Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil
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ANALISTA PRINCIPAL
Cynthia Cohen Freue
Buenos Aires
54 (11) 4891-2161
cynthia.cohenfreue
@spglobal.com
CONTATO ANALÍTICO ADICIONAL
Sergio Garibian
São Paulo
55 (11) 3039-9749
sergio.garibian
@spglobal.com
Suporte do governo: Supportive
(que provê suporte)
Avaliação do Risco da Indústria
Bancária (BICRA): Brasil 22 de junho de 2020
Nota do editor: Em 30 de junho de 2020, alteramos nossas projeções para contração e
crescimento do PIB do Brasil e as atualizamos neste relatório.
Principais Fatores da Análise
Fundamentos A S&P Global Ratings classifica o setor bancário do Brasil (BB-/Estável/B e brAAA/Estável/--) no
Avaliação do Risco da Indústria Bancária de um país (BICRA - Banking Industry
Country Risk Assessment). Outros países no grupo
Trinidad & Tobago, África do Sul e Uruguai (ver gráfico 1). Nosso critério de bancos utiliza as
classificações de risco econômico e de risco da indústria bancária do BICRA para determinar a
âncora de um banco, a qual é o ponto de partida para atribuirmos um rating de crédito de emissor.
Em nossa opinião, os baixos níveis de renda no Brasil e a posição fiscal fraca do governo restringem a
resiliência econômica do país. Além disso, o momentum de reformas do governo, que antecedeu a
pandemia da COVID-19, está temporariamente parado, já que os esforços fiscais se concentram em
dar suporte a trabalhadores e empresas que são afetados de forma mais severa pela retração
Grupo do Brasil na Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA) 6
7 Risco Econômico 5 Risco da Indústria
Resiliência econômica Risco muito alto Marco institucional Risco intermediário
Desequilíbrios econômicos Risco alto Dinâmica competitiva Risco alto
Risco de crédito na economia Risco alto Funding de todo o sistema Risco intermediário
Pontos fortes: Pontos fracos
Base de depósitos de clientes extensa e estável, e mercado
de capitais moderadamente amplo e profundo.
Margens de intermediação financeira líquidas (NIMs - net
interest margins) elevadas e bem superiores às dos
sistemas bancários dos pares.
Regulação bancária sólida com cobertura extensiva e, de
um modo geral, alinhada aos padrões internacionais.
Produto Interno Bruto (PIB) per capita e taxa de crescimento
inferiores aos de outras grandes economias emergentes.
Forte presença de bancos públicos no sistema, acarretando
distorções de mercado.
Cultura de pagamento mais fraca que à de economias
desenvolvidas.
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econômica. Esperamos que o PIB se contraia 7% este ano e cresça 3,5% em 2021, o que deverá
colocar pressões para os já frágeis setores corporativos e de consumo.
Nossa avaliação do risco da indústria para o Brasil reflete a regulação financeira bem desenvolvida do
país que é bastante alinhada aos padrões internacionais, e o bom histórico do regulador local, que
ajudou o sistema financeiro a enfrentar as últimas crises econômicas. Além disso, o Banco Central e o
governo adotaram diversas medidas para mitigar o impacto da contração econômica sobre o sistema
financeiro. Por outro lado, o sistema bancário brasileiro tem um mix de funding (captação de recursos)
adequado, com uma base de depósitos de clientes ampla e estável, o que ajuda os bancos a lidarem com
a disrupção temporária nos mercados de capitais globais.
Gráfico 1 - Comparação do BICRA: Brasil versus Pares
*Os pares são China, Colômbia, Portugal, Tailândia, Trinidad & Tobago, África do Sul e Uruguai. Cada linha concêntrica corresponde ao nosso
sistema de pontuação de seis pontos. Pontos mais afastados do centro indicam maior risco.
Fonte: S&P Global Ratings
Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.
Tendência de risco econômico e risco da indústria Nossa tendência para o risco econômico é estável, indicando nossa expectativa de que as perdas
de crédito permanecerão administráveis. Isso se deve às margens ainda elevadas dos bancos e às
suas estratégias conservadoras de crescimento adotadas nos últimos dois anos, com foco nos
empréstimos com desconto em folha de pagamento (consignados) a funcionários públicos, no
financiamento imobiliário, com índices conservadores de loan-to-value (ou LTV; valor do
empréstimo em relação ao valor do imóvel), e em empréstimos corporativos, com exigências de
garantias mais fortes. Esses fatores permitirão ao sistema bancário brasileiro mitigar o impacto
da contração econômica em seu portfólio de crédito até que as condições econômicas melhorem
em 2021. Poderemos alterar a tendência do risco econômico para negativa se as perspectivas de
crescimento econômico diminuírem em 2021 devido a pressões políticas ou a desafios para
reabrir a economia no caso de uma propagação persistente da pandemia.
Vemos a tendência do risco da indústria como estável. Esperamos que a estrutura de funding do
sistema financeiro brasileiro e a dinâmica competitiva permaneçam saudáveis e que o Banco
Central do Brasil (BC) continue introduzindo regulamentações de forma proativa para mitigar o
forte impacto da desaceleração econômica no sistema financeiro.
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1
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Resiliênciaeconômica
Desequilíbrioseconômicos
Risco de créditona economia
Marcoinstitucional
Dinâmicascompetitivas
Funding de todo osistema
Brasil Média dos pares*
Risco mais alto
Risco mais baixo
3
7 Risco Econômico
A classificação de risco econômico para o Brasil se baseia em nossa avaliação da resiliência
econômica, dos desequilíbrios econômicos e do risco de crédito na economia, conforme definição
desses termos em nosso critério.
Resiliência econômica: Baixos níveis de renda e fraca posição fiscal do
governo, mas forte compromisso para introduzir reformas estruturais
Estrutura e estabilidade econômica. A COVID-19 causará um choque a economia brasileira em
2020. As consequências das medidas para conter o vírus, a menor confiança do investidor e a
volatilidade do mercado financeiro provavelmente restringirão o consumo e o investimento. Além
disso, as exportações cairão, dado que 37% foram destinadas à China e aos Estados Unidos em
2019. Projetamos uma contração de 7% na economia brasileira, em relação ao crescimento de 1%
de 2019. Neste momento, avaliamos o choque provocado pela pandemia como temporário e sem
consequências negativas no longo prazo para a economia do Brasil. Esperamos que o PIB
brasileiro se acelere para 3,3% em 2021, devido em grande parte a um efeito estatístico. As
perspectivas de crescimento do Brasil são menores que as de outros países em um estágio
semelhante de desenvolvimento econômico, em nossa visão. Prevemos um PIB per capita de
US$7,280 para 2020.
