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Avaliao da maturidade da business intelligence

nas organizaes por

Nadine Crte-Real

Dissertao apresentada como requisito parcial para obteno do grau de

Mestre em Estatstica e Gesto de Informao

Especializao em Anlise e Gesto de Informao

pelo Instituto Superior de Estatstica e Gesto de Informao

da Universidade Nova de Lisboa

Avaliao da maturidade da business intelligence nas organizaes

Dissertao orientada por

Prof. Dr. Miguel de Castro Neto Eng. Ftima Trindade Neves

Novembro de 2010

Resumo

A Business Intelligence (BI) tem um papel decisivo na criao de vantagens competitivas em qualquer organizao (Evelson, Karel et al. 2010). Esta dissertao tem como principal intuito propor um modelo actual de maturidade de BI e a respetiva metodologia de avaliao.

Para tal, foi iniciada a reviso de literatura que apresenta uma viso global da BI e a forma como esta influencia as organizaes. Depois de uma breve exposio de conceitos e de uma viso global do funcionamento da BI, sero apresentados os factores que afectam a maturidade de BI que se constituem como as variveis do modelo. Sero igualmente expostos os modelos de maturidade, que serviram de base para a criao do novo modelo.

A metodologia de investigao proposta assenta num caso de estudo, propondo e apresentando os elementos necessrios para desenvolver uma avaliao de maturidade de BI numa organizao.

O valor desta investigao prende-se com o facto de existir muito pouco conhecimento cientfico dos modelos de maturidade e, em especial, a escassa documentao e procedimentos prticos a realizar numa avaliao da maturidade de BI.

Os resultados desta pesquisa apontam no sentido de uma maior importncia desta temtica e da necessidade crescente de avaliao das iniciativas BI nas organizaes de modo a melhorar o seu funcionamento e desempenho. Conceitos-Chave Business Intelligence Maturity, Banking, Avaliao, Intelligence Process, Intelligence Framework, Technology Best Practices, Business Intelligence Functionality

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LISTA DE ABREVIATURAS BAM Business Activity Monitoring BI Business Intelligence BPM Business Performance Management CCBI Centro de Competncias de Business Intelligence CPM Corporate Performance Management CSF - Critical Success Factor DW Data Warehouse EDW Enterprise Data Warehouse ETL Extract, Transform and Loading FCS Factores Crticos de Sucesso KPI Key Performance Indicator MDM Master Data Management OLAP Online Analytical Processing ROI Return On Investment SI Sistemas de Informao TI Tecnologias de Informao LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Processo de Investigao ............................................................................................ 15 Figura 2 Detalhe da Fase de Preparao do Processo de Investigao .................................... 16 Figura 3 - Detalhe da Fase de Reviso da Literatura do Processo de Investigao .................... 17 Figura 4 - Detalhe das Fases de Ferramenta de Avaliao e Melhorias da Ferramenta do Processo de Investigao ............................................................................................................. 18 Figura 5 Tendncias do Mercado de BI ................................................................................... 22 Figura 6 Nvel de Utilizao de Ferramentas por Utilizador ................................................... 24 Figura 7 Modelo de Nolan em quatro estdios......................................................................... 28 Figura 8 Modelo de Nolan em seis estdios ............................................................................. 29 Figura 9 - Modelo de Maturidade TDWI .................................................................................... 30 Figura 10 - Variveis e Estados de Maturidade do Modelo TDWI ............................................. 31 Figura 11 - Modelo de Maturidade da HP ................................................................................... 32 Figura 12 - Modelo de Maturidade da Platon ............................................................................. 33 Figura 13 - Descrio dos Nveis de Maturidade do Modelo Platon .......................................... 34 Figura 14 - Modelo de Maturidade BI e Gesto de Performance da Gartner ............................. 36 Figura 15 - Modelo de Maturidade da Logica ............................................................................. 37 Figura 16 Funes do Centro de Competncias de Business Intelligence ............................... 41 Figura 17 Cultura de utilizao de informao vs. Maturidade de BI ...................................... 43 Figura 18 Ambiente bsico de BI ............................................................................................. 46 Figura 19 Componentes de uma arquitectura de BI ................................................................. 47 Figura 20 Metodologia de Construo de Modelos de Maturidade ......................................... 58 Figura 21 Apresentao Modular do Modelo de Maturidade de BI criado .............................. 63 Figura 22 Tabela-Resumo do Modelo de Maturidade Proposto .............................................. 66 Figura 23 Exemplo de output grfico do Modelo de Maturidade ............................................ 67 Figura 24 Modelo de Maturidade proposto ...I

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Estratgias de Investigao ........................................................................................ 14 Tabela 2 Abordagens das definies de BI .............................................................................. 20 Tabela 3 - Tipos de BI ................................................................................................................. 22 Tabela 4 Tipo de Utilizadores de BI ........................................................................................ 23 Tabela 5 Comparao dos Modelos de Maturidade ................................................................. 38 Tabela 6 reas de Conhecimento da Gesto de Projectos ....................................................... 44 Tabela 7 Medidas de Sucesso da Gesto de Projectos ............................................................. 45 Tabela 8 - Caractersticas de uma arquitectura empresarial de BI .............................................. 48 Tabela 9 Ferramentas de BI ..................................................................................................... 49 Tabela 10 Capacidades funcionais do reporting ...................................................................... 53 Tabela 11 - Capacidades Funcionais do Portal de Informao Empresarial ............................... 54 Tabela 12 Tipos de Capacidades Analticas ............................................................................. 55 Tabela 13 Capacidades Funcionais do OLAP e Data Mining .................................................. 55 Tabela 14 - Capacidades funcionais dos dashboards .................................................................. 56 Tabela 15 Variveis do Modelo de Maturidade Proposto ........................................................ 62 Tabela 16 - Estratgia de Investigao ........................................................................................ 64 Tabela 17 Procedimentos do estudo de avaliao de maturidade ............................................ 65 Tabela 18 Pontuao das respostas do questionrio. ..I

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NDICE I INTRODUO ....................................................................................................................... 9

I.1 - Contextualizao do tema de investigao ........................................................................ 9

I.2 - Objectivos da dissertao ................................................................................................ 10

I.3 - Valor da investigao ...................................................................................................... 10

I.4 - Problema de investigao ................................................................................................ 11

I.5 - Estrutura da dissertao ................................................................................................... 12

II - METODOLOGIA DE INVESTIGAO ............................................................................ 13

II.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................................ 13

II.2 Abordagem de investigao .......................................................................................... 13

II.2.1 - Quantitativa vs Qualitativa ..................................................................................... 13 II.2.2 - Dedutiva vs Indutiva ............................................................................................... 14

II.3 Estratgia de investigao ............................................................................................. 14

II.4 Processo de investigao ............................................................................................... 15

III CONCEPTUALIZAO DA BUSINESS INTELLIGENCE ........................................... 19

III.1 - Definio de BI ............................................................................................................. 19

III.2 - Evoluo da Business Intelligence................................................................................ 21

III.2 - Nveis e Utilizadores de BI ........................................................................................... 22

III.3 Desafios da Business Intelligence ................................................................................ 24

IV AVALIAO DA PLATAFORMA DE BUSINESS INTELLIGENCE ............................. 26

IV.1 Necessidade de avaliao da plataforma de business intelligence ............................... 26

IV.2 Avaliao da maturidade de business intelligence....................................................... 26

IV.2.1 - Modelos de Maturidade ........................................................................................ 27 IV.2.2 - Anlise dos Modelos de Maturidade ..................................................................... 37

V - FACTORES QUE AFECTAM A MATURIDADE DA BUSINESS INTELLIGENCE ....... 40

V.1 - Estratgia de Business Intelligence ................................................................................ 40

V.2 - Valor de BI .................................................................................................................... 40

V.3 - Organizao de BI ......................................................................................................... 41

V.3.1 - Centros de Competncia de Business Intelligence ................................................. 41

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V.3.2 - Abrangncia e Especificidade da Soluo de BI .................................................... 42 V.3.3 Cultura de utilizao de informao ...................................................................... 42

V.4 Financiamento e investimento em BI ............................................................................ 43

V.5 - Gesto de Projectos........................................................................................................ 44

V.5.1 Gesto e desenvolvimento de projectos ................................................................. 44 V.5.2 Suporte executivo nos projectos ............................................................................ 45

V.6 - Plataforma de Business Intelligence .............................................................................. 46

V.6.1 - Arquitecturas .......................................................................................................... 47 V.6.2 Ferramentas de Business Intelligence .................................................................... 48

V.6.2.1 - Padronizao ................................................................................................... 48 V.6.2.2 Capacidades funcionais das ferramentas/tecnologias da business intelligence ........................................................................................................................................ 49

V.6.2.2.1 Integrao de dados ................................................................................. 50 V.6.2.2.2 Acesso e Entrega da Informao ............................................................. 52 V.6.2.2.3 Anlise e Explorao da Informao ...................................................... 54

VI - MODELO DE MATURIDADE PROPOSTO ..................................................................... 58

VI.1 Metodologia de construo de modelos....................................................................... 58

VI.2 - Critrios de Escolha dos Modelos de Maturidade ........................................................ 59

VI.3 - Escolha de variveis ..................................................................................................... 59

VI.4 - Validao do Modelo de Maturidade ........................................................................... 62

VI.5 Modelo de Maturidade Proposto ................................................................................. 63

VI.6 Abordagens de aplicao do modelo ........................................................................... 64

Abordagem simplificada .................................................................................................... 64 Abordagem pormenorizada ................................................................................................ 64

VII CONCLUSES ................................................................................................................. 68

VII.1 - Contributos para o Conhecimento ............................................................................... 68

VII.2 - Limitaes da Investigao ......................................................................................... 69

VII.3 - Propostas de Trabalho Futuro ..................................................................................... 69

VIII - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................. 70 IX ANEXOS...................I

IX.1 - Questionrio .................................................................................................................... I

IX.2 Matriz de Resoluo ................................................................................................ XVII

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AGRADECIMENTOS

The way you collect, manage and use information will determine whether youll become a winner or a loser

