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  • Universidade de So Paulo - USP Escola de Engenharia de So Carlos - EESC Departamento de Engenharia Eltrica - SEL

    SEL0406 Automao

    Prof. Dennis Brando

    Notas de Aula

    Verso 2010

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

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    1. Introduo

    O objetivo desta introduo de apresentar uma breve leitura histrica da evoluo

    tecnolgica em que se baseia a rea da automao industrial atual. Para tanto ser necessrio

    primeiro introduzir, a ttulo de reviso, alguns conceitos bsicos que sero utilizados no decorrer

    deste texto.

    1.1. Sistemas

    Tradicionalmente, o trabalho de investigao de cientistas e engenheiros se volta para o

    estudo de fenmenos naturais que podem ser modelados por leis naturais, tais como a lei da

    gravidade, leis da mecnica e da eletricidade clssicas, leis da qumica e da fsica. Nestes

    estudos, costumam-se encontrar quantidades ou medidas de deslocamento, temperatura,

    aceleraes, cargas eltricas entre outras. Em todas estas medidas, o conceito do tempo est

    associado a uma grandeza contnua, ou seja, medidas podem ser tomadas em quaisquer valores

    reais de tempo, uma vez que este evolui contnua e constantemente em nosso ambiente.

    Portanto, todo um conjunto de tcnicas e ferramentas matemticas foi desenvolvido para

    modelar, analisar e controlar tais fenmenos ou parmetros naturais, baseadas principalmente em

    equaes diferenciais ordinrias e parciais.

    Entretanto, no cenrio cientfico atual cada vez mais dependente de computadores de

    sistemas computadorizados, pode-se notar que muitas das quantidades que utilizamos em

    engenharia no so mais contnuas, elas so discretas, ou seja, possuem valores inteiros. Por

    exemplo, pode-se citar a quantidade de peas em uma linha de montagem ou a quantidade de

    alarmes ativos em uma fbrica. Nota-se tambm que o incio de muitos processos depende de

    eventos instantneos, tais como o pressionar de um boto ou o ativar de um sensor. De fato,

    muitas das tecnologias em uso so orientadas a eventos, tais como as redes de comunicao, os

    programas de computadores ou unidades em fbricas.

    Diante de tal observao, pode-se definir um sistema como:

    Uma combinao de componentes que atuam conjuntamente para realizarem uma tarefa

    impossvel a cada uma de suas partes individualmente (Dicionrio de termos tcnicos do IEEE).

    Esta definio na est associada somente a objetos fsicos ou a leis naturais, pode

    descrever, todavia, mecanismos econmicos bem como comportamento humano ou de

    populaes.

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    1.2. Modelos

    Para a anlise quantitativa de um sistema, importante para o projeto de sistemas de

    automao, necessrio a atribuio de valores bem definidos caractersticas de desempenho

    deste sistema. Tal atribuio de valores resulta em um modelo.

    No processo de modelagem, necessrio, portanto, a definio ou identificao de

    variveis mensurveis, por exemplo, tenso eltrica em um dado circuito ou velocidade de certa

    pea.

    As variveis mensurveis podem ser de entrada, a estas possvel manipular em um

    perodo temporal, geralmente se atribui a notao de u1(t)... un(t) com t0 t tf.

    Tambm as variveis podem ser de sada, so as que se pode medir frente a uma

    variao das variveis de entrada em dado perodo de tempo. Utiliza-se neste caso a notao

    y1(t)... yn(t) com t0 t tf.

    Para finalizar a modelagem, razovel assumir que exista uma relao matemtica ou

    fsica entre as variveis de entrada e as de sada. Matematicamente podemos representar tal

    relao pelo seguinte equacionamento:

    y1(t)=g1(u1(t)... un(t)) (1.1)

    .

    .

    .

    yn(t)=gn (u1(t)... un(t))

    Esta a forma mais simples de se modelar. Podemos considerar que um sistema algo

    real, enquanto que um modelo uma abstrao que geralmente somente se aproxima do

    comportamento real do sistema.

    Figura 1.1. Modelagem

    MODELOu(t) y(t)=g(u)

    SISTEMA

    ENTRADAS SADAS

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    Conclui-se que quanto maior a proximidade entre os comportamentos do sistema e do

    modelo, melhor considerado o modelo. Quando o modelo adequado a determinada anlise,

    comum utilizar o termo modelo como sinnimo de sistema.

    Exemplo 1.1 (Sistema divisor de tenso)

    O circuito divisor de tenso apresentado na figura 1.2 apresenta cinco variveis: a tenso

    de alimentao V, a corrente eltrica i, as resistncias r e R e a tenso em R.

    Figura 1.2. Sistema eltrico simples

    O modelo mais simples que se pode construir baseado na teoria de circuitos eltricos:

    iRv

    rR

    RVv

    =

    += (1.2)

    Assumindo-se que se pode ajustar V, com interesse na regulagem da tenso de sada v,

    podemos obter o seguinte modelo:

    Figura 1.3. Modelo 1 para o sistema

    r

    Ri

    V v

    MODELOrR

    RVv

    +=

    V

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    Caso a tenso de alimentao seja fixa, e o ajuste se d pela resistncia r, ento o modelo

    seria:

    Figura 1.4. Modelo 2 para o sistema

    Finalmente, poderamos ter o modelo a seguir caso ambos V e r sejam ajustveis e haja

    interesse na regulagem da corrente i:

    Figura 1.5. Modelo 3 para o sistema

    Exemplo 1.2 (Sistema massa-mola)

    O sistema massa-mola apresentado na figura 6 sofre uma excitao no instante t=0,

    quando a massa movimentada desde a posio de repouso at u(0) = u0 > 0 e ento solta. O

    deslocamento da massa em qualquer instante de tempo t>0 denominado y(t). Das leis da

    mecnica, sabe-se que o movimento da massa definido por uma oscilao harmnica descrita

    pela seguinte equao diferencial de segunda ordem:

    kyym -= (1.3)

    Com condies iniciais de 0)0( =y e 0)0( =y . Se o interesse controlar o deslocamento

    inicial u(0) e observar a posio da massa no tempo, pode-se propor o modelo apresentado na

    figura 6 com a seguinte varivel de entrada u(t):

    u(t) = u0 , t=0

    0 , caso contrrio

    MODELOrR

    RVv

    +=

    r

    MODELOrR

    Vi

    +=

    r

    V

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    A sada y(t) a soluo da equao diferencial (1.3), com k e m constantes.

    Figura 1.6. Sistema massa-mola e seu modelo

    Na prtica, o estudo desta classe de sistemas realizado no no domnio temporal de t,

    recorre-se a transformaes matemticas que levam a uma mudana de domnio que facilite a

    anlise. o caso da mudana de domnio para o domnio da freqncia ou para o domnio de

    Laplace.

    Sistemas Estticos e Dinmicos

    Define-se um sistema esttico quando as sadas y(t) so independentes dos valores

    passados das entradas u(),

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    Estado de um Sistema

    Pode-se dizer simplificadamente que o estado de um sistema em dado instante deve

    descrever seu comportamento de maneira mensurvel naquele instante de tempo.

    Uma definio mais adequada apresentada a seguir.

    O estado de um sistema no instante t0 o conjunto de informaes necessrio em t0 para

    que as sadas y(t), para todo t>t0, possam ser definidas por este conjunto de informaes e por

    u(t), tt0.

    Assim como as entradas un(t) e as sadas yn(t), o estado geralmente representado por

    variveis denotadas por xn(t). Estas variveis so denominadas variveis de estado.

    Existe toda uma teoria de modelagem de sistemas baseada em estados, denominada

    modelagem por espao de estados. Tal teoria consiste na determinao de relaes matemticas

    entre un(t), yn(t) e xn(t). Referimo-nos a estas relaes matemticas por dinmica de um sistema.

    Assim como na modelagem, existem tambm controladores e teorias de controle

    desenvolvidas com base no espao de estados.

    Sistemas Lineares e No-Lineares

    A natureza das equaes gn em (1.1) define a linearidade de um sistema. Uma funo

    dita linear se e somente se:

    g(a1u1 + a2u2) = a1g(u1) + a2g(u2) (1.4)

    Ou seja, se vale o princpio da superposio de duas respostas frente superposio de

    dois estmulos.

    Sistemas Contnuos e Discretos

    Em sistemas contnuos, o espao de estados X contnuo e consiste de valores reais (ou

    complexos). Normalmente utilizam-se equaes diferenciais e tcnicas associadas para a anlise.

    Em sistemas discretos, o espao de estados X um conjunto discreto. As variveis de

    estado, neste caso s podem evoluir ou transitar em pontos discretos no tempo, de um valor a

    outro.

    Naturalmente existem sistemas hbridos, onde algumas variveis apresentam

    comportamento contnuo ao passo que outras, discreto.

    O comportamento dinmico de um sistema discreto em geral de simples entendimento

    quando o mecanismo de transies de estado baseado em regras lgicas como esta se alguma

    situao especfica acontecer e o estado atual for x, ento o prximo estado ser x. Entretanto o

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    formalismo matemtico para expressar e resolver tais equaes de estado pode ser to ou mais

    complexo de que o baseado em equaes diferenciais utilizadas em modelos contnuos.

    Exemplo 1.2 (Armazm)

    Considere o armazm de produtos acabados em uma fbrica. Sempre que um produto

    fabricado, armazenado ali. Um caminho carregado periodicamente com certo nmero de

    produtos, considera-se, portanto, como sadas do armazm.

    Deseja-se avaliar o inventrio deste armazm, ou seja, o nmero de produtos estocados

    em dado instante de tempo. Assim, define-se x(t) como o nmero de produtos no instante t e uma

    sada para o modelo y(t) = x(t).

    Figura 1.7. Armazm

    Como os produtos so discretos, o espao de estados deve ser de inteiros no negativos

    {0,1,2...}.

    Supem-se as estradas como duas funes no tempo:

    u1(t) = 1 se um produto armazenado em t

    0 caso contrrio

    u2(t) = 1 se um caminho carregado em t

    0 caso contrrio

    Assumem-se (a) um armazm suficientemente grande para armazenar qualquer nmero

    de produtos, (b) o carregamento do caminho instantneo, (c) que o caminho s pode retirar um

    produto por vez, e (d) que o carregamento do caminho e o armazenamento de um produto nunca

    ocorrem ao mesmo tempo.

