Avaliação das escolas: estratégia de responsabilização e de melhoria?

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O modo como se pensa na “escola” reflecte-se no modo como se pensa na sua avaliação. Enquanto unidade periférica do Sistema Educativo, funciona como uma “caixa negra” que regista as operações significativas de mudança do sistema no seu todo, para cuja equidade, eficácia e progresso há que prestar contas e responsabilizar. Mas a escola também pode ser entendida como um sistema em si mesmo, onde os actores locais e o modo como percepcionam o contexto, o seu trabalho e a qualidade educativa condicionam os níveis de desempenho e o progresso educativo e social. A estas duas concepções correspondem duas culturas de gestão e dois paradigmas de avaliação: num caso, a avaliação decorre da responsabilidade do Estado em assegurar e controlar a prestação do serviço educativo, através de uma cadeia burocrática de prestação de contas; no outro caso, a prestação de contas decorre de uma estratégia centrada no estudo da escola como um objecto de investigação: identifica níveis de realização dos objectivos de desenvolvimento, questiona e quer compreender o trabalho realizado, conhece quem ficou nas margens do sucesso e quer saber porquê. É um processo combinado de avaliação interna e externa, promotor de desenvolvimento profissional e institucional, que visa a melhoria consistente e progressiva das aprendizagens. A investigação indica que nem todas as melhorias de escola se referem às aprendizagens, nem são claras, rápidas e estáveis. educação e seus desaos: perspectivas actuais Avaliação das escolas: estratégia de responsabilização e de melhoria? Maria do Carmo Clímaco 25 de Fevereiro de 2010 18:30 - 20:00 Universidade de Lisboa Instituto de Educação Anfiteatro Professor Ferreira Marques Universidade de Lisboa Instituto de Educação O Ciclo de Conferências educação e seus desaos: perspectivas actuais é organizado pelo programa de Doutoramento em Educação - Avaliação em Educação Programa completo e informações em http://www.edu.desafios.ie.ul.pt Maria do Carmo Clímaco é doutorada em Política Social – Educação pela Escola de Gestão da Universidade de Cranfield, UK onde apresentou a tese sobre “Avaliação do Desempenho das Escolas, em 1995. Em 1985 obteve o grau de Mestre em Ensino das Línguas na School of Education da Universidade de Boston, EUA, onde apresentou como dissertação final um estudo sobre “A avaliação de Manuais Escolares”. Foi dirigente nos serviços centrais do Ministério da Educação, onde iniciou os primeiros estudos sobre indicadores do desempenho escolar e acompanhou diversos projectos de avaliação. Como Sub-inspectora Geral da Educação, foi responsável pela concepção e organização do “Programa de Avaliação Integrada das Escolas” e do “Programa de Aferição da Qualidade Educativa”. Desenvolveu larga actividade internacional, tendo sido presidente da “Associação Internacional das Inspecções de Educação” entre 2001 e 2004, e acompanhou diversos projectos de renovação da avaliação das escolas. Em 2006 integrou o Grupo de Trabalho responsável pelo actual modelo de Avaliação Externa das Escolas.

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O modo como se pensa na “escola” reflecte-se no modo como se pensa na sua avaliação. Enquanto unidade periférica do Sistema Educativo, funciona como uma “caixa negra” que regista as operações significativas de mudança do sistema no seu todo, para cuja equidade, eficácia e progresso há que prestar contas e responsabilizar. Mas a escola também pode ser entendida como um sistema em si mesmo, onde os actores locais e o modo como percepcionam o contexto, o seu trabalho e a qualidade educativa condicionam os níveis de desempenho e o progresso educativo e social.A estas duas concepções correspondem duas culturas de gestão e dois paradigmas de avaliação: num caso, a avaliação decorre da responsabilidade do Estado em assegurar e controlar a prestação do serviço educativo, através de uma cadeia burocrática de prestação de contas; no outro caso, a prestação de contas decorre de uma estratégia centrada no estudo da escola como um objecto de investigação: identifica níveis de realização dos objectivos de desenvolvimento, questiona e quer compreender o trabalho realizado, conhece quem ficou nas margens do sucesso e quer saber porquê. É um processo combinado de avaliação interna e externa, promotor de desenvolvimento profissional e institucional, que visa a melhoria consistente e progressiva das aprendizagens. A investigação indica que nem todas as melhorias de escola se referem às aprendizagens, nem são claras, rápidas e estáveis.

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Avaliação das escolas: estratégia de responsabilização e de melhoria?Maria do Carmo Clímaco

25 de Fevereiro de 201018:30 - 20:00

Universidade de LisboaInstituto de EducaçãoAnfiteatro Professor Ferreira Marques

Universidade de LisboaInstituto de Educação

O Ciclo de Conferências educação e seus desa!os: perspectivas actuais

é organizado pelo programa de Doutoramento em Educação - Avaliação em Educação

Programa completo e informações emhttp://www.edu.desafios.ie.ul.pt

Maria do Carmo Clímacoé doutorada em Política Social – Educação pela Escola de Gestão da Universidade de Cranfield, UK onde apresentou a tese sobre “Avaliação do Desempenho das Escolas, em 1995. Em 1985 obteve o grau de Mestre em Ensino das Línguas na School of Education da Universidade de Boston, EUA, onde apresentou como dissertação final um estudo sobre “A avaliação de Manuais Escolares”. Foi dirigente nos serviços centrais do Ministério da Educação, onde iniciou os primeiros estudos sobre indicadores do desempenho escolar e acompanhou diversos projectos de avaliação. Como Sub-inspectora Geral da Educação, foi responsável pela concepção e organização do “Programa de Avaliação Integrada das Escolas” e do “Programa de Aferição da Qualidade Educativa”. Desenvolveu larga actividade internacional, tendo sido presidente da “Associação Internacional das Inspecções de Educação” entre 2001 e 2004, e acompanhou diversos projectos de renovação da avaliação das escolas. Em 2006 integrou o Grupo de Trabalho responsável pelo actual modelo de Avaliação Externa das Escolas.