Bill Gates Chegou o momento de expressar os meus agradecimentos a muitos e a tantos que se revelaram importantes ao longo deste percurso. Durante a realizao desta tese de mestrado, aprendi que uma dissertao no se constitui como um processo de investigao individual mas como um processo onde se capta e se rene contributos das mais variadas pessoas, leigas ou no na matria. com muito agrado que escrevo que pude contar com o apoio de professores colegas e amigos, que sem eles no teria sido possvel concretizar este projecto. Dedico por isso algumas palavras aos que de alguma forma dela fizeram parte, directa ou indirectamente ou pelo simples facto de existirem. Ao Professor Miguel Neto, co-orientador da dissertao, agradeo o apoio, a partilha de saber e a enorme pacincia. Acima de tudo agradeo, por continuar a estimular o meu interesse pelo conhecimento e vida acadmica, ao colocar-me vrios e novos desafios. Pelo grande e incalculvel contributo, simpatia e vasta experincia profissional agradeo Engenheira Ftima Neves, co-orientadora da dissertao, que surgiu num perodo conturbado da tese e que me ajudou a traar novos caminhos, no deixando que os obstculos que surgiram fossem impeditivos de realizar este trabalho. Professora Susana Esteves, pelo apoio, comentrios e disponibilidade para que a implementao prtica deste projecto fosse possvel. Professora Ana Maria Ramalho Correia, pelas suas aulas, pelos comentrios e sugestes na proposta de tese que me ajudaram a traar as primeiras linhas de pensamento deste projecto. Aos meus familiares, amigos e colegas, por todo o apoio, encorajamento, carinho e pela sua tolerncia falta de disposio e pouca disponibilidade que pantenteei em alguns momentos.

Finalmente a todos, que tornaram, directa e indirectamente, possvel a execuo deste trabalho, considerem-se co-autores deste trabalho.

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I INTRODUO

Comece por fazer o que necessrio, depois o que possvel e de repente estar a fazer o impossvel.

So Francisco de Assis Inicialmente, o intuito desta dissertao assentou no estudo da maturidade da Business Intelligence (BI) numa instituio bancria portuguesa. Por diversas vicissitudes tal no foi possvel, pelo que se pretende agora fundamentar a aplicao de um caso de estudo baseado num modelo de maturidade criado, sendo que preferencialmente, e pelas razes adiante descritas, se pode aplicar a uma instituio bancria. I.1 - CONTEXTUALIZAO DO TEMA DE INVESTIGAO

As mudanas externas no mundo empresarial desenrolam-se rapidamente e as grandes presses afectam as operaes bancrias, tendo um impacto imediato no desenvolvimento dos sistemas de tecnologias de informao dos bancos (Curko, Bach et al. 2007).

O efeito conjugado das alteraes regulamentares no sector bancrio, da consolidao das actividades bancrias a nvel mundial, da globalizao dos servios financeiros, da reduo das margens operacionais foi, nos ltimos anos, responsvel por uma mudana significativa das condies de negcio da generalidade das instituies do sector bancrio. Tambm o aparecimento de consumidores mais informados contribuiu para esta mudana (CXO 2008).

Paralelamente, o crescimento de volumes de dados em diversas fontes e o crescimento das capacidades das tecnologias, esto a levar as organizaes financeiras a aumentar o seu investimento em BI (Knapik 2007).

Torna-se evidente o elevado ambiente de competitividade que gira em volta deste sector. A SAS (SAS 2003), uma empresa fornecedora de software, aponta o factor da competitividade como um difcil obstculo para a diferenciao. Uma instituio bancria tpica tem milhares de concorrentes locais, regionais, nacionais e globais.

Por outro lado, a Microstrategy (MicroStrategy 2007), outra empresa fornecedora de software, refere o valor da gesto da informao no sector bancrio como sendo um factor de distino. Considera ainda a sua importncia para apoiar a tomada de decises, reduo de custos, atingir maiores lucros e a maximizar o valor da informao.

Neste sentido, para que os bancos possam prosperar nos complexos ambientes de negcio

actuais, tm que gerir informao especfica. As operaes e processos bancrios tm que ser registados e devidamente armazenados, garantindo a acessibilidade para posterior anlise e extraco de conhecimento (Curko, Bach et al. 2007).

Para a concretizao desta gesto de informao os bancos utilizam tecnologia de BI para

analisar todas as dimenses dos seus dados de forma a compreender os comportamentos dos clientes e obter vantagens competitivas no mercado. Existem solues personalizadas oferecidas para as mais diversas reas de negcio do sector bancrio (Knapik 2007).

Desta forma, a gesto efectiva da informao requer prticas especficas quer no processamento de informao, quer nos comportamentos e valores dos recursos humanos e tecnologia. Ao adquirir uma certa maturidade na plataforma orientada informao (information oriented framework), torna-se possvel alinhar processos, comportamentos humanos, prticas tecnolgicas, com as estratgias de negcio (Xu 2007).

Dada a importncia do impacto de BI no sector bancrio, torna-se relevante no s avaliar a qualidade como a maturidade deste novo processo produtivo. Assim, dada a importncia

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crescente de BI nos ltimos tempos, a (IBM 2006) refere que para as instituies financeiras serem bem-sucedidas necessrio:

Monitorizar todos os aspectos da relao com o cliente; Identificar e manter os clientes mais lucrativos; Atrair novos clientes da concorrncia; Medir correctamente os produtos e a produtividade organizacional; Reconhecer novos mercados e necessidade de novos produtos.

Assim, pode concluir-se que a BI se assume como um conjunto de prcticas cruciais para o

negcio no sector bancrio. I.2 - OBJECTIVOS DA DISSERTAO

Esta dissertao tem como principais objectivos:

A criao de um modelo de avaliao da maturidade de BI, para determinar a percepo da BI pela organizao, e tambm avaliar a tecnologia actual, os processos e a organizao;

Expor a metodologia de avaliao e todos os procedimentos necessrios para efectuar uma avaliao do grau de maturidade da BI numa organizao, com base num modelo de maturidade.

Este estudo apresenta-se como genrico podendo ser aplicado a qualquer tipo de

organizao. Com o intuito de alcanar estes objectivos, vrios aspectos sero apresentados, nomeadamente:

1. Conceptualizao da BI 2. Factores que afectam a maturidade de BI 3. Apresentao de alguns modelos da maturidade de BI

I.3 - VALOR DA INVESTIGAO

Apesar da BI possuir um papel importante na economia, a pesquisa cientfica neste campo pouca e existem, assim, vrias oportunidades de investigao disponveis. A maioria da literatura disponvel abrange alguns conceitos de BI, mas so poucos os que do uma percepo da BI como um todo (Negash and Gray 2008).

Por outro lado, a rea de BI assume um papel cada vez mais preponderante no campo cientfico de apoio tomada de deciso (Turban, Sharda et al. 2007). Actualmente, torna-se evidente a tendncia nas organizaes de se realizarem investimentos de BI de forma a controlar informao crucial para o negcio.

Sobre esta tendncia e para a rea dos Sistemas de Informao apenas foram encontrados estudos de BI na indstria txtil (Sampaio 1995), na administrao pblica (Santos 1996) e, por ltimo, um estudo transversal a diversas reas de negcio que inclui: a banca, o governo, o ensino, a alimentao e o comrcio electrnico (Rocha 2000).

Concretamente para a rea de BI, em Portugal, no foi encontrado nenhum estudo de carcter cientfico sobre maturidade da BI.

No que respeita ao sector bancrio e no campo da competitive intelligence, foi

encontrado um estudo na rea do sector bancrio sul-africano (Heppes 2006) e tambm um estudo sobre a maturidade de BI do sector bancrio iraniano (Tabatabaei 2010).

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Pela reviso de literatura elaborada, as tecnologias de BI continuam a ser alvo de grande investigao. As perspectivas disponveis sobre as suas iniciativas, em Portugal, provm mais do fornecedor do que do cliente. A viso do cliente dada, embora pouco detalhada, atravs de casos de estudo. No se encontra informao congregada por indstria.

Ao longo dos ltimos anos, verifica-se que existe muita informao elaborada por

fornecedores de software (SAS, IBM, MicroStrategy, Oracle, entre outros) sobre os benefcios de BI aquando da introduo de novas ferramentas. Especificamente ao nvel de maturidade, foram encontrados alguns modelos de maturidade desenvolvidos por fornecedores de software, consultoras e investigadores. Porm, estes modelos no se apresentam para que possam ser directamente aplicados, sendo omissa a informao necessria para a sua implementao. Ao elaborar um estudo sobre a maturidade da BI, foi possvel criar um modelo de maturidade de BI apoiado por uma metodologia de avaliao que a maioria dos modelos de maturidade de BI encontrados no tem disponvel.

Esta investigao poder vir a ser til, dado que a avaliao dos sistemas de informao uma necessidade para o gestor como uma forma de melhorar os prprios sistemas e justificar o grau de investimento feito (Dickson and Wetherbe; Hamilton and Chervany 1981; Dickson and Wetherbe 1985; Myers, Kappelman et al. 1997; Arouck 2001). Este processo til tanto para os beneficirios da soluo de BI (patrocinadores de negcio e gestores executivos), como para os fornecedores, pois permite identificar o nvel de desenvolvimento da organizao.

Deste modo, uma avaliao da maturidade de BI ir permitir organizao em estudo analisar a actual plataforma e os seus processos, e desta forma maximizar os recursos de TI existentes. I.4 - PROBLEMA DE INVESTIGAO

O principal problema de investigao assenta na criao e apresentao de um modelo de maturidade e os procedimentos prticos para a realizao de uma avaliao dessa maturidade.

A escolha do universo bancrio para a implementao do estudo est associada a diversas razes. Em primeiro lugar, pela importncia que dada ao conhecimento como factor competitivo de diferenciao, especialmente na indstria de servios como os bancos, consultoras e fornecedores de tecnologia (Gratton and Ghoshal 2003). Em segundo lugar, pela importncia que a sua actividade financeira tem na maior parte dos pases industrializados. E, por ltimo, pelo facto da aquisio e do tratamento de informao constituir uma actividade central na indstria da banca, sendo assim o impacto das suas inovaes tecnolgicas provavelmente maior do que noutras indstrias (Casolaro 2007).

No entanto, e apesar disso, o modelo aqui criado suficientemente genrico para que

possa ser utilizado noutras indstrias.

