Avaliação de Interface em Aplicativo iPad: Volvo I-Finance

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AVALIAÇÃO DE INTERFACE EM APLICATIVO iPAD: VOLVO I-FINANCE Karla da Cruz Costa UX Specialist na Welab Design e Inovação, com especialização em Design de Interação pelo Instituto Faber-Ludens, cursando MBA em Administração pela FGV e graduada em Comunicação para Web. E-mail: [email protected] Belisa Furquin UX Designer na Welab Design e Inovação, graduada em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela PUC-PR. E-mail: [email protected] Marcelo Biacchi Owner na Welab Design e Inovação. E-mail: [email protected] RESUMO Um aplicativo para apoio de vendedores em concessionárias e feiras, recém-desenvolvido e em fase de lançamento, foi submetido à análise de interface, sendo validada sua facilidade de uso em fluxos de tarefas, além de funcionalidades necessárias para o bom uso, desempenho do sistema como ferramenta de persuasão e estética adequada à marca. Palavras-chave: Avaliação de interface, design de serviços, métodos e técnicas, mobile. 1 INTRODUÇÃO O objetivo é compreender o processo de avaliação de interface dentro dos aspectos visuais, de produto, de interação e de serviço como um todo, da usabilidade até o desempenho da aplicação e seu impacto nas interações das pessoas. Falaremos sobre a avaliação de interface feita em um aplicativo iPad como caso prático de mercado. Dentro do processo de avaliação de interface, vamos abordar alguns pontos considerados de maior importância para o entendimento do projeto: as expectativas; a perspectiva adotada para escolha de métodos e técnicas de trabalho; as características do projeto que impactaram no processo de decisão; a aplicação da técnica de avaliação de interface; as descobertas; o modelo teórico de processo e a abordagem. XII Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais 8 a 11 de outubro de 2013 em Manaus - AM

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Um aplicativo para apoio de vendedores em concessionárias e feiras, recém-desenvolvido e em fase de lançamento, foi submetido à análise de interface e de serviço, sendo validada sua facilidade de uso em fluxos de tarefas, além de funcionalidades necessárias para o bom uso, desempenho do sistema como ferramenta de persuasão e estética adequada à marca.

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AVALIAÇÃO DE INTERFACE EM APLICATIVO iPAD: VOLVO I-FINANCE

Karla da Cruz Costa

UX Specialist na Welab Design e Inovação, com especialização em Design de Interação pelo Instituto Faber-Ludens, cursando MBA em Administração pela FGV e graduada em Comunicação para Web. E-mail: [email protected]

Belisa Furquin

UX Designer na Welab Design e Inovação, graduada em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela PUC-PR. E-mail: [email protected]

Marcelo Biacchi

Owner na Welab Design e Inovação. E-mail: [email protected]

RESUMO

Um aplicativo para apoio de vendedores em concessionárias e feiras, recém-desenvolvido e em fase de lançamento, foi submetido à análise de interface, sendo validada sua facilidade de uso em fluxos de tarefas, além de funcionalidades necessárias para o bom uso, desempenho do sistema como ferramenta de persuasão e estética adequada à marca.

Palavras-chave: Avaliação de interface, design de serviços, métodos e técnicas, mobile.

1 INTRODUÇÃO

O objetivo é compreender o processo de avaliação de interface dentro dos aspectos

visuais, de produto, de interação e de serviço como um todo, da usabilidade até o desempenho

da aplicação e seu impacto nas interações das pessoas. Falaremos sobre a avaliação de

interface feita em um aplicativo iPad como caso prático de mercado.

Dentro do processo de avaliação de interface, vamos abordar alguns pontos

considerados de maior importância para o entendimento do projeto: as expectativas; a

perspectiva adotada para escolha de métodos e técnicas de trabalho; as características do

projeto que impactaram no processo de decisão; a aplicação da técnica de avaliação de

interface; as descobertas; o modelo teórico de processo e a abordagem.

