Avaliação Financeira dos Leilões de Transmissão: 2003 a 2005. Roberto Brandão e Nivalde J. de...
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Avaliação Financeira dos Leilões de Transmissão: 2003 a 2005.Roberto Brandão e Nivalde J. de CastroGESEL – Grupo de Estudos do Setor Elétrico- IE/ UFRJ
Índice
• Estrutura do Setor Elétrico Brasileiro– Fases do SEB– Evolução dos Leilões de Transmissão
• Análise Financeira dos Leilões de Transmissão– Negócio de Transmissão– Os Leilões de Transmissão– Hipóteses– Resultados– Papel do padrão de endividamento– Conclusões
Fases (Modelos) do SEB
Modelo Investimento Público: 1950’ – 1990
Modelo Privatização ‘Pura’: 1990-2002
Modelo Parceria Pública-Privada: 2003 -
Modelo de Privatização Pura
Características
Origem e motivação Econômica- Fiscal
Forte influência do Ministério da Fazenda
Monopólio Natural Regulação
Modelo de Privatização Pura
Distribuição: privatização do estoque de empresas
Privatização por Unidade Produtiva:
– Geração: maior ágio
– Transmissão: maior deságio
Crise do Modelo de Privatização
Causas Centrais
Planejamento
Marco regulatório inconsistente
Não formatação de padrão de financiamento
Fases dos Leilões de LT
Fase 1- Baixa competição 1999-2002
Fase 2- Alta competição: 2003-2005
Fase 3- ???: 2006
Evidencias Empíricas das 3 Fases
Tabelas e Gráficos
Nossa proposta: explicar os altos deságios
A partir de 2003 os deságios verificados nos leilões foram crescentes.
Construímos modelo para explicar os deságios dos leilões da Fase 2 (2003-2005) com base nas expectativas sobre o investimento e o custo de capital à época de cada leilão.
O negócio de transmissão
• A avaliação dos agentes econômicos é que o marco regulatório da transmissão está consolidado.
• Ao contrário dos leilões de energia nova, não houve mudança substancial de regras com o novo marco do SEB de 2004. A única alteração foi a troca de indexador do IGP-M para o IPCA.
• A percepção dos agentes: risco do negócio reduzindo-se gradativamente.
Empresas de transmissão: características• O investimento para construir LT é alto: capital
intensivo.• Receita é estável e indexada: contrato de longo
prazo.• O custo de operação e manutenção é muito
baixo:– A margem EBITDA* é alta: Terna 88%,
CTEEP/ISA 54% (com objetivo de chegar a 84%).
• A qualidade dos recebíveis é excelente.• Empresas têm boa capacidade para captar
financiamentos devido ao forte fluxo de caixa e à qualidade das garantias.
* (Receita líquida – Despesas não financeiros ou fiscais) / Receita Líquida
Os leilões de transmissão de energia• A Aneel publica em edital as especificações
técnicas das LTs e subestações a serem leiloadas. É fixado um valor teto para a Receita Anual Permitida (RAP).
• O leilão é vencido pela empresa que oferece o maior deságio para a RAP.
• A RAP proposta pelo vencedor do leilão é auferida por quinze anos. Após este prazo a RAP cai à metade.
• A RAP é reajustada anualmente pelo IPCA. O único desconto é por indisponibilidade da linha.
Os leilões de transmissão (cont.)• O prazo para construir varia de 16 a 28 meses.
• O vencedor do leilão é responsável pelo processo de licenciamento ambiental.
• O BNDES financia até 70% do investimento.
• O BNDES pode utilizar o modelo de project finance em financiamentos de linhas de transmissão.
Deságios em leilões recentes
• Os deságios em relação ao valor teto da RAP, que chama mais atenção da mídia, têm pouco valor explicativo.
• O principal indicador para avaliar os preços nos leilões é a razão entre a RAP vencedora do leilão e os Investimentos necessários para construir a linha (definidos pelo orçamento de investimentos da vencedora do leilão).
• Nos primeiros leilões a RAP/Investimentos, girava em torno de 20%. Já o leilão de novembro de 2005 um lote chegou a RAP/Investimentos = 9,7%.
• Os resultados parecem surpreendentes. Mesmo que o vencedor do leilão não tivesse custo algum após construir a linha e sem contar o custo do capital estes números representam um pay-back de mais de 10 anos!
Hipóteses
• Hipótese central:
Os deságios crescentes refletem a diminuição do custo de capital no Brasil.
• Hipótese secundária:em que medida as restrições fiscais ao endividamento das estatais afeta a competitividade destas nos leilões.
RAP/Investimento e Risco Brasil
8%
9%
10%
11%
12%
13%
14%
15%
09/03 09/04 11/04 11/05 11/06* 12/06*
Data do leilão
Rec
eita
An
ual
/ I
nve
stim
ento
200
250
300
350
400
450
500
550
600
650
700
Ris
co B
rasi
l (E
MB
I-B
R)
em p
on
tos
RAP/Investimento (lance mais agressivo)* Risco Brasil (EMBI-BR véspera do leilão)
Fontes: Aneel e JP Morgan. A Receita Anual é a RAP (Receita Anual Permitida). Os investimentos foram orçados pelas vencedoras dos leilões.* Nos leilóes de 2006, usamos investimento previstos pela Aneel. A RAP/Investimento é a média de todos os lotes.
