AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR DE PACIENTES...

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1 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Fisioterapia EVELN DOS SANTOS MARCELO SOUZA LOPES AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR DE PACIENTES PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA SUBMETIDOS À HEMODIALISE Bragança Paulista 2010

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Curso de Fisioterapia

EVELN DOS SANTOS

MARCELO SOUZA LOPES

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR DE PACIENTES PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

SUBMETIDOS À HEMODIALISE

Bragança Paulista

2010

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EVELYN DOS SANTOS – R.A. 001200602300

MARCELO SOUZA LOPES –R.A. 001200701453

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR DE PACIENTES PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

SUBMETIDOS À HEMODIALISE

Bragança Paulista

2010

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Fisioterapia - Universidade São Francisco como requisito parcial para obtenção de titulo de Fisioterapeuta.

Orientação: Profa Aline Maria Heidemann

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SANTOS, Evelyn; LOPES, Marcelo Souza. Avaliação da função pulmonar de pacientes

com insuficiência renal crônica submetidos à hemodi álise. Trabalho de Conclusão de

Curso. Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, 2010.

________________________________________________________________

Prof.ª Aline Maria Heidemann

USF – Orientadora Temática

_________________________________________________________________

Prof.ª Dra. Rosimeire Simprini Padula

USF – Orientadora Metodológica

_________________________________________________________________

Dr. Alexandre de Toledo Arrebola

USF – Banca Examinadora

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DEDICATÓRIAS

Dedico este trabalho especialmente a minha mãe Eleonor, pelo exemplo de

coragem, fé e perseverança que com o seu grande amor me acolheu em sua vida.

A minha filha Clara, que me trouxe a esperança de um mundo melhor.

Ao Tiago, que sempre me apoiou nos momentos difíceis e que compartilha da minha

maior felicidade.

Ao Marcelo Lopes, pela presença iluminada e pelo exemplo de bondade.

Evelyn dos Santos

Aos meus pais e irmãos pelo carinho e dedicação com que conduzem meu

crescimento. Orientando sem imposição, dialogando com paciência e alegrando-se a cada

pequena conquista.

Ao meu filho Gabriel que permitiu-me a compreensão de que a família é o maior bem

do homem.

A Evelyn dos Santos, pela presença amiga e sorriso contagiante na hora certa.

Marcelo Souza Lopes

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AGRADECIMENTOS

Ao Criador, pela essência de nossas vidas.

Aos nossos pais pelo grande amor e por jamais deixarem de acreditar em nós.

A Profa Aline, pela grandeza de espírito, pelas horas dedicadas e por toda paciência.

Aos professores, mestres inesquecíveis em nossas vidas.

Ao Centro de Nefrologia do Hospital Universitário São Francisco.

Aos voluntários dessa pesquisa, por acreditarem na importância deste trabalho.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste.

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“Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os

mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a

ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”

I Coríntios 13:2

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RESUMO

Introdução: A doença renal crônica se caracteriza pela perda progressiva e irreversível das

funções renais, sendo que o sistema respiratório é afetado tanto pela doença, quanto por

seu tratamento. A uremia e a diálise interagem no estimulo respiratório, função muscular, na

mecânica e troca gasosa provocando disfunções pulmonares Objetivo: Analisar a função

pulmonar através da saturação de oxigênio, capacidade vital e cirtometria torácica de

pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica Submetidos à hemodiálise. Método:

Foram avaliados 17 pacientes do Centro de Nefrologia do HUSF e analisados os valores da

Saturação de Oxigênio, Capacidade Vital e Cirtometria Torácica (axilar, xifoidal e umbilical)

pré e pós sessão de Hemodiálise. Para análise estatística dos dados foi adotado nível de

significância menor que 5% e o programa estatístico utilizado foi o Bioestat 5.0. Resultados:

Os valores de mediana de saturação de oxigênio pré e pós hemodiálise apresentaram

aumento. Já a mediana de Capacidade vital e cirtometria xifoidal apresentaram redução

quando comparado os valores pré e pós hemodiálise. Enquanto que os valores de mediana

de cirtometria axilar e umbilical pré e pós hemodiálise mantiveram-se inalterados. Porém

não foi observada diferença estatisticamente significante entre esses valores. Conclusão:

Os valores de saturação de oxigênio, capacidade vital e cirtometria torácica não

representaram valores significantes à modificação da função pulmonar. Sendo que quanto

maior a idade do paciente menores foram o valores de capacidade vital, o que pode

exacerbar o processo patológico nesses pacientes.

Palavras chaves: Capacidade vital. Cirtometria Torácica. Fisioterapia. Hemodiálise. Insuficiência Renal crônica. Saturação de Oxigênio.

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ABSTRACT

Introduction: Chronic kidney disease is characterized by progressive and irreversible loss of

kidney function, and the respiratory system is affected by the disease and because of its

treatment. Uremia and dialysis interact in stimulating respiratory muscle function, mechanics

and gas exchange causing pulmonary dysfunction Objective: To evaluate pulmonary

function using oxygen saturation, vital capacity and chest circumference in patients with

chronic renal failure on hemodialysis. Methods: We studied 17 patients of the Centre for

Nephrology HUSF and analyzed values of oxygen saturation, vital capacity and thoracic

expansion (axillary, and umbilical xifoidal) before and after hemodialysis session. For

statistical analysis the level of significance was less than 5% and the program was used for

statistical Bioestat 5.0. Results: The median values of oxygen saturation before and after

hemodialysis showed an increase. The median of vital capacity and xifoidal circumference

were reduced when compared with the values before and after hemodialysis. While the

median values of axillary and umbilical circumference before and after hemodialysis were

unchanged. But there was no statistically significant difference between these values.

Conclusion: The values of oxygen saturation, vital capacity and chest circumference did not

represent significant values to changes in lung function. Being that the older the patient the

values were lower vital capacity, which can exacerbate the disease process in these

patients.

