AULA Grupo de Redação • 2018 · ao juizado especial, possivelmente vai ser processada e pode...

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[email protected] professorcarlosluzardo carlosluzardo 51 99955.7502 11 AULA Grupo de Redação • 2018 TEMA 1 A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua por- tuguesa sobre o tema “Os perigos das Fake News na era da informação”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTO I FAKE NEWS SÃO NOTÍCIAS FALSAS, MAS QUE APARENTAM SER VERDADEIRAS. Não é uma piada, uma obra de ficção ou uma peça lúdica, mas sim uma mentira revestida de artifícios que lhe conferem aparência de verdade. Fake news não é uma novidade na sociedade, mas a escala em que pode ser produzida e difundida é que a eleva em nova categoria, poluindo e colocando em xeque todas as demais notícias, afinal, como descobrir a falsidade de uma notícia? No geral não é tão fácil descobrir uma notícia falsa, pois há a criação de um novo “mercado” com as empresas que produzem e disseminam Fake News constituindo verdadeiras indústrias que “caçam” cliques a qualquer custo, se utilizando de todos os recursos disponíveis para envolver inúmeras pessoas que sequer sabem que estão sendo utilizadas como peça chave dessa difusão. Infelizmente é muito comum o uso das primeiras vítimas como uma espécie de elo para compor uma corrente difusora das Fake News. Assim, aquelas pessoas que de boa-fé acreditaram estar em con- tato com uma verdadeira notícia, passam – ainda que sem perceber – a colaborar com a disseminação e difusão dessas notícias falsas. Mas não é impossível detectá-las e combatê-las, há técnicas e cuidados que colaboram para mu- dar este cenário, sendo a educação digital uma ferramenta para fortalecer ainda mais a liberdade de expressão e o uso democrático da internet. Disponível em: http://portal.mackenzie.br/fakenews/ noticias/arquivo/artigo/o-que-e-fake-news/ Acesso em 26 outubro 2017 TEXTO II As notícias falsas divulgadas pela internet (fake news) foram tema da palestra do o professor Walter Capanema, coordenador-geral dos cursos de Direito Eletrônico da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), nesta quarta-feira, dia 14, no auditório desembargador Roberto Leite Ventura. […] O professor mostrou fotos manipuladas por aplicativos e imagens falsas, como uma rachadura na ponte Rio-Niterói. Capanema alertou que provocar alarme produzindo pânico está previsto no arti- go 41 da lei das Contravenções Penais. “Se a pessoa cria um perigo, manda uma mensagem que provoca alarme, ela pode ser conduzida ao juizado especial, possivelmente vai ser processada e pode responder pelo artigo 41 da Lei das Contra- venções Penais”, alertou Walter Capanema. Capanema destacou ainda que as fake news podem levar o autor a responder por questões de responsabilidade civil, calúnia, injúria, difamação e até incitação ao homicídio, como o caso que aconte- ceu em 2014, no Guarujá, no litoral paulista, com a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, espancada até a morte por moradores da cidade, depois da divulgação de boatos de envolvimento em rituais de magia negra com crianças. https://tj-rj.jusbrasil.com.br/noticias/469196219/encontro-de-especialistas- na-emerj-debate-fake-news Acesso em 26 outubro 2017 TEXTO III PROJETO DE LEI Nº , DE 2017 (Do Sr. Luiz Carlos Hauly) Dispõe sobre a tipificação criminal da divulgação ou compartilhamento de informação falsa ou incompleta na rede mundial de computadores e dá outras providências. JUSTIFICATIVA A rápida disseminação de informações pela internet tem sido um campo fértil para a proliferação de notícias falsas ou incompletas. Atos desta natureza causam sérios prejuízos, muitas vezes irreparáveis, tanto para pessoas físicas ou jurídicas, as quais não têm garantido o direito de defesa sobre os fatos falsamente divulgados. A presente medida tipifica penalmente o ato de divulgar ou compartilhar notícia falsa na rede mundial de computadores, de modo a combater esta prática nefasta. Assim, contamos com o apoio dos nobres parlamentares à presente proposição. Sala das Sessões, 1º de fevereiro de 2017. Deputado Luiz Carlos Hauly PSDB-PR http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=03D41E8B902E935F8C5C2F228D635FC2.propo sicoesWebExterno1?codteor=1522471&filename=PL+6812/2017 Acesso em 26 outubro 2017 TEMA 2 Quais riscos estão vinculados à influência da mídia no comportamento da sociedade? Exponha suas ideias sobre o assunto e argumente com solidez para que seu texto explore a pro- blemática imposta pelo tema. Redija um texto em prosa, entre 25 e 30 linhas (fonte times 12), segundo as propostas a seguir:

