Aula METEP Fichamento

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DISCIPLINA DE METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO Professora Maria Luisa da Silva Borniotto FICHAMENTO No início de todo trabalho monográfico de pesquisa acadêmica, como na construção de uma dissertação ou tese, existe a necessidade de que se tenha em mãos, todos os livros ou textos que possam conter os dados para o desenvolvimento do referencial teórico que nortearão o desenvolvimento da pesquisa. Como nem sempre a aquisição desse material é possível, os livros de Metodologia Científica orientam o aluno-pesquisador que faça um levantamento bibliográfico de todos os livros que possam conter o tema-problema de sua pesquisa, textos, capítulos, revistas, periódicos, que tratam dos assuntos de seu interesse utilizando-se de fichas bibliográficas para anotação de informações a respeito desses conteúdos. O armazenamento dessas informações poderá ser feito tanto num arquivo de fichas , manualmente ou digitado pelo computador. Podem ser anotados como: arquivo de leitura/ arquivo de idéias/arquivo de citações/ arquivo bibliográfico. Para facilitar o manuseio das fichas ou consulta aos arquivos, pode-se escrever no topo de cada ficha: ex. FICHA DE COMENTÁRIO/ FICHA DE RESUMO/ FICHA DE CITAÇÃO DIRETA. O aluno deve começar a fichar os assuntos e bibliografias que são de seu interesse, desde o início de sua vida acadêmica,

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DISCIPLINA DE METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICOProfessora Maria Luisa da Silva Borniotto

FICHAMENTO

No início de todo trabalho monográfico de pesquisa acadêmica, como na

construção de uma dissertação ou tese, existe a necessidade de que se

tenha em mãos, todos os livros ou textos que possam conter os dados

para o desenvolvimento do referencial teórico que nortearão o

desenvolvimento da pesquisa. Como nem sempre a aquisição desse

material é possível, os livros de Metodologia Científica orientam o

aluno-pesquisador que faça um levantamento bibliográfico de todos os

livros que possam conter o tema-problema de sua pesquisa, textos,

capítulos, revistas, periódicos, que tratam dos assuntos de seu interesse

utilizando-se de fichas bibliográficas para anotação de informações a

respeito desses conteúdos.

O armazenamento dessas informações poderá ser feito tanto num

arquivo de fichas, manualmente ou digitado pelo computador. Podem ser

anotados como: arquivo de leitura/ arquivo de idéias/arquivo de citações/

arquivo bibliográfico. Para facilitar o manuseio das fichas ou consulta aos

arquivos, pode-se escrever no topo de cada ficha: ex. FICHA DE

COMENTÁRIO/ FICHA DE RESUMO/ FICHA DE CITAÇÃO DIRETA.

O aluno deve começar a fichar os assuntos e bibliografias que são de seu

interesse, desde o início de sua vida acadêmica, facilitando assim,

estudos futuros e realizações de trabalhos monográficos que geralmente

são realizados no final dos cursos de graduação.

COMO SE FAZ UM FICHAMENTO?

Antes de iniciarmos as anotações bibliográficas de um determinado

assunto é necessário ficarmos atentos à compreensão que se tem do

determinado tema. Para isso, é bom lembrar que o aluno deve ter:

capacidade de analisar o texto, separar suas partes e examinar como se

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inter-relacionam e como o texto se relaciona com outros, competência

para resumir as idéias do texto – vocabulário, informações sobre o autor,

contexto sócio-econômico-histórico e objetivo do texto; fica atento para

qual é a teoria desenvolvida, os conceitos apresentados. Ou seja, o aluno

deve ficar atento às “diretrizes para leitura, análise e interpretação

de textos” conforme apresentado por (SEVERINO, 2007) no livro

Metodologia do trabalho científico. Páginas: 49 a 66.

FICHAS DE LEITURA

Registram informações bibliográficas completas de livros, anotações

sobre tópicos de obras, citações diretas, juízos valorativos a respeito da

obra, resumo de textos, comentários, artigos científicos, resenhas de

filmes, documentários. Enquanto a ficha bibliográfica contém apenas as

informações bibliográficas necessárias para localizar um livro, as fichas

de leitura contêm todas as informações sobre um livro ou artigo.