A vulnerabilidade fiscal do Brasil representa um desafio para o governo na elaboração de medidas
para minimizar os efeitos da pandemia. A declaração de estado de calamidade pública permite a
suspensão temporária da meta fiscal primária. As autoridades anunciaram um pacote de medidas
fiscais que somam até 3,5% do PIB, uma grande parcela relacionada a realocações no orçamento
de 2020. Comparadas às medidas de outros mercados emergentes, as do governo brasileiro são
vistas como significativas.
O pacote inclui auxílio financeiro temporário a famílias vulneráveis, isenções fiscais temporárias,
linhas de crédito para empresas garantirem empregos, redução de impostos e da alíquota de
importação de suprimentos médicos essenciais, além de novas transferências do governo federal
aos governos estaduais visando ajudá-los com os maiores gastos com saúde e que servem como
um colchão contra a queda esperada nas receitas. O governo central também ajudará os governos
locais suspendendo temporariamente o pagamento de dívidas que estes lhe devem, renegociando
a dívida com bancos públicos e dando suporte às operações de crédito com garantia do governo.
Além disso, os legisladores apresentaram uma Emenda à Constituição para implementar um
Orçamento de Guerra temporário. Todos os gastos relacionados à pandemia da COVID-19 seriam
separados do restante do orçamento, o que permitiria ao governo cumprir com o limite de gastos.
Flexibilidade da política macroeconômica. Esperamos que o deficit fiscal e a carga de
endividamento se deteriorem ao longo de 2020, impulsionados pelo aumento de gastos. As
receitas também diminuirão devido à contração econômica, à isenção tributária relacionada à
COVID-19 e à redução dos royalties do petróleo, dados os baixos preços do petróleo bruto.
No curto prazo, as reformas estruturais ficarão em segundo plano, uma vez que o Congresso se
concentrará em medidas para conter a pandemia. Posteriormente, esperamos que o governo
implemente medidas de consolidação para reduzir o grande deficit fiscal, embora os riscos de
atrasos de tais medidas sejam significativos. Um ambiente político potencialmente mais dividido
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também pode prejudicar a capacidade do governo de formar alianças eficazes no Congresso para
avançar com sua agenda de reformas durante o restante do governo. Desde seu início, a
administração do presidente Jair Bolsonaro tem adotado políticas e reformas estruturais
destinadas a fortalecer as contas fiscais do Brasil e a incentivar uma maior participação do setor
privado na economia. Embora o Executivo não possa depender de uma coalisão sólida no
fragmentado Congresso do Brasil, os legisladores demonstraram, contudo, grande apoio para
implementar as reformas fiscais e econômicas necessárias, conforme se observou na aprovação
da Reforma da Previdência em outubro de 2019.
A lista de reformas previstas antes do surto da COVID-19 era extensa e incluía projetos de lei para
controlar gastos obrigatórios, simplificar o sistema tributário e reduzir o papel do Estado na
economia, além de políticas para aumentar a intermediação financeira e a autonomia formal do
Banco Central (BC) do Brasil. O avanço dessa agenda foi adiado devido a diferentes preocupações
políticas e sociais. Recentemente, o relacionamento do presidente com o Congresso, que é tenso
desde que assumiu o cargo, piorou ainda mais. Acreditamos agora que o governo poderá enfrentar
mais desafios para avançar com o restante da agenda econômica e fiscal, principalmente porque
várias reformas exigem Emendas à Constituição, uma condição crítica e muito particular do marco
institucional do Brasil.
Tabela 1 - Resiliência Econômica (%) 2015 2016 2017 2018 2019 2020p 2021p
PIB Nominal ($ bilhões) 1.802,2 1.795,1 2.062,8 1.885,5 1.839,8 1.461,2 1.598,2
PIB per capita ($) 8.804,9 8.698,4 9.915,6 8.992,4 8.709,1 6.868,6 7.463,1
Crescimento do PIB real (%) (3,5) (3,3) 1,3 1,3 1,1 (7) 3,5
Taxa de inflação média (IPCA) (%) 9,0 8,7 3,4 3,7 3,7 3,3 3,8
Taxa básica de juros (SELIC) % 14,3 13,8 7,0 6,5 4,5 4,5 5,0
Dívida do governo geral líquida como %
do PIB 49,7 52,4 56,5 57,4 55,3 68,7 72,1
p--Projetado,
Fonte: S&P Global Ratings
Desequilíbrios econômicos: Qualidade dos ativos pressionada conforme a
pandemia atinge a atividade econômica
Esperamos maior pressão na qualidade de ativos dos bancos, com os ativos inadimplentes (NPAs -
nonperforming assets) em relação ao volume total de empréstimos chegando a 3,6% em 2020 e a 4,1%
em 2021, e o ritmo de crescimento dos empréstimos diminuindo à medida que o surto do coronavírus
atinge a dinâmica econômica, a demanda das empresas por crédito e o financiamento ao consumo. Ao
passo que a crise de saúde pública interrompe a produção e que a queda drástica no consumo
interrompe a cadeia de pagamento, algumas empresas e tomadores de créditos individuais terão
dificuldades para pagar as dívidas, mas as medidas regulatórias mitigarão esse risco. No entanto, a
duração da quarentena determinará o grau de prejuízo à qualidade de ativos. Esperamos que as
pequenas e médias empresas (PMEs) e os trabalhadores autônomos, que têm meios limitados para lidar
com uma parada súbita no fluxo de caixa, sofram mais.