    Pode-se representar a evoluo deste sistema pelo caminho que o estado percorre no

    tempo, denotando-se por t+ como o instante de tempo aps t.

    Sada de produtos

    Entrada de produtos

    u1(t)

    u2(t)

    x(t)

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    x(t+) = x(t) +1 se (u1(t) = 1, u2(t) = 0)

    x(t) -1 se (u1(t) = 0, u2(t) = 1, x(t)>0)

    x(t) em outros casos

    Graficamente pode-se representar o caminho do estado x(t) por:

    Figura 1.8. Caminho do estado x(t)

    Sistemas Determinsticos e Estocsticos

    Define-se um sistema estocstico como um sistema onde pelo menos uma de suas

    variveis de sada possua comportamento randmico ou aleatrio. Caso contrrio o sistema

    considerado determinstico. Tomemos como exemplo o sistema eltrico simples descrito (exemplo

    1.1): a tenso V pode estar sujeita a um rudo aleatrio que no pode ter sua amplitude

    considerada com certeza absoluta. possvel, entretanto, que o projetista adote um modelo

    probabilstico realista para representar o rudo e o incorpore ao sistema em questo. A mesma

    argumentao vlida para o exemplo 1.2, caso o sistema massa-mola estivesse sujeito ao

    do vento em uma instalao aberta.

    Problemas prticos como falhas em mquinas e equipamentos, ausncias inesperadas de

    trabalhadores ou atrasos em entregas de peas bem como condies ambientais extremas podem

    afetar a operao e a modelagem de sistemas reais de forma que somente mecanismos e

    tcnicas probabilsticas possam ser adequadamente considerados.

    Em geral, o estado de um sistema dinmico estocstico definido como um processo

    aleatrio e seu comportamento podem ser descrito apenas probabilisticamente. A abordagem

    matemtica para tais casos, portanto, baseada em tcnicas de probabilidades e estatsticas.

    1.3. Conceito de Controle

    t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7 t8 t9

    x(t)

    t

    1

    2

    3

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    Uma pergunta que se pode fazer, em relao a um sistema O que acontece com a sada

    do sistema quando se aplica certa entrada?. Entretanto, os sistemas no so considerados na

    pratica como isolados ou autnomos. De fato, conforme descrito na definio de um sistema,

    existe a idia de realizao de determinada tarefa ou funo.

    Para que um sistema realize sua funo, necessrio que ele seja controlado, pela

    seleo das entradas apropriadas com o objetivo de se obter as sadas ou o comportamento

    desejado.

    Como exemplo, tomemos o ato de dirigir um carro. Podemos controlar sua direo,

    velocidade e acelerao atravs dos pedais do acelerador, freio e embreagem e atravs do

    volante e da alavanca de cambio. O comportamento desejado em tal situao que o carro

    permanea na estrada a uma velocidade razovel.

    Desta forma, as entradas do sistema so vistas como sinais de controle. O comportamento

    desejado relacionado (nos casos escalares) com um sinal de referncia r(t).

    Portanto, dado certo comportamento desejado r(t) a um sistema, nossa tarefa como

    controladores de selecionar u(t) apropriado para ser aplicado como entrada ao sistema de

    forma a levar as sadas de tal sistema para a condio desejada. Esta relao entre r(t) e u(t)

    durante um espao de tempo denominada lei de controle ou simplesmente controle:

    )),(()( ttrtu g= (1.5)

    1.4. Conceito de Realimentao

    A idia de realimentao intuitiva e simples: usar quaisquer informaes disponveis

    sobre o comportamento do sistema, x(t), para ajustar continuamente suas entradas. Nosso

    comportamento fundamentalmente realimentado: o volume de nossa voz se ajusta ao ambiente,

    a temperatura de nossa casa ajustada pela abertura das janelas, a velocidade do nosso carro

    pela observao do velocmetro, dentre outros exemplos. Matematicamente, podemos adotar a

    seguinte relao para a realimentao:

    )),(),(()( ttxtrtu g= (1.6)

    Sistemas de Malha Aberta e de Malha Fechada

    Um sistema com uma lei de controle expressa por uma relao como na equao (1.5)

    chamado de sistema de malha aberta, ao passo que quando adota uma lei de controle baseada

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    na equao (1.6), tal sistema chamado de malha fechada. importante notar que as sadas y(t)

    de um sistema fazem parte do conjunto de estados x(t) deste sistema.

    Em sistemas de controle de malha aberta, as entradas permanecem fixas a despeito do

    efeito (bom ou ruim)que elas provocam nas sadas do sistema. Em sistemas de controle de malha

    fechada, por outro lado, as entradas dependem do efeito que elas provocam nas sadas do

    sistema.

    Figura 1.9. Sistemas de Malha Aberta e Fechada

    1.5. Sistemas de Tempo Discreto

    Assumiu-se at agora que o tempo uma varivel contnua, esta hiptese corresponde

    certamente noo natural de tempo. Entretanto, em uma srie de sistemas de automao e de

    computao as operaes matemticas so realizadas por equipamentos eletrnicos micro-

    processados. Em tais dispositivos, as operaes matemticas e computacionais acontecem

    seqencialmente em certa freqncia fixa de trabalho, geralmente definida por um elemento

    oscilador como um cristal. Define-se ento um clock para tal dispositivo.

    Este tipo de operao baseado em operaes no contnuas no tempo denominado de

    tempo discreto. A importncia do estudo de sistemas de tempo discreto crescente devido ao

    avano dos hardwares digitais e da computao. Tcnicas de projeto e de controle em tempo

    discreto em geral oferecem muita flexibilidade e velocidade associadas a um baixo custo de

    implantao. Alguns sistemas so inerentemente de tempo discreto, tais como os baseados em

    dados peridicos como aos indicadores da economia, por exemplo.

    Nesta classe de sistema, a linha do tempo considerada como uma seqncia de

    intervalos definidos por uma seqncia de pontos t0, t1, t2, t3, t4, t5, t6,....tn. Assume-se que o

    intervalo entre pontos sucessivos regular. Tal intervalo conhecido como perodo de

    amostragem e o instante de amostragem denominado k.

    ),,()( tuxgty =)(tuCONTROLE SISTEMA

    ),,( tuxfx =),()( trtu g=

    Sistema de malha aberta

    ),,()( tuxgty =)(tuCONTROLE SISTEMA

    ),,( tuxfx =),,()( txrtu g=

    Sistema de malha fechada

    )(tr

    )(tr

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    Sistemas de tempo contnuo, quando controlados ou instrumentados por equipamentos de

    tempo discreto apresentam sinais de respostas e de entradas amostrados, onde o domnio

    temporal convertido de t para k, resultando em uma mudana, por exemplo, de x(t) para x(k).

    A figura a 1.10 representa um sinal x(t) e uma de suas possveis formas aps uma

    amostragem digital, semelhante a uma escada. Sempre quando um sinal amostrado, parte da

    informao contida neste perdida, ou seja, toda a amostragem implica em perdas.

    x(t)

    t

    x(k)

    k

    Figura 1.10. Sinal x(t) o correspondente x(k)

    Em situaes reais, quando o perodo de amostragem praticado pelo sistema de controle

    significantemente menor do que os tempos de resposta ou de que a dinmica caracterstica do

    sistema controlado, ou seja, os degraus da escada so muito pequenos, ento a perda de

    informaes no processo de amostragem desprezvel. Nestes casos, possvel utilizar-se da

    teoria de controle clssica para o projeto e a anlise de sistemas de controle de tempo discreto.

    Por questes de simplificao matemtica, em geral o projeto de controladores de tempo

    discreto e a anlise de tais sistemas conduzida em um domnio que no o do tempo discreto k,

    porm no de outra varivel matemtica denominada z.

    1.6. Sistemas a Eventos Discretos

    Quando o especo de estados de um sistema naturalmente descrito por um conjunto

    discreto como {0,1,2,...} e as transies entre estados so observadas em instante discretos de

    tempo, associam-se estas transies de estados a eventos e tais sistemas so ento

    denominados sistemas a eventos discretos.

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    Conceito de Evento

    Conceito de entendimento intuitivo, um evento deve ser conceituado como de ocorrncia

    instantnea e que causa a transio, ou transies de um ou mais valores de estado(s) a outro(s).

    Pode ser associado a uma ao deliberada (o operador pressionou o boto de parada de

    emergncia), a uma ocorrncia espontnea (um sensor falhou) ou ao resultado de uma conjuno

    de condies atendidas em certo instante (nvel no tanque de resfriamento muito alto).

    A representao de um evento dada por e, enquanto que um conjunto discreto de

    eventos denotado por E.

    Exemplo 1.3 (Armazm)

    No armazm do exemplo 1.2, nota-se que dois eventos afetam o estado do sistema:

    armazenamento de um produto e carregamento de um caminho. Pode-se neste caso definir-

    se:

    E={P,C}

    Onde P denota o armazenamento do produto e C o carregamento de um caminho.

    Sistemas Orientados a Evento e Orientados a Tempo

    Em sistemas orientados a tempo, as mudanas de estado so deflagradas com o passar

    do tempo. Esta caracterstica fundamental em sistemas de tempo discreto: o clock o que faz

    um estado evoluir. A cada perodo de amostragem, espera-se que os estados mudem, pois as

    variveis de estado contnuas modificam-se continuamente com o passar do tempo.

    Neste caso, a varivel temporal (t ou k) independente e argumento das funes de

    entrada, de estado e de sada do sistema.

    Em sistemas a eventos discretos, as mudanas de estados ocorrem apenas em pontos

    especficos do tempo, atravs de transies instantneas. Cada transio , portanto, associada a

    um evento.

    O mecanismo em que as transies se baseiam pode ser de dois tipos:

    1. Em todo perodo de amostragem (ou clock tick), ao menos um evento e ocorre dentro

    de E. Se nenhum evento disparado, ento pode-se considerar um evento nulo

    como membro de E, que tem a propriedade de no causar nenhuma mudana de

    estado.

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    2. Em vrios instantes de tempo (no necessariamente coincidentes com os clock ticks),

    alguns eventos ocorrem.

