1 AUTORA: Prof. Silvina Maria Frias Fernandes Vamos iniciar o estudo dos sólidos geométricos 5º.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
ESTUDO E MONITORAMENTO DE UM TRECHO DE
PAVIMENTO ASFÁLTICO RESTAURADO A PARTIR
DE ENSAIOS DEFLETOMÉTRICOS E DE TEXTURA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Caciane Silvina Possani
Santa Maria, RS, Brasil
2014
1
ESTUDO E MONITORAMENTO DE UM TRECHO DE
PAVIMENTO ASFÁLTICO RESTAURADO A PARTIR DE
ENSAIOS DEFLETOMÉTRICOS E DE TEXTURA
Caciane Silvina Possani
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito geral para obtenção do grau de
Engenheira Civil.
Orientador: Prof. Dr. Luciano Pivoto Specht (UFSM)
Santa Maria, RS, Brasil
2014
2
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Curso de Engenharia Civil
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova o Trabalho de Conclusão de Curso
ESTUDO E MONITORAMENTO DE UM TRECHO DE PAVIMENTO
ASFÁLTICO RESTAURADO A PARTIR DE ENSAIOS
DEFLETOMÉTRICOS E DE TEXTURA
elaborado por
Caciane Silvina Possani
como requisito parcial para obtenção do grau de
Engenheira Civil
COMISSÃO EXAMINADORA:
_______________________________________ Prof. Dr. Luciano Pivoto Specht
(Presidente/Orientador)
_______________________________________ Prof. Dr. Deividi da Silva Pereira
(Avaliador, UFSM)
_______________________________________ Profa. Dra. Tatiana Cureau Cervo
(Avaliadora, UFSM)
Santa Maria, 08 de Julho de 2014
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelo apoio e incentivo à minha educação e pelos ensinamentos que
levarei para a vida toda. Agradeço por acreditarem e me ajudarem a alcançar os meus
objetivos. Obrigada!
Aos meus familiares, por toda a ajuda e prestatividade nos momentos em que precisei.
Um agradecimento especial aos meus primos Lucas e Verônica pelo convívio neste período
da minha graduação.
Ao Prof. Dr. Luciano Pivoto Specht, meu orientador neste trabalho, meu
agradecimento pela oportunidade de realizar este estudo, pela sua disponibilidade, pelos
ensinamentos e por sua compreensão e paciência.
À Profa. Dra. Tatiana Cervo e ao Prof. Dr. Deividi Pereira pela disponibilidade em
participar da banca de avaliação, pelos ensinamentos repassados dentro e fora da sala de aula
e pela amizade que sempre demonstraram.
Ao GEPPASV e todos os seus membros que apoiaram e ajudaram a realizar esta
pesquisa, em especial ao mestrando Maurício dos Santos que teve um papel importante na
realização deste trabalho.
Aos amigos e colegas pela amizade, carinho, ajuda e pelo companheirismo nos
momentos tristes e felizes. Um agradecimento especial às colegas e amigas Fernanda, Liege e
Tailene por me apoiarem nos momentos que precisei e por dividirem comigo os momentos de
alegrias.
A Universidade Federal de Santa Maria e seu corpo docente pela oportunidade de
realizar este curso de graduação.
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RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso
Curso de Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria
ESTUDO E MONITORAMENTO DE UM TRECHO DE
PAVIMENTO ASFÁLTICO RESTAURADO A PARTIR DE
ENSAIOS DEFLETOMÉTRICOS E DE TEXTURA AUTORA: CACIANE SILVINA POSSANI
ORIENTADOR: PROF. DR. LUCIANO PIVOTO SPECHT
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 08 de Julho de 2014.
As rodovias brasileiras constituem o principal meio de transporte utilizado, tanto para
transportar mercadorias como também na circulação de pessoas. No entanto, as suas
condições de trafegabilidade não condizem com a sua importância e estão aquém do esperado
por seus usuários. Desta forma os novos estudos referentes aos projetos e execuções de
pavimentos estão sendo empregados para melhorar as condições e o desempenho dos
pavimentos. Neste âmbito, este trabalho foi desenvolvido a fim de acompanhar o desempenho
e as condições estruturais e funcionais de um trecho de pavimento restaurado. Primeiramente
o pavimento foi submetido aos ensaios que determinam a solicitação que ele está sendo
submetido pelo tráfego, assim como os principais ensaios que determinam as suas condições
estruturais e funcionais. Em seguida, os dados tiveram suas devidas correções realizadas, e
assim foi possível efetuar a análise do desempenho que o pavimento apresentou no período
desta pesquisa. Os resultados demonstraram que a estrutura de um pavimento tem uma
crescente degradação por ser constantemente e progressivamente solicitado pelo tráfego de
veículos. As condições da superfície do revestimento também são suscetíveis ao intenso
tráfego que incide sobre o pavimento. Assim, conclui-se que acompanhar o desempenho em
pavimentos é necessário para manter as suas condições adequadas ao uso oferecendo conforto
e segurança aos usuários.
Palavras chave: Pavimento Asfáltico. Monitoramento de Pavimento. Condição Estrutural.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 7
1.1 Objetivo ............................................................................................................................ 9
1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 9
1.1.2 Objetivos específicos................................................................................................ 10
1.2 Sistematização ............................................................................................................... 10
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................. 12
2.1 Pavimentação asfáltica ................................................................................................. 12
2.2 Restauração de pavimentos asfálticos ......................................................................... 14
2.3 Conservação de pavimentos asfálticos ........................................................................ 17
2.4 Monitoramento de pavimentos asfálticos ................................................................... 19
3 METODOLOGIA ....................................................................................... 24
3.1 Planejamento da pesquisa ............................................................................................ 24
3.2 Informações sobre o trecho de pavimento asfáltico ................................................... 24
3.3 Solicitação do tráfego .................................................................................................... 26
3.4 Medida de deflexão com a Viga Benkelman ............................................................... 29
3.5 Medida de deflexão com o FWD .................................................................................. 31
3.6 Determinação da micro-textura com o Pêndulo Britânico ....................................... 33
3.7 Determinação da macro-textura pelo método da Mancha de Areia ........................ 35
4 RESULTADOS ........................................................................................... 38
4.1 Solicitação do tráfego .................................................................................................... 38
4.2 Medida de deflexão com a Viga Benkelman ............................................................... 40
4.3 Medida de deflexão com o FWD .................................................................................. 44
4.4 Correlação entre a Viga Benkelman e o FWD ........................................................... 46
4.5 Determinação da micro e macro-textura .................................................................... 48
6
5 CONCLUSÕES ........................................................................................... 57
5.1 Considerações Finais .................................................................................................... 57
5.2 Sugestões de trabalhos futuros .................................................................................... 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 59
7
1 INTRODUÇÃO
Com a evolução dos meios de transporte, a humanidade ganhou mobilidade e ampliou
suas possibilidades de interação. A partir daí, o homem teve que aprimorar a maneira com que
transportava pessoas e mercadorias para atender às necessidades que foram sendo impostas. A
expansão do conhecimento auxiliou na construção de meios de transportes mais rápidos e
seguros para que se chegasse cada vez mais longe. O transporte terrestre, por ser muito
utilizado, tornou-se muito importante para as sociedades, deste modo buscou-se aplicar às
estradas materiais que as tornassem mais resistentes e duráveis.
As estradas foram construídas e pavimentadas para facilitar a passagem dos veículos
com rodas para os mais diversos fins, tais como o transporte de mercadorias e pessoas. No
Brasil, as rodovias são o principal meio de transporte, tal importância foi adquirida pela
priorização que o governo ofereceu a este tipo de transporte em detrimento aos outros. No
entanto, a malha rodoviária brasileira não existe em quantidade suficiente de suprir as
necessidades do país. E grande parte das rodovias que são pavimentadas está danificada pela
falta de manutenção adequada. Além disso, em algumas regiões, apesar de possuírem grande
demanda, as estradas não são pavimentadas e seu estado de conservação é precário,
principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país.
O pavimento, segundo Bernucci et al (2006), é uma estrutura de múltiplas camadas de
espessuras finitas, construídas sobre a superfície final de terraplenagem, destinada técnica e
economicamente a resistir aos esforços oriundos do tráfego de veículos e do clima, e a
propiciar aos usuários melhoria nas condições de rolamento, com conforto, economia e
segurança. E, os pavimentos asfálticos são aqueles em que o revestimento é composto por
uma mistura constituída basicamente de agregados e ligantes asfálicos. É formado por quatro
camadas principais: revestimento asfáltico, base, sub-base e reforço do subleito.
Segundo o Manual de Pavimentação do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transporte (DNIT), de 2006, a condição estrutural de um pavimento pode ser definida como a
capacidade apresentada pelas camadas de solos e de materiais granulares de resistir às
deformações elásticas e plásticas induzidas pelas cargas de tráfego; e a integridade estrutural
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das camadas asfálticas e cimentadas, relacionadas ao grau e extensão do fissuramento
existente.