O crescimento dos empréstimos dos maiores bancos do Brasil chegou a cerca de 13% no comparativo
anual no primeiro trimestre de 2020. Foi a primeira vez que grandes bancos registraram um crescimento
de dois dígitos no agregado desde 2015. Isso se deve sobretudo ao crescente volume de empréstimos
corporativos, dado que as empresas procuram fortalecer suas posições de caixa de capital de giro
diante da pandemia. Os bancos, por outro lado, têm incentivos regulatórios para aumentar a concessão
de crédito, dado que o BC divulgou várias medidas para elevar o funding e a disponibilidade de capital ao
reduzir os depósitos de reservas e as exigências de capital. Outra importante medida regulatória
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permitiu que os bancos renegociassem empréstimos existentes por até seis meses sem exigir provisões
adicionais, o que ajudou a manter o portfólio de empréstimos. Em contrapartida, o crédito ao varejo
registrou um crescimento modesto devido à queda na demanda por alguns produtos, como
financiamento imobiliário, cartões de crédito e financiamento de veículos.
Gráfico 2 - Crescimento dos empréstimos bancários do Brasil no comparativo anual
Fonte: S&P Global Ratings
Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.
Gráfico 3 - Crescimento do crédito dos bancos públicos versus privados no comparativo
anual
Fonte: S&P Global Ratings
Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.
-20%
-15%
-10%
-5%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
Empréstimos comerciais Empréstimos ao consumo Crédito imobiliário Total
-5%
0%
5%
10%
15%
Bancos públicos Bancos privados
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Preços dos imóveis. Os preços dos imóveis vêm diminuindo desde 2014 devido à recessão e esperamos
uma recuperação mais demorada como consequência da contração econômica provocada pela COVID-
19. A participação do crédito imobiliário no volume nacional de empréstimos cresceu nos últimos anos,
com os bancos focando produtos de baixo risco. Contudo, o crédito imobiliário representou 18% dos
empréstimos do sistema em abril de 2020. Em contrapartida, não esperamos uma deterioração na
qualidade de ativos desse tipo de empréstimo porque seus padrões de concessão têm sido adequados
nos últimos anos. A média dos LTVs era de 61,8% em junho de 2019, com pouca participação dos
empréstimos home equity (com garantia em imóvel) e nenhuma dos empréstimos subprime. Além disso,
a Caixa Econômica Federal detinha 73,25% de todo o crédito imobiliário do sistema em dezembro de
2019.
Preços das ações. Em nossa visão, as oscilações nos preços das ações não indicam aumento dos
desequilíbrios econômicos e os maiores bancos brasileiros possuem muito pouca exposição direta ao
mercado acionário.
Posição de conta corrente e dívida externa. Esperamos que os riscos externos do Brasil permaneçam
contidos, em razão do seu moderado deficit em conta corrente, das altas reservas internacionais e de
sua dívida externa inferior à de outros mercados emergentes. Estimamos que a forte queda na demanda
doméstica causada pela COVID-19 e a alta depreciação do real (uma das moedas de mercados
emergentes com pior desempenho) levem a uma acentuada redução nas importações e exportações. O
deficit em conta corrente do país deverá ficar em torno de 2,7% do PIB em 2020. Esperamos que o
Investimento Estrangeiro Direto (IED) diminua para US$ 50 bilhões, ante US$ 79 bilhões em 2019 (4,3%
do PIB), porém, sendo ainda mais do que suficiente para financiar o deficit em conta corrente.
Esperamos ainda que o IED se acelere nos próximos anos, dependendo do ritmo de aprovação e
implementação das reformas estruturais. A dívida do governo em moeda estrangeira é baixa e vem se
mantendo estável desde 2014. A dívida externa do setor privado também permaneceu relativamente
estável.
Tabela 2- Desequilíbrios Econômicos
(%) 2015 2016 2017 2018 2019 2020P 2021P
Variação anual nos créditos de instituições depositárias para
residentes do setor privado em pontos-percentuais do PIB
(%) 2,5
(5,1) (6,1) (1,5) 0,5 (1,9) 0,3
Variação anual no principal índice para preços de imóveis
residenciais nacionais (real) (%) (7,3) (10,4) (5) (2,8) 1,3 1,3 2,7
Variação anual no índice de ações ajustado pela inflação (%) (22,3) 30,2 23,4 11,4 27,9 N.S. N.S.
Saldo em conta corrente / PIB (3) (1,3) (0,7) (2,2) (2,7) (2,7) (3)
Dívida externa líquida / PIB (%) (1) (2) (2,4) (4) (3,2) (2) 0,2 P-Projeção. N.S. - Não Significativo.
Fonte: S&P Global Ratings
Risco de crédito na economia: Qualidade dos ativos diminuirá, mas o impacto
total será depois
Capacidade e alavancagem da dívida do setor privado. Os bancos mantiveram uma estratégia de
crescimento conservadora, visto que o Brasil se recuperava de uma profunda recessão em 2015-
2016. Em 2019, o crédito cresceu 6,5%, ante 5,1% em 2018, e recuou nos dois anos anteriores,
com sua participação no PIB ficando em cerca de 47,9% no ano passado. Esse percentual é menor
que o dos pares internacionais do Brasil, mas aceitável, considerando os baixos níveis de renda do
país. Parte do fraco crescimento do crédito em 2019 se deve à queda nas taxas de juros que
levaram as empresas a refinanciar suas dívidas no mercado de capitais doméstico. Por
consequência, o mercado de capitais vem crescendo desde 2018 e as emissões corporativas no
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mercado doméstico aumentaram 13% em 2019. No portfólio de varejo, o foco tem sido os
empréstimos consignados (concedidos a funcionários e pensionistas do governo) e o crédito
imobiliário com LTV conservador. Já no portfólio corporativo, os bancos vêm exigindo garantias
mais fortes.
Em decorrência do choque econômico causado pelo distanciamento social devido à COVID-19,
esperamos que a qualidade de ativos se deteriore, em particular, a dos empréstimos para setores
econômicos sensíveis, como companhias aéreas, óleo e gás, metais e mineração, produtos
florestais e entretenimento. Este é especialmente o caso das PMEs e dos trabalhadores
autônomos que têm flexibilidade financeira limitada para lidar com uma parada repentina no
fluxo de caixa. O sistema bancário ainda registra um alto nível de empréstimos renegociados
decorrentes da recessão e agora se depara com esse novo desafio provocado pelo vírus. Portanto,
o portfólio corporativo estará pressionado. Os danos à sua qualidade dependerão da duração da
crise e da velocidade da recuperação.
