AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE EXECUÇÃODE...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE EXECUÇÃODE ESPESSURAS DE ARGAMASSA DEASSENTAMENTO E DESAPRUMO EM OBRAS DE ALVENARIA ESTRUTURAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FERNANDO TREMEA BRUINSMA Santa Maria, RS, Brasil 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE EXECUÇÃODE ESPESSURAS DE ARGAMASSA

DEASSENTAMENTO E DESAPRUMO EM OBRAS DE ALVENARIA ESTRUTURAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

FERNANDO TREMEA BRUINSMA

Santa Maria, RS, Brasil

2014

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AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE EXECUÇÃO DE ESPESSURAS DE ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO E DESAPRUMO EM OBRAS DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Fernando TremeaBruinsma

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria(UFSM-RS),

como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil

Orientador: Prof. Dr. Gihad Mohamad

Santa Maria, RS, Brasil

2014

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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

Departamento de Estruturas e Construção Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE EXECUÇÃO DE ESPESSURAS DE ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO E DESAPRUMO EM OBRAS

DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Elaborado por

Fernando TremeaBruinsma

como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

__________________________ Prof. Dr. Gihad Mohamad

(Presidente/Orientador)

_________________________ Prof. Dra. Larissa DegliuominiKirchhof

_________________________ Prof. Talles Augusto Araújo

Santa Maria, junho de 2014.

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Agradeço

A minha família,

Aos meus amigos,

Ao meu Orientador,

A coordenação do curso de Eng. Civil.

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RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Engenharia Civil

Universidade Federal de Santa Maria

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE EXECUÇÃO DE ESPESSURAS DE ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO E DESAPRUMO EM OBRAS

DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Autor: Fernando TremeaBruinsma Orientador: Prof. Dr. Gihad Mohamad

Data e local da defesa: Santa Maria, agosto de 2014.

A alvenaria estrutural é um sistema construtivo amplamente utilizado em

vários países, que possibilita a utilização das paredes como elementos resistentes.

Esses elementos devidamente aprumados e seus componentes em total acordo com

as normas, tanto blocos como espessuras de junta de argamassa, apresentam a

resistência e desempenho esperadas. Pretende-se estudar os parâmetros utilizados

na execução de juntas de argamassa de assentamento e desaprumo nas

edificações em Santa Maria-RS, comparando com os estabelecidos pelas normas

técnicas. Para esse efeito será considerado obras em estado de execução que não

estejam com qualquer tipo de revestimento nas paredes e que possibilitem os

levantamentos desejados. Foram realizadas as seguintes atividades: revisão

bibliográfica de publicações recentes sobre alvenaria estrutural, publicações que

remetem ao objeto de estudo; levantamento in loco das espessuras de argamassa e

observação dos métodos executivos utilizados; levantamento in loco do desaprumo

praticado nas edificações e uma análise sobre os parâmetros de execução utilizados

comparando com os limites estabelecidos por norma.Como conclusões gerais do

trabalho, destacam-se as seguintes: os desaprumos praticados estão de acordo com

os estabelecidos por norma; as espessuras das juntas de argamassa estão quase

que em sua totalidade em desacordo com a norma técnica; não há parâmetros de

execução entre as obras tanto para níveis de desaprumo e espessuras de junta de

argamassa; todas as edificações têm como critérios de execução o andamento físico

e controle de custos e não os estipulados pelas normas técnicas.

Palavras chave: Alvenaria estrutural. Desaprumo. Juntas de argamassa.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Vista do Coliseo de Roma.........................................................................13

Figura 2 – Ruínas de São Miguel Arcanjo..................................................................14

Figura 3 – Muro em se utilizou como argamassa uma mistura de barro com lascas

de pedra.....................................................................................................................14

Figura 4 -A esquerda Central Park Lapa e a direita Edifício Solar

dosAlcântaras.................................................................................................................

..15

Figura 5- Tipos de blocos cerâmicos..........................................................................18

Figura 6- Tipos de blocos de concreto mais utilizados no Brasil................................20

Figura 7- Modulação 15x30.......................................................................................25

Figura 8- Primeira fiada e segunda fiada...................................................................26

Figura 9- Exemplo de amarração direta.....................................................................27

Figura 10- Detalhes de amarração indireta................................................................28

Figura 11 – Encontros de paredes estruturais...........................................................29

Figura 12- Mapa das regiões administrativas de Santa Maria-RS.............................32

Figura 13- Prumo sendo utilizado em um edifício de quatro pavimentos...................33

Figura 14- Gráfico desaprumo nas fachadas.............................................................40

Figura 15- Fachada com maior desaprumo...............................................................41

Figura 16- Fachada com menor desaprumo..............................................................41

Figura 17- Gráfico desaprumo na fachada frontal.....................................................42

Figura 18- Análise entre as espessuras mínimas da obra A1...................................43

Figura 19- Análise entre as espessuras mínimas da obra A2...................................44

Figura 20- Análise entre as espessuras mínimas da obra A3...................................44

Figura 21- Análise entre as espessuras mínimas da obra A4...................................45

Figura 22- Espessura mínima fachada oeste da edificação A2................................46

Figura 23- Análise entre as espessuras máximas da obra A1..................................46

Figura 24- Análise entre as espessuras máximas da obra A2..................................47

Figura 25- Análise entre as espessuras máximas da obra A3..................................47

Figura 26- Análise entre as espessuras máximas da obra A4..................................48

Figura 27- Espessura máxima fachada oeste da edificação A1................................48

Figura 28- Análise entre as espessuras mínimas do primeiro pavimento..................49

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Figura 29- Análise entre as espessuras máximas do primeiro pavimento.................50

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Ensaios e requisitos dimensionais para blocos.................................19

Tabela 2- Planilha obra A1................................................................................35

Tabela 3- Planilha obra A2................................................................................36

Tabela 4- Planilha obra A3................................................................................37

Tabela 5- Planilha obra A4................................................................................38

Tabela 6- Planilha utilizada para coleta de dados a campo...............................55

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Custos relativos aproximados entre as estruturas convencionais e a

alvenaria estrutural.............................................................................................30

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SUMÁRIO

1.Introdução ........................................................................................................10

2.Objetivos ................................................................................11_Toc388863740

3.Revisão Bibliográfica........................................................................................12

4.Materiais e Métodos .........................................................................................30

5.Resultados e Discussões .................................................................................34

6.Conclusões.......................................................................................................51

7.Bibliografia........................................................................................................52

8.Anexos .............................................................................................................54

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1. INTRODUÇÃO

O Brasilpossui umenormedéficithabitacional configurando um problema social.

