Aula Teorica 05 - Compostos Organicos Nitrogenados e Haletos de Alquila

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Universidade Federal Rural do SemiÁrido UFERSA 1 Prof. Ms. Zilvam Melo – Química Orgânica 1. Compostos Orgânicos Nitrogenados Os compostos orgânicos nitrogenados são moléculas orgânicas que apresentam em sua constituição o heteroátomo nitrogênio. O conjunto de átomos que possui o nitrogênio como heteroátomo é o grupo funcional da molécula. 1.1 Aminas Aminas podem ser interpretadas como sendo substâncias em que um ou mais átomos de hidrogênio de uma molécula de amônia (NH 3 ) foram substituídos por grupos alquilas. O odor de peixes são características de aminas menores. Grupo Funcional Fórmula Geral: RNR’R’’, ArNR’R’’, RNAr’R’’, RNR’Ar’’, ArNAr’R’’, ArNAr’Ar’’ N H H C 1.1.1 Classificação das Aminas a) Quanto tipo de substituinte ligado ao nitrogênio. Amina Alifática: Nenhum dos substituintes ligados ao nitrogênio apresenta núcleo ou anel aromático. N H 2 C H H 2 C H 3 C H N H 3 C CH 3 CH 3 Propilamina Trimetilamina

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1 Prof. Ms. Zilvam Melo – Química Orgânica 

1. Compostos Orgânicos Nitrogenados 

Os compostos orgânicos nitrogenados são moléculas orgânicas que apresentam 

em  sua  constituição  o  heteroátomo  nitrogênio.  O  conjunto  de  átomos  que  possui  o 

nitrogênio como heteroátomo é o grupo funcional da molécula. 

 

1.1 Aminas 

Aminas podem ser  interpretadas como sendo substâncias em que um ou mais 

átomos  de  hidrogênio  de  uma  molécula  de  amônia  (NH3)  foram  substituídos  por 

grupos alquilas. O odor de peixes são características de aminas menores.  

Grupo Funcional 

 

Fórmula Geral: RNR’R’’, ArNR’R’’, RNAr’R’’, RNR’Ar’’, ArNAr’R’’, ArNAr’Ar’’ 

 

NH

H

C

     

 

 

1.1.1 Classificação das Aminas 

a) Quanto tipo de substituinte ligado ao nitrogênio. 

 

• Amina  Alifática:  Nenhum  dos  substituintes  ligados  ao 

nitrogênio apresenta núcleo ou anel aromático. 

NH2C

H

H2CH3C H NH3C

CH3

CH3

Propilamina Trimetilamina  

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• Amina Aromática: Pelo menos um dos substituintes    ligados ao 

nitrogênios apresenta um núcleo ou anel aromático. 

NH2C

H2CH3C H N

Fenil‐propilamina Trifenilamina  

 

b) Quanto ao Número de Hidrogênios Substituídos Por Radicais. 

 

• Amina  Primária:  Apenas  1  hidrogênio  foi  substituído  por 

radicais. 

 

NH2C

H

H

2‐metilpropanamina

HCH3C

CH3

NH2C

H

H2CH3C H

Propilamina  

 

• Amina Secundária: Dois hidrogênios substituídos por radicais. 

 

NH2C

H2CH3C H

Fenil‐propilamina

H2CN

H2C

H

CH3H3C

N‐etiletanamina

   

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• Amina Terciária: Três hidrogênios são substituídos por radicais.  

H2CN

H2C

CH3

H2CNH3C

CH3

CH3

N,N‐dimetilmetanamina N‐etil‐N‐metil‐1‐propanamina

CH3H3C

 

 

1.1.2 Nomenclatura Sistemática das Aminas (IUPAC) 

A IUPAC recomenda utilizar um sufixo para denotar o grupo funcional amina. O 

final “o” do nome da cadeia principal é substituído por “amina” (similar à forma como 

os alcoóis são nomeados).  