No final de 2019, a carga de endividamento das famílias respondia por 28% do PIB, um acréscimo
em relação aos 26% de 2018, e por 44,9% da renda disponível anual das famílias, superior aos
42,5%, e o serviço da dívida correspondia a 20,0% da renda mensal familiar. Os empréstimos
problemáticos (NPLs - nonperforming loans) do portfólio de pessoas físicas atingiram 4% em abril
de 2020, contra 3,5% em dezembro de 2019, e os créditos baixados como prejuízo líquidos de
recuperação foram de 3% em outubro de 2019.
Gráfico 4 - Tendência do endividamento familiar (Incluindo/excluindo crédito
imobiliário)
Endividamento das famílias dentro do Sistema Financeiro Nacional em relação aos últimos 12 meses de lucro acumulado
Fonte: Bacen
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Os NPLs corporativos caíram para 2,2% em abril de 2020, ante 2,1% em dezembro de 2019. Em
dezembro de 2019, observamos que os bancos reduziram a concessão de crédito corporativo, que
recuou para 20,1% do PIB, versus 21,2% em 2018. No entanto, esperamos agora que o crédito ao
setor corporativo aumente devido aos incentivos concedidos para emprestar a esse segmento e à
maior demanda desse setor.
45.90%
27.15%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Dívida familiar Excluindo pagamentos de crédito imobiliário
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Padrões de concessão de empréstimos e subscrição. Em nossa visão, os padrões para a
concessão de crédito dos bancos brasileiros são de certa forma moderadamente conservadores.
Consideramos que o setor bancário tem uma exposição limitada a empréstimos de maior risco, e a
ausência de empréstimos imobiliários subprime respaldam nossa avaliação dos padrões de
empréstimos e subscrição do Brasil. O financiamento para o setor de construção e incorporação, e
os empréstimos em moeda estrangeira responderam, respectivamente, por somente 1,0% e 3%
do total de empréstimos em dezembro de 2019. Ademais, esses empréstimos se casam
adequadamente no balanço patrimonial. Os bancos mantiveram baixa concentração de clientes;
estimamos que os 20 maiores devedores corresponderam a 10%-12% do total de empréstimos ou
a 0,4x-0,5x do patrimônio reportado.
Cultura de pagamento e Estado de Direito. Em nossa opinião, a cultura de pagamento do Brasil e
o Estado de Direito são fracos, pesando ainda mais sobre o risco de crédito. De acordo com o
Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional de 2018, o Brasil ocupava o
105º lugar, entre 180 países. Existe ainda um grande espaço para melhorias, mas o ranking do
Brasil está acima daqueles de outros países da América Latina, como México (138º), Bolívia (132º)
e alinhado ao do Peru (105º).
Gráfico 5 - NPLs dos segmentos corporativos e de varejo
Empréstimos problemáticos (NPLs - nonperforming loans). Outros créditos ao varejo: veículos, cartões de crédito, rurais e outros tipos de
financiamento ao consumo.
Fonte: S&P Global Ratings
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0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
Corporativo Crédito imobiliário Consignados Varejo Total
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Gráfico 6 - Composição dos empréstimos bancários do Brasil por segmento
Fonte: S&P Global Ratings
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Tabela 3 - Riscos de Crédito na Economia
(%) 2015 2016 2017 2018 2019 2020P 2021P
PIB per capita (US$) 8.804,9 8.698,4 9.915,6 8.992,4 8.709,1 6.868,6 7.463,1
Empréstimos de instituições residentes depositórias
no setor residente não governamental como uma %
do PIB 53,7 49,6 47 47,3 47,8 50,9 51,3
Dívida das famílias como % do PIB 25,2 24,9 25,1 26,1 27,6 29,9 30,7
Dívida corporativa como % do PIB 28,5 24,7 21,9 21,3 20,2 21 20,6
Empréstimos em moeda estrangeira como % dos
empréstimos domésticos totais 3,6 3 2,9 3,3 3 N/A N/A
Ativos inadimplentes (NPAs) como % dos
empréstimos domésticos de todo o sistema (final do
exercício) 3,4 3,7 3,2 2,8 2,9 3,6 4,1
Provisões para créditos de liquidação duvidosa no
mercado doméstico % dos empréstimos domésticos 5,7 6,6 6,6 6,3 6,2 7,3 7,2
N/A--
Perdas de Crédito em Nosso Caso-Base
Em 2020, esperamos que o custo do crédito do sistema financeiro brasileiro aumente para 5,5%, à
medida que os bancos elevam suas provisões para cobrir perdas futuras, e, em 2021, que diminua
para 4,1%, conforme a economia se recupera. Nossa estimativa para o custo do crédito do Brasil
nos próximos dois anos incorpora as seguintes premissas:
Contração do PIB de 7% em 2020 e crescimento de 3,5% em 2021;
Aumento do desemprego de cerca de 13,3% em 2020, versus 11,9% em 2019, e estabilizando-
se em 13,0% em 2021;
Inflação relativamente baixa;
Dada a contração econômica, os ativos inadimplentes subiriam para cerca de 3,6% em 2020 e
4,1% em 2021.
53%
5%8%
14%
6% 5%8%
43%
7%
11%
18%
6% 6%9%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Corporativo Cartão decrédito
Consignados Créditoimobiliário
Financiamentode veículos
Crédito rural Outrosfinanciamentos
ao consumo
Dez-14 Dez-15 Dez-16 Dez-17 Dez-18 Dez-19 Abr-20
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5 Risco da Indústria
Nossa classificação do risco da indústria para o Brasil se baseia em nossa avaliação do marco
institucional, da dinâmica competitiva e do funding de todo o sistema.
