AVALIAÇÃO DO EFEITO DE ENXAGUATÓRIOS BUCAIS...

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Odontologia CAROLINE RELA SAVIO ROBERTA MATTIUZZO AVALIAÇÃO DO EFEITO DE ENXAGUATÓRIOS BUCAIS CONTENDO OU NÃO FLUORETO EM PACIENTES COM ALTO RISCO À CÁRIE BRAGANÇA PAULISTA 2013

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Odontologia

CAROLINE RELA SAVIO ROBERTA MATTIUZZO

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE ENXAGUATÓRIOS BUCAIS CONTENDO OU NÃO FLUORETO EM PACIENTES COM

ALTO RISCO À CÁRIE

BRAGANÇA PAULISTA 2013

CAROLINE RELA SAVIO- 001200902529 ROBERTA MATTIUZZO- 001200901178

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE ENXAGUATÓRIOS BUCAIS CONTENDO OU NÃO FLUORETO EM PACIENTES COM

ALTO RISCO À CÁRIE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Odontologia da Universidade São Francisco. Orientadora Temática: Prof.ª. Dr.ª. Cristiane Franco Pinto Casamassa Co-orientador: Prof. Dr. Leonardo Caldas Vieira Orientadora Metodológica: Prof.ª. M.ª. Valdinéia Maria Tognett

Bragança Paulista 2013

Dedicamos este trabalho a Deus, pela saúde, fé e

perseverança que tem nos dado. E as nossas

famílias pelo amor incondicional e apoio durante

toda nossa trajetória de vida.

AGRADECIMENTOS A Deus, que iluminou nosso caminho durante esta árdua, enriquecedora e divertida

caminhada. Dando-nos forças para acreditar no nosso potencial e superar todos os

obstáculos.

Aos nossos pais Clélia, Silvio, Vânia e Dirceu, agradecemos grandiosamente por

todos os valores que nos transmitiram, e sem dúvida, são os grandes responsáveis pela

nossa formação pessoal e profissional. Exemplos de vida, honra e dignidade.

Aos nossos irmãos Murilo e Giorgia, fonte de apoio e força em todas as horas.

Agradecemos pelo carinho e por estarmos sempre juntos nos momentos mais importantes.

Aos nossos cunhados Jessica e Ronaldo, pelo auxílio, amizade e momentos de

descontração.

Ao Marcelo, por toda ajuda, apoio e paciência que nos deu principalmente em

Piracicaba, onde nos ajudou na obtenção dos resultados da pesquisa. Obrigada por

aguentar todas as nossas crises, choros, revoltas enfim, todo o estresse que passamos. Nós

sabemos que isso é somente para os fortes.

Aos amigos, em especial, os que ganhamos de presente durante o Curso de

Odontologia. Principalmente a Jessica, uma amizade que se construiu para além dos

espaços da Universidade, sempre juntas durante toda a caminhada, companheiras de

viagens, estudos, clínicas, conversas, fofocas, trabalhos, festas, enfim, presentes na alegria

e na tristeza. A Letícia por todo companheirismo, conselhos e estudos.

. A nossa orientadora e amiga, Prof.ª. Dr.ª. Cristiane Franco Pinto Casamassa pela

dedicação, empenho, apoio, paciência, incentivo, competência, auxílio, disponibilidade de

tempo e material, conduzindo-nos durante o processo de elaboração do trabalho acadêmico.

Por todas as experiências trocadas e conselhos para vida pessoal. Sua orientação foi

fundamental para o amadurecimento dos nossos conhecimentos e conceitos, culminando

com a conclusão deste trabalho.

A todos os professores do Curso de Odontologia da USF que foram tão

importantes na nossa vida acadêmica e no desenvolvimento deste trabalho de conclusão de

curso. Principalmente a professora Silvia por todo seu carinho e dedicação, exemplo de

pessoa e profissional. Ao professor Leonardo por todo apoio ao nosso projeto. Ao professor

Luis Fernando que nos auxiliou e tranquilizou para a finalização deste trabalho, sem falar

do excelente professor e profissional. Ao Prof. Murilo que se "comoveu" com nosso

desespero e nos deu uma luz na análise dos dados. "Procê" nosso muito obrigado!

Ao nosso Coordenador do Curso de Odontologia Professor Miguel, por toda

atenção, sempre aberto para nos escutar e fazendo tudo a seu alcance para que nosso

trabalho ficasse o mais impecável possível.

A nossa orientadora metodológica Prof.ª. M.ª. Valdinéia sempre nos orientando,

corrigindo e tirando nossas dúvidas com o maior carinho e competência desde o início do

projeto.

Aos nossos Voluntários e amigos Sara, Luís Augusto, Douglas, Renata e Auana

por ter nos ajudado contribuindo para a realização da pesquisa.

Aos funcionários da USF, sempre disponíveis nos auxiliando diariamente

principalmente nas clínicas.

A UNICAMP que cedeu espaço para realizarmos a análise de microduzera das

amostras e nos recebeu tão bem. Ao Dr. Marcelo Giannini e Lourenço, quais

proporcionaram este contato e não mediram esforços para que conseguíssemos utilizar os

equipamentos desta universidade.

Agrademos também ao apoio PROBAIC, que graças ao seu auxílio permitiu que o

projeto fosse realizado.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho,

além daqueles que de alguma forma, passaram pelas nossas vidas e contribuíram para a

construção de quem somos hoje.

“A persistência é o menor caminho do êxito”

Charles Chaplin

RESUMO

Atualmente, sabe-se que a ação do fluoreto é local interferindo com o processo de cárie. Se o fluoreto está presente no fluído do biofilme e o pH é menor que 4,5, ocorre a saída de certos íons de cálcio e fosfato do esmalte, enquanto acontece a incorporação de íons fluoreto. Portanto, a exposição do esmalte dental à materiais fluoretados resulta numa diminuição da dissolução do esmalte em desafios cariogênicos, mesmo com certa quantidade de cálcio e fosfato da hidroxiapatita perdidos. Assim essa pesquisa, avaliou o comportamento de enxaguatórios bucais contendo ou não fluoreto no esmalte dental frente a desafios cariogênicos in situ simulando cárie em pacientes jovens. Para o estudo foram utilizados dentes humanos obtendo-se fragmentos de esmalte dental. Cinco voluntários utilizaram dispositivos palatinos contendo 4 amostras de esmalte dental. O desafio cariogênico consistiu de 2 etapas durante 14 dias com intervalo de 3 dias entre as fases. Os voluntários utilizaram solução de sacarose a 20%, 8X/dia e dentifrício fluoretado 3X/dia. Os enxaguatórios foram utilizados pelos voluntários 1X/dia antes de dormir. As amostras foram analisadas através de Microdureza Knoop após terem sido submetidas ao desafio cariogênico simulado pela sacarose e expostas ao placebo e ao fluoreto. Os resultados demonstraram não haver diferença estatística significante.

Palavras-chave: Fluoreto de sódio. Cárie dentária. Esmalte Dentário. Placa dentária. Desmineralização.

ABSTRACT

Currently, it is known that the action of fluoride is local interfering with the process of decay. If the fluoride is present in the fluid of the biofilm and the pH is less than 4.5, there is the exit of certain ions of calcium and phosphate from enamel, as it happens incorporation of fluoride ions. Therefore, exposure of enamel to fluorinated materials results in a decrease of the dissolution of enamel cariogenic challenge, even with a certain amount of calcium phosphate and hydroxyapatite lost. So this study, we evaluated the behavior of mouthwashes containing or not fluoride on tooth enamel against cariogenic challenge in situ simulating caries in young patients. To study human teeth were used to yield fragments of tooth enamel. Five volunteers wore palatal appliances containing 4 samples of tooth enamel. The cariogenic challenge consisted of two steps for 14 days with an interval of 3 days between phases. The volunteers used solution of 20% sucrose, and fluoridated toothpaste 8X/dia 3x/day. The rinses were used by volunteers 1x/day at bedtime. The samples were analyzed by Knoop microhardness after being subjected to the simulated cariogenic challenge by sucrose and exposed to placebo and fluoride. The results showed no statistically significant difference. Keyword: Sodium Fluoride. Caries. Dentário.Placa tooth enamel. Demineralization.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA - 1 Diagrama de Keys ............................................................................................ 19

FIGURA 2- Dinâmico processo de perda e ganha de minerais do esmalte dental. ............. 21

FIGURA 3- Fatores etiológicos, determinantes e confundidores da lesão de cárie. ............. 22

FIGURA 4 - Corte das amostras com disco de diamante. .................................................... 33

FIGURA 5 - Amostras planificadas. ..................................................................................... 33

