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Aula 6 - Método não- experimental ou de seleção não-aleatória Material Elaborado por Betânia Peixoto

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Aula 6 - Método não-

experimental ou de seleção

não-aleatória

Material Elaborado por

Betânia Peixoto

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Método não-experimental ou de seleção não-aleatória

Uma das metodologia para realizar a avaliação de impacto quando a seleção entre tratados e controle é não-aleatória.

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Plano de Aula

Um pouco de econometria. Regressão Linear: intuição e procedimentos. Relação entre outras variáveis que afetam o indicador

de interesse e que são diferentes entre os grupos. Viés de variável omitida.

Discussão do problema existente para a avaliação quando a seleção entre tratados e não-tratados não foi aleatória.

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Método não-experimental ou de seleção não-aleatória

Nos projetos sociais, em geral, a seleção dos participantes do programa não é feita de forma aleatória: ou porque dentro dos elegíveis, selecionamos, por

exemplo, os mais vulneráveis. Quando a seleção não é aleatória não temos mais um

grupo de controle automático. ou porque todas as pessoas elegíveis para participar

do programa efetivamente participam do programa,

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Regressão

Idéia: esse instrumental permite verificar a relação entre as características que afetam o indicador de impacto, inclusive o programa, independente uma das outras.

A regressão linear permite ver a relação entre múltiplas variáveis com o indicador de impacto.

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Objetivo

O objetivo da análise de regressão é encontrar uma função linear que permita: Descrever e compreender a relação entre uma

variável dependente e uma ou mais variáveis independentes.

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Modelo de Regressão Linear Simples- Exemplo 1

Suponha que o objetivo é verificar a relação entre o número de efetivo policial alocado nos municípios e o número de homicídios nestes município, para realizar projeções de alocação policial.

A tabela seguinte registra uma amostra representativa extraída dos registros dos municípios, com número de efetivo policial e número de crime.

Analisar a possibilidade de definir um modelo que represente a relação entre as duas variáveis ou amostras.

EFETIVO 30 21 35 42 37 20 8 17 35 25CRIME 430 335 520 490 470 210 195 270 400 480

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Solução Para analisar a relação entre as duas variáveis no

Exemplo 1, foi construído o gráfico de dispersão dos crimes em função do efetivo policial. Nesse gráfico pode-se ver que os municípios com mais policiais têm mais crimes.

0

100

200

300

400

500

600

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Efetivo

Cri

me

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O gráfico de dispersão mostra que os crimes e o efetivo estão correlacionados de forma positiva. A linha tracejada foi ajustada tentando equilibrar

os pontos acima da reta com os pontos abaixo dela.

Essa reta é uma das muitas possíveis retas que poderiam ser ajustadas.

0

100

200

300

400

500

600

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Efetivo

Cri

me

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Modelo do Ajuste de uma Reta

O ajuste de uma reta é um modelo de regressão linear que relaciona a variável dependente y e a variável independente x por meio da equação de uma reta do tipo:

É importante observar que, da mesma forma como a média resume uma variável aleatória, a reta de regressão resume a relação linear entre duas variáveis aleatórias e, conseqüentemente, da forma como a média varia entre amostras do mesmo tamanho extraídas da mesma população, as retas também variarão entre amostras da mesma população.

bxay

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Observação

A linearedade contida na função da regressão linear é referente apenas aos parâmetros, não nas variáveis. Assim o método permite construir funções lineares nos parâmetros, mas que expressão relação não linear entre as variáveis y e x.

Exemplo: Relação quadrática entre y e x2cxbxay

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O objetivo do Exemplo 1 é ajustar uma reta a partir dos valores das amostras retiradas da população, considerando que a alocação de efetivo é a variável independente x, e os crimes, a variável dependente y.

Uma primeira forma de fazer isso é ajustar manualmente essa reta tentando equilibrar os pontos acima e abaixo dessa reta, como foi feito no gráfico do Exemplo 1.

Como esse procedimento permite o ajuste de diversas retas, é necessário estabelecer um objetivo de eficiência de ajuste possível de medir, como é mostrado a seguir.

Voltando ao Exemplo 1

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Uma primeira forma é ajustar uma reta horizontal de valor igual à média dos valores da variável dependente y, que é uma reta de regressão com b=0.

Esse critério não necessita de regressão.

Critério de ajuste 1:

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Outra forma é ajustar uma reta que divida os pontos observados de forma que a soma dos desvios seja nula. Entretanto, como há muitas retas que cumprem

com essa condição, esse critério não poderá ser utilizado.

Critério de ajuste 2:

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Outra forma é ajustar uma reta de forma que minimize a soma dos quadrados dos desvios, (lembre a definição de variância).

O objetivo da regressão é encontrar os coeficientes a e b da reta de regressão que minimizam a soma dos quadrados dos desvios dos valores da amostra y com relação aos correspondentes valores da reta de regressão.

Lembrando que:

bxay

Critério de ajuste da regressão

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Interpretando:

O coeficiente “b” é a declividade da reta e define o aumento ou diminuição da variável y por unidade de variação da variável x.

A constante “a” é o valor de y quando x=0 bxay

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Estimação bxayi ˆNo modelo estimado para o ajuste da reta se

verifica que: Para um único valor de xi pode haver um ou mais

valores de yi. Por exemplo, no gráfico de dispersão do exemplo 1 para x=35 há dois valores das variáveis dependentes y=400 e y=520.

Mas há apenas um único estimado para cada valor de xi.

Para cada valor de xi há uma diferença entre o valor observado yi e o valor estimado . Essa diferença é denominada desvio (di).

y

y

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Y=117,07+9,73X

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Variável Omitida

Será que não existe mais dada que afeta o crime além do efetivo policial?