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A aplicação avaliada é um simulador de financiamentos, para a marca Volvo - um

grande fabricante de veículos comerciais no mundo. Chamado de I-Finance, esse sistema

mobile para tablet iPad permite que o vendedor faça diferentes simulações para os seus

clientes. Usado apenas no dispositivo do colaborador, não há possibilidade de acesso direto

pelo público final. O principal uso é para atendimento a clientes e interessados, em feiras ou

concessionárias, para simulações de crédito.

2 MÉTODOS E ABORDAGENS DE IHC

Após o desenvolvimento da aplicação para iPad, a contratante Volvo buscou o aval de

especialistas em avaliação de interface por meio da consultoria Welab Design e Inovação,

para o lançamento do serviço ao público, com a expectativa de que isso impactasse em

pequenas modificações para melhoria do produto.

Considerando o momento do projeto, após o planejamento e o desenvolvimento, a

consultoria serviu para dar continuidade ao produto, na etapa de validação. O que, após

avaliado, teria suas recomendações implementadas dentro do ciclo de evolução do produto.

Segundo o processo de qualidade de SHEWART (1939 apud DUBBERLY, 2009) esta etapa

pode ser chamada de “Check”.

Figura 1 - Processo

Fonte: SHEWART (1939 apud DUBBERLY, 2009)

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Na definição de métodos e técnicas a serem utilizados nesta etapa do processo, alguns

pontos precisaram ser levados em conta; foram eles: adequação ao escopo, prazo e

investimento.

Para a adequação ao escopo de avaliação de interface, selecionamos previamente: o

teste de usabilidade; a entrevista contextual em profundidade; avaliação heurística de

especialista.

Teste de usabilidade Entrevista contextual em profundidade

Avaliação de especialista (heurística)

Alto investimento com recrutamento, laboratório,

equipamento e especialistas

Médio investimento com recrutamento e especialistas

Baixo investimento com especialistas

Tempo médio por causa do recrutamento, preparação e

aplicação

Tempo médio por causa do recrutamento, preparação e

aplicação

Tempo baixo de aplicação

Precisaria ser complementado com análise de especialista

Precisaria ser complementado com análise de especialista

Possui validação sozinho

O sistema tem validação do usuário e existe contato para

conhecer o público e seus interesses

O sistema não tem validação do usuário, mas existe contato para conhecer o público e seus

interesses

O sistema não tem validação do usuário e não existe contato para conhecer o público e seus interesses

A avaliação de especialista, pelo investimento de baixo custo, pelo seu apropriado

prazo de aplicação, sua validade quanto ao escopo e necessidades do projeto, pôde ser

utilizada, enquanto as demais técnicas foram descartadas. Dentro das opções de avaliação de

especialista usadas no mercado, como heurísticas de NIELSEN (1995) ou critérios

ergonômicos de BASTIEN e SCAPIN (1993), nenhuma das encontradas cumpriram com as

características do projeto, pois não se tratava de uma aplicação complexa, se tratava de uma

aplicação com poucas telas, um contexto com muitas possibilidades de serviço e

oportunidades de crescimento para o negócio.

Com isso, criamos nossos próprios critérios, que se abriram para a avaliação não ser

apenas sobre a aplicação, mas sobre o sistema macro, onde a aplicação era apenas mais um

ponto de contato. Usamos como base a divisão de Buchanan (1992) sobre a ordem do design

nos aspectos: simbólico; produto; ação; sistema. Com isso, criamos os seguintes critérios:

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Aspecto Critério

Simbólico1 Se transmite valores estéticos da marca

Simbólico 2 Se segue linha guia de interface do dispositivo iPad

Produto 3 Se possui funcionalidades necessárias para o desenvolvimento

de atividadesProduto 4 Se possui boa usabilidade

Ação5 Se existe motivação para a inserção do produto no ambiente

Ação 6 Se (e como) o sistema impacta em tarefas realizadas anteriormente pelas pessoas

Sistema7 Se é integrado com outros sistemas

Sistema 8 Se existem novas oportunidades de serviço a serem exploradas

3 DESCOBERTAS

“Tudo começa com compreender o ambiente em que a máquina e o usuário estarão inseridos, e como ambos se comportam nesse ambiente". NORMAN (2010)

Além da avaliação de usabilidade, muitas oportunidades foram encontradas no aspecto

mais amplo do serviço e contribuiram com o negócio. Dentro dos critérios criados, apontamos

neste artigo um exemplo de cada elemento, de forma que seja o suficiente para a compreensão

dos aspectos interacionais e da contribuição que o design, ainda como avaliação de interface,

tem para o sucesso de serviços.