    No tipo 1, as transies de estado so sincronizadas com o clock. O clock individualmente

    responsvel por qualquer transio de estado.

    No tipo 2, cada evento Ee define um processo distinto em que determinado o instante

    em que e disparado.

    A distino entre sistemas baseados nos mecanismos 1 e 2 feita pelos termos orientado

    a tempo e orientado a evento respectivamente.

    Conforme mencionado, sistemas contnuos tm natureza orientada a tempo. Entretanto,

    em sistemas a eventos discretos isto depende se as transies so sincronizadas a um clock ou

    se so de natureza assncrona.

    Uma associao a sistemas orientados a evento pode ser com o sistema de interrupes

    em um computador. Enquanto muitas funes em um computador so sincronizadas pelo clock,

    algumas so de natureza assncrona como, por exemplo, as requisies e aes do usurio.

    Propriedades Caractersticas de Sistemas a Eventos Discretos

    Para que se aplique em sistemas discretos todo o ferramental da teoria de controle

    clssica ou do controle digital, fundamentadas no equacionamento de modelos por equaes

    diferenciais ou por equaes diferena, estes devem satisfazer as propriedades de serem

    sistemas de estados contnuos e baseados em transies de estados orientadas a tempo.

    Com a primeira propriedade, os sistemas so considerados contnuos, seus estados

    variam constantemente e podem assumir valores reais. Grandezas fsicas como temperatura,

    presso, vazo so tpicas desta categoria de sistemas.

    A segunda propriedade implica que os estados mudam com a mudana do tempo (t se for

    contnua ou k se for discreta), que uma varivel independente na modelagem destes sistemas.

    Em contraste aos sistemas dinmicos contnuos, os sistemas a eventos discretos (SED)

    satisfazem duas propriedades:

    1. O espao de estados um conjunto discreto

    2. As transies de estados so orientadas a evento

    Um exemplo de sistema a eventos discretos pode ser o estado de uma mquina: pode ser

    selecionado como {LIGADA,DESLIGADA} ou {OCUPADA,OCIOSA,EM MANUTENO}.

    Do ponto de vista da modelagem, uma vez que as transies so disparadas por eventos

    de natureza assncrona, e supondo-se possvel identificar o conjunto de eventos tal que cada

    elemento causa uma transio de estado, ento a varivel tempo no mais serve para conduzir a

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    evoluo ou operao do sistema. O tempo, portanto, no mais uma varivel independente

    apropriada.

    importante notar que, assim como um sistema dinmico de variveis contnuas (SVC),

    um SED pode ser modelado em tempo discreto ou contnuo. Se por exemplo um evento possa

    acontecer em qualquer valor real de tempo, ento se obtm um modelo de SED em tempo

    contnuo.

    Abstrao de Sistemas a Eventos Discretos

    Distinguem-se trs nveis de abstrao de sistemas a eventos discretos.

    Quando o objetivo da anlise de um SED determinar o comportamento lgico do sistema,

    como a determinao da ordem de eventos ou a verificao da possibilidade de ocorrncia de um

    estado, ento a temporizao no importante.

    Neste caso se utilizam linguagens de modelos ou lgicas para a representao do sistema.

    Quando o objetivo da anlise determinar, por exemplo, em que instante o sistema pode

    atingir determinado estado, ou se determinada seqncia de eventos pode ser atingida dentro de

    um prazo, ento se deve utilizar linguagens de modelagem temporal para descrever o sistema.

    Por fim, quando o sistema sujeito a comportamentos, estados ou eventos de natureza

    estocstica ou probabilstica, ento se deve buscar linguagens estocsticas de modelagem

    temporal para descrever o sistema.

    Uma srie de linguagens para a modelagem, anlise, simulao ou otimizao so

    disponveis na literatura, cada qual com suas particularidades e objetivos, bem como

    metodologias para a anlise e para o projeto de controladores.

    1.7. A Automao de Sistemas Industriais

    O interesse das indstrias por automao e controle comeou a cerca de 100 anos, com a

    chegada do sculo XX. No incio a necessidade apontou para a indicao de algumas variveis

    fsicas envolvidas no processo de fabricao. Na dcada de 1920, j se utilizavam registradores

    mecnicos grficos de variveis em papel, tais instrumentos permitiam o registro histrico de

    dadas variveis ao longo de turnos de produo. Na dcada de 1930 os primeiros controladores

    realimentados de tecnologia pneumtica passaram a operar em plantas industriais e j na dcada

    de 1940, a teoria de controle clssico consolidada. Desta dcada surge o controlador PID, ainda

    hoje o controlador mais utilizado em malhas de controle dinmico no setor industrial. A dcada de

    1960 marca o incio das arquiteturas distribudas de controle, onde o elemento controlador separa-

    se fisicamente do sensor e ambos passam a ser instalados em posies diferentes. A

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    16

    comunicao entre eles se estabelece a principio atravs de sinais modulados em presso em

    linhas de ar comprimido.

    A dcada de 1960 marca a introduo da microeletrnica em sistemas de automao, e a

    introduo da transmisso de sinais modulados em correntes eltricas. Separam-se a partir da

    dispositivos com funes de transmissor, indicador, registrador e controlador.

    No final da dcada de 1960, os primeiros sistemas distribudos analgicos so instalados

    em campo. Nestes sistemas, distintas funes de controle e de registro j eram executadas por

    placas eletrnicas independentes conectadas umas s outras em racks interligados. desta

    poca que surgem os primeiros robs industriais e os controladores lgicos programveis com

    sua lgica ladder, em substituio aos controles configurados por hardware em painis de rels

    eletromecnicos.

    A dcada de 1970 marca a revoluo na automao industrial trazida pela introduo dos

    microcontroladores. Esta inovao digital abriu espao para uma enorme gama de possibilidades

    de evoluo nos sistemas automticos de controle industrial. J na dcada de 1980 os sistemas

    de automao de grande porte passam a ser interligados por meio de redes digitais de

    comunicao e os instrumentos de campo (sensores, atuadores, drivers) passam a receber uma

    grande capacidade de processamento e so considerados, desta forma, inteligentes. Na dcada

    de 1990, a disseminao das redes de computadores e da internet bem como a uniformidade dos

    computadores pessoais e dos sistemas operacionais mudam o cenrio da integrao industrial,

    atravs dos softwares de gesto empresarial.

    Com a disseminao da computao por todos os setores econmicos e sociais, a

    proximidade atual nas empresas dos sistemas de automao com as redes corporativas j

    realidade a pelo menos uma dcada. O cenrio atual da automao aponta para avanos

    tecnolgicos na rea de transmisso de dados sem fio e pelo uso intenso de algoritmos de

    controle inteligentes embarcados em instrumentos, desde os mais simples aos mais sofisticados.

    A complexidade dos sistemas de automao atuais to grande que em aplicaes industriais

    modernas, tanto para fins de controle como de monitoramento de unidades, linhas ou de fbricas

    completas, doravante denominadas genericamente plantas, deve-se compreender o sistema de

    automao como um sistema de controle hierrquico de mltiplas camadas. Composto por uma

    srie de equipamentos e dispositivos, um sistema de automao sempre projetado para atender

    requisitos de qualidade, produtividade e segurana no controle da planta (sistema dinmico

    controlado).

    Em tais camadas existem controladores e sistemas controlados tanto de natureza contnua

    (SVC), como orientados a eventos (SED). Nas camadas mais baixas, so encontradas malhas

    fechadas de controle contnuo, sincronismos de motores, acionamento de equipamentos e

    operao de vlvulas e registros, movimentao de esteiras, acionamento e sincronismo de robs,

    monitoramento e operao de reatores entre outros sistemas industriais complexos.

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    17

    Em camadas mais altas, as funes de automao so relacionadas partida de

    equipamentos ou linhas, paradas de emergncia, atendimento a uma ordem de produo,

    mudana de modo de operao de unidades, reconfigurao de unidades de produo entre

    outros.

    Uma representao abstrata desta hierarquia apresentada na figura 1.11. Deve-se notar

    que controladores e sistemas em camadas inferiores (controladores contnuos) so em geral

    abstrados para o projeto e na operao de camadas superiores (controle supervisrio). As

    abstraes acorrem nas interfaces entre camadas. Por exemplo, sinais de sada das malhas

    fechadas de controle contnuo so enviados para o controle supervisrio como eventos, enquanto

    que comandos provindos do controle supervisrio, tambm na forma de eventos, so traduzidos

    na interface para sinais de entrada apropriados aos atuadores ou sinais de referncia para

    controladores. Desta forma, o projeto e a interpretao de sistemas de automao reais so

    subdivididos em etapas e em camadas de operao cooperativa.

    Figura 1.11. Arquitetura de sistemas de automao

    CONTROLE SUPERVISRIO

    INTERFACE

    CONTROLADORESCONTNUOS

    SISTEMA

    comandos eventos observados

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    18

    2. Acionamento e Circuitos Pneumticos

    O termo Pneumtico deriva do radical grego Pneumos ou Pneuma (respirao ou

    sopro), e define o ramo da fsica que estuda a dinmica e os fenmenos relacionados aos gases e

    ao vcuo. Em engenharia, refere-se ao estudo da preparao, conservao e da transformao

    da energia pneumtica em energia mecnica, atravs de elementos de trabalho.

    O uso da pneumtica em aplicaes industriais possui vantagens, pois os equipamentos

    pneumticos so robustos e de simples instalao. Podem, portanto, ser aplicados em ambientes

    hostis sujeitos poeira, umidade, atmosferas corrosivas e explosivas.

    As limitaes do uso da pneumtica referem-se necessidade de preparao do ar

    comprimido, limitaes de presso de trabalho (limitao de potncia dos atuadores) e limitaes

    de velocidades de trabalho.

    Assim como o ar, o fluido hidrulico (composto por leo ou por misturas gua-leo) muito

    utilizado em aplicaes industriais para a realizao de trabalho. Projetos e sistemas baseados

    em ambos fludos tm muito em comum, porm algumas diferenas devem ser destacadas:

    - Nvel de Presso: enquanto que circuitos pneumticos industriais operam com presses

    entre 5 e 10 bar, circuitos hidrulicos operam em presses de at 200 bar ou at superiores. A

    limitao de compresso em linhas pneumticas deve-se a grande compressibilidade do ar. A 200

    bar, uma linha de ar comprimido armazenaria tamanha energia que o risco em um acidente seria

    alto em caso de vazamentos ou rupturas. J o fluido hidrulico praticamente incompressvel, em

    caso de uma ruptura, a presso do leo cai imediatamente sem apresentar riscos de exploso.