Keywords: Vital capacity. Chest circumference. Physiotherapy. Hemodialysis. Chronic Renal

Failure. Oxigen saturation

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LISTA DE SIGLAS

CV Capacidade Vital

CVF Capacidade Vital Forçada

CG Cockcroft-Gault

DAPC Diálise Peritonial Ambulatorial Continua

DM Diabetes Mellitus

FG Filtração Glomerular

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

IRC Insuficiência Renal Crônica

IRCT Insuficiência Renal Crônica Terminal

K/DOQI Kidney Disease Outcomes Quality Initiative

Kt/V Eficiência da Hemodiálise

MDRD Modification of Diet in Renal Disease

mL/min Mililitro por Segundo

m² Metro Quadrado

NKF National Kidney Foundation

RFG Ritmo de Filtração Glomerular

SatO² Saturação de Oxigênio

SBN Sociedade Brasileira de Nefrologia

VEF1 Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo

VEF1/CVF Indice de Tiffeneau

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Caracterização da amostra por gênero ......................................................... 25

GRÁFICO 2 – Saturação de oxigênio pré e pós hemodiálise ............................................... 26

GRÁFICO 3 – Capacidade vital pré e pós hemodiálise ........................................................ 27

GRÁFICO 4 – Cirtometria axilar pré e pós hemodiálise ....................................................... 28

GRÁFICO 5 – Cirtometria umbilical pré e pós hemodiálise ................................................. 28

GRÁFICO 6 – Cirtometria xifoidal pré e pós hemodiálise..................................................... 29

GRÁFICO 7 – Correlação entre capacidade vital pré hemodiálise e idade .......................... 30

GRÁFICO 8 – Correlação entre capacidade vital pós hemodiálise e idade .......................... 30

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Estágios da DRC de acordo com FG em mL/min/1,73m²................................ 13

TABELA 2 – Fórmula de Cockcroft-Gault e fórmula MDRD ................................................. 17

TABELA 3 – Hipótese diagnóstica da amostra .................................................................... 26

TABELA 3 – Valor predito de CV ........................................................................................ 27

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13

1.1 Definição de Insuficiência Renal ................................................................................... 13

1.2 Etiologia e Fatores de risco ............................................................................................ 14

1.3 Dados Epidemiológicos .................................................................................................. 15

1.4 Critérios de Diagnósticos ............................................................................................... 16

1.5 Tipos de Tratamento ...................................................................................................... 18

1.6 Alterações Pulmonares no Doente Renal Crônico ......................................................... 19

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 22

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 22

2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 22

3 PACIENTES E MÉTODO ................................................................................................ 23

3.1 Desenho do Estudo ....................................................................................................... 23

3.2 Voluntários ..................................................................................................................... 23

3.3 Materiais ........................................................................................................................ 23

3.4 Procedimento ................................................................................................................. 23

3.5 Análise dos Dados ......................................................................................................... 24

4. RESULTADOS ................................................................................................................ 25

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 31

6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 34

7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 35

ANEXOS ............................................................................................................................. 40

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Definição de Insuficiência Renal

As alterações no perfil de morbimortalidade da população mundial, ocorridos nas

últimas décadas, evidenciaram um aumento das doenças crônicas degenerativas e

projetaram a Insuficiência Renal Crônica (IRC) no cenário mundial como um dos maiores

desafios à saúde pública deste século, aliada a todas as suas implicações econômicas e

sociais. Com o aumento da expectativa de vida e da prevalência da obesidade acarretou um

aumento das doenças crônicas, destacando-se o Diabetes Mellitus (DM) e a Hipertensão

Arterial Sistêmica (HAS), principais causas de insuficiência renal no mundo (ATKINS, 2005).

Os rins atuam na regulação de funções vitais do organismo como equilíbrio hídrico,

ácido-básico e eletrolítico participando nas funções hormonais, além de atuar na regulação

da pressão arterial. A IRC é uma condição patológica que se caracteriza pela perda da

capacidade renal em manter a homeostase do organismo (PARMAR, 2002).

Qualquer injúria que leve a uma lesão neste órgão pode gerar conseqüências

importantes em seu funcionamento. A diminuição progressiva da função renal acarreta

repercussões em todos os outros órgãos e sistemas do indivíduo (KIRSZTAJN, 2007).

Em 2002 a National Kidney Foundation (NKF) em seu documento Kidney Disease

Outcomes Quality Initiative (K/DOQI) definiu a IRC baseada nos seguintes critérios: lesão

presente por um período igual ou superior a 3 meses, definida por anormalidades estruturais

ou funcionais do rim, com ou sem diminuição do Ritmo de Filtração Glomerular (RFG),

manifestada por anormalidades patológicas ou marcadores de lesão renal, incluindo

alterações sangüíneas ou urinárias, ou nos exames de imagem; RFG <60 mL/min/1,73 m²

por um período de 3 meses, com ou sem lesão renal. Baseado nesta definição, o grupo de

trabalho que desenvolveu o K/DOQI propôs a seguinte classificação para a IRC (tabela 01):

TABELA 01- Definição dos estágios da IRC de acordo com RFG em mL/min/1,73m²

Estágio Definição RFG (mL/min/1,73m²)

I Lesão renal com RFG normal ou aumentada > 90

II

III

IV

Lesão renal com RFG levemente diminuída

Lesão renal com RFG diminuída

Lesão renal com RFG severamente diminuída

60-89

30-59

15-29

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V Lesão renal funcional com RFG < 15

Fonte: Kirsztajn (2007)

A insuficiência renal crônica terminal (IRCT), condição em que se faz necessária a

Terapia Renal Substitutiva (TRS), realizada através da hemodiálise (HD) ou diálise peritonial

ambulatorial contínua (DPAC), acarreta em prejuízos ao paciente reduzindo

consideravelmente o desempenho físico e profissional, o que leva a um impacto negativo

sobre sua percepção da saúde e afeta os níveis de vitalidade, o que pode limitar as

interações sociais e prejudicar sua saúde psíquica. Tal fato decorre de vários fatores, como

a necessidade de modificação alimentar, dos hábitos de vida, do esquema terapêutico

rigoroso, convívio com uma doença incurável e a dependência de uma máquina (SANTOS,

2006).

1.2 Etiologia e Fatores de Risco da DRC

As causas da IRC vão desde as doenças primárias dos rins, às doenças sistêmicas

as doenças do trato urinário. A HAS, nefropatia diabética e glomerulonefrite primária estão

entre as causas mais comuns da IRCT ao redor do mundo (BARROS, 1999 apud RIBEIRO

et al., 2008).

A IRC pode ser causada por doenças sistêmicas como DM, glomerulonefrite crônica,

pielonefrite, HAS não controlada, obstrução do trato urinário, lesões hereditárias (doença

renal policística), distúrbios vasculares, infecções, medicamentos, agentes tóxicos,

ambientais e ocupacionais (NEVES, 2000 apud RIBEIRO et al., 2008).