Avaliação de interface:

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Critério Situação Consequência Recomendação1 Tela de abertura pouco

atraente (ver figura 2).Ao iniciar uma simulação, a primeira tela comum de acesso, visualizada tanto

pelo vendedor quanto pelo cliente, não é login, e sim o CPF/CNPJ. Esta tela é

pouco atraente e não apresenta esteticamente o Volvo Financial Services.

Inserir elementos visuais que representem o Volvo

Financial Services na primeira tela da

simulação.

2 Ícone de limpeza de dados fora do padrão iOS

(ver figura 2).

Pode vir a confundir o usuário.

Adequar ao ícone padrão do sistema iOS.

3 Todas as funcionalidades são suficientes para o uso básico da aplicação.Todas as funcionalidades são suficientes para o uso básico da aplicação.Todas as funcionalidades são suficientes para o uso básico da aplicação.4 Confusão na pergunta

“Não possui veículo financiado?” (ver figura

2).

Uma vez que a resposta é sim/não, pode haver confusão ao ter que

afirmar uma pergunta negativa.

Alterar a pergunta para “possui veículo

financiado”.

5 É uma aplicação funcional e estética, facilita a conversa com clientes, estes podem ser considerados fatores motivacionais.

É uma aplicação funcional e estética, facilita a conversa com clientes, estes podem ser considerados fatores motivacionais.

É uma aplicação funcional e estética, facilita a conversa com clientes, estes podem ser considerados fatores motivacionais.

6 O impacto pode ser considerado positivo.O impacto pode ser considerado positivo.O impacto pode ser considerado positivo.7 Não existe integração

com CRM.Perde oportunidade de

fidelização e relacionamento.

Trazer dados de outras simulações e de compras

anteriores no mesmo cadastro para

ferramentar, ainda mais, o vendedor.

8 Não explora relacionamento com o

potencial cliente.

Perde oportunidade direta de venda.

Iniciar uma relação com o cliente, guardando e gerenciando dados dos prospects para ações de relacionamento de pré-

venda.

Telas da aplicação iPad usadas para a avaliação:

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Figura 2 - Telas

Fonte: <https://itunes.apple.com/br/app/volvo-i-finance/id625397957?mt=8>

Nesse trabalho identificamos a relação do produto como aplicação de natureza

interpessoal. O ponto alto do uso da aplicação acontece na interação entre o vendedor e seu

cliente, sendo o dispositivo tanto uma ferramenta de apoio periférica quanto uma ferramenta

de negócio, que contribui para a estratégia da empresa. Com isso, destaca-se a importância da

abordagem de sistema, de forma integrada - envolvendo interação, produto e aspecto visual -

em avaliações na perspectiva do design.

4 REFERÊNCIAS

BASTIEN, Christian e SCAPIN, Dominique. Ergonomic Criteria for the Evaluation of Human Computer Interfaces. 1993. INRIA.

BUCHANAN, R. Wicked Problems in Design Thinking. Design Issues, London: Butterworth Heinemann, Vol.8, No.2, 1992

DUBBERLY, H. How do you design? A Compendium of Models. 2009. Dubberly Design Office, San Francisco, CA, USA.

NIELSEN, Jacob. Ten Usability Heuristics. 1995. Disponível em: <http://www.nngroup.com/articles/ten-usability-heuristics/> Data de acesso: 25 de junho de 2013.

NORMAN, Donald. O Design do Futuro. 2010. Tradução de Talita Rodrigues. Rio de Janeiro, RJ. Rocco.

VOLVO I-Finance. Disponível em: <https://itunes.apple.com/br/app/volvo-i-finance/id625397957?mt=8>. Data de acesso: 25 de junho de 2013.

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