    - Foras de atuao: devido s relativas baixas presses de ar comprimido, os atuadores

    pneumticos desenvolvem foras baixas ou mdias, enquanto que atuadores hidrulicos so

    aplicados para exercer foras elevadas.

    - Custo: equipamentos hidrulicos apresentam custos superiores aos pneumticos, uma

    vez que as restries quanto a vazamentos e presses de trabalho elevam os padres de

    qualidade de fabricao destes.

    - Linhas de transmisso: as linhas de transmisso de fluido hidrulico so compostas por

    tubulao metlica com conexes sofisticadas, alm de serem em circuito fechado para a

    recuperao do fluido. J em instalaes pneumticas, as linhas so compostas por tubulao

    plstica flexvel com conexes simples e rpidas.

    - Controle de Velocidade e de Posicionamento: devido compressibilidade do ar,

    atuadores pneumticos no so especificados para aplicaes com necessidade de controle fino

    de velocidade ou de posicionamento, principalmente em aplicaes com cargas dinmicas.

    - A Compresso: enquanto que em circuitos pneumticos a presso em cada atuador

    regulada e a quantidade de ar necessria para cada trabalho determinada pela carga, em

    circuitos hidrulicos so utilizadas bombas de deslocamento positivo, ou seja, a vazo de leo

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    19

    constante independentemente da carga de trabalho. Ou seja, bombas hidrulicas no produzem

    presso, mas uma vazo constante.

    - Velocidades de atuao: em pistes pneumticos, devido alta velocidade de expanso

    do ar comprimido, as velocidades de trabalho so altas. Em contrapartida, em circuitos hidrulicos

    as velocidades de trabalho dos atuadores geralmente lentas so determinadas pela vazo da

    bomba.

    Em suma, sistemas hidrulicos so especificados para altas cargas (ex. equipamentos

    para movimentao e elevao de cargas) ou para aplicaes com requisitos de posicionamento

    preciso ou controle fino de velocidade (ex. robs). A aplicao da pneumtica, por outro lado,

    amplamente difundida em automao industrial, devido ao seu relativo baixo custo e simplicidade

    de instalao.

    O ar um gs composto por Oxignio e Nitrognio principalmente, inspido, inodoro,

    compressvel, elstico, expansvel que se difunde e mistura-se com qualquer meio gasoso no

    saturado. Um litro de ar a 0oC ao nvel do mar possui massa de 1,293x10-3 Kg.

    A presso atmosfrica de 1,033Kgf/cm2 (760mmHg) ao nvel do mar, 1000m de altitude

    de 0,915Kgf/cm2. Segundo o princpio de Pascal, a alterao de presso produzida em um

    lquido em equilbrio transmite-se integralmente a todos os pontos do lquido e s paredes do

    recipiente.

    De acordo com a Lei Geral dos Gases Perfeitos, o ar comporta-se segundo a equao

    (2.1) quando passa de um estado 1 a 2:

    2

    22

    1

    11

    T

    VP

    T

    VP= (2.1)

    Elementos de Produo de Ar Comprimido

    Os compressores so mquinas destinadas a elevar a presso de certo volume de ar e

    podem operar segundo dois princpios: a diminuio do volume de certa massa de ar

    (deslocamento positivo) ou a transformao da energia cintica de certa massa de ar em energia

    de presso (deslocamento positivo).

    So vrios os tipos de compressores, a figura 2.1 apresenta os tipos de acordo com o

    princpio de funcionamento.

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    20

    Figura 2.1. Tipos de compressores

    Cada tipo de compressor possui determinada aplicao, em geral definida pelo volume de

    produo e pela presso produzida. A simbologia do elemento compressor esta apresentada na

    figura 2.2. Adota-se como norma para simbologia o documento ABNT NBR 8897.

    Figura 2.2. Smbolo de compressor

    Aps a compresso, o ar ento armazenado em reservatrios e deve passar por um

    processo de preparao, que consiste da retirada da umidade atravs de secadores. Estes

    dispositivos podem operar por refrigerao (ponto de orvalho), absoro (processo qumico) ou

    adsoro (processo fsico). A simbologia para o elemento de secagem representada na figura

    2.3.

    1 2

    Figura 2.3. Smbolo do elemento secador

    Aps seco e resfriado, o ar comprimido distribudo pela fbrica por uma rede de

    distribuio em anel fechado ou em circuito aberto, com diviso em sees, limitadas por vlvulas

    nas linhas. As linhas de distribuio possuem drenos e diversas tomadas de ar para o consumo. A

    figura a seguir ilustra um sistema de distribuio de ar comprimido em uma instalao industrial.

    Compressores

    Deslocamento dinmico Deslocamento positivo

    Ejetor Fluxoradial

    FluxoAxial

    RotativosRootsAnel lquidoPalhetasParafuso

    Alternativos

    DiafragmaMecnicoHidrulico

    PistoTipo labirintoSimples efeitoDuplo efeito

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    21

    Figura 2.2b. Circuito de produo, distribuio e condicionamento de ar comprimido

    Aps a distribuio, o ar deve passar por um ltimo tratamento, que consiste da filtragem,

    regulagem de presso e introduo de certa quantidade de leo para a lubrificao das partes

    mecnicas dos componentes pneumticos.

    Este tratamento realizado em uma Unidade Condicionadora ou Lubrefil, cuja simbologia

    apresentada na figura 2.4.

    21

    Figura 2.3. Smbolo de Unidade Condicionadora

    Vlvulas de Controle Direcional

    As vlvulas de controle direcional tm por funo orientar a direo que o fluxo de ar deve

    seguir, a fim de realizar um trabalho proposto. Devem-se levar em conta os seguintes dados de

    uma vlvula direcional:

    - posio inicial,

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    22

    - nmero de posies,

    - nmero de vias,

    - tipo de acionamento ou comando,

    - tipo de retorno,

    - vazo,

    - tipo construtivo.

    O nmero de posies a quantidade de manobras distintas que uma vlvula pode

    executar de acordo com seu acionamento. As vlvulas so sempre representadas por retngulos,

    cada posio representada por um quadrado dentro da vlvula.

    Figura 2.4. Smbolo de vlvulas de 2 ou 3 posies

    O nmero de vias o nmero de conexes de trabalho que a vlvula possui. Podem ser

    conexes de entrada, de utilizao ou de escape. Nos quadrados representantes das posies,

    encontram-se os smbolos de passagem livre ou bloqueada que representam a operao da

    vlvula naquela posio, baseados nas interligaes internas entre as conexes.

    Figura 2.5. Setas indicam interligaes internas

    Figura 2.6. Indicao de passagem bloqueada

    O nmero de vias (conexes) em geral contado no lado da posio inicial da vlvula.

    2

    1

    2

    1 3

    Figura 2.7. Vlvulas de 2 e de 3 vias

    A denominao das vlvulas baseada no nmero de vias e de posies, por exemplo,

    uma vlvula 4/3 uma vlvula de 4 vias e 3 posies; uma vlvula 3/2 uma vlvula com 3 vias e

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    23

    duas posies e assim sucessivamente. A identificao das conexes e orifcios das vlvulas e

    demais elementos pneumticos segue a seguinte regra:

    Norma DIN 24300 Norma ISO 1219

    Presso P 1

    Utilizao A B C 2 4 6

    Escape R S T 3 5 7

    Pilotagem X Y Z 10 12 14

    Tabela 2.1. Identificao de conexes

    As vlvulas necessitam de um agente interno ou externo para deslocar suas partes

    internas de uma posio a outra. Os elementos responsveis por tais alteraes so chamados

    acionamentos e podem ser de diversas naturezas, tais como muscular, mecnico, pneumtico,

    eltrico ou combinado. As vlvulas com acionamentos mecnicos so geralmente utilizadas como

    sensores de posio ou sensores de fim-de-curso acionadas por hastes de cilindros pneumticos.

    A simbologia de alguns dos tipos de acionamento apresentada a seguir.

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    24

    Figura 2.8. Tipos de acionamento (ABNT NBR 8897)

    O acionamento combinado, servo piloto ou comando prvio, utiliza a energia do prprio ar

    comprimido para acionar a vlvula, atravs do acionamento de um pr-comando que aciona a

    vlvula principal em uma ligao pneumtica interna vlvula. As vlvulas de pr-comando so

    geralmente eltricas (solenide), pneumticas (piloto), manuais (boto) ou mecnicas (came ou

    esfera).

    Na figura 2.9, um exemplo de um circuito de comando bsico direto via acionamento

    muscular por pedal, e na figura 2.10, um comando bsico indireto.

    2

    1 3

    12

    Figura 2.9. Comando bsico direto

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    25

    2

    1 3

    12

    12

    2

    1 3

    Figura 2.10. Comando bsico indireto

    Vlvula de 3 posies

    Essa vlvula tem em seu corpo um bloco central que pode ser de centro aberto, ou

    fechado. Seu funcionamento indica que em repouso tem a sada de ar bloqueada (figura abaixo)

    ou totalmente liberada.

    Quando apenas um de seus sinais de comando pilotado pulsado, ela comporta-se

    como uma vlvula de duas posies, porem quando ambos os sinais so pilotados

    simultaneamente(caso em que no h retorno por mola) ou nenhum pilotado (caso com retorno

    por mola) ela opera na condio do bloco central.

    Fig. 2.10b. Vlvula de 5/3 de centro fechado.

    Vlvula de 4 posies

    Essa vlvula tem em seu corpo dois blocos centrais adjacentes e complementares que

    normalmente so de centro aberto e centro fechado. Seu funcionamento indica que em repouso

    tem a sada de bloqueada (figura abaixo), essa condio acontece naturalmente, uma vez que

    sempre opera com retorno por mola.

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    26

    Quando apenas um de seus sinais de comando pilotado ela comporta-se como uma

    vlvula de duas posies, porem quando ambos os sinais so pilotados simultaneamente ela

    opera na condio do bloco central ligando igualmente as vias 2 e 4 ao retorno de ar.