Segundo Riela (1996) a IRC caracteriza-se pela deterioração das funções fisiológicas

e bioquímicas de todos os sistemas do organismo, sendo secundária ao acúmulo de

catabólitos (toxinas urêmicas), alterações do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido básico,

acidose metabólica, hipovolemia, hiperfosfatemia, hiperparatireoidismo, anemia e distúrbio

hormonal, hipercalemia, infertilidade, retardo no crescimento, entre outros.

Nas formas avançadas de IRC, virtualmente todos os órgãos e tecidos sofrem seus

efeitos. Ocorre um acúmulo de substâncias tóxicas no meio interno, seja por excreção

deficiente, seja por excesso de produção devido aos distúrbios metabólicos. A IRC acarreta

alterações, entre elas anasarca, alterações ósseas, alterações da acuidade mental, ritmo do

sono, da pressão intra-ocular e cardíaca (RIBEIRO et al., 2008).

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Dentre os principais fatores de risco para o desenvolvimento desta doença estão:

DM, HAS, envelhecimento e história familiar de DRC. Cabe ressaltar que

independentemente da causa da DRC, a presença de obesidade, dislipidemia e tabagismo

aceleram a sua progressão culminando com a necessidade de TRS. Mais de 70% dos

portadores de DRC diagnosticada apresentam HAS, sendo que os pacientes com DM

apresentam maior suscetibilidade a alterações cardiovasculares e lesões renais. Já o

envelhecimento altera fisiologicamente a FG e propicia a lesão renal. (NKF/DOQI, 2002).

Conhecendo-se os grupos de risco, proporcionando a estes um atendimento primário

adequado e modificando as possíveis comorbidades associadas, torna-se possível retardar

a progressão da doença, além da realização de preparo adequado para a TSR (ROMÃO,

2004).

1.3 Dados epidemiológicos

A ocorrência de IRC tem chamado atenção devido ao aumento de sua prevalência

no Brasil e no mundo. Dados do censo realizado em 2006 pela Sociedade Brasileira de

Nefrologia (SBN) mostraram uma prevalência de 383 pacientes em tratamento dialítico por

milhão de habitantes (pmp) no Brasil. Desses, 90,7% estavam em programa de hemodiálise

e 10,3%, em programa de diálise peritoneal. Chama atenção o crescimento de

aproximadamente 40% no número de pacientes em diálise no período de 2000 a 2006.

É importante destacar que 26% dos pacientes em diálise no mesmo período tinham

mais de 60 anos de idade, e que, essa proporção só tenderá a aumentar devido a maior

longevidade da população. A taxa de incidência anual estimada de pacientes novos em

diálise em 2005 foi de 175 pmp, variando de 93 pacientes/pmp na região Norte até 253

pacientes/pmp na região Centro-Oeste. Para uma população de 185 milhões em 2006,

estimou-se que surgissem cerca de 32.375 novos pacientes renais crônicos terminais ao

ano no Brasil (SBN, 2006).

No ano de 2004, dados mundiais mostram os Estados Unidos, o Japão e o Brasil

como os três primeiros em número de pacientes com IRC; sendo que o Brasil apresentava

mais de 58.000 casos. Em termos mundiais, espera-se um salto de 1.371.000 pacientes em

diálise em 2004 para mais de 2.000.0000 de pacientes em 2010, evidenciando um aumento

na prevalência dessa doença (GRASSMAN, 2005 apud CURY, 2007).

Apesar dos recursos envolvidos, os quais são muito onerosos aos governos, muitos

brasileiros não têm acesso à TRS: enquanto cerca de 800 a 1.200 pmp fazem diálise na

América do Norte e no Japão, no Brasil apenas 323 pmp estão usufruindo dessa

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modalidade terapêutica, ou seja, cerca de 70% dos pacientes não se beneficiam da TRS

(BASTOS et al., 2004).

De acordo com o Relatório do Censo Brasileiro de Diálise de 2008 no qual os dados

nacionais foram estimados para a população global em diálise, o número total de pacientes

declarados em diálise foi de 41.614. As estimativas das taxas de prevalência e de incidência

de IRC em tratamento dialítico de manutenção foram de 468 e 141 ppm respectivamente. O

número estimado de pacientes que iniciaram tratamento em 2008 foi de 26.177. A taxa

anual de mortalidade bruta foi de 15,2%. Em relação aos pacientes prevalentes, 36,3%

tinham idade ≥ 60 anos, 89,4% estavam em hemodiálise e 10,6% em diálise peritoneal,

Pacientes da ordem de 37.573 (42,6%) estavam em fila de espera para transplante renal.

1.4 Critérios de Diagnóstico

Embora os casos leves e moderados de IRC sejam referidos como de elevada

prevalência, geralmente são assintomáticos, não diagnosticados e não tratados, o que

contribui para a evolução da doença nesses pacientes (CROOK et al., 2002).

De acordo com Kirsztajn e Bastos (2007), o diagnóstico precoce da IRC é essencial

à adoção de medidas que resultem na estabilização ou diminuição da queda de FG, além de

identificar e corrigir suas complicações e co-morbidades.

As formas mais usadas nos últimos anos para estimar a FG foram a depuração de

creatinina com urina de 24 horas e a creatinina sérica, mas esses critérios de análise

apresentam limitações. Por isso, na prática clinica utiliza-se equações que estimam a FG a

partir da creatinina sérica, seja pela fórmula do estudo Modification of Diet in Renal Disease

(MDRD) ou pela fórmula de Cockcroft-Gault (CG) (LEVEY, 1999; FILHO, 2004).

O uso dessas equações para estimar a FG tem como vantagem fornecer um ajuste

para variações substanciais em sexo, idade, superfície corporal e raça que interferem na

produção de creatinina (PERRONE et al, 1992).

Há inegáveis vantagens no uso das fórmulas para a estimativa da depuração de

creatina (CG) ou do ritmo de filtração glomerular (MDRD), mas devemos estar atentos ao

fato de que tais equações não são aplicáveis a pacientes que se encontrem em situação de

instabilidade da função renal, seja por alterações hemodinâmicas, seja por progressão ou

recuperação, em prazo de alguns dias, de agravo renal (KIRSZTAJN e BASTOS, 2007).

A fórmula de CG considera a idade, o peso, o sexo e a creatinina sérica (TABELA 2).

Na fórmula desenvolvida pelo trabalho MDRD (TABELA 3), nos pacientes que apresentam

algum grau de insuficiência renal, além destes dados são considerados a etnia, e as

concentrações de uréia e albumina séricas (GUSHI et al, 2004).

