Aula Ideologia

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Ideologia Ideário – conjunto sistemático e encadeado de idéias. Ideologia – é um ideário histórico, social e político que oculta a realidade, e esse ocultamento é uma forma de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política. Algumas reflexões A preocupação principal do pensamento ocidental nasce com a filosofia, na Grécia Antiga: por que as coisas se movem? Movimento (para os gregos): 1. Toda mudança qualitativa de um corpo qualquer (semente). 2. Toda mudança quantitativa de um corpo qualquer (aumenta ou diminui de tamanho, ou divide-se). 3. Toda mudança de lugar ou locomoção de um corpo qualquer (trajetória de uma flecha, deslocamento de um barco). 4. Toda geração e corrupção dos corpos, isto é, o nascimento e o perecimento das coisas e do homem. Movimento – toda e qualquer alteração de uma realidade, seja ela qual for.

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  • IdeologiaIderio conjunto sistemtico e encadeado de idias.Ideologia um iderio histrico, social e poltico que oculta a realidade, e esse ocultamento uma forma de assegurar e manter a explorao econmica, a desigualdade social e a dominao poltica.

    Algumas reflexesA preocupao principal do pensamento ocidental nasce com a filosofia, na Grcia Antiga: por que as coisas se movem?Movimento (para os gregos):Toda mudana qualitativa de um corpo qualquer (semente).Toda mudana quantitativa de um corpo qualquer (aumenta ou diminui de tamanho, ou divide-se).Toda mudana de lugar ou locomoo de um corpo qualquer (trajetria de uma flecha, deslocamento de um barco).Toda gerao e corrupo dos corpos, isto , o nascimento e o perecimento das coisas e do homem.Movimento toda e qualquer alterao de uma realidade, seja ela qual for.

  • Aristteles somente se conhece a realidade quando se conhece a causa.Teoria das 4 causas os 4 so responsveis por todos os aspectos de um ser.Causa material matria de alguma coisa.Causa formal essncia ou natureza da coisa.Causa motriz ou eficiente responsvel pela presena da forma em um matria.Causa final responsvel pelo motivo e pelo sentido da existncia da coisa.Essas 4 causa permite explicar a permanncia e o movimento (ou mudana).Permanncia forma e finalidade (a mais importante).Mudana matria e eficincia a causa eficiente o agente de mudana (menos importante).

    Essa teoria distingue a atividade tcnica da atividade tica e poltica.Primeira rotina mecnica (atividade tcnica).Segunda prxis (tica poltica), atividade prpria dos homens livres, dotados de razo e vontade para deliberar e escolher uma ao (a prxis superior rotina mecnica).

    O pensamento medieval interpreta e d continuidade herana aristotlica.

  • A teoria das quatro causas est intimamente ligada diviso social, muito embora o filsofo no tenha notado.O cidado ou senhor corresponde causa final, o usurio da coisa, aquele que ordenou a fabricao.O escravo ou servo corresponde a causa motriz ou eficiente, ou seja, ao trabalho graas ao qual uma certa matria receber uma forma para servir ao uso ou ao desejo do senhor.

    Essa teoria a transposio de relaes sociais para o plano das idias (explica a realidade e suas transformaes).Uma teoria exprime, por meio de idias, uma realidade social e histrica determinada, e o pensador pode ou no estar consciente disso.Note-se que: quando sabe que suas idias esto enraizadas na histria, pode esperar que elas ajudem a compreender a realidade de onde surgiram. Quando, porm, no percebe a raiz histrica de suas idias e imagina que sero verdadeiras para todos os tempos e todos os lugares, ocorre o risco de estar produzindo uma ideologia.

  • Um dos traos fundamentais da Ideologia consiste em tomar as idias como independentes da realidade histrica e social, quando na verdade essa realidade que torna compreensveis as idias elaboradas e a capacidade ou no que elas possuem para explicar a realidade que as provocou.

    O pensamento moderno reduziu as quatro causas em apenas duas a eficiente e a final.

    Esse pensamento moderno, passou a explicar o corpo humano como mquina movido pela ao da causalidade eficiente (mquina que opera sem a interveno da vontade e da liberdade).E a vontade (que se aloja no esprito) age em vista de fins livremente escolhidos.Conclui-se que: do lado da natureza no h mais hierarquia (tudo mquina). Do lado Humano reaparece a hierarquia (o esprito vale mais do que o corpo, e este deve subordinar-se quele. O homem livre , portanto, um ser universal (sempre existiu e sempre existir) e se caracteriza pela unio de um corpo mecnico e de uma vontade finalista.