FIGURA 6 - Dispositivo palatino confeccionado a partir do molde do arco dentário do

voluntário. ............................................................................................................................ 35

FIGURA 7 - Estojo entregue aos voluntários contendo, escova de dente, dentifrício

fluoretado, enxaguatório, frasco de sacarose e recipiente com algodão umedecido. ........... 37

FIGURA 8 - Solução de sacarose a 20%. ............................................................................ 38

FIGURA 9 - Enxaguatórios bucais: com fluoreto e placebo ................................................. 38

FIGURA 10A - Amostra em recipiente de resina. ................................................................ 39

FIGURA 10B - Politriz Arotec APL4. .................................................................................... 39

FIGURA 10C - Esquema da determinação da microdureza interna no esmalte dental ........ 40

FIGURA 10D – Microduromêtro. .......................................................................................... 40

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Mostra a relação entre microdureza e profundidades quanto aos

experimentos. ...................................................................................................................... 42

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Composições dos enxaguatórios bucais utilizados no experimento ................. 34

TABELA 2 - Valores de microdureza nos experimentos em relação à profundidade. .......... 42

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AF- Apatita fluoratada

Al2O3- óxido de alumínio

CaF2- Fluoreto de cálcio

CPOD- Dentes cariados, perdidos e obturados

DD- destilada

Des-re- Desmineralização e remineralização

DF- Distrito Federal

HA- Hidroxiapatita

HF- Ácido fluorídrico

MFP- Monofluorfosfato de sódio

mgF/kg- Miligrama flúor por quilo

ml- Mililitro

mm- Milímetro

NaF- Fluoreto de sódio

PAE- Película Adquirida do Esmalte

pH- Potencial de hidrogénio

ppm- Parte por milhão

ppmF- Parte por milhão de flúor

PROBAIC – Programa de bolsa de iniciação a pesquisa científica

SNC- Sistema Nervoso Central

TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNICAMP- Universidade Estadual de Campinas

USF- Universidade São Francisco

LISTA DE SÍMBOLOS

X/dia – Vezes ao dia.

% - Porcentagem.

°C - Grau Celsius.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 16

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................. 17

1.1.CÁRIE DENTAL............................................................................................................... 17

1.1.1 Película adquirida......................................................................................................... 17

1.1.2 Formação do biofilme................................................................................................... 17

1.1.3 Cárie dental.................................................................................................................. 19

1.1.4 Diagnóstico da lesão de cárie....................................................................................... 22

1.1.5 Imagem radiográfica..................................................................................................... 23

1.2 FLUORETOS................................................................................................................... 23

1.2.1 Composição química do esmalte-dentina suas implicações clínicas........................... 23

1.2.2 Mecanismo de Ação do Fluoreto.................................................................................. 24

1.2.3 Seleção de uso do fluoreto........................................................................................... 26

1.2.4 Flúor sistêmico.............................................................................................................. 27

1.2.5 Flúor Tópico.................................................................................................................. 28

1.2.6 Toxicidade.................................................................................................................... 30

2. METODOLOGIA DA PESQUISA...................................................................................... 32

2.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL................................................................................ 32

2.2 OBTENÇÃO E SECÇÃO DAS AMOSTRAS................................................................... 32

2.3 ENXAGUATÓRIOS BUCAIS........................................................................................... 33

2.4 FASE CLÍNICA................................................................................................................ 34

2.5 RISCOS........................................................................................................................... 35

2.6 BENEFÍCIOS................................................................................................................... 35

2.7 FASE EXPERIMENTAL................................................................................................... 37

2.8 DETERMINAÇÃO DE MICRODUREZA KNOOP............................................................ 38

2.9 METOLOGIA DE ANÁLISE DE DADOS......................................................................... 40

2.10 DESFECHO PRIMÁRIO................................................................................................ 41

3. RESULTADOS ................................................................................................................. 41

DISCUSSÃO......................................................................................................................... 43

CONCLUSÃO........................................................................................................................ 46

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 47

ANEXOS................................................................................................................................ 50

ANEXO 1 .............................................................................................................................. 50

ANEXO 2 .............................................................................................................................. 51

ANEXO 3 .............................................................................................................................. 53

16

INTRODUÇÃO

A cárie dental é uma doença multifatorial, na qual as bactérias precisam se acumular

sobre a superfície dental e ser frequentemente exposta a uma dieta cariogênica

(THYLSTRUP; FEJERSKOV, 1995)

A desmineralização ou remineralização do esmalte é um processo físico-químico,

que ocorre quando bactérias orais formam um biofilme na superfície do esmalte e este é

exposto a carboidratos fermentáveis diariamente, sendo a sacarose o mais cariogênico. O

açúcar penetra no biofilme e é convertido em ácidos pelo metabolismo bacteriano, a saliva

fica subsaturada em relação ao esmalte e ocorre a desmineralização (CURY; TENUTA,

2009). Atualmente, sabe-se que, a ação do fluoreto é local interferindo com o processo de

cárie (CURY; TENUTA, 2008).

Se o fluoreto está presente no fluído do biofilme e o pH é menor que 4,5, ocorre a

saída de certos íons do esmalte, enquanto acontece a incorporação de íons fluoreto. Isso

resulta numa diminuição da dissolução do esmalte em desafios cariogênicos, mesmo com

certa quantidade de cálcio e fosfato da hidroxiapatita perdidos (CURY; TENUTA, 2009).

Estudos mostram que os enxaguatórios a base de fluoreto são capazes de proteger

o substrato dental contra a erosão de uma dieta ácida e acelerar o reparo das lesões

incipientes (GRACIA et al., 2010). Observa-se que enxaguatórios com fluoreto e estanho

são capazes de promover uma diminuição na desmineralização dental (GANS et al., 2010;

PANA et al., 2010). Venasakulchaia et al., (2010) mostraram que a profundidade da lesão

de cárie é inversamente proporcional à concentração de fluoreto nos enxaguatórios bucais.

Este projeto de pesquisa avaliou os efeitos do uso de enxaguatórios bucais contendo

ou não fluoreto em condições orais com alto risco à cárie dental após desafio cariogênico in

situ simulado em pacientes jovens. Através do uso de materiais fluoretados espera-se

interferir no processo carioso, no qual as amostras foram expostas simulando o que ocorre

na cavidade bucal.

17

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 CÁRIE DENTAL

1.1.1 Película adquirida

A película adquirida do esmalte (PAE) é formada por meio da absorção seletiva de

macromoléculas presentes na saliva da superfície dental (NUNES et al., 2007). Esta película

age como uma superfície condicionante a qual é constituída por uma camada

lipomucoproteica acelular delgada que se forma no esmalte devido as glicoproteínas

salivares (SILVA, 2010). É resistente a hidrólise, aos ácidos, álcalis e enzimas proteolíticas

quando em pH favorável, estável a temperatura bucal e relativamente insolúvel. Removida

ou desorganizada, sua reconstituição é rápida e sua maturidade é atingida em 2 semanas.

Quando recém formada essa película é isenta de microorganismos, já a película madura

possui a presença do ácido murâmico, na qual é constituinte da parede celular bacteriana

(SILVA, 2010).

Existem diversos microorganismos que são mediadores da adesão à placa dentária

devido a síntese de polissacarídeos na superfície dentária, acelerando a desmineralização

do esmalte. Citando: Streptococcus gordonii; Actinomyces viscosus e Streptococcus mutans

(SILVA, 2010). Desta forma a PAE é diferente do biofilme devido ao fato de ser livre de

bactérias, porém atua de base para posterior adesão de microorganismos que podem vir a

desenvolver o biofilme dental (HANNIG; JOINER, 2006).

1.1.2 Formação do biofilme

Em certas condições, os microorganismos se aderem e interagem com as superfícies

dentais iniciando crescimento celular. Essa multiplicação dá origem as colônias e quando a

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massa celular é suficiente para agregar nutrientes, resíduos e outros microorganismos,

formará o biofilme. São complexos os ecossistemas microbiológicos embebidos em uma

matriz de polímeros orgânicos aderidos a essa superfície. Os biofilmes contêm partículas de

proteínas, lipídios, fosfolipídeos, carboidratos, sais minerais e vitaminas, entre outros que

formam uma espécie de crosta, debaixo da qual, os microorganismos continuam a crescer,

formando um cultivo puro ou uma associação com outros microorganismos. No biofilme, os

microorganismos estão mais resistentes à ação de agentes químicos e físicos, como

aqueles usados no procedimento de higienização. A matriz de polímeros extracelulares

(EPS) de natureza polissacarídea ou proteica, também conhecida como glicolix, expõe-se

exteriormente à membrana externa das células Gram negativas e ao peptídeoglicano das

Gram positivas. Essa matriz é sintetizada por polimerases, constituindo-se em uma estrutura

complexa bem hidratada (MACÊDO, 2000).