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[email protected]

professorcarlosluzardo carlosluzardo

51 99955.750211AULA Grupo de Redação • 2018

TEMA 1

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua por-tuguesa sobre o tema “Os perigos das Fake News na era da informação”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I

FAKE NEWS SÃO NOTÍCIAS FALSAS, MAS QUE APARENTAM SER VERDADEIRAS.

Não é uma piada, uma obra de fi cção ou uma peça lúdica, mas sim uma mentira revestida de artifícios que lhe conferem aparência de verdade.

Fake news não é uma novidade na sociedade, mas a escala em que pode ser produzida e difundida é que a eleva em nova categoria, poluindo e colocando em xeque todas as demais notícias, afi nal, como descobrir a falsidade de uma notícia?

No geral não é tão fácil descobrir uma notícia falsa, pois há a criação de um novo “mercado” com as empresas que produzem e disseminam Fake News constituindo verdadeiras indústrias que “caçam” cliques a qualquer custo, se utilizando de todos os recursos disponíveis para envolver inúmeras pessoas que sequer sabem que estão sendo utilizadas como peça chave dessa difusão.

Infelizmente é muito comum o uso das primeiras vítimas como uma espécie de elo para compor uma corrente difusora das Fake News. Assim, aquelas pessoas que de boa-fé acreditaram estar em con-tato com uma verdadeira notícia, passam – ainda que sem perceber – a colaborar com a disseminação e difusão dessas notícias falsas.

Mas não é impossível detectá-las e combatê-las, há técnicas e cuidados que colaboram para mu-dar este cenário, sendo a educação digital uma ferramenta para fortalecer ainda mais a liberdade de expressão e o uso democrático da internet.

Disponível em: http://portal.mackenzie.br/fakenews/noticias/arquivo/artigo/o-que-e-fake-news/ Acesso em 26 outubro 2017

TEXTO II

As notícias falsas divulgadas pela internet (fake news) foram tema da palestra do o professor Walter Capanema, coordenador-geral dos cursos de Direito Eletrônico da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), nesta quarta-feira, dia 14, no auditório desembargador Roberto Leite Ventura. […]

O professor mostrou fotos manipuladas por aplicativos e imagens falsas, como uma rachadura na ponte Rio-Niterói. Capanema alertou que provocar alarme produzindo pânico está previsto no arti-go 41 da lei das Contravenções Penais.

“Se a pessoa cria um perigo, manda uma mensagem que provoca alarme, ela pode ser conduzida ao juizado especial, possivelmente vai ser processada e pode responder pelo artigo 41 da Lei das Contra-venções Penais”, alertou Walter Capanema.

Capanema destacou ainda que as fake news podem levar o autor a responder por questões de responsabilidade civil, calúnia, injúria, difamação e até incitação ao homicídio, como o caso que aconte-ceu em 2014, no Guarujá, no litoral paulista, com a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, espancada até a morte por moradores da cidade, depois da divulgação de boatos de envolvimento em rituais de magia negra com crianças.

https://tj-rj.jusbrasil.com.br/noticias/469196219/encontro-de-especialistas-na-emerj-debate-fake-news Acesso em 26 outubro 2017

TEXTO III

PROJETO DE LEI Nº , DE 2017 (Do Sr. Luiz Carlos Hauly)Dispõe sobre a tipifi cação criminal da divulgação ou compartilhamento de informação falsa ou

incompleta na rede mundial de computadores e dá outras providências.