Marco institucional: Cobertura regulatória extensa com melhorias graduais
Regulação e supervisão bancária. Consideramos que a regulação bancária brasileira tem extensa
cobertura das instituições financeiras e supervisão adequada, com capacidade de execução
satisfatória e um abrangente conjunto de ferramentas para monitorar os riscos no sistema. Além
disso, é bastante alinhada aos padrões internacionais em termos de contabilidade, capitalização,
lavagem de dinheiro, transações entre partes relacionadas e divulgação de demonstrações
financeiras. A regulação bancária brasileira vem melhorando e as autoridades são proativas em
adotar padrões internacionais. Basileia III foi totalmente implementada este ano, em
conformidade com os acordos internacionais de integração progressiva. O BC supervisiona
bancos, cooperativas de crédito, empresas financeiras não bancárias e outros intermediários
financeiros (como bolsas de valores, corretoras de títulos e valores mobiliários, etc.). A supervisão
é feita com base em critérios de risco, a cobertura é extensiva e há regras específicas para
liquidez, exposição a derivativos, concentração de clientes e geográfica, operações em moeda
estrangeira, risco de crédito, risco de mercado e riscos operacionais, capitalização, compensação
e divulgação de informações. Em nossa visão, as exigências mínimas regulatórias são adequadas
e as autoridades incentivam uma cultura de risco preventiva. Recentemente, o BC divulgou
algumas regulamentações para fortalecer o sistema financeiro, entre elas:
Em abril de 2018, foi publicada a regulamentação das fintechs para as chamadas SCD
(Sociedade de Crédito Direto) e SEP (Sociedade de Empréstimo entre Pessoas). As SDCs são
credoras digitais que não podem captar recursos no mercado e dependem de recursos próprios
para realizar empréstimos. As SEPs são intermediárias, oferecendo uma plataforma digital
para indivíduos concederem ou tomarem empréstimos entre si. Essa regulamentação
supervisionará as operações dessas empresas, as etapas para receberem autorização para
começar a operar e como poderão ser canceladas, bem como as etapas para transferência de
controle e reorganização.
Em dezembro de 2018, foi divulgada a Lei nº 13.755/2018, sobre a digitalização de
contas/recebíveis (denominada Duplicata Eletrônica que substituirá as duplicatas físicas. A
emissão de uma duplicata em forma de escrituração contábil será efetuada lançando-a em um
sistema de contabilidade eletrônica gerenciado por qualquer uma das entidades
escrituradoras devidamente autorizadas a fazê-lo.
Em junho de 2019, foi publicada a resolução 4.734 que define as condições e os procedimentos
para a antecipação de recebíveis oferecidos por empresas adquirentes e subadquirentes aos
estabelecimentos comerciais. Simultaneamente e em complemento a essa resolução, foi
publicada também a Circular 3.952 que disciplina o registro dessas antecipações.
Em julho de 2019, o BC e o Conselho Monetário Nacional publicaram uma regulamentação
complementar referente ao Cadastro Positivo para criar um perfil de risco de crédito mais
detalhado dos devedores. Essa iniciativa visa a inclusão automática das notas de crédito dos
cidadãos e as informações de pagamentos contidas no banco de dados.
Em abril de 2019, o BC anunciou os planos para implementar o modelo de open banking (banco
aberto), o que permitirá às instituições trocar e compartilhar dados de clientes, e do sandbox
regulatório, que envolve a criação de um ambiente controlado para testar inovações financeiras
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e de pagamento. O sistema de open banking se aplicará inicialmente aos 12 maiores bancos do
país. Posteriormente, outras instituições serão inscritas, a critério do BC, que espera
implementar esse modelo no segundo semestre de 2020.
Em outubro de 2019, o governo propôs uma legislação para reduzir a burocracia no mercado de
câmbio e permitir a manutenção de contas de depósito em reais e em moeda estrangeira.
Em dezembro de 2019, o governo encaminhou ao Congresso o projeto de lei
.
Histórico regulatório. O histórico regulatório do Brasil é, em nossa visão, intermediário. O BC tem
uma abordagem proativa em relação à regulamentação. O sistema financeiro brasileiro tem sido
resiliente em meio à economia fraca dos últimos anos, e as medidas do governo foram eficazes
para compensar os potenciais problemas de liquidez. O BC também identificou com êxito os
potenciais riscos referentes a alguns produtos de crédito ao consumidor e adotou medidas para
reduzi-los (como ponderadores de risco de ativos mais altos sobre financiamentos de veículos e
créditos ao consumidor mais antigos). Entretanto, 10 bancos faliram desde 2010, alguns deles
com alegações de envolvimento em atividades ilícitas. Essas instituições eram muito pequenas e
não provocaram problemas sistêmicos. Além disso, as autoridades adotaram medidas para
fortalecer a supervisão a fim de evitar práticas ilegais no sistema, exigindo, por exemplo, a
supervisão de valores menores de empréstimos de varejo. Em nossa visão, os relatórios de
estabilidade financeira semestrais do BC também contribuem para um monitoramento eficaz do
sistema financeiro e a promoção de medidas proativas. Esses relatórios incluem informações
detalhadas do sistema como um todo e testes de estresse que captam a sensibilidade dos bancos
às condições macroeconômicas.
Em resposta ao impacto pandêmico e econômico do distanciamento social provocados pela
COVID-19, os reguladores adotaram medidas tempestivas para limitar o impacto no sistema
financeiro, incluindo:
Medidas de liquidez Redução das exigências de reservas de 31% para 25% para os depósitos a prazo em vigor
desde 16 de março de 2020.
Redução das exigências de reservas de 25% para 17% para os depósitos a prazo desde 23 de
março.
Os bancos poderão emitir depósitos a prazo com garantia especial (DPGEs) sem colateralizar
nenhum ativo. Os indivíduos também podem comprá-los (o valor mínimo é de R$ 1 milhão).
Limites: 1x o patrimônio total do banco ou até R$ 2 bilhões desde 23 de março.
O BC poderá conceder empréstimos em moeda local lastreados por debêntures por meio de
uma Linha Temporária Especial de Liquidez (LTEL). Além das debêntures, essa linha estabelece
que o BC reservará, como garantia adicional, as exigências de reserva da instituição no mesmo
valor da transação desde 23 de março.
O BC poderá conceder operações de empréstimo a instituições financeiras por meio de LTELs,
via aquisição direta no mercado primário, de Letras Financeiras (LFs) com ativos ou títulos
financeiros como colateral desde 2 de abril.
O BC começou a realizar acordos de recompra (repos) de títulos públicos federais denominados
em dólar (títulos globais).
Letra Financeira Garantida: os bancos podem emitir esses títulos e o BC os investirá, com um
prazo de até um ano, até 100% do capital regulatório, garantido por empréstimos de alta
qualidade.
12
Empréstimos Moratória: Flexibilidade para renegociar empréstimos sem constituir provisões adicionais para
eles por seis meses desde 9 de abril.
Garantias: O governo criou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte (PRONAMPE) que cobrirá até 85% das garantias a micro e pequenas empresas
desde 19 de maio.
Criação do Programa Emergencial de Acesso a Crédito - PEACU que será implementado em
parte por meio do FGI (Fundo de Garantia) já operado pelo BNDES desde 1º de junho.