Atualmente, as placas bacterianas são denominadas de biofilme, que são estruturas

que se formam naturalmente na superfície dos dentes e em estado de equilíbrio dinâmico

com o organismo e representam a integridade dos tecidos dentários. A hipótese ecológica

da placa se baseia no fato que uma mudança ambiental chave pode desencadear dentro do

biofilme uma sucessão e dominância de grupos bacterianos, que como produto final de seu

metabolismo, acarretam danos às superfícies dentais e/ou periodontais. Por exemplo, no

caso da doença cárie, a exposição do biofilme a frequentes contatos com sacarose, rompe a

homeostasia do biofilme, ocasionando a queda do pH, dessa forma, os grupos bacterianos

mais ácido-sensíveis como os Estreptococos do grupo Oralis (S. saguis, S.mitis e S.oralis),

não resistem ao meio. Esse fato promove o favorecimento, pela seleção ambiental, de

grupos acidúricos e acidogênicos, como no caso os Estreptococos do grupo mutans e

lactobacilos casei e também de outras bactérias cariogênicas que garantem sua

sobrevivência em meio ácido, pela habilidade em manter seu pH intercelular em

homeostasia, fenômeno denominado “tolerância a resposta ácida” (KRIGER, 2003).

Fica lícito que é possível controlar o desenvolvimento de lesões cariosas (ou

periodontais), não apenas pela inibição da fração microbiana dominante, mas também,

através do controle dos eventos ecológicos que norteiam a transformação do biofilme

ecológicamente estável (sem potencial cariogênico) em um biofilme capaz, como forma final

de seu metabolismo, acarretar desmineralização subsequentes na superfície do esmalte

dental (KRIGER, 2003).

19

1.1.3 Cárie dental

A cárie é uma lesão infecto- contagiosa cujo resultado é a perda de minerais dos

dentes acometidos. Esta perda mineral ocorre devido a ácidos orgânicos oriundos da

fermentação microbiana dos carboidratos presentes na dieta. Esta doença é multifatorial e

geralmente crônica (BARATIERI et al., 1996). O processo da doença é dependente de 3

principais grupos de fatores que envolvem os microorganismos, os substratos e o

hospedeiro como ilustrado pelo diagrama de Keys (FIGURA 1). Esses fatores devem

interagir para que ocorra a formação da doença. A mediação bacteriana ocorre por meio da

produção de ácidos orgânicos de microorganismos orais, os quais utilizam como substrato,

carboidratos disponíveis localmente. A dieta do hospedeiro fornece a principal fonte de tais

substratos, de tal forma que a dieta pode ser vista como um fator primário na determinação

da suscetibilidade para a doença cárie (MENAKER,1984). Porém, não podemos deixar de

lembrar que há os fatores secundários e terciários que possuem grande relevância nesse

processo. Desta forma podemos citar como fatores secundários: os aspectos salivares e a

disponibilidade de flúor no meio bucal (KRIGER, 2003). Por fim, temos os fatores terciários

que são: sexo, idade, nível socioeconômico e condições de saúde geral. Assim os fatores

primários são influenciados pelos demais fatores, denominados fatores moduladores, entre

eles podemos citar o papel dos carboidratos da dieta e o produto final da atividade

bacteriana (KRIGER, 2003).

Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci arttext&pid=S1415-54192007000600012

FIGURA - 1 Diagrama de Keys

.

20

A lesão cariosa inicia-se com uma dissolução localizada das estruturas inorgânicas

de uma dada superfície do dente por ácidos de origem bacteriana, a qual acarreta numa

desintegração da matriz orgânica. Uma de suas características é ser uma doença

progressiva, que se não tratada em seu início, haverá progressão da lesão em direção a

polpa, o que poderá gerar dor e inflamação pulpar resultando em necrose e perda da

vitalidade do dente (MENAKER, 1984).

O padrão da cárie dental é diferente de dente para dente e de superfície para

superfície, influenciando o tipo de tratamento que será eleito, sendo 3 sítios mais

susceptíveis a esta doença: a cervical do contato proximal; na face oclusal de dentes em

erupção e ao longo da margem cervical (CONCEIÇÃO et al., 2007).

A tríade de Keys é mundialmente aceita, porém todas as estratégias utilizadas com o

objetivo do controle destes fatores, conseguiram apenas diminuir a incidência da cárie, sem

no entanto erradicá-la. Assim, chegamos à conclusão que não conseguimos interpretar os

achados científicos corretamente ou ainda não se estabeleceu um conceito definitivo sobre

a doença. Logo a interação desses 3 fatores (dente susceptível, microorganismos e dieta ) é

inevitável, sendo determinante para a formação da placa bacteriana, mas não da doença

cárie. Para que a placa bacteriana realize seu potencial cariogênico, por meio do

metabolismo microbiano, terá que utilizar carboidratos fermentáveis com uma determinada

frequência, produzindo ácido por um período de tempo capaz de causar uma lesão de cárie.

Desta forma, para que a cárie ocorra é fundamental a presença de placa, contudo como

fator etiológico específico e não determinante (LIMA, 2007).

A doença cárie não é um evento único, mas sim um acúmulo de eventos, que se

propaga por um período de tempo . Assim Lima (2007) afirma que a cárie é um dinâmico

processo de perda e ganha de minerais do esmalte dental, conhecido como

desmineralização e remineralização (des-re), na superfície dentária por meio da atuação de

microorganismo. Podendo com o passar do tempo resultar em perda mineral e

possivelmente, mas não é via de regra, a cavitação (FIGURA 2).

Sendo assim, o tempo para a formação de uma lesão cariosa não é determinável,

esta dependerá da frequência da dieta e do controle da placa, ou seja, do desafio

cariogênico. Sempre devemos levar em consideração os fatores salivares, imunológicos,

sócio-econômicos, culturais, comportamentais, contagem de micro-organismos e fluorterapia

(LIMA, 2007). Desta forma a placa dental será considera como o único fator etiológico

porém não suficiente, contando com fatores determinantes como saliva as bactérias, o flúor,

os açúcares, a dieta e as espécies bacterianas e por fim os fatores confundidores que são

os sociais (SOUSA; GIL, 2001) (FIGURA 3).

21

O padrão de prevenção a doença cárie tem obtido sucesso em muitos países e aos

poucos, o conceito de cárie e tratamento restaurador estão se modificando e mostrando que

este só terá sucesso, se o indivíduo estiver inserido em programas de promoções de saúde,

o que resultará na completa cura da doença. Contudo, é fundamental fazermos um correto

diagnóstico, conhecer o grau de comprometimento da lesão, determinando as indicações e

contra-indicações no tratamento, como por exemplo, se há reparação do complexo dentino-

pulpar por meio da inativação da lesão. Para tal, é de grande importância, o controle da

placa bacteriana, da dieta e a presença de flúor, para manter o pH acima do nível crítico, de

4,5 ou 5,5, ou caso contrário, será necessário o tratamento restaurador (CONCEIÇÃO et al.,

2007).

A realização de um diagnóstico com exatidão é essencial, porém não é um processo

fácil, principalmente, devido ao fato da cárie ser um processo dinâmico e a superfície dental

estar em intenso processo de desmineralização e remineralização, podendo ocorrer lesões

subclínicas, na qual o profissional não possui meios clínicos para sua detecção, sendo

necessário o uso de meios auxiliares de diagnóstico (BARATIERI et al., 1996).

http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_ info.php?term=Desmineraliza%C3%A7%C3%A3o+Do+Dente&lang=3

FIGURA 2- Dinâmico processo de perda e ganho de minerais do esmalte dental.

22

Fejerskov O, Manji F. Risk assesment in dental caries. In: Bader JD (ed). Risk Assessment in Dentistry. Chapel Hill: University of North Carolina. 1990.

FIGURA 3- Fatores etiológicos, determinantes e confundidores da lesão de cárie.

1.1.4 Diagnóstico da lesão de cárie

O exame clínico deve ser sempre a primeira opção para o diagnóstico. Para um

correto diagnóstico da lesão, principalmente em esmalte, deve-se realizar a secagem das

superfícies com jatos de ar após profilaxia prévia. Em seguida, realizar sempre a

combinação do exame visual com o radiográfico, para obter um diagnóstico o mais confiável

possível (CONCEIÇÃO et al,. 2007).