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I.5 - ESTRUTURA DA DISSERTAO Captulo I Trata-se de um captulo introdutrio. Neste feita uma breve contextualizao do tema. definido o problema de investigao, os objectivos da dissertao e o seu valor. Captulo II Apresenta a metodologia de investigao seguida nesta dissertao Captulo III - Neste captulo feita uma pequena conceptualizao da BI e dos seus principais intervenientes. Captulo IV Relata a necessidade de avaliao da maturidade de BI, apresentando alguns modelos de maturidade na rea dos sistemas de informao e na rea da BI. No final, feita uma breve anlise dos modelos existentes seleccionados. Captulo V constitudo pela lista de factores que afectam a maturidade da BI e que se assumem como as variveis do modelo de maturidade proposto. Captulo VI composto pelo modelo proposto, a sua metodologia de construo e de implementao. So explicados todos os procedimentos que devem ser seguidos a quando do estudo. Captulo VII Expe as principais concluses, limitaes do desenvolvimento deste trabalho e propostas de trabalho futuros.

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II - METODOLOGIA DE INVESTIGAO

Goldkuhl defende que um investigador que tem como intuito desenvolver conhecimento

deve planear e desenhar todo o processo de aquisio desse conhecimento (Goldkunl 1998). Desta forma, a metodologia de pesquisa ser apresentada neste captulo de modo a

delinear todo o processo de desenvolvimento da mesma, de forma a ir ao encontro dos objectivos propostos. II.1 TIPO DE PESQUISA De acordo com Yin, o processo de investigao pode ser de carcter exploratrio, descritivo ou explicativo (Yin 2003).

A abordagem exploratria define-se como uma pesquisa onde existe uma recolha de informao preliminar que ir ajudar a identificar problemas e a definir hipteses. Yin explica que o estudo exploratrio essencialmente til quando se pretende clarificar e entender um problema (Yin 2003).

A abordagem descritiva assenta no estudo de reas problemticas onde j existe literatura. O objectivo estudar eventos num determinado tempo. O principal intuito da pesquisa descritiva explicar os atributos de uma populao ou fenmeno. Pretende responder a questes como quem, o qu, quando, onde e como (Zikmund and Babin 2009).

A abordagem explicativa foca-se no contributo da relao entre variveis. O objectivo principal encontrar relaes entre as mesmas (Saunders, Lewis et al. 2002).

Apesar das diferentes caractersticas destas abordagens, Malhotra afirma que usual existirem mais do que uma abordagem num s estudo, tal como proponho na metodologia de avaliao (Malhotra 2009).

Deste modo, o tipo de pesquisa seguida descritiva, pois o estudo pretende descrever a maturidade da BI. Por outro lado, com a sua aplicao possvel entender as caractersticas da populao em estudo, no presente caso, uma determinada organizao. II.2 ABORDAGEM DE INVESTIGAO

II.2.1 - Quantitativa vs Qualitativa Existem dois tipos de abordagem que se devem considerar quando se realiza uma investigao: quantitativa e qualitativa (Cooper and Schindler 2003).

Os mtodos de pesquisa quantitativa envolvem a determinao da relao entre uma dada varivel independente em relao s variveis dependentes numa populao. So usados para explicar relaes causais, facilitar a generalizao e fazer previso de acontecimentos (Cooper and Schindler 2003). A pesquisa quantitativa dotada de alguma estrutura e formalismo e pressupe que sejam feitas medies estatsticas.

A pesquisa qualitativa fornece uma viso de uma determinada situao, tentando compreender os processos sociais e inter-relaes nos seus objectivos. utilizada para descobrir e entender atitudes. Tende a utilizar questes para extrapolar sobre a forma como as pessoas pensam sobre determinado assunto (Cooper and Schindler 2003). No entanto, a pesquisa qualitativa no realiza medies, apenas cria conhecimento, sendo que se pretende cobrir ao mximo o objecto de estudo.

Avaliao da maturidade de business intelligence 14

Segundo Yin, a escolha do tipo de abordagem depende dos objectivos do estudo e das

questes de investigao. Tambm refere que apesar de se fazer distino entre ambas as abordagens, estas possuem uma base em comum (Yin 2003).

Assim sendo, este estudo seguir uma abordagem mista. Segue uma abordagem quantitativa, ao tentar explicar relaes causais e medir a maturidade da BI atravs de uma escala de cinco nveis, por forma a conseguir-se responder ao problema de investigao atravs de um instrumento de medio estruturado e formal que o questionrio. Por outro lado, utiliza-se igualmente uma abordagem qualitativa, j que se pretende dar uma viso da maturidade da BI numa determinada organizao. Caso seja realizado um estudo profundo (uma das abordagens que proponho) dever ser utilizada a abordagem qualitativa na fase das entrevistas.

II.2.2 - Dedutiva vs Indutiva Holme e Solvang defendem que explicar um determinado fenmeno ou situao nem sempre simples. Apesar de complexa, esta uma tarefa necessria para se poder criar e desenvolver novas teorias (Holme and Solvang 1997).

A abordagem para criar conhecimento pode ser dedutiva ou indutiva (Saunders, Lewis et al. 2002). A abordagem dedutiva encontra-se relacionada com o desenvolvimento de teoria e hipteses atravs de uma estratgia de investigao que testa essa mesma teoria. J a abordagem indutiva utiliza dados recolhidos para desenvolver teoria baseada em anlise de dados. Neste sentido, para este estudo, a escolha recaiu sobre a abordagem dedutiva, pois a pesquisa foi feita com base na reviso de literatura, o incio da investigao baseou-se em teorias existentes (modelos de maturidade) e, as concluses, no foram baseadas em dados empricos tal como a abordagem indutiva defende. O estudo constitui-se pois como dedutivo, dada a forma como foram alcanados os objectivos e resolvida a questo de investigao. II.3 ESTRATGIA DE INVESTIGAO A estratgia de investigao expressa a estrutura e o problema de investigao utilizados para obter evidncias empricas sobre o problema. Uma boa definio da estratgia de investigao garante que a informao recolhida vai ser consistente com os objectivos do estudo e que os procedimentos de recolha de dados so eficazes e eficientes (Cooper and Schindler 2003). Segundo Yin existem cinco estratgias de investigao nas cincias sociais: experincias, sondagens, anlises de arquivo, histrias e casos de estudo. Cada uma destas possui as suas prprias caractersticas que so determinadas por trs condies (Yin 2009) - Ver Tabela 1.

Estratgia Formas da questo de investigao

Requer controlo sobre eventos comportamentais?

Foca-se em eventos contemporneos?

Experincia Como, porqu Sim Sim Sondagem Quem, o qu, onde,

quantos No Sim

Anlise de Arquivo Quem, o qu, onde, quantos

No Sim/No

Histria Como, porqu No No Caso de Estudo Como, porqu No Sim

Tabela 1 - Estratgias de Investigao Fonte: (Yin 2009)

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A estratgia de investigao a utilizar neste trabalho de investigao o caso de estudo1,

pois os objectivos da dissertao assentam num estudo prtico para avaliar a maturidade da BI numa organizao.

De acordo com Bressan, existem vrias aplicaes para este mtodo, nomeadamente (Bressan 2000):

A explicao de ligaes causais nas intervenes na vida real que so muito complexas para serem abordadas por sondagens;

A descrio de um contexto de vida real no qual a interveno ocorreu; A avaliao descritiva da interveno realizada; A explorao de situaes em que as intervenes avaliadas no possuem resultados

claros ou especficos. Apesar de ser um caso de estudo, a estratgia de sondagem tambm seguida. Pois, para a

aplicao do modelo, prope-se a realizao de um questionrio2 que se constitui como mtodo de recolha de dados (Ver Anexo Questionrio).

II.4 PROCESSO DE INVESTIGAO O processo de investigao considerado para este trabalho foi composto por cinco etapas e encontra-se apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Processo de Investigao

Debruando-nos agora sobre cada uma das fases de forma mais detalhada, temos que a primeira fase caracterizada pelo planeamento, definio de abordagens e pesquisa inicial.

1 O caso de estudo trata-se de uma inquirio emprica que investiga um fenmeno contemporneo dentro de um contexto real, quando a fronteira entre o fenmeno e o contexto no claramente evidente - Yin, R. (2003). Applications of Case Study Research. Beverly Hills, Sage Publications. 2 O questionrio constitui-se como um conjunto de questes escritas, organizadas pelas variveis essenciais para a investigao e que pode ser completado por respondentes de forma presencial ou no - Cooper, D. and P. Schindler (2003). Business Research Methods, McGraw-Hill College..

Avaliao da maturidade de business intelligence

Baseado nos conceitos apresentados no Seminrio de Metodologias de Investigao,

fez-se a preparao das caractersticas da estratgia de investigao. Em seguida, procedeuindstrias abrangidas que, por sua vez, permitiu a definio da Agenda de Trabalhos de acordo com o planeamento do Projecto (Ver Figura 2).

Figura 2 Detalhe da Fase de Preparao do Processo de Investigao

Numa segunda fase do processo de investigao, abordagem mais profunda. Desta formarecorrendo a diversas fontes. BI, tendo tido por base o estudo de vrios modelos de vrias reas para uma melhor compreenso. Tendo o processo de maturidade (Ver Figura 3).

business intelligence

Baseado nos conceitos apresentados no Seminrio de Metodologias de Investigao, se a preparao das caractersticas da investigao, elaborando a definio das abordagens e

estratgia de investigao. Em seguida, procedeu-se recolha de informao sobre a rea e indstrias abrangidas que, por sua vez, permitiu a definio da Agenda de Trabalhos de acordo

do Projecto (Ver Figura 2).