Capital Redução das exigências de capital (colchões de conservação) de 2,5% para 1,25%, com o
retorno em 2022 desde 16 de março.
Os créditos tributários (DTAs - deferred tax assets) criados a partir de hedges para
investimentos estrangeiros não serão deduzidos para índices de adequação de capital desde
18 de março.
Limites no pagamento de dividendos ao mínimo exigido por lei, que é de 25% até setembro de
2020. O BC também restringiu as recompras de ações desde 6 de abril.
Menor exigência de capital regulatório para transações de crédito com PMEs. O BC também
permite a reestruturação de operações de crédito para pequenos e médios empreendimentos.
Redução da ponderação de risco de 100% para 85% aplicável a transações novas ou
reestruturadas até o final de 2020 desde 9 de abril.
Medidas fiscais/monetárias Redução da taxa básica de juros (Selic) para 3,75% em18 de março.
Redução da Selic para 3,00%, o nível mais baixo da história do país em 6 de maio.
Governança e transparência. Avaliamos a governança e a transparência como pelo menos
adequada. O Brasil dispõe de uma regulação bancária adequada que incentiva práticas de
governança satisfatórias. Em nossa visão, também há um nível adequado de transparência. Os
bancos publicam suas demonstrações financeiras trimestralmente e as disponibilizam online.
Também preparam suas demonstrações financeiras anuais, que são auditadas por auditores
externos. Além disso, o BC disponibiliza diversas publicações sobre o sistema financeiro
trimestralmente, entre elas: um balanço patrimonial consolidado e demonstrações de resultados
do exercício, informações detalhadas sobre empréstimos e desempenho, índices de capitalização,
e outros importantes indicadores. As autoridades também publicam outros relatórios trimestrais
que avaliam o sistema financeiro e identificam potenciais fontes de risco.
As investigações de bancos públicos nos últimos dois anos levantaram preocupações sobre a
governança dessas instituições. As investigações resultaram em prisões dos indivíduos
envolvidos, mas não em problemas sistêmicos para o sistema financeiro. Ademais, a
implementação da Lei 13.303/16 (Lei das Estatais) em 2017 melhorou significativamente a
governança dos bancos públicos, em nossa visão, promovendo maior transparência no processo
de tomada de decisão e limitando as nomeações políticas para posições executivas dos bancos.
Acreditamos que a execução diligente de tais medidas pode reduzir o risco político para os bancos
enquanto aumenta a capacidade deles para desempenhar seus papéis econômico e social.
13
Dinâmica competitiva: As distorções de mercado provadas por bancos
públicos provavelmente se atenuarão, mas a presença deles continuará
significativa
Apetite por risco. Consideramos o apetite por risco do setor bancário brasileiro como moderado.
Durante a recente desaceleração, o setor bancário superou outros setores econômicos, em razão
da ausência de produtos complexos, de poucos empréstimos de alto risco no portfólio e de
práticas comerciais relativamente conservadoras. A rentabilidade do setor bancário tem sido
resiliente devido às altas margens de intermediação financeira líquidas (NIMs) e à diversificação
de negócios, o que inclui seguros e gestão de ativos. A rentabilidade dos bancos, calculada pelo
índice de retorno sobre patrimônio líquido (ROE - return on equity), ficou na média de15,5% nos
últimos três anos, abaixo da média de 18,9% registrada entre 2007-2011, porém, mais alta do que
a apresentada durante a recessão, quando caiu para o nível mais baixo em setembro de 2016, de
11,8%.
Nossa avaliação do apetite por risco incorpora ainda a baixa exposição do setor a empréstimos de
alto risco. Em dezembro de 2019, os financiamentos para o setor de construção e incorporação
representavam apenas 1,0% e os empréstimos em moeda estrangeira 3,0% do total de
empréstimos em meio ao uso limitado de securitização. Não há empréstimos subprime, e a
parcela de empréstimos home equity é insignificante. Exposições adicionais a outros setores
vulneráveis, tais como agricultura, também são limitadas, representando 7,4% dos empréstimos.
Gráfico 7 - ROE do sistema financeiro e lucro líquido acumulado
Fonte: S&P Global Ratings
Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.
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ROE em 12 meses (lucro líquido em 12 meses/patrimônio médio) (escala esquerda)Lucro líquido em 12 meses (escala direita)
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Tabela 4 - Dinâmica Competitiva
(%) 2015 2016 2017 2018 2019 2020P 2021P
Retorno sobre patrimônio líquido (ROE) dos bancos
domésticos 16,8 12,7 14,1 14,4 18,2 12,5 14
Retorno sobre ativos (ROA - return on assets) do sistema
todo para o setor bancário 1,2 0,9 1,2 1,3 1,7 1,1 1,3
Participação de mercado dos três maiores bancos* 59,7 62,3 59,8 57 55,4 N/A N/A
Participação de mercado de bancos públicos e bancos
sem fins lucrativos** 56 55,7 54,1 51,2 47,1 N/A N/A
Taxa de crescimento anual dos ativos domésticos de
instituições financeiras de residentes (%) 6,7 (3,5) (0,5) 5,5 6,4 5 8
p--Projetado. N/A--
Estabilidade da indústria. Em dezembro de 2019, o sistema financeiro brasileiro consistia de 173
bancos, quatro bancos de desenvolvimento e outras 1.453 instituições financeiras (incluindo
cooperativas de crédito, credores hipotecários, microfinanciamento e empresas de financiamento
ao consumidor). Os 10 maiores bancos controlavam 83,7% do mercado em termos de depósitos
em 31 de setembro de 2019. A participação de mercado dos maiores participantes (players) tem
se mantido relativamente estável nos últimos cinco anos e não prevemos grandes mudanças no
médio prazo. Os três maiores bancos controlam entre 55%-60% do mercado nos últimos cinco
anos.
A demanda por serviços bancários digitalizados no Brasil está se expandindo principalmente em
razão do uso conveniente e rápido dos serviços, dos menores custos comparados às altas tarifas
cobradas por bancos tradicionais e do acesso relativamente baixo ao crédito, em nossa visão. As
fintechs também estão se beneficiando do acesso relativamente generalizado da população a
smartphones e do fator dado que os clientes mais jovens estão mais interessados em
soluções bancárias digitais. Além disso, consideramos que uma estrutura regulatória que provê
suporte (supportive) levou essa fatia emergente do setor a crescer, promovendo a competição.