Risco Brasil e RAP/Investimento• Como o gráfico indica, há forte correlação entre a
queda do Risco Brasil e a melhora na relação entre RAP/Investimento obtidos nos leilões recentes.
• Como trata-se de uma atividade capital-intensiva, a queda do custo de capital certamente explica boa parte da redução dos custos dos novos empreendimentos.
• Resta saber se a queda no custo de capital – tanto no custo de capital de terceiros quanto no custo de capital próprio – explica toda a diminuição da RAP/Investimento.
• Para testar esta hipótese simulamos a formação de preços em cada leilão.
Testando a hipótese básica: premissas• Empresa eficiente
– Estrutura de custos da Terna.• Investidor otimista
– Calcula custo do capital próprio por padrões internacionais.
– Espera manter ao longo tempo uma estrutura de financiamento favorável: 65% Empréstimos e 35% Capital Próprio.• 70% dos empréstimos captados (TJLP + 3,5%)• 30% debêntures (NTN-C + 1%)• Sem endividamento em moeda estrangeira.
• Expectativas de juros e inflação são da época do leilão.
Testando a hipótese básica: premissas
• O modelo foi rodado com os parâmetros para a data de cada leilão.
– Anotamos a menor receita que um investidor eficiente e otimista poderia aceitar no leilão, com relação ao investimento necessário para construir a linha (RAP/Investimento)
– Anotamos também o custo médio de capital real (sem inflação).
Resultado esperado
• O resultado esperado do modelo é obter para a data de cada leilão uma RAP/Investimento inferior à média do leilão e no máximo igual ao lance mais agressivo. O modelo pretende traçar o piso para os resultados dos leilões.
• Os resultados obtidos pelo modelo estão apresentados no gráfico a seguir:
Resultados: RAP/Investimento
8%
10%
12%
14%
16%
18%
20%
2003 09 2004 09 2004 11 2005 11
Data do Leilão
RA
P/I
nve
stim
ento
RAP/Inv Mínimo no leilão RAP/Inv Modelo RAP/Inv Médio
Resultados obtidos
• Observa-se que o resultado nos leilões se aproximaram progressivamente do piso representado pelo modelo. Assim, a queda do Risco Brasil não explica toda a melhora no resultado dos leilões.
• Isto mostra que os investidores se tornaram progressivamente mais otimistas.
• Também usamos empresa-modelo como bechmark para calcular o custo médio de capital implícito, tanto na média dos lances de cada leilão, como nos lances mais agressivos. O resultado está no gráfico que se segue:
Resultados: Custo Médio de Capital Real
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
11%
12%
13%
14%
2003 09 2004 09 2004 11 2005 11
Data do Leilão
Cu
sto
Méd
io d
e C
apit
al R
eal
CMC mais agressivo CMC modelo CMC média dos lances
Resultados: Custo médio de capital• O gráfico mostra o Custo Médio de Capital implícito
nos lances vencedores caiu mais que o custo de nosso modelo. Investidores mais otimistas quanto:– Padrão de financiamento– Regulação– Macroeconomia– Custo de capital
• Vamos testar agora o efeito da variação nível de endividamento previsto no menor lance que um investidor poderia dar.
• Como as empresas estatais encontram dificuldades para financiarem-se via BNDES, simulamos também a influência da disponibilidade destes recursos.
Div/K* 70% BNDES** 0% BNDES65/35 100,0%50/50 107,9% 117,0%35/65 115,6% 121,9%
* Dívida sobre capital próprio
** Financiamento restante pagando NTN-B + 1%
Custo de Capital Próprio de 8% real
Ref lete expectativas de Dez 2006
Melhor lance em função do endividamento
Empresa otimista
Importância do financiamento
• A tabela demonstra que somente empresas que projetam para o futuro uma alavancagem adequada podem fazer lances realmente agressivos.
• A importância do financiamento do BNDES fica evidente e patente.
Conclusões
• A maior parte da melhora nos preços dos leilões se deve à diminuição do Risco Brasil.
• Parte da melhora deve ser creditada a um maior otimismo, sobretudo quanto às perspectivas de financiamento futuro via BNDES e mercado de capitais.
• A falta de competitividade das Empresas Estatais é explicada, pelo menos em parte, por seu padrão de financiamento. – Restrições ao endividamento (superávit
primário).– Restrições no acesso ao recursos do BNDES.
Conclusões
• Esta limitação das Estatais cria uma barreira à entrada nos leilões, abrindo o mercado para outras empresas nacionais e estrangeiras.
• As Empresas Estatais desempenham papel de acirrar a competição e garantir a modicidade tarifária.
• As Empresas de engenharia (EPCs) nacionais e estrangeiras têm um diferencial competitivo: elas eliminam um (custo) intermediário, gerando uma eficiência econômica e fiscal.
Conclusões
• Investidores estrangeiros tendem a aceitar com maior naturalidade retornos menores, considerados baixos para níveis históricos brasileiros.
• Investidores estrangeiros têm acesso a financiamento de longo prazo barato em moeda estrangeira (que pode ser um diferencial, se usado com moderação). A Espanha tem linhas de financiamento para a internacionalização de suas empresas via ICO.
Obrigado!
Roberto Brandã[email protected]
Nivalde J. de Castro [email protected]
Gesel – Grupo de Estudos do Setor Elétrico.Instituto de Economia- UFRJwww.nuca.ie.ufrj.br/geselTel: 21 3873-5249