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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES IDEAIS PARA A PRODUÇÃO DE METACAULINITA ATRAVÉS DA ANÁLISE DA SUA ATIVIDADE POZOLÂNICA LEONARDO PAES MOTHÉ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ SETEMBRO - 2004

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AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES IDEAIS PARA A PRODUÇÃO DE METACAULINITA ATRAVÉS DA ANÁLISE

DA SUA ATIVIDADE POZOLÂNICA

LEONARDO PAES MOTHÉ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

SETEMBRO - 2004

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES IDEAIS PARA A PRODUÇÃO DE METACAULINITA ATRAVÉS DA ANÁLISE

DA SUA ATIVIDADE POZOLÂNICA

LEONARDO PAES MOTHÉ “Dissertação de mestrado apresentada ao centro de Ciência e Tecnologia, da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte dos

requisitos para obtenção do titulo de mestre em Engenharia Civil”.

Orientador: Jonas Alexandre Coorientador: Jean Marie Désir

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ SETEMBRO - 2004

FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF 21/2004

Mothé, Leonardo Paes Avaliação das condições ideais para a produção de metacaulinita através da análise da sua atividade pozolânica / Leonardo Paes Mothé. – Campos dos Goytacazes, 2004. 86 f. : il. Orientador: Jonas Alexandre Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -- Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia Civil. Campos dos Goytacazes, 2004. Área de concentração: Estruturas Bibliografia: f. 77-86 1. Metacaulinita 2. Atividade Pozolânica 3. Chapelle I. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia Civil II. Título

CDD 666.94

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES IDEIAS PARA A PRODUÇÃO DE METACAULINITA ATRAVÉS DA ANÁLISE DA SUA ATIVIDADE

POZOLÂNICA

LEONARDO PAES MOTHÉ

“Dissertação de mestrado apresentada ao centro de Ciência e Tecnologia, da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte dos

requisitos para obtenção do titulo de mestre em Engenharia Civil.”

Aprovada em 29 de Setembro de 2004.

Comissão Examinadora:

____________________________________________________________

Profa. Helena Polivanove (D.Sc.) - UFRJ

____________________________________________________________

Profa. Rosane da Silva Toledo Manhães (D.Sc.) – UENF

____________________________________________________________

Prof. Jean Marie Désir (D.Sc.) - UENF

____________________________________________________________

Prof. Jonas Alexandre (D. Sc.) – UENF

Orientador

Aos meus pais Carlos Roberto

e Janilce, e ao meu irmão Alex

(pilares da minha existência)

Agradecimentos

- A Deus, por mais um grande salto em minha vida.

- Ao Prof. Jonas Alexandre, pela aplicada orientação e pelo apoio e incentivo

sempre presentes durante a elaboração desta dissertação.

- Ao Prof. Jean Marie Désir, pelo incentivo dado na realização do projeto.

- Ao Prof. Dylmar Penteado Dias, pelo apoio na redação desta dissertação.

- Ao Prof. Luiz Telmo Auler e a Profa. Rosane Toledo Manhães, do Setor de

Difração de Raios-X do Laboratório de Ciências Físicas (LCFIS) do Centro de

Ciência e Tecnologia (CCT), pelo apoio na realização das Difrações de Raios X.

- Ao Prof. Ruben Sanchez, do Setor de Polímeros do Laboratório de Materiais

Avançados (LAMAV) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pelo apoio na execução dos

ensaios térmicos.

- A Profa. Maria Cristina Canela Gazotti, do Laboratório de Química (LCQUI) do

Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro, pelo dedicado apoio prestado na execução dos

ensaios químicos (NBR 5753) e no empréstimo de material.

- Ao Prof. Ruben Rosental, do Setor de Metalurgia Física do Laboratório de

Materiais Avançados (LAMAV) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pelo apoio na

execução das microscopias eletrônicas de varredura (MEV).

- Ao Prof. Ary Veloso e aos técnicos do Laboratório de Solos do Centro de

Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da Universidade Estadual do

Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pelo apoio na realização dos ensaios de

capacidade de troca de cátions e acidez trocável.

- Ao Prof. Alexandre Moura Stumb do Setor de Cromatografia do Laboratório de

Química (LCQUI) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pelo dedicado apoio prestado na

execução dos ensaios de superfície específica (BET).

- A Milton Pereira Soares Junior e Vanúzia Almeida dos Santos Ferreira do

Laboratório de Mecânica dos Solos do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pelo apoio recebido

na execução dos ensaios de solo.

- Ao Químico Valdecir Ângelo Quarcioni, responsável pelo Laboratório de

Química de Materiais - Divisão de Engenharia Civil do IPT - Instituto de

Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A, pelo apoio dado na

execução do ensaio Chapelle.

- Ao Químico Assistente Daniel Martins Aleixo do Laboratório de Química de

Materiais - Divisão de Engenharia Civil do IPT - Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A, pelo apoio na execução do ensaio

Chapelle e pela dedicada atenção no fornecimento de informações.

- Ao IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A, pelo

apoio e incentivo dados na realização do ensaio Chapelle.

- Aos amigos Victor, Ricardo, Wllises, Bruno, Elaine, Gustavo, Marcos e Adriano

do Laboratório de Engenharia Civil (LECIV) do Centro de Ciência e Tecnologia

(CCT) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, pelo apoio

dado durante a execução da pesquisa.

- Aos demais colegas, professores e funcionários da Universidade Estadual do

Norte Fluminense Darcy Ribeiro.

- A toda minha família (avôs, tios, primos, padrinho e madrinha)

- Ao meu irmão Rodrigo;

- A todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste

trabalho.

Sumário _________________________________________________

Lista de Figuras i Lista de Tabelas ii Lista de Equações iii Lista de Abreviaturas e Símbolos iv Resumo vi Abstract vii Capítulo 1 1. Introdução 1

1.2. Objetivos 5

1.3. Justificativa 6

Capítulo 2

2. Revisão Bibliográfica 8

2.1. Aditivos Minerais 8

2.2. Argilas 13

2.3. Caulinita 16

2.4. Argila Calcinada 19

2.4.1. Metacaulinita 21

Capitulo 3

3. Programa Experimental 25

3.1. Escolha da matéria prima (material bruto) 25

3.2. Coleta da matéria-prima 26

3.3. Caracterização da matéria-prima 27

3.4. Separação da fração argila 29

3.4.1. Caracterização da fração argila (caulinita) 32

3.5. Determinação das condições de produção da metacaulinita 35

3.5.1. Determinação da faixa de temperatura e o tempo de

calcinação 36

3.5.2. Calcinação da caulinita 36

3.5.3. Caracterização da metacaulinita produzida 37

Capitulo 4

4. Resultados e Análises 52

4.1 Escolha e caracterização da matéria-prima bruta 52

4.2. Separação da fração argila 55

4.3. Identificação dos minerais cristalinos (XRD) 56

4.4. Determinação das condições de produção da metacaulinita 57

4.4.1. Determinação da faixa de temperatura e tempo de

calcinação 57

4.4.2. Calcinação da caulinita 59

4.5. Caracterização da metacaulinita produzida 60

Capítulo 5

5. Considerações Finais 74

5.1. Conclusões 74

5.2. Sugestões para futuros trabalhos 76

Referências Bibliográficas 77

i

Lista de Figuras _________________________________________________________________________ Figura 1.1 Consumo de cimento Portland nos últimos 50 anos 3

Figura 2.1 Esquema da estrutura em camadas da caulinita 17

Figura 2.2 Estrutura básica do argilomineral caulinita 18

Figura 2.3 Configuração das camadas da caulinita quanto aos eixos

cristalográficos 19

Figura 3.1 Provetas contendo sílte e areia sedimentados e fração argila

em suspensão 30

Figura 3.2 Rampa de aquecimento do forno 37

Figura 4.1 Matéria-prima bruta 52

Figura 4.2 Resultado da Análise Granulométrica da matéria-prima bruta 54

Figura 4.3 Difratograma da fração argila 57

Figura 4.4 Análise térmica diferencial e termogravimétrica 58

Figura 4.5 Metacaulinita 59

Figura 4.6 Gráfico da atividade pozolânica x temperatura 62

Figura 4.7 Gráfico do resultado do ensaio da NBR 5753 64

Figura 4.8 Difratograma das metacaulinitas 65

Figura 4.9 Resultado do ensaio BET em forma gráfica 68

Figura 4.10 Imagens obtidas pelo MEV 68

Figura 4.11 Gráfico da CTC 72

Figura 4.12 Gráfico da Acidez Trocável 73

ii

Lista de Tabelas _________________________________________________________________________ Tabela 1.1 Principais componentes do cimento Portland 2

Tabela 2.1 Classificação dos aditivos minerais segundo NBR 12653 9

Tabela 2.2 Dados gerais de barragens construídas no Brasil 21

Tabela 3.1 Configuração das amostras de matéria-prima para EDXRF 28

Tabela 3.2 Configuração das amostras de caulinita para EDXRF 33

Tabela 4.1 Resultado do EDX para o material bruto 53

Tabela 4.2 Características apresentadas 54

Tabela 4.3 Massa Especifica da matéria-prima 55

Tabela 4.4 Massa Especifica da caulinita 55

Tabela 4.5 Resultado do EDX para a caulinita 56

Tabela 4.6 Processo de Calcinação da Caulinita 60

Tabela 4.7 Resultados do Ensaio Chapelle 61

Tabela 4.8 Resultados do ensaio da NBR 5753 63

Tabela 4.9 Massa Especifica das metacaulinitas 66

Tabela 4.10 Resultados dos Ensaios BET 67

Tabela 4.11 Resultados dos ensaios de CTC 71

Tabela 4.12 Resultados dos ensaios de acidez trocável 73

iii

Lista de Equações _________________________________________________________________________

Equação 2.1 Reação de hidratação dos componentes do CP 10

Equação 2.2 Reação pozolânica 11

Equação 2.3 Transformação do feldspato em caulinita 17

Equação 2.4 Transformação da caulinita em metacaulinita 22

Equação 2.5 Principais produtos hidratados formados pelas reações

pozolânicas da metacaulinita 23

Equação 3.1 Equação de Stokes 31

Equação 3.2 Transformação da caulinita em metacaulinita 35

Equação 3.3 Transformação da metacaulinita em mulita 35

Equação 3.4 Calculo da acidez trocável 41

Equação 3.5 Reação pozolânica 42

Equação 3.6 Calculo da normalidade e do fator da solução de HCl 47

Equação 3.7 Calculo da atividade pozolânica (Chapelle) 49

Equação 3.8 Calculo da alcalinidade total e do teor de oxido de cálcio

(NBR 5753) 51

iv

Lista de Abreviaturas e Símbolos _________________________________________________________________________ ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BET Brunauer, Emmett e Teller

CBB Centro de Biociência e Biotecnologia

CCT Centro de Ciência e Tecnologia da UENF

CCTA Centro de Ciência e Tecnologia Agronômica da UENF

CH Hidróxido de Cálcio, Ca(OH)2

CO2 Dióxido de Carbono

COPPE Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia

da Universidade Federal do Rio de Janeiro

CP Cimento Portland

C-S-H Silicato de Cálcio Hidratado

CTC Capacidade de Troca de Cátions

DEC Divisão de Engenharia Civil do IPT

DTA Análise térmica diferencial

DTA Análise térmica diferencial

DTG Termogravimetria derivada

EDXRF Fluorescência de raios X de energia dispersiva

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo

JCPDS Joint Committe on Powder Diffraction Standards

LAMAV Laboratório de Materiais Avançados

LBCT Laboratório de Biologia Celular Tecidual

LCFIS Laboratório de Ciências Físicas do CCT

LCQUI Laboratório de Ciências Químicas do CCT

LECIV Laboratório de Engenharia Civil da UENF

LQFPP Laboratório de Química de Função de Proteínas e Peptídeos do

CBB

LQM Laboratório de Química dos Materiais do DEC do IPT

M.I.T. Massachusetts Institute of Technology

v

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

NaOH Hidróxido de Sódio

NBR Norma Brasileira Registrada

PBC Produtos à base de cimento

pH Potencial hidrogeniônico

PROCAD Programa de cooperação acadêmica

rpm Rotações por minuto

SEPOL Setor de Polímeros

TG Termogravimetria

TGA Análise Termogravimétrica

UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

XRD Difração de raios X

vi

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES IDEAIS PARA A PRODUÇÃO DE METACAULINITA ATRAVÉS DA ANÁLISE DA SUA ATIVIDADE

