Aula Choque
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Choquee
Drogas Vasoativas
Luiz Turazzi Naveiro
Definição
• Situação clínica e hemodinâmica correspondente a um estado de hipoperfusão tissular geral e grave. A falta de O2 e substratos metabólicos assim como o acúmulo de metabólitos tóxicos produzem um dano celular que pode ser irreversível.
• Portanto, hipotensão não é sinônimo de choque
Choque circulatório
• É a síndrome na qual a perfusão tissular está reduzida de tal modo que o fluxo sanguíneo é inadequado para alcançar a necessidade metabólica tissular
Conceitos
• SaO2: saturação arterial de O2
• VO2: consumo de O2 – N=180 a 280ml/min
Conceitos
• DO2: oferta de O2 – N=700 a 1200ml/min
– Depende do DC, Hb e SaO2
– Uma queda expressiva do DO2 é característico dos choques hipodinâmicos (cardiogênico, hipovolêmico e obstrutivo)
Conceitos
• TeO2: taxa de extração de O2 – N=25 a 35%
(VO2/DO2 x 100)– Quando a oferta começa a cair ( DO2), o organismo
aumenta a taxa de extração de O2, a fim de evitar hipóxia tecidual
– Quando a DO2 chega a um ponto crítico (500ml/min), no qual a taxa de extração tornou-se máxima (70%), começa a ocorrer redução do consumo, gerando hipóxia tecidual
– Esse é o mecanismo dos choques hipodinâmicos (cardiogênico, hipovol. e obstrutivo)
Conceitos
– No choque séptico a oferta (DO2) é normal ou alta; comum nos estados de alto débito como a febre por exemplo
– Nesses casos a extração do O2 pelos tecidos está comprometida, por um mecanismo não elucidado, gerando VO2 baixo, apesar de uma demanda tecidual elevada de O2
– Nesses pacientes o VO2 começa a cair antes de se atingir o ponto crítico da DO2 (500ml/min)
– A razão para esse bloqueio a extração de O2 parece ser o desarranjo microvascular e a lesão endotelial
Conceitos
• SvO2: saturação venosa mista de O2
– Avalia o equilíbrio entre a oferta e o consumo de O2 através do cateter de Swan-Ganz na artéria pulmonar
Conceitos
Nível de SvO2 Significado
>75% Extração normal
Oferta de O2 > consumo
75-50% Extração compensatória, por aumento do consumo ou diminuição da oferta
50-30% Exaustão da extração
Início da acidose lática
Oferta< consumo de O2
30-25% Acidose lática grave
<25% Morte celular
Manifestações Clínicas
– Taquicardia (FC>100)
– Taquipnéia (FR> 22) ou PCO2<32mmHg
– Pulsos radias finos ou impalpáveis
– PAS<90mmHg por um período > 20min, porém não é um critério obrigatório
Manifestações Clínicas
– Oligúria (<0,5ml/kg/min)
– BE<-5,0
– Lactato sérico >4mM
– Acidose metabólica
– Aumento de uréia e creatinina por hipoperfusão renal
– SNC: agitação; confusão; sonolência
Classificação do choque1) Hipodinâmicos
• Tipos– Cardiogênico
– Hipovolêmico
– Obstrutivo
Choque Hipovolêmico
• Causas– Hemorragia: trauma, HD– Por perdas exógenas: vômitos, diarréia,
queimaduras– Por perdas endógenas: pancreatite (3°
espaço)
Choque Obstrutivo
• Causas
– TEP maciço– Tamponamento cardíaco– Pneumotórax hipertensivo
Tratamento é específico para cada causa (trombólise, embolectomia, cirurgia, etc)
Turgência jugular a 45°
Choque Cardiogênico
• É uma importante causa de morte após o IAMCSST
• Ocorre diminuição da função de bomba, gerando pressões de enchimento cardíacas elevadas, baixo DC, hipotensão e hipoperfusão
Choque Cardiogênico
• Causas– IAM (principal causa)
• Principalmente o IAMCSST de parede anterior• O choque no IAM de VD apresenta boa resposta a
reposição volêmica
– IVE– Miocardite– Arritimias– Lesões valvares
Choque Cardiogênico• Fisiopatologia:
Choque Cariogênico
• Diagnóstico– Além das manif. já citadas;– Estertoração pulmonar– Índice cardíaco (IC) < 1,8litros/mm/2
(DC/ASC área de superfície corporal)– P capilar pulmonar > 18mmHg
Importante: Excluir lesões mecânicas (CIV, aneurisma de VE) passíveis de tratamento cirúrgico.