O estado geral de conservação das rodovias brasileiras é precário, principalmente
devido ao elevado trânsito de veículos de carga, que geralmente trafegam com carga superior
a permitida, e à falta de fiscalização não consegue impedir que isso ocorra. Outro fator que
colabora para a degradação dos pavimentos é o clima, em algumas regiões pelo excesso de
chuva, em outras pela seca, e também a grande variação de temperatura que ocorre entre o
verão e o inverno, principalmente na região Sul do país.
O crescimento da frota de veículos no Brasil não é acompanhado pelo aumento da
malha rodoviária, o que se percebe na Figura 1, tornando este meio de transporte insuficiente
e prejudicando a conservação adequada das vias existentes. Apesar de as rodovias
apresentarem grande importância para a economia e o crescimento do país, por ser um meio
muito utilizado para o transporte de mercadorias e de pessoas, os investimentos neste setor
não suprem as necessidades.
Figura 1 – Congestionamento
Fonte: Google Imagens
9
Devido à necessidade de aumentar e melhorar as condições das rodovias surge o dever
da realização de estudos e pesquisas nesta área para se obter uma melhoria no padrão deste
setor. Quando um pavimento supera sua vida útil de projeto e as suas condições de uso não
são mais atendidas, se faz necessário um conjunto de operações destinado a restabelecer o
perfeito funcionamento do pavimento. Assim, seguindo as orientações do Manual de
Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006), deve-se escolher a alternativa de
restauração mais adequada a fim de conferir ao pavimento a capacidade estrutural compatível
ao tráfego projetado.
Após a execução de uma obra de pavimentação, seja ela de implantação ou
restauração, surge a necessidade de acompanhar o seu desempenho ao longo do tempo. O
monitoramento do pavimento é feito através de ensaios estabelecidos pelos órgãos
responsáveis. Isto é essencial para que correções possam ser efetuadas nos próximos projetos.
Deste modo, este trabalho objetiva a realizar o estudo de um monitoramento após a
restauração de um trecho de pavimento asfáltico para a obtenção de dados que possam
colaborar no desenvolvimento das pesquisas em pavimentação.
1.1 Objetivo
1.1.1 Objetivo geral
O objetivo geral da pesquisa é a realização do monitoramento de um trecho de
pavimento asfáltico restaurado através da avaliação das condições funcionais e estruturais do
pavimento.
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1.1.2 Objetivos específicos
O estudo deste trabalho se propõe a realizar os seguintes objetivos específicos:
- Realizar os ensaios que determinam as condições funcionais e estruturais do
pavimento.
- Realizar a contagem do tráfego do trecho para a determinação da solicitação que o
pavimento encontra-se submetido.
- Analisar os resultados obtidos através dos ensaios por meio da geração de tabelas e
gráficos.
- Realizar a correlação existente entre os ensaios defletométricos com a Viga
Benkelman (VB) e com o Falling Weight Deflectometer (FWD).
1.2 Sistematização
Este trabalho encontra-se organizado em cinco capítulos. O capítulo em questão
menciona a introdução ao assunto que será discutido, de forma a situar o presente estudo na
pavimentação e salientar a importância desta pesquisa para melhorar e atender as
necessidades crescentes do país em relação às rodovias pavimentadas.
O segundo capítulo mostra a revisão da literatura a respeito de todos os conceitos e
normas sobre pavimentação asfáltica, restauração, manutenção e monitoramento de
pavimentos de forma a obter embasamentos consistentes para o trabalho a seguir.
O terceiro capítulo descreve a metodologia utilizada no decorrer da pesquisa,
explanando sobre todas as fases do trabalho desde os ensaios realizados no trecho de
pavimento em estudo até a avaliação dos resultados obtidos.
O quarto capítulo apresenta os resultados dos ensaios realizados e os gráficos gerados
ao longo da pesquisa, analisando e comparando os resultados no decorrer do estudo e
discutindo se estes estão no padrão que se é esperado.
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O quinto e último capítulo expõe as conclusões e considerações finais a respeito da
pesquisa, juntamente com sugestões para a sua continuidade futuramente.
Para encerrar o trabalho são apresentadas as referências bibliográficas que foram
utilizadas para consulta durante o desenvolvimento da pesquisa.
12
2 REVISÃO DA LITERATURA
.
2.1 Pavimentação asfáltica
O pavimento é, segundo definição de Bernucci et al (2006), uma estrutura composta
por camadas de espessuras finitas, construídas sobre a superfície final de terraplenagem, com
a finalidade técnica e econômica de resistir aos esforços devidos do tráfego de veículos e do
clima, e a proporcionar aos usuários boas condições de rolamento, com conforto, economia e
segurança. Para garantir às exigências estabelecidas ao pavimento, este deve permitir que o
deslocamento do veículo seja suave, não causar níveis altos de ruídos, ter uma estrutura capaz
de resistir a frota de veículos e ter uma drenagem eficiente para evitar possíveis derrapagens.
O tipo de pavimento rodoviário mais empregado nas estradas brasileiras é o pavimento
asfáltido, se atribui a este fato a importância de realizar pesquisas e estudos para melhorar o
desempenho na pavimentação asfáltica. De acordo com Bernucci et al (2006), os pavimentos
asfálticos possuem seu revestimento composto por uma mistura constituída de agregados e
ligantes asfálticos, e são formados por quatro camadas principais, separadas em revestimento
asfáltico, base, sub-base e reforço do subleito. As camadas em que é divido o pavimento têm
o objetivo de distribuir as tensões provenientes dos veículos para as camadas inferiores,
diminuindo-as gradativamente e protegendo o subleito.
As camadas do pavimento, apresentadas na Figura 2, possuem funções específicas, de
modo a garantir o desempenho adequado da via. O subleito compreende o terreno original, ou
seja, a estrada após serem concluídas as etapas de corte e aterro, onde serão sobrepostas as
demais camadas do pavimento. Em pavimentos muito espessos, o reforço do subleito é
executado para diminuir a espessura da sub-base. A sub-base é a camada corretiva do subleito
ou complementar à base. A base possui o objetivo de resistir aos esforços, e em conseqüência
disso aliviar as tensões no revestimento e distribuí-las às camadas inferiores. O revestimento
asfáltico, por ser a camada superior do pavimento, destina-se a sofrer diretamente as
solicitações do tráfego e transmitir as tensões de maneira moderada às demais camadas
inferiores; por ter contato direto com os veículos deve atender as condições de conforto e
segurança.
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Figura 2 – Esquema de seção transversal do pavimento
Fonte: Manual de Pavimentação do DNIT (2006)
Para atender aos requisitos do projeto, a estrutura do pavimento deve ser composta por
camadas que suportem e distribuam as solicitações que a elas forem impostas, de modo a
garantir o desempenho esperado no período de tempo designado. Todas as camadas, citadas
anteriormente, têm sua grande importância estrutural, no entanto, dependendo do tráfego,
algumas delas podem ser desconsideradas.
De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), de 2013, um dos
problemas existentes no Brasil, com relação à estrutura dos pavimentos asfálticos, deve-se ao
não atendimento das exigências técnicas, no que se refere à capacidade de suporte das
camadas do pavimento e na qualidade dos materiais empregados. As falhas construtivas
colaboram para um processo de deformação mais acelerado, resultando em maiores custos
com a restauração desses pavimentos.
O Manual de Gerência de Pavimentos do DNIT (2011) considera que o pavimento
deve ser projetado para durar determinado período de tempo. Durante cada ciclo de vida, o
pavimento começa com uma condição ótima até atingir uma condição ruim. O decréscimo do
índice de serventia do pavimento ao passar do tempo é o que caracteriza a sua degradação.
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2.2 Restauração de pavimentos asfálticos
O pavimento, segundo recomendações da CNT (2013), deve conter características que
atendam à segurança, economia e ao conforto dos usuários. As condições da superfície do
pavimento são fatores que podem gerar riscos de acidentes aos veículos, caso não estejam
adequadas ao uso. Devido a isso, quando o pavimento atinge um grau de degradação que
torna seu desempenho inadequado, é necessário realizar atividades de restauração para
melhorar a sua estrutura e funcionalidade.
A restauração de um pavimento, definida por Gonçalves (1999), é o processo de se
restabelecer as condições funcionais por meio de ações que sejam técnica e economicamente
adequadas, isso considera que a durabilidade e o desempenho da solução aplicada atendam os
requisitos mínimos, além de propiciarem o retorno do investimento esperado.
Os principais interessados com o estado de conservação da superfície dos pavimentos
são os usuários, que percebem os defeitos e irregularidades da pista, pois isso afeta o seu
conforto e também prejudica o veículo. Essas conseqüências geram em maiores custos no
transporte, devido a gastos maiores na manutenção dos veículos. Portanto, manter as vias em
bom estado, através de medidas restauradoras, colabora no desenvolvimento do setor de
transporte.