Detalhe da Fase de Preparao do Processo de Investigao

Numa segunda fase do processo de investigao, iniciou-se a reviso da literatura . Desta forma, foi feita uma reviso dos fundamentos da BI,

recorrendo a diversas fontes. Em seguida, foi possvel reunir vrios modelos de maturidade de BI, tendo tido por base o estudo de vrios modelos de vrias reas para uma melhor compreenso. Tendo o processo de reviso literria completo, foi criado um novo modelo de

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Baseado nos conceitos apresentados no Seminrio de Metodologias de Investigao, investigao, elaborando a definio das abordagens e

se recolha de informao sobre a rea e indstrias abrangidas que, por sua vez, permitiu a definio da Agenda de Trabalhos de acordo

Detalhe da Fase de Preparao do Processo de Investigao

reviso da literatura numa foi feita uma reviso dos fundamentos da BI,

seguida, foi possvel reunir vrios modelos de maturidade de BI, tendo tido por base o estudo de vrios modelos de vrias reas para uma melhor

reviso literria completo, foi criado um novo modelo de

Avaliao da maturidade de business intelligence

Figura 3 - Detalhe da Fase de Reviso da Literatura do Processo de Investigao

As terceira e quarta fase

ferramenta de avaliao e a sua validao atravs de pessoas especialistas na reao modelo criado teve vrias verses medida que ia sendo validado

business intelligence

Detalhe da Fase de Reviso da Literatura do Processo de Investigao

terceira e quarta fases do processo de investigao foram pautadas pela criao da ferramenta de avaliao e a sua validao atravs de pessoas especialistas na reao modelo criado teve vrias verses medida que ia sendo validado (Ver Figura 4).

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Detalhe da Fase de Reviso da Literatura do Processo de Investigao

do processo de investigao foram pautadas pela criao da ferramenta de avaliao e a sua validao atravs de pessoas especialistas na rea. Neste sentido

(Ver Figura 4).

Avaliao da maturidade de business intelligence

Figura 4 - Detalhe das Fases de Ferramenta de Avaliao e Melhorias da Ferramenta do Processo

Por fim, a ltima fase foi caracterizada pela redaco do documento de disserta

apresentando as elaes retiradas do estudo

business intelligence

Detalhe das Fases de Ferramenta de Avaliao e Melhorias da Ferramenta do Processo

de Investigao

Por fim, a ltima fase foi caracterizada pela redaco do documento de dissertaapresentando as elaes retiradas do estudo elaborado.

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Detalhe das Fases de Ferramenta de Avaliao e Melhorias da Ferramenta do Processo

Por fim, a ltima fase foi caracterizada pela redaco do documento de dissertao,

Avaliao da maturidade de business intelligence 19

III CONCEPTUALIZAO DA BUSINESS INTELLIGENCE

Inteligncia a capacidade de evitar trabalho e mesmo assim ter o trabalho feito Linus Torvalds Criador do Linux (1969)

A existncia de sistemas de BI justificada pela sua adequao s vrias realidades da vida

das empresas e das organizaes. Existe hoje um conjunto de processos de negcio e actividades crticas no modelo de cada empresa e na sua respectiva cadeia de valor, em que a obteno de conhecimento especfico essencial para os processos de deciso (Sezes, Oliveira et al. 2006). III.1 - DEFINIO DE BI

Existem diferentes definies de BI3 que so usadas nos mais diferentes campos (Moss

and Atre 2003). Sezes afirma que BI um processo produtivo cuja matria-prima a informao, e que

pode gerar conhecimento como produto final. No mundo empresarial actual a informao um recurso quase ilimitado, facto que faz com que esta tarefa seja essencial (Sezes, Oliveira et al. 2006).

Para Baltzan, a BI assume-se como sendo informao que as pessoas utilizam para suportar a tomada de deciso (Baltzan, Philips et al. 2009). Outros autores como Turban sugerem que a BI um conceito umbrella que inclui arquitecturas, ferramentas, bases de dados, aplicaes e metodologias. uma expresso content-free, tendo diversos sentidos para diversas pessoas (Turban, Aronson et al. 2006).

Numa linha de pensamento semelhante, Moss acredita que a BI no se assume como um produto ou sistema. Considera-a como uma arquitectura integrada operacional e um conjunto de aplicaes de suporte deciso que disponibilizam a uma comunidade uma melhor acessibilidade aos dados de negcio (Moss and Atre 2003). De qualquer forma, este conceito algo nico para cada organizao, como so as polticas ou regras de negcio pelas quais se regem as prticas de uma organizao. Como Sauter refere, esta unicidade deve ser explorada para obteno de vantagens competitivas (Sauter 1997). Actualmente surge um novo conceito de BI: a BI difundida. De acordo com a TDWI constitui-se como a capacidade de conseguir que os utilizadores adoptem e utilizem as ferramentas de BI que a organizao adquire. Este tipo de conceito pode ser algo muito complexo de implementar dado o conjunto de variveis que afectam a sua utilizao (Eckerson 2009a).

Todas estas definies e outras que no foram aqui enunciadas podem estar categorizadas em trs abordagens possveis: processo, tecnologia e do produto (Ver Tabela 2).

3 O termo de business intelligence usualmente visto como um sinnimo de termos como competitive intelligence, competitor intelligence, market intelligence e strategic intelligence. Para mais informao sobre estes sinnimos ver - Fleisher, C. and D. Blenkhorn (2003). Controversies in Competitive Intelligence: The Enduring Issues. Westport, CT: Praeger.

Avaliao da maturidade de business intelligence 20

Abordagem Processo Tecnologia Produto Definio Foca-se no processo de

recolha de dados atravs de fontes externas e internas e analis-los de forma a tornar a informao relevante para a tomada de deciso.

Foca-se nas ferramentas e tecnologias que permitem gravar, recuperar, manipular e analisar a informao.

Descreve a BI como um resultado/produto emergente da anlise profunda e detalhada dos dados de negcio bem com as prcticas de anlise utilizando as ferramentas de BI.

Autores Whitehorn & Whitehorn (1999); Business Objects (2007); Cognos (2004); SAS Institute (2007); Moss & Hoberman (2005); Hostmann (2007); Oracle (2007); Turban et al. (2007); Markarian, Brobst & Bedell (2007)

Moss & Atre (2003); Moss & Hoberman (2004); Adelman & Moss (2000); Turban et. al (2007); Oracle (2007); Hostmann (2007) Nota: a definio de Hostmann (2007) e Moss & Hobermann (2005) apresenta a BI na abordagem processual e tecnolgica.

Chang (2006); Gangadharan & Swami (2004); Kulkarni & King (1997); Turban e al. (2007) Nota: a definio de Turban et al. (2007) abrange as trs abordagens.

Tabela 2 Abordagens das definies de BI Fonte: Adaptado (Petrini and Pozzebon 2004; Chang 2006)

Neste sentido, para a BI seja bem-sucedida, toda a cultura organizacional, os processos de negcio e as tecnologias tm que ser desenhadas e implementadas com o objectivo de melhorar as capacidades de deciso estratgica e operacional. Vesset e McDonough apontam como factores de influncia deste conceito: o grau de formao dos utilizadores; a correspondncia com as necessidades dos utilizadores; a proeminncia da governncia de BI; o envolvimento de no executivos e a metodologia de gesto de performance (Vesset and McDonough 2009).

Avaliao da maturidade de business intelligence 21

III.2 - EVOLUO DA BUSINESS INTELLIGENCE

Desde da dcada de 50 que as organizaes perceberam o potencial dos computadores e estes comearam a ter uma grande importncia. Entre os anos 50 e 70 o uso de computadores e sistemas de informao cresceu exponencialmente (Andersson, Fries et al. 2008).

Na dcada de 70, novos sistemas foram desenvolvidos para apoiar os gestores no acesso a informao de negcio relevante para a tomada de deciso (Gorry and Morton 1989). Estes sistemas forneciam aos gestores relatrios estticos sem quaisquer capacidades analticas (Turban, Sharda et al. 2007). Melhorias foram feitas quando nos anos 70 os sistemas de suporte deciso (usualmente designados por DSS Decision Support System) surgiram. A novidade destes sistemas que estavam mais direccionados para o suporte deciso atravs de modelos matemticos e estatsticos que interpretavam os dados, e no apenas atravs de relatrios standard (Adelakun and Kemper 2010).

Nos anos 80, os sistemas comearam a abandonar os relatrios estticos e a focarem-se na monitorizao da performance e progressos das organizaes para atingir os objetivos da organizao (Burkan 1991). Um maior grau de usabilidade por parte dos gestores executivos foi alcanado com o aparecimento dos sistemas de informao empresariais (usualmente designados EIS Enterprise Information Systems) que permitiam a customizao de relatrios e da visualizao de dados. Tambm as interfaces ficaram mais intuitivas e acessveis a um maior nmero de pessoas (Adelakun and Kemper 2010).

O processo de data warehousing assumiu-se como o antecessor direto da BI. O termo de BI foi introduzido pela Gartner em meados dos anos 90. Hoje em dia o termo BI utilizado quando se fala de apoio tomada de deciso nas organizaes em detrimento de termos como MIS (Management Information Systems) e DSS. A BI o prximo passo para atingir uma perspetiva organizacional holstica (Adelakun and Kemper 2010).

Dada a forma como se pensava nas ltimas dcadas, a BI descreve agora toda a abordagem de reunir, manipular e apresentar informao. A BI no pois um novo sistema mas a compresso de vrias tcnicas e ferramentas que se destacam pelas novas capacidades analticas (Adelakun and Kemper 2010).

Com os benefcios significativos que a BI oferece s mais diversas indstrias para todas as funes na organizao, no surpresa que a BI assuma o lugar no Top 10 das prioridades de investimento tecnolgico das empresas.

A sua taxa de crescimento nos ltimos anos tem-se registado nos 11%, o que se revela surpreendente dado que os custos unitrios das componentes de BI diminuram e o crescimento de outros mercado de tecnologia de informao desacelarou (Howson 2007).

Segundo a IDC, o mercado parece se movimentar em ciclos de 15 anos e evolui com a incorporao de novas componentes. Iniciou-se com ferramentas independentes de relatrios e amadureceu para solues integradas que lidam com diversas componentes como o data warehousing, integrao de dados, anlise avanada e outras que ajudam a satisfazer as necessidades organizacionais - Ver Figura 5 (Vesset and McDonough 2009).

Avaliao da maturidade de business intelligence 22

Figura 5 Tendncias do Mercado de BI

Fonte: (Vesset and McDonough 2009)

III.2 - NVEIS E UTILIZADORES DE BI

Segundo Quinn, as aplicaes de BI podem ser desenvolvidas a trs nveis da organizao:

1. Estratgico Monitorizao do desempenho e da realizao dos objectivos estratgicos, por parte dos gestores;

2. Analtico / Tctico Isolamento e identificao dos problemas que constituem obstculos ao desempenho, por parte dos analistas;

3. Operacional Resoluo dos problemas impeditivos do desempenho com iniciativas na forma de aplicaes de BI e melhoria dos processos.