Conceição et al (2007, p. 40) concluem que as lesões cariosas podem apresentar-se

das seguintes formas:

1) Lesão de cárie ativa (mancha branca) apresenta-se clinicamente opaca, rugosa, encontrada preferencialmente em locais de maior dificuldade de limpeza, podendo estar associada à gengivite; 2) Lesão de cárie inativa (mancha branca) pode apresentar-se pigmentada ou com coloração clara, superfície de esmalte brilhante, lisa ou polida; 3) Lesão de cárie ativa com cavitação apresenta-se com coloração clara, fundo amolecido e apresentando mancha branca ativa nos bordos 4) Lesão de cárie inativa com cavitação é escurecida, fundo amolecido à sondagem, margens definidas e sem o halo de mancha branca ativa nos bordos da cavidade.

23

1.1.5 Imagem radiográfica

O exame de imagem por meios de radiografias periapicais ou inter-proximais é muito

utilizado como auxiliar no diagnóstico da doença cárie. Este método nos permite

acompanhar o desenvolvimento ou não da lesão. É um exame não invasivo, que tem como

objetivo avaliar a profundidade da lesão em relação a câmara pulpar, ao espaço biológico e

identificar cáries em locais de difícil acesso, como em espaços proximais e

subgengivalmente. Porém, é incapaz de detectar uma lesão incipiente, principalmente,

devido ao fato da sobreposição das estruturas mineralizadas sobre a área de

desmineralização incipiente, bem como das superfícies proximais, com isso, através das

radiografias não conseguimos determinar exatamente o estado das superfícies, muitas

vezes dando resultados falso-positivos e falso- negativos demonstrando que a indicação do

tratamento restaurador deve ser bem analisada antes de qualquer decisão. Portanto, a

interpretação radiográfica requer conhecimento da histopatologia da doença, sendo que a

avaliação clínica não pode ser descartada (BARATIERI et al., 1996).

1.2 FLUORETOS

1.2.1 Composição química do esmalte-dentina suas implicações

clínicas

O esmalte dentário constitui-se de um sólido microporoso. A unidade básica dessa

estrutura é um cristal denominado hidroxiapatita e entre esses cristais há presença de água

e material orgânico, onde ocorre a troca de íons entre o interior e exterior do esmalte

(FERREIRA, 2003).

Sendo a primeira estrutura a se expor as agressões na cavidade bucal, o enfoque

era somente em sua composição. Hoje com o aumento na expectativa de vida, o fenômeno

da retração gengival expõe a estrutura dentinária a esses desafios do meio e por isso

também merece atenção quanto a sua composição química. O esmalte e a dentina são

24

compostos minerais à base de sais de fosfato e cálcio, os quais desde o desenvolvimento

até a erupção são muito dinâmicos. Esse dinamismo fez com que muitas pesquisas fossem

desenvolvidas, com o intuito de fortalecer essa estrutura cristalina, tornando o dente mais

resistente ao desafio cariogênico. Deste modo, substâncias como fluoreto foram utilizadas

na tentativa de tornar a estrutura dentária mais resistente (CURY, 2001).

1.2.2 Mecanismo de Ação do Fluoreto

Através do declínio da severidade e prevalência de cárie, mantendo a integridade da

estrutura dental, observa-se uma melhora da saúde bucal relacionada ao aumento da

exposição da população ao fluoreto, seja pela forma coletiva ou uso individual (ANDREOLLI;

LARA, 2004).

Utilizado para o controle da cárie dentária, o fluoreto se incorpora à rede de cristais

que constitui o esmalte e desse modo intervém na dissolução da estrutura dentária,

reduzindo a perda de minerais (FÉLIX et al., 2004).

É importante salientar que o fluoreto isolado não é capaz de impedir o

desenvolvimento da doença cárie, sendo ele mais usado como coadjuvante, interferindo em

sua progressão (MOSS, 1996).

A princípio acreditava-se que a propriedade do fluoreto em interferir na progressão

da cárie se dava através de sua incorporação aos cristais de hidroxiapatita durante a

formação do esmalte, tornando a estrutura mais resistente e menos solúvel formando apatita

fluoretada. Entretanto, sabe-se que o comportamento físico-químico de solubilidade da

apatita fluoretada (AF) é igual a hidroxiapatita (HA) (FERREIRA, 2003).

Com anos de estudos, verificou-se que, ao ingerir fluoreto na época de

desenvolvimento dentário, os cristais de apatita não seriam substituídos por fluorapatita,

sendo esse cristal mais resistente que o encontrado no dente, mas sim uma porcentagem

de fluoreto seria incorporado correspondente a 10% em substituição a apatita, formando

apatita fluoretada, não sendo suficiente para impedir a dissolução do esmalte frente a

agressões bacterianas (CURY, 2001).

O esmalte e dentina estão constantemente se relacionando com os fluidos da

cavidade bucal e sujeitos às variações do meio. A saliva é composta por cálcio e fosfato,

25

substâncias essas presentes na estrutura dentária. Assim, a saliva desempenha um papel

fundamental na proteção do dente quando em condições favoráveis, ou seja, a interferência

da saliva na progressão da cárie é dependente de sua capacidade tapão, que previne a

redução do pH intrabucal, sendo que em condições críticas essa capacidade protetora é

ultrapassada tornando o esmalte e principalmente a dentina que apresenta uma solubilidade

maior que o esmalte, susceptível a dissolução (SANTOS et al., 2012). Desse modo o flúor

tem um papel importante nesse mecanismo, uma vez que modifica a propriedade físico-

química com relação ao pH crítico de dissolução do órgão dentário (CURY, 2001).

A justificativa para expor o órgão dentário ao fluoreto se deve ao produto formado

quando o mesmo entra em contato com a estrutura dentária. O fluoreto de cálcio é

provavelmente o único produto resultante dessa exposição, agindo como um reservatório,

onde o composto é depositado sobre a superfície do dente (ANDREOLLI; LARA, 2004).

Sobre o composto há uma camada de proteínas salivares atuando como uma capa

protetora para retardar à dissolução do composto. O CaF2 (fluoreto de cálcio) quando

solubilizado pela queda do pH, libera flúor e cálcio, fazendo com que a remineralização seja

ativada e pela capacidade tampão da saliva, o processo de perda de minerais é revertido,

fazendo com que o pH retorne a seus valores normais e o fluoreto de cálcio se deposite

novamente sobre a estrutura (COUTINHO; FAGUNDES; RODRIGUES, 2012).

Segundo Godoy et al (2006, p.67):

Havendo presença de flúor na placa dental (0,02 ppm), embora o dente

perca cálcio e fosfato para o meio, em função da subsaturação em relação

ao produto de hidroxiapatita, a remineralização será ativada, aumentando a

eficiência da reposição de cálcio e fosfato perdidos.

Quando o flúor está presente nesse processo, podemos observar que os minerais

que foram perdidos quando se atinge o pH crítico, são repostos por cristais de fluorapatita, o

que torna a dissolução reduzida, uma vez que a estrutura recebeu cristais menos solúveis.

Desse modo, deposita-se em zonas descalcificadas conferindo maior dureza e resistência

ao esmalte (FERREIRA, 2003).

É importante salientar, que nem sempre os minerais repostos são em quantidades

iguais aos que foram perdidos, dessa maneira o flúor tem um maior poder de fortalecimento

em perdas superficiais (CURY, 2001).

26

Com base nisso, a principal ação do flúor ocorre pós erupção do dente, participando

ativamente do processo des-remineralizador, justificando sua presença constante na

cavidade bucal (FERREIRA,2003).

Essa interferência na dinâmica, dar-se-á quando o açúcar é metabolizado pelas

bactérias, tornando a cavidade bucal ácida, fazendo com que a saliva se torne subsaturada

e o dente acaba perdendo os minerais para o meio. Porém, quando íons fluoreto estão

disponíveis nessa saliva, reverte-se a condição de subsaturação para supersaturação,

formando cristas de fluorapatita que são incorporados ao dente (CURY, 2001).

Sabendo que essa estrutura apresenta menor solubilidade em relação a

hidroxiapatita Ferreira (2003, p.31) afirma que “Os maiores aspectos de ação do flúor são

inibir a desmineralização da superfície dos cristais e aumentar a remineralização da

subsuperfície, resultando em paralisação ou reversão da lesão cariosa”.

Torres et al (2000) afirma que, "além da atividade durante a mineralização, o íon

fluoreto contribui para efeitos cariostáticos porque também influi na ecologia da placa

bacteriana”.