Quando omitimos variáveis que deveriam estar presentes em uma equação de regressão o efeito omitido estará contido no termo do erro, fazendo com que a reta não seja bem ajustada.

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Regressão Linear Múltipla

O modelo de regressão linear que foi apresentado é o mais simples deles e nem sempre atende à modelagem mais complexa, como a de avaliação de impacto.

Por exemplo, como vimos no Exemplo 1, o

número de crimes não dependem somente do efetivo, pois há uma parte da variação dos crimes que não é explicada pelo efetivo policial.

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O desenvolvimento da equação de regressão linear múltipla é similar ao da equação de regressão linear simples incluindo a dependência de duas ou mais variáveis independentes. A ferramenta de análise Regressão realizam análises de regressão múltipla.

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Dispondo de um grupo de amostras do mesmo tamanho, sendo uma variável dependente y e n variáveis independentes xi, o objetivo é determinar os coeficientes da equação da reta:

cujos coeficientes minimizam a soma dos quadrados dos desvios da variável com relação a y.

nnxbxbxbay 2211ˆ

Regressão Linear Multipla

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Exemplo 2

Neste exemplo, queremos relacionar a quantidade de crime y com o número de efetivo x1 e o tamanho da população (x2 em milhares).

Para encontrar essa relação linear foi extraída a amostra de valores de municípios.

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21 44,0046,7145,818ˆ xxy

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Observações Importantíssimas

Os coeficientes estimados medem a relação da variável x com y livre do efeito das demais variáveis incluídas no modelo.

Como a distância de yi a , (ou desvio) não é zero para todas as observações, existe um erro de estimação quando falamos em regressão linear.

Y

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Relembrando: Impacto = ATT = E[Yp, P=1] - E[Ysp, P=1] Não observamos Ysp quando P=1.

Se E[Ysp, P=1] ≠ E[Yc, P=0]Erro: ε= E[Ysp, P=1] - E[Yc, P=0] (1)

O ATT é dado por:ATT = E[Yp, P=1] - E[Yc, P=0] + ε (2)Substituindo (1) em (2)ATT = E[Yp, P=1] - E[Yc, P=0] + {E[Ysp, P=1] - E[Yc,

P=0] }

Problema da avaliação

Viés ou erro

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O Erro ou Viés

O Erro é causado pelas características diferentes entre tratado e controle que levam à que o indicador de impacto seja diferente entre os grupos.

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Como fazer então...

...quando temos um grupo de controle com características diferentes do grupo de tratamento, características essas que afetam o indicador de interesse?

Aplicamos a regressão para controlarmos o impacto do programa do efeito das variáveis que tornam os grupos tratado e controle diferentes.

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Regressão Aplicada à Avaliação de ImpactoProcedimentos:1)Quais são as características que tornam os

grupos diferentes e que afetam o indicador de impacto individual?

Em um programa para melhorar o desempenho escolar das crianças poderia ser: educação dos pais, renda familiar, região onde moram, saneamento básico, se participam de outro programa social, ...

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Procedimentos

n ‘Estimar a regressão em que o indicador de impacto é a variável dependente. As variáveis independentes são uma dummy para a participação do programa e as demais variáveis que tornam os grupos diferentes e que afetam o indicador de impacto.

Ou seja, queremos olhar o efeito da participação no programa (dummy de participação) livre do efeito das demais características que tornam os grupos diferentes e afetam esse indicador.

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Modelo de Regressão LinearPara isso vamos escrever a seguinte equação:

Indicador de impacto = + *programa + *x2 + *x3 +*x4+...+

Programa = 1 se o indivíduo participa do programa.

Programa = 0 se o indivíduo não participa do programa.

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Interpretação

identifica o indicador de impacto de quem recebe zero em todas as variáveis.

, , ,... indicam a relação/associação de cada variável com o indicador de impacto, livre do efeito das demais variáveis incluídas no modelo.

é o erro que existe por não conseguirmos determinar perfeitamente o indicador de impacto

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Impacto

“” mede o impacto de participar do programa sobre o indicador de impacto, livre do efeito das outras variáveis incluídas.

Mas não esqueçam, temos que fazer o teste t de hipótese para ver se o resultado se mantém na população.

H0: = 0H1: ≠ 0

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Ou seja:

A regressão linear nos dará uma medida de (e dos demais coeficientes), bem como o teste t e o p-valor dos coeficientes.

Vários programas estatísticos podem ser usados para ‘estimar’ essa equação...

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Limitações do método em avaliação

Se tratado e controle forem muito diferentes teremos viés no impacto estimado decorrentes de:

Variáveis Omitidas (observáveis e não observáveis)

Ausência de suporte comum

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Na prática

1) Obter observações de Y para participantes e para não participantes [Y é o indicador para o qual queremos avaliar se houve impacto].

2) Criar a variável programa (1 para quem participou e zero para quem não participou).

3) Obter observações das variáveis que afetam o indicador de interesse e que são diferentes entre os participantes e os não participantes.

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4) Estimar a equação: Y = + *programa + *X1 + *X2 + ;

Y = indicador de resultado de interesse. programa = variável de interesse (igual a 1 caso

o indivíduo tenha participado do programa). X1, X2 = variáveis que são correlacionadas com

o Y e que são diferentes entre os grupos de tratamento e de controle.

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Comentários Finais

Aula de hoje: aprendemos a realizar a avaliação de impacto quando a seleção de tratados e não-tratados não foi aleatória.

Na próxima aula: aprenderemos um método para aperfeiçoar a seleção dos controles de forma que a aplicação do método aprendido hoje será mais confiável.