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TABELA 2 - Fórmula para estimativa da Filtração Glomerular

Fórmula de CG

Depuração de creatinina (mL/min) = (140 - Idade) X Peso (Kg) X 0,85 (se F)

(72 X Crs)

TABELA 3 - Fórmula para estimativa da Filtração Glomerular

Fórmula MDRD MDRD (fórmula completa)

170 x creatinina sérica-0,999 x idade-0,176 x BUN-0,170 x albumina sérica0,318 x 0,762

(se F) x 1,18 (se N)

MDRD simplificada com 4 variáveis:

FG(mL/min/1,73m2) = 186,3 X (Crs)-1,154 X (idade)-0,203 X 1,212 (se N) X 0,742 (se F)

Fonte: Gushi et al (2004) Cru = creatinina sérica (mg/dL); Vu = volume urinário (mL/min); Cr s = creatinina urinária (mg/dL); F = sexo feminino; FG = ritmo de filtração glomerular; N = raça negra; Uréias = uréia sérica (mg/dL); Albs = albumina sérica (g/dL)

O diagnóstico da IRC também se baseia na presença de hematúria, proteinúria e

leucocitúria. A investigação da hematúria e da proteinúria pode ser facilmente realizada

empregando-se as fitas de imersão urinária. Essas fitas são de baixo custo e fácil manuseio,

podendo ser utilizadas nos postos de saúde e nos consultórios. Nos casos de hematúria,

recomenda-se a realização da sedimentoscopia urinária, preferencialmente através da

microscopia de contraste de fase, método simples e barato, e que possibilita, de imediato,

diferenciar se o sangramento é de origem glomerular ou pós-glomerular (BASTOS, 1998).

Segundo Alves (2004) a sedimentoscopia permite a diferenciação diagnóstica de

doenças renais tornando o exame de urina uma rotina na prática clínica. Logo, a

quantificação da proteinúria (ou albuminúria) é importante no diagnóstico, prognóstico e na

indicação terapêutica da doença renal, pois quanto maior for a proteinúria mais rápida é a

perda de função renal.

Outros parâmetros também devem ser considerados para diagnóstico da IRC, tais

como: História clínica, Exame físico, Determinação de lesão da estrutura renal e Exames de

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imagem e/ou histopatológicos. Exceto o último, todos os outros parâmetros são clínicos, fácil

acesso e podem ser incorporados nos programas de rastreamento da IRC (KIRSZTAJN e

BASTOS, 2007).

1.5 Tipos de Tratamento

Para evitar e diminuir os sintomas e complicações da perda da função renal, o

paciente precisa ser submetido a alguns tratamentos que dependerão da evolução da

doença, sendo que inicialmente ele poderá ser apenas conservador, por meio de terapêutica

medicamentosa, restrição hídrica e recomendação dietética. A TRS será necessária quando

o tratamento conservador se tornar insuficiente, e por fim, o paciente terá a possibilidade de

submeter-se a um transplante renal (TERRA et al., 2010).

A diálise é utilizada para remover substâncias tóxicas e detritos orgânicos,

excretados normalmente pelos rins sadios, e sua indicação é essencial nos casos em que o

tratamento conservador não é considerado suficiente. Os procedimentos dialíticos podem

ser realizados por processos de DPAC ou por HD. (MEDEIROS, 2002; KAMIMURA, 2004;

GOLDMAN, 2005).

De acordo com Barbosa (2000) a HD é um procedimento no qual o sangue é

removido do corpo e circulado através de um aparelho externo denominado dialisador, cujo

acesso à corrente sanguínea, geralmente é realizado através de uma conexão artificial entre

uma artéria e uma veia criada cirurgicamente (fistula arteriovenosa), mas os acessos ainda

podem ser designados fisicamente por cateteres, shunts arteriovenosos, enxertos e

próteses vasculares.

O processo de HD convencional corresponde à remoção de 1 a 4 litros de fluido no

período médio de quatro horas durante três dias por semana. Apesar dos avanços

tecnológicos, a hemodiálise convencional ainda se associa a muitas complicações agudas e

crônicas e a altas taxas de hospitalização e mortalidade (SALOMAO et al., 2002).

A eficiência da HD pode ser avaliada a cada sessão calculando-se o Kt/V de uréia,

onde K = depuração da uréia do dialisador (ml/min), t = duração da sessão (min) e V =

volume de distribuição de uréia no organismo (V = 0,6 X peso corporal, em ml). Uma sessão

de HD crônica de boa eficiência resulta em Kt/V igual ou maior que 1,2; quando abaixo de

0,8 é considerada de baixa eficiência. Esses valores foram definidos para pacientes

submetidos a três sessões semanais de hemodiálise. Nessas condições, o tempo mínimo de

duração da sessão de hemodiálise seria aquele necessário para obter Kt/V igual a 1,2. A

“HD de alto desempenho” tem reduzido o tempo semanal do procedimento hemodiálitico,

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pois usa membranas de alta permeabilidade, banho de diálise contendo bicarbonato e

equipamentos mais modernos (DRAIBE e AJZEN, 2001).

Malluche e Faugere (1990) afirmam que a utilização regular de métodos dialíticos e

do transplante renal, nas ultimas décadas, têm garantido a sobrevida de um crescente

número de pacientes com IRC, desde que a HD corrige apenas alguns dos distúrbios

metabólicos da DRC, estes indivíduos, em médio e longo prazo, freqüentemente evoluem

com diversas complicações clínicas.

A HD é capaz de prolongar a vida desses pacientes, porém, não evita alguns

prejuízos determinados pela condição patológica de base e pelo próprio tratamento

(SOARES et al., 2007), sobretudo, porque essa doença acumula substancias tóxicas no

sangue, causando sintomas como a fadiga precoce, comprometimento mental, déficit

circulatório periférico, alterações de sensibilidade e disfunções musculares (SCHOR, 2001).

Conforme relata Casagrande e Vezoreno (1995), a IRC e o tratamento hemodialítico

provocam uma sucessão de situações para o paciente renal crônico que compromete o

aspecto não só físico como psicológico, com repercussões pessoais, familiares e sociais,

geralmente decorrente de um cotidiano monótono e restrito, com limitação das atividades

desses indivíduos após o início do tratamento, favorecendo o sedentarismo e a deficiência

funcional.