De modo geral, a ficha de leitura pode ter o seguinte tamanho:

Tipo pequeno: 7,5 x 12,5 cm

Tipo médio: 10,5 x 15,5 cm

Tipo grande: 12,5 x 20,5 cm

As fichas de cartolina são facilmente manuseadas, mas o estudioso

poderá optar pelas fichas mais simples, confeccionadas de papel comum:

dobra-se o papel ao meio, obtêm-se duas fichas, cortando o papel,

evidentemente.

Quais são as formas de se fichar um livro?

Indicações bibliográficas precisas;

Informações sobre o autor;

Resumo (ou de conteúdo);

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Citações diretas (transcrições);

Comentários apreciativos (ou analíticos).

Para facilitar a realização do trabalho de redação e consulta ao arquivo,

pode-se escrever no alto da ficha a especificação dela: ficha de

comentário, ficha de resumo, ficha de citação direta.

Segue abaixo alguns exemplos de fichamentos

1) FICHA DE INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Anotações das referências bibliográficas, segundo normas da ABNT (NBR

6023:2002). Esses dados são encontrados nos livros em suas primeiras

páginas, denominada de “FICHA CATALOGRÁFICA”.

ANDRADE, Maria Margarida de

Comunicação em língua portuguesa: Para os cursos de jornalismo, propaganda e letras/ Maria Margarida de Andrade; João Bosco Medeiros. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000.

Bibliografia.

ISBN 85-224-2682-1

1.Português – Estudo e ensino 2. Português – Gramática 3. Português – Redação I. Medeiros, João Bosco, 1954- II. Título.

97-0953 CDD – 469-07

2) Ficha de assunto

ESTRUTURA SINTÁTICA DA FRASE

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GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. 8 ed. Rio de Janeiro: FGV, 1980. P.6-112.

3) Ficha de título de obra

Problemas de redação

PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

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ESSES MODELOS DE FICHAS ACIMA SÃO MUITO ENCONTRADOS EM

FICHÁRIOS DE BIBLIOTECAS. A SEGUIR, SERÃO APRESENTADOS OS

MODELOS DE FICHAMENTOS DE LEITURA, NECESSÁRIOS PARA A

PRÁTICA DA REDAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS. ESSES

FICHAMENTOS PODEM SER DE VARIADOS TIPOS:

Transcrição direta/ de resumo/ de comentários avaliativos.

1) Fichamento de transcrição

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A transcrição direta de até três linhas deve ser contida entre “aspas” duplas. As aspas simples servem para indicar citações no interior de citações.

Indica-se o número da página de onde foi transcrito o texto. Se houver erros de grafia ou gramaticais, copia-se como está no original e escreve-se entre parênteses (sic).

Exemplo:

“Os autores deve (sic) conhecer...”

A supressão de palavras é indicada com três pontos entre colchetes.

Exemplo:

“Completude, referência, tematização, coesão, unidade são conceitos que definem o texto como tal. [...] Assim, o autor apresenta critérios que orientam o processo da escrita.”

Supressões iniciais e finais NÃO precisam ser indicadas:

“[...] Completude, referência, tematização, coesão, unidade são conceitos que definem o texto como tal [...].”

PREFIRA:

“Completude, referência, tematização, coesão, unidade são conceitos que definem o texto como tal.”

CITAÇÕES DIRETAS com mais de três linhas devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que a do texto utilizado e sem aspas.

Essa forma de citação deve-se copiar as próprias palavras do autor do texto pesquisado.

2) Ficha de transcrição sem cortes

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Transcrição A PEDAGOGIA LIBERAL: IMPLANTAÇÃO

PORTO, Maria do Rosário Silveira. Função social da escola. In: FISCHMANN, Roseli (Coord.) Escola brasileira. São Paulo: Atlas, 1987. P. 39-42.