Segundo Bernucci et al (2006), para definir uma alternativa de restauração
fundamental que aja um estudo das condições do pavimento existente. Este estudo é composto
por uma avaliação funcional e uma avaliação estrutural. As avaliações geram dados
importantes para a análise das condições do pavimento e contribuem para a escolha da melhor
alternativa de restauração. Portanto, para se corrigir um defeito, é necessário se conhecer as
causas que estão levando ao seu aparecimento.
São inúmeras as causas que geram a degradação dos pavimentos asfálticos, uma delas
é o tráfego de veículos de carga, uma vez que as deformações causadas no pavimento por
esses veículos são grandes. Outro fator que contribui para a deterioração do pavimento é o
clima, pois a água da chuva pode provocar a queda da capacidade de suporte, e a estrutura ao
ser solicitada sofre maiores deslocamentos, causando danos ao pavimento. Se o pavimento
contiver defeitos como trincas em sua superfície, a água pode infiltrar para a estrutura,
agravando o problema. A temperatura também colabora para a aceleração da degradação do
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pavimento, quando há temperaturas elevadas o revestimento asfáltico sofre maiores
deformações, e quando as temperaturas são baixas podem ocorrer trincamentos por retração.
O Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006) considera que a
escolha da provável medida de restauração deve levar em conta o tipo, a intensidade e a
severidade dos defeitos existentes na superfície do pavimento. A restauração é considerada
mais como uma arte do que uma ciência, embora existam alguns métodos para reforço de
pavimentos que possuem equações e modelos para calcular as espessuras de recapeamento
que devem ser utilizadas em projetos de restauração. Para isso, é necessário seguir uma série
de procedimentos analíticos e critérios de engenharia para encontrar a medida mais adequada
de restauração.
Bernucci et al (2006) cita algumas medidas de restauração de pavimentos asfálticos
que podem ser tomadas dependendo dos tipos de problemas existentes no pavimento. Quando
são encontrados apenas defeitos funcionais superficiais, sem a existência de problemas
estruturais, podem ser empregados geralmente os tipos de revestimentos citados a seguir, e
estes poderão ou não ser antecedidos por uma remoção através de fresagem de parte do
revestimento antigo. São eles: lama asfáltica (selagem de trincas e rejuvenescimento);
tratamento superficial simples ou duplo (selagem de trincas e restauração da aderência
superficial); microrrevestimento asfáltico a frio ou a quente (selagem de trincas e restauração
da aderência superficial quando existe condição de ação abrasiva acentuada do tráfego);
concreto asfáltico (quando o defeito funcional principal é a irregularidade elevada); e mistura
do tipo camada porosa de atrito ou misturas descontínuas (para melhorar a condição de atrito
e o escoamento de água superficial).
Quando o pavimento asfáltico estiver comprometido estruturalmente ou se perceba
um aumento considerável, além do esperado, de tráfego, as opções de restauração ou reforço,
segundo Bernucci et al (2006), são aquelas que restabelecem ou aumentem a capacidade
estrutural do pavimento através de implemento de novas camadas à estrutura e/ou o
tratamento das camadas existentes. Os tipos de revestimentos geralmente empregados nesses
casos são o concreto asfáltico, como camada de rolamento para resistir às deformações, as
misturas descontínuas e o pré-misturado a quente. A remoção por fresagem da camada antiga
é recomendada quando há possibilidade de propagação de trincas existentes no revestimento
antigo para a nova camada, retardando a sua ocorrência. A reflexão de trincas é um fator que
deve ser considerado no projeto de restauração em pavimentos com problemas estruturais,
devendo-se tomar medidas que minimizem os seus efeitos.
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De acordo com o Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006), a
recuperação do pavimento asfáltico através de sua restauração é um processo que deve ser
aplicado quando um pavimento estiver apresentando falhas nos seus índices de desempenho.
Essa restauração deve ser executada com base em um projeto elaborado conforme as
“Diretrizes Básicas, para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários”, no qual será
definida a solução adequada considerando-se as condições do pavimento existente e os
parâmetros esperados para atender o tráfego atual do pavimento.
O Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006) também cita as
principais etapas no processo de restauração. Sendo a primeira fase desse processo a definição
do problema, onde devem ser coletadas informações sobre a condição do pavimento para
compreender de maneira correta o problema. A segunda fase é a identificação das soluções
para o problema, e a escolha das soluções que melhor atendam as condições do projeto e
sejam as mais viáveis economicamente. As alternativas escolhidas devem ser estudadas e pré-
dimensionadas para que se possa estimar o custo de cada uma. A terceira fase é a escolha da
solução mais adequada, esse processo requer um julgamento técnico de engenharia, pois não
há um método exato para a seleção da melhor alternativa. Após a escolha do método de
restauração são feitos os planos detalhados de projeto, especificações e orçamentos. A última
fase indica a necessidade do acompanhamento do desempenho do pavimento, isto é essencial
para que nos futuros projetos as deficiências sejam corrigidas.
Segundo Gonçalves (1999), existe um momento crítico de degradação de um
pavimento que, se não forem tomadas medidas reparatórias adequadas, poderá ocorrer a perda
total do patrimônio que é representado pelo pavimento. Se isso ocorrer, não se tornam mais
viáveis economicamente o aproveitamento da estrutura existente e sua recuperação por meio
de processos convencionais de restauração, sendo necessário reconstruir o pavimento
completamente. Esta é a pior situação que pode ocorrer, portanto manter as condições das vias
pavimentadas através de medidas reparatórias significa uma economia em termos de custo
total no setor de transporte.
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2.3 Conservação de pavimentos asfálticos
A manutenção de uma estrutura de pavimento asfáltico deve iniciar no momento de
sua implantação e abertura ao tráfego, e cabe ao órgão responsável por sua gestão identificar e
efetuar as atividades necessárias para que o tráfego flua de forma segura, rápida, confortável e
econômica. As práticas de conservação em pavimentos são importantíssimas e visam manter
as condições adequadas da via, conforme as considerações de Gonçalves (1999).
Os defeitos e as irregularidades na superfície do pavimento impactam diretamente nos
custos operacionais de transporte, pois aumentam os gastos de manutenção dos veículos, o
consumo de combustível e o tempo de viagem. No entanto, de acordo com Gonçalves (1999),
os administradores de redes pavimentadas ainda encontram dificuldades referentes ao
planejamento, programação e identificação das estratégias de manutenção possíveis de serem
implementadas durante o ciclo de vida dos pavimentos. Portanto, é fundamental a existência
de um planejamento adequado de manutenção, que assegure a capacidade do pavimento e seja
compatível com as restrições orçamentárias existentes.
As estruturas dos pavimentos, segundo o que considera o Manual de Restauração de
Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006), durariam para sempre, se mantidas as condições em
que foram construídas. Porém, na prática isso não ocorre, pois a conservação ajuda apenas a
rodovia a desempenhar o seu papel, de maneira satisfatória, no período de tempo para o qual
foi projetada. A conservação é uma medida que deve ser constante e não ser considerada
como um recurso temporário, isso evita a necessidade de uma restauração onerosa. Nesse
contexto, a conservação das rodovias tem por finalidades prolongar a vida útil das rodovias,
reduzir o custo de operação dos veículos, permitir que as vias se mantenham abertas ao
tráfego e propiciar a segurança aos serviços de transporte. A primeira finalidade citada esta
mais relacionada aos interesses dos órgãos rodoviários, a segunda tem maior importância para
os usuários e a terceira interessa aos habitantes da região atendida pela rodovia.
A definição de conservação de pavimentos, dada pelo Manual de Restauração de
Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006), consiste em um conjunto de serviços destinados à
preservação do pavimento para manter as condições originais de sua construção ou de sua
restauração. As intervenções de conservação utilizadas visam manter as condições funcionais
e estruturais do pavimento a fim de protegê-lo contra a sua degradação.
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Bernucci et al (2006) considera que a manutenção de um pavimento asfáltico não deve
ser realizada somente com a finalidade de efetuar correções quando o pavimento encontra-se
no seu limite de aceitabilidade, e aconselha que é necessário um plano estratégico de
intervenções periódicas, envolvendo atividades preventivas que garantam o retardamento da
degradação do pavimento. Os serviços periódicos de conservação devem ser realizados em
locais específicos e envolver técnicas reparadoras que compreendem atividades que devem se
repetir em intervalos de tempo variáveis segundo o clima, o tipo de terreno, o tráfego, a
qualidade inicial da construção e o tipo de revestimento.
A ausência de serviços de conservação adequada implica em elevados custos com a
restauração dos pavimentos e requerem soluções técnicas robustas e onerosas para reverterem
a qualidade das rodovias. Os graves problemas existentes nos pavimentos, devido à má
conservação, prejudicam o desenvolvimento das rodovias e, consequentemente, o meio de
transporte do país, tornando insuficiente a infraestrutura neste setor. A má condição do
revestimento dos pavimentos também é um fator que ocasiona a dificuldade em manter a
trajetória dos veículos, aumentando o risco da ocorrência de acidentes.