Estes trs nveis so intrinsecamente diferentes, mas no se excluem mutuamente e devem estar directamente ligados (Quinn 2008) - Ver Tabela 3.

BI Estratgico BI Tctico BI Operacional Abordagem no negcio Desenvolvimento de

objectivos estratgicos

Gesto de iniciativas para atingir objectivos de negcio

Gesto e monitorizao diria de operaes de negcio

Utilizadores primrios Executivos, Analistas de negcio e Gestores

Analistas de negcio e Gestores

Gestores operacionais e empregados de primeira linha

Prazo Meses a anos Dias a Meses a Anos Dirio Dados Dados histricos e

projectados Dados histricos Dados em tempo-real e

histricos

Tabela 3 - Tipos de BI Fonte: (Logica 2009)

Assim, como possvel visualizar na Tabela 3, a anlise estratgica dinamiza a BI

analtica, ao passo que a BI analtica direcciona as iniciativas operacionais. Como Quinn salienta, so estas iniciativas operacionais que acabam por ter impacto na agilidade, na produtividade, na rentabilidade e no lucro (Quinn 2008).

Avaliao da maturidade de business intelligence 23

Um dos factores chave para o desenvolvimento de uma BI bem sucedida passa pela

compreenso dos utilizadores de negcio, ou seja, os papis que desempenham, a informao que precisam e a forma como consumem e analizam informao (Eckerson 2009b).

No que concerne os utilizadores de BI, as ltimas solues de BI4 defendem uma maior

abrangncia de utilizao (IBM 2009a). Ou seja, apesar da administrao representar o grupo mais visvel de utilizadores de BI, os colaboradores operacionais oferecem o maior potencial de ROI (Return on Investment) para as empresas, registando-se um aumento de performance destes (Silva 2009). Tal facto coloca as ferramentas de BI disponveis para uma maior diversidade de utilizadores com diferentes necessidades.

Por conseguinte, para que a BI seja bem sucedida numa organizao, idealmente

necessrio que abranja 100% dos seus empregados bem como os seus clientes e fornecedores. No entanto, alguns autores argumentam que determinados utilizadores nunca utilizaram a BI o que em parte verdade (Howson 2007).

Assim, tanto a Gartner como Imhoff and Petit apresentam uma classificao de utilizadores mais ampla (Tabela 4).

Staff de TI Power Users ExecutivosGestores

Funcionais Clientes de Informao Ocasional

Extranet: Partners, Consumidores

Nmero de Utilizadores

Poucos Dezenas Dezenas Dezenas a centenas

Centenas a milhares

Centenas a milhares

Ferramentas de BI e funes

Desenvolvimento: - Administrao - Metadata - Segurana - Gesto - Aplicaes - Integrao

Adhoc query: Relatrios OLAP Data Mining Anlise Analtica Avanada

Dashboards Scorecards Relatrios CPM BPM

Relatrios Spreadsheet Visualizao OLAP BAM CPM

Relatrios Spreadsheets Queries

Relatrios Tracking

Valor Estratgico

Baixo Alto Muito Alto Mdio Baixo Alto

Tabela 4 Tipo de Utilizadores de BI Fonte: Compilado de Gartner (2004) e Imhoff and Petit (2004) In (Turban, Sharda et al. 2007)

Apesar desta classificao, a IBM refere que, actualmente, cerca de oitenta por cento dos utilizadores empresariais no contemplado pelas ferramentas de BI (IBM 2009a). No mbito de utilizao de BI, a TDWI, um instituto de investigao, defende que o seu ambiente constitudo por diversos utilizadores, que se distinguem pela forma como consumem e produzem informao. Os utilizadores podem ser (Eckerson 2009b):

Power Users tambm denominados como produtores de informao. Este tipo de utilizadores cria relatrios, dashboards e modelos para eles e para os utilizadores casuais (Casual Users);

4 As solues de BI permitem s organizaes ganhar visibilidade do negcio a todos os nveis atravs da realizao de queries e anlise de dados de diversas perspectivas de forma a descobrir tendncias e comparar resultados - Luminita, H. (2005). Business Intelligence: Applications, Trends and Strategies, Facultatea de Economie si Administrarea Afacerilor: pp 310-311.

Avaliao da maturidade de business intelligence 24

Casual Users tambm denominados como consumidores de informao. So normalmente clientes, fornecedores, executivos, gestores e empregados que representam cerca de 80% dos utilizadores empresariais.

A BI Research, uma empresa de investigao e consultoria, destaca os utilizadores em dois tipos: consumidores e produtores de informao. Os consumidores de informao no utilizam dados corporativos e ferramentas de tecnologia de informao. J os produtores de informao criam informao para que possa ser utilizada por consumidores de informao, atravs de ferramentas de tratamento, anlise e reporting de informao (White 2009).

Paralelamente, existem diversas ferramentas cuja sua utilizao varia de acordo com o utilizador (Ver Figura 6).

Figura 6 Nvel de Utilizao de Ferramentas por Utilizador Fonte: Eckerson (2009b)

A compreenso da forma como os utilizadores interagem com a BI revela-se muito importante para optimizar o desenvolvimento de capacidades analticas, pois ao classific-los possvel integr-los mais facilmente em categorias de utilizao de ferramentas com diferentes nveis de complexidade (Eckerson 2009b).

III.3 DESAFIOS DA BUSINESS INTELLIGENCE

A BI pode oferecer vrios benefcios mas o caminho para o seu alcance no directo.

Vrios obstculos podem surgir durante a sua implementao, desenvolvimento e utilizao (Sabherwal and Fernandez 2010).

De acordo com Miller existem vrios desafios que se colocam BI estando estes relacionados com: dados, tecnologia, processos, estratgia, utilizadores e cultura (Miller, Bratner et al. 2006). Os dados so considerados o ncleo de todas as iniciativas de BI, sendo normalmente os assuntos relacionados com os dados que causam mais falhas e custos numa implementao de BI. Desta forma, necessrio um grande investimento em tempo, recursos, regras e processos

Avaliao da maturidade de business intelligence 25

que garantam dados consistentes, promotores de uma verso nica da verdade. Contudo, a limpeza de dados (data cleansing) no suficiente sendo que os dados devem ser validados para garantir fiabilidade no processo de tomada de deciso (data quality). Por ltimo, o armazenamento de dados (data storage) revela-se como um desafio pela multiplicidade de formatos e bases de dados onde os dados podem estar inseridos.

A heterogeneidade de ferramentas e infra-estruturas tecnolgicas que as organizaes tendem a acumular podem revelar-se um verdadeiro desafio tecnolgico.

Os processos assumem-se como a chave para o sucesso de BI, sendo que estes podem ser mudados, medidos, documentados e automatizados de acordo com os requisitos de negcio. As pessoas constituem-se como a chave para o sucesso dos processos. Neste sentido, o desafio traduz-se na conjugao harmoniosa de capital humano, cultura, processos e infra-estruturas.

Ao nvel estratgico, o alinhamento das iniciativas de BI com o suporte organizacional revela-se um dos grandes desafios, dada a diversidade de necessidades dos vrios utilizadores.

No que concerne os utilizadores, a ideia j foi exposta no ponto anterior, ao apelar necessidade de entender as diferentes necessidades para uma boa implementao da BI.

Por fim, Miller refere que os factores culturais podem ser inibidores da boa utilizao da BI, dado que as organizaes podem ser mais ou menos resistentes mudana, factor que deve ser bem gerido por esse motivo (Miller, Bratner et al. 2006).

Sabherwal defende que, ao nvel de obstculos, estes podem ser categorizados de duas formas: obstculos tecnolgicos e obstculos organizacionais (Sabherwal and Fernandez 2010).

Os obstculos tecnolgicos podem incluir: a dificuldade de utilizar ferramentas de BI; o custo de formao em BI; o retorno de investimento difcil de quantificar; as necessidades dos utilizadores tambm difceis de identificar e a dificuldade em customizar as ferramentas. Por outro lado os obstculos organizacionais podem incluir falhas no que respeita a preparao para utilizar BI: os eventos de negcio no esto definidos de forma consistente pela organizao; a BI coloca a informao demasiadamente transparente; o no reconhecimento do valor de BI e a existncia de uma soluo de BI que responda a todas as necessidades (Sabherwal and Fernandez 2010).

Os desafios podem ser complexos mas valem o investimento. O sucesso da BI oferece uma grande rendibilidade que se constitui como um verdadeiro indicador do sucesso do negcio e este sucesso nunca acidental, sendo que as organizaes o podem alcanar quando (Atre 2003):

- Tomam melhores decises de forma rpida e confiante; - Realizam operaes streamline; - Reduzem os seus ciclos de desenvolvimento de produto; - Maximizam o valor das linhas de produto/servio existentes e antecipam novas oportunidades de negcio; - Criam um marketing melhor e mais focado bem como melhoram a sua relao com clientes e fornecedores;

Essencialmente a melhoria da tomada de deciso o melhor impacto que a BI pode ter

numa organizao. Por outro lado, Luminita afirma que o sucesso de BI depende da forma como implementado (Luminita 2005). Contudo, apesar de se poder ultrapassar os desafios importante que a iniciativa de BI nunca termine, de forma a estar de acordo com a evoluo das necessidades ao longo do tempo (EMC 2010).

Avaliao da maturidade de business intelligence 26

IV AVALIAO DA PLATAFORMA DE BUSINESS INTELLIGENCE

O sucesso das organizaes depende cada vez mais da utilizao inteligente da informao disponvel

Peter Drucker IV.1 NECESSIDADE DE AVALIAO DA PLATAFORMA DE BUSINESS INTELLIGENCE

A grande diversidade de solues de BI disponveis no mercado torna difcil o processo de escolha e consequente avaliao do seu impacto na organizao (Ghilic, Stoica et al. 2008). Por outro lado, a construo da plataforma ideal complexa, pois so vrias as componentes que tm de ser consideradas, incluindo a integrao de dados, limpeza, modelao, armazenamento, criao de mtricas, relatrios, queries entre muitos outros, com combinaes e abordagens infinitas de forma a torn-las teis e significativas (Evelson, Karel et al. 2010).