POZOLÂNICA

Leonardo Paes Mothé

Resumo

Durante o processo de hidratação do Cimento Portland ocorrem

reações que produzem hidróxido de cálcio (CH), produto solúvel, suscetível ao

ataque de diversos agentes externos agressivos tais como: sulfatos e ácidos. Por

ser solúvel, o CH pode ser lixiviado, resultando eflorescências na superfície da

matriz à base de cimento ao longo de sua vida útil. Portanto é importante reduzir

na medida do possível a sua porcentagem no volume , porcentagem estimada em

torno de 20% em massa no concreto convencional. Essa redução pode ser feita

por meio da adição de argilas calcinadas em substituição de parte do cimento

Portland. A argila calcinada reage com o CH, consumindo-o e formando silicatos

hidratados (C-S-H) com propriedades cimentícias menos suscetíveis a ataques de

agentes externos. Nesta dissertação pretendeu-se estudar a atividade pozolânica

da metacaulinita produzida com a argila obtida nas jazidas de Campos dos

Goytacazes sob diversas condições de temperatura, visando o estabelecimento do

processo ideal para a produção da mesma, de maneira a garantir a maior

atividade pozolânica para condições de produção tecnicamente e

economicamente viáveis. Foi verificado quantitativa e qualitativamente o

desempenho (eficiência) por meio da determinação do consumo de CH ocorrido

na reação com a metacaulinita através de um conjunto de ensaios, dentre os quais

citam-se: Chapelle, NBR 5751, capacidade de troca de cátions, acidez trocável,

superfície específica (BET). Os resultados de todos os ensaios foram

concordantes, ou seja, mesmo tendo cada ensaio um modo operatório

completamente distinto, os valores verificados em cada um deles permitiram tecer

praticamente as mesmas conclusões.

vii

EVALUATION OF THE BEST CONDITIONS TO THE PRODUCTION OF METAKAOLINITE BY MEANS OF IT´S POZZOLANIC ACTIVITY

ANALISIS

Leonardo Paes Mothé

Abstract

Calcium Hydroxide (CH), a fragile product originated from some

reactions that taken place during the Portland cement process of hidratation, is

susceptible to many outer agents attacks, like acids and sulphates attacks. A

leaching process can occur because the CH capacity of been dissolvable, resulting

efflorescence on the surface of the cement based products along its useful life.

Therefore is important to reduce, as possible, its percentage on these products

volume, estimated at 20% in mass of the conventional concrete. This control can

be done through the addiction of calcined clays in substitution of part of the

Portland cement. The added calcined clay reacts with the CH, consuming it and

forming calcium silicates hydrated (C-S-H) with cementations properties pretty less

susceptible to outer agents attacks. The purpose of this work was the study of

pozzolanic reaction of the metakaolinite made with the clay material from the

Campos dos Goytacazes natural deposit of ores under several temperature

conditions, aiming the establishment of the ideal process of metakaolinite

production to reach production rules technically and economically viable that

guarantee a major pozzolanic reaction. The quantitative and qualitative

performance (efficiency) measured by CH consumption occurred during reaction

with metakaolinite through a group of tests, like: Chapelle, NBR 5751, cations

exchange capacity, exchange acidity, specific surface area (BET). Where all the

tests results were similar, it mean, even each test having a completely different

operative way, the values returned by each one allowed to weave practically the

same conclusions.

1

Capítulo 1 __________________________________________________________________

1. Introdução

A construção desempenha um papel essencial nas civilizações

desde o inicio, pois o homem sempre buscou materiais que lhe permitissem

construir, e a evolução da arquitetura impulsionou a procura por produtos que

fossem facilmente manuseáveis em estado fresco, mas muito resistentes depois

de endurecidos sob condições ambientais normais. O homem já utilizou uma

gama enorme de materiais, com intuito de descobrir aquele que oferecesse as

melhores propriedades aglomerantes.

Os compostos cimentícios são uma classe majoritária de materiais

de construção que nos acompanha há mais de nove milênios. Para um leigo no

assunto, a simplicidade é tamanha, um pó que é misturado com água, finos e

agregados para formar uma massa fluida que pode ser moldada facilmente, e em

seguida endurece espontaneamente em condições ambientais normais. Esta

aparente simplicidade não é atingida por nenhuma outra substancia existente, o

que torna esta classe de material única (Bentur, 2002).

O primeiro contato, que se tem conhecimento, da humanidade com o

composto aglomerante denominado cimento ocorreu em 7000 a.C., na Galiléia,

em Israel, onde um piso de argamassa foi descoberto em 1985 em Yiftah El

(Malinowski e Garfinkel, 1991; Ronen et al., 1991). Um uso mais intenso de

materiais cimentícios teve início na antiga civilização Egípcia, há cerca de 3000

a.C., onde, segundo Snell e Snell (2000), foram utilizados na construção das

pirâmides para a ligação dos blocos de rocha.

Existe a crença de que a tecnologia foi difundida pelos países ao

redor do Mediterrâneo onde foram utilizados na antiguidade clássica (300 a.C. até

200 d.C.) pelos gregos e romanos, que misturando tufo vulcânico (rico em sílica

vítrea e/ou microcristalina, chamado pozolana) com cal e água, obtiveram silicatos

de cálcio hidratados, que possuem propriedades ligantes, aglomerantes ou

2

cimentícias. As construções realizadas com este composto continuam estáveis até

hoje.

Apesar da utilização de materiais cimentícios ser bastante antiga,

somente em 1824 que um inglês (Joseph Aspdin) patenteou um cimento

produzido artificialmente pela calcinação de um calcário argiloso, denominado

como cimento Portland (CP), pois após a pega o cimento se assemelhava muito

ao calcário da ilha de Portland, muito utilizada na Grã-Bretanha naquela época. A

indústria de cimento Portland, na sua configuração atual, foi baseada nesta

patente: os grãos clínquers duros, resultantes da queima de uma mistura de argila

e calcário, são hoje o que se chama cimento Portland. Assim podemos, de forma

simples definir cimento Portland como um produto de origem mineral resultante da

calcinação de misturas bem proporcionadas de calcário com alto teor de cálcio e

baixo teor de magnésio, e argilas (com ou sem adições de minérios portadores de

oxido de ferro). Essa mistura calcinada, denominada clínquer, é moída com uma

pequena porcentagem de gipsita (sulfato de cálcio hidratado natural), que modifica

suas propriedades de endurecimento (retardando a pega, quando hidratado),

resultando no produto final. Este produto quando misturado com água reage com

a mesma gerando um material duro e insolúvel em água (Leighou, 1942).

Os principais componentes do cimento Portland são mostrados na

Tabela 1.1 (Bentur, 2002).

Tabela 1.1 – Principais componentes do cimento Portland (Neville, 1997)

Composto Composição (Óxidos) Abreviação

Silicato Tricálcico 3CaO.SiO2 C3S

Silicato Dicálcico 2CaO.SiO2 C2S

Aluminato Tricálcico 3CaO.Al2O3. C3A

Ferroaluminato Tetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF

Esta indústria tem sido um elemento vital e continua desempenhando

seu papel essencial como uma indústria chave na sociedade moderna em sua

evolução contínua, ela supre necessidades básicas do ser humano de abrigo e

3

proporciona a infraestrutura para atividades industriais e comerciais, que são as

atividades que impulsionam o avanço e o bem estar da sociedade. Os materiais

são os pilares da indústria da construção civil; eles determinam a qualidade do

produto final e a tecnologia com o qual é produzido. Assim, a evolução do

desempenho das estruturas e suas respectivas eficiência e produção

industrializada são diretamente influenciadas pelas características dos materiais

envolvidos. Percebemos facilmente que as inovações na construção estão

altamente ligadas ao desenvolvimento de avançados materiais de construção.

Atualmente, com o desenvolvimento da humanidade, as construções

são cada vez mais numerosas e de maior porte, assim, o consumo de cimento

cresce vertiginosamente (Figura 1.1), sendo o material mais consumido pela

humanidade depois da água, já que este é componente essencial na produção do

material mais utilizado na construção civil atualmente no mundo, o concreto, além

de ser utilizado na produção de inúmeros outros produtos, como argamassas,

blocos etc. Por isto, todos estes produtos são tratados ao longo da dissertação

como produtos à base de cimento (PBC).

0

500

1000

1500

1940 1960 1980 2000

Ano

Prod

ução

de

cim

ento

(milh

ões

ton/

ano

)

Figura 1.1 – Consumo de cimento Portland nos últimos 50 anos (Bentur, 2002)

4

Desde a invenção do cimento, o homem adicionou inúmeras

substâncias à mistura de preparo de vários produtos, para atender necessidades

especificas e melhorar o desempenho do mesmo, diante de muitas solicitações

advindas do ambiente externo durante toda sua vida útil.

Inicialmente achava-se que a vida útil, propriedade relacionada à

durabilidade dos PBC e principalmente do concreto fosse praticamente infinita,

mas descobriu-se que durante o processo de hidratação, o cimento produz alguns

compostos que podem, sob determinadas condições ambientais, comprometer

sua vida útil. Outro problema é o cimento ser o componente que mais onera a

mistura de preparo dos PBC. Portanto, qualquer recurso que possa ser utilizado

para reduzir a influência de alguns compostos que podem se tornar prejudiciais e

percentualmente diminuir a quantidade de cimento utilizada e que permita a

obtenção da mesma quantidade do produto final, com melhor desempenho, deve

ser alvo de pesquisas.

Lembrando, ainda, que a indústria de cimento é responsável por

aproximadamente 7% da emissão anual de gás carbônico (CO2) na atmosfera,

pois a produção de cada tonelada do produto, provoca o lançamento de 0,6

tonelada de CO2 na atmosfera e, somente o Brasil, que responde por uma

produção anual de 38 milhões de toneladas de cimento Portland (CP), libera na

atmosfera a quantidade aproximada de 23 milhões de toneladas/ano de CO2

(Toledo et al., 2002). Em virtude disto, é possível ter, além dos benefícios

financeiros e tecnológicos, o ambiental, gerado pela metacaulinita, devido à

potencialidade de, num futuro próximo, ela estar possibilitando a redução da

quantidade de cimento necessária para suprir o mercado consumidor. E

logicamente, junto com a redução da produção viria a redução da poluição,

contribuindo para um desenvolvimento sustentável.

O primeiro trabalho na UENF que estudou o comportamento de

argilas calcinadas quando misturadas aos PBC foi o de Cordeiro (2001), que

efetuou a substituição parcial do cimento por metacaulinita, pozolana proveniente

da calcinação da caulinita, para oferecer uma alternativa mais econômica e,

sobretudo, importante para o desenvolvimento regional (município de Campos dos

5

Goytacazes). Ensaios já realizados ou em andamento na Universidade Estadual

do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) forneceram as informações

pertinentes sobre os tipos de caulinita da região (Saboya e Alexandre, 1997).

A presente dissertação está estruturada em cinco capítulos, onde o

capítulo 1 apresenta a introdução, o objetivo e a justificativa da pesquisa. O

capítulo 2 expõe a revisão bibliográfica necessária à condução da pesquisa e

refere-se às argilas, a caulinita, suas definições e caracterizações, além de

apresentar a situação atual das pesquisas aditivos minerais e principalmente

sobre metacaulinita.

O capítulo 3 explica o programa experimental, apresentando a

metodologia aplicada e os ensaios utilizados nesta pesquisa, para caracterização

da matéria prima e determinação da atividade pozolânica da metacaulinita, bem

como o processo de preparo das amostras.

O capítulo 4 apresenta os resultados obtidos pelos ensaios relatados

no capítulo 3 e a análise dos mesmos.

No quinto e último capítulo, são encontradas as considerações finais

da pesquisa realizada, as conclusões e algumas sugestões para trabalhos futuros.

1.2. Objetivos

Neste trabalho foi desenvolvido um estudo para caracterização física

e química da metacaulinita, visando descobrir as condições ideais de produção

(temperatura x tempo de calcinação) da metacaulinita, utilizando como matéria-

prima o material argiloso obtido nas jazidas de Campos dos Goytacazes, mais

precisamente a argila obtida na Jazida do Visconde (próximo à localidade de

Donana), verificando quantitativamente a atividade pozolânica da metacaulinita, ou

seja, a capacidade de reagir com a maior quantidade possível de hidróxido de

6

cálcio (CH), neutralizando-o por meio da formação de produtos mais estáveis com

propriedades cimentícias (C-S-H (Silicato de Cálcio Hidratado) por exemplo).