Um número  identifica  o  carbono  ao  qual  o  nitrogênio  está  ligado.  O  número 

pode  aparecer  antes  do  nome  da  cadeia  principal  ou  antes  de  “amina”.  O  nome  de 

qualquer  grupo  alquila  ligado  ao  nitrogênio  é  precedido  por  “N”.  Isso  é  feito  para 

indicar que o grupo alquila está ligado ao nitrogênio em vez de a um carbono. 

Os  substituintes  (independentemente  se  estão  ligados  ao  nitrogênio  ou  não) 

dever  ser  listados  em  ordem  alfabética,  depois  de  um  número  (se  o  substituinte 

estiver  ligado  à  cadeia  principal)  ou  um  “N”  (se  o  substituinte  estiver  lidado  ao 

nitrogênio). A cadeia é sempre numerada na direção que dê o menor número possível 

para o grupo funcional. 

Prefixo  +  infixo  +  sufixo (amina) 

 

CH3CH2CHCH2CH2CH3

NHCH2CH3

CH3CH2CH2CH2NH2 CH3CH2CH2NCH2CH3

CH3

1234 1 2 3 4 5 6 123

N‐etil‐3‐hexanaminaou

N‐etil‐hexan‐3‐amina

1‐butanaminaou

butan‐1‐aminaou

butanamina

N‐etil‐N‐metil‐1‐propanaminaou

N‐etil‐N‐metilpropan‐1‐aminaou

N‐etil‐N‐metilpropanamina  

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Exemplos: 

NH3C

H

H  Metanamida 

NH2C

H

HH3C 

Etanamina 

NH2C

H

HHCH3C

CH3

 2­metil­1­propanamina 

NH3

 Cicloexanamina 

 

H2CNH3C

H

CH3 

N­metiletanamina 

H2CN

H2C

H

CH3H3C 

N­etiletanamina 

H2CN

H2C

CH2

CH3H3C

CH3

  

N,N­dietiletanamina 

NH2

 Benzenamina 

H3C

H3C

NH2

 4,4­dimetilcicloexanamina 

 

 

 

1.1.3 Nomenclatura Usual das Aminas  

O  nome  comum  de  uma  amina  consiste  primeiramente  em  escolher  o  grupo 

alquila mais complexo (em geral com maior número de carbonos) ligado ao nitrogênio 

e  assumir  que  este  será  a  cadeia  principal  e  os  outros  grupos  alquilas  ligados  ao 

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nitrogênio  serão  considerados  grupos  substituintes.  Assim,  os  nomes  grupos 

substituintes devem ser listados em ordem alfabética, seguido pelo sufixo “amina”.  

 

Nome do(s) substituinte(s) com terminação il  (em ordem alfabética)  

+    amina 

 

Exemplos: 

NH CH3H

 Metilamina  

 

CH3NCH3

CH3  

 trimetilamina 

NCH2

CH3H

H3C 

metiletilamina  

CH3NCH2CH2CH2CH3

CH3  dimetilbutilamina 

 N

CH3

H3CH2C CH2CH2CH3 

etilmetilpropilamina  

N CH3CH2

CH3

  

etilmetilfenilamina   

H3C C

CH3

NH2

CH3

 t­butilamina 

 

 NH2CH2CH2CH2CH2NH2  

 

 1,4­butildiamina 

 

N

CH3

CH2CH2CH2CH3

 butilmetilciclopentilamina 

 

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1.1.4 Propriedades Físicas das Aminas 

Aminas  primárias  e  secundárias  também  formam  ligações  de  hidrogênio;  as 

aminas têm pontos de ebulição maiores do que os alcanos de mesma massa molecular. 

No entanto, o nitrogênio não é  tão eletronegativo quanto o oxigênio, de modo que as 

ligações de hidrogênio entre moléculas de aminas são mais  fracas que as  ligações de 

hidrogênio  entre  as moléculas  de  um  álcool.  Uma  amina,  dessa  forma,  tem ponto  de 

ebulição menor que um álcool com massa molecular semelhante. 