Assim, no s para ajudar as organizaes a percepcionarem o objectivo da implementao, mas tambm para fornecer um ambiente de gesto e monitorizao de processos, torna-se necessria uma avaliao da soluo. Aliado a estas razes est tambm o feedback que essa mesma avaliao pode trazer de forma a contribuir para melhorar a estratgia de negcio (Ghilic, Stoica et al. 2008).

Neste sentido, a avaliao e melhoria dos sistemas de informao uma necessidade para o gestor para justificar o nvel de investimento efectuado (Dickson and Wetherbe; Hamilton and Chervany 1981; Dickson and Wetherbe 1985; Myers, Kappelman et al. 1997; Arouck 2001).

importante compreender a definio de avaliao no contexto dos sistemas de

informao nas organizaes. Dell' Aquila afirma que a avaliao considera um determinado mtodo de medio de software baseado na anlise da complexidade funcional das plataformas (Dell' Aquila, Di Tria et al. 2008). De acordo com Hamilton a efectividade de avaliao dos sistemas de informao dificultada pela multidimensionalidade e os seus mltiplos aspectos quantitativos e qualitativos (Hamilton and Chervany 1981).

De certa forma, esta ideia encontra-se presente em literatura de vrios autores (Willcocks 1996; Nadeem and Jaffri 2004; Ghilic, Stoica et al. 2008) quando se referem aos custos e retorno de investimento tangveis e intagveis das infra-estruturas BI.

A avaliao formal dos sistemas de informao algo que tende a considerar apenas os

custos quantificveis, ignorando todos os custos intangveis (Avgerou 1995). Neste sentido, as avaliaes formais entendem-se como abordagens quantitativas rgidas baseadas em abordagens cientficas enquanto que, as abordagens qualitativas, se baseiam na interpretao (Myrtidis and Weerakkody 2008).

IV.2 AVALIAO DA MATURIDADE DE BUSINESS INTELLIGENCE

Para que seja possvel fazer o balano entre o investimento de BI e o valor por si acrescentado muito importante entender a maturidade5 de uma organizao atravs de uma avaliao ao nvel da tecnologia, dos processos e da organizao. Desta forma possvel comparar o nvel de maturidade com os objectivos que se pretendem atingir (Logica 2009).

5 Em termos conceptuais, a maturidade assume-se como sendo uma definio mais descritiva que

normativa, dado que no podemos definir um estado ideal para a maturidade. A ideia base que maturidade organizacional relacionada com sistemas de informao e as suas componentes devem ser entendidas num contexto -Khosrowpour, M. (1996). Information Technology Management and Organizational Innovations. Information Resources Management Association International Conference, Washington, Idea Group.

Avaliao da maturidade de business intelligence 27

Como maturidade Bruin define como sendo uma medida para avaliar as capacidades da organizao no que concerne uma determinada disciplina (Bruin, Rosemann et al. 2005).

Um estudo levado a cabo pela SAS concluiu que apenas uma pequena percentagem das organizaes possui maturidade ao ponto de maximizar o valor e a utilidade da informao. Assim, a avaliao assume-se como um mtodo que potencia a maximizao tanto do valor como da utilidade da informao (SAS 2007). Existem diversas razes que levam a que a maturidade de BI seja avaliada. A Gartner considera que a conduo deste tipo de avaliao muito importante (Hotle and Landry 2009), no devendo ser realizados apenas pontualmente, mas sim regularmente, pois s assim possvel detectar falhas e fazer melhorias. J a TDWI, no seu questionrio de maturidade de BI aponta as seguintes razes para medir a maturidade (TDWI 2009):

Conhecer os riscos e prioridades das iniciativas de BI necessrias para atingir a estratgia organizacional

Medir os custos das iniciativas planeando o esforo necessrio elevao do nvel de maturidade

Elevar a satisfao do utilizador no apoio deciso e eficincia dos sistemas Lnnqvist aponta duas razes essenciais para a medio desta maturidade: a

necessidade de justificar os investimentos das iniciativas de BI e a gesto das iniciativas de BI de forma a verificar o grau de satisfao do utilizador (Lnnqvist and Pirttimki 2006).

A evoluo da maturidade de BI e o grau de sucesso possvel na organizao depende parcialmente da sua capacidade de aprender, desenvolver e implementar competncias de BI e data warehouse, sendo que o grau de sucesso depende da capacidade da organizao para mudar (Williams and Williams 2006).

Neste mbito, Quinn refere que as organizaes que se empenham na melhoria do seu desempenho de partilha de informao conseguem avanar vrios nveis de maturidade em termos de utilizao de BI e tecnologias de integrao (Quinn 2008).

De acordo com Rocha, a avaliao da maturidade da funo de SI, onde o BI parte integrante, envolve um exame disciplinado das polticas, estratgicas e actividades ou processos desta rea funciona (Rocha and Vasconcelos 2004). Pressupe:

Uma escala de medida geralmente uma srie de nveis de maturidade ou capacidade

Critrios para avaliao de encontro escala, usualmente um modelo de maturidade subjacente;

Um conjunto de normas e boas prticas; Um mecanismo claro para a representao dos resultados

Assim, a avaliao do nvel de maturidade visa a identificao dos pontos de melhoria para que a organizao possa estabelecer ou reforar determinadas prticas ou processos.

IV.2.1 - Modelos de Maturidade

Nesta seco apresentam-se vrios modelos de maturidade que ilustram o ciclo de vida e implementao de BI. Os modelos de maturidade tm h muito sido usados e aplicados para avaliar disciplinas especficas (Hotle and Landry 2009). Estudos realizados indicam que j foram propostos mais de uma centena de modelos de maturidade (Bruin, Rosemann et al. 2005).

Vrios modelos de maturidade tm sido propostos ao longo do tempo, quer ao nvel dos Sistemas de Informao, quer ao nvel de BI.

Os modelos de maturidade baseiam-se na premissa de que as pessoas, organizaes, reas funcionais e processos, entre outros, evoluem atravs do desenvolvimento ou crescimento em direco a uma maturidade mais avanada, atravessando um nmero de estdios distintos (Rocha and Vasconcelos 2004).

Estes modelos apresentam determinadas caractersticas que classificam as organizaes nos diferentes nveis de maturidade. A aplicao dos modelos de maturidade pode ser suportada

Avaliao da maturidade de business intelligence 28

por procedimentos pr-determinados ou questionrios que permitem a avaliao (Becker, Knackstedt et al. 2009). Ao entender o ciclo de vida de BI as organizaes podem alcanar um melhor posicionamento e percepcionar quais os prximos passos a dar. Existe uma tendncia comum entre os modelos no que concerne aos ciclos de vida de BI, sendo intuitiva a forma como esta evolui. A questo que se coloca nos vrios modelos quais os factores que so considerados importantes para medir a maturidade. algo subjectivo e um fenmeno altamente complexo dada a sua transversalidade.

Na rea de gesto das tecnologias de informao, os modelos de maturidade tm-se vindo a assumir como um instrumento importante para a sua avaliao. Permitem no s um melhor posicionamento da organizao, mas tambm ajudam na definio e na resoluo de problemas (Becker, Knackstedt et al. 2009).

Modelos de Maturidade de Sistemas de Informao Inicialmente, o desenvolvimento deste tipo de modelos na rea de Sistemas de Informao surgiu com Nolan (Nolan 1973; Nolan 1979).

Nolan defendia um modelo dos estdios do crescimento onde a maturidade dos sistems de informao estava altamente relacionada com a evoluo dos mesmos. O modelo baseava-se em indicadores de maturidade como a tecnologia usada e o oramento para os Sistemas de Informao (SI) como indicadores de maturidade da gesto de SI utilizando uma curva em S(Nolan 1973; Nolan 1979). O modelo considerava quatro estdios: Iniciao, Contgio, Controlo e Maturidade (Figura 7).

Figura 7 Modelo de Nolan em quatro estdios

Fonte: (Nolan 1973) No desenvolvimento da sua investigao, Nolan constatou que a curva em S no

representava apenas o crescimento da tecnologia usada e do oramento em SI mas tambm a aprendizagem organizacional, embora considerasse que esta estivesse num plano secundrio. Tal facto, levou-o a desenvolver um modelo de maturidade de seis estdios: Iniciao, Contgio, Controlo, Integrao, Gesto de Dados e Maturidade, existindo um ponto de transio entre a fase de Controlo e a fase de Integrao (Nolan 1979). Este ponto de transio define o fim da primeira curva de S e o incio da segunda curva em S, caracterizada por um elevado crescimento na utilizao das tecnologias, custos e aprendizagem organizacional (Figura 8).

eeu229Rectangle

Avaliao da maturidade de business intelligence 29

Figura 8 Modelo de Nolan em seis estdios

Fonte: (Nolan 1973) O modelo sugere que nos seis estdios acontea:

Estdio 1: Evoluo das TI nas organizaes - comea no estdio de iniciao; Estdio 2: Rpida propagao das TI - no estdio de contgio; Estdio 3: Surge a necessidade de controlo; Estdio 4: Integrao de vrias solues tecnolgicas; Estdio 5: A gesto de dados torna-se necessria para permitir o

desenvolvimento sem aumentar as despesas em TI; Estdio 6: Finalmente, o estdio de maturidade que assume um crescimento

constante. Dada a sua abordagem simplista, este primeiro modelo foi alvo de crticas sendo que mais tarde, McFarlan apresentou uma proposta mais abrangente onde j assumia a possibilidade de existncia de mltiplas curvas de aprendizagem de tecnologias (McFarlan, McKenney et al. 1983). No incio da dcada de 90, Nolan estendeu o seu modelo tendo elaborado um modelo de maturidade de capacidades. Estes modelos, de acordo com o Paulk foram desenvolvidos para apresentar um conjunto de prticas para um determinado nmero de processos chave de forma a melhorar a capacidade de desenvolvimento de software e manuteno do mesmo. Quanto maior o nvel de maturidade maior a performance (Paulk, Curtis et al. 1993). Mais tarde, Galliers apresentaram um modelo revisto dos estdios do crescimento baseado em 7 estdios: Estratgia, Estrutura, Sistemas, Pessoal, Estilo, Aptides e Cultura (Galliers 1991). Este modelo tem sido testado e aplicado em alguns pases nomeadamente Portugal (Rocha 2000; Rocha and Vasconcelos 2004). Mutsaers na sua obra j refere algo mais inovador, uma combinao de factores crticos de sucesso (FCSs) com o ltimo modelo de maturidade de Nolan (Mutsaers et al. 1997). No que concerne os FCSs, Rocha refere que se constituem como os poucos aspectos que tm que correr bem para que o negcio seja bem-sucedido. Caso no se d ateno a estes factores, tal facto reflectir-se- na performance organizacional. Dada a dinmica de uma organizao, o que hoje trivial pode tornar-se crtico no futuro. Desta forma os FCSs podem ser usados como tcnica de aferio de maturidade de uma organizao (Rocha and Vasconcelos 2004).