Para tanto, foram executados ensaios para identificação dos

minerais cristalinos (XRD), para determinação dos limites da faixa de temperatura

de formação da fase amorfa (DTA-TGA), para determinação quantitativa

(Chapelle) e qualitativa (NBR 5753) da atividade pozolânica, além de estabelecer

relações da atividade química do aditivo com propriedades como superfície

específica (BET) e morfologia das partículas (MEV) e com outras propriedades

muito pouco exploradas, como capacidade de troca de cátions e acidez trocável.

1.3. Justificativa

O Município de Campos dos Goytacazes destaca-se na Região

Norte do Estado do Rio de Janeiro por sua extensão territorial, ocupando uma

área de 4040,4 km2 (CIDE, 2000), sendo o maior município em área territorial do

Estado e distante 279Km da capital. Aproximadamente 50% de todo o território

municipal é composto por espessas camadas argilosas oriundas do movimento do

leito do Rio Paraíba do Sul (Isabel Ramalho et al., 2001). A área de concentração

das jazidas de argilas, encontra-se à margem direita do Rio Paraíba do Sul, ao

longo da estrada RJ-16 que liga Campos ao Farol de São Tomé, estando sua

maior concentração próxima aos vilarejos de São Sebastião, Poço Gordo e do

Mosteiro de São Bento. Estes depósitos são típicos de planície de inundação,

estando ligados à flutuação do seu curso, desde a Lagoa Feia até a foz atual.

Desta maneira, sendo uma zona rica em argila, possuindo inúmeras

jazidas de material argiloso, constituído principalmente por caulinita, o município

de Campos dos Goytacazes tem a da indústria da cerâmica como uma de suas

principais atividades. Essa caulinita dá origem a vários produtos, como cerâmica

vermelha (tijolos, telhas), papéis, entre outros. Por outro lado, a caulinita pode,

após certas transformações térmicas, gerar um material, conhecido como

metacaulinita, um aluminosilicato de estrutura desordenada, que pesar de não

7

possuir, por si só, propriedades aglomerantes, reage quimicamente em presença

de água com o CH, originando novos compostos hidratados com propriedades

cimentícias e insolúveis em água.

Além de contribuir positivamente para as propriedades tecnológicas

dos PBC, a pozolana serviu e serve também como uma alternativa econômica em

zonas com carência de cimento e/ou abundância de material argiloso, caso do

município de Campos dos Goytacazes.

Assim, dentro deste aspecto ambiental e sabendo da crescente

demanda existente por aditivos e adições minerais para a produção de PBC, foi

implementado um estudo que visou o aproveitamento destes solos argilosos para

a produção de um material pozolânico (metacaulinita), isto é, a determinação das

condições ideais de produção (temperatura x tempo), primando por obter o melhor

desempenho com o menor gasto possível.

25

Capítulo 3 __________________________________________________________________

3. Programa Experimental

O programa experimental foi dividido em três partes:

3.1. Escolha e caracterização da matéria prima;

3.2. Separação da fração argila (caulinita) e caracterização;

3.4. Determinação das condições ideais de produção e caracterização da

metacaulinita.

Métodos experimentais

Os métodos empregados na escolha, no processamento e

caracterização das matérias-primas, bem como a análise das amostras, foram

baseados em normas e procedimentos usuais. Pois o objetivo foi desenvolver uma

“linha de processo e análise” que se ajustasse às condições de trabalho

oferecidas pelo Laboratório de Engenharia Civil (LECIV) no Centro de Ciências e

Tecnologia (CCT). Já que a UENF trabalha há alguns anos no campo da

cerâmica, e vários trabalhos (Saboya e Alexandre, 1997) foram publicados sobre o

assunto, o que forneceu importantes dados para a pesquisa.

3.1. Escolha da matéria prima (material bruto)

Na primeira etapa, foi escolhida a matéria-prima a ser utilizada, para

em seguida proceder com a caracterização da mesma. Para efetuar a escolha,

foram avaliadas as caracterizações de várias amostras de argila da região de

Campos dos Goytacazes, já publicadas por alguns trabalhos da UENF, como:

Saboya, Alexandre e Maravilha (1997) e Alexandre (1997).

Portanto, nesta etapa do trabalho três aspectos do material bruto

foram verificados: coloração, composição química e granulometria.

26

Foi decidida a adoção de uma matéria-prima que possibilitasse a

conservação do aspecto característico do concreto, ao se fazer uso do produto

deste trabalho. Assim, a pesquisa foi realizada com uma matéria-prima de cor

clara, característica resultante do baixo teor de ferro, que foi determinado pela

análise química, obtida por fluorescência de raios-X de energia dispersiva

(EDXRF). Outro critério foi utilizar o material que apresentasse a maior quantidade

de fração argila (<2µm) para facilitar a obtenção de quantidade suficiente do

argilomineral caulinita, essa quantidade foi verificada pelo ensaio granulométrico,

realizado segundo a norma ABNT NBR 7181 (Solo – Análise Granulométrica).

3.2. Coleta da matéria-prima A matéria-prima foi coletada segundo procedimento padrão da

Embrapa, onde a mesma foi escolhida, por inspeção visual da coloração, análise

química e granulometria, realizadas por trabalhos anteriores já mencionados

(Saboya, Alexandre e Maravilha,1997 e Alexandre, 1997).

Origem geológica da matéria-prima

O Município de Campos caracteriza-se por três divisões geológico-

geomorfológicas:

- embasamento cristalino, constituído por cadeias de rochas granito-

gnássicas, formadas durante o período Pré-Cambriano.

- tabuleiros da Formação Barreiras são elevações, de topo plano,

com suave declividade para o mar e formaram-se durante o Plioceno e na Região

constituem-se, basicamente, por camadas horizontais de materiais argilosos e

argilo-arenosos. À medida que se desloca, da área próxima aos gnaisses, em

direção à costa, os sedimentos são mais finos e com maior contribuição de argila,

sem terem, porém uma boa seleção.

27

- planície quaternária que é a feição geológica-geomorfologica

dominante do Município, sendo composta por sedimentos holocênicos de origem

deltaica e aluvionar. Associado a formação de deltas, o curso do Rio Paraíba do

Sul derivou até a sua formação atual. Os sedimentos holocênicos de base foram

sendo soterrados sucessivamente pelos sedimentos das inundações, tanto dos

braços deltaicos, como do próprio canal principal, dando origem então à planície

de inundação atual. São ainda, estreitamente ligadas ao processo de formação da

planície de inundação e à deriva da foz do Paraíba, as transgressões e regressões

marinhas, fatores de formação das lagunas e das restingas litorâneas. A

sedimentação no subambiente de inundação, que interessa diretamente a

atividade cerâmica é periódica, dominantemente clástica; silto-argilosa. São

sedimentos bem selecionados, com tendência de decréscimo da granulometria no

sentido ascendente em cada ciclo de cheia. Constituem camadas horizontais com

intercalações de lentes arenosas correspondentes a braços de correntes

localizados.

3.3. Caracterização da matéria-prima

A caracterização forneceu dados necessários ao progresso desta

dissertação. Os ensaios realizados são apresentados a seguir.

a) Inspeção visual

Esta etapa objetivou a verificação visual da matéria-prima, onde foi

escolhido utilizar um material de coloração clara, para que este não influenciasse

na aparência final dos PBC.

b) Análise química por fluorescência de raios-X de energia dispersiva (EDXRF)

A análise química por fluorescência de raios X da matéria-prima para

determinação da composição química foi realizada em amostras em pó e em

28

pastilha. A utilização de pó e pastilha é justificada por ser disponível os dois

métodos de análise, o que permitiu uma confirmação dos resultados obtidos. O

beneficiamento das amostras ocorreu pela passagem das mesmas pela peneira

ABNT no 325 (abertura de 0,044mm), onde o material passante era diretamente

analisado sob a forma de pó e utilizado na confecção de pastilhas de 1cm de

diâmetro, que também foram analisadas. As pastilhas foram obtidas comprimindo-

se o pó dentro de um pastilhador com o auxilio de uma prensa aplicando-se uma

carga de 10t. A configuração das amostras pode ser observada na Tabela 3.1.

As amostras passaram pela peneira ABNT 325 (abertura 0,044mm),

pois o Laboratório de Física (LCFIS), (setor de XRD) considera mais apropriado,

segundo a experiência adquirida em inúmeros ensaios realizados em argila.

Tabela 3.1 - Configuração das amostras de matéria-prima para EDXRF

Ensaio Amostra desorientada

Pastilha de argila (# 325) 1

EDX Pó de argila (# 325)

1 # 325 significa que o material foi passado na peneira ABNT no325 de abertura 0,044mm.

O equipamento utilizado na análise foi um Shimadzu EDX-700 do

LECIV – CCT, onde as condições de operação para as amostras em pó e para as

em pastilha seguiram as especificações do fabricante do equipamento,

procedimentos freqüentemente utilizados pelo LECIV.

c) Granulometria

A distribuição granulométrica da matéria-prima foi realizada no

Laboratório de Solos do setor de Geotecnia do LECIV, efetuado segundo norma

ABNT NBR 7181 (Solo – Análise Granulométrica), comumente utilizada em

laboratórios de solo.

d) Massa Específica

29

A massa específica da amostra de matéria-prima foi obtida segundo

a norma ABNT NBR 6508 (Grãos de solos que passam na peneira de 4,8mm –

Determinação da massa específica), com o uso do frasco denominado picnômetro.

3.4. Separação da fração argila (caulinita)

Com relação à separação da fração argila, o objetivo foi separar a

fração de interesse, aquela que continha o argilomineral caulinita, para permitir

uma posterior caracterização da mesma.

Apesar de as argilas calcinadas terem a possibilidade de

funcionarem simultaneamente como adição e aditivo, pois no caso de

esgotamento da portlandita o excesso de argila calcinada trabalharia como fíler, o

motivo de estudar somente a fração argila é devido ao trabalho estar focado

apenas no comportamento de adição do material, onde o mesmo participa das

reações químicas (reação pozolânica, por exemplo) que ocorrem entre os

materiais com os quais é misturado, alterando-as. Comportamento inverso ao de

um aditivo, que não interfere nas reações, e não é objeto de estudo desta

pesquisa.

Escolhida a matéria-prima, foi possível iniciar esta etapa. Para

separar a fração argila foi necessário primeiramente peneirar (peneira ABNT no

100) para permitir uma uniformização e separação de impurezas de grandes

dimensões, em seguida o material sofreu sedimentação das frações maiores que

2µm e sinfonagem da fração menor que 2µm. Em seguida, o material foi

centrifugado, seco, destorroado num almofariz de louça, com a utilização de mão

de gral revestida com borracha, e novamente uniformizado por meio da peneira no

325 para ser, em seguida, armazenado em dessecadores, onde estava em

condição de ser utilizado. O procedimento de sedimentação é usual em

laboratórios e se baseia na lei de Stokes, mas devido a pequenas diferenças na

execução do mesmo em diferentes laboratórios, o mesmo é descrito a seguir.

30

Nesta etapa, para separação da fração argila, a amostra foi tratada

com solução defloculante de Hidróxido de Sódio (NaOH) de concentração 1N.

Foi preparada uma solução defloculante, onde 125ml da solução de

NaOH 1N foram diluídos em água destilada até se obter 1 litro. Foram preparados

3 litros de solução de tratamento, onde cada litro foi misturado à cerca de 800g de

matéria bruta, chegando a um total 2400g de material bruto utilizado. As misturas

foram deixadas em repouso por 48h. Na etapa seguinte, o material foi passado na

peneira ABNT no 270 (abertura de 0,57mm) com o auxílio de água destilada, para

promover a segregação da fração argila das frações sílte e areia, sendo a fração

passante na peneira colocada em provetas de 1000ml, num total de oito provetas.

Figura 3.1 – Provetas contendo sílte e areia (sedimentados) e fração argila (em

suspensão)

Foi marcada uma altura de 20cm (Figura 3.1) em cada proveta,

medidos a partir do menisco, depois as provetas foram agitadas e deixadas em

repouso por 24h, segundo lei de Stokes, que calcula por meio de uma equação

(Equação 3.1) o tempo gasto para sedimentação de partículas finas, onde o tempo

calculado para a amostra foi de 15h, mas por questões praticas e não prejudiciais

foi adotado o tempo de 24h. A determinação da quantidade de material utilizada

31

foi estimada segundo a quantidade de amostra necessária a realização de cada

um dos ensaios pretendidos.