  • Como se manifesta esse homem livre?Por intermdio do conhecimento (filosofia e cincia), que transforma e domina a realidade (natureza e sociedade).A partir da, surge o homem moderno:- H o burgus proprietrio privado dos meios de produo ou das condies de trabalho.- H o trabalhador (livre) e despojado dos meios de produo, s podendo trabalhar como assalariado.Aqui temos duas faces do trabalho:O trabalho como expresso de uma vontade livre e dotada de fins prprios (o trabalho burgus).O trabalho como relao da mquina corporal com as mquinas sem vida (o trabalho realizado pelo trabalhador).

    Note-se duas faces do trabalho divididas em duas figuras diferentes:O lado livre e espiritual do trabalho o burgus que determina os fins.O lado mecnico e corpreo do trabalho, o trabalhador simples meio para os fins que lhes so estranhos.

  • Augusto ComteIdeologia 2 significadosA formao das idias a partir das relaes entre corpo e meio ambiente ponto de partida: sensaes.Conjunto de idias de uma poca como opinio geral e teorias dos pensadores.

    Positivismo explica a transformao do esprito humano que implica progresso ou evoluo 3 fases.Fetichismo explica o real atravs de aes divinas.Metafsico usam princpios gerais e abstratos.Positiva ou cientfica etapa final da evoluo explicaes baseadas em leis gerais (observao e anlise).- Cada fase um explicao da realidade, uma teoria, e uma ideologia, produzida pelos sbios.- Assim, ideologia (teoria) comanda a prtica dos homens.- Busca as regras para dominar e controlar a natureza.

  • Resultado: o poder pertence a quem possui o saber.OBS: Segundo Marx, essa concepo positivista de ideologia , ela prpria, ideolgica.

    mile Durkheim

    Cria a sociologia como cincia conhecimento racional, objetivo, observacional. Trata o fato social como coisa e sem interioridade. Busca objetividade e rompe o sujeito do objeto (neutralidade).Ideologia para Durkheim so preconceitos e subjetividade.O princpio metodolgico isolar o objeto de investigao, definir categorias gerais e incluir a elas qualquer outra correspondente.

  • A concepo Marxista de IdeologiaMarx no separa a produo das idias e as condies sociais e histricas nas quais so produzidas (tal separao o que caracteriza a ideologia).Seus exames tem como pano de fundo a questo do conhecimento histrico ou a cincia da histria (completa dizendo que: quase toda ideologia se reduz ou a uma concepo distorcida dessa histria ou a uma abstrao completa dela).Marx concebe a histria como um conhecimento dialtico e materialista da realidade social e tem como fonte a filosofia Hegeliana.

    Aspectos da obra de Hegel resgatadas por Marx:O esprito no produz a cultura, ele a prpria cultura.O esprito se exterioriza pelas obras que produz e interioriza essas obras porque sabe que elas so ele prprio (por isso o real histrico. Ele no tem histria, nem est na histria, mas histria).Revoluciona o conceito de histria (3 motivos):. No pensa a histria como sucesso de fatos no tempo.. No pensa a histria como sucesso de causas e efeitos, mas como um processo dotado de uma fora ou um motor interno que produz os acontecimentos (contradio)

  • OBS: a contradio explica a relao (atentar para oposio).OBS: s h contradio quando a negao interna, ou seja, A no-A (os termos que se negam s existem nessa relao, ao contrrio de A no B (aqui h oposio, ou seja, os termos podem existir fora da relao).Aspecto fundamental da contradio que ela um motor temporal, ou seja, as contradies no existem como fatos dados no mundo, mas so produzidas (A produo e a superao das contradies so o movimento da histria). E s terminam quando os dois termos se negam inteiramente um ao outro e engendram uma sntese.. No pensa a histria como sucesso de fatos dispersos (unificados pelo historiador), mas como processo contraditrio unificado em si mesmo e por si mesmo.Concebe a histria como a histria do Esprito o esprito se exterioriza em suas obras que so contradies que vo sendo superadas e repostas com novas formas por ele mesmo.Pensa a histria como reflexo, pois o esprito capaz de reconhecer-se como produtor dessas obras (sujeito de si mesmo).