    Fig. 2.10c. Vlvula de 5/4.

    Elementos Auxiliares

    So elementos presentes nos circuitos pneumticos que impelem o fluxo de ar em certo

    sentido, com caractersticas particulares. Alguns elementos auxiliares so destacados em

    seguida.

    Vlvula de Reteno: permite a passagem unidirecional do fluxo de ar.

    Figura 2.11. Vlvula de Reteno

    Vlvula de escape rpido: permite a rpida exausto de ar da cmara de um cilindro para

    se obter maiores velocidades em atuadores.

    3

    2

    1

    Figura 2.12. Vlvula de Escape Rpido

    Vlvula de Isolamento (Elemento OU): opera logicamente como uma lgica OU.

    2

    1 3

    Figura 2.13. Vlvula de Isolamento

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    27

    Vlvula de Simultaneidade (Elemento E): opera logicamente como uma lgica E.

    1 3

    2

    Figura 2.14. Vlvula de Simultaneidade

    Vlvulas de Controle de Fluxo: podem ser bidirecionais ou unidirecionais, elas restringem o

    fluxo de ar com a finalidade de controle de velocidade dos atuadores.

    2

    1 1

    2

    Figura 2.15. Vlvulas de Controle de Fluxo

    Vlvulas de Alvio: limitam a presso de um reservatrio evitando sua elevao acima de

    um ponto admissvel. Ao se ultrapassar a presso admissvel, a vlvula abre uma conexo de

    escape.

    Figura 2.16. Vlvula de Alvio

    Atuadores Pneumticos

    So elementos de trabalho que convertem em trabalho a energia armazenada no ar

    comprimido. Estes elementos podem produzir movimentos lineares, rotativos ou oscilantes. Entre

    os atuadores, destacam-se os cilindros pneumticos, que so elementos formados por uma haste

    com mbolo dotada de movimento linear dentro de um cilindro, de tal forma que o mbolo da

    haste divide internamente o cilindro em duas cavidades, conforme a figura 2.17.

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    28

    Figura 2.17. Cilindro Pneumtico

    Estes elementos podem ser dos seguintes tipos:

    - Simples ao,

    - Dupla ao,

    - Dupla ao com haste dupla,

    - Duplex contnuo (tandem),

    - Duplex geminado (mltiplas posio),

    - Cilindros de impacto,

    - Cilindro de trao por cabos.

    Os cilindros de simples ao tm uma conexo para ar comprimido e uma conexo para

    escape, podem ser de avano por mola, retorno por mola ou de retorno por fora externa. Quando

    o ar comprimido fornecido, o cilindro desenvolve seu movimento de avano ou de retorno. O

    movimento complementar realizado pela mola interna.

    Figura 2.18. Cilindros de simples ao com retorno (esq.) e avano por mola (dir.)

    Os cilindros de dupla ao utilizam ar comprimido para realizar trabalho em ambos os

    sentidos de movimento (avano e retorno).

    Figura 2.19. Cilindros de dupla ao

    As demais variaes e tipos de cilindros no sero detalhados nestas notas de aula. Para

    mais informaes sobre elementos e dispositivos, bem como para a tecnologia para o trabalho

    com vcuo, uma boa fonte so catlogos de fornecedores de equipamentos pneumticos.

    A fora esttica til exercida na ponta da haste de um cilindro depende dos seguintes

    fatores:

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    29

    - presso de trabalho do ar comprimido;

    - dimetro do cilindro;

    - resistncia de atrito interno do cilindro;

    - elementos de vedao.

    A fora esttica til terica dada por:

    Fterica = Prelativa x A (2.2)

    Onde Prelativa a presso de trabalho do ar comprimido menos a presso atmosfrica e A

    a rea da superfcie do mbolo do cilindro sujeita presso do ar comprimido. Desta fora terica,

    subtraem-se as foras opostas:

    Fefetiva = Prelativa x A (Fatrito + Fmola) (2.3)

    Onde Fatrito a fora de atrito imposta pelo movimento relativo entre as partes mveis do

    cilindro (vedaes) e Fmola a fora de resistncia exercida pela mola em cilindros de simples

    ao com retorno por mola.

    Deve-se notar que a fora exercida no avano de um cilindro de dupla ao (2.4)

    diferente da fora exercida no retorno do mesmo (2.5), devido a diferena na rea til do mbolo

    em ambos os casos. No retorno, deve-se subtrair da rea total do mbolo (A) a rea

    correspondente seo da haste do cilindro, resultando em uma rea til (A) menor, conforme as

    equaes a seguir:

    pp

    =

    = 2

    2

    4r

    DA (2.4)

    ( )4

    22 p-= dDA (2.5)

    Exemplo 2.1 (Clculo de Fora de Cilindros)

    Dado um cilindro de dupla ao com as seguintes caractersticas:

    Dimetro do mbolo: 63 mm

    Dimetro da haste: 20 mm

    Presso de trabalho: 6 bar

    Soluo:

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    30

    Pabs = 6 + 1= 7 bar (absoluta interna)

    Prelat = 6 bar (relativa = absoluta menos atmosfrica)

    Considerando-se as seguintes relaes de converso:

    1 atm = 14,69 psi = 1,033 Kgf/cm2 = 1,013 bar = 760 mmHg = 10,33 mH2O = 101325

    Pascal

    ( ) 222

    22

    `

    284

    2,314

    cmdD

    A

    cmD

    A

    hasteemb

    mbolo

    =-

    =

    ==

    -

    p

    p

    Fora de avano:

    FA = Pabs x Ambolo Patm x Aemb-haste (Pabs 1) x Ambolo = Prelat x Ambolo = 60N/cm2 x 31,2cm2

    = 1872 N

    Fora de retorno:

    FR = Pabs x Aemb-haste Patm x Ambolo (Pabs 1) x Aemb-haste = Prelat x Aemb-haste = 60N/cm2 x

    28cm2 = 1680 N

    Avaliao do consumo de ar da instalao

    O consumo de ar comprimido de dada instalao pneumtica pode ser avaliado em funo

    do consumo individual de cada atuador da instalao. Tal informao utilizada no

    dimensionamento do sistema de produo e distribuio do ar comprimido.

    Em dada presso de trabalho, para um cilindro pneumtico de determinados dimetro e

    curso, o consumo de ar comprimido (Q) dado para cada movimento por:

    Q = Superfcie do mbolo x Curso (2.6)

    Para encontrar o consumo de ar em volume na presso atmosfrica (CNTP), multiplica-se

    a frmula (2.6) pela relao de compresso, conforme a Lei dos Gases Perfeitos para temperatura

    constante:

    atm

    trabalhoatm

    P

    PP

    Pe

    Pe +=

    1

    2 (2.7)

    Resultando em:

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    31

    Q = Superfcie do mbolo x Curso x Relao de compresso (2.6)

    Portanto, Q em cm3 por minuto (cm3/min), pode ser detalhado para um cilindro de simples

    ao como:

    1

    2

    2

    4 Pe

    PeDnsQ

    =

    p (2.8)

    Onde s o curso do cilindro em cm e n o nmero de ciclos de trabalho por minuto e d o

    dimetro interno da camisa do cilindro. Para cilindros de dupla ao, a frmula para o clculo do

    consumo em cm3 por minuto :

    ( )

    1

    2

    222

    44 Pe

    Pen

    dDs

    DsQ

    -+

    =

    pp (2.9)

    Onde d o dimetro da haste.

    Exemplo 2.2 (clculo de consumo de ar comprimido)

    Calcular o consumo de ar presso atmosfrica de um cilindro de ao dupla com 50 mm

    de dimetro, dimetro da haste de 12 mm e 100 mm de curso submetido a uma presso de

    trabalho de 600 kPa em uma operao de 10 ciclos por minuto.

    Clculo da relao de compresso:

    9,63,101

    3,701

    3,102

    6003,101

    3,101

    3,101

    1

    2 ==+

    =+

    = trabalhoP

    Pe

    Pe

    Clculo do consumo:

    Considerando a relao entre unidades de volume: 1l = 1000 cm3 e 1m3 = 1000l

    ( )

    ( )

    min/3,26min/8,26302

    9,6min104

    44,125

    4

    2510

    44

    3

    1222

    1

    2

    222

    lcmQ

    cmcmcmcmQ

    Pe

    Pen

    dDs

    DsQ

    ==

    -+

    =

    -+

    =

    -pp

    pp

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    32

    Dimensionamento de vlvulas

    Vlvulas de controle direcional e demais elementos pneumticos so fornecidos em

    diferentes medidas, tais como 1/16, 1/8, e , referente ao dimetro interno para passagem

    de ar. As vlvulas podem ser divididas em trs classes em relao sua funo no circuito

    pneumtico:

    - vlvulas para a atuao de cilindros

    - vlvulas para o sensoriamento de fim de cursos e outras funes de sensoriamento, tal

    como uma botoeira,

    - vlvulas de controle de fluxo, que realizam dada seqncia de movimento.

    Das trs classes, apenas a primeira opera com altas vazes de ar. Vlvulas de

    sensoriamento e de controle de fluxo transmitem mais sinais em presso de que vazo

    propriamente dita, e podem, portanto, ser to pequenas quanto possvel por questes de custo.

    Por outro lado as vlvulas de atuao devem ser dimensionadas de acordo com o ciclo de

    trabalho, dimetro e velocidade do cilindro. Se a vlvula for pequena demais, a velocidade do

    cilindro ser comprometida.

    O dimensionamento das vlvulas realizado com base no coeficiente de vazo Cv. Define-

    se Cv como o nmero de gales americanos por minuto (1 galo = 3.786 litros) de gua que flui

    atravs da vlvula totalmente aberta, quando h uma queda de presso de 1 psi atravs da

    vlvula, a 60oF (15,6oC). Uma vlvula possui Cv igual a 0.8, quando a vlvula est totalmente

    aberta e com a presso da entrada maior que a da sada em 1 psi e a temperatura ambiente de

    15,6oC, sua abertura deixa passar uma vazo de 0.8 gpm. Cada componente pneumtico como

    vlvulas, unidades de tratamento e filtros possuem seu Cv apresentado em catlogo.