( )n

ddrgV×

−×××=

92 21

2

( )

( ) .01,0cos

;/0,1

;/65,2

;/980

;001,0

32

31

2

==

==

==

==

==

dinadofluidoidadevisn

cmgfluidododensidaded

cmgpartículadadensidaded

scmgravidadedaaceleraçãog

cmesferadaraior

(3.1)

Depois das 24h de repouso, o material localizado acima da linha dos

20cm foi recolhido com o auxílio de sinfonagem através de uma mangueira que

tinha sua extremidade submersa mantida acima da linha dos 20cm, para se evitar

a sucção da fração sílte junto com a fração argila. O material recolhido, fração

argila, foi armazenado em recipientes de 2 litros.

Na etapa seguinte, o material que restou nas provetas (abaixo da

linha dos 20cm) foi agitado e colocado num dispersor por 10 minutos. Depois foi

devolvido às provetas e as mesmas completadas com água destilada até a marca

de um litro, e novamente deixadas em repouso por 24h. Todo este procedimento

foi repetido até a obtenção da quantidade necessária de matéria-prima.

No passo seguinte foi realizado o processo inverso, isto é,

sedimentação da fração <2µm por meio de centrifugação, onde ocorreu também a

lavagem do material para proporcionar a eliminação de grande parte do NaOH

contido na amostra. Assim, a fração argila dispersa em água foi centrifugada a

12000rpm por 6min à temperatura de 20oC, sendo cada quantidade centrifugada e

lavada com água destilada no mínimo três vezes. A centrífuga utilizada foi uma da

marca Hitachi modelo CR 21 (Hitachi High Speed Refrigerated Centrifuge CR 21)

pertencente ao Laboratório de Química de Função de Proteínas e Peptídeos

(LQFPP), do Centro de Biociência e Biotecnologia (CBB).

32

Depois de centrifugada, a fração argila foi deixada para secar por

48h em uma estufa da marca DeLeo ajustada para manter a temperatura em

aproximadamente 50oC.

A amostra após a secagem aglomerou-se, por isso, em seguida, a

fração argila foi destorroada num almofariz de louça e passada na peneira ABNT

no 325 (abertura de 0,044mm) para permitir uma uniformização, o material obtido

foi então armazenado em um recipiente vedado e mantido em um dessecador,

para evitar que a amostra absorvesse umidade do ar.

Após este tratamento, a caulinita estava pronta para ser utilizada na

próxima etapa da pesquisa, sua caracterização.

3.4.1. Caracterização da fração argila (caulinita)

Depois de separada a fração argila, foi efetuada a sua caracterização.

Os ensaios utilizados para tal podem ser vistos a seguir.

a) Massa Específica

A massa específica da amostra de caulinita foi obtida da mesma

maneira utilizada na matéria-prima bruta, segundo a norma ABNT NBR 6508

(Grãos de solos que passam na peneira de 4,8 mm – Determinação da massa

específica), com o uso do frasco denominado picnômetro.

b) Análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF)

A análise química por fluorescência de raios-X das amostras de

caulinita para determinação da composição química, foi realizada segundo os

mesmos procedimentos utilizados para o material bruto, inclusive o mesmo

equipamento. Um esquema de configuração das amostras pode ser observado na

Tabela 3.2.

33

Tabela 3.2 - Configuração das amostras de caulinita para EDXRF

Ensaio Amostra desorientada

Pastilha da fração argila (# 325) EDX

Pó da fração argila (# 325)

d) Análise Termogravimétrica (TGA) e Térmica Diferencial (DTA)

A realização deste ensaio teve por objetivo determinar as

temperaturas limites, ou seja, a faixa de temperatura de transformação da caulinita

em metacaulinita e o inicio de sua recristalização.

Na TGA a amostra é aquecida à velocidade constante, monitorada

por uma balança que mede as variações de massa em função da temperatura; a

DTG é a derivada da curva obtida pela TGA, e na análise térmica diferencial, a

amostra é aquecida a uma velocidade constante, juntamente com uma substância

termicamente inerte, e são registradas as diferenças entre o padrão inerte e a

amostra, em função da temperatura, quando ocorrem as transformações

endotérmicas ou exotérmicas, estas aparecem como deflexões em sentidos

opostos na curva termodiferencial.

As análises térmicas, e o preparo das amostras para este ensaio

foram realizadas no Laboratório de Materiais Avançados (LAMAV) no Setor de

Polímeros (SEPOL). O equipamento utilizado foi um TA Instruments modelo SDT

2960. As amostras foram aquecidas da temperatura ambiente até 1200oC, na taxa

de 10oC por minuto sob atmosfera oxidante.

e) Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) A microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi realizada no

Laboratório de Biologia Celular Tecidual (LBCT) – Centro de Biociência e

Biotecnologia (CBB) - UENF. O microscópio utilizado foi um Zeiss modelo DSM

962. O feixe de elétrons principal foi gerado por um filamento de tungstênio cuja

34

tensão e corrente de operação, foram respectivamente, 10 – 15KV e 50µA e a

distância de trabalho utilizada variou de 8 a 9mm, em função da nitidez da imagem

visualizada.

As amostras de caulinita preparadas para o MEV, ensaio que

possibilitou a visualização da morfologia do material, seguiram a seguinte rotina: a

caulinita seca em estufa à 110oC por 12 horas e calcinada à 300oC por 3 horas, e

as metacaulinitas calcinadas a 490, 600, 700, 800, 900, 1000 e 1100oC por 3

horas foram passadas na peneira ABNT no 325 e depositadas sobre um porta-

amostra, que mantinha o pó fixado sobre si com o auxilio de uma fita dupla face de

carbono, em seguida os portas-amostra foram submetidos a uma deposição de

ouro, depois os portas-amostra foram protegidos da umidade dentro de um

dessecador, até o momento de realização do ensaio.

f) Área Específica Superficial (BET e Blaine)

A determinação da superfície específica pelo método Blaine,

segundo norma ABNT NBR NM 76 (Cimento portland – determinação da finura

pelo método de permeabilidade ao ar) é a maneira mais utilizada pela indústria do

cimento por se tratar de um ensaio simples e rápido. Porém não é muito preciso,

pois sofre a influência de inúmeros fatores, como a forma variável das partículas e

acamamento tortuoso e não fornece valores confiáveis quando utilizado para

determinar superfícies específicas maiores que 0,5 m2/g (Potgieter, 1996). A

determinação da superfície especifica pelo método Blaine foi feita por meio da

medida do tempo gasto por um volume especifico de ar fluir através de um

conhecido volume de pó compactado, utilizando-se o Permeabilímetro de Blaine

do setor de Estruturas do LECIV, e este valor juntamente com a massa especifica

da amostra foi utilizado para calcular a superfície específica.

A preparação da amostra ocorreu segundo as determinações da

norma.

Quando se deseja obter a superfície específica de maneira confiável

de materiais muito finos e uma maior precisão dos resultados, o ensaio que é

35

comumente utilizado é o BET (Brunauer, Emmett e Teller). Este método baseia-se

numa formulação matemática, que descreve a adsorção das moléculas de um gás

em particular pelas superfícies dos grãos de um material finamente dividido, para

calcular sua superfície específica e medir as superfícies específica interna e

externa de um material. A determinação da superfície específica, efetuada por

meio do ensaio BET, foi realizada no setor de Cromatografia do Laboratório de

Ciências Químicas (LCQUI) – CCT, utilizando um equipamento da marca

Quantachrome Instruments modelo Autosorb-1, onde o gás utilizado para

adsorção foi o nitrogênio.

Foram realizados ensaios de superfície especifica com amostras de

caulinita (fração argila, <2µm) passadas na peneira ABNT no 325.

3.5. Determinação das condições de produção da metacaulinita

A caulinita é transformada em metacaulinita por meio de um

processo de calcinação. Durante o processo de calcinação da caulinita, ocorre a

desidroxilação da mesma, ou seja, a caulinita perde água de sua estrutura

cristalina dando origem a uma estrutura amorfa (Equação 3.2). Se o processo de

calcinação continuar, a elevação da temperatura provoca a evolução da estrutura

amorfa da metacaulinita para uma fase cristalina intermediária chamada espinélio

até a nucleação da mulita (Equação 3.3).

Al2O3.2SiO2.2H2O Al2O3.2SiO2 + 2H2O ou (AS2H2 AS2 + 2H)

(caulinita) (metacaulinita) (gás) (3.2)

2.[Al2O3.2SiO2] 2Al2O3..3SiO2 + 2SiO2

(metacaulinita) (espinélio Al:Si)

2Al2O3.3SiO2 2[Al2O3.SiO3] + SiO2

(epinélio Al:Si) (mulita 1:1 + cristobalita)

(3.3)

36

3.5.1. Determinação da faixa de temperatura e o tempo de calcinação

A temperatura inicial para passagem da estrutura cristalina da

caulinita para uma estrutura amorfa, metacaulinita, segundo diversos ensaios

experimentais varia dentro de uma ampla faixa de temperatura que provavelmente

é influenciada pelo grau de cristalização do argilomineral (Alexandre e Saboya,

1997 e Walker, 1961).

Dessa forma se faz necessário identificar esta temperatura, para que

a partir daí sejam feitos ensaios buscando uma temperatura ideal de calcinação.

Entende-se por temperatura ideal de calcinação, aquela que proporciona a

produção da metacaulinita com maior atividade pozolânica possível com o menor

consumo de energia para obtê-la.

Devido a metacaulinita encontrar-se dentro de uma faixa de

temperatura relativamente extensa, resultado de diferentes tipos de caulinita

pesquisados, optou-se por realizar uma varredura desta faixa, sendo necessário,

primeiramente, conhecer os pontos inicial e final que indicassem as temperaturas

limítrofes da faixa, características da caulinita utilizada. A determinação desses

limites foi efetuada por meio de análise térmica.

O tempo de calcinação foi definido segundo dados de trabalhos

realizados (Saboya e Alexandre, 1997, Alexandre, 1997, Shi, Grattan-Bellew, and

Stegemann, 1998, Cordeiro, 2001, Kakali, Perraki, Tsivillis, and Badogiannis,

2000, , Barger, Hansen, Wood, Neary, Beech, and Jaquier, 2001). Onde o tempo

de calcinação varia entre três e seis horas.

3.5.2. Calcinação da caulinita

A calcinação obedeceu ao seguinte processo: 100g de material

foram colocados em um recipiente de porcelana que era então levado a um forno

digital da marca Quimis modelo Q 318 – M24, cuja rampa de aquecimento é

mostrada na Figura 3.2.

37

A quantidade de 100g utilizada para produção de cada amostra de

metacaulinita foi determinada segundo uma estimativa da quantidade de material

que seria consumida pelos ensaios e a perda de massa ao fogo indicada pela

analise térmica.

y = 10,972x + 114,69

0

200

400

600

800

1000

1200

0 15 30 45 60 75 90

Tempo (min)

Tem

pera

tura

(OC

)

Figura 3.2 – Rampa de aquecimento do forno

3.5.3. Caracterização da metacaulinita produzida

Depois de produzida as amostras de metacaulinita nas diversas

temperaturas, as mesmas foram caracterizadas. Assim, as amostras foram

submetidas a ensaios para determinação de massa específica, superfície

específica, difração de raios-X, capacidade de troca de cátions, acidez trocável e

determinação da atividade pozolânica por meio dos ensaios Chapelle e NBR 5753.