JUSTIFICATIVAA rápida disseminação de informações pela internet tem sido um campo fértil para a proliferação

de notícias falsas ou incompletas.Atos desta natureza causam sérios prejuízos, muitas vezes irreparáveis, tanto para pessoas físicas

ou jurídicas, as quais não têm garantido o direito de defesa sobre os fatos falsamente divulgados.A presente medida tipifi ca penalmente o ato de divulgar ou compartilhar notícia falsa na rede

mundial de computadores, de modo a combater esta prática nefasta.Assim, contamos com o apoio dos nobres parlamentares à presente proposição.Sala das Sessões, 1º de fevereiro de 2017.Deputado Luiz Carlos HaulyPSDB-PR

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=03D41E8B902E935F8C5C2F228D635FC2.proposicoesWebExterno1?codteor=1522471&fi lename=PL+6812/2017 Acesso em 26 outubro 2017

TEMA 2

Quais riscos estão vinculados à in� uência da mídia no comportamento da sociedade?

Exponha suas ideias sobre o assunto e argumente com solidez para que seu texto explore a pro-blemática imposta pelo tema. Redija um texto em prosa, entre 25 e 30 linhas (fonte times 12), segundo as propostas a seguir:

NOTÍCIAS FALSAS E PÓS-VERDADE: O MUNDO DAS FAKE NEWS E DA (DES)INFORMAÇÃO

Vivemos numa avalanche de informações a cada segundo. O mundo inteiro está a um clique de distância. No celular, o whatsapp está o tempo todo alerta, com mensagens de amigos e de grupos sobre diversos temas; no Facebook, o painel de novidades – o newsfeed – está repleto de vídeos, notícias urgentes, postagens de páginas que você curte e comentários fazendo juízos de valor sobre qualquer assunto. Em meio a todo esse cenário, às vezes é difícil saber o que é verdadeiro ou não.Nos últimos tempos, houve um aumento de notícias falsas, as famosas fake news, em inglês. Quantas vezes você sai falando sobre uma matéria de jornal e, na verdade, só leu a manchete? Quantas vezes você checa a informação que um colunista do qual você gosta publicou? Quantas vezes você assiste a um vídeo polêmico e o compartilha com seus amigos? Vamos conversar sobre o nosso mundo da (des)informação?FAKE NEWS: AFINAL, O QUE SÃO NOTÍCIAS FALSAS?Notícias falsas sempre existiram, não é mesmo? Principalmente no ramo da política, onde não é novidade um candidatoplantar uma informação sobre seu adversário para que ele perca votos ou que boatos sobre a vida privada dessas figurassejam espalhados. Historicamente, diversas fake news foram disseminadas com determinados objetivos. Mas fiquemtranquilos, não estamos deduzindo isso: tiramos essa informação de uma entrevista do historiador Robert Darnton para aFolha de São Paulo.O historiador Robert Darnton, que é professor emérito da Universidade Harvard , conta que as notícias falsas são relatadaspelo menos desde a Idade Antiga, do século 6: “Procópio foi um historiador bizantino do século 6 famoso por escrever ahistória do império de Justiniano. Mas ele também escreveu um texto secreto, chamado “Anekdota”, e ali ele espalhou “fake

PÓS-VERDADE: O QUE TEM A VER COM AS NOTÍCIAS FALSAS?

Pós-verdade foi eleita a palavra do ano em 2016 pelo Dicionário Oxford. De acordo com o Dicionário Oxford, pós-verdadeé: um adjetivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opiniãopública do que apelos à emoção e crenças pessoais”. Um mundo com a pós-verdade é uma realidade em que acreditar, tercrença e fé de que algo é verdade é mais importante do que isso ser um fato realmente.A explicação da palavra pós-verdade de acordo com o Oxford é de que o composto do prefixo “pós” não se refere apenas aotempo seguinte a alguma situação ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas sim a “pertencer a um momento emque o conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante”. Neste caso, a verdade. Portanto, pós-verdade serefere ao momento em que a verdade já não é mais importante como já foi.O termo pós-verdade já existe desde a última década, mas as avaliações do Dicionário Oxford perceberam um pico de uso dapalavra exatamente no ano de 2016, no contexto do referendo de saída do Reino Unido da União Europeia – o Brexit – e daseleições estadunidenses. Além disso, é bastante usado com o termo política depois, então, pós-verdade política. Seu uso foidestacado durante esses eventos pois diversas notícias falsas foram publicadas em sites na internet, em páginas de Facebook,vídeos no Youtube e o público as absorveu como verdadeiras exatamente porque gostariam que fossem verdadeiras.