Assim uma vez que penetra na célula da bactéria forma HF (ácido fluorídrico) e inibe

a reação da enzima enolase provocando a eliminação do microorganismo, além de alterar a

colonização de bactérias na superfície dentária (GODOY et al., 2006). Porém, essa

propriedade depende dos microorganismos presentes no biofilme, concentração do íon flúor,

pH do meio e tempo de exposição (SILVA, 2010).

1.2.3 Seleção de uso do fluoreto

Como sabemos a cárie é de etiologia multifatorial e por isso como qualquer outro

medicamento, o flúor deve ser usado como complemento na busca de fatores determinantes

de saúde. Várias são as condições que devem ser analisadas antes da utilização do

fluoreto, desde a disponibilidade financeira à gravidade dos fatores causais da doença cárie.

O emprego dessa substância pode ser sistêmico ou tópico e independente da maneira

administrada, sabe-se que para atingir o resultado esperado, sua presença constante no

ambiente oral é indispensável, e que se o processo desmineralizador for maior que o

27

remineralizador sua concentração deve aumentar a níveis bucais satisfatórios

(WANNMACHER; FERREIRA; 1999).

1.2.4 Flúor sistêmico

O termo “sistêmico” indica que o composto é ingerido e absorvido no sistema

digestório atingindo a corrente sanguínea e dessa forma circula pelo organismo. Ele se torna

presente na cavidade bucal através dos fluidos orais, e dessa maneira, pode exercer sua

função preventiva. Assim, se a ingestão é interrompida, a concentração de fluoreto na saliva

não é mais mantida constante (CURY, 2001).

Deste modo podemos citar as maneiras com as quais podemos adquirir o fluoreto

sistemicamente.

A fluoretação da água é um método seguro, efetivo e barato, sendo recomendada

pela organização mundial de saúde, devendo ser implementada e mantida onde for

possível. No Brasil a fluoretação da água de abastecimento foi iniciado em 1953 e em 2006

o método beneficiava 100 milhões de pessoas (CURY; FRAZÃO; PERES, 2011).

O benefício que a fluoretação da água traz aos consumidores é desde a dentição

decídua até a dentadura permanente. No que diz respeito a abrangência coletiva, é

considerada um dos mais importantes meios de prevenção em saúde pública, permitindo

acesso a quem não possui outras formas de dispor do fluoreto para o meio bucal (GODOY

et al., 2006).

O sistema de fluoretação indica ser efetivo na prevenção de cáries e foi

estatisticamente associada com a diminuição da proporção de crianças com a doença. Por

todos esses aspectos, pode-se concluir que a fluoretação da água de abastecimento é um

método efetivo no que diz respeito a prevenção e controle da doença cárie (CURY;

FRAZÃO; PERES, 2011).

Existem as formulações em gotas ou comprimidos, sendo a forma líquida destinada a

crianças devido à facilidade de administração. Nas formulações, pela característica de

solubilidade e baixo custo, usa-se o fluoreto de sódio. Porém com todos os métodos de

acesso ao flúor, não é de grande valia o uso dessas formas farmacêuticas, umas vez que

28

requer conscientização e cooperação dos usuários, sobretudo com cuidados devido

superdosagem, acarretando a intoxicação por flúor (WANNMACHER; FERREIRA; 1999).

Nos alimentos, como nas bebidas à base de chá, principalmente o chá preto

(HAYACIBARA et al., 2004) o flúor está presente variando de 0,2 a 1,0 ppm, mas diferente

das formulações farmacêuticas apenas 1/3 dos fluoretos presentes nos alimentos

apresentam-se em forma iônica , por isso tem baixa biodisponibilidade (GODOY et al.,

2006).

1.2.5 Flúor Tópico

A forma tópica de uso nos indica que não é mais necessário ingerir o fluoreto para ter

sua ação na cavidade oral. Os métodos de aplicação permite manter a constância do

fluoreto na saliva/placa (CURY, 2001).

No final da década de 80 o uso de dentifrício fluoretado começou a ser intensificado

no Brasil, quando na forma de monofluorfosfato de sódio (MFP) adicionado ao dentifrício.

Dessa maneira, a população brasileira, começou a usufruir dos benefícios do fluoreto,

juntamente com a fluoretação da água de abastecimento público (COUTINHO; FAGUNDES;

RODRIGUES, 2012).

Hoje há uma conformidade de opiniões que o uso dos dentifrícios fluoretados

interferem na lesão de cárie assegurando altas concentrações de fluoreto na interface

esmalte/placa (ARAÚJO et al., 2002).

Uso de dentifrício fluoretado associado à escovação é a forma mais racional de

utilização do fluoreto. Suas propriedades desorganizam a placa bacteriana e mantém o

fluoreto disponível para que participe do processo DES-RE (GODOY et al., 2006).

Os dentifrícios, além da função de limpar e polir a estrutura dentária, os quais contém

abrasivos na formulação, é um dos veículos de fluoreto mais utilizado na prevenção da

progressão da lesão de cárie. Dentre os componentes que encontramos nos dentifrícios

estão os anticárie que podem ser fluoreto de sódio, monofluorfosfato ou fluoreto de estanho;

antitártaro, anti-sensibilidade dentinária e clareadores dentais. Assim, quanto as

características preventivas, terapêuticas e farmacológicas o seu uso deve ser recomendado

de acordo com a necessidade de cada paciente (GALAN JUNIOR, 1999).

29

Na forma de gel o fluorfosfato acidulado na concentração de 1,23% é um dos meios

de aplicação tópica mais utilizada pelos profissionais. Em sua formulação é incorporado

algum tipo de celulose que permite aumentar a viscosidade da solução dando ao cirurgião-

dentista um melhor controle de aplicação. Sua eficácia é comprovada na redução da

incidência e prevalência da cárie e tem boa aceitação pelos pacientes. O método tem

demonstrado resultado quando aplicado em baixa frequência e alta concentração. O uso de

géis acidulados tem demonstrado que variando o pH entre 3 e 4 se tem uma maior formação

de fluoreto de cálcio que serve como um reservatório maior de flúor do que os géis neutros.

O modo como o gel pode ser empregado tem sido recomendado através de moldeiras pré-

fabricadas na quantidade de 5 ml, ou seja por volta de 2 a 2,5ml para cada moldeira nos

dentes permanentes. Já em crianças, outra forma de aplicação pode ser através de pincéis

ou cotonetes, onde se tenha um controle do escoamento seguindo o tempo recomendado

pelo fabricante. Outro meio desse mesmo agente é na forma de espuma, o que resultaria

numa menor quantidade para aplicação e menor escoamento com o mesmo resultado do

flúor gel, porém com um custo mais elevado (REIS; LOGUERCIO, 2009).

Existem vários tipos de vernizes com fluoreto no mercado, apresentados de várias

formas, mas o que é interessante salientar, é que apesar da eficácia dos géis, os vernizes

por conter uma resina natural que ao entrar em contato com a umidade endurece,

permanecem sobre o esmalte por um período mais longo que os géis. Uma vez que a

aplicação desse fluoreto seja dificultada por variados motivos ou que a condição bucal seja

de tal maneira mais prejudicada necessitando de um período maior em contato com o

fluoreto, uma boa opção para substituir o gel seria os vernizes com fluoretos (REIS;

LOGUERCIO, 2009).

Atuando como complemento ao método mecânico de higiene, os enxaguatórios são

amplamente utilizados para o controle químico do biofilme (HANAN; SOUZA; ZACARIAS

FILHO, 2011).

O uso de enxaguatórios bucais foi se consolidando com o tempo, pois são de fácil

uso, possuem atividades antimicrobianas, além de chegar em áreas onde há dificuldade de

higienização, porém não substitui a desorganização da placa (ZANIN et al., 2007).

Os enxaguatórios bucais representam um produto de higiene bucal com ação

terapêutica preventiva ou curativa. Sua composição compreende a conciliação do veículo

que pode ou não conter álcool, uma essência que vai determinar o gosto da solução,

corantes e adição do fluoreto para fornecer as propriedades que vão interferir na progressão

da doença cárie (ANDREOLLI; LARA, 2004).

30

Geralmente a eficácia dos enxaguatórios está relacionado a habilidade de dispor um

agente ativo capaz de colar na superfície do tecido a ser tratado e de ser liberado com o

tempo, provendo atividade antibacteriana sustentada. A incorporação de fluoreto de sódio à

soluções para bochechos ocorreu devido à ação protetora do fluoreto, participando no

processo de desmineralização e remineralização, interferência no metabolismo e

crescimento bacteriano e por inibir a formação de polissacarídeos que promovem a adesão

de bactérias à superfície do esmalte (ZANIN et al., 2007).