Conforme dissemos no item anterior, a pedagogia liberal que marca o desenvolvimento das escolas do século passado e que ainda influencia a prática escolar no Brasil é conseqüência de uma doutrina liberal, que defendia a liberdade e os interesses individuais numa sociedade cuja organização se direcionava para a posse da propriedade privada e dos meios de produção; portanto, como justificativa do sistema capitalista.

Para a pedagogia liberal, a escola a escola tem a função de preparar o indivíduo para desempenhar papéis sociais, tendo em vista sua aptidão individual, seu talento inato e seus interesses. Na verdade, o que ela tenta fazer é adaptar o indivíduo às normas e valores vigentes numa sociedade de classes, por meio do seu desenvolvimento cultural.

3) Fichamentos de transcrição com corte intermediário de algumas palavras

Transcrição LEGADO DE AUGUSTO

ENGEL, Jean-Marie; PALANQUE, Jean-Rémy. O império romano. São Paulo: Atlas, 1978. P. 9-10.

Augusto morreu satisfeito. Meses ante da morte havia redigido um resumo de seus feitos, as Res gestae, destinado a ser gravado em bronze e exposto publicamente. Lisonjeava-se de ter instituído “o regime mais venturoso”, de ter dado ao Império limites definitivos e de “morrer com a esperança de que os fundamentos do Estado permaneceriam inabaláveis”. [...] Augusto deixou um legado que bastaria simplesmente preservar.

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O que sobreveio a tais promessas? Não foram mantidas, mas também não foram renegadas e, até o fim do século XI, a Roma imperial guardou uma aparência tão elegante que, por comparação, a tradição deu aos séculos seguintes o nome, talvez injustamente pejorativo, de “Baixo Império”. Dessa forma, cortou-se na evolução de Roma um período que principia com a morte de Augusto, mas cujo término é muito difícil determinar. [...] Todo limite é ao mesmo tempo arbitrário e necessário. Aderindo ao costume geral, optaremos por 192.

4) Fichamento de transcrição com corte de parágrafos intermediário

Transcrição ETNOCENTRISMO

ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1999. Col. Primeiros Passos. p. 7-22.

Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. [...].

Como uma espécie de pano de fundo da questão etnocêntrica temos a experiência de um choque cultural. De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.

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5) Fichamento de transcrição sem cortes

Transcrição IMPRESSIONISMO

SERULLAZ, Maurice. O impressionismo. São Paulo: Difel, 1965. P.8.

Representando aquilo que é, por definição, passageiro, os pintores vão ser levados ulteriormente a executar “séries” onde acompanhamos as transformações de um local às várias horas do dia. Mas essas séries, onde o artista quer demonstrar essas transformações impostas pela luz, não tardarão a tornar-se um sistema de que a espontaneidade – uma das qualidades fundamentais do impressionismo nascente – está logo ausente.

6) Fichamento de resumo

Resumo IMPRESSIONISMO

SERULLAZ, Maurice. O impressionismo. São Paulo: Difel, 1965. P.8.

Define o impressionismo como movimento ocupado com o fugaz. O artista capta as transformações impostas pela luz. Esta característica espontânea inicialmente torna-se regra, fazendo o movimento posterior diferente do inicial.

7) Fichamento de comentários

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Comentário RELAÇÃO LEITOR/OBRA

TACCA, Oscar. As vozes do romance. Coimbra: Almedina, 1983. P. 152-153.

Notam-se no texto de Tacca as seguintes transformações por que passa o leitor: inicialmente, convidado; depois, participante da família e, por fim, transfigurado. A comparação explicita o comportamento do leitor com a obra e a impossibilidade de permanecer distante, amorfo, inerme. A leitura possibilita a transfiguração, a transformação radical que leva a atingir um estado glorioso, E neste caso, leva o leitor a um contato com realidades estranhas ao mundo sensível. Talvez se possas ver aí um resquício da filosofia de Plotino que dizia que a arte dá acesso à realidade absoluta. E a arte transforma-se numa atividade espiritual.

Referências:

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, Resumos, Resenhas. Páginas 110 a 131