Os ensaios utilizados são apresentados a seguir.

a) Massa Específica (NBR 6508)

Para determinação da massa específica do material produzido

(metacaulinita), foi utilizado o mesmo para determinação da massa específica da

38

matéria-prima e da caulinita (ABNT NBR 6508 - Grãos de solos que passam na

peneira de 4,8 mm – Determinação da massa específica).

b) Superfície específica (BET)

Sendo a área específica superficial uma propriedade importante dos

materiais pulverulentos, e sabendo-se que a superfície especifica de um material

está diretamente relacionada com sua atividade química, ou seja, quanto maior o

valor da área específica superficial maior a sua reatividade química. Foi efetuada a

determinação das superfícies específicas da caulinita, do cimento Portland CP II E

32 e das metacaulinitas produzidas, por meio do ensaio BET (Brunauer, Emmett e

Teller) realizado no setor de Cromatografia do Laboratório de Ciências Químicas

(LCQUI) – CCT, utilizando um equipamento Quantachrome Instruments modelo

Autosorb-1, onde o gás utilizado foi o nitrogênio. As amostras ensaiadas foram

primeiramente passadas na peneira ABNT no 325, para garantir uma uniformidade

granulométrica entre as amostras.

c) Difração de raios-X (XRD)

As amostras foram caracterizadas cristalograficamente por meio de

difração de raios-X, realizadas no Laboratório de Ciências Físicas (LCFIS) – CCT

– UENF, em um difratômetro Freiberger Präzisionsmechanick GmbH modelo URD

65 com radiação Cukα operando a 35KV e 40mA. Sendo os compostos

identificados segundo o arquivo de difração de pós (JCPDS, 1995), onde para

classificar uma amostra como sendo caulinita, o valor medido do ângulo de Bragg

deve ser aproximadamente 14,3o (2θ = 2 * 7,15o = 14,3o). Para esta análise, foram

preparadas amostras de caulinita: uma seca em estufa à 110oC por 12 horas e

outra calcinada à 300oC por 3 horas e amostras de metacaulinita calcinadas a

490, 600, 700, 800, 900, 1000 e 1100ºC.

d) Capacidade de Troca de Cátions (CTC)

39

A troca iônica corresponde às reações de intercâmbio de íons entre a

solução e a fase sólida (mineral), tanto de cátions como de ânions.

Devido à presença de cargas negativas ou positivas nas superfícies

das partículas sólidas da metacaulinita, existe a possibilidade de serem adsorvidos

a estas superfícies cátions ou ânions. Tendo em vista que estes cátions ou ânions

podem ser "trocados" por cátions ou ânions que estão na solução, denomina-se

este processo de troca iônica.

As cargas negativas que retêm os cátions (íons com carga positiva)

trocáveis podem ser originadas nas partículas sólidas de duas maneiras principais:

cargas permanentes e cargas pH dependentes. O pH é usualmente interpretado

como um valor independente e sem referência de sua definição fundamental, ou

seja, é interpretado diretamente como o potencial hidrogeniônico medido. O

conhecimento do pH é de grande valia, pois a atividade de outros íons depende

em grande parte da atividade do íon H e das atividades associadas dos outros

íons, especialmente Ca e Al.

As cargas negativas permanentes são originadas da substituição

isomórfica nos tetraedros e octaedros dos argilominerais, ou seja, na formação do

mineral os tetraedros ou octaedros foram preenchidos por cátions com raio iônico

semelhante, porém com menor carga, o que origina um excesso de cargas

negativas dos oxigênios (por exemplo: Al+3 no lugar do Si+4 no tetraedro). Estas

cargas negativas são chamadas permanentes, pois são estruturais, e não serão

afetadas pelo pH.

As cargas negativas pH dependentes variam conforme o pH.

Quando o pH aumenta, também aumenta a quantidade de cargas negativas pH

dependentes. As cargas negativas pH dependentes são formadas basicamente

pela dissociação de H+ das superfícies laterais dos argilominerais 1:1, dos

óxihidróxidos, quando o pH tende a se elevar. Uma redução do pH reverterá o

processo.

A capacidade de troca de cátions (CTC) corresponde à capacidade

que a amostra possui em reter os cátions trocáveis. Quanto maior for a quantidade

40

de cargas negativas existentes na superfície das partículas sólidas, maior será a

CTC.

A unidade da CTC é o cmolc/kg (centimol de carga por quilograma).

Nesta unidade o c=centi=0,01, o k=quilo=1000, o g=grama (unidade de massa), e

o molc=mol de carga (correspondente à antiga unidade equivalente).

Para a determinação dos cátions trocáveis, no caso da metacaulinita,

foi efetuado o seguinte procedimento:

- Preparo dos reagentes: - acetato de amônio, 1M, pH 7,0: dissolver 77,1g de acetato de amônio em

950ml de água destilada. Ajustar o pH para 7,0 com acido acético ou amônia

aquosa. Completar até 1000ml com água destilada. Mexer bem.

- Etanol, 95%: misturar 950ml de etanol com 50ml de água destilada.

- Cloreto de potássio, 1M: dissolver 74,55g de cloreto de potássio em

1000ml de água destilada.

- Procedimento 1) Pesar 1,0 ± 0,01g da amostra dentro de um tubo de centrifuga de 50ml;

2) Adicionar 33ml de cloreto de potássio, 1M, tampar o tubo e chacoalhar por

5min;

3) Centrifugar o tubo até que o sobrenadante esteja limpo;

4) Descartar o sobrenadante;

5) Repetir os passos de 2-4, quatro vezes;

6) Adicionar 20ml de etanol 95%, tampar o tubo e chacoalhar por 5min;

7) Centrifugar o tubo até que o sobrenadante esteja limpo;

8) Descartar o sobrenadante;

9) Repetir os passos de 6-8, quatro vezes;

10) Adicionar 33ml de acetato de amônio, 1M, tampar o tubo e chacoalhar por

5min;

11) Centrifugar o tubo até que o sobrenadante esteja limpo;

12) Descartar a solução sobrenadante num balão volumétrico de 100ml;

41

13) repetir os passos 10-12 duas vezes, adicionando o sobrenadante limpo ao

balão volumétrico;

14) Preencha o balão volumétrico até 100ml com acetato de amônio e mexa bem;

15) Determinar a concentração de potássio no balão volumétrico utilizando-se um

fotômetro de chama.

e) Hidrogênio + Alumínio trocáveis (Acidez trocável)

Esse ensaio permite a determinação da quantidade de íons

hidrogênio e alumínio (H + Al) trocáveis. Esta determinação é importante, pois

teoricamente, quanto maior a quantidade de H + Al disponível para troca, maior a

atividade pozolânica da metacaulinita.

A acidez trocável da metacaulinita foi determinada segundo o

procedimento abaixo.

Uma amostra contendo 2,5g de cada metacaulinita (temperaturas

diferentes) foi misturada com 75ml de solução de acetato de cálcio ((CH3COO)2

Ca H2O) 1N, agitada num agitador por 10 min e logo após deixada em repouso por

um período de 24h.

Em seguida, foram coletados 25ml do sobrenadante da mistura e

colocados num becker, onde foram adicionadas 3 gotas de indicador fenolftaleína

a 1%, sendo a mistura titulada com solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,025 N

com o auxílio de uma bureta, onde foi, então, determinada a quantidade em ml de

solução de NaOH consumida pela mistura. A titulação é considerada terminada

quando o líquido antes incolor apresenta uma coloração rósea, comparada com a

cor obtida no ensaio em branco.

O ensaio em branco é um ensaio que obedece ao mesmo

procedimento mencionado, mas não contem a amostra (metacaulinita), ou seja, o

ensaio em branco contém todos os reagentes, menos a metacaulinta.

A acidez trocável foi então calculada pela Equação 3.4 a seguir:

( ) ++++ +=⋅− AlHdeKgcmolLL cb 65,1 (3.4)

42

onde:

L = leitura na bureta para a amostra;

Lb = leitura na bureta para o ensaio em branco;

1,65 = fator de correção (constante);

cmolc = centimol de carga.

f) Determinação da atividade pozolânica

A influência da metacaulinita sobre a resistência do concreto está

intimamente relacionada à reação da metacaulinita (AS2) com CH. Esta reação

depende do índice de pozolanicidade (atividade pozolânica) da adição com o

cimento. Entende-se por índice de pozolanicidade a maior ou menor capacidade

que a adição, neste caso metacaulinita, tem de reagir com o hidróxido de cálcio

formado durante o processo de hidratação do CP, gerando novos componentes

com propriedades cimentícias mais estáveis e resistentes. Essa reação consome

o CH e completa-se em duas semanas à temperatura ambiente (Raverdy et al.,

1980).

A metacaulinita reage com CH por se tratar de um produto sintético

amorfo, ou seja, desequilibrado, instável. Assim, ela precisa restabelecer seu

equilíbrio químico e o faz reagindo com o CH.

Durante essa reação há a formação de novos produtos cimentícios

(silicato de cálcio hidratado (C-S-H), por exemplo) que garantem uma influência

positiva da metacaulinita sobre a resistência mecânica do concreto (Turrizini,

1964). A reação pozolânica pode ser vista na Equação 3.5.

Pozolana + CH + água C-S-H (3.5)

O mecanismo da reação metacaulinita–hidróxido de cálcio já foi

estudado por Turriziani, (1964), Malquori, (1960) entre outros. Larbi, (1991)

mostrou que a metacaulinita muito pura pode praticamente eliminar todo o

hidróxido de cálcio da matriz de cimento.

43

Um material pozolânico não possui propriedades aglomerantes por si

só, somente quando o CH está presente juntamente com a umidade é que a

reação acontece para formar silicatos de cálcio hidratado (C-S-H), sendo o CH

fornecido pela hidratação do CP com o qual o material é normalmente misturado

(McCarter, 1995).

Como a reação pozolânica com CP à temperatura ambiente é

bastante lenta, não é surpresa que estudos da pozolanicidade (ou reatividade)

sejam baseados na ativação direta do material pozolânico com CaO a elevadas

temperaturas. Existem vários métodos (Chapelle, NBR 5753, NBR 5752

(Determinação do índice de atividade pozolânica com cimento Portland (IAP)),

Impedância elétrica etc) para se investigar a pozolanicidade do material, os quais

são baseados tanto no uso de solução de CaO ativadora como ativação direta

com CaO em pó.

Mas para classificar um material como pozolânico, este deve

apresentar um consumo mínimo de 330mg de CaO/g da amostra, consumo este

determinado pelo ensaio Chapelle.

Os ensaios utilizados para o estudo da atividade pozolânica foram o

Chapelle e o da norma ABNT NBR 5753 (Cimentos – Método de determinação de

atividade pozolânica em cimento portland pozolânico), ambos são detalhados

respectivamente nos itens f.1. e f.2.. O Chapelle foi escolhido por se tratar do

ensaio mais utilizado para este fim pela comunidade cientifica. A norma NBR 5753

foi utilizada por ser uma norma brasileira de determinação da atividade pozolânica,

de natureza química, assim como o Chapelle.

f.1. Ensaio Chapelle

Entre os métodos químicos propostos para estimar a atividade dos

materiais pozolânicos, aquele proposto, em 1958, por J. Chapelle é

particularmente interessante pelo seu princípio e rapidez de resposta.

Teoricamente, permite caracterizar uma pozolana, na sua finura de

utilização pela taxa de reação da cal, após um tempo de contato padronizado,

sendo a reação acelerada por elevação da temperatura, ou seja, uma determinada

44

quantidade de material supostamente pozolânico e de CaO são colocados para

reagir na presença de água fervente (100oC), pois a reação é muito lenta à

temperatura ambiente (em torno de duas semanas). A mistura é mantida reagindo

por algumas horas (em geral 16 horas), onde após esse tempo o CaO livre é

determinado por meio de extração de sacarose e titulação com solução de HCl,

sendo o resultado expresso da seguinte maneira: quantidade em miligrama de

CaO consumido por grama de material pozolânico (mg de CaO/ g de

metacaulinita).

Este método, entretanto é contestado, com o argumento de que os

hidratos que se formam nestas condições não são do mesmo tipo, nem têm a

mesma solubilidade dos que são formados em temperatura ambiente. Esta

objeção teria fundamento se a cinética da reação fosse governada pela

precipitação dos hidratos. Contudo, a etapa limitante da reação pozolânica é, na

verdade, o ataque hidroxílico do material, e o fluxo de dissolução, isto é, a

quantidade de elementos ácidos passando em solução (se dissolvendo) por

unidade de superfície e de tempo e o reflexo direto da reatividade da pozolana. A

etapa seguinte de precipitação de hidratos seja quais forem, é um processo rápido

que, para todo efeito, deve seguir o ritmo da dissolução.

Estes ensaios foram realizados no Instituto de Pesquisas

Tecnológicas (IPT-SP), onde a atividade pozolânica da metacaulinita foi obtida

pelo Procedimento DEC–LQM–PE-041 do Instituto de Pesquisas Tecnológicas

(IPT-SP) “Determinação de atividade pozolânica – Método Chapelle modificado”,

que é baseado nas diretrizes gerais da publicação: Raverdy et al. (1980).

f.1.1. Procedimento DEC–LQM–PE-041 do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT-SP) “Determinação de atividade pozolânica – Método Chapelle modificado” 1. Referência

Este método é baseado no artigo de Raverdy et al. (1980) e nas

normas NBR 9774/87 e 12653/92.