Um estudo realizado pela CNT em 2013, que avaliou 96.714 km de rodovias
brasileiras, verificou que 43,0%, ou seja, 41.612 km da extensão pesquisada apresentam a
condição da superfície de pavimento desgastada. Isso significa que existe uma deficiência
muito grande em relação ao controle de conservação dos pavimentos e uma necessidade de
que medidas sejam tomadas para reverter esta situação e melhorar a infraestrutura no setor de
transporte rodoviário no país.
Para Gonçalves (1999), o que prejudica a manutenção dos pavimentos no Brasil é a
existência de uma grande distância entre os responsáveis técnicos pelo processo e os
administradores das verbas públicas. Esse fato resulta em um acréscimo nas dificuldades de
entendimento de que a conservação dos pavimentos não significa apenas custos, mas que
podem ser muito rentáveis à sociedade, pois significa a preservação de um patrimônio
publico. Portanto, é necessário mostrar aos responsáveis e à sociedade a importância da
manutenção dos pavimentos, e também as conseqüências adversas da não realização da
mesma.
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2.4 Monitoramento de pavimentos asfálticos
Conforme indica Gonçalves (1999), a elaboração de um diagnóstico sobre as
condições funcionais e estruturais em que se encontra um determinado pavimento asfáltico
envolve o estudo dos agentes de degradação que atuam na estrutura ao longo do tempo. Para a
obtenção de um diagnóstico eficiente devem-se considerar todas as informações coletadas e
os resultados das avaliações realizadas no pavimento, de modo a realizar a comparação dos
dados encontrados e verificar o desempenho que o pavimento vem apresentando. O
diagnóstico completo deve incluir modelos de desempenho, de um determinado pavimento, a
fim de se obter estimativas quanto a sua degradação e permitir que o dimensionamento de sua
possível restauração seja mais confiável.
A avaliação das condições dos pavimentos em trechos monitorados visa à obtenção de
dados, informações e parâmetros que permitam o conhecimento dos problemas e a verificação
da degradação que o pavimento vem apresentando no decorrer do tempo. O monitoramento de
pavimentos torna possível a estimativa de tempo restante que a estrutura apresenta e também
detecta as suas necessidades de manutenção.
2.4.1 Avaliação funcional de pavimentos asfalticos
A avaliação funcional do pavimento asfáltico esta relacionada à observação de sua
superfície, de modo a verificar como o estado em que ela se encontra influencia no conforto
ao rolamento, na segurança e na economia das viagens dos usuários. Segundo Bernucci et al
(2006), os levantamentos que devem ser realizados para avaliar as condições superficiais de
um pavimento compreendem a análise de defeitos, irregularidades e textura da superfície do
revestimento asfáltico. Uma propriedade fundamental do pavimento, no que se refere à
segurança, é a capacidade que ele apresenta de proporcionar uma aderência adequada entre os
pneus do veículo e sua superfície, principalmente quando a pista esta molhada.
Bernucci et al (2006) cita a micro-textura e a macro-textura como sendo os aspectos
principais, que devem ser avaliados, para a obtenção dos índices de textura da superfície de
20
um revestimento asfáltico. A micro-textura depende da superfície e aspereza dos agregados e
é uma característica importante para o rompimento da película de água, o que promove o
melhor contato pneu-pavimento. O equipamento utilizado para avaliar a micro-textura é o
Pêndulo Britânico, ele determina o grau de escorregamento, ou grau de aderência, presente na
superfície do pavimento. A macro-textura depende da rugosidade formada pelo conjunto
agregados e mastique e é uma característica da superfície quanto a sua capacidade de drenar a
água confinada entre o pneu e o pavimento. O ensaio da Mancha de Areia é o utilizado para
avaliar a macro-textura, ele quantifica a densidade, ou seja, a distância média entre os
agregados presentes na superfície do pavimento. Na Figura 3 estão esquematizadas as micro e
macro-textura.
Figura 3 – Micro e macro-textura na superfície de um revestimento asfáltico
Fonte: Bernucci et al (2006)
2.4.2 Avaliação estrutural de pavimentos asfálticos
A avaliação estrutural, segundo Bernucci et al (2006), de um pavimento asfáltico está
ligada ao conceito de capacidade de carga dimensionada no projeto. A repetição das cargas
gera defeitos estruturais que estão associados às deformações elásticas e plásticas. As
deformações elásticas são avaliadas por equipamentos defletométricos, que medem
deslocamentos verticais, deflexões, do pavimento. Estas deformações são responsáveis pelo
surgimento dos trincamentos ao longo do tempo de serviço do pavimento e podem levar à
fadiga do revestimento. Já as deformações plásticas são acumulativas durante o tempo de
21
serviço do pavimento e resultam em defeitos do tipo afundamentos localizado ou nas trilhas
de roda.
O principal parâmetro a ser considerado em uma avaliação estrutural de um pavimento
asfáltico, de acordo com Bernucci et al (2006), é a medida de deflexão, pois por meio dela é
possível verificar a condição da estrutura de suportar cargas. Além disso, a medida de
deflexão permite que se possa acompanhar, de forma adequada, a variação da capacidade de
carga do pavimento no decorrer do tempo e, desta maneira, é possível prever se a estrutura irá
suportar as solicitações do tráfego durante o período de tempo para o qual ela foi projetada. O
pavimento está constantemente sendo solicitado pelo tráfego e é este fato que geram as
deformações elásticas, resultado de uma flexão alternada do revestimento, e as deformações
permanentes, que defeitos que interferem nas condições de conforto e segurança dos usuários.
O Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006) considera que a
deflexão de um pavimento representa uma resposta de todas as camadas que compõem a
estrutura à aplicação de um carregamento, como se pode observar na Figura 4. No momento
em que uma carga é aplicada em um ponto da superfície do pavimento, todas as camadas
fletem devido às tensões e deformações geradas pelo carregamento. O valor da deflexão
normalmente diminui em cada camada de acordo com a profundidade e o distanciamento do
ponto de aplicação da carga, ele depende também do módulo de elasticidade das camadas. Os
pavimentos com melhores condições estruturais têm valores de deflexões mais baixos em
relação aos pavimentos mais debilitados estruturalmente. Essa diferença indica que
pavimentos com resultados de deflexões menores suportam maior número de solicitações de
tráfego.
Os equipamentos que são utilizados em avaliações estruturais, descritos por Bernucci
et al (2006), podem ser divididos em três tipos, são eles: carregamento quase-estático (Viga
Benkelman); carregamento vibratório (dynaflect); e carregamento por impacto (Falling
Weight Deflectometer – FWD). Existem diferenças significativas entre os valores numéricos
obtidos por esses tipos de equipamentos, mas é possível fazer uma comparação entre os
resultados destes equipamentos, através de levantamentos de vários pontos. Os equipamentos
mais utilizados no país para medir deflexões em pavimentos são a Viga Benkelman e o FWD
(Falling Weight Deflectometer).
22
Figura 4 – Diferentes formas de bacia deflectométrica indicam diferentes capacidades de
carga para a mesma deflexão máxima
Fonte: Bernucci et al (2006)
2.4.3 Avaliação das solicitações do tráfego em pavimentos asfálticos
A determinação do tráfego incidente na rodovia é um dos fatores mais relevantes para
o dimensionamento de um pavimento e para avaliar se as condições da via estão atendendo o
estabelecido no projeto. Segundo o Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do
DNIT (2006), a avaliação das solicitações, através da determinação do tráfego, é necessária
para definir as condições, de forma precisa, em que um pavimento asfáltico se encontra. Os
parâmetros que devem ser determinados em relação ao tráfego são a projeção do VMD
(Volume Médio Diário), o carregamento da frota e o cálculo do número N (equivalente de
operações do eixo padrão). A determinação do volume de tráfego deve considerar contagens
volumétricas classificatórias no trecho em análise e a projeção do tráfego futuro terá como
base de cálculo taxas de crescimento da frota de veículos.
23
2.4.4 Importância do monitoramento em pavimentos
Um estudo realizado pela CNT, em 2013, avaliou uma extensão de 96.714 quilômetros
de rodovias em todo o país, sendo que em 61.712 quilômetros, 63,8%, delas foram
identificados problemas no pavimento, na sinalização ou na geometria da via. Este resultado
mostra a necessidade de uma intervenção para que seja possível melhorar a situação existente
das rodovias, pois elas compreendem a principal infraestrutura de transporte disponível no
país. Devida à importância que o transporte rodoviário exerce na movimentação e geração da
economia brasileira, é fundamental efetuar medidas que vise à ampliação, à manutenção e o
monitoramento dos pavimentos. Neste contexto, os estudos relacionados ao acompanhamento
de um pavimento, através de instrumentos que permitam o monitoramento das condições de
sua estrutura, colaboram no desenvolvimento de métodos de dimensionamento mais
eficientes.