QUAL É O REAL IMPACTO DAS NOTÍCIAS FALSAS NO MUNDO E NA POLÍTICA?

Dois acontecimentos que tiveram relevância internacional em 2016 foram o Brexit – saída do Reino Unido da União Europeia– e as eleições presidenciais estadunidenses. Além de serem os principais motivos do crescente uso da palavra pós-verdade,também foram onde o próprio fenômeno das notícias falsas foi muito intenso.Em se tratando de política e da polarização ideológica generalizada, as notícias falsas foram usadas para causar tumulto e

reforçar posicionamentos – ou mesmo, acentuá-los. No caso do Brexit e das eleições, os nervos estavam ainda mais à flor dapele por serem assuntos determinantes ao futuro daqueles países.Há de se considerar também que as redes sociais e seus algoritmos formam bolhas sociais – e também ideológicas. Essesalgoritmos reúnem no seu painel de notícias do Facebook, por exemplo, as pessoas com que você mais interage e os assuntosmais pertinentes ao que você publica ou curte, assim como notícias, reportagens, vídeos e histórias sobre posicionamentosque você já endossa, também politicamente. O algoritmo, portanto, não dá lugar ao contraditório. A sua visão de mundo éconfirmada repetidamente e, se um amigo seu compartilha uma “notícia”, mesmo que falsa, você pode acreditar. Essefenômeno une a notícia falsa à pós-verdade e foi um episódio recorrente no Reino Unido e nos Estados Unidos em 2016.Em 2016, 33 das 50 notícias falsas mais disseminadas no Facebook eram sobre a política nos Estados Unidos, muitas delasenvolvendo as eleições e os candidatos à presidência. Durante a campanha presidencial, notícias falsas foram espalhadassobre os dois candidatos: o republicano Donald Trump – depois eleito – e a democrata Hillary Clinton. No monitoramento de115 notícias falsas pró-Trump e 41 pró-Hillary, os economistas Hunt Allcott e Matthew Gentzkow concluíram que as postagenspró-Trump foram compartilhadas 30 milhões de vezes, enquanto as pró-Hillary 8 milhões.Sobre Trump, a “notícia” de que o Papa Francisco havia apoiado sua candidatura e lançado um memorando a respeito foi asegunda maior notícia falsa sobre política mais republicada, comentada e a qual as pessoas reagiram no Facebook em 2016.Outra notícia falsa, diretamente relacionada com Trump, afirmava que ele oferecia uma passagem de ida à África e aoMéxico para quem queria sair dos Estados Unidos – a postagem obteve 802 mil interações no Facebook. Quando à HillaryClinton, uma notícia falsa com alta interação no Facebook – 567 mil – foi de que um agente do FBI (órgão de investigaçãofederal) que trabalhava no caso do vazamento de e-mails da candidata foi supostamente achado morto por causa de umpossível suicídio.Quanto ao Brexit, houve diversas informações truncadas disseminadas pela campanha Vote Leave – em tradução livre, “votepara sair” – para a saída do Reino Unido da União Europeia. As questões envolviam principalmente as políticas de imigraçãoda UE e questões econômicas. O jornal The Independentreporta que um dos líderes da campanha pelo Brexit afirmou que

mais 5 milhões de imigrantes iriam ao Reino Unido até 2030 por conta de uma licença dada a 88 milhões de pessoas paraviver e trabalhar lá – uma informação que não tem fundo de verdade. Um dos pôsteres da campanha clamava: “Turquia(população de 76 milhões) está entrando na UE” – quando, na verdade, o pedido de entrada na UE pela Turquia é antigo enão mostra sinal de evolução.Para as eleições de 2018, não se acredita que as notícias falsas poderão de fato mudar o resultado da eleição, como discutidonum evento da Revista ÉPOCA. Mas é claro que os boatos enfraquecem e distraem a população do assunto que realmenteimporta: os planos de governo, as ideias de políticas públicas, o modelo de gestão… Essa questão é tão latente que até órgãosde defesa do governo federal, como o Ministério da Defesa e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), junto ao TribunalSuperior Eleitoral, preparam uma força-tarefa para combater as notícias falsas no período eleitoral em 2018.