Acreditamos que com os grandes bancos adotando novas plataformas tecnológicas, a capacidade
superior dessas instituições para investir e seus modelos de banco universal os ajudarão a
preservar a dominante participação de mercado. Portanto, os bancos menores terão cada vez
mais dificuldades em acompanhar essas tendências. No médio prazo, esperamos que a
competição se intensifique e a rentabilidade diminua até que os benefícios da redução de custos
por meio da digitalização se sobressaiam. Isso provavelmente levará a uma maior consolidação
entre bancos e fintechs que hoje competem entre si.
Distorções de mercado. Apesar dos esforços do governo para reduzir a participação de mercado
dos bancos públicos, esta continua sendo relativamente alta, de 47%, e existe também um alto
diferencial de spread entre bancos públicos e privados. Esperamos que os bancos públicos se
concentrem em suas áreas tradicionais de expertise e reduzam sua participação em negócios não
essenciais. Por consequência, esperamos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social - BNDES (BB-/Estável/-- e brAAA/Estável/--) foque os principais projetos de
infraestrutura e os setores econômicos essenciais do país; o Banco do Brasil S.A. (BB-/Estável/B)
continue promovendo o setor agrícola e a Caixa Econômica Federal (BB-/Estável/B e
brAAA/Estável/brA-1+) suporte os tomadores de crédito de baixa renda e promova o crédito
imobiliário. No entanto, estimamos que essas entidades continuarão vendendo ativos não
essenciais. Acreditamos que o governo planeja continuar desinvestindo as altas participações que
o BNDES detém em empresas listadas. Em nossa opinião, o Banco do Brasil continuará focando a
venda de ativos não essenciais, em vez de vender suas unidades principais. Portanto, o banco
poderá vender seus investimentos em outras instituições financeiras. Atualmente, a Caixa está
15
considerando fazer uma oferta inicial de ações (IPOs - initial public offer) de suas subsidiárias de
seguros e cartões de crédito que poderá acontecer este ano, e também um IPO de outras
operações, como de gestão de ativos e da loteria que poderá ocorrer depois. A Caixa também
poderá vender tanto ações que detém em seu portfólio de investimentos, como ativos imobiliários.
Gráfico 8 - Participação de mercado dos empréstimos de bancos privados versus
públicos
Fonte: S&P Global Ratings
Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.
Funding de todo o sistema: O setor bancário se beneficia de uma fonte
considerável e estável de depósitos de varejo
Depósitos de clientes. Nossa avaliação do funding do sistema reflete a baixa exposição do setor
bancário brasileiro a funding externo e sua base de depósitos de clientes adequada e estável. Os
depósitos de clientes (considerando 100% dos depósitos de varejo e 50% dos depósitos
corporativos) responderam por 78% dos empréstimos totais nos últimos cinco anos. A base de
depósito de clientes tem sido estável. Com o crescimento moderado do crédito em 2018 e 2019 e a
contração nos anos anteriores, as posições de liquidez dos bancos se fortaleceram. Esperamos
que os empréstimos aumentem nos próximos anos, com taxas de crescimento de 8% nos
próximos dois anos, o que exigirá funding adicional. Acreditamos que um aumento de depósitos,
um ligeiro crescimento das emissões locais e uma redução nos níveis de liquidez serão suficientes
para financiar esse crescimento.
Funding externo. A exposição do setor bancário brasileiro ao funding externo é moderada, e o
risco de refinanciamento é baixo. O funding externo líquido do setor em relação aos empréstimos
totais ficou na média de 9% nos últimos dois anos e apenas 20% da dívida externa do setor
financeiro vence em 2020 e 2021. A baixa dependência do funding externo se deve principalmente
à ampla base de depósitos de clientes do setor e à carteira de empréstimos em moeda estrangeira
limitada.
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Bancos privados Bancos públicos
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Mercados de capitais e de dívida domésticos. Em nossa visão, os mercados de capitais e de
dívida do Brasil são moderadamente amplos e profundos. A profundidade do mercado vem
melhorando nos últimos cinco anos, à medida que o apetite dos fundos de investimento e dos
fundos de pensão por dívida do setor privado aumenta. Em dezembro de 2019, os ativos geridos
pelos fundos de pensão e de investimentos somavam cerca de R$ 5,4 trilhões, o que deve
representar aproximadamente 76% do nosso PIB projetado para 2019. Atualmente, uma grande
parte desses fundos é investida em títulos públicos; no entanto, essas entidades também estão
procurando instrumentos com retornos atraentes e vencimentos de prazos mais longos.
Esperamos que nos próximos três anos o apetite por retornos mais altos amplie os recursos
disponíveis para emissores bancários e corporativos. Além disso, esperamos que os vencimentos
de longo prazo se tornem disponíveis, visto que os fundos de pensão também buscarão um melhor
casamento em seus balanços patrimoniais.
Tabela 5 - Funding de Todo o Sistema
(%) 2015 2016 2017 2018 2019P 2020P
Depósitos de clientes domésticos de todo o sistema por fórmula como
% dos empréstimos de todo o sistema 74,6 76,5 79,1 80,6 78,4 76,2
Dívida externa líquida do setor bancário como % dos empréstimos
domésticos de todo o sistema 8,9 6,7 8 5,9 5,3 4,9
Empréstimos domésticos de todo o sistema como % dos ativos
domésticos de todo o sistema 38,8 37,5 36,4 35,8 36,8 37,8
Bonds em circulação e Commercial Papers emitidos no mercado
doméstico pelo setor privado local como % do PIB 30,2 38,4 32,6 34,2 35,4 36,5
Papel do governo. O governo tem um histórico satisfatório em prover liquidez ao sistema
financeiro em períodos de estresse, e o BC atua como um credor em última instância. O Fundo
Garantidor de Crédito, uma entidade que provê garantia de depósitos, cobre até R$ 250.000,00
(cerca de US$63,442) por depositante por entidade e até R$ 1 milhão agregado em todas as
entidades. A instituição também faz parte da rede de segurança do sistema e desempenha um
importante papel nos mecanismos de resolução de vários bancos.