24
3 METODOLOGIA
3.1 Planejamento da pesquisa
Este trabalho foi desenvolvido através de três etapas:
- Primeiramente foi determinado o trecho de pavimento asfáltico, o qual seria avaliado
e monitorado por meio de procedimentos referentes à pesquisa.
- Em seguida, iniciou-se a etapa de coleta de dados, onde foram realizados os ensaios
necessários no trecho. Houve a determinação do tráfego, através da contagem de veículos, a
medição da deflexão do pavimento, por ensaios com a viga Benkelman e com o FWD, e
também a determinação da micro e macro-textura do revestimento asfáltico, através dos
ensaios com o Pêndulo Britânico e Mancha de Areia, respectivamente.
- Para finalizar, os dados obtidos nos ensaios foram analisados e comparados, através
das tabelas e gráficos, apresentados posteriormente neste trabalho.
Todos os procedimentos foram efetuados seguindo-se as especificações do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e os ensaios foram
realizados no trecho de pavimento asfáltico especificado, em seguida, neste trabalho.
3.2 Informações sobre o trecho de pavimento asfáltico
O trecho de pavimento asfáltico utilizado para a realização desta pesquisa pertence à
Avenida Roraima, que fica localizada no bairro Camobi na cidade de Santa Maria no estado
do Rio Grande do Sul (Figura 5).
25
Figura 5 – Localização de Santa Maria no Rio Grande do Sul
Fonte: Wikipédia (2014)
O trecho compreende uma distância de 240 metros e fica localizado entre a BR-287 e
a RS-509 (Figura 6), no sentido que vai da BR para a RS. A rodovia utilizada para este estudo
foi recuperada através de um processo de restauração e o seu monitoramento para esta
pesquisa iniciou em janeiro de 2013, logo após a sua recuperação. O trecho analisado é
constituído de duas faixas de rolamento em um único sentido. Para a realização dos ensaios, o
trecho foi dividido em 12 pontos distanciados de 20 metros, sendo que estes pontos foram
subdivididos ao meio.
Figura 6 – Imagem aérea do trecho monitorado da Avenida Roraima
Fonte: Google Maps (2014)
26
3.3 Solicitação do tráfego
Para a realização da avaliação de um pavimento é necessário determinar a solicitação
do tráfego através da determinação do número N, equivalente de aplicações do eixo padrão.
Para a coleta de dados utilizados para este levantamento seguiu-se as orientações do Manual
de Estudos de Tráfego do DNIT, no qual foi realizada a contagem de veículos no trecho
analisado.
O Manual de Estudos de Tráfego do DNIT (2006) considera que a avaliação da
solicitação que o pavimento está submetido pelo tráfego é fundamental para o diagnóstico das
condições nele existente. Para a determinação do número N, componente essencial no
processo de dimensionamento de pavimentos, se faz necessário que sejam definidos alguns
elementos relativos ao tráfego, compreendidos pelo Volume Médio Diário (VMD),
classificação da frota e carregamento dos veículos.
A primeira tarefa realizada, nesta etapa da pesquisa, foi a contagem de veículos que
trafegavam no trecho em determinados períodos de tempo. A determinação do volume de
tráfego é utilizada para se determinar o VMD. O procedimento de contagem usado foi através
de contadores manuais, no qual os veículos foram divididos de acordo com o seu tipo e
configuração de eixos, conforme demonstrado na Figura 7.
Segundo recomendações do Manual de Estudos de Tráfego do DNIT (2006), deve-se
fazer uma classificação da frota, pois existem diversos tipos de veículos rodoviários e seus
efeitos sobre o pavimento atuam de maneira e intensidade distintas, principalmente os
veículos de carga.
Após a obtenção do volume de tráfego, através da contagem de veículos que passaram
pelo trecho durante um determinado período de tempo, calculou-se o Volume Médio Diário
(VMD) da rodovia em estudo. O VMD compreende o número médio de veículos que percorre
uma seção de uma rodovia em um dia.
27
Figura 7 – Tipos de veículos
Cada tipo de veículo possui uma configuração diferente de eixos, os quais são
classificados em Eixo Simples Roda Simples (ESRS), Eixo Simples Roda Dupla (ESRD),
Eixo Tandem Duplo (ETD) e Eixo Tandem Triplo (ETT). Devido a esse fato, deve-se calcular
o Fator de Veículo (FV), que representa um número equivalente de operações de um eixo
considerado padrão, que é representado por um ESRD submetido à carga de 80kN. Para a
determinação do valor do FV, primeiramente é necessário calcular o Fator de Equivalência de
Carga (FEC) para cada tipo de eixo. Para a obtenção dos valores de FEC foram utilizadas as
equações demonstradas na Figura 8, obtidas no Manual de Estudos de Tráfego do DNIT. O
FV é obtido através do somatório dos FEC de cada eixo multiplicados pela sua porcentagem
28
em relação ao número total de veículos amostrados. Para os valores de carga foi considerado
que os eixos estavam carregados com a carga (P) máxima permitida.
Figura 8 – Fatores de Equivalência de Carga da AASHTO
Fonte: Manual de Estudos de Tráfego do DNIT (2006)
Outros fatores que devem ser considerados para o cálculo do N são o Fator de sentido
(Fs), que representa a porcentagem de veículos que trafegam em um sentido, o Fator de frota
(Ff), que representa a porcentagem de veículos comerciais, o Fator de distribuição (Fd), que
representa a porcentagem de veículos comerciais que trafegam na faixa mais carregada,
geralmente a direita, e o Fator climático regional (Fr), que considera a variação da umidade
durante o ano.
Após a determinação de todos os parâmetros necessários, foi possível calcular o N
através da Equação 1.
(Equação 1)
29
3.4 Medida de deflexão com a Viga Benkelman
O levantamento de deflexões com a Viga Benkelman (VB) é padronizado pela Norma
DNER-ME 024/94 (Pavimento – determinação das deflexões pela Viga Benkelman).
Para a realização deste ensaio são necessários alguns equipamentos, sendo eles uma
Viga Benkelman, um caminhão com 8,2 toneladas de carga distribuída em um eixo traseiro
simples de rodas duplas, uma régua de madeira com 3 metros de comprimento graduada em
centímetros e um termômetro para anotar a temperatura do pavimento no ponto onde está
sendo medida a deflexão. A VB, demonstrada na Figura 9, é constituída de uma extremidade
de braço maior, que contém a ponta de prova, e de uma extremidade de braço menor, onde
existe um extensômetro, no qual são feitas as leituras. Entre os comprimentos dos braços
existe uma relação conhecida com a/b, sendo que esta é de 2,014 para a viga que foi utilizada
nesta pesquisa. Outro fator considerado pela norma é a calibragem dos pneus do caminhão,
que deve ser de 80 psi (0,55 MPa).
Figura 9 – Esquema da Viga Benkelman
Fonte: Norma DNER-ME 024/94
30
A execução do ensaio consiste, primeiramente, em posicionar os equipamentos, sendo
que o caminhão deve ser colocado de modo que a roda traseira dupla esteja sobre o ponto
demarcado na trilha externa da faixa, a VB deve ter a sua ponta de prova colocada no meio da
roda dupla traseira do caminhão, de acordo com o esquema da Figura 10, a régua deve ser
posta ao lado do caminhão, o qual deve apresentar uma referência para marcar o seu
deslocamento.
Figura 10 – Esquema do sistema de referência na Viga e no caminhão
Fonte: Norma DNER-ME 024/94
Após o posicionamento dos equipamentos, o extensômetro é ligado e podem-se iniciar
as leituras. A primeira leitura pode ser feita quando o extensômetro tiver uma variação menor
que 0,01. Depois de anotar a leitura inicial (L0), pode-se deslocar o caminhão, lentamente, até
que ele atinja o deslocamento esperado e, com o caminhão parado, é feita a leitura
31
intermediária (L1). Para anotar as demais leituras intermediárias deve-se proceder da mesma
maneira. Quando terminadas todas as leituras intermediarias, o caminhão deve ser deslocado a
uma distância mínima de 10 metros para poder ser feita a leitura final (Lf).
O resultado é obtido através do calculo da deflexão (D0) do pavimento nos pontos
correspondentes aos diversos deslocamentos, pela Equação 2.
(Equação 2)
Fonte: Norma DNER-ME 024/94
Os valores de deflexão obtidos pela Equação 2 devem ser corrigidos para uma mesma
temperatura padrão correspondente a 25°C, por meio da Equação 3, onde D0(25) é a deflexão
corrigida, D0(t) é a deflexão obtida pela Equação 2 e t é a temperatura do pavimento no
momento de realização do ensaio.
(Equação 3)
3.5 Medida de deflexão com o FWD
O levantamento de deflexões com o FWD é padronizado pela Norma DNER-PRO
273/96 (Determinação de deflexões utilizando deflectômetro de impacto tipo “Falling Weight
Deflectometer (FWD)”).