1.6 Alterações Pulmonares No Paciente Renal Crônico

Em contraste com os outros sistemas, o respiratório é afetado tanto pela doença,

quanto por seu tratamento. A uremia e a diálise interagem no estímulo respiratório,

mecânica respiratória, função muscular e na troca gasosa provocando disfunções

pulmonares que podem ser reflexo direto das tóxicas circulantes ou indireto devido

sobrecarga de volume, anemia, imunossupressão, calcificação extra-óssea, desnutrição e

da fraqueza muscular (PREZANT, 1990). A fraqueza muscular ocorre devido atrofia das

fibras musculares, predominantemente, as fibras do tipo II (MOREIRA; BARROS, 2000). As alterações radiológicas pulmonares mais evidentes na insuficiência renal é o

edema pulmonar, promovendo aumento do shunt a despeito do débito cardíaco se

conservar. A função pulmonar se altera na insuficiência renal, ocorrendo defeito na

transferência de gases mesmo com radiografias de tórax normais, há redução da

capacidade de difusão nos alvéolos e também restrição ventilatória. Porém, como as

infecções respiratórias são freqüentes nesses pacientes, muitas vezes prevalece a dúvida

diagnóstica entre edema, infecção e hemorragia pulmonar (BETHLEM et al., 2002).

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20

Quando ocorre acúmulo de água extravascular no pulmão, esta ocupa

primeiramente o tecido intersticial mais periférico e, à medida que o seu volume vai

aumentando, estende-se para zonas axiais peri-hilares. O acúmulo de água no período

interdialítico relaciona-se com aumento da pressão hidrostática. Isso, associado ao aumento

nos valores séricos de substâncias osmoticamente ativas e aumento de permeabilidade,

poderá condicionar a retenção de água extravascular pulmonar sem que haja manifestações

clínicas ou radiológicas. Essa retenção, no entanto, seria suficiente para modificar a

expansibilidade pulmonar e a permeabilidade das vias aéreas de menor calibre. Geralmente,

com o tratamento hemodialítico, o edema desaparece rapidamente sem deixar seqüelas

importantes (ALVES et al., 1989).

Complicações pulmonares são comuns em pacientes em estágio final da doença

renal. Apesar dos avanços tecnológicos com relação às terapias de substituição, permitindo

prolongar a vida dos pacientes urêmicos, anormalidades como hiperemia, bronquite e

fibrose intersticial são comumente encontradas em autópsias de pacientes em hemodiálise

crônica (CHAN et al., 1996, apud BIANCHI, 2007).

Os músculos responsáveis pelo ato respiratório, como diafragma e intercostais

podem apresentar diminuição das propriedades de força e endurance muscular decorrente

da miopatia urêmica. O déficit ventilatório decorrente desse comprometimento na

musculatura respiratória, associado a outros comprometimentos teciduais pulmonares,

altera a função desse sistema, contribuindo para a diminuição da capacidade pulmonar

(CURY et al, 2010).

Além da redução da função pulmonar e da força muscular respiratória, pacientes

com IRC submetidos à HD apresentam variação de peso devido à sobrecarga de líquido

corporal no período interdialítico. Essa sobrecarga, em associação com um possível

aumento da permeabilidade capilar pulmonar, pode resultar em edema pulmonar e derrame

pleural, complicações essas que poderiam explicar pelo menos em parte a redução da

função pulmonar e alterações espirométricas de caráter restritivo (KOVELIS et al, 2008).

De acordo com Bianchi (2007) em pacientes urêmicos com edema pulmonar o efeito

da HD visa aumentar a ventilação nas áreas basilares do pulmão, provocando uma elevação

da Capacidade Vital (CV). Essas mudanças são explicadas pela diminuição do conteúdo de

água nos pulmões, desde que o edema intersticial seja razoavelmente pequeno, causando

fechamento relativo das vias aéreas.

Considerando que o comportamento mecânico do pulmão é baseado em suas

propriedades elásticas e em seu volume, a mensuração dos volumes pulmonares oferece

informações que podem ser essenciais para a caracterização do estado fisiopatológico

decorrente de anormalidades dos processos pulmonar-ventilatórios. As disfunções

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restritivas, por exemplo, só podem ser diagnosticada com certeza por meio da medida dos

volumes pulmonares. Logo, a CV, que é o volume medido entre as posições de inspiração

plena e expiração completa e representa o maior volume de ar mobilizado correspondendo a

cerca de 80% da capacidade pulmonar total mostra-se como um subsídio confiável para

diagnostico de disfunções pulmonares (BARRETO, 2002).

De acordo com Cardoso (1997) o estudo dos gases sanguíneos também é

extremamente importante para a avaliação da função pulmonar, uma vez que esses gases

são o resultado de todos os processos envolvidos na respiração. Das técnicas não

invasivas, a mais difundida é a oximetria de orelha ou de pulso.

Esse procedimento permite a estimativa da saturação de oxigênio (SatO²), através

de uma técnica espectrofotométrica, que mede a variação pulsátil de transmissão de luz. Os

resultados da oximetria são acurados, a técnica é simples e de baixo custo. Valores acima

de 90% costumam corresponder a uma pressão parcial de oxigênio acima de 60 mmHg o

indica um aporte satisfatório de oxigênio ao organismo (WINCK e FERREIRA, 1998).

De acordo com Britto (2004) a cirtometria constitui parte do exame físico do tórax na

avaliação funcional respiratória. Consiste em um conjunto de medidas das circunferências

de tórax e abdome durante os movimentos respiratórios, nas fases expiratória e inspiratória

máximas. A diferença entre essas duas medidas, segundo Costa (1999), fornece

informações do grau de expansibilidade e de retração dos movimentos toraco-abdominais.

As medidas são realizadas com uma fita métrica convencional e devem ser realizadas, no

mínimo, em três níveis diferentes: axilar, xifoidal e umbilical.

Diante disso torna-se extremamente necessária a avaliação da função pulmonar de

pacientes portadores de IRC, devido à incidência de complicações pulmonares associadas à

IRC que interfere no quadro clínico do paciente. Sendo assim, a avaliação da função

pulmonar, através da verificação da saturação de oxigênio, dos volumes pulmonares e da

cirtometria torácica torna-se essencial para prevenir e detectar precocemente possíveis

afecções respiratórias desses pacientes.

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22

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar a função pulmonar de pacientes portadores de Doença Renal Crônica

submetidos à hemodiálise.

2.1.1 Objetivos específicos

Analisar a capacidade vital dos pacientes renais crônicos pré e pós sessão de

hemodiálise.

Analisar o nível de oxigenação através do índice de SatO2 dos pacientes renais

crônicos pré e pós sessão de hemodiálise.

Analisar a mobilidade torácica dos pacientes renais crônicos pré e pós sessão de

hemodiálise.