Como aminas primárias  têm duas  ligações N‐H, a  ligação de hidrogênio é mais 

significativa em aminas primárias do que em aminas secundárias. As aminas terciárias 

não podem  formar  ligações de hidrogênio entre  suas próprias moléculas porque não 

têm hidrogênio ligado ao nitrogênio. Consequentemente, se compararmos aminas com 

mesma massa molecular  e  de  estruturas  semelhantes,  observaremos  que  as  aminas 

primárias têm prontos de ebulição maiores do que as secundárias, que por sua vez têm 

maiores pontos de ebulição que as aminas terciárias. 

CH3CH2CHCH2NH2

CH3

CH3CH2CHNHCH3

CH3

CH3CH2NCH2CH3

CH3

amina primáriaPE = 97 oC

amina secundáriaPE = 84 oC

amina terciáriaPE = 65 oC  

 

 

1.2 Amidas 

Amida é todo composto orgânico no qual uma carbonila está ligada diretamente a um átomo de nitrogênio.  

Grupo Funcional 

Fórmula Geral: 

RCONR’R’’  

ArCONR’R’’ 

RCONAr’R’’ 

RCONR’Ar’’ 

ArCONAr’R’’  

N

O

     

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1.2.1 Nomenclatura das Amidas não Substituídas (IUPAC) 

A IUPAC recomenda utilizar um sufixo para denotar o grupo funcional amida. O 

final “o” do nome da cadeia principal é substituído por “amida” (similar à forma como 

nas aminas).  

Utilizam‐se números para  identificar os carbonos da cadeia principal os quais 

são  numerados  de  forma  que  a  carbonila  fique  com  a  numeração  1.  O  nome  de 

qualquer  grupo  alquila  ligado  ao  nitrogênio  é  precedido  por  “N”  para  indicar  que  o 

grupo está lidado ao nitrogênio em vez de a um carbono. 

Os  substituintes  devem  ser  listados  em  ordem  alfabética,  depois  de  um 

número  (se  o  substituinte  estiver  lidado  à  cadeia  principal)  ou  um  “N”  (se  o 

substituinte estiver lidado ao nitrogênio).  

 

nome do substituinte ligadoà cadeia principal             (quando existir) 

+  prefixo  +  infixo  +  sufixo (amida) 

 Exemplos: 

H3C C

O

NH2

 etanamida  

 

H2C C

O

NH2

H3C

 propanamida  

 

H2C C

O

NH2

HCH3C

CH3

  

3­metil­butanamida  

H2C C

O

NH2

HCC

HCH

H2CH3C

CH(CH3)2

CH2CH3CH3   

4­etil­3­isopropril­5­metil­heptanamida 

 

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1.2.2 Nomenclatura Oficial das Amidas Substituidas (IUPAC) 

 

N  +  nome do substituinte  (ligado ao nitrogênio)  

nome do substituinte ligado à cadeia principal     (quando existir) 

 

+  prefixo  +  infixo  +  sufixo (amida) 

  Exemplos: 

H2C C

O

N

H3C

H

CH3

  

N­metil­propanamida  

H2C C

O

N

HCH3C

CH3CH3

H

 N­metil­3­metil­butanamida 

   

H2C C

O

N

HCC

HCH2

H2C

CH3

H2CH3C

CH3

CH3

CH3

  

N­etil­N­metil­3­etil­4­metil­exanamida 

 

 

1.2.3 Propriedades Físicas das Amidas 

Amidas não‐substituídas possuem pontos de ebulição muito superiores aos dos 

ácidos carboxílicos correspondentes em massa molecular.  Isso se deve à formação de 

maior  número  de  ligações  de  hidrogênio  e  maior  formação  de  "moléculas  dímeras" 

pelas  amidas.  Pode‐se  provar  esse  fato,  substituindo os  hidrogênios  do  grupo  amino 

por  radicais  CH3.  Como  pode‐se  ver  na  Tabela  1,  os  pontos  de  fusão  e  ebulição 

diminuem,  apesar  do  aumento  da  massa  molecular.  Isso  se  dá  pela  diminuição  da 

formação  de  ligações  de  hidrogênio  devido  estar  ocorrendo  a  substituição  de 

hidrogênios ligados ao nitrogênio por grupos alquilas. 