45

2. Equipamento e material

2.1. Equipamentos

2.2.1. Balança com resolução de 0,0001g;

2.1.2. Banho-maria termostatizado com agitação, para controlar a temperatura de

25 a 95°C;

2.1.3. Chapa elétrica aquecedora;

2.1.4. Estufa para temperatura de até 110°C;

2.1.5. Mufla para temperaturas de até 1200°C;

2.1.6. Vidrarias, utensílios e acessórios de uso rotineiro em laboratório.

2.2. Materiais

2.2.1. Acido clorídrico (HCl) concentrado p.a. (aproximadamente d = 1,17 g/ml e

37%);

2.2.2. Água deionizada ou destilada isenta de CO2 (Nota 1);

Nota 1: A água deve ser fervida por no mínimo 30min e resfriada até a

temperatura ambiente em balão volumétrico tampado com rolha de borracha.

2.2.3. Álcool etílico absoluto (C2H5OH) p.a.;

2.2.4. Carbonato de cálcio (CaCO3) p.a.;

2.2.5. Fenolfitaleina p.a.;

46

2.2.6. Sacarose p.a (Nota 2);

Nota 2: Alternativamente pode ser utilizado açúcar refinado comercial.

2.2.7. Borato de sódio (Na2B4O7) p.a.;

2.2.8. Vermelho de metila p.a.

3. Procedimento

3.1. Preparação de amostra

As amostras são ensaiadas finamente pulverizadas. A NBR 12653/92

recomenda moer os materiais “potencialmente” pozolânicos ou que apresentem

resíduo máximo de 12% em peneira de abertura 0,044mm (ABNT N.o 325), até

uma granulometria ao redor de 800m2/kg, uma vez que a atividade pozolânica é

diretamente proporcional à área especifica do material.

3.2. Preparo de soluções

3.2.1. Solução alcoólica de fenolfitaleina – 1g/L;

Dissolver e diluir 0,1g de fenolfitaleína em álcool etílico absoluto, até

completar 100mL. Homogeneizar.

3.2.2. Solução alcoólica de vermelho de metila – 1g/L;

Dissolver e diluir 0,1g de vermelho de metila em álcool etílico

absoluto, até completar 100mL. Homogeneizar e reservar em frasco âmbar.

3.2.3. Solução de sacarose – 240g/L.

Dissolver 60g de sacarose em um balão volumétrico de 250mL,

utilizando-se água isenta de CO2. Completar o volume e homogeneizar.

3.2.4. Solução padronizada de acido clorídrico (HCl) – 0,1N.

47

3.2.4.1. Preparação

Diluir aproximadamente 8,4 ml de HCl concentrado em água até

completar 1000mL de solução em um balão volumétrico e homogeneizar.

3.2.4.2. Padronização

Padronizar a solução de HCl 0,1N com (0,5000±0,0100)g (m1) de

tetraborato de sódio (bórax) recristalizado (conforme item 6.2.5.), dissolvido em

aproximadamente 100mL de água. A titulação deve ser processada com a solução

de HCl usando-se solução de vermelho de metila (1g/L) como indicador. O ponto

de equivalência é atingido quando a coloração vermelha tornar-se persistente.

Anotar o volume de HCl consumido (V1).

3.2.4.3. Cálculo

Calcular a normalidade e o fator da solução de HCl, como segue

(Equação 3.6):

1907,01

1

×=

VmNHCl

1,0HCl

cNF = (3.6)

onde:

NHCl = normalidade real da solução de HCl 0,1N;

m1 = massa de tetraborato de sódio (bórax) (6.2.4.2.), em g;

V1 = volume de HCl gasto na titulação (6.2.4.2.), em ml;

0,19072 = miliequivalente de tetraborato de sódio;

Fc = fator de correção do HCl para uma concentração de 0,1N.

3.2.5. Tetraborato de sódio recristalizado

3.2.5.1. Dissolver 15g de tetraborato de sódio em 50mL de água, aquecendo a

cerca de (75±5)°C. Deixar resfriar a temperatura ambiente para o sal recristalizar.

Manter em repouso por algumas horas (Nota 3).

48

Nota 3: É recomendado recristalizar a uma temperatura abaixo de 55°C.

3.2.5.2. Filtrar em funil de Buchner provido de papel de filtração rápida. Lavar duas

vezes com porções de 10mL de água, duas vezes com porções de 10mL de álcool

etílico absoluto e duas vezes com porções de 10mL de éter etílico, mantendo-se a

sucção para remoção dos líquidos de lavagem.

3.2.5.3. Após lavagem final, espalhar o sólido numa camada fina em um vidro de

relógio e deixar secar a temperatura ambiente de 12 a 18h. Armazenar em um

pesa-filtro fechado.

3.3. Execução do ensaio

3.3.1. Pesar exatamente (1,0000±0,0010)g (m2) da amostra do material pozolânico

moído de acordo com o item 3.1. e seco. Introduzir em um frasco erlenmeyer de

plástico com tampa rosqueada, limpo e seco, juntar cerca de (1,0000 ± 0,0010)g

(m3) de CaO (Nota 4)

Nota 4: Para se obter o CaO, deve-se pesar cerca de 2,0g de CaCO3 em cadinho

de platina, calcinar à (1000±50)°C durante 1h. Esfriar em dessecador,

homogeneizar com uma espátula e calcinar por mais 30min. Resfriar em

dessecador e em seguida pesar conforme o item 6.3.1..

3.3.2. Adicionar 250mL de água, isenta de CO2, medido em balão volumétrico.

Ajustar hermeticamente a tampa no erlenmeyer e colocá-lo no banho-maria,

ligando a agitação, estando com o banho pré-aquecido a temperatura a ser

ensaiada (T) (Nota 5).

Nota 5: O ensaio é executado a 90°C, podendo ser especificadas temperaturas

mais baixas, de acordo com a finalidade do ensaio.

49

3.3.3. Manter a agitação durante (16±2) horas a temperatura a ser ensaiada (T). A

seguir, retirar o erlenmeyer do banho e resfriar em água corrente à temperatura

ambiente.

3.3.4. Juntar no frasco, 250mL de solução de sacarose (240g/L) recém preparada.

3.3.5. Fechar hermeticamente a agitar durante 15 min. Filtrar mais ou menos 100

ml, usando papel de filtração media pregueado. Pipetar 50mL da solução e titular

com solução de HCl 0,1N, usando solução de fenolfitaleina (1g/L) como indicador

(Nota 6). Anotar o volume gasto na titulação (V2).

Nota 6: Executar os processos de filtração, pipetagem e titulação o mais rápido

possível, para evitar a carbonatação da solução filtrada.

3.3.6. Efetuar as mesmas operações com o ensaio em branco, anotando a massa

de CaO utilizada (m4) e o volume gasto na titulação (V3).

4. Cálculo e verificação dos resultados do ensaio Chapelle

Calcular a atividade pozolânica, em mg de CaO por grama de

material, por meio da Equação 3.7.

234

4233 )(28/mmm

mVmVmaterialdegCaOmg××

×−××= (3.7)

onde:

m2 = massa de material pozolânico (3.3.1.), em g;

m3 = massa de CaO empregado no ensaio com amostra (3.3.1.), em g;

m4 = massa de CaO empregado no ensaio em branco (3.3.6.), em g;

V2 = volume de HCl 0,1N consumido no ensaio com amostra (3.3.6.), em ml;

V3 = volume de HCl 0,1N consumido no ensaio em branco (3.3.7.), em ml;

Fc = fator de correção do HCl para uma concentração de 0,1N.

50

f.2. Ensaio da norma ABNT NBR 5753 (Cimentos – Método de determinação de atividade pozolânica em cimento portland pozolânico)

Esta norma prescreve o método de determinação de atividade

pozolânica em cimento Portland pozolânico, como definido na norma ABNT NBR

5736 (Cimento Portland pozolânico – Especificação).

A atividade pozolânica é avaliada comparando-se a quantidade de

hidróxido de cálcio presente na fase líquida em contato com o cimento hidratado,

com a quantidade de hidróxido de cálcio que poderia saturar um meio de mesma

alcalinidade (NBR 5753).

No cimento Portland pozolânico, a concentração de hidróxido de

cálcio em solução é sempre inferior à concentração de saturação. Sabe-se que,

operando-se com 20g de cimento para 100ml de água a temperatura de 40oC o

equilíbrio é praticamente alcançado em sete dias. Para realizar o ensaio, é

conveniente conhecer a solubilidade do hidróxido de cálcio a 40oC em uma

solução cuja alcalinidade livre varia de zero a cerca de 100 miliequivalentes de

base forte (OH-) por litro (NBR 5753).

A norma ABNT NBR 5736, especifica uma quantidade de material

pozolânico misturada ao cimento Portland variando de 15 a 50%, em massa.

Assim, foram preparadas amostras contendo os limites da faixa especificada na

norma, 15 e 50%. A norma ABNT NBR 5753 indica a utilização de uma amostra

de 20g, portanto foram preparadas amostras compostas; umas de 17g de cimento

CP II E 32 + 3g de metacaulinita e outras de 10g de cimento CP II E 32 + 10g de

metacaulinita. Foram preparadas amostras com as metacaulinitas produzidas nas

diferentes configurações, obtendo-se assim 20 amostras diferentes, além de cada

ensaio ter sido repetido por três vezes, efetuando-se uma média aritmética dos

valores obtidos.

Preparadas às misturas em massa dos constituintes, efetuadas num

recipiente vedado, e agitado energicamente até a obtenção de uma

homogeneidade, as mesmas foram, então, colocadas em recipientes contendo

água destilada a 40oC e foram novamente agitados energicamente por 20

51

segundos e colocados num ambiente termoestático a 40oC, onde permaneceram

por sete dias.

Após o período de sete dias, o líquido foi derramado sobre um filtro e

o filtrado foi recolhido num frasco que foi mantido em repouso até que este

entrasse em equilíbrio com a temperatura ambiente.

Em seguida, depois de homogeneizado, foram retirados 50ml da

solução para que os mesmos fossem titulados com ácido clorídrico utilizando-se

alaranjado de metila como indicador e determinado-se assim a alcalinidade,

anotando-se a quantidade em ml de ácido consumido por cada amostra.

Em um próximo passo a amostra recebeu a adição de oxalato de

amônia para permitir a precipitação do cálcio em forma de oxalato de cálcio.

Depois foi filtrada e lavada com água destilada fria. Em seguida, o oxalato de

cálcio separado foi titulado por meio de uma solução de permanganato de

potássio, anotando-se a quantidade consumida em ml.

De posse das quantidades em ml consumidas nas duas titulações

por cada amostra, calculou-se a alcalinidade total (OH-/l) e o teor de oxido de

cálcio (CaO/l), pelas equações apresentadas a seguir (Equações 3.8).

OHdeolmiNHClsoluçãodeml lim1,01,01 =

2*50

1000*1,0*/lim HClmlHClsolmllitroOHolmi ==

CaOdeolmiNKMnOsoluçãodeml lim025,005,01 4 =

2501000*025,0*/lim 44 KMnOmlKMnOsolmllitroCaOolmi ==

(3.8)

52

Capítulo 4 __________________________________________________________________

4. Resultados e Análises

Este capítulo tem por objetivo apresentar e analisar os resultados

obtidos mediante ensaios discriminados no capítulo 3, realizados durante a

pesquisa para elaboração desta dissertação.

4.1. Escolha e caracterização da matéria-prima bruta

A matéria-prima utilizada foi escolhida segundo a caracterização de

argilas do município de Campos dos Goytacazes, realizada por trabalhos

passados, onde foram escolhidas inicialmente aquelas que apresentaram as

maiores quantidades da fração argila, para facilitar a obtenção do argilomineral

caulinita. Em seguida foi adotada aquela que apresentava a coloração mais clara

para que não influenciasse na aparência dos PBC que viessem a fazer uso do

material deste estudo. A coloração mais clara é relacionada a baixas quantidades

de ferro e titânio, fato verificado na análise química por EDXRF (Tabela 4.1).

Assim a matéria-prima empregada (Figura 4.1) foi obtida no

município de Campos dos Goytacazes da Jazida do Visconde (próxima à

localidade de Donana) de coordenadas de localização UTM (Universal Transverse

of Mercator) N=7.585.211,24 e E= 261.538,74, de propriedade da Cerâmica

Primeira.