QUAL O PAPEL DA IMPRENSA COM AS NOTÍCIAS FALSAS NO MUNDO DA PÓS-VERDADE?Podemos dizer que o jornalismo sempre foi o canal que disseminava as notícias e conteúdos às pessoas, seja a respeito da suaprópria comunidade ou sobre o mundo. Hoje há, porém, um ruído na relação entre os jornalistas, os meios de comunicaçãotradicionais e o público. Em alguns casos, o público não quer mais ser informado por apenas o que uma emissora de TV, derádio ou jornal impresso têm vontade de veicular. Em outros, acredita-se que a cobertura de situações é parcial e partidáriapara algum lado.Desde a massificação da internet, mas principalmente das redes sociais, não há mais filtro entre a informação e o público. Opúblico pôde se emancipar da necessidade em se conectar com veículos tradicionais de informação e, portanto, há quem seinforme somente pelas redes sociais e nunca abra um jornal. Aí reside o problema: muitas vezes são disseminadasinformações inexatas, exageradas ou erradas de alguma maneira. Isso traz à tona a importância da imprensa, que tem aformação jornalística necessária para o combate a notícias falsas, pois envolve apuração dos fatos, a checagem deinformações e as entrevistas com diversas partes envolvidas numa situação (pluralidade de fontes).

Em um estudo da USP sobre as “Eleições 2018 – Perspectivas da comunicação organizacional”, conclui-se que metade dasempresas brasileiras não acredita que a imprensa está preparada para a cobertura das eleições de 2018. Por outro lado, ametade que acredita na capacidade da imprensa de cobrir as eleições do ano que vem o faz porque enxerga competência etradição da mídia brasileira nesse tipo de cobertura.O jornalismo tradicional, portanto, pode e deve encontrar novos formatos de conteúdo, inovar em suas abordagens paramanter a sua credibilidade perante o público que já tem e adquirir o público que ainda não tem – exatamente a populaçãoque nasceu em meio à internet e às redes sociais. É papel de imprensa utilizar suas ferramentas para combater adisseminação das notícias falsas e da pós-verdade. Um dos meios para isso é a checagem de fatos feita em agências, redaçõese coletivos de jornalismo, sobre a qual você pode ler aqui!

VAMOS COMBATER NOTÍCIAS FALSAS?Para evitar um mundo que vive na pós-verdade, precisamos combater e prevenir a disseminação de notícias falsas. A pesquisadora Claire Wardle, em um artigo no First Draft News, acredita que para combater de fato as fakenews precisamos entender três pilares:

(i) Os diferentes tipos de conteúdos que estão sendo criados e compartilhados.(ii) As motivações de quem cria esse conteúdo;(iii)As maneiras com que esse conteúdo é disseminado.

Passaremos por cada um desses pontos para, então, compreender algumas dicas sobre como podemos combater as notícias falsas.

7 tipos de notícias falsas que podemos identificar

Para sanar o primeiro item é identificar que tipo de conteúdos estão sendo criados e compartilhados, a jornalista ClaireWandle criou uma lista de 7 tipos de notícias falsas que podemos identificar e combater nas redes:

1.Sátira ou paródia: sem intenção de causar mal, mas tem potencial de enganar;2.Falsa conexão: quando manchetes, imagens ou legendas dão falsas dicas do que é o conteúdo realmente;3.Conteúdo enganoso: uso enganoso de uma informação para usá-la contra um assunto ou uma pessoa;4.Falso contexto: quando um conteúdo genuíno é compartilhado com um contexto falso;5.Conteúdo impostor: quando fontes (pessoas, organizações, entidades) têm seus nomes usados, mas com afirmações que

não são suas;6. Conteúdo manipulado: quando uma informação ou ideia verdadeira é manipulada para enganar o público;7. Conteúdo fabricado: feito do zero, é 100% falso e construído com intuito de desinformar o público e causar algum mal.