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3 PACIENTES E MÉTODO

3.1 Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo prospectivo, descritivo e qualitativo.

3.2 Voluntários

O estudo foi realizado no Centro de Nefrologia do Hospital Universitário São

Francisco. Foram incluídos 17 pacientes, com idade entre 18 anos e 70 anos, de ambos os

sexos, com escala de coma de glasgow igual a 15, portadores de insuficiência renal crônica,

que estivessem em programa de HD há pelo menos um ano e que aceitassem participar do

estudo assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foram excluídos pacientes menores de 18 e maiores de 70 anos de idade, indivíduos

com escala de Glasgow inferior a 15, que estivessem em programa de HD há menos de um

ano ou que não aceitassem participar do estudo, não assinando o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (ANEXO 1).

3.3 Materiais

Ficha de coleta de dados (ANEXO 2)

Fita métrica Carci®

Oxímetro de pulso Nonin Onyx® (modelo 9500)

Ventilômetro Ferraris Wright® MK8

3.4 Procedimento

Mediante autorização do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São

Francisco sob parecer no0122.0.142.000-10 ( ANEXO 3). Os voluntários selecionados foram

instruídos sobre o procedimento, intuito da pesquisa e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1).

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Preencheu-se uma ficha de coleta de dados (ANEXO 2) contendo: iniciais do nome,

idade, raça, sexo, peso, data de início do tratamento hemodiálitico, antecedentes familiares

e patologias associadas.

Realizou-se as medidas da Capacidade Vital pelo equipamento Ventilômetro Ferraris

Wright® MK8, no qual o paciente foi instruído a realizar uma inspiração máxima e

posteriormente mantendo a boca acoplada ao instrumento e narinas ocluídas por um clip

nasal solicitou-se ao paciente realizar uma expiração máxima lenta e não forçada, próxima

do volume residual. Foram realizadas três vezes sendo que o maior volume registrado no

ventilômetro foi considerado na pesquisa. Esse procedimento foi realizado antes e depois da

hemodiálise.

O índice de saturação de oxigênio do paciente foi obtido por oxímetro de pulso Nonin

Onyx® antes das outras avaliações respiratórias, já que estas exigiam esforço e isto poderia

interferir nos resultados. Com o paciente em repouso o oxímetro foi acoplado em falange

distal do dedo indicador do braço oposto ao da fistula arteriovenosa, mantendo o dedo de

prova, livre de interferências como esmalte, próximo ao nível do coração para diminuir a

pulsação venosa. Esperava-se o tempo suficiente para estabilização dos valores e

verificação do resultado percentual no visor do aparelho. Esse procedimento foi realizado

antes e depois hemodiálise.

As medidas de cirtometria torácica foram realizadas com o paciente sentado com o

tronco ereto e membros superiores relaxados ao longo do corpo e acoplada ao tórax do

paciente uma fita métrica acompanhou a amplitude do gradil costal durante a inspiração e

expiração nos pontos axilar, xifoidal e umbilical, registrando-se três medidas, sendo

considerada no presente estudo as maiores medidas para cada região de referência. Esse

procedimento foi realizado antes e depois da sessão de hemodiálise.

Análise dos dados

Para análise estatística dos dados foi utilizado o Teste de Wilcoxon, Spearman,

Kolmogorov Smirnov e Shapiro Wilk. O nível de significância adotado foi de 5% e o

programa estatístico utilizado foi o Bioestat 5.0.

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4 RESULTADOS

A amostra foi composta por 17 pacientes. A idade apresentou mediana de 49 anos,

sendo que idade mínima foi de 31 anos e a idade máxima de 69 anos. A caracterização da

amostra por sexo evidenciou 94,12% voluntários do sexo masculino, totalizando 16

pacientes, e 5,88% do sexo feminino, totalizando 1 paciente (GRÁFICO 1).

GRÁFICO 1 – Caracterização da amostra por gênero

94.12%

5.88%

Masculino

Feminino

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A TABELA 3 demonstra as hipóteses diagnósticas apresentadas pela amostra.

TABELA 3 - Hipótese diagnóstica da amostra

Hipótese Diagnóstica % Voluntários

Nefroesclerose Hipertensiva

Glomerulonefrite

Indeterminada

Outras( nefropatia do HIV, neoplasia de rim, refluxo vesico uretral, glomeruloesclerose segmentar focal e nefropatia diabética)

29,41

11,76

29,41

29,41

05

02

05

05

Total 100 17

A avaliação dos valores obtidos na saturação de oxigênio pré hemodiálise

apresentou mediana de 96% e mediana pós hemodiálise de 97%, equivalente a um

aumento de 1,04%, porém esse aumento não representa diferença estatisticamente

significante (p<0,05) (GRÁFICO 2).

GRÁFICO 2 – Saturação de oxigênio pré e pós hemodiálise

Pré hemodiálise Pós hemodiálise

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A mediana do valor predito da capacidade vital pré hemodiálise foi de 75ml/kg . A

mediana da capacidade vital predita pós hemodiálise foi de 60 ml/kg, o que significa uma

redução de 25% da capacidade vital após a sessão HD (TABELA 4).

TABELA 4 - Valor predito de CV

Variáveis Mediana Primeiro quartil Terceiro quartil

C.V Pré HD 75 ml/kg 46ml/kg 80ml/kg

C.V Pós HD 60ml/Kg 44ml/kg 86ml/kg

Valor Predito de Capacidade Vital: 65 a 75ml/kg

No gráfico a seguir observa-se a variação da mediana de capacidade vital,

comparado o valor obtido pré hemodialise, com mediana de 4720 ml e valor pós

hemodialise de 4560 ml, o que representa uma redução de 3,5%, porém essa redução não

representa diferença estatisticamente significante (p<0,05).

GRÁFICO 3 – Capacidade vital pré e pós hemodiálise

Pré hemodiálise Pós hemodiálise

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Já ao analisar os valores de mediana da cirtometria axilar (GRÁFICO 4) e da

cirtometria umbilical (GRÁFICO 5) ambos mantiveram-se inalterados, apresentando

respectivamente 2,5cm e 3,0cm no pré e no pós hemodiálise. Enquanto que a cirtometria

xifoidal (GRÁFICO 6) apresentou valor de mediana pré hemodiálise de 2,5 cm e 2,0cm no

pós hemodiálise o que equivale a diminuição de 25% o que não representa diferença

estatisticamente significante (p<0,05).