Figura 4.1 – Matéria-prima bruta

53

A jazida de coleta da matéria-prima pertence à área identificada pela

folha 082 – Campos do PROJIR (Projeto de Irrigação e Drenagem da cana-de-

açúcar na Região Norte Fluminense-RJ), onde verificamos no estudo realizado por

Ramos (2000) a existência de um volume de 164 450 000 m3 de material argiloso

pouco siltoso explorável.

Tabela 4.1 – Resultado do EDX para o material bruto

Amostra Material passante na # 325

Configuração Física Pó Pastilha

Composição em Óxidos (%)

SiO2 49,735 51,474

Al2O3 41,628 41,462

Fe2O3 3,502 3,444

TiO2 1,646 1,746

SO3 1,705 0,110

K2O 1,296 1,414

CaO 0,246 0,268

Outros 0,187 0,081

54

Figura 4.2 – Resultado da Análise Granulométrica da matéria-prima bruta

QUADRO DE RESULTADO DE ENSAIO (M.I.T.)Argila Silte Areia % Pedregulho LL LP IP Classificação Dens. Real

% % Fina Média Grossa % % % % (USCS) dos Grãos

75 24 1 - - - - - - - 2,52

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,00,001 0,01 0,1 1 10 100

% P

assa

ndo

Curva Granulométrica

Diâmetro das Partículas(mm)

Observando os resultados apresentados pelos ensaios iniciais de

verificação das características da matéria-prima bruta, foi elaborada a Tabela 4.2,

que resume as características apresentadas pelo material, justificando sua

utilização.

Tabela 4.2 – Características apresentadas

Propriedade Característica apresentada

Coloração Clara (bege claro)

Percentual de óxido de ferro ±3,5%

Percentual de óxido de titânio ±1,6%

Percentual de fração argila 75%

55

A massa especifica da matéria-prima foi determinada (Tabela 4.3)

para verificar se o material apresentava um valor característico dessa classe de

material.

Tabela 4.3 – Massa Especifica da matéria-prima

Amostra Massa Especifica (g/ cm3)

Material bruto 2,52

4.2. Separação da fração argila

Nesta etapa a matéria-prima recebeu um tratamento, onde foi

efetuada a separação da fração argila (caulinita) e, posterior caracterização da

mesma, por meio da obtenção da massa específica (Tabela 4.4) e análise química

por EDXRF (Tabela 4.5).

Tabela 4.4 – Massa Especifica da caulinita

Amostra Massa Especifica (g/ cm3)

Caulinita 2,41

56

Tabela 4.5 – Resultado do EDX para a caulinita

Amostra Fração Argila # 325

Configuração Física Pó Pastilha

Composição em Óxidos (%)

SiO2 48,142 50,326

Al2O3 43,774 42,471

Fe2O3 3,113 3,429

TiO2 1,707 1,844

SO3 1,512 -

K2O 1,362 1,502

CaO 0,217 0,226

V2O5 0,119 0,121

Outros 0,054 0,080

A obtenção da massa específica da fração argila (caulinita) indicou

uma redução de 4,4% com relação ao material bruto, provavelmente devido a

eliminação de minerais primários mais densos nas frações superiores a 2µm. A

analise química por EDXRF apresentou resultados semelhantes ao do material

bruto.

4.3. Identificação dos minerais cristalinos (XRD)

Nessa etapa, foram identificados os minerais cristalinos presentes na

amostra da fração argila, que para tal foi analisada por difração de raios-X (Figura

4.3).

57

Figura 4.3 – Difratograma da fração argila orientada e sedimentada em lâmina de

vidro

4.4. Determinação das condições de produção da metacaulinita

4.4.1. Determinação da faixa de temperatura e tempo de calcinação

Com o intuito de conhecer os limites do intervalo de temperaturas a

ser estudado, foi realizada uma análise termogravimétrica, termogravimétrica

derivada e térmica diferencial (“TGA”, “DTG” e “DTA”) (Figura 4.4).

58

TGA-DTA

Figura 4.4 – Análise térmica diferencial e termogravimétrica

A análise térmica diferencial efetuada na amostra (Figura 4.4)

indicou a temperatura de 489,8oC como limite inferior da faixa, sendo teoricamente

a temperatura a partir da qual já não se encontra caulinita propriamente dita, ou

seja, não se encontra vestígio de estrutura cristalina, característica da caulinita.

Teoricamente, a partir de 489,8oC, existiria apenas uma estrutura amorfa,

característica da metacaulinita, e esta análise indicou a temperatura de 969,4oC

como sendo a temperatura inicial do processo de recristalização do material e fim

da fase amorfa, característica da formação de mulita.

Pode ser observado na DTG, a presença de três picos endotérmicos,

a 43,19oC, à 256,33oC e à 489,8oC, acompanhados de uma significativa perda de

massa (TGA). O primeiro pico (43,19 oC) correspondente à remoção de água

fisicamente adsorvida. O segundo pico (256,33oC) está provavelmente associado

à desidratação da gibsita e à perda de água de coordenação dos cátions, e o

terceiro pico endotérmico é relacionado a desidroxilação da caulinita, provocando

a formação da metacaulinita. De posse destes limites (489,8 e 969,4ºC) e devido a

59

questões práticas, foi decidido que o processo de calcinação seria iniciado pela

temperatura de 490oC, passando-se em seguida para produção à 600oC e

continuando-se o aumento da temperatura com incrementos de 100oC até chegar-

se à 900oC.

Baseado em dados da literatura (Saboya et al., 1997, Alexandre,

1997, Shi et al., 1998, Cordeiro, 2001, Kakali et al., 2000, Barger et al., 2001), foi

decidido a utilização do tempo de permanência de 3h e também foi adotado o

tempo de 1h para o processo de calcinação. O tempo de três horas é

freqüentemente utilizado pela comunidade cientifica por apresentar bons

resultados de amorfização do material e o tempo de 1 hora foi adotado para

permitir uma verificação de desempenho num menor tempo de calcinação, essa

decisão é justificada pela redução do custo na fabricação do material se o tempo

de permanência, como na situação estudada, for reduzido a terça parte, por

exemplo.

4.4.2. Calcinação da caulinita

Determinadas às condições de calcinação, temperaturas de 490,

600, 700, 800 e 900 pelos tempos de 3 e 1h, foram produzidas um total de dez

amostras de metacaulinita (Figura 4.5).

Todo o processo e os pesos das amostras antes e depois do

tratamento térmico e porcentagem de perda de massa são mostrados na Tabela

4.6.

Figura 4.5 – Metacaulinita

60

Tabela 4.6 – Processo de Calcinação da Caulinita

Temperatura (oC)

Tempo (h)

Peso inicial (g)

Peso final (g)

Perda de massa (%)

1 100 89,2 10,8 490

3 100 89,6 10,4

1 100 86,0 14,0 600

3 100 86,0 14,0

1 100 86,4 13,6 650

3 100 86,4 13,6

1 100 85,6 14,4 700

3 100 86,2 13,8

1 100 84,9 15,1 750

3 100 84,9 15,1

1 100 84,8 15,2 800

3 100 84,4 15,6

1 100 84,0 16,0 900

3 100 84,2 15,8

As perdas de massa apresentadas pelas amostras são

aproximadamente iguais àquelas acusadas pela TG.

4.5. Caracterização da metacaulinita produzida

A ordem dos ensaios apresentados a seguir não coincide com a

ordem em que foram executados. Os resultados e análises são apresentados de

maneira a facilitar a compreensão dos mesmos.

Depois de produzida nas temperaturas de 490, 600, 700, 800 e

900oC pelos tempos de 1 e 3 h, fornecendo um total de dez amostras de

metacaulinita, as mesmas foram caracterizadas, por meio da obtenção das

propriedades: atividade pozolânica (Chapelle e NBR 5753), massa específica,

61

área específica superficial (BET), cristalinidade (XRD), morfologia dos grãos por

meio de MEV, capacidade de troca de cátions (CTC) e acidez trocável.

a) Atividade pozolânica

Na determinação da atividade pozolânica das amostras (Tabela 4.7)

da primeira bateria de ensaios Chapelle, a temperatura de produção de 700oC foi

a que apresentou a metacaulinita de maior atividade pozolânica.

Tabela 4.7 - Resultados do Ensaio Chapelle

Material Tratamento

(ºC/h) Atividade Pozolânica

(mg CaO/g metacaulinita)

49031 717,0

6003 720,9

6503 721,0

7001 734,5

7003 742,9

7503 682,2

8003 652,5

Metacaulinita

9003 353,2 14903 significa que o material foi calcinado à 490oC por 3h.

Foram posteriormente produzidas mais duas amostras de

metacaulinita, uma tratada termicamente a 650oC e outra a 750oC, ambas por 3 h,

para confirmar se a atividade pozolânica havia realmente atingido seu ápice em

700oC, ou se esse ápice havia ocorrido entre 600 e 700oC, ou ainda entre 700 e

800oC, mas como pode ser observada nos resultados do ensaio, a atividade

pozolânica cresce depois de 600oC, atingindo um valor intermediário em 650oC e

revelando seu ápice em 700oC, onde começa a sofrer um decréscimo, passando

por 750oC, até atingir o valor mínimo ensaiado (900oC). Todo o desenvolvimento

62

da atividade pozolânica em relação à temperatura foi resumido no gráfico da

Figura 4.6.

717

720,9

731,9

742,9

679

652,5

353,2

734,5

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

800

490 600 650 700 750 800 900

Temperatura (ºC)

Ativ

idad

e Po

zolâ

nica

(mgC

aO/g

de

met

acau

linita

)3h

1h

Tendência 3h

Figura 4.6 – Gráfico da atividade pozolânica x temperatura

As amostras de metacaulinita calcinadas por 1h apresentaram

valores de atividade pozolânica muito próximos aos apresentados pelas amostras

calcinadas por 3h, como pode ser observado no gráfico acima.

Além do ensaio Chapelle, foi realizado outro ensaio específico para

determinação da atividade pozolânica, o da NBR 5753. Os resultados obtidos são

apresentados na Tabela 4.8 e são melhores entendidos sob a forma gráfica da

Figura 4.7, onde podemos observar, mesmo que qualitativamente, que o resultado

confirma o que foi expresso pelo ensaio Chapelle, pois segundo a norma NBR

5753, os pontos formados pelo par ordenado (alcalinidade total, teor de oxido de

cálcio), (milimol de OH-/l, milimol de CaO/l), localizados acima da isoterma de

solubilidade são considerados cimentos não pozolânicos, e o inverso, quando os

pontos estiverem localizados abaixo da isoterma. Pode ser observado, que todas

63

as amostras de cimento que receberam a adição de metacaulinita geraram pontos

situados abaixo da isoterma.

Os pontos representativos de cada amostra são considerados

indicadores de maior atividade pozolânica quanto mais afastados e abaixo

estiverem da isoterma de solubilidade.

Tabela 4.8 - Resultados do ensaio da NBR 5753

Consumo de HCl (ml)

milimol OH-/ litro

Consumo de KMnO4 (ml)

milimol CaO/ litro Material Tratamento

(ºC/h) 15% 50% 15% 50% 15% 50% 15% 50%

CP II E - 32 - 28,4 56,8 24,6 12,3 4901 15,2 4,8 30,4 9,6 9,1 6,7 4,55 3,35 4903 18,0 5,7 36,0 10,14 9,9 5,2 4,95 2,6 6001 16,0 5,5 32,0 11,0 8,0 6,0 5,5 3,0 6003 17,2 5,9 34,4 11,8 8,5 6,2 4,25 3,1 7001 12,2 5,6 24,4 11,2 7,4 4,8 3,7 2,4 7003 12,4 5,7 24,8 11,4 7,6 5,2 3,8 2,6 8001 13,9 6,4 27,8 12,8 6,2 3,5 3,1 1,75 8003 15,0 6,9 30,0 18,8 6,5 3,5 3,25 1,75 9001 23,2 10,7 46,4 21,4 5,1 10,8 2,55 5,4

Metacaulinita

9003 22,4 10,3 44,8 20,6 5,3 10,6 2,65 5,3

Os valores encontrados nas colunas de porcentagem (15 e 50%)

indicam os valores obtidos durante o ensaio para as amostras com as respectivas

porcentagens de substituição do cimento por metacaulinita, ou seja, amostras

contendo 15% em massa de metacaulinita e 85% de cimento Portland CP II E – 32

e amostras contendo 50% em massa de metacaulinita e 50% de cimento.