Poderíamos dar exemplos de cada um desses itens, mas vamos nos ater a comentar o primeiro, da sátira utilizada sem ointuito de mal informar. No Brasil, há o portal Sensacionalista, que é muito conhecido e famoso. Ele tem o slogan: um jornalisento de verdade. A frase é, por si só, ambígua: pode significar que o jornal é realmente isento, objetivo e imparcial ou queele é isento em publicar verdade, ou seja, publica mentiras. Esse segundo entendimento é o correto.O Sensacionalista produz notícias falsas como se fossem verdadeiras, mas com o objetivo de construir críticas sobreacontecimentos mundiais por meio da ironia e da sátira, não de desinformar as pessoas. Mas apesar de todos esses fatores,pode haver confusão e o público considerar o seu conteúdo verídico.Por que notícias falsas são feitas?Há diversos fatores para a criação de notícias falsas. Alguns deles são a descrença na imprensa e a utilização das fake

news como um negócio, para atingir objetivos de interesse próprio. Em estudos sobre os motivos pelos quais são feitas asfake news, chegou-se ao seguinte resultado: os motivos podem ser um jornalismo mal-feito; paródias, provocações ouintenção de “pregar peças”; paixão; partidarismo; lucro; influência política e propaganda.Quanto ao lucro, por exemplo, os estudos se referem às notícias falsas terem se tornado um negócio. Há realmente quemlucre com esse advento, com ferramentas de propaganda gratuitas e com as manchetes chamadas de “iscas de clique”. Foi ocaso de um brasileiro que chegou a fazer 100 mil reais mensais de lucro com sites de notícias falsas, segundo um mapeamentoda Folha de São Paulo.A respeito da veiculação desses conteúdos, podemos dizer que são disseminados principalmente pela internet, por meio deredes sociais, portais falsos de notícias e grupos de aplicativos de mensagem, amplificados até por jornalistas que passaminformações truncadas às pessoas. Outras notícias falsas são disseminadas por grupos diversos – de política, de religião, decrenças variadas – que fazem comunidades, páginas de Facebook e sites para compartilhar suas crenças e (des)informar aspessoas de acordo com sua fé. Existem também outras maneiras mais sofisticadas, em que há uso de robôs e mecanismos dainternet próprios para disseminar conteúdos falsos.

Dicas para verificar se uma notícia é ou não falsa

A Federação Internacional das Associações e Instituições de bibliotecária (IFLA) publicou dicas para ajudar as pessoas aidentificarem notícias falas. Elas são:

Considere a fonte da informação: tente entender sua missão e propósito olhando para outras publicações do site;Leia além do título: títulos chamam atenção, mas não contam a história completa;Cheque os autores: verifique se eles realmente existem e são confiáveis;Procure fontes de apoio: ache outras fontes que confirmem as notícias;

Cheque a data da publicação: veja se a história ainda é relevante e está atualizada;Questione se é uma piada: o texto pode ser uma sátira;Revise seus preconceitos: seus ideais podem estar afetando seu julgamento;Consulte especialistas: procure uma confirmação de pessoas independentes com conhecimento;Pronto, agora você entendeu o que é notícia falsa, de que maneira ela pode aparecer para você, os motivos pelos quais elassão feitas e ainda fazer um trabalho individual de checagem de informação para não repassar boatos por aí.

Brasil é terreno fértil à desinformação, dizem especialistasPara Claire Wardle, de Harvard, uso intensivo de redes sociais no País cria quadro propício para circulação de notícias falsas

Com a terceira maior população do mundo nas redes sociais, forte uso do WhatsApp e polarização política crescente, o Brasilé um terreno fértil para a guerra de desinformação online na campanha eleitoral para presidente, que deve acirrar ainda maisposições extremas e encolher o espaço de candidatos moderados nos embates que ocorrem no mundo virtual.Pesquisas mostram que “notícias” distorcidas, com forte viés ideológico, muitas vezes ganham a disputa por espaçono Facebook com reportagens realizadas pelos meios de imprensa tradicionais. Sensacionalistas e hiperpartidárias, elasatraem mais cliques e tendem a viralizar mais rapidamente do que notícias produzidas por jornalistas que seguemprocedimentos estabelecidos para apuração e checagem dos fatos.