Alguns governantes tentam minimizar a situação da falta de moradiasfacilitando o

crédito imobiliário para construções de casas, mesmo assim a incapacidade de

associar o processo de oferta de moradias, infra-estrutura, serviços eequipamentos

urbanos suficientes, tem comprometido aqualidade de vida na maioria das grandes

cidades(Bonduki, 1994).

O grande surto da produção de moradiasatualmente é devido à impulsão dos

avanços tecnológicos daalvenaria estrutural,forte aumento de produtividade e

competitividade imposta pela indústria da construção civil a qual possui sofisticados

softwares e novas tecnologias e materiais que buscam abocanhar maior fatia do

comércio consumidor. Além disso, a mudança do perfil do consumidor proporcionou

certa pressão sobre a construção civil na busca por imóveis baratos, robustos e que

possua alto valor de rendimento imobiliário. No entanto, apesar dos avanços

tecnológicos edas mudanças do perfil do consumidor estes não ficam livres da falta

de qualidade nas edificações.

A qualidade estrutural da habitação também possui uma porcentagem

significativa de danos ao proprietário após a obra concluída. Apesar de toda a

evolução tecnológica dos materiais empregados na construção civila má utilização

de métodos construtivos pode originar umproduto final não confiável com falhas

estruturaise acabamentos de má qualidade.

Em meados dos anos 80 no Brasil, o sistema construtivo em alvenaria

estrutural volta a ser utilizado, principalmente em construções de baixa renda. Além

disso, o método é rapidamente difundido alcançando obras de maiorpadrão devido

sua grande produtividade. No início dos anos 90 impulsionado pelas pesquisas, a

alvenaria estrutural se consolida como um sistema construtivo viável para qualquer

tipo de obra.

Enquanto o processo construtivo em alvenaria estrutural se consolida como

uma técnica eficaz de construção tanto pela capacidade de racionalização dos

processos como pela redução de custos, ninguém pode reivindicar uma taxa alta de

sucesso em longo prazo. Portanto permanece uma grande necessidade de melhor

compreender a interação dos fatores de comportamento e durabilidade da estrutura

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como um todo. Espera-se que com a identificação dos parâmetros utilizados para a

execução das juntas de argamassa de assentamento e desaprumo nas obras em

Santa Maria, possamos identificar fatores contribuintes para melhor uniformidade

das juntas de argamassa dando maior monoliticidade a estrutura melhorando assim

sua resistência e menor desaprumo das paredes diminuindo o valor da

excentricidade das mesmas.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho é uma continuidade dos estudos que vem sendo

desenvolvidos na área de alvenaria estrutural no DECC (Departamento de

Estruturas e Construção Civil) da Universidade Federal de Santa Maria. Pretende-se

estudar os parâmetros de execução de juntas de argamassa e desaprumo nas obras

em Santa Maria - RS, fazendo uma análise comparativa entre os parâmetros

utilizados e os exigidos pela NBR 15812-2.

2.2 Objetivos Específicos

I. Estudar conceitos de alvenaria estrutural, a fim de fazer uma análise da

utilização da boa técnica nas obras;

II. Análise do desaprumo externonas obras visitadas conforme NBR

15812-2/2010;

III. Análise das espessuras de argamassa de assentamento nas obras

visitadas conforme NBR 15812-2/2010.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Conceito de Alvenaria Estrutural

A diferença entre o uso tradicional da alvenaria como estrutura e os

processos construtivos em alvenaria estrutural é que estes últimos são de

dimensionamento e construção racionais, enquanto que, na alvenaria convencional,

as estruturas são dimensionadas e construídas empiricamente.

Alvenaria estrutural é aquela alvenaria que suporta além de seu peso próprio,

cargas provenientes de pavimentos superiores ou ações laterais, dimensionada com

o auxilio de métodos de cálculos racionais (CAVALHEIRO, 2006).

Segundo Cavalheiro et al. (2006) alvenaria estrutural é oprocesso construtivo

pelo qual as paredes são elementos resistentes constituídospor blocos que são

unidos por juntas de argamassa capazes de resistirem a cargas superioresao seu

pesopróprio.

3.2 Histórico da Alvenaria Estrutural

A alvenaria estrutural é um dos mais antigos métodos construtivos, tendo sua

origem na Pré-História há aproximadamente 10000 anos na Mesopotâmia, onde

foram feitas primeiramente colméias com a forma de abóbodas para produção de

mel com tijolos já secos(queimados) ao sol. As primeiras alvenarias em pedra ou em

tijolo cerâmico apresentavam grandes espessuras devido ao desconhecimento das

características resistentes dos materiais e de procedimentos racionais de cálculo.

Com o passar dos anos o conhecimento adquirido pelos construtores de forma

empírica foi passado de geração para geração através da construção de obras

imponentes. Essas obras foram edificadas através dos anos como as pirâmides do

Egito, o farol de Alexandria, as pontes, os castelos e as catedrais da Idade Média.

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O coliseu como o principal exemplo dos anfiteatros romanos, com mais de

500 metros de diâmetro e 50 metros de altura, data do ano de 70 d.C., que eram

suportados por pórticos formados por pilares e arcos, redistribuindo as tensões e

alcançando grandes vãos.

Figura 1 – Vista do Coliseu de Roma. Fonte: Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Santa Cruz.

3.2.1 Histórico no Brasil

No Brasil colônia foram muito utilizados as paredes de taipa, que é uma

mistura de argila e fibras vegetais. Existem vários relatos de construções em

alvenaria de pedra logo após o descobrimento, especialmente na construção de

cercas, casarões, fortes e igrejas nas primeiras cidades brasileiras (PARSEKIAN,

2012).