Os equipamentos necessários para a realização deste ensaio são um veículo, que abriga
o sistema de controle hidráulico, de dados e geração de energia; um equipamento FWD,
instalado em um reboque tracionado pelo veículo, com a placa de carga e barra de sensores; e
32
um sistema para aquisição de dados, constituído de cédula de carga, sensores, termômetros e
odômetro de precisão. Na Figura 11 está esquematizado o equipamento FWD.
Figura 11 – Esquema de medidas com o FWD
Fonte: Bernucci et al (2006)
Antes da realização do procedimento, deve-se ajustar e calibrar os aparelhos de modo
a efetuar o posicionamento correto dos sensores e verificar se a carga, que será aplicada ao
pavimento, está de acordo com a desejada.
A realização do ensaio consiste em programar o sistema através do ajustamento das
unidades a serem utilizadas, do número de cargas aplicadas em cada ponto e as suas
respectivas alturas de queda. Posteriormente, localizar os pontos para as medidas das
deflexões e efetuar as seguintes etapas, que consistem em soltar as travas de transporte, ligar
33
todo o sistema, abrir o arquivo do computador para armazenar os dados, executar as
operações de medidas na superfície do pavimento, fechar o arquivo do computador utilizado
para armazenar os dados, desligar todo o sistema e acionar as travas de transporte.
Os dados de deflexão e carga aplicada de cada ponto são computados e gerados em
formato padrão e salvos em arquivo de banco de dados com o formato definido pelo usuário.
Além da deflexão e carga aplicada (C), também é coletada e gerada pelo sistema a
temperatura do pavimento no momento da medida da deflexão. As definições da temperatura
do pavimento e da carga aplicada são importantes para efetuar as devidas correções dos
valores deflectométricos. A correção da temperatura é feita pela Equação 3 e a correção da
carga pela Equação 4, onde D0(4000) é a deflexão corrigida e D0(C) a deflexão gerada pelo
equipamento.
(Equação 4)
3.6 Determinação da micro-textura com o Pêndulo Britânico
No trecho de pavimento analisado, foi realizada a avaliação da micro-textura, que
depende da aspereza do agregado, do revestimento empregando-se o equipamento
denominado de Pêndulo Britânico, mostrado na Figura 12. Para a realização deste ensaio
seguiu-se as recomendações do Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT
(2006).
34
Figura 12 – Pêndulo Britânico
Fonte: Matest (2014)
O Pêndulo Britânico determina, por uma medida escalar, o grau de aderência entre o
pneu e o pavimento. Este equipamento é constituído de um pêndulo que possui em sua
extremidade uma placa de borracha que simula um pneumático. O procedimento para realizar
este ensaio é bastante simples, e consiste em liberar o pêndulo em queda livre, de modo que a
placa de borracha friccione a superfície do pavimento, que deve estar molhada, por uma área
previamente determinada.
O valor apresentado no mostrador do equipamento corresponde ao Valor de
Resistência à Derrapagem (VRD), este parâmetro considera um pneumático padrão
derrapando sobre um pavimento a 48 km/h. Os valores limites de VRD são demonstrados na
Figura 13.
35
Figura 13 – Classes de resistência à derrapagem pelo método do Pêndulo Britânico
Fonte: Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006)
3.7 Determinação da macro-textura pelo método da Mancha de Areia
A avaliação da macro-textura caracteriza a superfície do pavimento quanto a sua
capacidade de drenar a água confinada entre o pneu e o pavimento e pode ser determinada
pelo ensaio de Mancha de Areia. Para a realização deste ensaio seguiu-se as recomendações
do Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006).
O equipamento para realizar este ensaio é constituído de um recipiente de volume
conhecido preenchido com uma areia padronizada, um dispositivo próprio para espalhar a
areia e uma régua graduada para medir os diâmetros da mancha de areia em várias direções.
O ensaio é realizado de maneira simples e consiste em despejar a areia contida no
recipiente sobre a superfície do pavimento, que deve estar seca e limpa. Após, a areia é
espalhada com movimentos circulares e uniformes com o auxilio do equipamento próprio
para isso, obtendo-se uma área final circular, conforme apresentado na Figura 14.
36
Figura 14 – Ensaio de Mancha de Areia
Para encerrar, devem-se medir quatro diâmetros do circulo formado em diferentes
direções e determinar o diâmetro médio (DM) pela média das quatro medições. O resultado
final é expresso em altura média de areia (HS), de acordo com a Equação 5.
(Equação 5)
Os limites de macro-textura, definidos em função do HS, estão apresentados na Figura
15.
37
Figura 15 – Avaliação da macro-textura pelo método da altura de areia
Fonte: Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006)
38
4 RESULTADOS
4.1 Solicitação do tráfego
Para avaliar a solicitação do tráfego e determinar o valor do número N do trecho
estudado, foi realizada uma contagem volumétrica de veículos e determinado o valor do
VMD. Nesta contagem, que foi realizada em dezembro de 2013, os veículos foram divididos
pelo seu tipo como veículos de passeio e comerciais, sendo que os veículos comerciais foram
separados pela sua configuração de eixos, também foi feita a separação da contagem pelas
faixas de rolamento como direita e esquerda. A contagem de veículos resultou em um VMD
igual a 6.685 veículos.
Com os dados obtidos pela contagem foi possível determinar a quantidade de cada tipo
de eixo dos veículos comerciais e calcular o FEC, por meio das equações da Figura 8, e a
porcentagem (Pi) de cada tipo de eixo em relação ao número total de veículos comerciais,
como demonstrados na Tabela 1.
Tabela 1 – Cálculo do FEC
Eixo Carga (t) Quantidade Pi FEC Pi x FEC
ESRS 6,0 537 1,0000 0,3273 0,3273
ESRD 10,5 484 0,9019 2,9562 2,6661
ETD 18,0 58 0,1081 2,0809 0,2249
ETT 25,5 10 0,0180 1,5599 0,0281
Através do somatório dos resultados da multiplicação entre Pi e FEC de cada eixo,
determinou-se um FV igual a 3,2464. Os valores dos outros parâmetros necessários para o
calculo de N encontram-se na Tabela 2.
39
Tabela 2 – Parâmetros para o calculo do N
Parâmetro Valor
Ff 0,0803
Fs 1,0000
Fd 0,8895
Fr 1,0000
Aplicando-se a Equação 1 foi determinado um valor de N igual a 5,66E+05 para o
período de um ano, considerando-se o tempo de realização da pesquisa.
Com a determinação do N foi gerado o gráfico Tempo (meses) x N, apresentado na
Figura 16, no qual se pode observar o valor de N em determinado tempo de vida do
pavimento durante o período desta pesquisa.
Figura 16 – Relação Tempo (meses) versus N
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
0,0E+00 1,0E+05 2,0E+05 3,0E+05 4,0E+05 5,0E+05 6,0E+05
Tem
po
(m
eses
)
N
40
4.2 Medida de deflexão com a Viga Benkelman
Foram realizados três levantamentos deflectométricos com a Viga Benkelman no
trecho de pavimento desta pesquisa, sendo que eles ocorreram nos períodos de um mês, seis
meses e doze meses após a realização de uma restauração no revestimento do pavimento. O
primeiro levantamento ocorreu em janeiro de 2013, o segundo em junho de 2013 e o terceiro
em dezembro de 2013. As medidas de deflexão foram feitas nas duas faixas de rolamento,
faixa direira (FD) e faixa esquerda (FE), intercalando-se os pontos de prova a uma distância
de 10 metros entre as faixas direita e esquerda.
Após a realização do ensaio e coleta dos dados, foram calculadas as deflexões em cada
ponto de prova por meio da Equação 2 e estes resultados foram corrigidos para uma mesma
temperatura padrão de 25°C do revestimento conforme citado no item 3.4, através da Equação