Aliados a estes modelos, existem outros modelos de maturidade de sistemas de informao genricos.

Modelos de Maturidade de Business Intelligence

A utilizao efectiva da BI pode assumir-se como um grande desafio para as organizaes, pois representa um enorme benefcio potencial que no fcil de alcanar. Assim, os modelos de maturidade de BI so importantes pois descrevem o caminho e ajudam as

Avaliao da maturidade de business intelligence 30

organizaes a avanar na direco correcta para melhor alinhar a tecnologia com os processos de negcio (Rajteric 2010).

Segundo Popovi no tm sido muitas as tentativas de definir de forma cientfica a maturidade dos sistemas de BI, o que j no acontece no mbito profissional: fornecedores de software, consultoras ou investigadores (Popovi and Coelho 2009).

De seguida so apresentados alguns dos modelos de maturidade de BI desenvolvidos nos ltimos anos.

Modelo TDWI A TDWI prope um modelo de maturidade desenvolvido por Eckerson. Este modelo foi inicialmente construdo em 2004 mas foi alvo de melhorias em 2007. Apresenta cinco estdios de crescimentos: Bb, Criana, Adolescente, Adulto e Maduro, havendo dois obstculos: o Golfo e o Abismo (Ver Figura 9). Paralelamente tem como objectivo estudar a maturidade em trs dimenses: pessoas, processos e tecnologias (Eckerson 2007).

Figura 9 - Modelo de Maturidade TDWI

Fonte: (Eckerson 2007) O modelo de maturidade TDWI definido atravs da arquitectura e realizao de sistemas, dos seus utilizadores e dos problemas a que d resposta. A principal ideia inerente ao modelo que as organizaes que progridem pelos diversos estdios, possuem um maior valor de negcio em relao ao investimento realizado em sistemas de BI. O estdio Bb representa um ambiente de prdata warehousing, onde a organizao se apoia essencialmente em relatrios operacionais. Estes relatrios assumem-se como estticos e inflexveis, mostrando um nmero limitado de dados e processos. A visualizao da informao no dinmica, o que faz com que os utilizadores percam muito tempo de trabalho. Os utilizadores acabam assim por recolher, limpar e transformar os dados de acordo com as suas necessidades. O pedido de realizao destas tarefas aos power users faz com que estes tambm despendam muito tempo, sendo que nem sempre a viso por eles criada representa aquilo que os utilizadores de informao pretendem (Eckerson 2007). Depois deste primeiro estdio, as organizaes enfrentam o primeiro obstculo: o Golfo. Para ultrapass-lo, Eckerson, prope que se lancem os seguintes desafios: percepo, por parte dos executivos, do recurso estratgico que a BI, adequar os financiamentos das iniciativas de BI, melhorar a qualidade dos dados e mudar a cultura organizacional na forma como acede, analisa e toma decises (Eckerson 2007). Segue-se o estdio Criana, onde se realiza o primeiro empreendimento entre a data warehouse e a BI. Estas iniciativas realizam-se ao nvel departamental, existindo algumas tentativas em alinhar estes projectos com outras iniciativas ao nvel da organizao. So implementadas as primeiras ferramentas de BI, permitindo aos power users o uso de novas

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potencialidades. Melhora a tomada de deciso e o entendimento sobre o negcio (Eckerson 2007).

No estdio Adolescente, ultrapassam alguns obstculos do estdio anterior, sendo a maioria no mbito departamental. Cada departamento cria a sua prpria data warehouse, que resulta num conjunto de repositrios que no possuem definies de dados consistentes nem regras e elementos de dados comuns. A maior mudana que se verifica neste estdio que existe uma maior utilizao dos sistemas de BI por parte de casual users. A organizao reconhecendo o valor de disponibilizar informao rpida, cria conjuntos standard de relatrios parametrizados ou dashboards que se destinam a diferentes grupos de utilizadores (Eckerson 2007). Depois do estdio Adolescente, geralmente, as organizaes deparam-se com o segundo maior obstculo: o Abismo. Nesta fase, as organizaes sentem algumas dificuldades, dada a grande volatilidade do negcio, polticas e algumas questes relacionadas com a gesto de mudanas (como por exemplo a inflexibilidade das arquitecturas). O objectivo deve ser consolidar os data marts e data warehouses de forma a entregar um conjunto de informao mais consistente (Eckerson 2007). O estdio Adulto alcanado quando as equipas de BI ultrapassam o Abismo e fornecem aos utilizadores um sistema de BI que permite organizao atingir os seus objectivos. caracterizado pela sua gesto centralizada, aplicaes direccionadas para o negcio e uma arquitectura de data warehouse flexvel. Assim, a BI assume-se como um recurso estratgico que tem por base uma data warehouse nica com regras, mtricas e semnticas comuns a toda a organizao. Nesta fase, a organizao utiliza scorecards em cascata para optimizar a execuo da estratgia de negcio a todos os nveis, de forma a poder antecipar eventos de negcio (Eckerson 2007). Por fim, a organizao atinge o estdio Maduro, onde a BI vista como um servio que se encontra totalmente embebido nos processos, aplicaes e estratgias de uma organizao. Esta fase traduz-se numa utilizao da BI para fornecer aos stakeholders relatrios interactivos, dashboards e outros servios de informao. A utilizao de portais empresariais um procedimento bastante comum. A organizao trabalha agora com aplicaes sofisticadas que incorporam dados atravs de tcnicas (regras, notificao de alertas, modelos preditivos) de forma a monitorizar processos em tempo-real (Ver Figura 10).

Figura 10 - Variveis e Estados de Maturidade do Modelo TDWI

Fonte: (Eckerson 2007)

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Modelo HP

A HP desenvolveu um modelo de maturidade de forma a ilustrar a evoluo das capacidades de BI dos seus clientes. Neste sentido, o modelo proposto baseia-se na sua experincia com o cliente e assenta nas seguintes capacidades: capacidade de negcio, tecnologia de informao e gesto do programa e estratgia (HP 2009).

Este modelo composto por cinco nveis de maturidade e apresenta as principais caractersticas-chave a ter para poder evoluir em maturidade, conforme visvel na Figura 11 (HP 2009).

Figura 11 - Modelo de Maturidade da HP

Fonte: (HP 2009) No primeiro nvel, as necessidades do negcio encontram-se focadas na melhoria de

reporte bsico e da anlise analtica. Os seus utilizadores so apenas executivos e gestores, existindo um enorme volume de trabalho manual. A principal preocupao nesta fase o acesso aos dados que se encontram em data marts departamentais ou em aplicaes especficas. Os projectos desenvolvidos so pequenos e intra-departamentais (HP 2009).

No segundo nvel, as necessidades de negcio so as mesmas que no nvel anterior mas comea a verificar-se a implementao de dashboards e scorecards bsicos, bem como algumas aplicaes de planeamento, oramento e previso. Os utilizadores mantm-se os mesmos do nvel 1, mas existe agora um menor volume de trabalho manual. Os utilizadores so capazes de personalizar alguns relatrios e anlises, sendo estes emitidos semanalmente e mensalmente. A gesto de projectos revela-se como um factor crtico de negcio (HP 2009).

O terceiro nvel caracterizado por uma maior capacidade de integrao e alinhamento, o que aumenta o valor de negcio. As mtricas e os processos encontram-se definidos. J existe um maior nmero de utilizadores de BI. A disponibilidade de dados maior, bem como a sua clareza e utilizao de acordo com as necessidades de negcio. Verifica-se a criao de um centro de competncias de BI (CCBI) bem como a existncia de um programa de BI (HP 2009).

O nvel quatro marcado pela capacidade da BI transformar a forma como os processos so desenhados e a forma de trabalho dos elementos da organizao. criada em torno da organizao uma verso nica da verdade. A BI est totalmente integrada e a organizao comea a investir ainda mais em tecnologias analticas. No que respeita a gesto do programa e estratgia, a gesto de portflio assume agora um papel crucial sendo naturalmente componente de todas as iniciativas estratgicas (HP 2009).

Por fim, e ainda pouco alcanado pelas empresas, no nvel cinco, estas beneficiam de uma plataforma de informao gil. A capacidade analtica vista no s como um incremento de valor mas como factor de diferenciao. As capacidades de gesto de informao encontram-

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se ao mais alto nvel bem como a disponibilidade da informao. A gesto do portflio da BI permite organizao alcanar o valor estratgico dos investimentos de BI (HP 2009).

Modelo Platon

A Platon, uma consultora fornecedora de servios de gesto de informao, apresenta uma ferramenta para medir a maturidade de BI que tambm se baseia num modelo. Este modelo pode apresentar cinco estdios, sendo que quanto maior o valor de negcio maior a maturidade. Este assenta numa metodologia baseada em best practices. Transversalmente analisado em trs dimenses: disponibilidade de informao, integrao de dados e gesto de dados (Ver Figura 12).