As obras realizadas com cercas de pedra utilizavam método mais rudimentar,

que consistiam em apenas um empilhamento de pedras selecionadas sem nenhum

tipo de argamassa(PARSEKIAN, 2012).Já uma das obras mais marcantes na

alvenaria estrutural brasileira são os marcosdasRuínas de São Miguel Arcanjo

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localizados no município de São Miguel das Missões – RS, construído no século

XVIII de pedras grés lapidada, empilhadas e encunhadas com pedras menores

assentadas em barro(IPHAN, 2014).

O uso racional da alvenaria estrutural no Brasil ocorre partir da década de 60,

e apenas em 1977 é formada a primeira comissão para a criação de uma norma

técnica brasileira para projeto de alvenaria estrutural (PARSEKIAN, 2010).

O ano de 1966 é considerado o marco inicial da construção com o emprego

de bloco de concreto em alvenarias estruturais armadas, com a construção do

conjunto habitacional Central Park Lapa em São Paulo (Figura 4). Essa obra foi

realizada com paredes de espessura de 19 cm e possui quatro pavimentos. Hoje a

maior construção em alvenaria estrutural no Brasil é o edifício “Solar dos Alcântaras”

(Figura 4). Este foi edificado na década de 1990 em alvenaria estrutural armada com

paredes de blocos de concreto com 14 cm de espessura do primeiro ao ultimo andar

(SÁNCHEZ, 2013).

Figura 2- Ruínas de São Miguel Arcanjo em São Miguel das Missões - RS. Fonte: Evandro Bruinsma.

Figura 3 – Muro em que se utilizou como argamassa uma mistura de barro com lascas de pedra.Fonte: Evandro Bruinsma.

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Segundo Parsekian et al. (2012), as pesquisas em alvenaria estrutural com

blocos cerâmicos tiveram inicio no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de

São Paulo (IPT) no final da década de 1970, e na década de 1980, na Universidade

de São Paulo (USP). O sistema ganhou força no final da década de 1980 e inicio

dos anos 90, através das parcerias Universidade-empresa que permitiram a criação

de materiais e equipamentos nacionais para a produção de alvenaria (PARSEKIAN,

2010).

Atualmente no Brasil, o sistema construtivo em alvenaria sofregrande impulso,

ocasionado principalmente pelo déficit habitacional, estabilizaçãoda economia e

pelos agentes financeiros atuantes no mercado da construção civil. Com o mercado

em alta por edificações, ocorre aumento crescente do número de empresas

construtoras. Entretanto,com a disputa por mercado, há necessidade das empresas

diminuírem os custos, como a mão de obra, o melhor planejamento, o controle de

funcionários, a racionalização de materiais e agilidade na execução da obra. E,

buscando isso, as empresas optam pelo uso extensivo da alvenaria estrutural em

todas as regiões do Brasil (PARSEKIAN e SOARES, 2010; SÁNCHEZ, 2002).

3.3 Tipos de Alvenaria Estrutural

Segundo Parsekian et al. (2012) todas as edificações em alvenaria estrutural

até aqui eram realizadas em alvenaria não armada .Como a espessura das paredes

Figura 4 – À esquerda, Central Park Lapa e à direita, Edifício Solar dos Alcântaras, São Paulo. Fonte: Google Imagens.

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tem sidoprogressivamente reduzida e o tamanho dos vãos aumentado, foram

introduzidas as alvenarias armadas e protendidas.

3.3.1 Alvenaria não Armada

Alvenarias não armadas são utilizadas em geral em edifícios de baixa e média

altura e em regiões de baixa atividade sísmica como o caso do Brasil. A Alvenaria

não armada consiste em um processo simples de construir e que não usa nenhum

tipo de armadura a não ser as construtivas de cintas, vergas, contravergas eas

armaduras com a finalidade de prevenir problemas patológicos(fissuras,

concentração de tensões, etc.). Esse tipo de alvenaria baseia-se apenas na

resistência a compressão, limitando-se assim seu uso a esforços de tração.

(PARSEKIAN et al, 2012).

3.3.2 Alvenaria Armada

Os primeiros relatos de alvenaria armada foram por volta do ano de 1770, da

Igreja de SaintGeneviève em Paris. O uso extensivo da alvenaria armada começou

no século XX, principalmente em países com áreas de probabilidade de ações

sísmicas como Índia, Japão e Estados Unidos. Seu processo construtivo consiste no

uso de armaduras dispostas nas cavidades dos blocos que são posteriormente

preenchidas com micro-concreto(Graute), fazendo com que a alvenaria resista às

tensões de tração e cisalhamento e tenha melhor ductilidade. (PARSEKIAN et al,

2012).

3.3.3 Alvenaria Protendida

Uma das formas antigas de protensão era colocar uma estátua no topo de

uma coluna de alvenaria para aumentar sua resistência à ação lateral. Já o uso de

aço de alta resistência para protender alvenaria é uma técnica recente.

(PARSEKIANet al, 2012).

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3.4 Componentes Construtivos da Alvenaria Estrutural

Os componentes principais empregados na execução de edifícios em

alvenaria estrutural são os blocos(cerâmicos, de concreto e sílico-calcário), a

argamassa, o Graute e as armaduras(construtivas ou de cálculo). Esses

componentes devem apresentar características mínimas de desempenho como

ressalta Parsekian e Soares (2010), como conformidade com as especificações de

norma e propriedades que possibilitem o cumprimento de requisitos requeridos.

3.4.1 Bloco

O bloco constitui a unidade básica desse método construtivo, sendo que,

representa 80 a 95% do volume da alvenaria, assim consideramos como o mais

importante, pois comanda a resistência à compressão, estabilidade e precisão

dimensional, resistência ao fogo e à penetração de chuvas, isolamento

térmico,acústico e estética. (PARSEKIAN e SOARES, 2010).

3.4.1.1 Bloco cerâmico

O bloco cerâmico é fabricado a partir de uma mistura de argila, normalmente

moldada por extrusão. É o bloco mais utilizado na região sul do Brasil, onde a

argila(que é a matéria prima da unidade) é de boa qualidade e existem empresas

cerâmicas com avançada tecnologia.