3. Os valores e resultados deste ensaio estão demonstrados nas Tabelas 3, 4, 5, 6 e 7.
Tabela 3 – Ensaio com a VB no mês 1 na FD
Ponto da pista Temperatura da pista L0 Lf D0 D0 (25)
(°C) (mm) (mm) (10-2
mm) (10-2
mm)
E0 - - - - -
E1 25 0,00 -0,47 95 95
E2 30 -0,01 -0,46 91 89
E3 36 -0,01 -0,33 64 61
E4 36 -0,01 -0,43 85 80
E5 - - - - -
E6 38 0,00 -0,45 91 86
E7 38 0,00 -0,56 113 106
E8 41 -0,01 -0,64 127 118
E9 40 0,00 -0,35 70 66
E10 41 -0,01 -0,33 64 60
E11 - - - - -
E12 - - - - -
41
Tabela 4 – Ensaio com a VB no mês 6 na FD
Ponto da pista Temperatura da pista L0 Lf D0 D0 (25)
(°C) (mm) (mm) (10-2
mm) (10-2
mm)
E0 20 -0,01 -0,50 99 101
E1 31 0,00 -0,52 105 102
E2 32 0,00 -0,51 103 99
E3 21 -0,01 -0,45 89 90
E4 20 0,02 -0,46 97 99
E5 26 0,01 -0,46 95 94
E6 27 0,01 -0,44 91 90
E7 26 -0,01 -0,55 109 108
E8 25 -0,01 -0,49 97 97
E9 20 0,00 -0,31 62 64
E10 27 -0,01 -0,51 101 100
E11 26 0,00 -0,44 89 88
E12 24 0,00 -0,16 32 33
Tabela 5 – Ensaio com a VB no mês 6 na FE
Ponto da Pista Temperatura da pista L0 Lf D0 D0 (25)
(°C) (mm) (mm) (10-2
mm) (10-2
mm)
E0+10 25 0,00 -0,33 66 66
E1+10 26 0,00 -0,31 62 61
E2+10 25 -0,01 -0,29 56 56
E3+10 23 0,00 -0,31 62 63
E4+10 23 -0,01 -0,34 66 67
E5+10 22 0,00 -0,34 68 69
E6+10 20 0,00 -0,19 38 39
E7+10 26 0,00 -0,12 24 23
E8+10 20 0,00 -0,21 42 43
E9+10 23 0,00 -0,18 36 37
E10+10 26 0,00 -0,18 36 35
E11+10 27 0,00 -0,11 22 21
42
Tabela 6 – Ensaio com a VB no mês 12 na FD
Ponto da pista Temperatura da pista L0 Lf D0 D0 (25)
(°C) (mm) (mm) (10-2
mm) (10-2
mm)
E0 56 0,00 -0,60 121 105
E1 48 -0,02 -0,66 129 116
E2 53 0,02 -0,51 107 94
E3 50 -0,01 -0,41 81 72
E4 47 -0,05 -0,58 107 97
E5 44 0,00 -0,52 105 96
E6 45 -0,03 -0,60 115 105
E7 45 -0,01 -0,79 157 143
E8 50 0,00 -0,78 157 140
E9 52 0,00 -0,63 127 112
E10 53 -0,01 -0,77 153 135
E11 55 0,01 -0,43 89 77
E12 57 0,02 -0,25 54 47
Tabela 7 – Ensaio com a VB no mês 12 na FE
Ponto da pista Temperatura da pista L0 Lf D0 D0 (25)
(°C) (mm) (mm) (10-2
mm) (10-2
mm)
E0+10 55 -0,01 -0,37 73 64
E1+10 46 0,00 -0,38 77 70
E2+10 58 0,02 -0,37 79 68
E3+10 54 -0,01 -0,36 70 62
E4+10 54 -0,02 -0,37 70 62
E5+10 51 0,02 -0,43 91 81
E6+10 51 0,00 -0,32 64 57
E7+10 58 -0,02 -0,28 52 45
E8+10 55 -0,02 -0,32 60 53
E9+10 55 0,01 -0,23 48 42
E10+10 60 -0,02 -0,30 56 48
E11+10 59 -0,01 -0,22 42 36
Com os dados obtidos foi gerado o gráfico de Deflexão VB (10-2
mm) x N,
demonstrado na Figura 17, para cada uma das faixas, FD e FE, sendo que os valores de
deflexão foram calculados pela média das deflexões em cada ponto. A deflexão na FE no mês
43
1 foi calculada através da relação entre as deflexões com a VB e o FWD, conforme explicado
no item 4.4.
Figura 17 – Relação Deflexão VB (10-2
mm) versus N
Observando o gráfico da Figura 17 pode-se notar que com o aumento do número N os
valores de deflexão do pavimento tornam-se maiores, isso significa que com o passar do
tempo ele fica mais flexível e sofre maiores deformações, isso o torna mais suscetível à
ocorrência de sua degradação. Também nota-se que a faixa da direita tem valores de deflexão
maiores, pois ela é mais solicitada pelo tráfego e o dimensionamento dos pavimentos é feito
em relação à faixa mais solicitada. Através de gráficos deste tipo é possível analisar se as
deflexões admitidas em projeto estão correspondendo ao valor de N considerado para o
dimensionamento do pavimento.
40
50
60
70
80
90
100
110
120
0,0E+00 1,0E+05 2,0E+05 3,0E+05 4,0E+05 5,0E+05 6,0E+05
Def
lexã
o V
B (
10
-2m
m)
N
FE
FD
44
4.3 Medida de deflexão com o FWD
O ensaio para medir a deflexão do pavimento com o FWD foi realizado no período de
um mês após a restauração do trecho, em janeiro de 2013. As localizações dos pontos de
prova foram as mesmas utilizadas no ensaio com a VB.
Os dados deste ensaio são coletados e gerados em um arquivo digital e o calculo da
deflexão é feito pelo sistema do equipamento. Após a obtenção dos valores de deflexão,
temperatura e carga aplicada em cada ponto, foi necessário efetuar a correção da deflexão
para uma mesma temperatura padrão de 25°C e também para um mesmo valor de carga
aplicada de 40kN conforme foi citado no item 3.5. Os valores e resultados deste ensaio
encontram-se nas Tabelas 8 e 9.
Tabela 8 – Ensaio com o FWD no mês 1 na FD
Ponto da pista Temperatura da pista Carga aplicada D0
D0
(corrigido)
(°C) (kgf) (10-2
mm) (10-2
mm)
E0 44 4035 83 76
E1 48 4017 114 102
E2 49 4057 78 69
E3 49 4050 63 56
E4 48 4023 82 73
E5 48 4037 78 70
E6 48 4037 84 75
E7 47 3989 114 103
E8 48 4012 117 105
E9 48 4036 72 64
E10 50 3997 93 83
E11 49 4086 68 60
E12 49 4095 36 32
45
Tabela 9 – Ensaio com o FWD no mês 1 na FE
Ponto da pista Temperatura da pista Carga aplicada D0
D0
(corrigido)
(°C) (kgf) (10-2
mm) (10-2
mm)
E0+10 46 4051 66 59
E1+10 49 4084 69 60
E2+10 50 4084 63 55
E3+10 48 4106 70 61
E4+10 48 4101 70 62
E5+10 48 4086 68 60
E6+10 47 4113 52 45
E7+10 48 4130 37 32
E8+10 48 4128 49 43
E9+10 48 4118 43 37
E10+10 48 4089 38 33
E11+10 48 4139 24 21
Foi realizado apenas um levantamento com o FWD, por este motivo foram calculados
outros dois valores de deflexão para o FWD para os períodos de seis e doze meses por meio
da correlação existente entre o FWD e a VB, conforme explicado no item 4.4. Com os valores
obtidos foi gerado o gráfico de Deflexão FWD (10-2
mm) x N, apresentado na Figura 18, para
cada uma das faixas, sendo que os valores de deflexão foram calculados pela média das
deflexões em cada ponto, da mesma forma que foi feito com as deflexões da VB.
46
Figura 18 – Relação Deflexão FWD (10-2
mm) versus N
4.4 Correlação entre a Viga Benkelman e o FWD
Segundo o Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006), o
objetivo da correlação entre VB e FWD é propiciar o emprego das deflexões obtidas através
do FWD nos métodos de projeto de reforço de pavimentos flexíveis e Sistema de Gerência de
Pavimento do DNER e no Modelo HDM adotado pelo Banco Mundial.
Com os valores de deflexão obtidos em cada ponto pela VB e pelo FWD no
levantamento do mês 1 na FD foi gerado o gráfico de Deflexão FWD (10-2
mm) x Deflexão
VB (10-2
mm), apresentado na Figura 20, de acordo com o modelo do gráfico da Figura 19.
Analisando-se o gráfico da Figura 19, percebe-se que as relações encontradas pela grande
maioria dos pesquisadores indicam que os valores de deflexão obtidos pela VB são superiores
aos obtidos pelo FWD.
30
40
50
60
70
80
90
100
110
0,0E+00 1,0E+05 2,0E+05 3,0E+05 4,0E+05 5,0E+05 6,0E+05
Def
lexã
o F
WD
(1
0-2
mm
)
N
FE
FD
47
Figura 19 – Correlações obtidas por vários pesquisadores (tipo DFWD = aDVB + b)
Fonte: Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT (2006)
Figura 20 – Relação Deflexão FWD (10-2
mm) versus Deflexão VB (10-2
mm)
y = 0,8912x + 0,7142
R² = 0,9077
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
Def
lexã
o F
WD
(1
0-2
mm
)
Deflexão VB (10-2mm)
48
Por meio da geração de uma linha de tendência linear foi possível obter a Equação 6,
que correlaciona os valores de deflexão obtidos pelo FWD (DFWD) e pela VB (DVB).
Determinou-se também o valor de R² igual a 0,9077.
(Equação 6)
4.5 Determinação da micro e macro-textura
As determinações da micro e macro-textura foram feitas através dos ensaios com o
Pêndulo Britânico (PB) e com a Mancha de Areia (MA), respectivamente. Esses ensaios
foram realizados em um mês, seis meses e doze meses após a restauração do pavimento
utilizado nesta pesquisa. Os ensaios ocorreram nos meses de janeiro, junho e dezembro de
2013. Para a avaliação desses parâmetros foi escolhida a faixa da direita, pois ela é mais
solicitada e os efeitos do tráfego na superfície do pavimento são mais notáveis. Os ensaios
não foram feitos em todos os pontos demarcados, apenas em uma amostra que conteve os
pontos 3, 5, 7, 9, 11.