Choque séptico
• Sepse = Infecção + SRIS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica)
• Critérios da SRIS– Tax >38 °C ou <36°C– FC >90bpm– FR >20ipm ou PCO2<32mmHg– Leucócitos >12000 ou < 4000 ou + de 10
bastõesPelo menos 2 critérios
Choque séptico
• Sepse Grave: Sepse associada a:– Hipotensão– Disfunção orgânica (SDRA, IRA, letargia até coma,
LAMG, hepatite isquêmica)– Hipoperfusão (oligúria, acidose lática, sintomas
centrais)
• Choque Séptico– Sepse Grave com hipotensão (PAS<90mmHg)
refratária à reposição volêmica ou necessidade de droga vasopressora para manter níveis adequados de PAS
Choque neurogênico
• Fisiopatologia– Desnervação vascular → vasoplegia
• Venoplegia → venodilatação → ↓RV → ↓DC• Dilatação arteriolar → ↓RVP
– A queda do DC associada a diminuição da RVP diminuem tanto a PAS quanto a PAD, gerando hipoperfusão tecidual
Choque neurogênico
• Causas
– AVE– TCE– TRM
Em resumo
Hipovolêmico Cardiogênico Obstrutivo Séptico Neurogênico
Perfusão da pele
Pálida Pálida Pálida Pálida ou rósea
Rósea
Diurese ↓ ↓ ↓ ↓ ↓
FC ↑ ↑ ↑ ↑ ↑
Nível de consciência
Normal ou ansioso
ansioso ansioso ansioso ansioso
Turgência jugular
- sim sim - -
Em resumo
Choque PA RVP PVC PcAP DC
Hipovolêmico ↓ ↑ ↓ ↓ ↓
Séptico - ou ↓ ↓ ↓ ou - ↓ ou - ↑
Neurogênico ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ou -
Cardiogênico ↓ ↑ ↑ ↑ ↓
Obstrutivo ↓ ↑ ↑ ↓ ou - ↓
Tratamento
• Metas:
Tratamento
• Reposição volêmica
– Lembrar que sinais clínicos de hipovolemia são tardios
• Se possível monitorar com PVC• Lactato• Diurese horária
Tratamento
• Reposição volêmica
– Preferir cristalóides (Ringer)• Embora em casos graves o colóide promove um
aumento da volemia mais rápido• O uso de pequenos volumes de colóides em
associação com os cristalóides reduzem a formação de edema
Tratamento
• Reposição sanguínea (CH)– se Hb<7 ou Hb<10 em cardiopatas ou
pneumopatas– Nas hemorragias:
Drogas Vasoativas
• Dopamina– Efeitos:
• <5mcg/kg/min: faz vasodilatação renal, coronariana, mesentérica e cerebral
– Dose para os pacientes que já se encontram com PAM adequada mas não urinam por conta de injúria renal, por exemplo (nessa dose há um efeito natriurético)
– Estudos não revelam benefício no prognóstico do choque e da IRA
• Dopamina– Efeitos:
• 5-10mcg/kg/min: aumento do DC e FC, gerando aumento da PAM
– Porém é mais cronotrópica do que inotrópica, além de ser arritmogênica
• >10mcg/kg/min: vasoconstrição arterial e aumento da PA
– Vasoconstrição arteriolar (↑RVP) e venocosntrição (↑RV e pressões de enchimento cardíacas)
• Dopamina
– Doses acima de 20mcg/kg/min não são recomendadas, principalmente sem monitorização hemodinâmica, pelo seu intenso efeito vasoconstritor
– Deve-se evitá-la no TEP maciço pelo grande aumento na P art pulmonar
– Indicações:• Hipotensão sem hipovolemia• Como droga alternativa no choque séptico ou cardiogênico
Drogas Vasoativas
• Noradrenalina