A norma brasileira NBR 7171 de novembro de 1994, divide as unidades

cerâmicas em dois tipos: tijolo e bloco. O tijolo possui todas as faces plenas de

material, enquanto que o bloco apresenta furos prismáticos ou cilíndricos

perpendiculares às faces que os contêm, sendo os mesmos produzidos para serem

assentados com os furos na vertical. Para diferentes modulações são fabricados

blocos de diferentes formas: inteiro ou padrão, meio bloco, bloco de 45 cm, blocos

canaletas, blocos jota e compensador. A figura 5mostra alguns desses blocos.

(PARSEKIAN e SOARES, 2010). (ROMANet al, 1998).

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Imperfeições indesejáveis nos blocos podem acarretar prejuízos tanto no

assentamento quanto na resistência da obra, dentre elas as fissuras, trincas e

defeitos de fabricação.

Os blocos e os tijolos cerâmicos conforme a NBR 15270-2(ABNT, 2005),

devem apresentar certas propriedades como aspecto, dimensão, esquadro e

planeza:

• Aspecto: São as características visuais que dizem respeito ao ponto de

vista visual e estético. As falhas visualmente perceptíveis são as

quebras, trincamentos e deformações e que tem reflexos na

capacidade resistente da parede. Doponto de vista estético pode se

citar a integridade das paredes e dos vértices, a textura da superfície,

deformações e a cor.

• Dimensão: A uniformidade do tamanho do tijolo ou bloco influência na

qualidade e na trabalhabilidade do mesmo, quanto mais uniforme o

bloco melhor a sua qualidade e mais fácil torna-se o trabalho do

pedreiro. Cada vez mais há um aumento na preocupação com a

modulação da alvenaria como forma de eliminaro desperdício,

reduzindo assim custos e dando mais agilidade na execução.

• Esquadro e Planeza: A falta de controle adequado no processo de

produção dos blocos(extrusão, corte e cozimento), podem ocorrer

distorções nas faces dos mesmos, como desvios em relação ao

Figura 5 – Tipos de blocos cerâmicos. Fonte: Google

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esquadro e falta de planeza das faces das unidades, esses problemas

dificultam o assentamento, diminuem a produtividade e influem na

capacidade portante da parede.

Na Tabela 1podemos visualizar os ensaios e requisitos dimensionais para

blocos cerâmicos.

É a unidade mais utilizada no Brasil, confeccionada em diversas geometrias e

resistências a compressão. Os blocos de concreto começaram a entrar no mercado

brasileiro no início da década de 1970. E é obtido pela mistura de areia, pedra,

cimento, água e aditivos para aumentar a coesão da mistura ainda fresca. Sua

produção se da por vibrocompactação e posteriormente curados em câmara úmida

com algum tipo de aquecimento, a fim de acelerar a cura. (SÁNCHES, 2013).

Tabela 1– Ensaios e requisitos dimensionais para blocos (NBR 15270-2/2005). Fonte: Selecta Blocos, apud PARSEKIAN e SOARES, 2010.

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São fabricados vários tipos e tamanhos de blocos e devem ser utilizados de

acordo com a malha modular definida pelo projetista. Os tipos e tamanhos

fabricados seguem as modulações de 7,5, 10, 15 e 20 cm. A Figura 6 mostra os

tipos de blocos de concreto mais utilizados no Brasil. (ROMAN et al, 1998).

Da mesma forma que os blocos cerâmicos, fissuras, trincas e outros defeitos

nos blocos de concreto podem acarretar prejuízos, tanto no assentamento dos

blocos quanto na resistência da obra, sem contar que suas propriedades devem ser

bem definidas, como aspecto, dimensão, esquadro e planeza.(ROMAN et al, 1998).

3.4.1.2 Bloco Sílico-Calcário

São unidades compostas por uma mistura homogênea e adequadamente

proporcionada de cal e areia, sendo que esta constitui cerca de 90 a 95 % da

mistura seca. São produzidos por prensagem e cura por vapor a alta pressão.

(PARSEKIANet al, 2012). (ROMANet al, 1998).

O uso desse tipo de unidade não é muito comum nas obras de alvenaria, pois

sua produção está restrita a algumas regiões do Brasil. Sendo que o resultado gera

um produto compacto, com um bom acabamento superficial e pouco poroso.Os

blocos podem ser encontrados com várias resistências, mas, no entanto requerem o

uso da boa técnica, pois apresentam alta retração na secagem. (SÁNCHEZ, 2013).

Os blocos sílico-calcáricos possuem dimensões, resistência e produtividade

equivalentes aos blocos cerâmicos e de concreto.

Figura 6 – Tipos de blocos de concreto mais utilizados no Brasil. Fonte: PAVERTECH.

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3.4.2 Argamassa de Assentamento

A argamassa é composta por um ou mais aglomerantes(cimento e cal), por

um agregado miúdo(areia) e água suficiente para produzir uma mistura plástica de

boa trabalhabilidade. Nos últimos anos tem crescido a oferta de argamassas

industrializadas, feitas a base de cimento, areia e aditivos plastificantes. (ROMANet

al, 1998).

As primeiras argamassas eram usadas para preencher fissuras e permitir um

assentamento uniforme das unidades de alvenaria. Hoje a função da argamassa é

garantir que a parede tenha um comportamentomonolítico e sólido, sendo que sua

função principal é a de transmitir todas as ações verticais e horizontais atuantes de

forma a solidarizar as unidades, criando uma estrutura única. (SÁNCHEZ, 2013).

Hoje se fala em argamassas “fortes” ou “fracas”, dependendo da quantidade de cimento e cal,

sendo largamente reconhecido que as argamassas não devem ter resistência ou módulo de

deformação superior a necessária para determinada aplicação. Isso porque argamassas

“deformáveis” podem melhor acomodar pequenas deformações sem o aparecimento de

fissuras(PARSEKIANet al, 2012).