FIGURA 4 – Cirtometria axilar pré e pós hemodiálise

Pré hemodiálise Pós hemodiálise

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GRÁFICO 5 – Cirtometria umbilical pré e pós hemodiálise

GRÁFICO 6 – Cirtometria xifoidal pré e pós hemodiálise

Pré hemodiálise Pós hemodiálise

Pré hemodiálise Pós hemodiálise

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Quando comparado a capacidade vital pré e pós hemodialise com a idade, verificou-

se uma relação inversamente proporcional. Pois quanto maior foi a idade dos pacientes

menor foi o valor verificado de capacidade vital tanto no momento pré como no momento

pós HD. Sendo que foi observado diferença estatisticamente significante com p<0,05.

GRÁFICO 7 – Correlação entre capacidade vital pré hemodiálise e idade

O GRÁFICO 8 – Correlação entre capacidade vital pós hemodiálise e idade

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5 DISCUSSÃO

Jatobá e col (2008) avaliaram a relação entre a função pulmonar, a força muscular

respiratória e desempenho físico em portadores de doença renal crônica (DRC) submetidos

à hemodiálise em uma amostra constituída por 27 pacientes, sendo 63% do sexo masculino,

a média de idade de 44,8 ±15,5 anos e com diagnóstico clínico mais prevalente de

Glomerulonefrite com 38 % seguido de Nefroesclerose hipertensiva com 31%. A

caracterização da amostra desses pesquisadores assemelha-se a do presente estudo que

apresentou maior prevalênciado sexo masculino, com idade mediana de 49 anos e maior

prevalência de diagnóstico clínico de nefroesclerose hipertensiva seguida de

glomerulonefrite. Santos (2006) analisou o nível de qualidade de vida de 107 portadores de doença

renal crônica submetidos à hemodiálise e comparou a pontuação obtida de acordo com o

sexo e a idade dos pacientes. O autor identificou em sua amostra a prevalência do sexo

masculino constituída por 63 (58,9%) homens, e entre as principais causas da IRC, no total

da amostra, foram glomerulonefrite em 50 indivíduos (46,7%). Observa-se dados

semelhantes no presente estudo, cuja prevalência de pacientes foi do sexo masculino e uma

das hipóteses diagnósticas mais prevalente foi a glomerulonefrite. Neste estudo verificou-se aumento no valor de mediana de saturação de oxigênio

pós hemodiálise o que, no entanto não apresentou diferença estatisticamente significativa.

Em estudo realizado por Bianch (2007) em que foi avaliada a função respiratória e extresse

oxidativo de 33 pacientes com IRC terminal através da espirometria, manovacuometria,

oximetria e gasometria arterial antes e após a sessão de hemodiálise, as medidas da

saturação de oxigênio obtidas através da oximetria de pulso e inclusive pela gasometria

arterial mantiveram-se inalteradas bem como o que foi verificado em nosso estudo.

Guleria (2005) avaliou a função pulmonar de 29 pacientes com IRC em programa de

diálise, 7 dias pré e 30 e 90 dias pós transplante renal bem sucedido. Realizou a avaliação

pulmonar através da espirometria, gasometria arterial dentre outras ferramentas de

avaliação. A variável referente a satO2 tanto no período pré como no período pós transplante

renal mantiveram-se inalteradas assim como nos achados de nosso estudo.

Em estudo, realizado por Schardong e col, (2008), cuja avaliação da função

pulmonar de 30 pacientes portadores de IRC, submetidos à hemodiálise, foi realizada em

um único encontro através da capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado no

primeiro segundo (VEF1) e do índice Tiffeneau (VEF1/CVF), os autores constataram que 45

% da amostra não atingiram o previsto para a CVF e 52% não atingiram o previsto para do

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VEF1/CVF. O que vem ao encontro dos resultados de capacidade vital pós hemodiálise

apresentados nesse estudo.

Bush e Gabriel (1991) foram pioneiros ao discutir os fatores causas das

anormalidades da função pulmonar decorrentes dos diversos estágios de doença renal

crônica. Esses autores analisaram 80 pacientes divididos em 04 grupos, sendo 20 com DRC

em tratamento conservador, 20 em diálise peritonial ambulatorial contínua, 20 em

hemodiálise e 20 transplantados renais. Investigaram disfunções pulmonares através da

difusão de monóxido de carbono e da CVF entre outros parâmetros espirométricos. Os

resultados da pesquisa desses autores evidenciaram que apenas 09 dos 80 pacientes da

amostra tiveram função pulmonar normal e concluíram que as anomalias da função

pulmonar podem tornar-se comuns na insuficiência renal devido à importante redução da

difusão de monóxido de carbono atribuindo a causa dessa redução ao edema pulmonar

subclinico ou à fibrose intersticial secundária. Concluíram também que a hemodiálise pode

induzir mudanças agudas na função pulmonar, porém não é capaz de promover efeito

adicional prolongado no aumento da capacidade de volumes pulmonares. O que corrobora

com os resultados desse estudo, pois a capacidade vital pós hemodiálise apresentou-se

diminuída, sobretudo devido ao fato de ser considerada apenas uma sessão de hemodiálise.

Entretanto, Bianchi e col. (2007), obtiveram resultados satisfatórios na avaliação da

capacidade vital forçada pós sessão de hemodiálise. Os autores observaram que do total de

33 (100%) pacientes analisados, 12 (36,4%) pacientes apresentaram espirometria normal e

21 (63,6%) pacientes apresentaram algum tipo de anormalidade respiratória na pré sessão

de hemodiálise. Após sessão de hemodiálise, houve um aumento no número de

espirometrias normais, 17 (51,5%) pacientes apresentaram espirometria normal e 16

(48,5%) pacientes apresentaram algum tipo de anormalidade respiratória. Tais resultados

diferem do encontrado em nosso estudo, no qual a capacidade vital apresentou-se

diminuída, apesar da análise do autor investigar a capacidade vital forçada ambas

capacidades estão relacionadas a capacidade pulmonar total e norteiam a identificação de

distúrbios ventilatórios.

A cirtometria torácica mostrou-se inalterada após a sessão de hemodiálise nas

regiões axilar e umbilical, apresentando discreta redução para a região xifoidal, porém sem

variação estatisticamente significante.

Cury (2007) avaliou a capacidade de exercício, função pulmonar e qualidade de vida

de 72 pacientes com insuficiência renal crônica sendo divididos em 3 grupos: pacientes em

programa de diálise, pacientes que foram transplantados e grupo controle composto por

indivíduos saudáveis. Na variável cirtometria torácica a autora verificou valores dentro do

padrão de normalidade nos grupos diálise e transplantados quando comparado ao grupo

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controle que apresentou tendência a diminuição das medidas com valores inferiores ao que

se é esperado para a normalidade.