Classificações dos Pares do BICRA
Os países do grupo do BICRA são bem diversos. Comparado com a Colômbia, o Brasil possui um
marco regulatório mais forte e alinhado aos padrões internacionais, mas esse ponto forte é
atenuado pelas distorções ocasionadas pela grande participação dos bancos públicos, que não é
o caso da Colômbia. Embora a economia brasileira seja mais diversificada do que sua contraparte
colombiana, o Brasil ainda está se recuperando do estresse econômico anterior. A China continua
apresentando um crescimento do PIB muito mais forte (embora moderado) do que o Brasil, o que
ampara a avaliação de risco econômico daquele país. Quanto ao risco da indústria, os bancos
chineses têm perfis de funding mais fortes, no entanto, vemos como mais forte o marco
institucional dos bancos brasileiros.
17
Tabela 6 - Classificações dos Pares do BICRA do Brasil
Brasil China Colômbia Portugal Tailândia Trinidad &
Tobago
Uruguai África do
Sul
Grupo do BICRA 6 6 6 6 6 6 6 6
Risco econômico 7 7 7 6 7 7 5 7
Risco da indústria 5 5 5 6 4 5 7 5
Probabilidade de
suporte
governamental
Supportive Altamente
supportive
Supportive Incerta Altamente
supportive
Supportive Supportive Incerta
Tendência no risco
econômico
Estável Estável Estável Estável Estável Negativa Estável Negativa
Resiliência
econômica
5 3 4 3 4 5 4 5
Desequilíbrios
econômicos
4 4 4 4 2 3 2 4
Risco de crédito na
economia
4 5 4 4 6 4 4 4
Tendência do risco
da indústria
Estável Estável Positiva Estável Estável Estável Estável Estável
Marco institucional 3 4 4 3 3 4 4 3
Dinâmicas
competitivas
4 4 3 4 4 4 4 3
Funding de todo o
sistema
3 1 3 4 2 2 4 4
Suporte do Governo
Avaliamos o governo brasileiro como supportive (que provê suporte) ao setor bancário doméstico.
Acreditamos que o governo oferecerá suporte extraordinário aos bancos sistemicamente importantes
(cuja falência poderia comprometer o sistema de pagamento do país) no evento de uma crise. O Brasil
possui diversos mecanismos de resolução vigentes que incluem soluções para o setor privado.
Tabela 7 - As Cinco Maiores Instituições Financeiras do Brasil por Ativos (31 de março de
2020)
Ativos (R$ Milhões)
Ratings de
Emissor/Contraparte Importância Sistêmica
Itaú Unibanco Holding S.A. 1,982,498 BB-/Estável/B Alta
Banco do Brasil S.A. 1,580,190 BB-/Estável/B Alta
Banco Bradesco S.A. 1,434,507 BB-/Estável/B Alta
Caixa Econômica Federal 1,313,852 BB-/Estável/B Alta
Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) 718,265 BB-/Estável/- Alta
Em dezembro de 2019, o governo encaminhou ao Congresso um projeto de lei complementar chamado
para discussão e aprovação. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 281/19 cria dois
mecanismos para ajudar instituições financeiras em dificuldade, como bancos, seguradoras e entidades
de previdência privada: o Regime de Liquidação Compulsória (RLC) e o Regime de Estabilização (RE).
Dependendo do mercado regulado, os dois regimes podem ser estabelecidos pelo BC, pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) ou pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Além de implementar
os regimes de resolução, eles podem exigir que as instituições elaborem planos de recuperação, com
medidas para restaurar a viabilidade dos negócios e plano de saída organizado, com medidas pós-
regime.
18
Os reguladores podem aprovar a Resolução Bancária que considerarem mais apropriada para o caso. O
RE deve ser aplicado a instituições de importância sistêmica, cuja paralisação de suas operações
causaria instabilidade na economia, mas outros bancos também poderiam ser tratados sob esse regime.
Para esses cenários, o BC realizará uma análise de viabilidade, incluindo a análise do balanço
patrimonial e a disponibilidade de instrumentos para recapitalização interna (bail-in). Assim que
escolher um dos Regimes, o BC decidirá a ordem dos instrumentos necessários: resgate de instrumentos
ou utilização dos fundos, ou ambos (o projeto de lei fornece a ordem de recursos e resgate de
instrumentos a serem utilizados para propósitos de absorção de perdas). O Regime será executado por
um administrador nomeado pelos reguladores, que deve buscar uma solução privada para a retomada
dos negócios. Imediatamente, o RE suspende o exercício dos direitos dos acionistas e destitui os
diretores da instituição. O RLC será aplicável se o risco para a estabilidade financeira for considerado
baixo. O Regime, executado por um liquidante designado, envolve o encerramento das atividades da
instituição, a submissão ao regime de concursais (que classifica os credores por ordem de prioridade) e a
venda de ativos. As situações que podem levar à promulgação da resolução Regimes incluem:
insolvência, exposição a riscos incompatíveis com o patrimônio, ativos insuficientes para cobrir perdas e
violações repetidas das normas legais e regulatórias.
O projeto também prevê a criação de Fundos de Garantia de Crédito para fornecer liquidez ao sistema, e
Fundos de Resolução para conceder empréstimos e capitalizar instituições submetidas ao RE (mas não
mantidas ou garantidas por recursos públicos). Os recursos para a capitalização dos fundos virão do
sistema financeiro. No caso do RE, o fundo de resolução pode constituir uma instituição de transição
(bridge banks), que será capitalizada para receber os ativos e passivos da instituição sob resolução até
que sejam assumidos por terceiros ou descontinuados. Se os recursos privados não forem suficientes
para garantir a estabilidade financeira, o governo poderá emprestar recursos para a resolução. Nesse
caso, algumas condições devem ser atendidas, como o esgotamento dos recursos dos acionistas e a
possibilidade de séria ameaça ao sistema financeiro. O governo será o primeiro a ser reembolsado
quando a instituição se recuperar.
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Critérios e Artigos Relacionados
Critérios
Metodologia de ratings soberanos, 18 de dezembro de 2017
Metodologia e premissas para avaliação do risco da indústria bancária de um país, 9 de novembro
de 2011
Bancos: Metodologia e Premissas de Rating, 9 de novembro de 2011
Artigo
Banking Industry Country Risk Assessment On Brazil Remains Unchanged At Group '6' Following
Review, No Ratings Affected, 5 de junho de 2020
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