64

02468

101214161820

0 20 40 60 80 100 120

Isoterma4901490360016003700170038001800390019003CP II E - 32

Teor

de

CaO

da

solu

ção

com

o C

imen

to H

idra

tado

Ampliação

Alcalinidade total da solução em contato com o Cimento Hidratado (milimoles OH-/L)

Figura 4.7 – Gráfico do resultado do ensaio da NBR 5753 Figura 4.7 – Gráfico do resultado do ensaio da NBR 5753

b) Difração de raios-X b) Difração de raios-X

O objetivo deste ensaio foi a observação da transição de fases

cristalina-amorfa-cristalina que experimenta o material. O difratograma obtido é

exposto na Figura 4.8.

O objetivo deste ensaio foi a observação da transição de fases

cristalina-amorfa-cristalina que experimenta o material. O difratograma obtido é

exposto na Figura 4.8.

65

0 10 20500

0

500

1000

1500

2000

2500

30

q

qm

cc

m cr

c-caulinita, m-mulita, q-quartzo, cr-cristobalita

600

°C

1100

1000

900

800700

490

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

2 Teta (graus)

Figura 4.8 – Difratograma das metacaulinitas

Observando os difratogramas acima, percebe-se uma estreita

relação com os resultados das analises térmicas, pois o XRD indica o inicio da

fase amorfa em torno de 490ºC pelo desaparecimento dos picos, que são

indicativos de uma estrutura cristalina, característica da caulinita. Indica também o

fim da fase amorfa do material e inicio do processo de recristalização,

característico da formação de mulita, representado pelo posterior reaparecimento

dos picos em temperaturas acima de 900ºC.

c) Massa específica

As massas específicas expressadas pelas amostras de metacaulinita

são expostas na Tabela 4.9.

66

Tabela 4.9 – Massa Especifica das metacaulinitas

Amostra Massa Especifica

(g/cm3)

4901 2,58

4903 2,54

6001 2,51

6003 2,55

7001 2,57

7003 2,59

8001 2,61

8003 2,59

9001 2,65

Metacaulinita

9003 2,67

Depois de calcinado, o material apresentou um aumento na massa

específica em torno de 6,6%, fato observado na Tabela 4.9, provavelmente devido

à perda da água estrutural, o que tornou o material mais denso.

d) Superfície específica

A superfície específica determinada para as amostras de

metacaulinita por meio do ensaio BET (Tabela 4.10) revelou uma estreita relação

com a atividade pozolânica.

67

Tabela 4.10 – Resultados dos Ensaios BET

Superfície Especifica (m2/g) Amostra

Tratamento ( oC/h #325) 2 BET

CP II E 32 - 3,29

Caulinita In natura 35,0

4901 37,15

4903 39,13

6001 38,54

6003 38,33

6503 34,35

7001 36,23

7003 34,94

7503 34,17

8001 31,03

8003 27,25

9001 22,93

Metacaulinita

9003 21,17 2 O tratamento indica o processo pelo qual a amostra passou antes da realização do ensaio BET, o

valor indicado significa: os três primeiros algarismos, a temperatura de calcinação da caulinita, o

quarto algarismo, o tempo de permanência no patamar de temperatura.

Observando a área específica superficial obtida para cada amostra

de metacaulinita, percebemos que ela atinge um valor máximo para a temperatura

de 490ºC e sofre um pequeno decréscimo até 750ºC, a partir de onde ocorre uma

grande queda da área até a temperatura de 900ºC. Esse comportamento (Figura

4.9) pode ser explicado pela presença marcante das placas características da

metacaulinita no intervalo aproximado de 490ºC até 750ºC, responsáveis pelos

valores mais elevados da área especifica superficial. No intervalo de temperatura

de 750ºC até 900ºC, o processo de união das placas (sinterização) é responsável

pela queda dos valores das áreas. Esse fenômeno pode ser observado nos

resultados da microscopia eletrônica de varredura (MEV), no item seguinte.

68

BET

2022242628303234363840

450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950Temperatura de Tratamento (ºC)

Áre

a Su

perf

ície

Esp

cecí

fica

(m2/

g)

3h1h

Figura 4.9 – Resultado do ensaio BET em forma gráfica

e) Microscopia eletrônica de varredura

Nas fotos (Figura 4.10a á 4.10i) obtidas por meio do MEV, pode-se

acompanhar a evolução da morfologia a cada elevação de temperatura, onde

podemos observar o processo de união das placas que formam a estrutura

lamelar da caulinita, provocando o crescimento dos grãos (sinterização).

(b - 3003)

(a- 110ºC)

Figura 4.10a e 4.10b – Morfologia lamelar da caulinita à 110 (a) e 300ºC (b)

69

(d - 6003)

(c - 4903)

Figura 4.10c e 4.10d – (c) Inicio do processo de união das placas e (d) uniâo mais

acentuada

(e - 7003) (f - 8003)

Figura 4.10e e 4.10f – Visualização do processo de sinterização devido a união

mais intensa das placas

70

(g - 9003) (h - 10003)

Figura 4.10g e 4.10h – Visualizaçao mais evidenciada do crescimento dos grãos

(i - 11003)

Figura 4.10i – Processo de sinterização bem visivel

Figura 4.10 – Imagens obtidas pelo MEV. (a) Amostra seca à 100ºC, (b) Amostra

30032, (c) Amostra 4903, (d) Amostra 6003, (e) Amostra 7003, (f) Amostra 8003,

(g) Amostra 9003, (h) Amostra 10003 e (i) Amostra 11003. 2 3003 significa que o material foi calcinado a 300ºC por um tempo de 3 horas.

71

f) Capacidade de troca de cátions

Nesta etapa, foi determinada a CTC das amostras de metacaulinita,

objetivando estabelecer uma relação entre a atividade pozolânica com a

capacidade de troca de cátions.

Tabela 4.11 – Resultados dos ensaios de CTC

Amostra Tratamento

térmico CTC

(cmolc.Kg-1)

4901 4,81

4903 5,27

6001 5,17

6003 4,04

6503 5,81

7001 4,30

7003 3,84

7503 5,42

8001 4,78

8003 4,04

9001 4,27

Metacaulinita

9003 3,66

Devido a caulinita apresentar como característica uma baixa CTC,

em torno de 10cmolc.Kg-1 (Souza, 1989), a análise dos resultados na Tabela 4.11

torna-se mais clara com a ilustração gráfica (Figura 4.11) onde podemos observar

que a tendência dos valores é bem semelhante àquelas apresentadas pelos

ensaios de superfície específica (BET) e de atividade pozolânica (Chapelle e NBR

5753), permitindo estabelecer um padrão de comparação entre os ensaios.

72

3,5

4

4,5

5

5,5

6

450 550 650 750 850 950Temperatura de Tratamento (ºC)

CTC

(cm

olc.

Kg-

1)

3h1hTendência 1hTendência 3h

Figura 4.11 – Resultado do ensaio de CTC em forma gráfica

g) Acidez trocável

Uma relação bem interessante foi estabelecida entre a acidez

trocável e a pozolanicidade, de sorte que foi possível uma caracterização

qualitativa da metacaulinita, pois os valores da acidez trocável foram maiores para

as amostras que atingiram as maiores atividades pozolânicas. Os valores obtidos

(Tabela 4.12) foram apresentados também sob a forma gráfica na Figura 4.12

para melhor visualização, onde a tendência de ambos os ensaios, Chapelle e

Acidez trocável, pode ser visualizada com o auxílio das linhas de tendência

plotadas em ambos os gráficos, que indicam uma semelhança qualitativa entre

eles.

73

Tabela 4.12 – Resultados dos ensaios de acidez trocável

Amostra Tratamento

térmico H + Al

(cmolc /Kg)

Branco - 0

Caulinita - 1,32

4901 1,32

4903 1,48

6001 1,98

6003 1,98

7001 2,80

7003 2,80

8001 2,14

8003 1,65

9001 0,99

Metacaulinita

9003 0,82

1,48

1,98

2,8

1,65

0,82

1,32

1,98

2,8

2,14

0,99

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

490 600 700 800 900

Temperatura (ºC)

Adi

dez

Troc

avél

(cm

olc/

Kg)

3h

1h

Tendência 3h

Tendência 1h

Figura 4.12 – Gráfico Acidez Trocável

74

Capítulo 5 __________________________________________________________________

5. Considerações finais

5.1. Conclusões

Segundo os dados adquiridos com os ensaios, pode-se apresentar

as seguintes conclusões:

- Os melhores valores de atividade pozolânica para o material utilizado foram

obtidos entre as temperaturas de 490 e 700ºC (Figura 4.3), ocorrendo o ápice em

700ºC. Mas, devido à pequena diferença entre os valores de atividade pozolânica

obtidos a 490, 600, 650 e 700ºC, devido à pequena diferença do nível de

amorfização das amostras nestas temperaturas, não é justificável a produção da

metacaulinita, com a matéria-prima estudada, em temperaturas acima de 490ºC,

pois o ganho em desempenho do material provavelmente não compensa o maior

gasto energético.

Portanto, pode ser considerado como ideal a temperatura de 490ºC

para produção da metacaulinita com a matéria-prima utilizada;

- Os resultados obtidos em ambos os ensaios realizados para determinação da

atividade pozolânica foram concordantes, ou seja, apesar de serem dois ensaios

completamente distintos, devido à forma como são realizados e como quantificam

os resultados, os valores da atividade pozolânica fornecidos para cada amostra

ensaiada foram de forma qualitativa, similar, pois ambos os ensaios são de certa

forma baseados no consumo de CH. Assim uma amostra que apresenta uma

determinada atividade pozolânica pelo ensaio Chapelle, considerada alta, assim

também o será perante aos resultados do ensaio da NBR 5753.

75

- O ensaio de determinação da superfície especifica pelo método BET, um ensaio

preciso e indicado para materiais ultrafinos, como a metacaulinita, forneceu

resultados bastante interessantes. A característica de uma grande superfície

especifica ser um indicador de uma alta atividade pozolânica pode claramente ser

observada pelos resultados dos ensaios BET, apresentados pela pesquisa (Figura

4.1). A relação entre atividade química e superfície especifica reside no fato de

uma grande superfície específica proporcionar maior espaço para a ocorrência

das reações;

- As capacidades de troca de cátions verificadas para as amostras de

metacaulinita apresentaram aproximadamente a mesma tendência dos ensaios de

superfície específica (BET) e atividade pozolânica (Chapelle e NBR 5753), o que

permitiu estabelecer um padrão de comparação entre os ensaios. Apesar da CTC

do argilomineral caulinita ser relativamente baixa, mesmo estes pequenos valores

apresentaram uma tendência compatível com os valores dos outros ensaios, pois

uma maior CTC deve ser indicativo de uma maior atividade pozolânica.

- A acidez trocável apresentou altos valores de hidrogênio e alumínio (H + Al)

trocáveis para as amostras que apresentaram as maiores atividades pozolânicas e

o inverso para aquelas que apresentaram baixos valores, permitindo assim

considerarmos também este ensaio como um método qualitativo bem interessante

de determinação da atividade pozolânica. Devido ao fato de uma alta acidez

trocável representar uma alta atividade pozolânica.

Com a revisão bibliográfica realizada e com os dados obtidos pelos

vários ensaios efetuados, foi possível chegar a estas conclusões concernentes

aos objetivos da pesquisa. O que foi apresentado aqui não deve assumir uma

forma absoluta, por se tratar de conclusões obtidas perante uma pesquisa

desenvolvida com materiais e métodos específicos e direcionados aos objetivos

específicos e previamente definidos pela pesquisa.

76

5.2. Sugestões para futuros trabalhos

Além do efeito da metacaulinita sobre o conteúdo de Ca(OH)2,

muitos outros parâmetros devem ser analisados para melhor compreender o

comportamento de aditivo e de adição do material, e estabelecer sua viabilidade

de uso. Entre outros podemos citar os seguintes:

- o efeito conjunto das frações >2µm e < 2µm, para assim analisar o efeito fíler;

- a contribuição de cada fração na atividade pozolânica;

- o efeito da metacaulinita sobre a resistência de aderência no tempo;

- o efeito da metacaulinita sobre o tamanho dos poros das argamassas no tempo;

- o efeito da metacaulinita sobre a resistência mecânica dos PBC no tempo;

- a influência da metacaulinita na absorção de água;

- a influência da metacaulinita na tenacidade à fratura do concreto.

77

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