Varias são as substâncias antimicrobianas utilizadas sob a forma de enxaguatórios

(MOREIRA et al., 2009). As soluções de NaF (fluoreto de sódio) 0,05% são mais utilizadas

para bochechos diários, seu volume recomendado fica em torno de 5 a 15ml, bochechados

pelo tempo de 1 minuto. Em termos de CPOD, estudos sobre soluções para bochechos

registram um poder preventivo entre 20 a 40%, sendo geralmente de 35% em crianças

(GODOY et al., 2006).

O método de autoaplicação responsabiliza o paciente pela sua própria saúde bucal,

uma vez que os benefícios são proporcionais a frequência, tendo a necessidade de

continuidade do uso. Os bochechos das soluções fluoretadas trazem vantagens quanto ao

custo reduzido, quando comparado aos demais métodos de aplicação de fluoreto, aplicação

fora do ambiente clínico além de ser um método interligado a educação do paciente,

promovendo a saúde e prevenindo o surgimento de doenças bucais (GALAN JUNIOR,

1999).

1.2.6 Toxicidade

O flúor quando presente na cavidade bucal traz benefícios já discutidos nesse

trabalho, entretanto se o mesmo for ingerido pode ocasionar um quadro de toxicidade e

dependendo da dose ingerida pode levar a morte (REIS; LOGUERCIO, 2009).

Os sinais e sintomas da intoxicação aguda por flúor são: náusea, vômito, diarreia,

dores abdominais, hipotensão, palidez, parestesia, depressão do SNC dores musculares e

em quadros mais graves depressão cardiovascular e respiratória (GODOY et al., 2006).

Os sinais e sintomas induzidos pela toxicação aguda por flúor depende da dose

ingerida (REIS; LOGUERCIO, 2009).

31

A dose letal de acordo com peso corporal para adultos fica em torno de 32 a 64

mgF/kg enquanto para criança essa dose é de 15 mgF/Kg (GODOY et al., 2006).

No caso dessas ocorrências, sugere-se administração de emético para indução de

vômito, ou ingestão de leite e água de cal (NEIDLE; KROEGER; YAGIELA, 1983).

A ingestão continuada de fluoretos em níveis acima da dose terapêutica desencadeia

toxicidade crônica que segundo Reis; Loguercio, (2009, p. 107), "a ingestão excessiva de

flúor em decorrência do uso inadequado de suplementos e de dentifrícios fluoretados é

considerado atualmente o principal responsável pelo incremento da fluorose dental".

32

2. METODOLOGIA

2.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

O estudo in situ foi cruzado, duplo cego, dividido em 2 fases de 14 dias, submetido

ao Comitê de Ética em Pesquisa (08899412.6.0000.5514). A variável de resposta foi:

Microdureza Knoop.

2.2 OBTENÇÃO E SECÇÃO DAS AMOSTRAS

Para este estudo foram utilizados 40 dentes humanos terceiros molares, obtidos do

banco de dentes da USF. Os dentes foram limpos através de raspagem para remoção de

restos teciduais e armazenados durante 30 dias para desinfecção em timol 0,1% e pH 7 à

temperatura ambiente (HARA et al., 2004). Para a obtenção das amostras, com dimensões

de 4 x 4 x 3 mm, foram realizados cortes com discos de diamante (FIGURA 4) sob

refrigeração constante com água deionizada e destilada (DD) para evitar trincas nos tecidos

dentais. Para determinar a altura desejada da amostra foi necessária a planificação em

politriz (APL-4 Arotec) conforme a (FIGURA- 5). Ao final, foram armazenadas em recipientes

plásticos fechados, cobertos com papel absorvente umedecido com água DD e conservados

em geladeira a 4ºC.

33

FIGURA 4 - Corte das amostras com disco de diamante.

FIGURA 5 - Amostras planificadas.

2.3 ENXAGUATÓRIOS BUCAIS

Foram manipulados dois enxaguatórios bucais: 1) placebo (sem fluoreto) e 2) com

fluoreto de sódio a 0,05% (teste). As composições dos enxaguatórios bucais estão descritas

na Tabela 1.

34

TABELA 1 - Composições dos enxaguatórios bucais utilizados no experimento.

Grupos

experimentais

COMPOSIÇÃO

Placebo

Água mentolada

Enxaguatório de fluoreto (teste)

Água mentolada

Fluoreto de sódio a 0,05%

2.4 FASE CLÍNICA

Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da USF, 8 voluntários adultos

foram selecionados para participarem desta pesquisa, sendo que ocorreram 3 desistências

no andamento do estudo. Os critérios de seleção dos voluntários foram:

1) apresentar bom estado de saúde geral e oral;

2) não ter tomado antibióticos nos últimos dois meses, pois afetam a microbiota oral

e com isso, a resposta ao modelo adotado;

3) não serem fumantes;

4) não ter tomado medicamentos que afetem o fluxo salivar como,

anticonvulsivantes, anticolinérgicos, antieméticos, anti-hipertensivos, anti-histamínicos,

descongestionantes, diuréticos e psicotrópicos (ZERO, 1995).

35

2.5 RISCOS

Os voluntários poderiam apresentar discreta halitose durante o período experimental,

o que foi atenuado com adequada higiene oral bem como limpeza do dispositivo.

2.6 BENEFÍCIOS

O benefício foi um auxílio indireto, contribuindo para a realização do presente projeto

e para a ciência como um todo. Esperava-se que o uso enxaguatórios bucais contendo

flúoreto apresentasse efetividade contra o desenvolvimento de cárie em esmalte.

Com a seleção dos voluntários, foram confeccionados a partir do molde do arco

superior, dispositivos palatinos em resina acrílica, nos quais continham quatro cavidades

localizadas na região de molares, sendo 2 de cada lado para armazenar as amostras e

sobre elas foram sobrepostas telas plásticas deixando um espaço de 1mm entre a tela e a

superfície do esmalte para o acúmulo de placa (FIGURA 6).

FIGURA 6 - Dispositivo palatino confeccionado a partir do molde do arco dentário do voluntário.

36

Todas as recomendações e informações sobre os procedimentos a serem realizados

durante o experimento foram impressos e entregues aos voluntários (Anexo 1), atendendo a

resolução nº 196 de 10/03/1996 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde,

Brasília, DF. Os voluntários assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Anexo 2).

As recomendações e orientações foram dadas verbalmente e por escrito:

a) utilizar o dispositivo intra-oral palatino diariamente, inclusive para dormir;

b) remover o dispositivo intra-oral durante as refeições ou consumo de qualquer

bebida ácida, que pode levar a desmineralização (FUSHIDA; CURY, 1999). Porém, ao

removê-lo da boca devem conservá-lo dentro do recipiente fornecido com algodão

umedecido, com o objetivo de manter as bactérias da placa viáveis e impedir o

ressecamento dos blocos;

c) durante o experimento utilizar apenas o dentifrício fornecido pela pesquisadora;

d) não utilizar substâncias fluoretadas ou antimicrobianas.

Os voluntários foram orientados a não escovar diretamente as amostras e somente a

região do dispositivo em contato com o palato. Quando fossem enxaguar o dispositivo não

deveriam colocá-las diretamente embaixo da água. Os voluntários receberam um estojo que

continha uma escova dental macia, um dentifrício, um frasco da sacarose a 20% e um

recipiente com algodão umedecido, onde conservaram o dispositivo durante as refeições

(FIGURA 7).

37

FIGURA 7 - Estojo entregue aos voluntários contendo, escova de dente, dentifrício fluoretado, enxaguatório, frasco de sacarose e recipiente com algodão umedecido.

2.7 FASE EXPERIMENTAL

Os voluntários participaram do experimento que foi dividido em 2 fases de 14 dias

com intervalos de 3 dias. Cada fase consistiu de um grupo experimental. Os voluntários

gotejaram solução de sacarose 20% (FIGURA 8) oito vezes ao dia às 8:00, 9:30, 11:00,

14:00, 15:30, 17:00, 19:00 e 21:00 horas, sendo que, a cada hora foram enviados SMS,

como forma de lembrar os voluntários de gotejar a sacarose sobre as amostras.

Os voluntários foram orientados a colocar cada gota da solução exatamente na

superfície da tela plástica da amostra, inclusive para a amostra do grupo controle, sem tocá-

la e mantendo o dispositivo no recipiente contendo algodão umedecido durante 5 minutos

antes de levá-lo à boca.

Todos os voluntários deveriam escovar os dentes com dentifrício fluoretado Colgate

(1450 ppmF com Monofluorfosfato de Sódio) três vezes ao dia, sendo que, para escovar as

faces vestibulares dos dentes e linguais dos inferiores, o aparelho deveria estar na boca e

para as demais faces, deveriam retirar o aparelho. O bochecho com o enxaguatório deveria

ser realizado à noite (FIGURA 9).