  • Procura dar conta do fenmeno da alienao considera-se que o exterior algo distinto do interior. Na verdade, essas, so as duas faces do Esprito. Quando a interiorizao da obra no ocorre, ou melhor, quando o sujeito no se reconhece como produtor das obras e como sujeito da histria, mas toma as obras e a histria como foras estranhas, que o dominam, isso alienao.Diferencia imediato e mediato; abstrato e concreto; aparncia e ser.. Imediato, abstrato e aparncia (sinnimos) significa o modo pelo qual uma realidade se oferece como algo dado, positiva, dotada de caractersticas prprias e j prontas.. Mediato, concreto e ser (sinnimos) referem-se ao processo de constituio de uma realidade atravs de mediaes contraditrias.A sntese desses termos efetuada pelo esprito e denominada conceito.

    - Esses vrios aspectos do pensamento Hegeliano constituem a dialtica dialtica idealista, pois o sujeito o Esprito

  • Como se passa da dialtica idealista para a materialista

    - Para Marx, a histria no um processo pelo qual o Esprito toma posse de si mesmo histria de modo real, como homens reais produzem suas condies reais de existncia.- Histria: produo das condies reais de existncia o ocorre por intermdio do consumo imediato dos bens naturais e procriao.. Como produzem e reproduzem suas relaes com a natureza trabalho.. Como produzem e reproduzem suas relaes sociais diviso social do trabalho e forma da propriedade, que constituem as formas das relaes de produo.. Como interpretam essas relaes seja imaginria (como na ideologia), seja real, como conhecimento da histria que produziu ou produz tais relaes.- Marx conserva as diferenas entre abstrato/concreto; imediato/mediato; aparecncia/ser.. Concreto: ... Unidade do diverso, sntese de muitas determinaes.. Determinaes: no como sinnimo de um conjunto de propriedades ou de caractersticas, mas, como os resultados que constituem uma realidade no processo pelo qual ela produzida, ou seja, como um processo temporal.

  • Para Marx, o mtodo histrico-dialtico deve partir do que mais abstrato ou mais simples ou mais imediato (o que se oferece observao), percorrer o processo contraditrio de sua constituio real e atingir o concreto como um sistema de mediaes e de relaes cada vez mais complexas e que nunca esto dadas observao.O autor compreende que a mercadoria ser a forma mais simples e abstrata do modo de produo capitalista.Sua anlise revelar: h mais mercadoria do que supnhamos (o trabalhador , na verdade, mercadoria).A mercadoria compreende valor de uso e valor de troca. E como valor de uso, valer por sua utilidade, e como valor de troca, ter um preo no mercado.Vemos pois, que a mercadoria no uma coisa (como aparece), mas trabalho social, tempo de trabalho. E esse, tempo de trabalho no-pago, portanto, a mercadoria oculta o fato de que h explorao econmica.mercadoria fetichismo: uma coisa que existe em si e por si. E que domina seus crentes e adoradores.

  • O real, para Hegel o esprito, capaz de reflexo.- Para Marx o real matria. Uma matria no fsica ou inerte. Para Marx, a matria a matria social, ou seja, relaes sociais entendidas como relaes de produes, ou melhor, como o modo pelo qual os homens produzem e reproduzem suas condies materiais de existncia e o modo como pensam e interpretam essas relaes.- Marx tambm conserva a idia de que a realidade histrica e por isso reflexiva: matria no reflete, mas a matria social (relaes sociais entendidas como relaes de produo) reflete.- Marx tambm conserva o conceito de alienao faz mudanas e completa: alienado aquele no qual o produtor no se pode reconhecer no produto de seu trabalho porque as condies desse trabalho, suas finalidades reais e seu valor no dependem do prprio trabalhador, mas do proprietrio das condies do trabalho.- A realidade (e todos os entes que esto dispostos) so formas de nossas relaes com a natureza mediadas por nossas relaes sociais (so seres culturais, campos de significao variados no tempo e no espao, dependentes de nossa sociedade, de nossa classe social, de nossa posio na diviso social do trabalho, dos investimentos simblicos que cada cultura imprime a si mesma atravs das coisas e dos homens).

  • OBS: o real no um dado sensvel nem um dado intelectual, mas um processo, um movimento temporal de constituio dos seres e de suas significaes, e esse processo depende fundamentalmente do modo como os homens se relacionam entre si e a natureza. Essas relaes constituem as relaes sociais como algo produzido pelos prprios homens.Portanto: das relaes pessoais que partiremos para compreender os contedos e as causas dos pensamentos e das aes dos homens. Devem ser adotadas no como fatos (desse modo estaramos em plena ideologia), mas como processos histricos (origem das relaes sociais, suas diferenas temporais.

    A dialtica materialista porque seu motor no o trabalho do Esprito, mas o trabalho material propriamente dito: o trabalho como relao dos homens com a natureza.