    Por exemplo, uma vlvula 5/2 compacta com conexo 1/8 pode ter um Cv de 0,56. Tal

    coeficiente depende no somente do tamanho da vlvula, mas tambm de sua forma construtiva.

    A vazo mdia de ar atravs de uma vlvula pode ser calculada por:

    ( ) ( )q+D+= 273272013,1400 2 ppCQ V

    (2.10)

    Onde Q a vazo (CNTP) nominal em litros/min, P a queda de presso na vlvula

    admissvel em bar e P2 a presso de sada necessria para mover uma carga e a temperatura

    do ar em graus Celcius.

    A Vazo (l/min) de uma vlvula em funo da presso de trabalho tambm uma

    caracterstica tcnica listada em catlogo.

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    33

    O dimensionamento do circuito de distribuio de ar comprimido no ser abordado nestas

    notas de aula. Utiliza-se para tal, nomogramas (exemplificado a seguir) que relacionam o

    comprimento da rede (linear da tubulao + comprimento equivalente das vlvulas, junes e

    conexes), o vazo total da instalao, a presso de trabalho e a queda de presso admissvel

    para se determinar o dimetro da tubulao. O comprimento equivalente das vlvulas, junes e

    conexes em geral obtido de catlogo de fabricantes.

    Nestes nomogramas, une-se o valor do comprimento da rede com a vazo de ar da

    instalao para se obter um ponto no eixo 1. Em seguida, une-se o valor da presso de trabalho

    com a queda de presso admissvel (em geral 0.1 bar em linhas de 6 bar) para encontrar um

    ponto no eixo 2. Por fim, unem-se os pontos nos eixos 1 e 2 para se obter o dimetro da

    tubulao.

    Nomograma para dimensionamento de redes de ar comprimido

    Mtodos de Projeto de Circuitos Pneumticos

    O projeto de circuito pneumticos pode variar em complexidade e tamanho. Em circuitos

    simples, vivel a utilizao de mtodos intuitivos e baseados na experincia para o projeto. J

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    34

    para circuitos de maior porte, pode-se lanar mo de mtodos sistemticos para o projeto. Ambas

    as orientaes de projetos oferecem prs e contras.

    Independentemente do mtodo de projeto adotado, possvel a representao de

    movimentos e de seqncia de movimentos das seguintes maneiras, segundo o exemplo 2.1.

    Exemplo 2.1. (Esteira transportadora)

    Pacotes que chegam por uma esteira transportadora so levantados e empurrados pelas

    hastes de cilindros pneumticos para outra esteira transportadora. Devido a condies do projeto,

    a haste do segundo cilindro s pode retornar aps a haste do primeiro cilindro ter retornado.

    Representao dos movimentos em seqncia cronolgica:

    1. haste do cilindro A avana e eleva o pacote

    2. haste do cilindro B avana e empurra o pacote para a segunda esteira

    3. haste do cilindro A retorna sua posio inicial

    4. haste do cilindro B retorna sua posio inicial

    Representao dos movimentos em indicao algbrica:

    Avano se indica por +

    Retorno se indica por

    Representao: A+ B+ A- B-

    Representao dos movimentos em diagrama de trajeto-passo:

    Figura 2.20. Diagrama trajeto-passo

    Representao dos movimentos em diagrama de trajeto-tempo.

    1 2 3 4 5

    CILINDRO A

    CILINDRO B

    1

    0

    1

    0

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    35

    Figura 2.21. Diagrama trajeto-tempo

    No diagrama de trajeto-tempo, ficam evidentes as diferentes velocidades de trabalho.

    Para o projeto do circuito pneumtico, o mtodo intuitivo o mais simples de todos os

    mtodos, porm, deve ser utilizado somente em circuitos pouco complexos, que no apresentam

    sobreposio de sinais na pilotagem das vlvulas direcionais. Quando a seqncia for indireta,

    deve-se utilizar um dos mtodos sistemticos. Para se proceder com o projeto pelo mtodo

    intuitivo, recomendvel executar as seguintes etapas:

    1. Determinar a seqncia de trabalho;

    2. Elaborar o diagrama de trajeto-passo;

    3. Colocar no diagrama de trajeto-passo os elementos de fim de curso;

    4. Desenhar os elementos de trabalho;

    5. Desenhar os elementos de comando correspondentes;

    6. Desenhar os elementos de sinais;

    7. Desenhar os elementos de abastecimento de energia;

    8. Traar as linhas dos condutores de sinais de comando e de trabalho;

    9. Identificar os elementos;

    10. Colocar no esquema a posio correta dos fins de curso, conforme o diagrama de

    trajeto-passo;

    11. Introduzir as condies marginais.

    A soluo para este projeto seria:

    1 2 3 4 5=1

    CILINDRO A

    CILINDRO B

    1

    0

    1

    0

    tempo

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    36

    Figura 2.21. Circuito pneumtico para a esteira transportadora

    Neste diagrama, est um circuito pneumtico que resolve o diagrama trajeto-passo

    proposto para o problema, segundo a figura 2.22.

    Figura 2.22. Trajeto-passo para a esteira transportadora

    Os elementos no diagrama foram identificados numericamente, segundo a seguinte regra:

    1 2 3 4 5

    1.0

    2.0

    1

    0

    1

    0

    2.2

    1.3

    2.3

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    14

    4 2

    513

    12 14

    4 2

    513

    12

    2 13

    12

    213

    12

    213

    12

    1 3

    2

    2

    1 3

    122

    1 3

    12

    1.0 2.0

    2.1

    2.2

    1.1

    2.3

    1.3

    1.02 1.01 2.02 2. 01

    1.61.2

    1.4

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    37

    - Os elementos de trabalho so numerados como 1.0, 2.0, etc.

    - Para as vlvulas, o primeiro nmero est relacionado a qual elemento de trabalho elas

    influem.

    - Para as vlvulas direcionais que acionam diretamente o pisto, o nmero a direita do

    ponto par (maior do que zero) se a vlvula responsvel pelo avano do elemento de trabalho e

    mpar (maior do que 1) se a vlvula responsvel pelo retorno do elemento de trabalho. O

    nmero da direita da vrgula 1 reservado para a vlvula de controle principal do pisto.

    - Para os elementos de regulagem (vlvulas de fluxo) o nmero a direita do ponto o

    nmero "0" seguido de um nmero par (maior do que zero) se a vlvula afeta o avano e mpar se

    a vlvula afeta o retorno do elemento de trabalho.

    - Para os elementos de alimentao o primeiro nmero "0" e o nmero depois do ponto

    corresponde seqncia com que eles aparecem.

    Deve-se notar que a representao de suprimento de ar comprimido simplificada por um

    smbolo triangular na extremidade da linha de alimentao. Um smbolo triangular semelhante,

    porm com orientao invertida utilizado para indicar linha aberta atmosfera, ou escape.

    Tambm usual a diferenciao de linhas de ar comprimido com funo relacionada a sinalizao

    (linhas tracejadas) das linhas com funo de alimentao dos atuadores (linhas cheias).

    As vlvulas 0.1 e 0.2 de acionamento manual precisam ser acionadas simultaneamente

    para que o cilindro 1.0 avance como condio de partida do ciclo. Este mecanismo conhecido

    por bi-manual e utilizado como mecanismo de segurana.

    Uma forma simplificada de se representar o mesmo circuito seria como na figura 2.23. As

    vlvulas de identificao de fim de curso so indicadas em suas posies e detalhadas nos

    circuitos de pilotagem de cada cilindro (linhas tracejadas).

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    38

    Figura 2.23. Circuito pneumtico simplificado para a esteira transportadora

    Em circuitos onde o projeto demasiado complexo para a aplicao do mtodo intuitivo,

    pode-se utilizar um mtodo sistemtico. importante, neste caso, identificar se a seqncia de

    movimentos ou de passos direta ou indireta. Para isso dividimos a seqncia ao meio. Se as

    letras estiverem na mesma seqncia em ambos as partes, trata-se de uma seqncia direta,

    caso contrrio uma seqncia indireta. A exceo acontece quando uma letra aparece mais de

    uma vez em uma das partes.

    Abaixo temos exemplos de seqncias diretas e indiretas:

    A+ B+ | A- B- (seqncia direta)

    A+ B+ | B- A- (seqncia indireta)

    A+ C+ B- | A- C- B+ (seqncia direta)

    A+ B- B+ | A- B- B+ (seqncia indireta)

    Em seqncias com movimentos simultneos de dois ou mais cilindros, pode-se inverter a

    ordem dos cilindros dentro dos parnteses sem alterar a seqncia original. Desta forma,

    seqncias que aparentemente so indiretas podem ser constitudas em seqncias diretas como

    a seguir:

    A+ B- | (B+ A-) = A+ B- | (A- B+) (seqncia direta)

    A+ B+ (A- | C+) B- C- = A+ B+ (C+ | A-) B- C- (seqncia direta)

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    2

    1

    14

    4 2

    513

    1214

    4 2

    513

    12

    2

    1 3

    12

    2

    1 3

    12

    2

    1 3

    12

    1 3

    2

    2

    1 3

    122

    1 3

    12

    1.0 2.0

    2.1

    2.2

    1.1

    2.31.3

    1.02 1.01 2.02 2.01

    1.4 1.6

    1.2

    2 .3 2 .2

    I I

    1 .3

    I I

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    39

    Sugere-se que o mtodo intuitivo deve ser aplicado somente a circuitos de seqncia

    direta e que caso a seqncia projetada for indireta, ento necessrio um mtodo sistemtico.

    A resoluo do problema da esteira transportadora pode ser realizada por um mtodo

    sistemtico, tal qual o mtodo cascata. A aplicao deste mtodo sistemtico em seqncias

    indiretas vivel conforme mencionado. Este um mtodo que consiste em se cortar a

    alimentao de ar comprimido dos elementos de sinal que estiverem provocando uma

    contrapresso na pilotagem de vlvulas direcionais, interferindo, dessa forma, na seqncia de

    movimentos dos elementos de trabalho. Em outras palavras, pelo mtodo cascata busca-se

    garantir que no se ativem ao mesmo tempo dois sinais piloto em uma vlvula direcional.