Para o bochecho os voluntários permaneceram com o dispositivo palatino na boca,

sendo que na primeira fase os voluntários utilizaram o bochecho com fluoreto e na outra

38

fase a solução placebo, porém nenhum das 2 (duas) fases tiveram ciência de qual

substância estariam utilizando.

FIGURA 8 - Solução de sacarose a 20%.

FIGURA 9 - Enxaguatórios bucais: com fluoreto e placebo.

2.8 DETERMINAÇÃO DE MICRODUREZA KNOOP

As amostras foram seccionadas e incluídas em cilindros de resina acrílica. As

superfícies das amostras seccionadas foram polidas para posterior leitura da microdureza.

Foram utilizadas lixas de Al2O3 de granulação 320, 400, 600 e 1200 em politriz (APL-4

39

Arotec) sob refrigeração com água. Para o polimento final foram utilizados discos de feltro

(Polishing Cloth Buelher nº 40-7618) e pasta de diamante de 1 m e ¼ m. Entre os

procedimentos de polimento, as amostras foram colocadas em aparelho de ultrassom

(Ultrassonic) com água DD para remoção das partículas de lixa e para não prejudicar o

polimento seguinte. Em seguida, as amostras foram lavadas em água DD corrente e

armazenadas em recipientes plásticos fechados, cobertos com papel absorvente umedecido

em água DD e conservados em geladeira a 4ºC. As mensurações de microdureza Knoop

foram realizadas na região interna do esmalte nas profundidades de 10, 20, 30, 40, 50, 60,

70 e 80 m em relação à superfície do esmalte, utilizando uma carga de 50 gramas durante

5 segundos (FIGURA 10A, 10B. 10C e 10D).

FIGURA 10A - Amostra em recipiente de resina.

FIGURA 10B - Politriz Arotec APL4.

40

FIGURA 10C - Esquema da determinação da microdureza interna no esmalte dental.

FIGURA 10D – Microduromêtro.

2.9 METOLOGIA DE ANÁLISE DE DADOS

Foi realizada análise descritiva dos dados pelas medidas de resumo (média, desvio

padrão, mínimo e máximo).

Na análise inferencial devido à ausência de normalidade dos dados foram aplicados

testes não-paramétricos. Na comparação entre placebo e experimental foi aplicado o Teste

de Mann-Whitney. A relação entre dureza e profundidade para cada experimento foi

analisada pelo Teste de Friedman.

Os dados foram analisados por meio do programa SPSS versão 17 (SPSS Inc.,

Chicago), sendo adotado o nível de significância de 5% para os testes estatísticos.

41

2.10 DESFECHO PRIMÁRIO

Esperava-se que através da análise das amostras o fluoreto contido nos

enxaguantes bucais fosse efetivo no controle da cárie, promovendo uma menor perda

mineral do esmalte.

3. RESULTADOS

Foram avaliados 5 (cinco) voluntários quanto ao grau de microdureza do dente em

diferentes profundidades, sendo realizadas duas medições, utilizando-se a média de

microdureza Knoop, tanto para a aplicação do placebo como para o experimental.

Não foi verificada diferença estatística significativa entre o placebo e o grupo controle

quanto a microdureza em todas as profundidades. Na comparação entre microdureza e as

profundidades no placebo não foi verificada diferença estatística significativa, resultado este

semelhante no grupo controle. Porém, quando comparado os valores numéricos na primeira

profundidade (10 µm) esta mostra uma maior média para o grupo controle (GRÁFICO 1). A

TABELA 2 mostra as medidas de resumo de microdureza do placebo e grupo controle para

cada profundidade.

42

TABELA 2 - Valores de microdureza nos experimentos em relação à profundidade.

Profundidade Placebo Experimental

*p-valor Média DP Mínimo Máximo Média DP Mínimo Máximo

10µm 227,82 92,35 118,63 311,07 243,82 140,91 64,19 418,68 0,754

20µm 292,51 29,23 253,39 325,02 263,43 61,13 174,55 340,02 0,465

30µm 297,61 51,46 248,56 370,94 241,82 58,42 149,95 310,59 0,117

40µm 299,35 42,77 244,32 363,92 291,57 31,14 243,71 327,69 0,917

50µm 286,14 63,65 228,23 394,79 303,05 82,76 214,40 409,53 0,917

60µm 340,90 37,17 291,60 382,25 320,30 52,19 233,49 373,63 0,754

70µm 312,04 32,53 265,23 355,19 320,30 31,99 282,00 357,82 0,917

80µm 341,87 34,76 297,19 382,51 298,01 58,96 246,97 392,97 0,251

**p-valor 0,150 0,253

DP= desvio-padrão *Teste de Mann-Whitney- diferença entre placebo e experimental ** Teste de Friedman- comparação entre as profundidades para o placebo e para o experimental

GRÁFICO 1 - Mostra a relação entre a microdureza e profundidades quanto aos

experimentos.

43

DISCUSSÃO

A cárie dental é resultado de uma infecção bacteriana, na qual as bactérias causarão

um desequilíbrio do pH, tendo como consequência o ganho e a perda de minerais.

ANDREOLLI; LARA (2004), FERREIRA (2003), MOREIRA et al. (2009), HANAN, SOUSA,

ZACARIAS FILHO (2011), KRIGEER (2003).

Em contrapartida Sousa; Gil (2001, p. 143) afirmaram que “a doença cárie foi

reavaliada e um novo diagrama etiológico foi proposto”. Neste diagrama a placa dental é

considerada único fator verdadeiramente etiológico (mas não suficiente) da doença cárie. Os

fatores salivares (fluxo, composição e capacidade tampão), as bactérias, o flúor, os

açúcares, a dieta, as espécies bacterianas são classificados como determinantes e os

fatores sociais são classificados como confundidores.

Desse modo, sabendo que a doença cárie promove a perda dos minerais da

estrutura dentária, o presente estudo proposto pelas autoras, investigou os meios para

fortalecer a estrutura cristalina, tornando o órgão dentário mais resistente quando exposto

ao desafio cariogênico.

Quanto ao controle da cárie dental foi comprovada sua ação preventiva e terapêutica

(HANAN, SOUZA, ZACARIAS FILHO, 2011), sendo sua indicação em função do risco de

cárie inerente a cada individuo (ARAÚJO et al., 2002). O fluoreto, além da atividade

remineralizante, apresenta inibição do metabolismo bacteriano (FERREIRA, 2003).

Conhecendo a capacidade protetora do fluoreto, os enxaguatórios bucais funcionam

como veículo dessa substância, sendo utilizado para o controle químico da placa bacteriana

(GALAN JUNIOR, 1999).

Mas segundo afirma Silva (2010), para que o fluoreto consiga se difundir para o

esmalte é preciso que a película adquirida e a placa dental sejam desorganizadas por meios

mecânicos, uma vez que a PAE (Pelicula Adquirida do Esmalte) madura possui em sua

constituição ácido murâmico, o qual faz parte da parede celular da bactéria, atuando como

uma “barreira” e desse modo interferindo na incorporação do fluoreto à estrutura dentária.

Esse fato pôde ser constatado no presente estudo, pois para armazenar as amostras

que foram expostas ao fluoreto foi empregada uma tela plástica a qual serviu como

facilitadora do acúmulo de placa e alterou a difusão de íons para a superfície do substrato

dental. Com isso, ocorreu um alto desafio cariogênico, pelo aumento da massa bacteriana e

44

alteração das características de difusão dos constituintes salivares e do fluoreto presente

nos enxaguatórios que não foram capazes de alcançar as camadas mais profundas da placa

em contato com a superfície do esmalte. De acordo com ZERO (1995), esse modelo

reproduz a condição existente nas áreas interproximais e fissuras.

Por questões de custo, compatibilidade com o agente ativo, biodisponibilidade no

local de ação além de boa aceitação pelo paciente, foram manipulados enxaguatórios

bucais contendo fluoreto de sódio a 0,05% para analisar seu efeito protetor e terapêutico no

controle da doença cárie. Segundo ZANIN et al (2007), geralmente a eficácia dos anti-

sépticos bucais é atribuída à sua atividade bactericida, preferencialmente em produtos de

efeito intra-oral prolongado, definido como substantividade ou habilidade de um agente ativo

colar na superfície ao tecido a ser tratado e de ser liberado com o tempo, promovendo

atividade anti bacteriana sustentada”. TORRES et al. (2000) também relataram sobre a

substantividade, onde para ter o efeito desejado, a substância deve ser retida no local de

ação evitando que seu efeito seja neutralizado rapidamente pelo fluxo salivar.