Queiroz e Nascimento (2006) realizaram estudo para verificar as repercussões

pulmonares de 15 pacientes com IRC em tratamento dialítico, e verificaram que houve maior

mobilidade torácica no nível xifoidal. Diferindo de nosso estudo, desde que a cirtometria do

nível xifoidal apresentou menor variação. Não foi encontrado na literatura estudos que

comparassem a cirtometria torácica pré e pós sessão de hemodiálise.

Ruivo e cols (2009) investigaram a influência do envelhecimento na função pulmonar

ao comparar o padrão respiratório de adultos e idosos saudáveis, não fumantes,

confrontando os valores espirométricos e de expansibilidade torácica, de forma a confirmar

a ação do envelhecimento na função pulmonar. Os autores evidenciaram diferença

estatisticamente significativa entre os dois grupos, para todas as medidas avaliadas. A

relação linear foi, também, significativa entre a idade e todos os parâmetros e observou-se

correlação negativa. E apontaram que a declínio das medidas estáticas e dinâmicas da

função pulmonar, principalmente da capacidade vital forçada, são decorrentes do aumento

da idade.

De acordo com Carvalho (2002) os efeitos deletérios do envelhecimento nas

estruturas e na mecânica respiratória podem condicionar aos idosos a presença de

insuficiência respiratória restritiva, obstrutiva e difusional. No entanto, esta deficiência torna-

se evidente apenas em condições de esforço ou quando o idoso apresenta um processo

patológico pulmonar, que vai somar-se às alterações determinadas pelo envelhecimento.

O presente estudo também demonstrou uma correlação inversamente proporcional

quando relacionada a capacidade vital com a idade dos pacientes, pois nos indivíduos com

idades mais avançadas encontramos os menores valores de capacidade vital tanto no

período pré como no período pós sessão de hemodiálise.

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6 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que após ser submetido à hemodiálise, as variáveis: saturação de

oxigênio, capacidade vital e cirtometria torácica, comparadas pré e pós o procedimento de

hemodiálise apresentaram- se inalteradas ou diminuídas, porém não representaram valores

significantes à modificação da função pulmonar. Sendo que quanto mais velho o paciente

menores foram o valores de capacidade vital apresentados, o que pode exacerbar o

processo patológico nesses pacientes.

.

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ANEXO 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

NOME DO PROJETO: Análise da Capacidade Pulmonar de Pacientes Portadores de Insuficiência Renal Crônica

RESPONSÁVEIS PELA PESQUISA PESQUISADORES: Evelyn dos Santos Marcelo Souza Lopes ORIENTADORA: Profª Ft. Aline Maria Heidemann Você está sendo convidado a participar de um projeto de estudo que será desenvolvido no Centro de Nefrologia do Hospital Universitário São Francisco. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA: Com este estudo será possível avaliar a condição respiratória do paciente antes e depois da sessão de hemodiálise, o que poderá direcionar futuros estudos e tratamentos que busquem a melhoria da qualidade de vida dos portadores de Doença Renal Crônica.

PROCEDIMENTOS A QUE O PACIENTE SERÁ SUBMETIDO: Os Pacientes que após tomarem conhecimento e concordarem em participar deste estudo assinando o termo de consentimento livre e esclarecido serão submetidos a uma breve avaliação pré-sessão de hemodiálise constando de dados pessoais, história clínica e exame físico com o objetivo de:

• Avaliar a quantidade máxima de ar que os pulmões conseguem armazenar e liberar no meio ambiente.

• Medir a quantidade de oxigênio no sangue.

• Medir com fita métrica o peito do paciente nos movimentos respiratórios.

Repetindo-se a coleta desses dados no final da sessão de hemodiálise.

BENEFÍCIOS E RISCOS ESPERADOS: Espera-se que o presente estudo ofereça aos pacientes voluntários a avaliação da sua condição respiratória na pré sessão de hemodiálise e na pós sessão de hemodiálise, não oferecendo riscos aos pacientes em nenhuma etapa da coleta de dados do estudo, e poderá indicar futuros estudos e tratamentos que busquem a melhoria da qualidade de vida dos portadores de Doença Renal Crônica.

OUTRAS INFORMAÇÕES:

1. Os participantes saberão tudo o que acontece no estudo.

2. Os participantes poderão desistir a qualquer momento de participar da pesquisa. Em caso de desistência não haverá nenhuma modificação ou prejuízo no

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tratamento.

3. O nome dos participantes do estudo será feita por iniciais, e resultado desse estudo só será usado para publicação científica (revista médicas, congressos científicos, livros).

4. Os participantes não receberão nada e não pagarão nada para participarem do estudo.

Tendo lido, entendido e estando suficientemente informado (a) sobre esse estudo, permito a minha (ou de meu parente) participação nesse estudo.

Nome: _____________________________________________ Idade: ____ anos, RG: ______________,HC: ____________, Endereço: ______________________, _____________________________________, Telefone (contato): ____________; consinto a minha (ou de meu parente) participação neste estudo, concordando com o presente termo de consentimento livre e esclarecido, datando e assinado abaixo.

Bragança Paulista, ______ de ____________ de 2010.

ASSINATURA

Evelyn dos Santos Marcelo Souza Lopez

Tel (0xx11) 8459-2470 Tel (0xx11) 9323-5649

Profª. Ft. Aline Maria Heidemann

Orientadora Responsável

Tel. (0xx19) 97329882

Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade São Francisco tel: (0xx11) 2454-8981/ (0xx11) 2454-8028 e-mail [email protected].

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ANEXO 2- FICHA DE COLETA DE DADOS

FICHA DE COLETA DE DADOS

Data: ____/____/_____ Peso:______________ Iniciais do Nome: ______________________________ RH: ____________________ Idade:_____ Raça:_______ Sexo: ( )F ( )M Data de Admissão:_________________ HD:__________________________________________________________________ Antecedentes Familiares:__________________________________________________ Patologias Associadas:____________________________________________________ ________________________________________________________________________ Saturação de Oxigênio Pré Pós

Sa02

Capacidade Vital Pré Pós Primeira medida Segunda medida Terceira medida

Cirtometria Torácica Pré Pós Axilar

Xifoidal Umbilical

Observações:___________________________________________________________________________________________________________________________________________