3.4.2.1 Argamassa no Estado Fresco

No estado fresco a propriedade mais importante da argamassa é a

trabalhabilidade, pois facilita o espalhamento sobre a superfície do bloco e permite

melhor penetração nos poros da unidade de alvenaria. Em geral se mede a

consistência da argamassa considerando que não a um método direto de medir a

trabalhabilidade. A consistência pode ser definida como a porcentagem de aumento

do diâmetro da base de um tronco de cone de argamassa depois de ser submetida a

30 impactos sucessivos em uma mesa padrão. (ROMANet al, 1998).

3.4.2.2 Argamassa no Estado Endurecido

As características da argamassa no estado endurecido que dizem respeito a

obras de alvenaria estrutural são: aderência, resistência a compressão, variação

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volumétrica e durabilidade. A aderência é uma das propriedades mais importantes

da argamassa no estado endurecido, uma vez que ela afeta a resistência da

alvenaria ao longo do tempo. A aderência não depende só da argamassa, mas

também das propriedades do bloco, da mão de obra, temperatura e umidade

relativa. (ROMANet al, 1998). (PARSEKIAN etal, 2012).

Outra importante propriedade da argamassa é a resistência a compressão. Esta propriedade

depende do tipo e da quantidade de cimento usada na mistura. Importa saber que uma

grande resistência à compressão da argamassa não é necessariamente o sinônimo de

melhor solução estrutural. Contudo ela não deve exceder a resistência dos tijolos ou dos

blocos da parede, de maneira que as fissuras que venham a ocorrer, devido a expansões

térmicas ou a outros movimentos da parede, ocorram na junta. (ROMANet al, 1998).

3.4.2.3 Espessura da Junta de Argamassa Horizontal da Primeira Fiada

Para o assentamento da primeira fiada de blocos admite-se como valor

mínimo de espessura da junta horizontal de argamassa de assentamento um valor

de 5 mm e o máximo não deve ultrapassar 20 mm. No caso da espessura da junta

de argamassa de assentamento dos blocos da primeira fiada ultrapasse o valor

máximo, deve ser feito um nivelamento com concreto com a mesma resistência da

laje (NBR 15812-2:2010).

3.4.2.4 Espessura da Junta de Argamassa Horizontais e Verticais

As juntas horizontais e verticais devem ter espessuras de 10 mm, exceto as

juntas horizontais da primeira fiada, conforme item 4.4.2.3. A variação máxima da

espessura das juntas de argamassa deve ser de ± 3 mm (NBR 15812-2:2010).

3.4.3 Graute

Para a alvenaria, o graute é uma mistura de cimento, agregado e água com

alto Slump para preencher os vazios dos blocos completamente e sem separação

dos seus componentes, aumentando a resistência e permitindo aderência da

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armadura. Pode ser lançado ou bombeado no local da obra. (ROMANet al, 1998).

(PARSEKIANet al, 2012).

A composição do graute é a mesma do concreto convencional, sendo que as

diferenças estão no tamanho do agregado graúdo (mais fino, 100% passando na

peneira 12,5 mm) e na relação água/cimento. (SÁNCHEZet al, 2013).

Conforme Parsekian e Soares (2010) o graute tem como principais funções:

• Aumentar a resistência em pontos localizados (verga,contraverga e coxim);

• Aumentar a resistência à compressão de uma parede;

• Unir eventuais armaduras às paredes.

3.4.4 Armaduras

O uso de armaduras na alvenaria estrutural tem a mesma finalidade no uso

em edificações de concreto armado, resistir a esforços de tração e cisalhamento,

para aumentar a resistência a cargas concentradas e para permitir ductilidade em

situações de ações excepcionais, como as sísmicas. Como uso adicional, as

armaduras podem ser utilizadas para conectar paredes a outros elementos distintos

e controle de fissuras causadas por deformações térmicas, de retração, cargas

concentradas ou outras. (PARSEKIAN et al, 2012)

3.5 Elementos Construtivos da Alvenaria Estrutural

Um elemento de alvenaria é composto por alguns ou todos os componentes

da alvenaria (blocos, argamassa, graute e armaduras). (PARSEKIAN et al, 2012).

Parsekian e Soares (2010) citam alguns elementos estruturais:

• Pilar: elemento cuja maior dimensão da seção transversal não excede cinco

vezes a menor dimensão.

• Parede: elemento cuja maior dimensão da seção transversal excede cinco

vezes a menor dimensão.

• Viga: elemento estrutural colocado sobre os vãos da abertura com a

finalidade exclusiva de resistir a carregamentos, usualmente composta de

uma ou mais canaletas grauteadas e armadas.

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• Contraverga: elemento estrutural colocado sob os vãos de abertura. Tem por

finalidade resistir a tensões concentradas nos cantos da abertura.

• Cinta: elemento estrutural apoiado continuamente na parede, ligado ou não as

lajes, vergas ou contravergas, usualmente composta de uma canaleta

grauteada e armada. Tem por finalidade distribuir cargas continuamente

apoiadas sobre a parede.

• Coxim: elemento estrutural não contínuo, apoiado na parede para distribuir

cargas concentradas, normalmente composto de canaletagrauteada ou peça

de concreto armado.

• Enrijecedor: elemento usualmente de alvenaria, vinculado a uma parede

estrutural com a finalidade de produzir um enrijecimento na direção

perpendicular ao seu plano.

• Diafragma: elemento estrutural laminar admitido como rígido em seu próprio

plano, sendo normalmente a laje de concreto armado que distribui as ações

horizontais para as paredes.

3.6 Modulação

A coordenação dimensional que se utiliza em edifícios de alvenaria estrutural

tem como base a modulação que é a técnica que permite relacionar as medidas

modulares da unidade por meio de um reticulado especial de referência.

(SÁNCHEZet al, 2013).

Na alvenaria estrutural existem varias famílias de blocos e o grande problema

é adequar a modulação ao projeto arquitetônico, já que a maioria dos projetos são

elaborados para o sistema estrutural em concreto armado e precisam ser adaptados

para alvenaria estrutural, sendo assim, altamente recomendável que o arquiteto

defina a família de blocos a ser utilizada como ponto de partida para o projeto.

(SÁNCHEZetal, 2013).