 

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Tabela 1: Propriedades Físicas das Amidas. 

Estrutura  Massa Molecular  PF (oC)  PE (oC) CH3CONH2  59  81  222 

CH3CONH(CH3)  73  28  206 CH3CON(CH3)2  87  06  166 

 

 

 

1.3 Nitrilas ou Nitrilos 

Denomina‐se nitrila todo composto orgânico derivado do cianeto de hidrogênio 

ou  ácido  cianídrico, HCN, na qual  ocorre uma  troca de um hidrogênio por um grupo 

substituinte. As nitrilas são também conhecidos por cianetos de alquila.  

 

Grupo Funcional 

 Fórmula Geral: RCN, ArCN 

 C C N

 

 

C CN

 

 

 

 

1.3.1 Nomenclatura Oficial das Nitrilas (IUPAC) 

 

Prefixo +  infixo  +  o  +  sufixo (nitrilo ou nitrila) 

 

Exemplos: H3C CN   Etano nitrilo(a)  

 

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H2C CN

HCH3C

CH3  

 3­metil­butano nitrilo(a) 

 

CN 

 Fenilmetano nitrilo(a) 

 

 

1.4 Haletos de Alquilas 

Haletos  de  alquila  são  substâncias  em  que  um  hidrogênio  de  um  alcano  foi trocado por um halogênio.  

Grupo Funcional 

 Fórmula Geral: RCX, ArCX 

 C X

 

Onde X é um halogênio 

 

1.4.1 Classificação dos Haletos de Alquila 

Haletos  de  alquila  podem  ser  divididos  em  primário,  secundário  e  terciário, dependendo do carbono ao qual o halogênio estiver ligado. 

 

• Haletos  de  Alquila  Primário:  Apresenta  um  halogênio  ligado  a  um 

carbono primário: 

 

H3CH2C Br

Bromoetano   

• Haletos  de  Alquila  Secundário:  Apresenta  um  halogênio  ligado  a  um 

carbono secundário: 

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RHC R

Br

Haleto de alquila secundário    

• Haletos de Alquila Terciário: Apresenta um halogênio ligado a um 

carbono terciário: 

 

R C R

Br

R

Haleto de alquila terciário  

 

1.4.2 Nomenclatura dos Haletos de Alquila 

No sistema IUPAC, haletos de alquila são nomeados como alcanos substituídos. 

Onde os halogênios são  tratados como se  fossem grupos substituintes. Os nomes dos 

prefixos  do  substituinte  são  os  próprios  nomes  dos  halogênios  (isto  é,  flúor,  cloro, 

bromo,  iodo).  Portanto,  os  haletos  de  alquila  são  muitas  vezes  chamados  de 

haloalcanos.  Todos  os  grupos  substituintes  assim  como  os  halogênios  devem  ser 

listados em ordem alfabética. Em haletos de alquila de cadeia aberta, deve‐se numerar 

a cadeia principal de forma que o halogênio fique com a menor numeração possível. 

nome do halogênio        +  prefixo  +  infixo  +  sufixo  

Exemplos: 

H3CH2C C

H

H2C

HC CH3

Br

CH3   

2­bromo­4­metilexano   

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CH2C

H2C

H2C

H2C CH2ClH3C

CH3

CH3

 1­cloro­6,6­dimetileptano 

 

I

CH2CH3

  

2­etil­1­iodociclopentano 

Br

Cl

CH3

    

4­bromo­2­cloro­1­metilcicloexano 

 

 

2. Referências 

1. SOLOMONS, T. W.; GRAHAM; CRAIG FRYHLE. Química Orgânica. 8. ed. Rio de 

Janeiro: LTC, 2005. 1 e 2 v. 

2. ALLINGER, N. L. Química Orgânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. 

3. BRUICE, P. Y. Química Orgânica. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2006