Figura 12 - Modelo de Maturidade da Platon

Fonte: (Platon 2010) Ao contrrio do que se possa pensar, o patamar ideal para se estar no o ltimo nvel, pois as empresas podem nunca ter dimenso para o alcanar. Assim apresenta no seu modelo cinco grandes variveis que se constituem como as perspectivas de anlise que se podem considerar. So elas: a metodologia, a misso, a arquitectura, a tecnologia, a organizao e as polticas (Platon 2010). Cada possibilidade de resposta dotada de determinadas caractersticas de cada nvel de maturidade, significando que cada possibilidade de resposta corresponde a um nvel. A descrio de nveis nas respostas incremental, ou seja, para estar no nvel cinco necessrio estar em consonncia com os critrios definidos nos nveis anteriores (Ver Figura 13).

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Figura 13 - Descrio dos Nveis de Maturidade do Modelo Platon

Fonte: Adaptado (Platon 2010)

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Modelo da Gartner

De acordo Hotle, a Gartner possui um modelo de maturidade com cinco nveis (Hotle and Landry 2009) - Ver Figura 14. A avaliao do nvel de maturidade assenta em trs dimenses: pessoas, processos e mtricas e tecnologias (Rayner and Schlegel 2008). Estes cinco nveis traduzem-se em (Hostmann, Rayner et al. 2006; Rayner and Schlegel 2008; Hotle and Landry 2009):

Nvel 1 Sem percepo Existe pouca qualidade de dados e a utilizao de spreadsheets elevada, enquanto o uso de ferramentas de reporting limitado. No existem mtricas definidas para a anlise de performance. Uma organizao no nvel 1 no especifica os seus processos e a contribuio para a organizao verifica-se sempre ao nvel individual. No existem procedimentos reutilizveis. A gesto da informao feita pelo departamento de tecnologias de informao.

Nvel 2 Tctico A este nvel as empresas comeam a investir em BI, havendo incentivos para iniciar os primeiros projectos vindos do departamento de TI. As mtricas so usadas num mbito departamental sendo que as mtricas comuns no existem ou so inconsistentes. Os processos encontram-se estabelecidos pelas unidades de negcio, mas existe pouca consistncia na abordagem utilizada ao nvel organizacional. Os processos so repetidos, tendo-se que o trabalho proactivo reduzido para melhorar os procedimentos. No nvel 2, a organizao depende do gestor e das suas ferramentas para dirigir a sua rea de negcio. Existe pouco suporte e um financiamento inadequado para os projectos de BI.

Nvel 3 Focado A organizao apresenta os primeiros sinais de sucesso de BI, mas ainda se encontra muito focada numa parte da organizao. Existe um conjunto de processos definidos e documentados para cada aplicao. Os dados no se encontram integrados. O CCBI est a ser formado. O suporte executivo feito por um gestor snior de TI. Nesta fase j so utilizados dashboards de gesto. O objectivo neste nvel optimizar a eficincia dos departamentos e unidades de negcio. Nvel 4 Estratgico As organizaes possuem uma estratgia de negcio clara para o desenvolvimento de BI. A utilizao de BI encontra-se num mbito inter-organizacional. A framework estratgica encontra-se estabelecida e combina objectivos estratgicos e financeiros com medies ao nvel operacional, departamental e funcional. As polticas de gesto e qualidade dos dados encontram-se implementadas. Existe um conjunto de medidas que indicam a performance dos processos e a necessidade de melhorias dos mesmos. Os utilizadores possuem formao para o processamento de dados e esto aptos para tomar decises estratgicas e tcticas.

Nvel 5 Infiltrado A BI aqui j penetrou em todas as reas de negcio e em torno da cultura organizacional. O mbito da utilizao de BI inter-organizacional. Possuem a flexibilidade para se adaptar a rpidas mudanas de negcio e procuras de informao. O CCBI agora proactivo e dinmico. As polticas de gesto e qualidade dos dados encontram-se implementadas, sendo geridas por utilizadores com formao para o efeito. Existe confiana na informao disponvel e os

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utilizadores tm fcil acesso informao e a ferramentas de anlise, criando assim valor para a organizao. Torna-se uma organizao consistente, confiante, proactiva e optimizada.

Figura 14 - Modelo de Maturidade BI e Gesto de Performance da Gartner

Fonte:(Hostmann 2007) De acordo com Burton este modelo assenta em trs reas so elas: pessoas, processos e mtricas e tecnologia. Permite assim uma avaliao de maturidade, identificando falhas, encoranjando discusses que ajudem a melhorar a maturidade da organizao em geral (Burton 2007).

Modelo Logica

De acordo com a Logica, uma empresa consultora de software, existem duas perspectivas que devem ser analisadas na medio da maturidade da BI. Primeiro deve ser feita uma medio da percepo da BI por parte dos utilizadores e a sua experincia com a soluo de BI. Depois deve ser feita uma avaliao da tecnologia, dos processos e da organizao, de forma a visualizar as solues de BI disponveis, como so desenvolvidas e utilizadas (Logica 2009).

Paralelamente, existem aspectos considerados cruciais para que se possa realizar uma avaliao da maturidade de BI, nomeadamente: a percepo dos executivos face BI; a cultura de informao; a cultura analtica; a anlise custo/benefcio; as arquitecturas (Logica 2009). Neste modelo, a maturidade e o valor so medidos em estdios dos diversos produtos de entrega de informao (Aho, N.D). Deste modo, a Logica apresenta um modelo com 6 estdios de maturidade desde da infncia (gesto de relatrios e spreadsheets) at fase adulta (deteno de uma EDW6 e servios analticos). Trata-se de um modelo focado em pormenores tecnolgicos, como possvel visualizar na Figura 15 (Aho, N.D).

6 EDW Enterprise Data Warehouse

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Figura 15 - Modelo de Maturidade da Logica

Fonte: (Logica 2009)

Segundo Roekel, a Logica faz distino entre duas abordagens de medio de maturidade: inside-out e outside-in. A abordagem outside-in mede a percepo de BI pela organizao. Por outro lado, a abordagem inside-out avalia a tecnologia de BI, os processos e a organizao, ou seja a forma como as solues de BI esto disponveis, como so desenvolvidas, implementadas e utilizadas.

IV.2.2 - Anlise dos Modelos de Maturidade

Os modelos expostos pretendem dar uma viso global sobre a realidade dos modelos de maturidade de BI mais referenciados. Por este motivo, existem alguns modelos encontrados que no foram apresentados (Deng 2007; Hagerty, Murphy et al. 2006; Williams and Williams 2006). Os modelos de maturidade so usualmente desenvolvidos por consultoras ou empresas de software e investigadores. As consultoras ou as empresas de software ao desenvolverem os seus prprios modelos, podem fazer avaliaes de maturidade para fins comerciais. Ou seja, analisam e percepcionam o estado actual de uma determinada organizao, propem o seu prprio software e servios para que esta possa avanar para o prximo nvel de maturidade.

possvel verificar que apesar dos modelos possurem abordagens diferentes, consideram factores explicativos da maturidade diferentes e, tentam explicar a maturidade de forma parcial, focando-se em pontos que assumem como crticos. Nenhum deles explica a maturidade de forma holstica. No que diz respeito s variveis dos modelos, verifica-se que estes no se encontram focados apenas nas tecnologias em si, mas sim em factores organizacionais, em processos e tecnologias. Uma caracterstica comum entre eles que todos eles se encontram fracamente documentados, o que dificulta uma comparao mais aprofundada entre eles e a construo de novos modelos baseados nos modelos de maturidade j existentes. Becker defende uma metodologia de desenvolvimento de maturidade que se baseia na realizao de cinco etapas, entre as quais uma de comparao dos modelos de maturidade atravs de documentao total dos modelos (Becker, Knackstedt et al. 2009). De acordo com Rocha um bom modelo de maturidade pressupe (Rocha 2000):

A descrio razovel das fases histricas reais do aperfeioamento evolutivo das organizaes e direco a uma maturidade superior;

A descrio das caractersticas das organizaes para cada uma das fases de evoluo; A sugesto de objectivos de aperfeioamento intermdios e instrumentos de avaliao

de progresso; A transparncia de um conjunto de prioridades imediatas de aperfeioamento, dado o

conhecimento da maturidade da organizao.

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Os modelos de maturidade so considerados subjectivos, sendo posteriormente modificados como qualquer outro modelo terico. Estes necessitam de ser completados e ajustados s novas descobertas para que seja mantido o seu verdadeiro valor e sejam capazes de produzir resultados fiveis e comparveis (Rajteric 2010).

Neste sentido, Becker chamam a ateno para a rapidez com que os modelos de maturidade ficam obsoletos dados os progressos tecnolgicos e as alteraes das condies de negcio (Becker, Knackstedt et al. 2009). A tabela seguinte apresenta de forma resumida cada um deles (Ver Tabela 5).

Tabela 5 Comparao dos Modelos de Maturidade

Todos eles, em termos de variveis, revelam ser significativamente diferentes. Contudo, algo que no pode ser totalmente afirmado pois, apesar disso, dada a pouca informao disponvel, poucos so os modelos que revelam as suas questes (apenas a TDWI e a Platon). Ao debruarmo-nos pelas questes que se torna realmente possvel observar at que ponto que so semelhantes e abordam determinados assuntos.

Como foi referido anteriormente e de acordo com a metodologia de construo de modelos (Becker, Knackstedt et al. 2009), a comparao deste tipo de modelos s pode ser feita se todos eles estiverem documentados da mesma forma. Apesar de no ser o caso, algumas evidncias podem ser referidas principalmente no que respeita aspectos como: a documentao, perspectivas abrangidas pelos modelos, tipo de abordagem escolhida (outside-in/inside-out)7 temas, fases e a facilidade de implementao dos modelos. O modelo da TDWI sem dvida o mais completo no s em termos de documentao, mas tambm nas perspectivas que considera: aspectos organizacionais (atravs de variveis como a percepo executiva, a cultura de informao, financiamento e patrocnio) como aspectos tcnicos (com as variveis de arquitectura e desenvolvimento) e funcionais (com a varivel dos dados). Este apresenta uma abordagem outside-in. Aliado a estes factos ao possuir

7 De acordo com a Logica, os modelos podem seguir dois tipos de abordagens: outside-in (medio da percepo de BI pela organizao, atravs de experincias das pessoas) e inside-out (neste a medio com base na tecnologia, processos e na organizao, sendo que se avalia as vrias solues de BI em termos de desenvolvimento e utilizao e confronta-se com as restantes solues existentes no mercado) Logica (2009). The BI Framework: How to