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Parsekian (2012) recomenda que sempre seja usado blocos modulares de

15x30 ou 15x40 e ressalta a importância de se trabalhar sempre em um conceito

modular, incluindo todos os seus subsistemas (esquadrias, portas, etc.). A figura 7 e

8 apresenta um exemplo de modulação 15x30.

Figura 7 – Modulação 15x30. Fonte: PARSEKIAN e SOARES, 2010.

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3.7 Amarração

No sistema construtivo em alvenaria estrutural é fundamental uma amarração

bem feita, a fim de garantir o monolitismo e o acréscimo de rigidez de uma

edificação. (SÁNCHEZet,al, 2013).

Figura 8 – Primeira fiada (em cima) e segunda fiada (em baixo). Fonte: PARSEKIAN e SOARES, 2010.

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Parsekian (2012, p. 57) diz que “é estritamente recomendado usar sempre a

amarração”.

Existem dois tipos de amarração como define a norma NBR 15961-1, a

amarração direta e a indireta. A amarração direta é a mais recomendada por

melhorar a distribuição de cargas verticais dando mais rigidez ao edifício, já a

amarração indireta não é recomendada. (PARSEKIAN, 2012).

Ramalho e Corrêa (2003 apudSÁNCHEZetal, 2013) define a amarração

direta e indireta como:

• Amarração direta: obtida por meio do intertravamento dos blocos, havendo

interposição entre os blocos de 50% na parede interceptada (figura 9).

• Amarração indireta: obtida por meio da colocação de armaduras nas juntas de

argamassa, com ângulos de 90º, podendo ser efetuada por meio de barras de

aço dobradas, armadura industrializada por meio de treliças ou grampos,

chapas ou telas metálicas com resistência comprovada (figura 10).

Figura 9 – Exemplo de amarração direta. Fonte: FURLAN JÚNIOR, 2004, apud SÁNCHEZ et al, 2013.

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Como na alvenaria estrutural existem varias famílias de blocos e como

conseqüência são utilizados blocos especiais para fazer amarrações em encontros

em T, L e Cruz. Na figura 11 temos um exemplo de amarração entre paredes

utilizando a família 40 de blocos de concreto, onde há necessidade do uso de blocos

especiais de 35 e 55 cm para a amarração em L, Cruz e T e do meio bloco para dar

o fechamento a modulação das amarrações. (SÁNCHEZetal, 2013).

Figura 10 – Detalhes de amarração indireta. Fonte: Catálogo Selecta Blocos, apud PARSEKIAN e SOARES, 2010.

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3.8 Prumo Nível e Alinhamento dos Elementos de Alvenaria

O desaprumo e desalinhamento máximo das paredes e pilares do

pavimento não podem superar 13 mm, além de atender aos limites de 5 mm a

cada 3 m e 10 mm a cada 6 m.Já para a descontinuidade vertical de pilares e

paredes de um andar para outro pode ser no máximo de 10 mm.

3.9 Vantagens Econômicas da Alvenaria Estrutural

Há inúmeras vantagens no uso do método construtivo em alvenaria estrutural,

onde a vantagem econômica é uma das principais devido a otimização de tarefas na

obra, devido ao uso de técnicas simplificadas de execução e fácil controle das

Figura 11 – Encontros de paredes estruturais em T, L e Cruz. Fonte: SÁNCHEZ et al, 2013.

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etapas de construção, sendo também que há muito pouco desperdício de

matérias.O sistema construtivo em alvenaria estrutural consegue flexibilizar as

etapas de planejamento na construção das obras, tornando assim o sistema

competitivo quando comparado ao concreto armado e o aço. O Quadro 1 apresenta

a porcentagem de redução nos custos de uma obra em alvenaria comparado com as

estruturas convencionais (WENDLER, 2005, apud SÁNCHEZ et al, 2013).

(SÁNCHEZet al, 2013).

O aumento da concorrência entre as empresas construtoras tem feito com

que se utilize cada vez mais o sistema construtivo em alvenaria estrutural devido a

melhoria que o sistema traz na produção e por empregar alternativas que levam a

racionalização do processo sem deixar de atender os critérios de desempenho e

custo. (SÁNCHEZ, 2013).

4. Materiais e Métodos

Inicialmente foi feita uma revisão bibliográfica sobre assuntos como

conceituações preliminares, tipos de alvenaria estrutural, características dos

materiais componentes e elementos da alvenaria, modulação, amarração e

vantagens econômicas da alvenaria estrutural.

A pesquisa é qualitativa, uma vez que os dados coletados que orientarão as

conclusões do estudo são qualitativos e o formato metodológico da

pesquisafoiodoEstudodeCaso, que é caracterizado pelo estudo de um ou de poucos

Quadro 1 – Custos relativos aproximados entre as estruturas convencionais e a alvenaria estrutural. Fonte: SÁNCHEZ et al, 2013.

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objetos,de maneira a permitir conhecimento amplo e detalhado dos objetos,

conforme os critérios e métodos a seguir.

Esse trabalho é um estudo realizado nas obras em alvenaria estrutural em

Santa Maria – RS, a fim de, avaliar os critérios usados para execução de espessuras

de argamassa e desaprumo externo tendo em vista à pretensão de comprovar a

qualidade e o uso de processos construtivos adequados na execução das obras.

A população de estudo desta pesquisa foi constituída por 6 (seis)

empreendimentos residenciais. Utilizando como critérios para a coleta de dados a

campo as seguintes características:

• Edificação há ser construída em alvenariaestruturalcomblocos cerâmicos ou

de concreto;

• Estar localizado em Santa Maria - RS;

• Estar em faze de conclusão e as paredes analisadas não podem possuir

nenhum tipo de reboco.

Como o numero de edificações avaliadas foi pequena, tendo em vista que as

características das obras são fator limitante para coleta de dados, a análise será

feita comparando todas as edificações verificando os parâmetros de execução

utilizados com os exigidos pelas normas técnicas brasileiras.

A escolha das obras foi feita tendo em vista a conveniência e o estagio da obra.