    O mtodo baseia-se na eliminao da possibilidade de ocorrncia de sobreposio de

    sinais nas vlvulas de comando dos atuadores atravs da diviso da seqncia de trabalho em

    grupos de movimentos e do relacionamento destes grupos com linhas de presso. Atravs da

    utilizao apropriada de arranjos pr-estabelecidos de vlvulas de inverso, apenas uma linha

    poder estar pressurizada a cada instante de tempo. O comando CASCATA resume-se em dividir

    criteriosamente uma seqncia complexa em varias seqncias mais simples, onde cada uma

    dessas divises recebe o nome de grupo de comando. No existe nmero mximo de grupos

    mais sim, um nmero mnimo, 2 (dois) grupos.

    Roteiro de aplicao do mtodo:

    1 - Dividir a seqncia em grupos de movimentos, sem que ocorra a repetio de

    movimento de qualquer atuador em um mesmo grupo (Letras iguais com sinal algbrico oposto

    no podem ficar numa mesma linha ou grupo). Parte-se, portanto, da indicao algbrica da

    seqncia de movimentos: A + B + B - A

    Diviso dos grupos: A + B + | B - A

    A + B + Grupo de comando 1

    B - A - Grupo de comando 2

    Outros exemplos: A + B + / B - A - / B+ / B- /

    A + B + / B - C + / C- A - /

    A + B + C + / C B A

    A + B + / A - / A + B -/ A - / A+ C + / C- A - /

    2 - Cada grupo de movimentos deve ser relacionado com uma linha de presso. Para tanto

    deve ser utilizado o arranjo de vlvulas inversoras (ou de memria) que permite estabelecer o

    nmero de linhas de presso. Para se determinar o nmero de vlvulas que sero utilizadas no

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    40

    conjunto de vlvulas memria, deve-se levar em considerao o nmero de grupos de comandos

    (linhas), ou seja:

    Numero de vlvulas = nmero de grupos - 1 (Nv = Ng 1)

    O conjunto de vlvulas memria ser composto geralmente por vlvulas de quatro ou cinco

    vias com duas posies e acionamento por duplo piloto pneumtico positivo.

    3 - Verificar ao final do ciclo, qual linha permanece pressurizada. Isto ir depender da

    seqncia considerada e da diviso escolhida. Exemplo: A+ B+ | A- C+ B- | C-. Nota-se neste

    caso a seqncia d origem a um sistema cascata com trs linhas e com a ltima linha (linha 3)

    pressurizada ao final do ciclo.

    Quando o ltimo grupo composto por movimentos que, se unidos ao primeiro grupo no

    desobedece regra da primeira etapa, pode-se unir o ltimo grupo ao primeiro reduzindo assim o

    nmero de linhas e o nmero de memrias.

    No exemplo anterior teramos a seguinte alterao possvel: C- A+ B+ | A- C+ B-

    4 - Construir o sistema cascata, identificando os elementos:

    Elementos de Trabalho: 1, 2, 3, 4, 5, ...

    Elementos de Sinal em Recuo: 1.1, 2.3, 3.3 ...

    Elementos de Sinal em Avano: 1.2, 2.2, 3.4 ...

    5 - Construo do sistema e verificao da seqncia de comutao.

    Caso 1 Sistema com Duas Linhas: A primeira vlvula do conjunto alimenta o primeiro e o

    segundo grupo de comando.

    Figura 2.24. Circuito pneumtico de comutao cascata com dois grupos: apenas uma vlvula (Nv

    = Ng - 1)

    Caso 2 - Para a aplicao do mtodo cascata em circuitos mais de dois grupos, cada

    vlvula de comando inferior ligada tomada de presso da superior pela sua via utilizao de 4.

    4 2

    1 3

    1

    2

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    41

    Cada via de utilizao 2 de cada vlvula inferior dever ser ligada pilotagem da vlvula superior

    e ao grupo consecutivo, conforme a figura 2.25.

    Figura 2.25. Circuitos pneumticos de comutao cascata com cinco grupos

    6 - Interligar, apropriadamente, s linhas de presso os elementos de sinal que realizam a

    comutao de posio das vlvulas de comando dos diversos atuadores e das vlvulas inversoras

    das linhas de presso. A figura 2.26 apresenta o circuito completo para o exemplo dado.

    4 2

    1 3

    1

    2

    3

    4 2

    1 3

    P 1

    P 2

    P 3

    4

    4 2

    1 3P 4

    5

    4 2

    1 3P 5

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    42

    Figura 2.26. Circuito pneumtico final em cascata

    A resoluo do mesmo problema e de outros com seqncia indireta pode ser realizada

    por outro mtodo sistemtico, denominado mtodo passo a passo. Neste mtodo h a

    individualidade dos passos do diagrama, onde cada movimento individual ou simultneo ocorre

    baseado no comando de uma sada, a qual foi habilitada no passo anterior pelo respectivo sensor

    de fim de curso. Este mtodo parte da diviso da seqncia dos movimentos em grupos de

    movimentos individuais:

    A + | B + | B - | A -

    I II III IV (Grupos I a IV)

    Cada passo ser comandado nesta tcnica por uma vlvula 3/2 vias duplo piloto

    pneumtico. O nmero de vlvulas de comando igual ao nmero de passos. As vlvulas de

    comando apresentam trs funes bsicas:

    - Despressurizar o passo de comando anterior;

    4 2

    1 3

    1

    2

    4 2

    1 3

    4 2

    1 3

    A B

    1.0 2.0

    1.1 2.1

    2.2 1 .2

    I I2 .3 1 .3

    I I

    13

    2

    2

    1 3

    2

    1 3

    1.2

    Partida

    2

    1 3

    2.2

    2

    1 3

    2.3

    13

    2

    2

    1 3

    1.3

    0.1

    0.20.3

    Cascata: A+ B+ / B- A-

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    43

    - Pressurizar a vlvula que ser acionada a fim de efetuar a mudana para o prximo

    passo;

    - Efetuar o comando da vlvula de trabalho, dando a origem ao movimento do passo a ser

    executado.

    A disposio das vlvulas de comando e suas ligaes so efetuadas segundo a figura

    2.27, para um circuito de 5 passos:

    Figura 2.27. Circuito pneumtico de comutao passo a passo com cinco grupos

    A ltima etapa do mtodo a conexo dos pilotos das vlvulas direcionais ligadas aos

    elementos de trabalho aos grupos correspondentes, conforme a figura 2.28.

    2

    1 3

    2

    1 3

    2

    1 3

    2

    1 32

    1 3

    1

    2

    3

    4

    5

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    44

    Figura 2.28. Circuito pneumtico completo passo a passo

    Tcnicas de paradas de emergncia

    Geralmente se faz necessria a interrupo da seqncia de operao de uma

    determinada mquina, decorrente de uma dada emergncia, como um travamento,

    desalinhamento dos seus componentes, risco de acidente ou alguma outra situao que

    caracteriza um mau funcionamento. O operador realiza esta operao pressionando boto de

    pnico ou boto de parada de emergncia (STOP), preferivelmente grande, vermelho e de fcil

    acesso. Existem vrios tipos de parada de emergncia para serem escolhidos, tudo depende das

    consideraes adotadas para uma aplicao especifica.

    Aps qualquer parada de emergncia, a causa do mau funcionamento deve ser eliminada,

    logo em seguida um boto de RESTART ou RESET pressionado para que o sistema retome a

    seqncia de funcionamento, geralmente do mesmo ponto em que foi interrompido. Este boto de

    RESTART no pode ser parecido com o boto de START este utilizado para a inicializao da

    2

    1 3

    2

    1 3

    2

    1 3

    2

    1 3

    1

    2

    3

    4

    2

    1 3

    2

    1 3

    2

    1 3

    2

    1 3

    4 2

    1 3

    4 2

    1 3

    A B

    1.0 2.0

    1.1 2.1

    2 .2

    I I2 .3 1 .3

    I I

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    1.2

    2.2

    2.3

    1.3

    Passoa a passo: A+ B+ B- A-

  • ________________________________________________________________________________ Notas de Aula SEL0406 Automao Prof. Dennis Brando

    45

    seqncia do sistema, evitando assim uma confuso entre eles. Em outras palavras, o sinal de

    START deve afetar a operao somente aps a concluso da seqncia anterior e o sinal de

    RESTART deve afetar as funes em qualquer momento aps a seqncia ser interrompida por

    um sinal de parada.

    Pode-se projetar os circuitos de STOP-RESTART com um boto pulsador operando uma

    vlvula 3/2 sem retorno por mola, de acordo com a Fig.2.29a. Pressionando o boto, o sinal C

    (continuar ciclo) interrompido e o circuito ou alguma parte dele despressurizado. Para que o

    circuito seja novamente pressurizado, o boto deve ser puxado na direo RESTART, pois no h

    retorno por mola. s vezes necessrio evitar que o operador reinicie a seqncia por conta

    prpria. Para isto, pode ser usada a vlvula da Fig.2.29b com dois botes. Ambos os botes

    surtem efeito somente quando ativados; quando so puxados no afetam a vlvula.

    A vlvula apresentada pode, por exemplo, ser montada dentro de uma carcaa lacrada,

    com o boto de STOP do lado de fora e o boto de RESTART do lado de dentro. Isto permite que

    somente o supervisor que possui a chave possa verificar a causa da anomalia, antes de tomar a

    deciso de retomar a operao.

    Figura 2.29. Vlvula de reinicio (a) com um nico boto, e botes separados para parada e

    reinicio (b).

    Freqentemente, em grandes instalaes, necessrio que a atuao de STOP e

    RESTART seja feita de um local remoto, ou at mesmo por botes de STOP instalados em locais

    estratgicos. Um exemplo mostrado na Fig.2.30, onde so utilizados dois botes de STOP.

    (Para cada boto de STOP adicional, mais uma vlvula de condio ser necessria).

    Pressionando qualquer boto de STOP momentaneamente altera a vlvula 3/2 com duas linhas

    piloto a interromper o sinal C.

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    Figura 2.30. Sistema de controle remoto PARADA-REINICIO com mltiplos botes de

    parada.

    Conforme mencionado anteriormente, o sinal C pode ser utilizado em circuitos de parada

    de emergncia de algumas formas diferentes, conforme os circuitos apresentados a seguir.