O ensaio com o Pêndulo Britânico foi repetido cinco vezes em cada ponto e anotados
os cinco valores obtidos, que correspondem ao VRD fornecido pelo equipamento. A
determinação do VRD do ponto (VRDP) foi obtida pela média desses cinco valores e após
isso foi calculado o VRD médio (VRDM) do trecho. Com este valor o trecho foi classificado
pela sua micro-textura de acordo com a tabela apresentada na Figura 13. Nas Tabelas 10, 11 e
12 pode-se observar os resultados e classificações obtidos neste ensaio.
49
Tabela 10 – Ensaio com o PB no mês 1 na FD
Ponto da pista VRD VRDP
E3
80
89
87
91
93
94
E5
80
82
74
86
85
86
E7
76
79
77
79
81
84
E9
82
86
85
87
89
89
VRDM 84
Micro-textura Muito rugosa
50
Tabela 11 – Ensaio com o PB no mês 6 na FD
Ponto da pista VRD VRDP
E3
84
86
86
87
87
88
E5
85
90
90
92
92
93
E7
84
88
88
89
89
91
E9
64
67
66
66
69
70
E11
63
65
65
66
66
67
VRDM 79
Micro-textura Muito rugosa
51
Tabela 12 – Ensaio com o PB no mês 12 na FD
Ponto da pista VRD VRDP
E3
28
29
28
29
29
29
E5
31
32
32
33
33
33
E7
26
28
28
29
29
30
E9
31
33
32
33
33
34
E11
27
27
26
28
27
27
VRDM 30
Micro-textura Muito lisa
No ensaio da Mancha de Areia foi utilizado um volume de 25.000 mm³ de areia
padronizada e obtidos quatro valores de diâmetros da mancha de areia feita no pavimento.
Através da média desses quatro valores foi obtido o diâmetro médio e aplicando-se a Equação
5 foi determinado o HS de cada ponto. Com os valores de HS de cada ponto foi calculado o
HS médio do trecho e o classificado pela sua macro-textura conforme a tabela apresentada na
52
Figura 15. Nas Tabelas 13, 14 e 15 são apresentados os valores obtidos pelos ensaios e os
seus resultados.
Tabela 13 – Ensaio com a MA no mês 1 na FD
Ponto da
pista
Diâmetros Diâmetro
médio HS
(mm) (mm) (mm)
E3
230
238 0,56 250
240
230
E5
230
234 0,58 225
240
240
E7
230
220 0,66 230
210
210
E9
250
255 0,49 250
260
260
HS médio 0,57
Macro-textura Média
53
Tabela 14 – Ensaio com a MA no mês 6 na FD
Ponto da
pista
Diâmetros Diâmetro
médio HS
(mm) (mm) (mm)
E3
295
290 0,38 285
290
E5
280
297 0,36 320
290
E7
280
282 0,40 293
274
E9
280
277 0,42 270
280
E11
270
267 0,45 260
270
HS médio 0,40
Macro-textura Fina
54
Tabela 15 – Ensaio com a MA no mês 12 na FD
Ponto da
pista
Diâmetros Diâmetro
médio HS
(mm) (mm) (mm)
E3
250
253 0,50 255
250
255
E5
295
300 0,35 310
295
300
E7
295
273 0,43 270
255
270
E9
270
275 0,42 275
285
270
E11
255
259 0,47 259
260
262
HS médio 0,44
Macro-textura Média
Com os resultados obtidos foram gerados os gráficos, Micro-textura (VRD) x N e
Macro-textura (HS) x N, apresentados nas Figuras 21 e 22.
55
Figura 21 – Relação Micro-textura (VRD) versus N
Figura 22 – Relação Macro-textura (HS) versus N
Através do gráfico Micro-textura (VRD) x N pode-se perceber que o valor de VRD
diminui, o que significa que a solicitação do tráfego provoca o desgaste na superfície dos
agregados e piora as condições de segurança do pavimento em relação à derrapagem dos
veículos. O valor de VRD encontrado no último ensaio considerado neste estudo atingiu um
valor inferior ao limite sugerido pelo DNIT, que corresponde a um VRD igual a 55. Em
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,0E+00 1,0E+05 2,0E+05 3,0E+05 4,0E+05 5,0E+05 6,0E+05
Mic
ro-t
extu
ra
(V
RD
)
N
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,0E+00 1,0E+05 2,0E+05 3,0E+05 4,0E+05 5,0E+05 6,0E+05
Ma
cro
-tex
tura
(H
S)
N
56
relação ao gráfico Macro-textura x N, percebe-se que o valor de HS está abaixo do limite
considerado pelo DNIT, sendo esse entre 0,6 e 1,2.
57
5 CONCLUSÕES
5.1 Considerações Finais
Esta pesquisa pode ser separada em três etapas, a primeira sendo a determinação do
trecho de pavimento asfáltico, a segunda sendo a realização dos ensaios e a terceira sendo a
análise e comparação dos resultados encontrados.
Na primeira etapa foi determinado o local que seria avaliado e monitorado através de
ensaios que determinam as condições do pavimento. O trecho de pavimento asfáltico
escolhido havia passado por um processo de restauração no seu revestimento.
Na segunda etapa foram realizados os levantamentos através dos ensaios que
determinam as condições em que o pavimento encontra-se. Para avaliar o desempenho do
pavimento no decorrer do tempo foi necessário determinar a solicitação que o tráfego dos
veículos estavam incidindo no trecho através da determinação do número N. Para avaliar as
condições estruturais e funcionais de segurança foram realizados ensaios que determinam a
deflexão do pavimento em relação à solicitação de um eixo padrão e ensaios que determinam
as micro e macro-textura do revestimento asfáltico.
Na terceira etapa, os dados obtidos nos ensaios deflectométricos com a Viga
Benkelman e com o FWD tiveram seus valores corrigidos em função da temperatura do
pavimento e da carga aplicada para ser possível compará-los com a solicitação que o tráfego
ofereceu ao pavimento ate a realização do ensaio. Os valores encontrados para a micro e
macro-textura do revestimento foram classificadas e comparadas aos valores limites
considerados pela norma do DNIT, concluindo-se que a micro-textura teve uma redução no
seu valor em função do desgaste que o tráfego dos veículos provoca na superfície do
revestimento, e a macro-textura teve valores inferiores aos limites especificados pelo DNIT.
Pode-se levar em conta também o fato de que o pavimento analisado foi recuperado
por meio de uma intervenção de reparação do revestimento, portanto as demais camadas
inferiores que compõe sua estrutura estão em um processo mais avançado de degradação,
deve-se a isso o fato de pavimentos restaurados manterem suas boas condições em um tempo
menor em relação a pavimentos novos.
58
Portanto, percebe-se a importância que o monitoramento de uma rodovia pode
gerar, pois as condições inicialmente definidas em projeto estão suscetíveis a mudanças e o
processo de acompanhamento da estrutura torna-se necessário para definir as melhores
medidas que devem ser tomadas para recuperar um pavimento e também reter informações
para projetar novas estruturas com melhores desempenhos.
5.2 Sugestões de trabalhos futuros
As sugestões para a continuidade deste estudo é analisar um trecho de pavimento mais
extenso em um período de tempo mais prolongado. Outra sugestão é a realização de uma
pesquisa sobre esse assunto em um pavimento novo, para verificar seu comportamento em
relação aos pavimentos restaurados. Em relação aos procedimentos utilizados seria
interessante efetuar outros ensaios para verificar outros aspectos importantes que devem ser
considerados para avaliação de desempenho em pavimentos.
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Engenheiros. Rio de Janeiro, PETROBRAS, ABEDA. 504p. 2006.
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2013 – Relatório Gerencial. Brasilía, 389p, 2013.
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deflexlões utilizando deflectômetro de impacto tipo “Falling Weight Deflectometer
(FWD)”. DNER - PRO 273/96. Rio de Janeiro, 4p, 1996.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. Pavimento –
determinação das deflexões pela viga Benkelman. DNER - ME 024/94. Rio de Janeiro, 6p,
1994.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT).
Manual de Estudos de Tráfego. Rio de Janeiro, IPR, 384p. 2006.
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Manual de Gerência de Pavimentos. Rio de Janeiro, IPR, 189p. 2011.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT).
Manual de Pavimentação. Rio de Janeiro, IPR, 274p. 2006.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT).
Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos. Rio de Janeiro, IPR, 310p. 2006.
GONÇALVES, Fernando. Pugliero. O Diagnóstico e a Manutenção dos Pavimentos. Notas
de Aula. São José dos Campos, 1999.
REDE TEMÁTICA DE ASFALTO. Manual de Execução de Trechos Monitorados. Rio de
Janeiro, 2011.