Assim, foram feitas 6 (seis) visitas em empreendimentos atendendo as várias

regiões de Santa Maria, e dentro desses empreendimentos foram selecionados 4

(quatro) edifícios para avaliação nesse trabalhopois nesses foi possível fazer o

levantamento em todas as paredes. Essas regiões são descritas a seguir pela Figura

12.

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Esses empreendimentos têm edifícios compostos por 02, 04 e 05 pavimentos.

Para manter o sigilo e a isenção da pesquisa, cada empreendimento recebeu o

nome de Residencial A1, para o primeiro, Residencial A2, para o segundo,

Residencial A3, para o terceiro e Residencial A4, para o último. Estes residenciais

ficam em varias regiões do município, conformemapa da Figura 12 acima:

• Na região Leste estão localizados os Residenciais A1 e A2;

• Na região Sul está localizado o Residencial A3;

• Na região Oeste está localizado o Residencial A4.

A pesquisa foi realizada em alguns casos em duas etapas, conforme o

andamento das obras analisadas a fim de fazer o levantamento em todos os

andares das edificações. Os principais itens observados foram:

a) A espessura da junta de argamassa horizontal, aferido através de um

paquímetro, a espessura mínima e a máxima;

b) Desaprumo externo, utilizando prumo adequado para edifícios de alturas

elevadas, observando a velocidade do vento para não haver interferência no

resultado dos dados;

Figura 12 – Mapa das regiões administrativas de Santa Maria. Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Maria – RS.

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c) Tipo de argamassa utilizada para o assentamento das unidades, resistência e

traço;

d) Cuidados com as unidades antes do assentamento;

e) Tipo de assentamento.

Os principais materiais utilizados para o levantamento e a coleta de dados além

de estar utilizando devidamente os EPI's foram os seguintes:

• Paquímetro

• Trena

• Régua

• Prumo artesanal de 3,5 kg (Figura 13)

• Maquina fotográfica

• Planilha (Anexo 1)

Figura 13 – Prumo sendo utilizado em um edifício de 4 pavimentos. Fonte: Acervo próprio.

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5. Resultados e Discussões

Após a realização de visitas nas edificações para coleta de dados e

entrevistas com os engenheiros e mestres de obras das quatro empresas visitadas é

possível analisar os dados obtidos para posterior identificação dos parâmetros

utilizados na execução das juntas de argamassa e desaprumo.

As inspeções realizadas em in loco demonstram queos indicadores

maisutilizados são os de andamento físico e os de controle de custoe não os que

levam em conta o uso da boa técnica.

Após a realização da coleta de dados em campo é possível identificar quais

parâmetros são mais utilizados por parte das construtoras estudadas. Nas Tabelas

2, 3, 4e 5 são apresentados os dados coletados a campo detalhadamente.

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Tabela 2 - Planilha Obra A1.

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Tabela 3 - Planilha Obra A2.

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Tabela 4 - Planilha Obra A3.

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Tabela 5 - Planilha Obra A4.

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Para descrever e avaliar os parâmetros utilizados pelas construtoras na

execução dos itens estudados utilizou-se ferramentas de elementos finitos (Excel),

com a elaboração devários modelos que traduzem os parâmetros utilizados na

execução das espessuras de argamassa e o desaprumo praticado nas obras

correlacionando com os limites exigidos pelas normas técnicas.

5.1 Análise do Desaprumo

Levando-se em consideração que a excentricidade causada pelo desaprumo

altera a distribuição dos esforços na estrutura, reduzindo significativamente a

resistência da alvenaria à compressão podendo afetar a sua estabilidade e levam a

um aumento da espessura do revestimento proporcional ao valor da excentricidade.

Percebe-se que paredes bem aprumadas é fator significativo para uma

estrutura se tornar mais sólida e estável. Nas quatro obras que foram estudadas,

todas apresentavam algum desaprumo sendo que de acordo com a NBR 15812-2

(2010) o limite para o mesmo em cada pavimento não pode superar 13 mm, além de

atender aos limites de 5 mm a cada 3m e 10 mm a cada 6 m.

Através daFigura 14, pode-se analisar os desaprumos de cada um dos

edifíciosvisitados. Para representação dos resultados neste, optou-se por comparar

através da orientação das paredesagrupando os valores referentesàs fachadas

norte, sul, leste e oeste com valores em milímetros. Já paraaFigura 17analisou-se

apenas o desaprumo nas fachadas frontais. Desta forma, podem-seobservar, em um

panorama geral, os parâmetros utilizados e o enquadramento nas normas técnicas.

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Através do gráfico acima identificamos a fachada sul como a que

apresentou os maiores índices de desaprumo apesar desses valores serem

aceitáveis, nota-se a influência da orientação das fachadas como fator relevante

na elevação dos níveis de desaprumo das obras analisadas. AFigura 15 mostra

a fachada sul da Edificação A2 que foi a que apresentou maior desaprumo e a

Figura 16apresentaa fachada oeste da edificação A4 que foi a que apresentou

menor desaprumo, sendo que a edificação A2 é uma obra construída com

recursos privados e a edificação A4 com recursos públicos atrelados a

fiscalização de profissionais vinculados a instituição pública que dão o aval para

posterior liberação do faturamento.

Figura 14 - Gráfico desaprumo nas fachadas

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Figura 15 - Fachada com maior desaprumo. Fonte: Acervo próprio.

Figura 16 - Fachada com menor desaprumo. Fonte: Acervo próprio.

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Na figura abaixo observamos o gráfico do desaprumo das fachadas frontais

das quatro edificações estudadas, podendo assim verificar que há inconstância nos

valores e que não há um parâmetro especifico nos níveis de desaprumo dessas

fachadas apesar de todas estarem abaixo dos limites estabelecidos pelas normas

técnicas.

5.2 Análise das Espessuras de Argamassa de Assentamento Horizontais

A espessura da junta de argamassa influencia diretamente na resistência da

parede, pois a mesma tem função de ligação entre as unidades (blocos)

possibilitando assim que a parede se torne um elemento único. Essa influência na

resistência do elemento parede está relacionada á resistência da argamassa e a

espessura da junta de ligação que é o objeto do nosso estudo, sendo que a

argamassa não pode ser mais resistente que o bloco, pois ela é responsável por

absorver deformações da alvenaria.