++ Ex-infiltrada em fábrica russa de notícias falsas conta detalhes sobre exército de trolls de Putin

O fenômeno não é exclusivo do Brasil, mas as características do País o transformaram em um dos principais focos depreocupação de Claire Wardle, que lidera o First Draft, um projeto da Universidade de Harvard dedicado ao combate globalde informação falsa ou distorcida na era digital.Além do uso intensivo das redes sociais, 120 milhões de brasileiros se comunicam por WhatsApp, onde notícias falsas outendenciosas circulam imunes a qualquer tentativa de checagem de sua veracidade. Wardle disse que o quadro é completadopela facilidade de contratação de pessoas com baixos salários para atuarem como robôs na propagação de relatos distorcidos,tendenciosos ou falsos.

++ O Exército cibernético russo++ Pré-candidatos à Presidência criam 'carimbo' fake news

“O Brasil tem características que o tornam muito vulnerável ao que eu chamo de desordem da informação”, disse apesquisadora, que rejeita o uso da expressão “fake news” para descrever o fenômeno. Segundo ela, o First Draft discutecooperação com meios de imprensa tradicional para combater a desinformação durante a campanha. No ano passado, aorganização liderou iniciativas semelhantes nas eleições da França e da Inglaterra.O impacto mais imediato da “desordem” apontada por Wardle é sobre a habilidade dos eleitores de tomarem decisões combase em informações de qualidade. Mas a longo prazo, ela teme que esse movimento leve a uma descrença generalizada nosistema democrático. “Se temos campanhas de desinformação que minam a confiança em instituições e confundem apopulação, isso acaba levando as pessoas a não saberem em quem confiar. Elas se distanciam da mídia convencional,deixam de confiar nos políticos tradicionais e passam a confiar apenas nos amigos e familiares.”A BOLHA DOWHATSAPPProfessor da Escola de Jornalismo da Universidade do Texas, em Austin, Rosental Calmon Alves disse que os brasileiros“abraçaram” como poucos as mídias sociais e criaram redes sociais privadas no WhatsApp, onde informações falsas edistorcidas circulam sem restrição. “Na bolha do WhatsApp não há instituições ou pessoas dedicadas a caçar mentiras.” Emsua opinião, grande parte das eleições deste ano serão definidas nas redes sociais, em um ambiente no qual a ameaça dadesinformação é “enorme”.Dados do Digital Global Overview Survey mostram que os brasileiros gastam, em média, 3h40 online, número que só éinferior às 4h20 registradas nas Filipinas.++ Mudanças no Facebook podem afetar eleição e favorecer fake news++ Na web, 12 milhões difundem fake news políticas“Junk news” (notícias-lixo) é a expressão preferida por Fábio Malini para se referir às informações enviesadas disseminadaspor sites que estão nos extremos do espectro ideológico. Coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem eCibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo, ele diz que as “junk news” costumam gerar duas vezes maiscompartilhamentos no Facebook do que as notícias da imprensa tradicional.

“As junk news proliferam em um ambiente de polarização, de ódio político mútuo”, observou Malini. Segundo ele, essecenário favorece os representantes dos extremos ideológicos.++ ‘Redes sociais serão campo de batalha nas eleições’, diz pesquisadorO filósofo Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, adota aexpressão “informação de combate” para falar da proliferação de dados distorcidos na internet.“É uma mídia hiperpartidária, que apresenta informações de combate político em formato noticioso, mas o conteúdo étendencioso, tirado de contexto ou pura especulação.” Esse hiperpartidarismo aprofunda a polarização, em um círculovicioso, disse Ortellado.FBI VEM AO BRASIL PARA FALAR COM TSENeste mês, agentes do FBI vêm ao Brasil para falar sobre o combate à desinformação nas eleições à força-tarefa criada peloTribunal Superior Eleitoral e a Polícia Federal. A interferência russa na eleição do presidente Donald Trump é apenas umaspecto desse movimento. Os EUA têm inúmeros sites que disseminam teorias conspiratórias ou dados distorcidos, muitosretuitados até por Trump.