de; REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NA ETAPA DE BRANQUEAMENTO DE CELULOSE VIA REUTILIZAÇÃO DE EFRLUETES INDUSTRIAIS; Campinas, SP- 2006.

• NETO, A. E.; ÁGUA NA INDÚSTRIA DA CANA-DE-ACÚCAR; CTC – Centro de Tecnologia Canavieira; São Paulo, SP, 16 de abril de 2008

• MIERZWA, J. C. & HESPANHOL I. Água na indústria: uso racional e reúso. São Paulo: Oficina de Textos. 2005. 143 p.

• VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 1996

• BUCKMAN: INTRODUÇÃO AO TRATAMENTO DE ÁGUAS INDUSTRIAIS. Por Luis W. B. Pace. Campinas. Buckman Laboratórios Ltda. 1997

• http://www.pelotas.rs.gov.br/sanep/tratamento/

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