Figura 17 - Gráfico Desaprumo na fachada Frontal.

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Juntas muito espessas sofrem deformação maior, aumentando assim o

diferencial de deformação em relação ao bloco. Esse diferencial causa um

acréscimo de tensões no bloco diminuindo assim a resistência da alvenaria. Já para

juntas muito pequenas, ocorre uma diminuição na capacidade de absorver as

deformações da alvenaria ocorrendo fissurações na mesma e em casos mais críticos

pode ocorrer o esmagamento da junta podendo levar a obra a ruína. Considerando a

importância da junta de argamassa nas edificações em alvenaria estrutural, buscou-

se estudar os parâmetros utilizados nas obras em Santa Maria analisando as

espessuras e comparando graficamente as Edificações estudadas entre si.

Nas quatro obras que foram estudadas, quase em sua totalidade

apresentavam valores de espessura de juntas de argamassa discrepantes do que é

estipulado pela norma NBR 15812-2 (2010), tanto mínimas quanto máximas. No

levantamento a campo pode-se verificar espessuras mínimas de até 2 mm e

máximas de até 22,80 mm, sendo que a norma estipula um limite de 10 mm ± 3 mm.

Através dasFiguras 18, 19, 20 e 21pode-se analisar as espessuras

mínimas de cada uma das edificações, analisando-as por pavimento e por

orientação das fachadas de cada um dos edifícios individualmente.

Figura 18 - Análise entre as espessuras mínimas da obra A1.

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Figura 19 - Análise entre as espessuras mínimas da obra A2.

Figura 20 - Análise entre as espessuras mínimas da obra A3.

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Figura 21 - Análise entre as espessuras mínimas da obra A4.

Analisando as Figuras 18, 19, 20 e 21podemos verificar que o último

pavimento de todas as edificações tende a ter espessuras mínimas maiores que os

outros pavimentos e que as edificações A1 e A2 são as que apresentam maiores

discrepâncias com o estipulado pela norma NBR 15812-2 (2010), apresentando

espessuras mínimas de até 2 mm que foi o caso da fachada oeste da edificação

A2ilustrada na Figura 22, devemos considerar também que essas duas edificações

estão sendo feitas com recursos privados.

Para as edificações A3 e A4, nota-se que apesar de terem valores em certas

paredes inferiores aos estipulados pela norma, apresentam espessuras de junta de

argamassa mais aceitáveis em comparação as edificações A1 e A2.

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Através dasFiguras 23, 24, 25 e 26pode-se analisar as espessuras máximas

de cada uma das edificações, analisando-as por pavimento e por orientação das

fachadas de cada um dos edifícios individualmente.

Figura 23 - Análise entre as espessuras máximas da obra A1.

Figura 22 - Espessura mínima fachada oeste da

edificação A2. Fonte: acervo próprio.

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Figura 24 - Análise entre as espessuras máximas da obra A2.

Figura 25 - Análise entre as espessuras máximas da obra A3.

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Figura 26 - Análise entre as espessuras máximas da obra A4.

Analisando as Figuras 23, 24, 25 e 26podemos verificar que quase em sua

totalidade os valores estão fora dos estabelecidos em norma e que não a um

parâmetro de execução. Os valores chegam a estar em certos casos mais que o

dobro do estipulado em norma que é de 10 mm, como o caso da edificação A1,

fachada oeste do primeiro andar, conforme Figura 27.

Figura 27 -Espessura máxima fachada oeste da edificação A1. Fonte:

acervo próprio.

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A fim de buscar um parâmetro executivo das juntas de argamassa entre as

edificações, fez-se nova análise gráfica comparando dessa vez as espessuras

mínimas de todas as edificações do primeiro pavimento agrupando-as por fachadas

como podemos ver na Figura 28.

Como podemos ver no gráfico acima as edificações A3 e A4 estão de acordo

com os limites estabelecidos por norma e as Edificações A1 e A2 em desacordo,

apresentando espessuras muito pequenas.

Na Figura 29comparou-se as espessuras máximas do primeiro pavimento de

todas as edificações agrupando-as novamente pela orientação das fachadas.

Figura 28 - Análise entre as espessuras mínimas do primeiro pavimento de todas

as obras.

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Observamos no gráfico acima que não houve um parâmetro de execução

para as espessuras máximas.

Figura 29 - Análise entre as espessuras máximas do primeiro pavimento de todas as

obras.

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6. Conclusões

Os desaprumos nos pavimentos estão de acordo com a norma técnica atual,

indicando assim baixa excentricidade nos edifícios estudados. No entanto pode-se

identificar que a fachada sul das edificações possui índice de desaprumo maior que

as outras fachadas estudadas e que não se pode identificar um parâmetro de

execução em comum para fachadas frontais.

Para as espessuras de argamassa conclui-se que não se pode identificar um

parâmetro de execução vinculado a boa técnica e sim ao andamento físico da obra.

Para as edificações financiadas por órgãos públicos em que se faz necessária

fiscalização por um engenheiro para posterior liberação de faturamento, nota-se que

a execução das espessuras mínimas estão de acordo com a norma técnica NBR

15812-2 (2010), já as máximas em total desacordo.

Também se conclui que a falta de treinamento adequado e equipamentos de

execução para as equipes é eminente nos canteiros de obras, pois apenas na

edificação A3 era utilizado o escantilhão que é indispensável para o assentamento

adequado das unidades. Há falta de profissionais de engenharia em quase todas as

obras, exceto na A3 que era a única que possuía estagiário de Engenharia Civil e

Engenheiro Civil permanentes no canteiro de obras, enquanto as outras eram

geridas por mestre de obras.

Pode-se acrescentar, por fim, que não há um parâmetro de execução nas

edificações estudadas baseadas na norma técnica e sim se identificou como

parâmetro levado em consideração o andamento físico da obra e os custos de

execução.

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7. Bibliografia

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8. Anexos

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Tabela 6 – Planilha utilizada para coleta de dados a campo.

Anexo I

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