– É mais efetiva na reversão da hipotensão arterial em pacientes com choque séptico, já que o principal objetivo nesses casos é a vasoconstrição para corrigir a queda na RVS
– Possui importante ação vasoconstritora e venoconstritora, com baixa ação inotrópica
– Dose: 0,1-1mcg/Kg/min
– Pode-se associar com a Dopamina, se esta for utilizada em baixas doses visando natriurese
Drogas Vasoativas
• Noradrenalina– Indicações
• Choque Séptico (droga de escolha)• Choque neurogênico• Choque anafilático
Portanto, nos choques em que há intensa vasodilatação
Drogas Vasoativas
• Dobutamina
– Agonista β1 e β2 adrenérgico
– Grande efeito inotrópico e efeito cronotrópico, portanto, gera grande aumento do DC
– Possui efeito vasodilatador arteriolar (diminui a pós-carga) e venoconstritor (↑RV)
– Aumenta a perfusão miocárdica ( enquanto a Dopamina aumenta a demanda de O2 ao aumentar o inotropismo, mas sem alterar a oferta de O2 pelas coronárias)
Drogas Vasoativas
• Dobutamina
– É menos arritmogênica do que a Dopamina e Adrenalina
– Principal indicação: Choque cardiogênico (VE ou VD) com PAM>70mmHg ou PAS>80mmHg
• Não pode ser feito com PA abaixo desses valores
Drogas Vasoativas
• Dobutamina
– Dose:3-20mcg/Kg/min
– Alguns autores preconizam o uso de dobutamina no choque séptico, em associação com a Noradrenalina, para manter o IC>4,0l/min/m2, de forma a otimizar a oferta de O2 (DO2)
Drogas Vasoativas
• Levosimendan
– Aumenta a contratilidade miocárdica por aumento da sensibilidade da Troponina C ao íon cálcio
– Principal indicação: IC refratária e choque cardiogênico,principalmente se estiver em uso de beta-bloq.
• Em alguns estudos se mostrou superior a Dobutamina nos pacientes com PAM>105mmHg
– Contra-indicações: Insuf. renal e hepática graves, hipotensão
Particularidades do Choque Cardiogênico
• Nos casos em que o choque cardiogênico se deve a IAMCSST, a angioplastia primária é a melhor forma de garantir a reperfusão
– Estudos mostraram redução da letalidade de 80% para 40-50%
– Deve ser feita com ΔT de dor de até 24h
– Trombolíticos não são eficazes nos pacientes com IAMCSST com choque cardiogênico na apresentação
Particularidades do Choque Cardiogênico
• Balão intra-aórtico de contra-pulsação
– Posicionado na aorta descendente
– Insufla na diástole e desinsufla na sístole
– Isso gera aumento da PAD, proporcionando aumento do fluxo coronariano e cerebral
– Ao ser rapidamente desinsuflado na sístole gera diminuição da pós-carga e conseqüentemente facilita a ejeção, aumentando o DC
Particularidades do Choque Cardiogênico
• Balão intra-aórtico de contra-pulsação
• É a única maneira de aumentar o DC e a PAD sem vasodilatar o paciente
• Compensa o paciente enquanto é feito um tratamento definitivo
– Contra-indicações: Insuf. Aórtica e doença arterial grave de MMII
Concluindo
• Quanto mais precoce a abordagem no choque melhor será o prognóstico
• A monitorização hemodinâmica é importante para adequar o melhor tratamento, o qual deve ser feito com reposição volêmica e drogas vasopressoras