    Circuitos No Mudar e No Mover

    No tipo de parada de emergncia No Mudar, qualquer cilindro que esteja em repouso

    quando o boto de STOP for pressionado se manter na posio de repouso. Qualquer cilindro

    que esteja em movimento quando o boto de STOP for pressionado completar seu ciclo e depois

    ir manter-se na posio de repouso.

    Este mtodo requer uma vlvula 3/2 conectada a linha de fornecimento de ar para as todas

    as vlvulas de fim de curso, como mostra a Fig.2.31. No momento em que o sinal C

    interrompido, a vlvula 3/2 retorna para a sua posio normal, despressurizando todas as vlvulas

    de fim de curso. Uma vez neutralizadas as vlvulas de fim de curso, nenhum novo passo da

    seqncia poder ser iniciado. Quando o sinal C reativado pelo boto de RESTART, o ar passa

    novamente pela vlvula 3/2 para as vlvulas de fim de curso, e a seqncia volta do ponto em que

    foi interrompida. O sinal C produzido pelo circuito da Fig. 2.29 ou 2.30.

    No circuito No Mover, o mesmo princpio se aplica ao fornecimento de ar comprimido para

    as vlvulas direcionais dos atuadores. Neste caso os cilindros sero despressurizados e ficaro

    livres. Este mtodo deve ser utilizado com cuidado principalmente com cilindros que suportam

    estruturas ou cargas.

    Figura 2.31. Circuito de controle No Mudar e No Mover.

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    Circuito Pisto Bloqueado

    No momento em que o boto de STOP pressionado, o pisto deve ser bloqueado na

    posio onde est, isto , ele no deve ficar livre como no mtodo No Mover. Isto requer duas

    vlvulas adicionais 3/2 ou 2/2 por cilindro. Como mostra a Fig.2.32.

    Figura 2.31. Circuito de controle Pisto Bloqueado.

    Quando o sinal C interrompido, as duas vlvulas 3/2 voltam para suas posies normais,

    e ambas as vias de utilizao conectadas ao cilindro so conduzidas para uma bloqueada.

    Como resultado, as vias de alimentao do cilindro so seladas bloqueando o pisto.

    Devido a compressibilidade do ar, o ar retido nas cmaras do cilindro no provoca um bloqueio

    absoluto. Para minimizar este efeito, as duas vlvulas 3/2 devem ser montadas o mais prximo

    possvel do cilindro para diminuir o volume de ar bloqueado. Se um bloqueio absoluto for

    necessrio, um circuito hidro-pneumtico deve ser utilizado.

    As duas vlvulas adicionais 3/2 da Fig.2.31, podem ser eliminadas e a vlvula 5/2 de

    acionamento do cilindro pode ser substituda por uma vlvula 5/3 (Fig. 2.10b), isto uma vlvula

    de trs posies com uma posio de centro fechado. No entanto, isto requer um redesenho

    completo do circuito de controle, uma vez que esta vlvula sustentada pelos sinais pilotos.

    Mtodo de Parada com Posio Segura

    Para cada cilindro, uma das duas posies + ou -, definida como posio segura, e o

    pisto ir para esta ou manter esta posio quando o boto de STOP for acionado, mesmo se

    isto significar inverter o sentido do movimento.

    A Fig.2.32 mostra este mtodo de parada aplicado em um cilindro A, para o qual -

    definida como a posio segura para o cilindro.

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    Figura 2.32. Circuito de controle com Posio Segura.

    Enquanto C = 1, ambas as vlvulas 3/2 passam os sinais A- ou A+ vindos do circuito de

    controle para os respectivos pilotos VA- e VA+. Quando C = 0, ambas as vlvulas 3/2 voltam para

    sua posio normal, ento VA+ = 0 e VA- = 1.

    Uma alternativa para o atendimento de mais de um cilindro apresentada na figura a

    seguir.

    Figura 2.33. Circuito de controle com Posio Segura para vrios cilindros.

    No exemplo da Fig. 2.33, uma vlvula 5/2 necessria para bloquear o suprimento de ar

    para o circuito (exceto para a atuao do cilindro) quando C interrompido. Por exemplo, se o

    sistema de controle for do tipo cascata, a vlvula 5/2 conectada na linha de suprimento dos

    grupos. Deve-se notar que se C restabelecido aps uma parada de emergncia, a seqncia

    no necessariamente continuar como normalmente programada, porque a posio de segurana

    de cada cilindro pode perturbar a ordem da seqncia regular de funcionamento. Isto pode ativar

    um sinal de fim de curso no previsto e afetar o circuito de controle de forma inesperada.

    necessrio, portanto, reiniciar todo o sistema e repetir a seqncia desde o incio. Este problema

    deve ser considerado antes da escolha do mtodo de parada de emergncia.

    Exerccios

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    2.1. Comandar um Cilindro de Simples Ao Utilizando uma Vlvula Simples Piloto

    (Comando Indireto).

    2.2. Comandar um Cilindro de Simples Ao Utilizando uma Vlvula Duplo Piloto.

    2.3. Comandar um Cilindro de Simples Ao de Dois Pontos Diferentes e

    Independentes (Utilizar Elemento OU).

    2.4. Comandar um Cilindro de Simples Ao Atravs de Acionamento Simultneo de

    Duas Vlvulas Acionadas por Boto (Comando Bimanual, Utilizar Elemento E).

    2.5. Comando Bimanual com Duas Vlvulas 3/2 vias Boto Mola em Srie.

    2.6. Comando Direto de um Cilindro de Dupla Ao, sem Possibilidade de Parada em

    seu Curso.

    2.7. Comandar um Cilindro de Dupla Ao com Paradas Intermedirias.

    2.8. Comando Indireto de um Cilindro de Dupla Ao, Utilizando uma Vlvula Simples

    Piloto.

    2.9. Comando Indireto de um Cilindro de Dupla Ao, Utilizando uma Vlvula Duplo

    Piloto e com Controle de Velocidade do Cilindro.

    2.10. Comando de um Cilindro de Dupla Ao com Avano Lento e Retorno Acelerado.

    2.11. Avano com Retorno Automtico de um Cilindro de Dupla Ao, com Controle de

    Velocidade para Avano e Retorno (Ciclo nico).

    2.12. Comando de um Cilindro de Dupla Ao com Ciclo nico, Controle de Velocidade e

    Emergncia com Retorno Imediato do Cilindro.

    2.13. Comando de um Cilindro de Dupla Ao, com Ciclo Contnuo Utilizando uma

    Vlvula Boto Trava e Controle de Velocidade.

    2.14. Comando de um Cilindro de Dupla Ao com Opo de Acionamento para Ciclo

    nico ou Ciclo Contnuo.

    2.15. Comando de um Cilindro de Dupla Ao com Ciclo nico ou Ciclo Contnuo e

    Emergncia com Retorno Imediato do Cilindro.

    2.16. Comando de um Cilindro de Dupla Ao Atravs de Trs Sinais Diferentes e

    Independentes com Confirmao de Posio Inicial.

    2.17. Comando de um Cilindro de Dupla Ao com Controle de Velocidade, Ciclo

    Contnuo Utilizando Vlvula Boto Trava. Retorno do Cilindro Atravs de Presso

    Diferencial do Sistema.

    2.18. Comando de um Cilindro de Dupla Ao, Avano Acelerado, Retorno Lento, Ciclo

    Contnuo.

    2.19. Comando de um Cilindro de Dupla Ao, Controle de Velocidade, Ciclo Contnuo

    com um Boto de Partida e um Boto de Parada.

    2.20. Projetar um Circuito em Ciclo nico, Ciclo Contnuo e Parada do Ciclo Contnuo

    para um Cilindro de Dupla Ao.

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    2.21. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A + B + A - B -, com Comando

    Bimanual para Cilindros de Dupla Ao.

    2.22. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A + B + A - B -, Ciclo Contnuo,

    Emergncia, com Temporizao para Incio de Avano do Cilindro B para Cilindros de

    Dupla Ao.

    2.23. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A + B + B - A -, Ciclo Contnuo, com

    Controle de Velocidade para Cilindros de Dupla Ao.

    2.24. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A + B + B - A -, Ciclo Contnuo, com

    Controle de Velocidade, Ciclo nico, Parada de Ciclo Contnuo para Cilindros de Dupla

    Ao.

    2.25. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A - B + (A + B -), com Comando

    Atravs de Bloco Bimanual, e Emergncia para Cilindros de Dupla Ao.

    2.26. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A + B + (C + B -) C - A -, Ciclo

    Contnuo, Emergncia, Parada de Ciclo Contnuo, Cilindro A de Simples Ao.

    2.27. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A + B + B - A -, Ciclo Contnuo, com

    Controle de Velocidade, sem Utilizao de Fim de Curso Gatilho para Cilindros de

    Dupla Ao.

    2.28. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A + (B + C -) B - (A - C +), Ciclo

    Contnuo, Cilindro C de Simples Ao, Utilizao de Fim de Curso Rolete Mola.

    2.29. Elaborar um Sistema com Forma Seqencial A + B + B - A - B + B -, com Comando

    Bimanual para Cilindros de Dupla Ao.

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    Acionamento e Circuitos Eletro-pneumticos

    Nas aplicaes e circuitos desenvolvidos no captulo anterior, a nica forma de

    transmisso de sinais e de energia foi a pneumtica. possvel, entretanto utilizar-se da energia e

    de circuitos eltricos em combinao com sistemas pneumticos caso a energia eltrica possa ser

    empregada, visto que esta forma de energia amplamente disponvel na maioria das plantas

    industriais.

    Para que seja possvel a utilizao de ambas as formas de energia em dada aplicao,

    caracterizando os circuitos mistos resultantes como Eletro-pneumticos, necessrio o uso de

    componentes de entrada e de sada de sinais eltricos, alm dos componentes pneumticos em

    si. Este captulo inicia, desta forma, pela especificao de alguns dos componentes eltricos

    empregados em sistemas eletro-pneumticos.

    Botoeiras

    As botoeiras so chaves eltricas acionadas manualmente que apresentam, geralmente,

    um contato aberto e outro fechado. De acordo com o tipo de sinal a ser enviado ao comando

    eltrico, as botoeiras so caracterizadas como pulsadoras ou com trava.

    Botoeira PulsadoraNA

    Botoeira PulsadoraNF

    Figura 3.1. Simbologia de botoeiras do tipo pulsad