Por outro lado, através da análise feita por MOREIRA et al (2009), na atividade

antimicrobiana de antissépticos bucais, as soluções onde o fluoreto de sódio não era

associado a outros princípios ativos, não foi demonstrada atividade antibacteriana, estando

o antisséptico mais apropriado à deposição de fluoreto do que à redução de micro-

organismos.

Para potencializar o efeito de substantividade, ARAÚJO et al. (2002) afirmam por

meio de estudos feitos com dentifrício fluoretados, que a associação de grupos aminas

podem prolongar a disponibilidade do fluoreto na superfície dentária.

Esse fato merece atenção, uma vez que no presente estudo tenham-se empregado

soluções enxaguantes, sendo a superfície constantemente banhada pela saliva, que dilui o

fluoreto depositado sobre a estrutura dentária e diminui a permanência dos íons em contato

com o esmalte reduzindo a disponibilidade do composto e consequentemente sua eficácia.

Vale salientar que, além desse comportamento, o número de variáveis do estudo contribuiu

para intervir nos resultados.

Andreolli e Lara (2004) realizaram um estudo no qual empregaram amostras

dentárias inclusas que não tivessem sofrido qualquer interferência do ambiente bucal no

intuito de evitar a presença de certas variáveis. Tais variáveis podem ser citadas e

corrobadas na presente pesquisa, como a ação salivar e o contato com alimentos, ambos

influenciando o processo des-remineralizador que ocorre naturalmente na superfície

dentária. De acordo com a afirmação de Santos et al. (2012) a saliva desempenha um papel

fundamental na saúde bucal em função de sua composição (presença de fosfato e cálcio).

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A interferência na progressão da cárie dentária depende da taxa do fluxo salivar que

reduzido aumenta a susceptibilidade às lesões de cárie e da capacidade tampão, que

previne a redução do pH intrabucal após a ingestão de açúcar. Como forma de revalidar

essa afirmação, o presente estudo expôs as amostras dentárias em meios bucais distintos,

onde o comportamento salivar difere de um indivíduo para outro, esse conjunto de ações

serviu para fundamentar os resultados obtidos.

Outro fato a ser discutido foi que os dentes selecionados para obtenção das

amostras, no banco de dentes da universidade São Francisco, pertenceu a diferentes

indivíduos com idades distintas. Ferreira (2003) afirma que não há relação entre a idade

dentária e a microdureza do esmalte, porém o mesmo relata variabilidade na microdureza

em áreas distintas de uma mesma superfície.

Embora a melhor maneira de prevenir a cárie seja pela presença constante do flúor

na cavidade bucal (COUTINHO; FAGUNDES; RODRIGUES, 2012) a análise estatística da

pesquisa demonstrou que não há diferença estatística significativa na microdureza

superficial do esmalte entre os grupos estudados. Quando comparados os resultados

referente à microdureza em profundidade do esmalte de amostras dentárias expostas ao

fluoreto de sódio com as amostras submetidas a enxaguantes placebo, verificou-se que não

há diferença estatística significante. Entretanto, quando analisados os valores numéricos da

média da microdureza, observa-se na primeira profundidade uma maior média para o grupo

controle em relação ao grupo placebo. Isso nos leva a crer que houve um comportamento

positivo do fluoreto na subsuperfície do esmalte. Por outro lado é valido pensar sobre a

concentração do composto nas formulações dos enxaguatórios, vez que na presente

pesquisa foi desenvolvido o experimento a partir de 0,05% de fluoreto de sódio, estando a

eficácia desse produto relacionada a concentração de fluoreto em sua formulação (HANAN;

SOUZA; ZACARIAS FILHO, 2011).

Pouco são os trabalhos na literatura que estudam a ação in situ do fluoreto de sódio

contido dos enxaguatórios bucais, desta forma dificulta comparações metodologicas e

análise dos dados, comparando os resultados obtidos na presente pesquisa com outros

estudos, fato esse que evidencia a necessidade de novas pesquisas abordando o tema

proposto. É pertinente mencionar que o presente estudo in situ se aproxima das condições

que ocorrem naturalmente na cavidade bucal, visto que no percurso do experimento sofreu

variações dos meios devido a presença das variáveis in vivo, o que determinou os valores

obtidos pela análise da microdureza do esmalte dental.

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CONCLUSÃO

Segundo a metodologia utilizada e os resultados obtidos concluímos que:

• A análise estatística demonstrou que não há diferenças significativas entre os grupos

experimentais. Porém, quando analisados os valores numéricos na primeira

profundidade (10 µm) apresentou-se uma média de microdureza maior para o grupo

controle (amostras expostas ao fluoreto).

• Somente a utilização do enxaguatório contendo fluoreto de sódio a 0,05% não

demonstrou ser capaz de diminuir a desmineralização do esmalte dental, sugerindo

ser necessária a desorganização da placa dental para o efeito desejado.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

ANEXO 1

Formulários para consentimento após informação

Instruções aos voluntários

1. O estudo será dividido em 2 etapas. Sendo cada etapa de 14 dias e com um intervalo de 3 dias entre elas.

2- A água ingerida deverá ser necessariamente de abastecimento público.

3- Durante o período do experimento e 10 dias antes de cada etapa a pesquisadora vai fornecer dentifrício fluoretado e os voluntários não utilizarão nenhum outro produto contendo flúor.

4- Os dispositivos intra-orais deverão ser utilizados todos os dias, inclusive para dormir, exceto durante as refeições e higiene oral, sendo nesses períodos os aparelhos acondicionados na caixa plástica fornecida, contendo no seu interior um algodão umedecido.

5- A escovação deverá ser iniciada com o aparelho na boca somente enquanto estiver escovando a face vestibular, e sem aparelho nas demais. Deve-se realizar o bochecho final com o aparelho. O voluntário deve se comprometer a escovação somente com o dentifrício fornecido por nós e três vezes ao dia.

6- Será fornecida solução de sacarose 20% em frasco conta-gotas. O voluntário deverá gotejar sacarose oito vezes ao dia sobre as amostras, esperar 5 minutos e colocá-los na boca. O gotejamento será de 8X ao dia e deverá ser feito às 8:00, 9:30, 11:00, 14:00, 15:30, 17:00, 19:00 e 21:00.

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ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

“Avaliação do efeito de enxaguatórios bucais contendo ou não fluoreto em pacientes com alto risco à cárie”

Eu,................................... ................................ ........................ ...................................... RG........................., abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade do(s) pesquisador(es) Cristiane Franco Pinto Casamassa, Roberta Mattiuzzo e Caroline Rela Savio do Curso de Odontologia da Universidade São Francisco. Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que: 1 - O objetivo da pesquisa é avaliar os efeitos dos enxaguatórios bucais contendo ou não fluoretos em condições orais com alto risco à cárie dental após desafio cariogênico in situ através de microdureza Knoop. 2- Durante o estudo os voluntários utilizarão os dispositivos palatinos contendo 4 amostras. Os voluntários gotejarão uma solução de sacarose 20% oito vezes ao dia, simulando o desafio cariogênico. O voluntário será orientado para colocar cada gota da solução exatamente na superfície da tela plástica da amostra, sem tocá-la mantendo o dispositivo no recipiente contendo algodão umedecido, durante 5 minutos antes de levá-lo à boca. Todos os voluntários deverão escovar os dentes com dentifrício fluoretado Colgate três vezes ao dia, sendo que para escovar a face vestibular devem estar com o aparelho e as demais faces sem aparelho. Para o bochecho final deve estar com o aparelho na boca. Será feito um intervalo de 7 dias entre as fases para eliminar possível efeito residual dos mesmos. Ao final de 14 dias, as amostras serão analisadas por Microdureza Knoop. 3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa; 4- A resposta a este (s) instrumento(s)/ procedimento(s) não causam riscos conhecidos à minha saúde física e mental, não sendo provável, também, que causem desconforto emocional. 5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, o que não me causará nenhum prejuízo; 6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada; 7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 - 24548981;

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8 - Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo,Cristiane Franco Pinto Casamassa, sempre que julgar necessário pelo telefone número: 11-75662522 9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável. Local,_________________________data Assinatura do Sujeito de Pesquisa ou Responsável:_______________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável:_______________________________________ OBS: O sujeito de pesquisa ou seu representante, quando for o caso, deverá rubricar todas as folhas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE–apondo sua assinatura na última página do referido Termo. O pesquisador responsável deverá da mesma forma, rubricar todas as folhas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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ANEXO 3